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Trigésima Bienal

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As viagens ensinam (entre outras coisas)


que as palavras são como estranhas às […] Mas, enquanto pinta, é sempre a
coisas que elas nomeiam – donde uma propósito das coisas visíveis, ou, se é
relação de alienação bilateral atrevo- ou ficou cego, a propósito desse mundo
me a dizer entre coisas e palavras irrecusável a que chega por outros Assim, faço a aposta: o entrelaçamento
de que o viajante e em particular o sentidos e do qual fala em termos de bem poderia preencher, para a pintura
turista é a vítima a qual ele mesmo quem enxerga. E é por isso que o seu futura, a mesma função que teve, durante
Porque o fato novo da política que vem é expressa na confissão ingênua de sua trabalho, obscuro para si mesmo, é dois ou três séculos, a perspectiva.
[...] E assim atraem para si pessoas não
que ela já não será a luta pela conquista decepção – ele só pode ficar decepcionado entretanto guiado e orientado. Nunca se O que não significa dizer que todos
particularmente astutas, porque ser amado
ou controle do Estado, mas a luta entre já que as coisas não se parecem com trata senão de levar mais adiante o traço os quadros, doravante, deverão usar o
e honrado é agradável e gratificante para
o Estado e o não Estado (a humanidade), os nomes nem os homens com as coisas – do mesmo sulco já aberto, de retomar e trançado, e tampouco que todos os quadros
qualquer um, e ser capaz de ligar a si
disjunção irremediável entre as deve refugiar-se no ato de fotografar de generalizar uma característica que já da Renascença tenham sido construídos em
qualquer um é indício de certa virtude
singularidades quaisquer e a organização que mumificando o presente por esse aparecera no canto de um quadro anterior perspectiva: basta que o entrelaçamento
superior.
estatal. embalsamador instantâneo o aparato ou em algum instante de sua experiência, funcione, com respeito à pintura, como
recortando e paralisando o real dando- sem que o próprio pintor jamais possa um modelo regulador, como o fez a
lhe magicamente o estatuto da imagem o dizer, porque a distinção não tem perspectiva, freio e guia da pintura,
dá por passado de um modo fulminante e o sentido, o que pertence a ele e o que como dizia Leonardo.
torna assim homogêneo à palavra – o lugar pertence às coisas, o que essa nova obra
onde estou pode por fim converter-se acrescenta às antigas, o que tirou dos
no título da foto outros e o que é seu.
( praia das bermudas junho de 58 )

O melhor será escolher o caminho de


Eis-me, portanto, sozinho sobre a terra, Galta, percorrê-lo de novo (inventá-lo
sem outro irmão, próximo, amigo ou à medida que o percorro) e sem perceber,
A lua ignora que é tranquila e clara
companhia que não a mim mesmo. O mais quase insensivelmente, ir até o fim – sem
e não pode sequer saber que é lua;
sociável e o mais afetuoso dos humanos me preocupar em saber o que quer dizer
a areia, que é a areia. Não há uma
dela foi proscrito por um acordo unânime. “ir até o fim”, nem o que eu quis
coisa que saiba que sua forma é rara.
Buscaram nas sutilezas de seus ódios dizer ao escrever essa frase. Quando Duas pessoas caminham pelas ruas e enchem
A poesia pau-brasil é uma sala de jantar As peças de marfim são tão alheias
que tormento poderia ser mais cruel caminhava pela vereda de Galta, já um saco de folhas. Quando o saco está
domingueira, com passarinhos cantando na ao abstrato xadrez como essa mão
para minha alma sensível e romperam com longe da estrada, passada a região das cheio, uma delas fecha os olhos e, guiada
mata resumida das gaiolas, um sujeito que as rege. Talvez o destino humano,
violência todos os laços que me ligavam a bânias e dos charcos de águas paradas, pela outra, esvazia o saco folha por
magro compondo uma valsa para flauta e a breve alegria e longas odisseias,
eles. Teria amado os homens apesar deles e ultrapassado o Pórtico em ruínas, folha, até que fique vazio. Trocando os
Maricota lendo o jornal. No jornal anda seja instrumento de Outro. Ignoramos;
mesmos. Ao cessarem de sê-lo, só entrando na pequena praça de casas papéis, elas percorrem de volta a trilha
todo o presente. dar-lhe o nome de Deus não nos conforta.
puderam privar-se de minha afeição. desmoronadas, precisamente no começo da de folhas.
Em vão também o medo, a angústia, a absorta
Agora, portanto, são para mim estranhos, minha longa caminhada, não sabia aonde
e truncada oração que iniciamos.
desconhecidos, por fim insignificantes, ia nem me preocupava em sabê-lo. Não
Que arco terá então lançado a seta
pois assim o quiseram. Mas e eu mesmo, me fazia perguntas: caminhava, apenas
que eu sou? Que cume pode ser a meta?
afastado deles e de tudo, o que sou? Eis caminhava sem rumo certo. Ia ao encontro…
o que me resta buscar. ao encontro de quê? Até então não sabia e
nem o sei agora.

O que não é de forma alguma apreendido é


o futuro; a exterioridade do futuro é
totalmente distinta da exterioridade
espacial justamente pelo fato de que
A precisão da verdade é inacessível.
o futuro é uma surpresa absoluta. A
Consequentemente, toda afirmação positiva
previsão do futuro e a projeção do […] A linguagem parece sempre
humana sobre o verdadeiro é uma
futuro, tidas como o essencial do tempo povoada pelo outro, pelo ausente,
conjetura. A decadência, [fora] da pureza
por todas as teorias, de Bergson a pelo distante, pelo longínquo; ela é
da verdade, de [nossa] fraca apreensão
Sartre, são apenas o presente do futuro e atormentada pela ausência.
resulta em que nossas afirmações sobre o
não o futuro autêntico; o futuro é o que
verdadeiro sejam conjeturas.
não é apreendido, o que cai sobre nós e
se apodera de nós. O futuro é o outro. A
relação com o futuro é a própria relação
com o outro.

Uma coisa
O que Quando não Como medir a O que significa O que
acOntece cada há nada, o distânCia que acOntece oUtra coisa acOntece cada Por que
vez que vOcê Que vemos? te separa do quandO qUando mUda vez que vOcê guardar?
cOnsente? que voCê diz? vOcê anda? de lUgar? festeja?

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