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Marlise de Medeiros Nunes de Pieri3
RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de refletir sobre a função do tutor presencial, partindo de dois
questionamentos básicos: De que forma se estabelece a função do tutor no curso a distância? Que elementos
são usados em suas diversas dimensões na formação de educadores? Por meio dessas questões, realiza-se uma
análise da função da tutoria no polo de Braço do Norte/SC a partir de dois cursos de formação oferecidos aos
tutores, no segundo semestre de 2011 pela UDESC/UFSC: o primeiro, realizado on-line por meio de uma
discussão específica no fórum, ferramenta utilizada na EAD; e o segundo, realizado de forma presencial no
CFM (Centro de Ciências Físicas e Matemáticas). Dessa forma, pretende-se apresentar um relato de
experiências relacionadas aos cursos de licenciatura em Pedagogia e Física, uma vez que foram momentos de
formação que possibilitaram repensar as práticas educativas e os elementos essenciais que configuram essa
nova função do tutor dentro dessa modalidade de ensino que tem crescente ascensão dentro do contexto
educativo.
1. Introdução
Dentro deste trabalho nos propomos a realizar um relato da experiência a partir dos
desafios encontrados nas atividades desenvolvidas como tutores nos cursos de Pedagogia –
UDESC/UAB e Licenciatura em Física – UFSC/UAB, polos de Braço do Norte, região Sul de
Santa Catarina, com base em reflexões realizadas a partir de cursos de formação continuada
oferecidas pelas mesmas instituições. O trabalho tem o objetivo de refletir sobre a função do
tutor presencial, partindo de dois questionamentos básicos: De que forma se estabelece a
função do tutor no curso a distância? Que elementos são usados em suas diversas dimensões
na formação de educadores? Deste modo, pretende-se refletir sobre a importância do tutor
presencial em cursos de licenciatura oferecido na modalidade a distância.
Destacaremos a Educação a Distância – doravante EAD –, sua evolução histórica e
seus ajustes no contexto atual. Além do que foi apresentado, daremos maior ênfase para
compreender qual é a função do tutor presencial em suas diversas dimensões enquanto
profissional formador de educadores.
Dessa forma, faz-se necessário esclarecer o conceito de educação a distância. Muitos
autores usam o termo ensino a distância ao invés de educação a distância, o que, em nossa
opinião, acaba limitando o seu conceito. A educação a distância não se limita ao ensino, mas
ela engloba todo o processo de ensino-aprendizagem.
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Texto apresentado no IV SIMFOP em forma de comunicação oral dia 09/05/2012.
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Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Sul de Santa Catarina. Formado
em Física pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor de Física da rede Estadual de Ensino no
município de Braço do Norte e tutor presencial UFSC/UAB . E-mail.: clederbn@gmail.com.
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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Sul de Santa Catarina. Formada
em Pedagogia, especialista em Psicopedagogia (UNISUL) e especialista em Gestão Escolar (UFSC). Professora
de Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Tubarão e tutora presencial do polo de Braço do Norte –
UDESC/UAB. E-mail: marlise1110@gmail.com.
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Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012
O termo educação a distância cobre várias formas de estudo, em todos os níveis, que
não estão sob a supervisão contínua e imediata de tutores presentes com seus alunos
em salas de aula ou nos mesmos lugares, mas que não obstante beneficiam-se do
planejamento, da orientação e do ensino oferecidos por uma organização tutorial.
Moore e Kearsley (2007, p.1), no que se refere ao conceito de EAD, dizem que:
A EAD surgiu há muito tempo e avançou de modo lento e gradativo por longa data.
Ela já vem sendo realizada desde as cartas de Platão e as epístolas de São Paulo. Teve grande
impulso com a invenção da imprensa por Guttemberg. Durante a II Guerra Mundial, houve
uma sistematização da educação a distância, quando foi utilizada na recuperação social dos
que foram vencidos na guerra, e também na capacitação profissional das populações vindas
do meio rural (VOLPATO, SOPRANO, BOTTAN et all., 1996, NUNES). Porém, nos últimos
cinco anos com a evolução das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) e o acesso à
Internet cada vez mais presente e ao alcance da população das mais variadas classes sociais,
houve um avanço considerado da EAD. Essa modalidade iniciou por meio de
correspondência, depois via rádio e TV, até chegar à estrutura que atualmente temos, com
suporte tecnológico como computadores em redes e softwares que alicerçam formas diversas
de comunicação por meio de plataformas como o moodle.
Dessa forma, juntamente com a globalização desenvolveu-se a dita sociedade da
informação, na qual todas e quaisquer informações se encontram ao alcance de todos através
de redes que possibilitam a comunicação por meio de computadores. Diante de todo o avanço
tecnológico ocorrido nas últimas décadas, essa modalidade de ensino e aprendizagem teve um
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grande salto. Atualmente a educação a distância se encontra presente nos mais variados
cursos, sejam eles técnicos, superiores, de especialização e, até mesmo, programas de pós-
graduação.
Para melhor entender a evolução da educação a distância com o passar do tempo, faz-
se necessário demonstrar a sua evolução ao longo de cinco gerações, que estavam
intimamente relacionadas com as tecnologias que eram empregadas para que a mesma
pudesse ocorrer.
A primeira geração da educação a distância começa com os cursos de instrução que
eram entregues pelo correio. O estudo por correspondência, em casa e/ou independente, foi o
responsável pelo desenvolvimento do fundamento de uma educação individualizada a
distância. Nessa geração, o grande problema era a falta de diálogo entre o professor e o aluno.
Pode-se dizer que nesse tipo de educação quem ensina é o material didático e, assim, o
fracasso dos alunos está relacionado, basicamente, com suas dedicações aos estudos e o
professor não tem muita culpa nisso.
A segunda geração, que se difere da primeira devido ao uso do rádio e da televisão no
processo de ensino-aprendizagem, não proporcionou quase nenhuma mudança com relação à
interação entre professores e alunos. Essa geração se caracteriza por não apresentar certas
flexibilidades aos estudantes devido aos horários serem previamente estabelecidos, ou seja, o
programa de rádio e de TV em que se veiculam os cursos já têm seus horários definidos e os
alunos devem se adequar aos mesmos. No entanto, esse tipo de educação foi responsável por
agregar as dimensões oral e visual à apresentação de informações aos alunos a distância.
As universidades abertas, que caracterizam a terceira geração de educação a distância,
tiveram origem de experiências norte-americanas em que eram integrados áudio/vídeo e
correspondência com orientação face a face, onde o conhecimento era veiculado de uma
forma sistematizada através de equipes responsáveis pela criação do curso.
A quarta geração passou a fazer o uso da teleconferência, por meio de áudio, vídeo e
computador. Assim, foi possível uma interação em tempo real, tanto entre professores e
alunos como entre os próprios alunos, fazendo com que eles já não se sentissem tão sozinhos
nesse processo.
A quinta e última geração da educação a distância é a de classe virtual on-line e com
base na Internet. Essa é a geração que tem proporcionado um enorme interesse em educação a
distância nos últimos anos. Nesse tipo de educação, torna-se possível a utilização de diversas
ferramentas de comunicação. Nela, são colocadas a disposição dos alunos ferramentas como
chats, web aula, web conferência, fóruns, etc. Dessa forma, a distância física existente entre os
alunos e o professor fica menos evidente, pois ela acaba sendo suprida pelo constante contato
que ambos estabelecem.
Diante do exposto, fica claro que o diferencial da EAD, em relação a outras
modalidades de ensino, não se encontra na falsa verdade, historicamente solidificada, que na
educação a distancia não há necessidade de estudo, dedicação e esforço. Mas, concretizou-se,
especialmente nos últimos cinco anos, na autonomia e flexibilidade que ela proporciona,
especialmente com relação ao local e horário em que realizamos as atividades. Nesse sentido,
esquematizar uma agenda de estudos por meio de um registro escrito é uma das formas de
organização eficaz na EAD.
As tecnologias facilitam o processo de comunicação. Sendo a comunicação algo
considerado como um dos fatores que “dificultaram”, ao longo da história, o avanço da
educação a distância, o desenvolvimento tecnológico contribui consideravelmente para a
evolução do processo de ensino-aprendizagem na EAD. Portanto, superando o passado, a
evolução dos meios de comunicação, principalmente aquelas que ocorrem por meio das redes
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Vale lembrar que a função aqui descrita está relacionada com as experiências dos autores enquanto tutores
presenciais de cursos na modalidade a distância (Pedagogia /UDESC e Física/UFSC). E, também, de cursos de
formação continuada oferecida aos mesmos.
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afetivo com os alunos, o que aumenta ainda mais nossa responsabilidade enquanto tutores. O
dia a dia dos alunos, a organização da agenda, as dúvidas, as tristezas, as incertezas, as
conquistas, fazem-nos ir além das funções atribuídas a nós pela UAB e pela instituição que
estamos representando. Além do laço de amizade que se estabelece, forma-se, também, uma
parceria constante pela busca do conhecimento, na superação dos medos, especialmente com
aqueles relacionados às novas tecnologias, pois, na EAD, muitos acadêmicos não possuem
conhecimentos sobre as mesmas e, dessa forma, os tutores ajudam na busca de formas para
que os medos relacionados a essas tecnologias sejam superados.
O tutor é aquele que rompe com as amarras estabelecidas pela didática de cada
disciplina e que possibilita ao acadêmico o desenvolvimento de sua própria autonomia e
autoria no avanço relacionado às novas descobertas, estabelecendo relação entre o
aprendizado trazido pela disciplina e a sua prática. Sabe-se que é no exercício dessa reflexão
que se consegue avançar no processo de aquisição de novos conhecimentos, deslocando-se do
senso comum para a estruturação do conhecimento científico.
O tutor presencial é o elo entre o acadêmico, o professor e a instituição. Dessa forma,
ele reúne em seu trabalho uma função tríplice: orientação, docência e avaliação. Ele está in
loco e assume um papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem na formação de
professores. Ele orienta as atividades, organiza a formação e as ações dos grupos de estudos,
aplica as atividades propostas, interage com os professores esclarecendo dúvidas e faz parte
do processo de avaliação de forma ativa.
Para exercer a função tríplice (orientação, docência e avaliação) de forma eficaz, o
tutor presencial precisa ter claras algumas ações em prol da realização de um trabalho de
qualidade. Dentre essas, destacamos as que consideramos mais importantes:
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Portanto, o tutor presencial tem tarefa de dar suporte acadêmico, que corresponde às
ações de apoio pedagógico desenvolvidas durante o estudo, através da interação que acontece
entre o próprio tutor e os acadêmicos, entre os acadêmicos e, até, entre os acadêmicos e os
professores. Assim, o tutor presencial desenvolve uma tarefa muito importante, pois auxilia
em todo o processo de ensino-aprendizagem (LOYOLLA, 2009, p.150).
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Quando nos referimos a sujeito, nesse caso, estamos nos reportando à pessoa do tutor presencial.
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Considerações Finais
Neste novo milênio pode-se destacar a EAD como uma das modalidades em ascensão
oportunizando acesso ao conhecimento da educação formal nas mais variadas classes sociais.
A mesma vem sofrendo modificações e adequações para obter êxito e qualidade no campo
educacional. Percebe-se o envolvimento de diversas pessoas em torno dessa modalidade de
ensino no sentido de pensar, elaborar e estruturar as diversas atividades que compõem o
cronograma e o organograma que é disponibilizado aos alunos em um processo dinâmico e
ativo quanto à ação e reflexão.
A EAD se configura com uma rede de pessoas que têm um objetivo comum. Cada um
dos envolvidos precisa desempenhar seu papel com excelência, pois um pequeno desajuste
gera uma grande problemática atingindo outros setores e profissionais e, especialmente, o
acadêmico, que é o foco principal da mesma. Diante desse fato, faz-se necessário um
engajamento nos diversos setores envolvidos no processo, sendo que as funções exercidas têm
suas próprias especificidades.
Destaca-se neste relato a função do tutor presencial e sua importância no processo
educacional, que se configura como um dos agentes do processo, no qual estabelece contato
direto com o acadêmico, facilitando o fortalecimento dos subgrupos de estudo dentro do
grande grupo de estudantes. Os acadêmicos se fortalecem nesses grupos para enfrentar as
dificuldades no decorrer do curso, integrando-se e interagindo entre si, favorecendo a
aprendizagem. Esse processo de integração e interação é mediado pelo tutor presencial, como
também o auxílio no uso das ferramentas tecnológicas.
Portanto a função do tutor presencial se estabelece de forma fundamental no apoio à
aprendizagem autônoma, fazendo a mediação, o acompanhamento e a orientação entre o
aluno e os meios necessários, que se constituem por um sistema de comunicação e interação,
ou seja, pelos diversos recursos a ele oferecidos com flexibilidade. Assim, é importante
ressaltar a exigência de comprometimento de uma aprendizagem autodirigida dentro da
individualidade, em um contexto cultural de experiências e aquisição de novos
conhecimentos.
A EAD é, de certo modo, uma maneira de ampliar a oferta do ensino, universalizando
as oportunidades. Como nos diz Wedemeyer:
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Referências