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Belem Do para - Caio PDF
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RESUMO: O presente artigo discorre sobre a cidade de Belém, situada na região Norte do Brasil. A
problemática do presente texto consiste na apresentação aos pesquisadores da região Sul a realidade do Norte,
através da cidade de maior expressão nesta região. Procura-se informar na introdução a importância da cidade de
Belém para a região Norte do Brasil e para a Amazônia. No desenvolvimento do texto serão abordadas três
frentes diferentes, cada qual abordando a cidade segundo uma ótica diferente. As frentes são: histórica,
urbanística e identitária. Cada uma destas frentes apresentará a cidade seguindo seus conceitos. Visando maior
organização com relação às informações apresentadas dentro dos itens descritos acima, os mesmos serão
relatados em ordem cronológica. Na conclusão apresenta-se a junção das frentes supracitadas, chegando a um
denominador comum entre elas. O presente artigo segue a metodologia polifônica, cuja qual, preconiza o uso de
diversas opiniões para se chegar a um denominador. Conclui-se que Belém, com quase 400 anos de história,
sofreu diversas alterações em seu urbanismo, através dos acontecimentos históricos e, entretanto, mantém uma
identidade similar a de séculos atrás.
Palavras-Chave: Belém. Urbanismo. Amazônia
INTRODUÇÃO
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Autor: acadêmico de Arquitetura e Urbanismo da FAG
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Orientador: professor de Arquitetura e Urbanismo da FAG
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Assim definida no slogan da Prefeitura Municipal (BELEM, Prefeitura municipal, 2007).
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De acordo com o censo populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE de 1999, a
região metropolitana de Belém possuía 1.280.614 habitantes.
entrevistas in loco com a população nativa e/ou residentes na cidade há mais de 10 anos, e
através de referenciais bibliográficos.
1 FRENTE HISTÓRICA
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O Meridiano de Tordesilhas é resultado do Tratado de Tordesilhas, acordo firmado em 1494 na cidade
espanhola de mesmo nome. Participou do Tratado Portugal e Castela, parte da atual Espanha. O acordo foi
firmado visando a repartição das terras do Novo Mundo, ou seja, as Américas. Os termos partem do traçado de
um meridiano a 370 léguas a Oeste das Ilhas de Cabo Verde, sendo as terras localizadas a Oeste, pertencentes
à Coroa Espanhola e à Leste à Coroa Portuguesa. (LISBOA, 1957, pág. 30).
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A Dinastia Filipina consistiu na união pessoal entre Portugal e Espanha, onde um só rei governaria os dois
impérios, sendo eles: Filipe I (1580-1598); Filipe II (1598-1621); e Filipe III (1621-1640). Ocorreu no período
de 1580 a 1640.
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Participantes das bandeiras, descritas como “expedições armadas ao interior do Brasil (séc. XVI-XVIII).
Organizações particulares, esp. Paulistas, tinham como fim desbravar os sertões, procurar pedras preciosas e
ouro, escravizar indígenas e perseguir fugitivos da justiça”. (LAROUSSE, 2006. p.300).
mundo. Por se tratar de um ponto confluente de vias fluviais e, conseqüentemente,
geograficamente favorável, a cidade de Belém ganha atenção internacional. Com isto, não é
incomum a vinda de grande número de europeus, principalmente provindos da península
ibérica. Entretanto, o contingente indígena era imensamente maior que o europeu.
Ocorre nesta região um fato singular na história das conquistas das coroas nas
Américas: os dominadores, necessitando do auxílio da sabedoria indígena com relação à
orientação e sobrevivência dentro da selva, conjuntamente com a necessidade de comunicação
entre portugueses e os índios, e com o intuito de promover eventual miscigenação,
aprenderam a língua nativa, e não o contrário.
Belém, como toda a ocupação portuguesa na Amazônia, foi realizada além dos limites
do Tratado de Tordesilhas (VIANA, 1967). Apesar de ser uma colônia portuguesa, o território
belenense somente irá, de fato, pertencer a Portugal, com a assinatura do Tratado de Madrid,
em 17508.
Com o resultado do Tratado de Madrid, a Coroa Portuguesa, através de seu primeiro-
ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, conhecido como Marquês de Pombal, promove
mudanças significativas no relacionamento entre metrópole e colônias. Estas mudanças, a
nível nacional9 e regional10, dentre outros quesitos visando a uniformidade cultural, proíbem o
uso do Nheengatu11 e línguas indígenas por sobre o reino.
Estas medidas fizeram com que o Norte brasileiro mantivesse contato mais estreito
com Portugal12 do que com as demais regiões brasileiras. Somente com a proibição do uso das
línguas indígenas foi que esta região iniciou, de fato, a falar a língua portuguesa. Ainda hoje
é perceptível o fato de que, em Belém, se fala o português com sotaque da antiga metrópole.
Durante a época do ciclo econômico da borracha (1850-1920), a cidade foi palco de
diversos acontecimentos. O ouro branco, nome dado ao látex, oportunizou à Belém diversos
melhoramentos em sua infra-estrutura, sendo o mais significativo à implantação de luz
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Foi através deste tratado que o Brasil recebeu por direito os contornos aproximados de sua morfologia atual.
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A nível nacional: a extinção do regime das Capitanias Hereditárias, devido à reformulação do espaço brasileiro
pelo Tratado de Madrid; a mudança da sede da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro; e a expulsão dos
jesuítas tanto das colônias portuguesas quanto de Portugal.
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A nível regional consistiram: na abertura da Companhia Geral de Comércio do Grão Pará e Maranhão,
estreitando o laço entre metrópole e colônia.
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Nheengatu, ou língua geral, “foi desenvolvido pelos jesuítas nos séculos 16 e 17, com base no vocabulário e
na pronuncia tupi, que era a língua das tribos da costa, tendo como referencia a gramática da língua
portuguesa, enriquecida com palavras portuguesas e espanholas. A língua geral foi usada correntemente pelos
brasileiros de origem ibérica, como língua de conversação cotidiana, até o século 18, quando foi proibida pelo
rei de Portugal” (MARTINS, 2003).
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Exemplo disso é o fato de Belém, por estar distante das principais capitais brasileiras e manter relação estreita
com a Metrópole, reconhecer a independência brasileira perante Portugal somente um ano após sua
proclamação.
elétrica. Houve também uma internacionalização da cidade e, conseqüentemente, o requinte
de sua elite, que vivia “deslumbrada com o glamour da belle-époque de inspiração parisiense”
(DUARTE, 2007).
Na época, o censo de 1900 indicava que Belém era uma das grandes capitais
brasileiras, contando com 96 mil habitantes (JUNIOR, 2007).
Com o declínio da borracha brasileira, na década de 1920, em detrimento da ascensão
da borracha da Malásia, a economia e, conseqüentemente, a população belenense, declinaram.
O pequeno sopro do segundo ciclo da borracha, ocorrido durante a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), trouxe nova esperança e contingente populacional interessado em
trabalhar nos as plantações de seringueiras. Entretanto, após a guerra, este ciclo, como o
primeiro, também se findou.
A cidade hoje, capital da Região Metropolitana de Belém, continua sendo um grande
chamariz populacional instigando nas massas o sonho de riqueza nos grandes centros urbanos.
2 FRENTE URBANÍSTICA
Iniciada como uma pequena aglomeração com intuitos militares, seus primeiros anos
foram marcados pelo convívio quase que único com os nativos. Somente com a inauguração
do Mercado do Ver-O-Peso e conseqüente mercantilização, a cidade começa a desenvolver-
se.
Apesar de se apresentar como uma comunidade com características de relações de
troca, tanto cultural com os nativos, quanto mercantil através de sua orla, (SILVA et al, 2007),
e devido ao fator defensivo, a cidade vai se desenvolver “de costas para a orla”, em direção a
Leste (AMARAL, 2007).
O ciclo da borracha irá se apresentar para a comunidade belenense como o grande
estopim das mudanças urbanísticas ocorridas na malha urbana. A criação de uma elite da
borracha, com grandes vínculos e fortes laços com a cultura européia, em especial à francesa
(JÚNIOR, 2007), irá transpor para o território brasileiro conceitos como a Haussmannização,
que consiste na “transposição do modelo de renovação urbana parisiense para outros
contextos” (ibid.).
O recorrente perfeccionismo da elite emergente exigiu um maior tecnicismo para com
as propostas de intervenções urbanas:
A presença de engenheiros no tratamento de problemas urbanos começava
nessa época a se firmar, num cenário que até então tinha sido dominado por
administradores públicos com formação nas ciências jurídicas. (JÚNIOR,
2007. p. 112).
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Juscelino Kubitchek de Oliveira, ou JK, consagrou-se como prefeito de Belo Horizonte e Presidente da
República entre 1956 e 1961. [...] Sua administração federal foi marcada pelo crescimento em 80% da
indústria nacional e a construção de Brasília (LAROUSSE, 2006. p.1492).
política de desenvolvimento irá desencadear um “processo intenso de ocupação com a
chegada de migrantes do Nordeste e Sul do Brasil” (SOARES, 2007).
O processo migratório gerou em Belém, não diferentemente das outras capitais
brasileiras, um inchaço urbano. São edificados na cidade diversos conjuntos habitacionais
(CHARLET, 2007), procurando amenizar o contingente populacional presente nas diversas
áreas invadidas pela população. Segundo a Comissão de Bairros de Belém, o déficit
habitacional, em 1994, estaria “na ordem de 200.000 unidades habitacionais”. (ibid.).
Outro fator apresentado como conseqüência do intenso processo de urbanização e
desenvolvimento, acarretando no indevido inchaço urbano é o aumento considerável da
atividade comercial informal, localizada nas vias centrais da cidade. A informalidade iniciada
com a recessão econômica nacional do final da década de 1980 torna-se latente.
(MEDEIROS, 2007).
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-
Econômicos do Pará – DIEESE, o mercado informal na Região Metropolitana de Belém, que
contava com 173.800 pessoas em Janeiro de 1989 aumentou para 205.000 pessoas em
Outubro de 1997 (DIEESE apud MEDEIROS, 2007). Os dados da Pesquisa de Emprego e
Desemprego – PED concluem que, em 1994, quando no início do Plano Real, haviam 73 mil
desempregados em Belém.
Apesar de haver uma grande porcentagem da população belenense residindo nas
regiões de baixadas14 e tirando seu sustento graças à informalidade econômica, irá ocorrer na
capital paraense um fenômeno que tem por objetivo produzir uma “nova” imagem. De acordo
com Amaral (2007), procuram-se buscar referenciais locais, como o rio e a baía, para compor
estratégias de marketing urbano e, conseqüentemente, de atração turística.
Conforme conceitos de “urbanismo espetáculo” (SANCHÉZ, 1997; apud FERREIRA,
2007), ou “espetáculo urbano” (ARANTES, 2000; apud FERREIRA, 2007), são implantadas
pelos governos municipal e estadual estratégias mercadológicas para criar uma imagem
fantasiosa da cidade (FERREIRA, 2007). Estas estratégias, realizadas principalmente em
reformas de edifícios de cunho histórico e/ou cultural, serão concebidas somente na área
central. Exemplo disto é a revitalização de parte da região portuária, criando a Estação das
Docas, projeto embasado no Puerto Madero, de Buenos Aires. Esta onda irá gerar, na segunda
metade da década de 1990, um marketing residencial da região central de Belém,
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As baixadas belenenses, nomenclatura local para as áreas de favelas, possuem este nome, pois estão alocadas
nas áreas de mangue e pântano da capital paraense. Por estarem alocadas em regiões não aconselháveis para
edificação residenciais, por motivos de segurança, se equivalem aos morros do Rio de Janeiro.
principalmente no bairro do Umarizal, onde torres de 30 a 35 pavimentos são edificadas frente
à baía. De acordo com Ferreira (2007), esta prática se torna viável devido à morfologia
topográfica favorável à verticalização.
3 FRENTE IDENTITÁRIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com a pesquisa realizada, entende-se que a cidade apresentada foi e ainda é
palco de diversos acontecimentos de cunho nacional. As três frentes abordadas apresentam-se
ricas e extensas, oportunizando material para futuras pesquisas acadêmicas.
A história, o urbanismo e a identidade se mostraram interligados, durante todos os
períodos analisados. Entende-se que os fatores são complementares entre si, auxiliando o
entendimento das frentes supracitadas.
Entende-se ainda que Belém, apesar de ser a maior concentração populacional da
Amazônia e um renomado pólo regional, possui em sua imagem/identidade características e
comportamentos comunitários e individuais similares aos realizados por seus ancestrais há
séculos atrás.
REFERÊNCIAS
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[s.d.]. Disponível em:
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FRANÇA, Jéssika Paiva. Gestão dos espaços públicos de lazer, turismo e paisagem
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