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BELÉM DO PARÁ: HISTÓRIA, URBANISMO E IDENTIDADE

Caio Smolarek Dias1


Solange Irene Smolarek Dias2

RESUMO: O presente artigo discorre sobre a cidade de Belém, situada na região Norte do Brasil. A
problemática do presente texto consiste na apresentação aos pesquisadores da região Sul a realidade do Norte,
através da cidade de maior expressão nesta região. Procura-se informar na introdução a importância da cidade de
Belém para a região Norte do Brasil e para a Amazônia. No desenvolvimento do texto serão abordadas três
frentes diferentes, cada qual abordando a cidade segundo uma ótica diferente. As frentes são: histórica,
urbanística e identitária. Cada uma destas frentes apresentará a cidade seguindo seus conceitos. Visando maior
organização com relação às informações apresentadas dentro dos itens descritos acima, os mesmos serão
relatados em ordem cronológica. Na conclusão apresenta-se a junção das frentes supracitadas, chegando a um
denominador comum entre elas. O presente artigo segue a metodologia polifônica, cuja qual, preconiza o uso de
diversas opiniões para se chegar a um denominador. Conclui-se que Belém, com quase 400 anos de história,
sofreu diversas alterações em seu urbanismo, através dos acontecimentos históricos e, entretanto, mantém uma
identidade similar a de séculos atrás.
Palavras-Chave: Belém. Urbanismo. Amazônia

INTRODUÇÃO

A cidade de Belém, situada no Norte do Brasil, é um ponto de confluência em sua


região, sendo considerada como a “metrópole da Amazônia”3, por ser a maior concentração
populacional do Norte brasileiro4.
Desde seu descobrimento, no início do século XVII, a cidade passou por diversas
alterações em sua malha urbana, influenciadas por diversos acontecimentos históricos que
ocorreram em suas terras.
Apresenta-se a história da cidade, delineando acontecimentos que influíram para
alterações na malha urbana. Após, é apresentada a frente urbanística que relata as alterações
realizadas em decorrência dos eventos descritos na parte histórica. Em seguida passa-se para a
identidade do cidadão belenense, desde o século XVI até os dias de hoje. Todas as frentes são
relatadas de maneira cronológica. A metodologia da presente pesquisa ocorreu através de

1
Autor: acadêmico de Arquitetura e Urbanismo da FAG
2
Orientador: professor de Arquitetura e Urbanismo da FAG
3
Assim definida no slogan da Prefeitura Municipal (BELEM, Prefeitura municipal, 2007).
4
De acordo com o censo populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE de 1999, a
região metropolitana de Belém possuía 1.280.614 habitantes.
entrevistas in loco com a população nativa e/ou residentes na cidade há mais de 10 anos, e
através de referenciais bibliográficos.

1 FRENTE HISTÓRICA

A colonização da cidade de Belém data do início do século XVII, como conseqüência


da disputa da colonização das Américas pelas duas maiores potências da época, as Coroas
Portuguesa e Espanhola (VIANA, 1967).
Geograficamente singular, foi colonizada por sobre o Meridiano de Tordesilhas5, em
terras então pertencentes à Espanha. Foi fundada em 1616, sob comando da Dinastia Filipina6,
para proteger a foz do Rio Amazonas e garantir o território sob posse e domínio ibérico
(PEREIRA et al, 2007). Inicialmente batizada de Feliz Lusitânia, foi denominada também de
Santa Maria do Grão Pará, Santa Maria de Belém do Grão Pará e, finalmente, Belém.
A morfologia da cidade era diminuta, consistindo somente em um forte, terminado em
1616, e o colégio jesuíta de 1626 (JESUÍTAS, [s.d.]). Ambas as edificações estavam
localizadas no ponto mais alto do terreno, margeando a orla fluvial. A decisão de alocar os
principais edifícios na cota mais elevada parte de conceitos militares de defesa, pois quando
em ponto mais alto, é facilitada a visibilidade de qualquer atividade ocorrida: no caso de
Belém, a visibilidade fica facilitada tanto na orla fluvial quanto em terra.
Tanto por estar situada na chamada “entrada” da Amazônia, próximo à foz do Rio
Amazonas, quanto por obter índios educados pelos jesuítas, Belém se tornou um chamariz:
para os ingleses, franceses e holandeses, interessados na dominação territorial pan-americana,
como para os bandeirantes7, cujos quais viam no índio doutrinado pela educação missionária,
potencial mão de obra a ser utilizada nas fazendas ao Sul.
Em 1688 é criado o Mercado do Ver-o-Peso, que auxilia a cidade a comercializar seus
bens locais. Localizado na orla, se torna o primeiro meio de comunicação entre a cidade e o

5
O Meridiano de Tordesilhas é resultado do Tratado de Tordesilhas, acordo firmado em 1494 na cidade
espanhola de mesmo nome. Participou do Tratado Portugal e Castela, parte da atual Espanha. O acordo foi
firmado visando a repartição das terras do Novo Mundo, ou seja, as Américas. Os termos partem do traçado de
um meridiano a 370 léguas a Oeste das Ilhas de Cabo Verde, sendo as terras localizadas a Oeste, pertencentes
à Coroa Espanhola e à Leste à Coroa Portuguesa. (LISBOA, 1957, pág. 30).
6
A Dinastia Filipina consistiu na união pessoal entre Portugal e Espanha, onde um só rei governaria os dois
impérios, sendo eles: Filipe I (1580-1598); Filipe II (1598-1621); e Filipe III (1621-1640). Ocorreu no período
de 1580 a 1640.
7
Participantes das bandeiras, descritas como “expedições armadas ao interior do Brasil (séc. XVI-XVIII).
Organizações particulares, esp. Paulistas, tinham como fim desbravar os sertões, procurar pedras preciosas e
ouro, escravizar indígenas e perseguir fugitivos da justiça”. (LAROUSSE, 2006. p.300).
mundo. Por se tratar de um ponto confluente de vias fluviais e, conseqüentemente,
geograficamente favorável, a cidade de Belém ganha atenção internacional. Com isto, não é
incomum a vinda de grande número de europeus, principalmente provindos da península
ibérica. Entretanto, o contingente indígena era imensamente maior que o europeu.
Ocorre nesta região um fato singular na história das conquistas das coroas nas
Américas: os dominadores, necessitando do auxílio da sabedoria indígena com relação à
orientação e sobrevivência dentro da selva, conjuntamente com a necessidade de comunicação
entre portugueses e os índios, e com o intuito de promover eventual miscigenação,
aprenderam a língua nativa, e não o contrário.
Belém, como toda a ocupação portuguesa na Amazônia, foi realizada além dos limites
do Tratado de Tordesilhas (VIANA, 1967). Apesar de ser uma colônia portuguesa, o território
belenense somente irá, de fato, pertencer a Portugal, com a assinatura do Tratado de Madrid,
em 17508.
Com o resultado do Tratado de Madrid, a Coroa Portuguesa, através de seu primeiro-
ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, conhecido como Marquês de Pombal, promove
mudanças significativas no relacionamento entre metrópole e colônias. Estas mudanças, a
nível nacional9 e regional10, dentre outros quesitos visando a uniformidade cultural, proíbem o
uso do Nheengatu11 e línguas indígenas por sobre o reino.
Estas medidas fizeram com que o Norte brasileiro mantivesse contato mais estreito
com Portugal12 do que com as demais regiões brasileiras. Somente com a proibição do uso das
línguas indígenas foi que esta região iniciou, de fato, a falar a língua portuguesa. Ainda hoje
é perceptível o fato de que, em Belém, se fala o português com sotaque da antiga metrópole.
Durante a época do ciclo econômico da borracha (1850-1920), a cidade foi palco de
diversos acontecimentos. O ouro branco, nome dado ao látex, oportunizou à Belém diversos
melhoramentos em sua infra-estrutura, sendo o mais significativo à implantação de luz

8
Foi através deste tratado que o Brasil recebeu por direito os contornos aproximados de sua morfologia atual.
9
A nível nacional: a extinção do regime das Capitanias Hereditárias, devido à reformulação do espaço brasileiro
pelo Tratado de Madrid; a mudança da sede da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro; e a expulsão dos
jesuítas tanto das colônias portuguesas quanto de Portugal.
10
A nível regional consistiram: na abertura da Companhia Geral de Comércio do Grão Pará e Maranhão,
estreitando o laço entre metrópole e colônia.
11
Nheengatu, ou língua geral, “foi desenvolvido pelos jesuítas nos séculos 16 e 17, com base no vocabulário e
na pronuncia tupi, que era a língua das tribos da costa, tendo como referencia a gramática da língua
portuguesa, enriquecida com palavras portuguesas e espanholas. A língua geral foi usada correntemente pelos
brasileiros de origem ibérica, como língua de conversação cotidiana, até o século 18, quando foi proibida pelo
rei de Portugal” (MARTINS, 2003).
12
Exemplo disso é o fato de Belém, por estar distante das principais capitais brasileiras e manter relação estreita
com a Metrópole, reconhecer a independência brasileira perante Portugal somente um ano após sua
proclamação.
elétrica. Houve também uma internacionalização da cidade e, conseqüentemente, o requinte
de sua elite, que vivia “deslumbrada com o glamour da belle-époque de inspiração parisiense”
(DUARTE, 2007).
Na época, o censo de 1900 indicava que Belém era uma das grandes capitais
brasileiras, contando com 96 mil habitantes (JUNIOR, 2007).
Com o declínio da borracha brasileira, na década de 1920, em detrimento da ascensão
da borracha da Malásia, a economia e, conseqüentemente, a população belenense, declinaram.
O pequeno sopro do segundo ciclo da borracha, ocorrido durante a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), trouxe nova esperança e contingente populacional interessado em
trabalhar nos as plantações de seringueiras. Entretanto, após a guerra, este ciclo, como o
primeiro, também se findou.
A cidade hoje, capital da Região Metropolitana de Belém, continua sendo um grande
chamariz populacional instigando nas massas o sonho de riqueza nos grandes centros urbanos.

2 FRENTE URBANÍSTICA

Iniciada como uma pequena aglomeração com intuitos militares, seus primeiros anos
foram marcados pelo convívio quase que único com os nativos. Somente com a inauguração
do Mercado do Ver-O-Peso e conseqüente mercantilização, a cidade começa a desenvolver-
se.
Apesar de se apresentar como uma comunidade com características de relações de
troca, tanto cultural com os nativos, quanto mercantil através de sua orla, (SILVA et al, 2007),
e devido ao fator defensivo, a cidade vai se desenvolver “de costas para a orla”, em direção a
Leste (AMARAL, 2007).
O ciclo da borracha irá se apresentar para a comunidade belenense como o grande
estopim das mudanças urbanísticas ocorridas na malha urbana. A criação de uma elite da
borracha, com grandes vínculos e fortes laços com a cultura européia, em especial à francesa
(JÚNIOR, 2007), irá transpor para o território brasileiro conceitos como a Haussmannização,
que consiste na “transposição do modelo de renovação urbana parisiense para outros
contextos” (ibid.).
O recorrente perfeccionismo da elite emergente exigiu um maior tecnicismo para com
as propostas de intervenções urbanas:
A presença de engenheiros no tratamento de problemas urbanos começava
nessa época a se firmar, num cenário que até então tinha sido dominado por
administradores públicos com formação nas ciências jurídicas. (JÚNIOR,
2007. p. 112).

Os melhoramentos realizados na capital paraense a condicionaram de acordo com seu


papel no contexto internacional, ou seja, o ponto de saída da borracha brasileira. As propostas
de intervenções realizadas em Belém, principalmente o melhoramento da Boulevard da
República, foram destaques nacionais (JUNIOR, 2007).
A Revolução Industrial Brasileira, ocorrida em 1930, conjuntamente com a quebra da
Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929, criam no país uma nova burguesia, que
diferentemente das anteriores, possui anseios empresariais (BRUAND, 1999). A onda de
industrialização ocorrida na grande maioria do território brasileiro chegará à região Norte,
mais amena em comparação com as demais regiões. Suas conseqüências afetarão Belém
somente na verticalização do centro da cidade.
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) irá trazer alguns benefícios para a cidade de
Belém: com a conquista nipônica por sobre o pacífico e, especialmente, sobre a Malásia, o
Brasil é novamente procurado pelos países europeus e norte-americanos para exportar o látex.
Este período, conhecido como o segundo ciclo da borracha, trouxe algum alívio econômico
para a região amazônica. Através dos presidentes Getúlio Vargas e Franklin Delano
Roosevelt, é firmado em 1943 um acordo entre Brasil e Estados Unidos da América,
estabelecendo a implantação de uma base naval norte-americana em Belém. Em contrapartida,
o governo estadunidense deveria instalar infra-estrutura na cidade. Com este acordo foi
implementado um complexo sistema de diques, similar ao da cidade de Amsterdam, para
nivelar e amenizar os efeitos das marés por sobre o território belenense, que possui grande
parte de sua área sobre pântanos. Conjuntamente com o sistema de diques, foi implantado o
sistema de saneamento básico e telégrafos (BRASIL, [s.d.]).
A Revolução Industrial somente ocorrerá na região Norte com as intervenções do
então Presidente da República, Juscelino Kubitchek de Oliveira13. Através de seu Plano de
Desenvolvimento Nacional – PDN, da Operação Amazônia e do Plano de Intervenção
Nacional – PIN, conjuntamente com a construção da rodovia Belém-Brasília, estimulou-se à
intensificação da ocupação urbana e criação de novos municípios na região Norte. Esta

13
Juscelino Kubitchek de Oliveira, ou JK, consagrou-se como prefeito de Belo Horizonte e Presidente da
República entre 1956 e 1961. [...] Sua administração federal foi marcada pelo crescimento em 80% da
indústria nacional e a construção de Brasília (LAROUSSE, 2006. p.1492).
política de desenvolvimento irá desencadear um “processo intenso de ocupação com a
chegada de migrantes do Nordeste e Sul do Brasil” (SOARES, 2007).
O processo migratório gerou em Belém, não diferentemente das outras capitais
brasileiras, um inchaço urbano. São edificados na cidade diversos conjuntos habitacionais
(CHARLET, 2007), procurando amenizar o contingente populacional presente nas diversas
áreas invadidas pela população. Segundo a Comissão de Bairros de Belém, o déficit
habitacional, em 1994, estaria “na ordem de 200.000 unidades habitacionais”. (ibid.).
Outro fator apresentado como conseqüência do intenso processo de urbanização e
desenvolvimento, acarretando no indevido inchaço urbano é o aumento considerável da
atividade comercial informal, localizada nas vias centrais da cidade. A informalidade iniciada
com a recessão econômica nacional do final da década de 1980 torna-se latente.
(MEDEIROS, 2007).
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-
Econômicos do Pará – DIEESE, o mercado informal na Região Metropolitana de Belém, que
contava com 173.800 pessoas em Janeiro de 1989 aumentou para 205.000 pessoas em
Outubro de 1997 (DIEESE apud MEDEIROS, 2007). Os dados da Pesquisa de Emprego e
Desemprego – PED concluem que, em 1994, quando no início do Plano Real, haviam 73 mil
desempregados em Belém.
Apesar de haver uma grande porcentagem da população belenense residindo nas
regiões de baixadas14 e tirando seu sustento graças à informalidade econômica, irá ocorrer na
capital paraense um fenômeno que tem por objetivo produzir uma “nova” imagem. De acordo
com Amaral (2007), procuram-se buscar referenciais locais, como o rio e a baía, para compor
estratégias de marketing urbano e, conseqüentemente, de atração turística.
Conforme conceitos de “urbanismo espetáculo” (SANCHÉZ, 1997; apud FERREIRA,
2007), ou “espetáculo urbano” (ARANTES, 2000; apud FERREIRA, 2007), são implantadas
pelos governos municipal e estadual estratégias mercadológicas para criar uma imagem
fantasiosa da cidade (FERREIRA, 2007). Estas estratégias, realizadas principalmente em
reformas de edifícios de cunho histórico e/ou cultural, serão concebidas somente na área
central. Exemplo disto é a revitalização de parte da região portuária, criando a Estação das
Docas, projeto embasado no Puerto Madero, de Buenos Aires. Esta onda irá gerar, na segunda
metade da década de 1990, um marketing residencial da região central de Belém,

14
As baixadas belenenses, nomenclatura local para as áreas de favelas, possuem este nome, pois estão alocadas
nas áreas de mangue e pântano da capital paraense. Por estarem alocadas em regiões não aconselháveis para
edificação residenciais, por motivos de segurança, se equivalem aos morros do Rio de Janeiro.
principalmente no bairro do Umarizal, onde torres de 30 a 35 pavimentos são edificadas frente
à baía. De acordo com Ferreira (2007), esta prática se torna viável devido à morfologia
topográfica favorável à verticalização.

3 FRENTE IDENTITÁRIA

De acordo com Castells (apud RIBEIRO, 2007), a identidade é “o processo de


construção de significado com base em um atributo cultural [...]”. Segundo Hall (ibid.), o
indivíduo pode possuir identidades múltiplas, sendo considerado como um sujeito pós-
moderno não tendo identidade fixa, essencial ou permanente.
Ribeiro (2007), afirma que as identidades não são absolutas, e sim estabelecidas no
convívio social, onde podem sofrer mutações com a constante mudança, criação e recriação
do sistema de valores e crenças. A identidade pode, ainda, ser construída e mutável de acordo
com a escala do lugar, segundo Santos (apud RIBEIRO, 2007).
As frentes históricas e urbanísticas apontam fatores que indicam que a identidade do
belenense, até o início do ciclo da borracha, se manteve como a de uma população ribeirinha,
dentro de uma sistemática econômica, basicamente de trocas e com intensos contatos com os
indígenas da região.
A relação construída com os nativos fez com que os estrangeiros adquirissem a
identidade local. Exemplo disto é o fato dos europeus e brasileiros falarem o Nheengatu até a
segunda metade do século XVIII e a população atual belenense falar em seus dia-a-dia, 7200
palavras provindas da língua tupi.
O ciclo da borracha trouxe uma identidade para o belenense, a do cidadão
internacional, devidamente educado e politizado. O contato da elite citadina com o continente
europeu, principalmente a França, trouxe para a cidade novos comportamentos, pensamentos
e conceitos.
As correntes migratórias da segunda metade do século XX oportunizaram para a
sistemática citadina belenense experiências identitárias multiterritoriais, constituindo sua
identificação através da “reformulação de sentidos e valores” (HAESBAERT, apud
RIBEIRO, 2007) trazidos das outras regiões brasileiras.
Sendo assim, entende-se que a sistemática da cidade ocorre como conseqüência de
diversas vertentes identitárias, transformando a malha urbana em um espaço constantemente
mutável. Entretanto, apesar de apresentar inúmeras identidades díspares, algumas
historicamente intrínsecas no cidadão belenense e outras atuais, entende-se que a ligação
ribeirinha se mantém presente na identidade local.
Apesar da intensa verticalização da cidade, ainda permanecem na cidade “as formas
mais antigas de ocupação do espaço, com estreitas vilas e passagens que acusam um uso
bastante desorganizado do solo urbano abarrotados de casas estreitas” (RODRIGUES, 2007).
Ainda é presente em Belém um grande contato identitário com os índios. Exemplo
disto é o fato de existir na cidade o terceiro maior contingente populacional indígena de todo
o país (XIMENES, 2007). Os dados do censo do IBGE de 1999 registraram um total de 2.291
índios de diferentes etnias na Região Metropolitana de Belém (ibid).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a pesquisa realizada, entende-se que a cidade apresentada foi e ainda é
palco de diversos acontecimentos de cunho nacional. As três frentes abordadas apresentam-se
ricas e extensas, oportunizando material para futuras pesquisas acadêmicas.
A história, o urbanismo e a identidade se mostraram interligados, durante todos os
períodos analisados. Entende-se que os fatores são complementares entre si, auxiliando o
entendimento das frentes supracitadas.
Entende-se ainda que Belém, apesar de ser a maior concentração populacional da
Amazônia e um renomado pólo regional, possui em sua imagem/identidade características e
comportamentos comunitários e individuais similares aos realizados por seus ancestrais há
séculos atrás.

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