Você está na página 1de 6

OS SERTÕES (Euclides da Cunha)

RESUMO

Este livro é dividido em três partes:


A Terra é uma descrição detalhada feita pelo cientista Euclides da Cunha, mostrando todas as
características do lugar, o clima, as secas, a terra, enfim.
O Homem é uma descrição feita pelo sociólogo e antropólogo Euclides da Cunha, que mostra o
habitante do lugar, sua relação com o meio, sua gênese etnológica, seu comportamento,
crença e costume; mas depois se fixa na figura de Antônio Conselheiro, o líder de Canudos.
Apresenta seu caráter, seu passado e relatos de como era a vida e os costumes de Canudos,
como relatados por visitantes e habitantes capturados. Estas duas partes são essencialmente
descritivas, pois na verdade “armam o palco” e “introduzem os personagens” para a verdadeira
história, a Guerra de Canudos, relatada na terceira parte,
A Luta é uma descrição feita pelo jornalista e ser humano Euclides da Cunha, relatando as
quatro expedições a Canudos, criando o retrato real só possível pela testemunha ocular da
fome, da peste, da miséria, da violência e da insanidade da guerra.
Retratando minuciosamente movimento de tropas, o autor constantemente se prende à
individualidade das ações e mostra casos isolados marcantes que demonstram bem o absurdo
de um massacre que começou por um motivo tolo – Antônio Conselheiro reclamando um
estoque de madeira não entregue – escalou para um conflito onde havia paranoia nacional pois
suspeitava-se que os “monarquistas” de Canudos, liderados pelo “famigerado e bárbaro Bom
Jesus Conselheiro” tinham apoio externo.
No final, foi apenas um massacre violento onde estavam todos errados e o lado mais fraco
resistiu até o fim com seus derradeiros defensores – um velho, dois adultos e uma criança.

ANÁLISE DA OBRA

Em Os sertões, Euclides da Cunha usou uma linguagem rica em termos científicos, apresentou
nessa obra, no qual o tema principal é a Guerra de Canudos, um verdadeiro retrato do Brasil
no fim do século XIX, discutiu problemas que transcendem o conflito que ocorreu no interior da
Bahia.
A obra narrativa mistura literatura, sociologia, filosofia e história, geografia, geologia,
antropologia, por isso sua preciosidade e grandiosidade. O autor, adepto do determinismo,
teoria que afirma ser o homem influenciado (determinado) pelo meio, pela raça e pelo momento
histórico, dividiu Os sertões em três partes, a saber: A terra (o meio), O homem (a raça) e A
luta (o momento).

CONSIDERAÇÕES SOBRE O AUTOR

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha foi um escritor pré-modernista brasileiro. Além de


renomado escritor das áreas do jornalismo e da literatura, Euclides da Cunha foi um analista
das práticas sociais, como a que fez em seu livro Os Sertões a respeito do sertão, do sertanejo
e do conflito ocorrido no Arraial de Belo Monte, mais conhecido como Guerra de
Canudos. Suas bases e referências científicas foram influenciadas por estudiosos
como Charles Darwin, Auguste Comte, Hippolyte Taine, Karl Marx e Émile Durkheim, além do
escritor francês Victor Hugo. Durante quase dois meses, Euclides da Cunha viveu no sertão
baiano como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, transmitindo as notícias por meio
de telégrafo. Após o fim da guerra, com a destruição do Arraial de Canudos, Euclides da
Cunha mudou-se para São José do Rio Pardo para trabalhar na construção de uma ponte
metálica no Rio Pardo. Durante cinco anos, nos pequenos intervalos, escreveu boa parte de Os
sertões. Em 1902, cinco anos após o fim do conflito no Arraial de Canudos, Euclides da Cunha
publicou sua obra-prima, Os Sertões. Euclides da Cunha foi o primeiro escritor brasileiro a unir
a literatura e a história. Esse perfil de produção textual contribuiu, sobretudo, para que os
brasileiros pertencentes à elite cultural e os demais grupos sociais pudessem conhecer o
interior do Brasil, sobretudo as características geográficas do sertão e o perfil do sertanejo. Em
virtude da riqueza de detalhes, a obra Os Sertões recebeu do escritor Pedro Nabuco o nome
de “a Bíblia da nacionalidade brasileira”.
O estilo de linguagem científica, poética e rebuscada do autor também chama atenção dos
leitores. Alguns críticos literários e escritores consideram a linguagem de Os Sertões como um
“Barroco Científico”. A obra também apresenta características de diversos tipos de textos:
literário, científico e jornalístico.

CANAÃ (Graça Aranha)

RESUMO

Canaã conta a história de Milkau e Lentz, dois jovens imigrantes alemães que se estabelecem
em Porto do Cachoeiro, ES. Amigos e antagônicos ao mesmo tempo, Milkau é a integração e a
paz, admirando o Novo Mundo, Lentz é a conquista e a guerra, pensando no dia que a
Alemanha invadirá e conquistará aquela terra.
Ainda assim, ambos se unem e trabalham juntos na terra e prosperam. Mais tarde aparece
Maria, filha de imigrantes pobres, que é abandonada ao léu quando morre seu protetor e lhe
abandona o amante, que pensava ser seu futuro marido.
Vagando, tomada como louca e prostituta, é rejeitada até na igreja antes de ser salva por
Milkau, quem conheceu uma vez em uma festa e vai morar numa fazenda. Lá continua a ser
maltratada até que um dia seu filho é morto por porcos e ela é acusada de infanticídio. Na
cadeia Milkau passa a visitá-la enquanto ela é repudiada pela cidade inteira. Por fim a salva
com uma fuga no meio da noite.
A história em si é apenas pano de fundo para as discussões ideológicas entre Milkau e Lentz,
somando-se a isto retratos da imigração alemã e da corrupta administração brasileira da época
O livro, quanto ao conteúdo, tem uma significativa abrangência, pois trata de etnia,
relacionamento humano, culturas, colonização e progresso. Desenvolve alguns aspectos
sociológicos e fisiológicos. Publicado em 1902, é, ao lado de Os sertões, um dos marcos do
início do Pré-Modernismo.

ANÁLISE DA OBRA

Canaã é o primeiro romance ideológico brasileiro em que se discute o destino histórico do


Brasil. Ao mesmo tempo, Canaã representou uma ponte entre as correntes filosóficas e
estéticas do final do século XIX (Realismo, Naturalismo, Simbolismo) e a revolução modernista
da segunda década do século XX.
O polo central de Canaã são os debates entre dois colonos alemães que se estabelecem no
Espírito Santo: Milkau e Lentz.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O AUTOR

João Pereira da Graça Aranha era de família próspera e culturalmente rica, o que propiciou ao
autor intenso crescimento intelectual. Suas influências provêm de origens distintas, tanto no
campo filosófico quanto na esfera cultural. Por sua atuação na diplomacia tem a oportunidade
de percorrer diversos países da Europa, nos quais se atualiza artisticamente, entrando em
contato com correntes pós-simbolistas que então despertavam no continente europeu. Assim,
ao retornar para o Brasil, traz consigo estes novos ideais e procura inseri-los na literatura
brasileira.

Na famosa Semana da Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, Graça
Aranha empreende uma contundente crítica às instituições que tentavam ditar as regras
estéticas da época. Em 1924 ele não hesita em realizar na própria Academia de Letras uma
palestra, intitulada ‘O Espírito Moderno’, na qual afirma ser este estabelecimento um equívoco,
pois não consegue absorver as mudanças. Depois de 1922 aderiu ao Modernismo, e seu
rompimento com os tradicionalistas, causou um verdadeiro escândalo.

Graça Aranha é considerado um dos chefes do movimento renovador de nossa literatura, fato
que vai acentuar-se com a conferência lida na Academia Brasileira de Letras, em 19 de junho
de 1924. No mesmo ano rompe com a Academia a qual acusou de passadista e dotada de total
imobilismo literário.

O TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA (Lima Barreto)

RESUMO
O Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, narra a trajetória de Policarpo
Quaresma, um patriota ímpar, que causa estranheza nas pessoas pelos seus ideais e
coragem. O livro é dividido em três partes. A primeira começa descrevendo a rotina do Major
Policarpo Quaresma. Major que não era major realmente; era um apelido.
Policarpo era um homem respeitado pela vizinhança, mas ao mesmo tempo o estranhavam,
por causa de seu amor pelos livros e pelo patriotismo exaltado. Começou a aprender violão, o
que causou mais espanto em seus vizinhos. Seu professor de música se chamava Ricardo
Coração dos Outros; seu amigo que irá lhe acompanhar até o fim. Além de aprender violão,
também se dedicava aos estudos do tupi-guarani. Nem seus vizinhos, nem seus colegas de
trabalho o compreendiam. Policarpo buscava coisas verdadeiramente brasileiras, desde
comida, até a vestimenta. O auge de seu amor pela pátria foi quando fez um ofício para o
ministro, escrito em tupi, defendendo que a língua oficial deveria ser então essa. Como
consequência, foi internado por seis meses em um hospício, recebendo a visita apenas de
Olga com seu pai.
Na segunda parte do livro, seguindo o conselho de sua afilhada Olga, Policarpo compra um
sítio e se muda para lá com sua irmã. Chama o sítio de “O Sossego”. Retirado da cidade, surge
uma nova paixão em Policarpo: a de estudar botânica e aproveitar ao máximo a terra brasileira,
que segundo ele, era a melhor. Até que um dia o Tenente Antonino Dutra, escrivão, foi até a
casa de Policarpo lhe pedir ajuda para a festa da Conceição. O major, contrário à política e das
suas trocas de favores, nega ajuda. A partir de então os políticos da área começam a fazer de
tudo para prejudicar o sítio; começam a cobrar taxas e impostos que não eram cobrados
anteriormente, pedem para que seja capinado todo ao redor do sítio. Além disso, os lucros
eram pequenos. Todos esses contratempos começaram a desanimar a Policarpo, que pensou
que uma reforma agrária poderia até ser uma solução, mas que ainda era pequena diante de
seus desejos de progresso para o Brasil. Policarpo queria uma mudança no governo.
Na terceira parte, Policarpo volta para a cidade assim que sabe que está ocorrendo uma
revolta. O major faz um memorial acerca de suas experiências com a agricultura e entrega ao
Marechal Floriano. Sem dar muita importância, Floriano convida Policarpo para ingressar na
revolta. Policarpo aceita e é listado como Major. Com a revolta, o cotidiano do Rio muda e a
guerra acaba fazendo parte do cotidiano dos brasileiros. Ricardo, amigo de Policarpo, por ser
considerado um patriota rebelde, é convocado para fazer parte como voluntário. Preocupado,
Ricardo pede ajuda ao Major, que não pode fazer nada. Triste por estar afastado de seu violão,
Ricardo continua a servir. No decorrer da guerra, Policarpo dá ordens, vai para troca de tiros e
mata um homem. Muito arrependido e não acreditando ter feito isso, escreve a sua irmã num
sentimento de perdão e culpa. Acabou se ferindo, levemente, mas precisava de cuidados e
precisou se afastar por um tempo. A revolta tem seu fim e Policarpo é levado para uma prisão,
sem um motivo que justifique. Quaresma se questiona por que sendo ele tão patriota e tão
apaixonado pelo país, teria aquele fim. Sabendo da notícia da prisão, Ricardo tenta salvar o
major a todo custo; procura o tenente Albernaz, o coronel Bustamante, que, mesmo sendo
amigos de Policarpo, para não ficarem mal vistos, não fazem nada. Até que tem a ideia de
procurar Olga, que mesmo contra a vontade de seu marido, vai até a prisão tentar liberar seu
padrinho. Ao chegar lá e ouvir que seu padrinho é um traidor e bandido, Olga reflete que é
melhor deixa-lo morrer com seu orgulho, como um herói.

ANÁLISE DA OBRA

O Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance narrado em terceira pessoa, possui um narrador
que não julga os fatos, deixando assim livre o leitor para assumir sua posição; ou de defesa ou
de contrariedade. O narrador passa por papel de leitor de sua própria história, narrando e
esperando os acontecimentos. Em discussões entre os personagens, o narrador não se
posiciona, nem mesmo julga as suas atitudes. Assim, ao mesmo tempo que sentimos pena da
ingenuidade de Policarpo Quaresma, sentimos graça ao vermos tantos projetos e
preocupações incomuns. É a mesma visão que seus vizinhos possuem. Eles diziam que
Policarpo não vivia a realidade e que era em vão e estranho um homem que não cursou a
faculdade ler tantos livros. Policarpo não era compreendido e não se fazia compreender, pois
não buscava isso. Seu principal objetivo era repassar a cultura brasileira e exaltar o que de
melhor havia no Brasil. O texto faz uma intertextualidade com Dom Quixote; o autor faz essa
comparação tendo em vista que ambos não viviam a realidade, viviam seus sonhos e objetivos,
embora parecesse estranho para os outros.

As três partes em que são separadas o livro representam os três grandes sonhos do
personagem. Na primeira Policarpo começa a apreender violão. Ele busca nas modinhas
brasileiras o resgate da cultura. Na segunda, ele se muda para o sítio, buscando assim retirar
das terras brasileiras seu sustento e acreditando que com tanta terra fértil, o melhor a ser feito
era ser aproveitado. Já na terceira e última parte, o Major busca através de sua participação na
revolta transformar o país. Acontece que desde o título do livro já está anunciado que o
desfecho não será feliz. O brasileiro Policarpo, que tanto acreditava em mudanças e melhoras,
que tanto valorizava o que de mais brasileiro havia, acaba sendo acusado de traidor, e morre
na prisão. Ele, antes de sua morte, chega a conclusão que toda a sua vida, sua luta e todos
seus sonhos foram em vão. A pátria brasileira, pela qual ele tanto sonhou e lutou, não existia.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O AUTOR

As obras de Lima Barreto apresentam uma linguagem coloquial e fluida. Uma das
características é o teor satírico e humorístico presente em seus escritos.
Em grande parte, suas obras estão pautadas na temática social, expressando muitas injustiças
como preconceito e o racismo.
Além disso, criticou os modelos políticos da República Velha e do Positivismo. Foi simpatizante
do socialismo e do anarquismo, rompendo com o nacionalista ufanista.

URUPÊS

ANÁLISE

Os contos de Urupês têm como cenário cidades interioranas de São Paulo – todas sintetizadas
em localidade fictícia: Itaoca. Ali, desenrolam-se os episódios, narrados com o mesmo sabor
que o caipira confere aos causos que conta ao pé do fogo, pitando seu cigarro de palha. Em
alguns contos (“A vingança da peroba”, por exemplo), o narrador se comporta como elo de uma
cadeia narrativa que o transcende e na qual acaba por incluir o leitor.

No entanto, a marca de um escritor acostumado à reflexão se faz sentir no didatismo que


domina muitas das aberturas das narrativas. Encontramos ali explanações de cunho moralista,
que introduzem o assunto. Aparentemente, para Lobato, a literatura não podia apenas deleitar;
era fundamental extrair dela uma utilidade didática, um aprendizado existencial.

Quando o narrador de “A colcha de retalhos” faz uma nova visita a uma família interiorana,
monta o mesmo cavalo usado na visita anterior, esclarecendo que o faz “por amor à simetria”.
De certa maneira, os contos de Urupês flagram momentos em que a simetria é desfeita e o
previsível não ocorre. Instaura-se o mistério, que se associa aos meandros do ser humano,
cujas atitudes nem sempre são explicáveis ou compreensíveis. O conto “Os faroleiros”, por
exemplo, está repleto de perguntas sem resposta.

Justamente em busca de uma resposta, o narrador de “Velha praga” se depara com a figura do
Jeca Tatu, que acaba por tornar imortal no cenário cultural brasileiro. Se em todos os contos há
alguma referência à decadência do campo, o Jeca pode ser entendido como síntese da obra.
Ele é o atraso que precisa ser superado: sua preguiça agride a otimização da produtividade,
essencial ao sucesso econômico que Lobato almejava para o Brasil. Contra o atraso, opõe-se
a educação, o processo civilizatório que precisava chegar ao campo.

O estilo de Lobato vai na mesma direção progressista: contrário aos exageros puristas de
seguimento estrito da norma culta, explorou cada vez mais o coloquialismo. É o que se vê, por
exemplo, em “Os faroleiros”: “Escuridão, não direi de breu, que não é o breu de sobejo escuro
para referir um negro daqueles. De cego de nascença, vá”. E é ainda o que se pode perceber
no título original de “A vingança da peroba”: “Chóóó! Pan!” – uma onomatopeia imitativa do
barulho do monjolo em funcionamento. Tais procedimentos conferem modernidade a esse
grande inimigo dos modernistas que foi Lobato.

A colcha de retalhos.

O narrador relata seu contato com uma família interiorana. A menina da casa, Pingo d’Água,
merece da avó todas as atenções. A velha costura uma colcha com os retalhos de vestidos da
menina, para servir-lhe de enxoval um dia. Contudo, a moça foge com um rapaz e a avó
definha de desgosto e decepção.

“Velha praga”
Nesse texto, o autor denuncia as queimadas praticadas pelos caboclos nômades na Serra da
Mantiqueira e os problemas por elas causados. Ao mesmo tempo, mostra o descaso em que
essas pessoas vivem.

“Urupês”
Principal conto presente no livro, em “Urupês” Monteiro Lobato apresenta uma de suas maiores
personagens: o Jeca Tatu. O título vem do apelido que essa personagem tem, “urupê” – que é
uma espécie de fungo parasita. O Jeca Tatu é o representante máximo do caboclo que vive na
lei do menor esforço, alimentando-se e curando-se daquilo que a natureza lhe oferece. Sem
nenhum tipo de educação e alheio a tudo o que acontece pelo mundo, o Jeca Tatu representa
a ignorância do homem do campo. Por fim, pode-se dizer que ele é a denúncia do descaso do
governo com relação às pessoas da zona rural uma vez que, segundo Monteiro Lobato, “Jeca
Tatu não é assim, ele está assim”.

Sobre o autor
Monteiro Lobato ficou bastante conhecido pelos livros que escreveu para crianças. No entanto,
produziu ainda prosa de ficção e uma vasta lista de obras voltadas para reflexões sobre os
mais diversos aspectos da vida nacional. Sua trajetória foi ainda marcada pela atuação como
editor e pela manifesta incompreensão da arte moderna que então se instalava no
país. Monteiro Lobato foi um dos maiores escritores brasileiros do século XX e sua obra é
composta por dezenas de contos, artigos, críticas, traduções e romances. Além disso, é
considerado o inventor e maior escritor de literatura infanto-juvenil do Brasil, publicando 23
abras na coleção Sítio do Pica-Pau Amarelo e mais diversas outras avulsas. Suas principais
obras para adultos são: “Urupês” (1918), “Cidades mortas” (1919) e “Negrinha” (1920).

POESIA: AUGUSTO DOS ANJOS

Quem foi

Augusto dos Anjos foi um poeta brasileiro pré-modernista que viveu de 1884 a 1914. Sua obra
“Eu e Outras Poesias” foi publicada dois anos antes de sua morte.

Suas poesias trazem marcantes sentimentos de pessimismo e desânimo, além de inclinação


para a morte. Com relação à estrutura, pode-se dizer que suas poesias apresentam rigor na
forma e rico conteúdo metafórico.

Morreu ainda jovem (em 1914) devido a uma enfermidade pulmonar, deixando para trás suas
carreiras de promotor público (formou-se em Direito em 1906) e de professor, além de sua
única e marcante obra.

TEMÁTICA

Era um poeta ligado à temática da morte e da podridão. É possível perceber a melancolia e o


pessimismo nos escritos de Augusto dos Anjos. O autor também utiliza muitos termos
científicos e médicos. As formas métricas são bem rígidas, mas os versos já apresentam certas
características realistas. E o amor, tão caro aos românticos, é visto com ceticismo.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O AUTOR

Augusto dos Anjos foi um importante poeta brasileiro, deixou sua marca na literatura pelas
inovações temáticas e de estilo. Chegou a ficar conhecido como “Poeta da morte”, pela
obsessão que nutria pelo tema. “Versos Íntimos” é um dos poemas mais conhecidos do
escritor, que morreu muito jovem, com apenas 30 anos. O único livro publicado em vida foi
“Eu”.
O autor foi inspirado por importantes nomes da literatura, como Olavo Bilac e Graça Aranha.
Apesar de ter convivido com o parnasianismo e o simbolismo, apresentou inovações na escrita,
sendo difícil classificá-lo em apenas um movimento literário. O autor é classificado até como
poeta pré-modernista.

COMENTÁRIO DA OBRA “EU”


Eu de Augusto dos Anjos
Única obra de Augusto dos Anjos reúne sua obra poética.
De linguagem cientificista (a minha edição tem “só” 373 notas de fim), o poeta mostra uma
obsessão com a morte simultânea a sua aversão a ela.
Fala de si mesmo, da doença que o vitimou (tuberculose), da humanidade, dos sentimentos, do
banal; tudo pessimismo, linguagem e técnica impecável.

Eu de Augusto dos Anjos: o vocabulário e as imagens poéticas, que incluem expressões como
“escarra esta boca que te beija”, levaram os críticos da época a considerá-lo um poeta de mau
gosto; não é verdade.
Augusto dos Anjos em Eu demonstra uma visão de mundo como a de que não se manifesta do
mesmo modo sutil, mas é igualmente poderosa.
Parnasiano na forma e Simbolista nas imagens, Augusto dos Anjos é um pré-Modernista e
mostra nesta obra por seu estilo único e inconfundível.

ANÁLISE DO POEMA: PSICOLOGIA DE UM VENCIDO

Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —


Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,


E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Assim como as outras obras de Augusto dos Anjos, essa ganha destaque e singularidade,
pois o mesmo une características simbolistas com o cientificismo moralista, visto que há a
utilização do enriquecido vocabulário científico (carbono, amoníaco, inorgânica, ...). Deixando
evidente na primeira estrofe que o personagem retratado no poema é o próprio eu lírico do
autor, a personificação de “monstro”, que demonstra o descrédito que ele dá a si mesmo, é
formado por carbono e amoníaco, sendo aquele abundante no corpo humano, o que intenciona
o autor a dizer que é filho da matéria simples.
Na segunda estrofe, o autor caracteriza o ambiente no qual se encontra e as sensações
de ânsia, nojo e tristeza imensa, despertadas nele devido ao lugar. Na terceira estrofe, o autor
caracteriza o “verme” e a colocação feita remete-o à condição de inimigo do eu lírico que chega
a “declarar guerra” com o mesmo. Na quarta estrofe, “A frialdade inorgânica”; é o “fim” do eu
lírico que inicialmente era filho do carbono (representação da vida) e que agora está em um
ambiente inorgânico (oposto da vida).
- Rutilância: brilho, esplendor,
- Epigênese: Procedimento em que o embrião passa a se desenvolver a partir de um zigoto sem
forma ou diferenciação determinada (amorfo)
- Hipocondríaco: sujeito que está tristonho ou melancólico; tristeza.
- Frialdade: Particularidade ou estado do que é frio; característica do que possui uma temperatura
baixa.

Você também pode gostar