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Dissertação de Mestrado
Ijuí, RS – Brasil
2014
UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
DCEEng - Departamento de Ciências Exatas e Engenharias
por
Ijuí, RS – Brasil
2014
UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
DCEEng - Departamento de Ciências Exatas e Engenharias
Elaborada por
Comissão Examinadora
Profª Dr
Profª Drª
- freqüência angular
– Posição (deslocamento)
– porosidade
- ângulo de atrito local
= constante de fase
RESUMO
INTRODUÇÃO
O cultivo da soja tem papel de destaque na cultura agrícola brasileira, pois sua
alta produção movimenta o mercado agroindustrial do país, gerando um grande número
de empregos e inúmeros benefícios para as regiões produtoras. Várias pesquisas foram e
continuam sendo realizadas buscando encontrar melhorias na produção e no
armazenamento de grãos, visando além do consumo nacional à exportação de tais
produtos e também a expansão das áreas de plantações para localidades onde não há
pratica de seu plantio.
Acompanhando este crescimento, as áreas de armazenamento e secagem de
grãos vêm sendo amplamente estudadas, como em Trindade (2013), Bihain (2011),
Bortolaia (2011), Park (2007), Weber (2005), Khatchatourian (2003, 2006, 2012)
Borges (2002), Jayas (1991), Brooker (1974, 1961), entre outros. Embora estas
pesquisas sobre transferência de calor e massa possuírem um vasto acervo na literatura,
poucos destes estudos citados tem como objetivo avaliar o efeito do fluxo dos grãos ao
processo de secagem.
Com intuito de averiguar mais detalhadamente os detalhes do fluxo de grãos, o
objetivo principal deste trabalho é modelar matematicamente o fluxo de grãos de soja
em um secador com calhas com fluxo misto de ar. Segundo Mellman (2011) este tipo de
secador é amplamente utilizado na agricultura em todo o mundo, porém ainda existe
uma necessidade de aperfeiçoar a eficácia deste tipo de equipamento.
Conhecer o fluxo dos grãos é fundamental em uma rede armazenadora, pois, sua
irregularidade pode produzir uma secagem não uniforme do grão, e, em alguns casos,
aumentar o risco de incêndio no interior do secador. Para a criação de modelos
matemáticos mais precisos, além de considerar a distribuição de velocidade do ar
durante o processo, também é importante conhecer a distribuição de velocidade da
massa de grãos. Pesquisas recentes estão sendo direcionadas para a análise do
escoamento de materiais granulares em silos e secadores de grãos.
Pesquisadores como Montellano et al (2011), Mellmann (2011), Boac (2010),
Coetzze (2009), Goda e Ebert (2005), Vu e Quoc (2000) tem se dedicado a estudar a
modelagem do fluxo de grãos, através de simulações numéricas.
13
Algumas técnicas de simulação têm sido estudadas, entre elas está o Método dos
Elementos Discretos (MED). O MED que será apresentado de forma mais detalhada no
capítulo 2 é um método de simulação numérica do movimento de um grande número de
partículas dentro de um sistema fixo ou móvel variante no tempo. O MED foi
desenvolvido por Cundall e Strack (1979), sendo baseado em um esquema numérico
explícito no qual a interação das partículas é monitorada individualmente. Em cada
contato o sistema é modelado usando as leis do movimento, representando o meio como
um conjunto de partículas independentes, interagindo umas com as outras, reproduzindo
explicitamente a natureza discreta de um meio granular (MESQUITA, et al. 2012),
(MONTELLANO et al., 2011), (NEVES, 2009).
Nos quinze anos seguintes a sua criação, a modelagem por MED ficou restrita a
problemas com geometrias simplificadas, em escala reduzida (100 a 1000 partículas) e
em duas dimensões. Pesquisas analisando o fluxo de grãos em pequenos silos
começavam a serem realizadas, mas apenas com o intuito de compreender os
fundamentos do escoamento de materiais granulares. Com o desenvolvimento da
tecnologia computacional a complexidade dos modelos aumentaram significativamente.
A partir de meados dos anos 90 os modelos eram constituídos na faixa entre
10.000 a 100.000 partículas, sendo a maioria em duas dimensões ou já em três
dimensões, porém com geometrias ainda de forma simples. Atualmente, o método tem
sido aplicado em escala industrial, em três dimensões e em sistemas com geometrias
complexas (CLEARY, 2010).
Como parte desta dissertação, foram criadas simulações numéricas do
comportamento do fluxo de grãos de soja em uma geometria tridimensional reduzida
que imita, parcialmente, características de um secador de fluxo misto. De maneira a
confrontar e validar os dados gerados pelas simulações computacionais foi construído
um aparato experimental idêntico ao modelo usado nas simulações.
O exposto justifica a importância da pesquisa e desenvolvimento tecnológico na
modelagem matemática no processo de secagem de grãos. Desta forma o tema desta
dissertação é a pesquisa, a modelagem matemática e a simulação do fluxo de grãos de
soja em um secador com fluxo misto. Os objetivos secundários desta dissertação são os
descritos a seguir:
Realizar experimentos para determinar as características do fluxo de grãos de
soja.
14
Para abordar o tema desta pesquisa, este trabalho está dividido em quatro capítulos
conforme segue: no capítulo 1 apresenta-se a revisão bibliográfica dos temas abordados
na dissertação, um breve histórico do objeto de estudo (grãos de soja), algumas
características de grãos armazenados, o processo de secagem, os secadores com suas
classificações e características particulares. Também é feita uma breve revisão do estado
da arte do Método dos Elementos Discretos aplicado ao fluxo de materiais granulares e
a descrição do software utilizado nesta pesquisa.
No capítulo 2 apresentam-se os materiais e métodos usados. É exposto o MED,
sua formulação matemática e as hipóteses adotadas neste trabalho. Também é descrito
todo o aparato experimental utilizado e detalhes da simulação computacional.
No capítulo 3 é feita apresentação e discussão dos resultados obtidos. E
finalmente no capítulo 4 é apresentada a conclusão da dissertação.
15
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
onde foram encontradas as melhores condições climáticas para o seu cultivo, requisito
este semelhante às condições encontradas nos Estados Unidos. Em 1941 no município
de Santa Rosa (RS) foi criada a primeira indústria processadora de soja no Brasil, com o
grande aumento na produção nacional em 1949 o país foi considerado como produtor de
soja pelas estatísticas internacionais (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE SÃO
PAULO – FIESP, 2013).
Durante muitos anos a região sul foi dominante na produção de soja, nos anos 60
a soja produzida por Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina equivalia a
aproximadamente 98% da produção nacional, na década de 70 a soja se firmou como o
principal agrícola brasileiro. Entre os anos de 1970 até 1979 a produção aumentou em
dez vezes chegando 15 milhões toneladas, com a região sul produzindo 80% deste
montante. Nas décadas seguintes com um grande investimento tecnológico, topografia
adequada para máquinas de grande porte e incentivos fiscais, a produção de soja estoura
na região centro - oeste do Brasil, que em 1970 produzia em torno de 2% da produção
passou a produzir nos anos 2000 cerca de 60% da produção de soja brasileira, sendo o
Mato Grosso o maior produtor do grão da região e líder nacional na produção de soja.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB),
atualmente Mato Grosso segue liderando as estatísticas da produção de soja seguido do
Paraná e Rio Grande de Sul. Na tabela 1.1 é mostrada a produção de grãos da
oleaginosa nos principais estados produtores brasileiros:
agrícolas são depositados após a colheita são denominados silos e armazéns, podendo
ser edificações de concreto ou estruturas metálicas.
Uma importante consideração deve ser feita quando se fala da massa de grãos:
ela é considerada um sistema ecológico. No decorrer do seu armazenamento organismos
vivos (componentes biológicos) e o meio ambiente do interior da massa, onde existem
componentes que não são organismos vivos, interagem entre si. Porém, neste sistema o
principal organismo vivo é o próprio grão, e iteração de variáveis físicas, químicas e
biológicas podem afetar na deterioração do mesmo comprometendo sua qualidade
(PEREIRA, 1995).
Logo para um melhor entendimento do que acontece neste sistema ecológico é
essencial conhecer algumas propriedades dos grãos que tem maior relevância em um
sistema de armazenamento.
1.3.2 Porosidade
(1.1)
19
A massa específica dos grãos pode ser dividida em dois casos distintos:
massa específica real e massa específica global.
massa específica real – é a relação existente entre a massa total de grãos e o
volume ocupado somente pelos grãos, descontando o espaço intergranular
ocupado pelo ar.
(1.2)
onde:
- massa total de grãos
20
(1.3)
onde:
- volume total dos grãos.
(1.4)
(1.5)
Onde:
- massa de água nos grãos
- massa seca.
(1.6)
Onde:
- umidade relativa do ar de secagem
- temperatura de secagem
22
acordo com Puzzi (1986) os grãos fluem de modo a oferecer pouca resistência à
passagem do ar quente.
Secadores de grãos com fluxo contínuo são amplamente utilizados para a
secagem de grãos de soja no Rio Grande do Sul, Brasil. Apesar do uso a longo prazo
destes secadores que têm alto desempenho, condições não homogêneas da massa de
grãos e de ar , muitas vezes reduz a qualidade do final do produto.
Os secadores de fluxo contínuo se subdividem em vários grupos, de acordo com
o modo de escoamento (PARK, 2007). Durante o processo de secagem os grãos sempre
seguirão um único fluxo, que é fluxo na direção vertical, do alto da torre de secagem
para baixo. Já o ar de secagem e de resfriamento pode seguir diferentes fluxos: cruzado,
concorrente, contracorrente e misto (WEBER, 2005).
temperaturas, uma vez que à medida que a massa de grãos vai escoando ao longo do
secador sua temperatura vai aumentando gradativamente, atingindo a temperatura
máxima do topo da coluna de secagem, que é o mesmo ponto da entrada do ar aquecido.
A pré-limpeza dos grãos é fundamental para prevenir acidentes devido ao uso das altas
temperaturas de secagem
1 - Bases de concreto;
2 - Funil e rosca de descarga;
3 - Mesa de descarga;
4 - Torre de secagem e resfriamento;
5 - Fornalha;
6 - Difusor de entrada do ar quente;
7 - Caixa e funil de carga com controle de nível;
8 - Difusor de saída do ar;
9 - Ventilador axial;
9 - Elevador de carga;
10 - Cano de retorno;
31
aberto. Desta forma, os grãos de movem passo a passo a partir do topo para o fundo do
secador por gravidade (MELLMAN, 2011).
1.8 Yade
comparados com as soluções analíticas.O autor usou o MED para a fase de líquido e o
MVF para a fase sólida.
Duriez (2011) estudou uma relação constitutiva incremental não linear para
descrever o comportamento mecânico das articulações de rocha. O modelo foi ajustado
utilizando o Yade e validado através de dados experimentais. O autor argumenta que a
relação fenomenológica combina inteiramente as direções normal e tangencial de uma
rocha conjunta, com isso ele pode reproduzir características comuns de rochas como o
processo dilatância e a contribuição de compressão sobre o estresse tangencial. Como
resultados, o autor verificou que o desempenho da relação constitutiva incremental foi
positivo, mostrando a boa concordância entre as respostas previstas pela relação com as
obtidas pelo modelo discreto.
De acordo com Donzé (2008) diferentes tipos de geometrias para os elementos
discretos podem ser criadas no Yade: poliédrica, elipsóide, esférica ou aglomerados de
tais elementos. No entanto, apenas trabalhos com materiais esféricos foram validados,
enquanto pesquisas com outras formas geométricas estão em desenvolvimento.
Mesmo que o Yade suporte diferentes tipos de geometria, a maioria das
validações foram feitas utilizando esferas. Este trabalho também usa esferas, uma vez
que esta geometria reproduz de forma satisfatória os grãos da soja cultivada no Brasil. O
Yade foi construído em linguagem de programação C + +, mas as simulações são
criadas usando scripts Python. As simulações criadas em scripts Python tem suas
vantagens, é um sistema muito mais flexível e as interfaces gráficas típicas de pacotes
de softwares comerciais, e desde que não modifique a fonte C + + não é necessário
recompilar o sistema para cada nova simulação. O Yade tem-se um sistema de
visualização OpenGL, mas também exporta os dados para Paraview, um software
poderoso de visualização.
Como parte desta dissertação, foram criadas no Yade simulações numéricas do
comportamento do fluxo de grãos de soja em uma geometria tridimensional reduzida
que imita, parcialmente, características de um secador com calhas de fluxo misto.
40
2 MATERIAIS E MÉTODOS
limitado, com passos muito pequenos de tempo. Outro fator negativo do MED é a
dificuldade na construção de abstrações ou simplificações para os problemas. No
Método dos Elementos Finitos (MEF), por exemplo, é possível simplificar o problema
usando menos, mas maiores elementos, criando um modelo de menor resolução do
problema. Outra estratégia consiste em limitar os graus de liberdade do problema,
utilizando modelos bidimensionais para problemas reais tridimensionais. Nenhuma
dessas estratégias são muito úteis ao MED, a criação de elementos maiores, ou reduzir
os graus de liberdade pode mudar o significado do modelo.
1. avaliação da tensão;
2. estresse computacional baseada nas tensões;
3. aplicação da força para partículas em interação.
(2.1)
Onde é a distância entre os centros das duas partículas em contato. Este valor
pode ser determinado por (2.2):
(2.2)
46
(2.3)
(2.5)
As partículas atuam como se fossem unidas por molas nos seus contatos.
Baseada nesta hipótese, a força gerada no contato será o produto da deformação da mola
pela sua rigidez. Assim, o deslocamento no sentido normal que seria a deformação da
mola nessa orientação é a superposição de duas entidades. Desta maneira a força normal
é determinada pela equação (2.6):
48
(2.6)
(2.7)
(2.10)
50
(2.11)
(2.12)
(2.13)
(2.14)
(2.15)
(2.16)
(2.17)
(2.18)
(2.19)
(2.20)
(2.21)
Figura 2. 5: Série de duas molas representando rigidez normal do contato entre duas esferas.
(2.22)
(2.23)
(2.24)
(2.25)
(2.26)
(2.27)
(2.28)
54
(2.29)
(2.30)
(2.31)
(2.32)
(2.33)
(2.34)
Onde:
A = amplitude de oscilação (determinada a partir das condições iniciais)
= fase
= freqüência angular
= constante de fase (determinada a partir das condições iniciais)
(2.35)
A freqüência angular não depende das condições iniciais, uma vez que o sistema
massa-mola considerado é simples, ou seja, existe uma única massa, logo .
Substituindo (2.35) em (2.32) se obtêm o passo de tempo para um único oscilador:
(2.36)
56
(2.37)
(2.38)
(2.39)
(2.40)
possíveis erros, para a maioria dos produtos agrícolas, muitas dessas soluções são
obtidas assumindo-se as formas geométricas de um esferóide ou elipsóide composto por
três dimensões características (VASCONCELLOS, 2011). Segundo Weber (1995) as
características físicas dos produtos agrícolas são consideradas de importância para os
estudos envolvendo transferência de calor e massa e movimentação do ar em produtos
granulares.
Como objeto de estudo, foi utilizado grãos de soja. O grão de soja por natureza
possui uma forma elipsoidal, porém neste trabalho os grãos foram considerados esferas.
Para a determinação do raio médio dos grãos, os mesmos foram avaliados quanto às
dimensões características dos três eixos ortogonais, que foram o comprimento, largura e
espessura (conforme figura 2.6), medidos com paquímetro, utilizando como repetições o
número de 30 de amostras. A tabela 2.1 traz os valores medidos em laboratório.
O raio médio de cada grão de soja foi calculado usando o valor de cada
semi-eixo medido usando a equação (2.41) como se segue;
(2.41)
58
2.4 Equipamento
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
referentes ao raio médio dos grãos foram medidos em laboratório pelo próprio autor
conforme citado anteriormente.
Figura 3. 4: Comparação do fluxo em vários estágios da descarga com abertura da tampa de 2 cm.
De acordo com a figura 3.4 é possível verificar que a simulação MED previu o
fluxo de descarga com boa precisão. É de suma importância ressaltar que além dos
tempos serem coincidentes, as trajetórias da massa dos grãos durante a descarga são
reproduzidas pela simulação com boa exatidão.
No segundo experimento realizado a tampa de saída dos grãos foi posicionada
com 2,5 cm de abertura. A figura 3.5 apresenta um quadro com seis imagens da
descarga para diferentes tempos durante a descarga.
69
Figura 3. 5: Comparação do fluxo em vários estágios da descarga com abertura da tampa de 2,5 cm.
Como esperado, com o aumento da abertura para saída dos grãos o tempo de
escoamento dos grãos foi mais rápido em comparação a figura 3.4. Observando a
imagem 3.5 é possível constatar que novamente simulação MED previu o fluxo de
descarga com concordância em relação ao experimento realizado.
Foi ainda realizado um terceiro experimento, no qual a tampa de saída dos grãos
foi posicionada com 1,7 cm de abertura. A figura 3.6 apresenta um quadro com seis
imagens da descarga para diferentes tempos durante a descarga.
70
Figura 3. 6: Comparação do fluxo em vários estágios da descarga com abertura da tampa de 1,7 cm.
Como pode ser visto no quadro comparativo, nesta terceira descarga aconteceu a
maior discrepância entre os resultados. É possível verificar que até o instante 14
segundos a simulação MED previu o tempo e padrão do fluxo de descarga com
excelente aceitação em relação ao experimento realizado, porém depois disso a
simulação ficou mais lenta. Isso pode ser atribuído à diferença da forma elipsoidal das
sementes de soja e das esferas usadas na simulação. Como neste experimento foi usada
uma abertura pequena, se pode concluir que a forma geométrica da esfera tem influência
nas áreas de contato na saída da geometria.
71
Durante a simulação, a geometria foi preenchida por completo, sendo que uma
camada de partículas foi colorida de cor vermelha conforme pode ser visto na figura 3.8.
O primeiro grão a chegar até a base da geometria foi o que estava posicionado
inicialmente a 50 mm do centro do secador mantendo-se em velocidade quase que
constante durante sua trajetória, isso se deve ao fato que esta partícula se moveu com
baixo efeito de atrito, pois não tocou na parede lateral e não foi obstruído pela calha
74
central, ou seja, não encontrou nenhum obstáculo pelo caminho. Após a chegada deste
primeiro grão analisado a simulação foi finalizada. O segundo grão a chegar mais
próximo da saída do secador foi o que estava localizado no início da simulação 100 mm
do centro, pela sua curva exposta no gráfico é possível verificar que até o primeiro
segundo de descarga ele teve um escoamento lento em relação aos três seguintes, isso
pode ser atribuído ao fato que mesmo não estando junto a parede, o grão permanecia em
uma região próxima, sofrendo assim os efeitos do atrito, também se deve levar em
consideração que esse grão passou muito próximo a calha, região onde existe bastante
atrito.
O terceiro grão a chegar à mais próximo dos orifícios de descarga foi a partícula
que estava situada junto a parede lateral da geometria. Verificando o gráfico é possível
verificar que este grão manteve-se com velocidade baixa durante todo o tempo de
simulação, isso acontece porque este grão ficou muito próximo a parede, sofrendo assim
enorme efeito do atrito com a parede. O último grão que foi analisado foi aquele que
estava exatamente no centro da geometria. Pode se verificar que até a metade da
simulação o grão estava com velocidade elevada, porém quando foi obstruído pela calha
central, o efeito causado pelo atrito no contato fez com que seu escoamento ficasse
excessivamente lento. Ainda de acordo com a figura 3.9, fica claro que em secadores de
fluxo misto os grãos têm diferentes velocidades verticais, resultando em diferentes
tempos de residência da massa de grãos, concordando com Keppler et al (2011) que em
seus experimentos de transporte de material a granel, mostrou o grande efeito do atrito
com a parede e com os obstáculos do duto de ar. Na figura 3.10 é possível verificar o
padrão do fluxo dos grãos coloridos em quatro momentos diferentes da simulação.
75
Pode ser visto na figura 3.11 nos cantos sob as calhas laterais e sob a calha
central a velocidade do fluxo de grãos é extremamente pequena, esse fator requer
enorme cuidado quando acontece a secagem. Concordando com Mellmann et al (2011)
nestas zonas do secador onde a velocidade do escoamento é muito baixa, os grãos
tendem a ficar tempos demasiadamente longos, inapropriados para o processo de
secagem e isso pode ser perigoso, pois o grão já estará demasiadamente seco e ainda
continuará recebendo o ar de secagem. Se acontecer de o grão aquecer demais, poderá
ocasionar risco de incêndio no corpo do secador, sabendo que o grão de soja é rico em
óleo, que é inflamável.
Os resultados desta distribuição de velocidade estão em conformidade com as
conclusões obtidas por Mellmann et al (2011), nas quais é possível afirmar que existe
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uma zona central do secador com elevada velocidade do fluxo das partículas, e a região
abaixo das calhas com velocidade baixa. Os dutos de ar centrais e laterais representam
um obstáculo considerável para o livre fluxo de grãos, resultando em um longo tempo
de permanência do grão no corpo do secador.
Analisando a figura 3.11 é possível notar, que além das velocidades dos grãos
serem menores em pontos localizados imediatamente abaixo dos obstáculos, a
distribuição de velocidade varia consideravelmente em todo o secador. Esta
discrepância representa um grande desafio para os modelos matemáticos de secagem
mais realistas que pretendem considerar o fluxo de ar do secador em conjunto com as
posições de grãos e tempo de residência no corpo do secador.
78
CONCLUSÃO
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