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JATAÍ – GO
2016
SUZANE RIBEIRO MILHOMEM
JATAÍ – GO
2016
Dedico este trabalho a todos os professores e
professoras que diariamente lutam sem perder as
esperanças, nem medir esforços em busca da
transformação social.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus amigos, alguns mais ausentes, outros mais presentes,
Anário Dornelles, Bruna de Paula Cruvinel, Edielson Cantão, Fernando Medeiros,
Janderson Honorato, Karita Cabral, Nadmília Castro, Nivaldo Antonio Nogueira
David, Pâmella Gomes de Brito e Paula Andréia Falcão, que compartilham dos
mesmos enfrentamentos em prol da juventude que se propõem à educação crítica e
de qualidade e que lutam a favor da transformação da realidade social.
1 INTRODUÇÃO 12
1.1 Introdução ao conceito de ciclos 17
1.2 Estudos preliminares acerca do modelo de ciclos 22
1.3 Os procedimentos metodológicos de aproximação da realidade 28
2 OS CICLOS DE ESCOLARIZAÇÃO E O PENSAMENTO NEOLIBERAL 36
2.1 Sistema Capitalista e Neoliberalismo 37
2.2 Sociedade, trabalho e educação 47
2.3 O fracasso escolar e a evolução dos Ciclos no Brasil 52
3 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES HOJE 67
3.1. As Diretrizes Educacionais para os cursos de formação de
professores 67
3.2 A Formação inicial de professores em Educação Física hoje 87
4 TRABALHO DOCENTE E A REALIDADE DOS CICLOS DE FORMAÇÃO
HUMANA 106
4.1 Identidade socioeconômica dos professores 106
4.2 Formação cultural permanente 113
4.3 A formação inicial de professores e sua relação com o modelo de Ciclos
122
4.4 Formação continuada e as novas tarefas educativas no sistema de ciclos
137
4.5 O trabalho da Educação Física na escola em ciclos: motivações e
desafios 144
CONSIDERAÇÕES GERAIS 159
REFERÊNCIAS 166
ANEXO A ROTEIRO PARA DIÁLOGOS INDIVIDUAIS 172
ANEXO B IDENTIFICAÇÃO – Informações iniciais dos professores 175
ANEXO C FORMAÇÃO – Informações acerca da formação 176
ANEXO D TRABALHO – Informações iniciais sobre o trabalho 177
12
1 INTRODUÇÃO
1
Documento preliminar produzido pelo Governo Federal em julho de 2015 que traça novas diretrizes
para a educação brasileira, em destaque o ensino básico. Disponível em:
https://avaliacaoeducacional.files.wordpress.com/2015/07/federalismo-cooperativo-sistema-nacional-
de-educac3a7c3a3o.pdf. Acessado em 22 de junho de 2016.
13
5
Proposta de ciclos desenvolvida na Rede Municipal de Educação de Goiânia, Goiás.
15
6
Pesquisa monográfica apresentada à Universidade Federal de Goiás (UFG), sob o título de “Os
ciclos de formação e desenvolvimento humano e a realidade da educação física na escola pública”,
elaborada por Suzane Ribeiro Milhomem (2013).
16
7
Compreendemos como políticas de não retenção aqueles programas e políticas que objetivam
apenas corrigir a defasagem idade/série, permitindo o fluxo do aluno para a série adequada à sua
idade. Para isso, são adotadas práticas como as salas de aceleração e a retirada da reprovação.
8
Neste trabalho a Progressão Continuada se caracteriza com uma política de não retenção, e não
como uma proposta de ciclos, por isso sentimos a necessidade de referenciá-la no sentido de
perceber a sua relação com o modelo em vigor.
19
9
A partir de 1994, Philippe Perrenoud se envolveu com a reestruturação do ensino em Genebra, na
Suíça, que mudou para ciclos. Com base nisso, passou a produzir livros e artigos sobre a escola em
ciclos. Dentre suas obras temos: “Construir as Competências desde a Escola” (1999), “Pedagogia
Diferenciada. Das Intenções à Ação” (1999), “Dez novas competências para ensinar” (2000), “As
Competências para Ensinar no Século XXI: A Formação dos Professores e o Desafio da Avaliação”
(2002).
21
10
Houve, no país, experiências escolares denominadas Ciclos de Formação e outras enquanto Ciclos
de Formação e Desenvolvimento Humano. Consideram-se, neste trabalho, as duas enquanto
similares, a partir da análise da forma de organização dos alunos, concepções de educação, de
formação e de currículo.
22
Embora todas essas categorias sejam pertinentes para o estudo acerca dos
ciclos, pode-se destacar que os itens que se relacionam com a presente temática de
estudo encontram-se pouco explorados. Na análise de Mainardes, em 2006, nem se
identificou o tema específico da formação de professores e trabalho docente para o
modelo de ciclos. Houve uma preocupação com os processos de implantação e
implementação do modelo e as bases que orientavam a proposta assim como com
os resultados do desempenho dos alunos.
Quanto ao segundo levantamento, destacam-se os itens 10, 11 e 16 (total de
22 trabalhos), para apontar que, de 261 produções, entre dissertações e teses,
produzidas no Brasil, apenas 4,6% (12 trabalhos) abordam sobre Ciclos e formação
continuada; 3,83% (9 trabalhos) tratam de Ciclos: impacto sobre o trabalho docente
e apenas 0,38% (1 trabalho) tem como objeto de pesquisa os Ciclos e a formação
inicial de professores. Se, por um lado, pode-se afirmar que houve um aumento de
interesse sobre o tema da formação de professores para os ciclos e o trabalho
docente diante desse modelo, por outro, ainda se configura como uma área
incipiente do ponto de vista de produções científicas.
Ao analisar os resumos das dissertações e teses inseridas nas categorias que
tratam do professor, a maior parte dos trabalhos se volta para a análise de contextos
específicos, possivelmente pela variedade de propostas escolares em ciclos
desenvolvidas no Brasil, sendo o objetivo das pesquisas caracterizar ou explicitar o
andamento dessas políticas de um determinado projeto de ciclo ou de projeto de
formação de professor para o ciclo. Mesmo assim, apenas uma retrata o contexto de
Goiânia.
As pesquisas que realizam o trabalho de mostrar o desenvolvimento de uma
proposta são fundamentais, mas existe a igual necessidade de trabalhos que
relacionem essas problemáticas com contextos mais amplos e com relações mais
complexas. Pela análise dos resumos, não houve qualquer trabalho que se dispôs
claramente a esse objetivo.
Em relação aos ciclos e à Educação Física, dentre as 261 dissertações,
apenas sete abordam essa área, desenvolvendo temas como currículo, organização
do trabalho pedagógico e prática pedagógica, porém não adentram à temática
particular da formação de professores.
26
11
Cabe destacar que estes espaços se tornaram formativos e muito importantes, no entanto, o
segundo momento contou com a participação de somente dois professores, deixando algumas
questões em aberto, mas levantando outros pontos em relação à pesquisa, à formação e ao trabalho
do professor.
31
12
“Todo o produto do trabalho humano deve ter, normalmente, uma utilidade, deve poder satisfazer
uma necessidade humana. Portanto, todo o produto do trabalho humano possui um valor de uso”
(MANDEL, 2006, p. 14).
38
O homem, enquanto ser social, produz a sua existência a partir das formas de
produção material da vida. Assim, o modo de produção capitalista hegemônico, além
de definir as estruturas econômicas da produção material, define a consciência dos
homens e seu comportamento. Auxiliado pela base jurídica e política, o Estado,
enquanto mediador dos antagonismos existentes, busca manter as condições
necessárias para a reprodução da lógica do capital.
13
Não é objetivo deste trabalho adentrar na análise do pensamento pós-moderno, mas considera-se
importante destacar que esta abordagem é relevante, uma vez que encontra-se infiltrada nas teorias
pedagógicas e compõe o trabalho/discurso dos professores e o arcabouço de projetos políticos
escolares e de sistemas educacionais.
47
Isso que Marx assinala sobre o trabalho, não é diferente na educação formal,
onde os educandos, filhos de trabalhadores, veem a escola como um local de
52
Pelo período político, a oferta dos CBA’s representava uma ação de retomada
da democracia. Mesmo com a permanência de argumentos anteriores, a inserção
dos ciclos para alguns profissionais extrapolava a visão técnica de continuidade do
fluxo do aluno para uma discussão mais ampliada de reorganizar a escola pública
“com o objetivo de diminuir a distância entre o desempenho dos alunos das
diferentes camadas da população, assegurando a todos o direito à escolaridade”
(BARRETTO e MITRULIS, 2001, p. 112). Isso incluía a necessidade de flexibilização
do currículo e mudanças de ordem administrativa, metodológicas, avaliativas e
epistemológicas. Abre-se espaço para a concepção construtivista de educação em
resposta ao comportamentalismo, porém, “as orientações genericamente chamadas
construtivistas deslocaram, contudo, o eixo sócio-político que motivara a criação do
ciclo básico nos estados, transportando-o para o terreno preponderantemente
cognitivo e da interação entre os indivíduos” (Ibid., p. 113).
Com a chegada dos anos 1990, como o Brasil vivencia um momento de crise
nos paradigmas científicos, políticos e culturais que dão força às novas orientações
pedagógicas e escolares, há um maior desenvolvimento de escolas em ciclos em
seu sentido mais completo, ou seja, escolas que se propõem a alterar as bases e
56
14
Observa-se que até esse momento, as propostas construídas mantinham a base da seriação na
escola, alterando prioritariamente as formas de fluxo escolar.
57
Os PCN também vão referenciar a proposta de ciclos como uma forma atual
de organizar a escola e conhecimento.
15
A Administração Popular era constituída por uma Frente Popular aglutinada pelo Partido dos
Trabalhadores (PT). 1ª Gestão: 1989-1992. 2ª Gestão: 1993-1996. 3ª Gestão: 1997-2000 (KRUG,
2002).
61
Quais são os contornos desse “novo tipo de trabalho”? Ele deve ser
mais “polivalente”, “multifuncional”, diferente do realizado pelo
trabalhador que se desenvolveu na empresa taylorista e fordista. O
trabalho que cada vez mais as empresas buscam não é mais aquele
fundamentado na especialização taylorista e fordista, mas o que se
gestou na fase da “desespecialização multifuncional”, do “trabalho
65
Discute-se a resolução dos efeitos do sistema capitalista, mas não sua causa.
A lógica do sistema capitalista se instaura de forma a gerar uma sensação de
impossibilidade de mudança da sua estrutura básica. Mészáros (2008) reforça que
um dos motivos para grandes reformas educacionais não terem sucesso se deve
principalmente por não compreender que o sistema capitalista e suas determinações
fundamentais serem irreformáveis, sua natureza reguladora sistêmica incorrigível e
seus parâmetros estruturais falsamente incontestáveis.
16
Termo do próprio documento.
17
Idem.
18
Idem.
19
América Latina, Caribe e América do Norte.
72
20
Para abordar a política nacional de formação docente, vamos utilizar como ponto de partida o
Plano Decenal de Educação para Todos (1993-2003), Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (1996), Plano Nacional de Educação – Lei 10.172 (2001), Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Formação de Professores da Educação Básica (2002), Plano de Desenvolvimento da
Educação (2007), Plano de Metas Todos pela Educação (2007), Política Nacional de Formação de
Profissionais do Magistério da Educação Básica (2009), Documento Final Conae (2010), Documento
Final Conae (2014), Plano Nacional de Educação – Lei 13.005 (2014), Parecer CNE/CP nº 2/2015,
Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (2015) e o documento
preliminar Pátria Educadora (2015).
75
21
Se tratando dos ciclos, esse pontapé inicial para a discussão no interior da escola sobre sua
organização e diretrizes foi o que possibilitou o desenvolvimento de escolas em ciclos em nível
experimental em várias regiões do país.
76
22
Segundo David (2003), movimentos organizados como a Anfope, Andes-SN, CNTE, Anped, CBCE
e outros, realizam críticas ao modo anti-democrático que a LDB foi aprovada no Congresso Nacional.
23
Resolução e parecer sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores
da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.
77
demais dimensões, dentre elas o conteúdo, que fazem parte e são fundamentais
para a formação do professor. De certo modo, a supervalorização das competências
deixa “a impressão de que a educação está sendo tratada pelo governo de forma
simplista, reducionista e imediatista do processo educacional em seu todo” (DAVID,
2003, p. 6).
Outro documento aprovado durante o governo FHC foi o Plano Nacional de
Educação (2001). O documento associa a melhoria da qualidade de educação com
a valorização do magistério que se dará através de uma política global que articule
três condições fundamentais: formação profissional inicial, condições de trabalho,
salário e carreira e formação continuada (BRASIL, 2001). Abaixo, segue o texto do
objetivo e prioridade no PNE de 2001 sobre a formação e carreira do professor:
24
A autora cita como exemplo o investimento no ensino fundamental via Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF) que substituiu o
amplo direito à educação do nascimento à conclusão do ensino médio.
80
novos governos com caráter democrático e popular essa necessidade de criar novas
políticas que apresentassem, em certa medida, rupturas com o modelo das reformas
já implementadas (FREITAS, 2012). No entanto, para Oliveira (2009, p. 198),
25
Segundo Oliveira (2009), um exemplo disto é a atuação do governo com relação ao piso salarial
profissional nacional do magistério.
26
Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2015, o Programa Bolsa Família,
(desenvolvido no governo Lula desde 2003) é um dos maiores programas de transferência de
82
rendimento do mundo. Em 2012, abrangeu 26% da população brasileira. “Desde que o programa foi
lançado, 5 milhões de brasileiros saíram da pobreza extrema, sendo que, até 2009, o programa havia
reduzido a taxa de pobreza num valor estimado de 8 pontos percentuais. É atribuído ao programa o
mérito do aumento das taxas de matrícula em 5,5 pontos percentuais no ciclo dos 1-4 anos de
escolaridade e de 6,5 pontos percentuais no ciclo dos 5-8 anos de escolaridade, embora o seu efeito
sobre as taxas de abandono escolar não tenha sido tão positivo” (PNUD, 2015, p. 189).
27
Oliveira (2015) cita como exemplo o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o
Financiamento estudantil (FIES).
28
Disponível em: http://www.capes.gov.br/educacao-basica/parfor.
83
Iniciando pela análise do PNE, várias pautas favoráveis aos educadores são
inseridas. Destacamos as metas quinze e dezesseis que tratam da formação de
professores inicial e continuada:
Para se falar da formação inicial em Educação Física (EF) nos dias atuais, é
necessário pontuar que todas essas tramas, crises e conflitos que se dão no nível
macro se relacionaram na constituição da EF brasileira e, consequentemente, na
organização e nos princípios do processo formativo do professor de EF. Além de
acompanhar as mudanças da totalidade, a trajetória das diretrizes que orientam a
formação do professor de EF, segue uma característica própria, em virtude dos
conflitos internos oriundos da disputa de interesses no nível epistemológico, de
mercado e ideológico.
Portanto, não cabe apenas evidenciar as políticas e documentos que orientam
a formação em nível superior, pois o que estudamos até o momento nos dá
condições de perceber que, essas políticas, assim como as demais transformações
sociais expostas no trabalho até o momento, apresentam uma direção política e
orientação teórico-metodológica “que objetivam garantir uma formação intelectual,
profissional e cultural dentro de horizontes ideológicos previamente estabelecidos
pela lógica capitalista” (DAVID, 2002, p. 120).
29
Retomaremos esse debate acerca das implicações da carga horária no item a seguir.
88
30
Decreto-lei 1.212 de 1939 que cria, na Universidade do Brasil, a Escola Nacional de Educação
Física e Desportos, objetivando a formação técnica (um ano) e superior (dois anos) na área de EF,
além do incentivo ao desenvolvimento de pesquisas que auxiliassem a difundir pelo país o método
mais adequado para sua prática.
91
31
Em relação ao campo do trabalho podemos destacar a criação do Sistema S (Sesi, Senai, Senac).
92
32
Parecer nº 298 de 17 de novembro 1962 elaborado pelo Conselho Federal de Educação.
33
Lei nº 4.540/1968 que dá início à reforma no Ensino Superior; Resolução nº 69/69/CFE e Parecer
nº 894/69 que fixa os conteúdos mínimos nacionais e o tempo de duração do curso de EF; Parecer nº
417/CFE/71 que aprovou o Plano de Licenciatura Curta em Educação Física (DAVID, 2003).
93
34
Castro, Silva e Souza (2008) ao realizarem um estudo acerca das tendências pedagógicas e a
relação com as abordagens da Educação Física, enumera algumas propostas desenvolvidas como
resposta a esses questionamentos do movimento renovador. Dentre eles podemos citar: a)
abordagem desenvolvimentista elaborada por Go Tani e seus colaboradores, tem o “movimento”
como objeto da Educação Física e entendem que o papel social “não é buscar na Educação Física
solução para os problemas sociais do país, a aula de Educação Física deve privilegiar a
aprendizagem do movimento, embora possam ocorrer outras aprendizagens em decorrência da
prática das habilidades motoras” (p. 7); b) abordagem construtivista-interacionista, que tem como
colaborador o professor João Batista Freire, parte de uma vertente humanista para trabalhar no
sujeito seu desenvolvimento cognitivo. “Na proposta construtivista o jogo, enquanto
conteúdo/estratégia tem papel privilegiado. É considerado o principal modo de ensinar, é um
instrumento pedagógico, um meio de ensino, pois enquanto joga ou brinca a criança aprende” (p. 8);
c) abordagem crítico-superadora que tem como referência a obra elaborada pelo Coletivo de Autores
em 1992, Metodologia do Ensino da Educação Física, se insere dentro das pedagogias progressistas,
consideram que o objeto da área é a cultura corporal, ou seja, as produções corporais e culturais
elaboradas e acumuladas pelos seres humanos que possuem sentido e significado social e abrangem
os jogos, as lutas, o esporte, as danças, entre outras manifestações. Os autores citam outras
abordagens, como Sistêmica, Saúde Renovada, Psicomotricidade, Cultural, dos Jogos Cooperativos,
Crítico-emancipatória e a dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
95
A influência médica
A aparente
detectada em toda a Educar é um ato
contraposição ao
história da Educação político.
biologismo.
Física.
O conceito biológico/fisiológico
de saúde.
O conceito de saúde
social (OMS).
Fonte: CASTELLANI FILHO, 2013, p. 23.
[...] educar era um ato político. A ação pedagógica tinha seu aspecto
político no possibilitar a apropriação pelas classes populares, do
saber dominante, instrumentalizando-as para a transformação social.
Para ela interessava o “Homem concreto”, o “Homem como conjunto
das relações sociais”. Para ela, inovar significava mudar raízes;
significava colocar a EF a serviço de novos fins, a serviço da
mudança estrutural da sociedade (CASTELLANI FILHO, 2013, p. 23 –
grifos do autor).
35
Para compreender melhor o contexto, até os dias atuais, a EF está vinculada à área de Ciências da
Saúde conforme a Tabela de áreas de conhecimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), agência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Disponível em: http://www.cnpq.br/documents/10157/186158/TabeladeAreasdoConhecimento.pdf.
Não realizamos uma pesquisa acerca dos cursos de EF que estão situados na área de humanas,
contudo, podemos afirmar que o curso de licenciatura em Educação Física na UFG de Goiânia é,
segundo seu PPC, “a única experiência curricular no Brasil, no interior das Ciências Humanas e
Sociais contrapondo, assim, a tradição conservadora de situar a formação na área de ciências
biológicas e/ou ciências da saúde, cuja ação político-pedagógica delimitou um importante marco
referencial de orientação curricular no País, mas que, somente agora, passa a se constituir em
perspectiva possível para outros cursos” (UFG, 2013, p. 3).
99
duas resoluções que definem a carga horária dos cursos36. Primeiro, a Resolução
CNE/CP nº 02 de 2002, que institui a carga horária mínima de 2.800 horas para os
cursos de licenciatura e a Resolução CNE nº 04 de 2009, que define como carga
horária mínima para o bacharelado em EF o total de 3.200 horas. Podemos observar
que essas duas resoluções não estão de acordo com a lógica delineada pela
inversão da formação em licenciatura e bacharelado na EF, em que a primeira se
configura numa formação generalista e a segunda, enquanto especialização,
diferenciando-se dos demais cursos com essas duas modalidades. Desse modo,
desde 2009, essas mudanças serviram de argumento para considerar a área da
licenciatura com menor nível de aprofundamento já que se exigia carga horária
menor.
Como afirmamos inicialmente, não desconsideramos os avanços obtidos
pelas políticas até o momento, mas é preciso ponderar as fragilidades do documento
quando se aborda a formação superior em um sentido mais amplo. Nota-se que, do
ponto de vista documental, existe uma concordância teórica que indica conceitos e
concepções para a formação do profissional de ajuste ao contexto neoliberal. Para
David (2002, p. 21), as DCN evidenciam rupturas entre o mundo oficial e o mundo
real que se agravam diante da “política neoliberal que introjeta formas artificializadas
de ver o real e as relações sociais existentes nele”.
36
Não é nosso objetivo adentrar na discussão entre licenciatura e bacharelado em EF. Reportamos-
nos apenas ao que se considerou necessário e relevante no processo de formação inicial de
professores em EF.
105
alunos naquilo que compete à área de EF. Resta-nos supor que este profissional
passará apenas a reproduzir atividades que fizeram parte do seu mundo
experiencial, com aulas pragmáticas, sem, ao menos, compreender o que a EF
significa para a escola nos dias atuais.
106
37
A quantidade igual de professores participantes por sexo não foi proposital, pois, conforme já
mencionado, os professores foram selecionados a partir da modalidade da escola, de ciclos e
integral.
38
O detalhamento destas informações podem ser averiguados nos anexos B, C e D que contém
informações gerais dos professores investigados”.
107
60
50
40
Idade
30
20
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Homens 28 29 32 35 41 45 48 48 49 57
Mulheres 28 31 38 38 38 44 45 46 56 59
39
Dados referentes ao “Questionário professor Prova Brasil 2011”, no qual foram aplicados 304.412
questionários 233.971 foram respondidos. Os dados foram organizados e disponibilizados no site:
http://www.qedu.org.br/brasil/pessoas/professor.
108
74,50% 75,50%
49,50%
43,60% 43,10%
40
Esses valores referem-se à folha de pagamento dos professores no período da realização dos
diálogos e foram retirados do portal da transparência do município de Goiânia. Disponível em:
http://www.goiania.go.gov.br/sistemas/sisrh/asp/sisrh00000f3.asp.
110
Nesse sentido, por mais que a possibilidade de acesso a esses bens para
classes sociais mais baixas tenham possibilitado melhorias, do outro lado, essas
melhorias vieram condicionadas ao aprisionamento do trabalhador ao trabalho para
o pagamento e quitação de dívidas realizadas. Isso, de certo modo, não pode ser
visto como melhoria de vida. O trabalhador passa a consumir, a adquirir bens, mas
também acaba por não usufruir em seu sentido mais amplo, já que o tempo de vida
é direcionado ao trabalho e ao descanso para o trabalho.
Outro fator relevante é que, em geral, as moradias estão localizadas em
lugares periféricos da cidade. Como as escolas de tempo integral, a partir dos
objetivos do Estado, exercem um papel de auxiliar famílias carentes que necessitam
de um lugar para deixar seus filhos quando vão para o trabalho, os locais em que
são instaladas, são nas proximidades dos bairros de famílias de baixa renda.
Provavelmente por proximidade ou conveniência, os professores acabam ou
adquirindo sua moradia próxima ao local de trabalho ou pedem transferência para a
escola mais próxima de sua moradia. Seja por um motivo ou outro, identifica-se que
ambas as circunstâncias situam a maioria dos professores em locais periféricos de
Goiânia.
111
Por mais que os indicadores sociais retratem uma aparente melhoria nas
condições de vida desses trabalhadores, a realidade revela situações muito
precárias. O dinheiro recebido em troca do trabalho realizado não exprime a
satisfação das necessidades humanas do trabalhador.
41
Em 2015, foi de R$ 1.917,78 para a jornada de 40h semanais.
112
Para os autores não é a consciência que determina a vida, mas a vida que
determina a consciência. Isso quer dizer que as pessoas, ao passo que se
desenvolvem na sociedade, vão constituir sua consciência a partir das relações
estabelecidas com outros indivíduos, mas também com os meios materiais que
estão disponíveis para usufruírem.
A centralidade do trabalho na vida cotidiana da classe trabalhadora implica,
de certo modo, na restrição do tempo de não trabalho para se estabelecer outras
formas de relação com o lazer, a cultura, a arte e o conhecimento crítico.
Com o propósito de constatar os níveis de acesso ou experiências culturais
formativas dos professores, realizamos alguns questionamentos sobre o que os
professores realizam em seu tempo fora da escola, qual seja, fora da docência
oficial de trabalho. Vejamos os gráficos 3 e 4, comparativos:
115
Brasil Pesquisa
Brasil Pesquisa
15 13
12
11
10
12 10
10 8
6
8
4
6
2
4 10 1 11 7 2 4
0
2
12 1 4
0
Pouco (0 a 2h) Regular (2 a 3h) Muito (Mais de 3h)
43
Segundo dados do PNAD (2013), 97,2% da população brasileira tem acesso à televisão (IBGE,
2014).
118
44
Dados do IBOPE (2013) indicam que mulheres jovens da classe A frequentam o shopping em
média seis vezes por mês. Mas, de modo geral, temos o seguinte quadro de frequência em dias por
mês: Classe A1: 4,9; Classe A2: 4,7; Classe B1: 4,3; Classe B2: 3,6; Classe C1: 3,0; Classe C2: 2,1.
120
60% Mista
40%
Particular
20%
Pública
0%
Educação Básica Graduação Pós-graduação
45
Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia do Estado de Goiás.
46
Universidade Federal de Goiás.
124
médio. O autor chama atenção para o fato de esses dados refletirem uma realidade
importante do movimento do sujeito em relação à escola pública, isto é, muitos
ingressantes nos cursos de licenciatura, provenientes das instituições públicas de
ensino, retornam a este mesmo local na condição de professores.
A escola pública deve ser objeto de estudo e reflexão na formação para que
se garanta uma intervenção qualitativa por parte dos professores. Buscando
compreender em que medida os professores estão conectados com as reflexões do
seu lugar de trabalho, perguntamos a eles se tiveram acesso ao debate sobre a
escola pública e a escola em ciclos durante a formação na graduação, ao que 13
professores afirmaram ter estudado sobre a escola pública e sete disseram não ter
discutido nada. Vejamos algumas falas dos professores:
Sim, mas aquilo que nós víamos para a escola pública estava
pautada na legislação da época que, até lembro, antes do novo
currículo entrar em vigor, tinha um manual de ordens unidas para a
Educação Física. Ordem unida, quer dizer, coisa pra militar, né? Era
uma das matérias, mas aí como nós só a veríamos lá na frente, com
a mudança do currículo, nós não chegamos a ver, então entraram
outras matérias daquele período e aí tem que ver na ESEFFEGO
porque eu não lembro (Diálogo – Professor 6, 2015).
Quase não tinha. Era assim, até meio discriminado, na minha época,
dar aula em escola pública... A gente sempre falava que não, se
alguém quer ganhar dinheiro, se quer ser alguém na vida, que pense
em montar uma academia, ou fazer um curso melhor pra ser um
técnico. Era isso na época lá (Diálogo – Professor 12, 2015).
125
De certo modo pode ser até compreensível que alguns professores não
tivessem estudado sobre o modelo de ciclos na universidade, considerando que
alguns se formaram no processo de implantação desse sistema escolar. Quando
nos reportamos às datas e períodos de conclusão da graduação, identificamos que
um professor formou-se na década de 1970, quatro concluíram o curso nos anos
126
47
De acordo com Barreto e Souza (2004), os ciclos ainda são minoria em relação à organização
escolar, porém, apontam um aumento expressivo desde os anos 90. “Considerando o conjunto de
escolas brasileiras com ensino fundamental em 2002, públicas e privadas, encontra-se que 19,4%
organizavam o ensino fundamental em ciclos; 10,9% delas adotavam unicamente ciclos e 8,5%
combinavam ciclos e séries, conforme dados do censo escolar do Inep. Ainda segundo esta fonte, o
percentual de alunos matriculados exclusivamente no regime seriado, nesse mesmo ano, era de
62,2%, enquanto aqueles matriculados em escolas que possuíam unicamente ciclos ou que
adotavam regimes mistos constituíam 37,8% da população escolar” (p. 5). Além desses dados, as
políticas atuais implementadas através de programas como Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa (PNAIC) introduzem a dinâmica dos ciclos nos anos iniciais acordando entre os Estados
e Municípios o compromisso de “assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito
anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental”. Disponível em:
<http://pacto.mec.gov.br/noticias/134-adesao-2016>.
127
parte significante que vem ocorrendo em grandes estados brasileiros, portanto, não
pode ser ocultado nos projetos de formação de professores nas Universidades e
nem objeto de estranhamento pelos professores que nele estão atuando. Além
disso, mesmo com a reafirmação cada vez mais constante através das políticas
públicas da manutenção e ampliação dessa lógica educacional, ainda há aqueles
que se opõem ao modelo. Do mesmo modo, compreendemos que a universidade,
como um espaço de produção de conhecimento, sempre manteve certa distância
das inovações que surgem fora delas, especialmente aquelas anunciadas pelo
Estado ou por meio de políticas sociais temporárias ao gosto de interesses nem
sempre transparentes dos governantes ou de interesse comum.
Em 1992, teóricos da própria EF já reconheciam essa possibilidade e
propunham o ensino deste campo pensado a partir de uma nova lógica educacional:
48
Ao se abordar a EF no ensino infantil, por exemplo, podemos abordar o desenvolvimento humano
dentro da visão corretiva da psicomotricidade como verdade absoluta, ou ter acesso a esse
conhecimento compreendendo suas contribuições e limitações. No primeiro caso, aborda-se um
conteúdo da área de humanas, mas ainda fundamentado pela base biologicista como caminho a ser
adotado, mas na segunda perspectiva o conteúdo é apresentado ao aluno, problematizado e se dá a
oportunidade de escolher entre esse ou outros modos de tratar o desenvolvimento humano a se
conhecer durante a formação.
129
49
É importante ressaltar que os cursos de EF dessas instituições apresentam trajetórias e
características diferentes, mas explicitam, em seus projetos de curso, um compromisso com a
formação em uma perspectiva ampliada. De acordo com o PPC de Educação Física, modalidade
Licenciatura da UFG “defende-se que os conteúdos significativos devem ser construídos por meio
das competências, entendendo-as como práxis pedagógica, como ação crítica e reflexiva, mantendo
assim a perspectiva de que o ensino deve formar para a autonomia da gestão escolar e o respeito
aos saberes adquiridos (experiências) pelos alunos em processos informais e implementada a
realização da prática de ensino e estágios curriculares obrigatórios (contatos com o real) em todo o
processo de formação acadêmico/profissional” (2013, p. 11). No PPC da ESEFFEGO, o curso se
apresenta como “comprometido com a formação de professores capazes de intervir na sociedade de
maneira crítica, o curso possibilita uma formação humana que permite a apreensão da realidade de
forma concreta. A relevância do curso se projeta também pela sua proposta de qualidade no trato
com os conhecimentos da área específica, articulados com os saberes mais amplos, pela sua luta de
manutenção pública e laica construída ao longo de mais de quatro décadas, constituindo-se em uma
das poucas possibilidades públicas para a formação profissional na área da Educação Física no
Estado de Goiás” (2015, p.13).
130
[...] nós não temos a menor ideia do que está acontecendo nesses
1300 cursos, não há estudos de natureza empírica que tenham ido
visitar sequer 20% desses 1300 cursos. Eu quero dizer o seguinte
com isso, eu não tenho, academicamente falando, nenhuma prova,
nenhum dado concreto que me permita afirmar que as diretrizes de
2004 estão ofertando uma formação pior, ou melhor, que aquela
ofertada pela diretriz 03/87 [...] o que faz com que, portanto, fique
claro pra nós que, o que falamos aqui, o que defendemos aqui, o que
escrevemos, o que publicamos, tem uma base fortemente marcada
por um discurso ideo-político que é importante, que precisa se fazer
presente, mas que precisa mais do que urgentemente, vir
acompanhado de dados que comprovem ou refutem as afirmações
de natureza política ou ideo-política que eu ou qualquer um de nós
aqui venha fazer (CASTELLANI FILHO, 2015).
50
Palestra proferida no XVIII Encontro Regional de Estudantes de Educação Física da Regional V
realizado em Goiânia-GO no dia 22 de maio de 2015. Áudio transcrito pela autora deste estudo.
131
Claro que tem que ter essa formação mesmo acadêmica. E tem que
ter aquela formação do ser humano, tem que ser um bom ser
humano, eu penso. Aí estudando, fazendo curso, se aprimorando e
tentando resgatar o que o aluno mesmo precisa [...] na escola, de
tempo integral, mais ainda. Porque tudo que acontece com o aluno
no dia a dia que deveria acontecer com a família, acontece com a
gente [...] Quando a gente vai para o mercado de trabalho sente
muita dificuldade. Com o pegar na massa mesmo, a gente tem muita
dificuldade. Tem que ir em busca, até dentro da escola... Eu aprendi
muito na escola, com as professoras, no dia a dia (Diálogo –
Professor 12, 2015).
reelaborar suas ações para atuar conforme seus objetivos, dos alunos e da escola.
Outro fator importante em relação a essa forma de compreender a realidade é que,
se o mundo é visto como resultado de múltiplas determinações, compreende-se que
é pouco provável que a ação docente individual possa eliminar ou modificar
determinadas problemáticas sociais graves como a violência, a pobreza ou a falta de
estrutura escolar. Mas, para aqueles em que falta essa perspectiva, todas as ações
serão frustradas, pois a incompreensão da relação dialética entre sociedade e
educação pode fundamentar ações docentes ingênuas e superficiais, visando a
transformação de algo por um caminho pouco plausível.
Outra explicação para o posicionamento dos professores trata-se da própria
lógica de competências instituída nas diretrizes da formação de professores, cuja
formação, para as competências, pode assumir um sentido ampliado de formação
educativa e qualificação do trabalho por meio da “capacidade de mobilizar
conhecimentos/saberes junto aos postos de trabalho, os quais são adquiridos
através da formação, da qualificação e da experiência social enquanto elementos
que caminham juntos em função dos resultados” (DAVID, 2002, p. 123) ou se
enquadrar na concepção capitalista flexível, que forma o trabalhador para o
emprego, que centra a preparação de professores para a resolução de problemas
cotidianos da escola, pelo aprender pela prática sem se estabelecer uma mediação
com as bases científicas vinculadas à concepção de formação humana ampliada
(Ibid.).
Outra qualidade considerada pelos participantes da pesquisa como
importante para a formação de um bom professor vem à tona nas declarações a
seguir:
Ele teria que realmente fazer um curso superior, ele tem que ter uma
graduação. Ele tem que procurar uma graduação, ele tem que
procurar outros cursos que possam complementar essa graduação,
porque a faculdade não te forma "o". Quer dizer, a minha dança na
faculdade, ela foi rasa, então, se eu não tivesse feito outros cursos,
hoje eu não estaria trabalhando dança da forma que eu trabalho,
mas sem a graduação não tem como, porque a graduação, ela te dá
a base, não adianta (Diálogo – Professor 17, 2015).
Como se pode perceber nos destaques dos diálogos acima, existem aqueles
sujeitos que já avaliam como importante a formação acadêmica e científica inclusive
estabelecendo uma comparação com em medicina. O que podemos refletir acerca
desse aspecto é que os movimentos que ocorreram na sociedade desqualificaram o
trabalho do professor a tal ponto de, os próprios professores, associarem que o que
precisam aprender está presente somente no “chão da escola”, desconsiderando a
relevância social de seu trabalho e, inclusive, as implicações da ação de um
136
Não. Faculdade não. Eu acho que eu aprendi muito mais como atleta
e como estagiário, que eu fiz estágios por conta própria, do que pela
faculdade. Que eu sempre, desde que eu entrei na faculdade, eu já
dava aula, eu já acompanhava os professores em outras escolas e
eu aprendi mais assim do que na faculdade mesmo. Eu acho que a
Educação Física muda menos do que para outra disciplina, o fato de
ser ciclo ou de não ser. Então assim, eu acredito que uma professora
pedagoga que não souber o que é ciclo e chegar aqui ela vai sentir
mais (Diálogo – Professor 2, 2015).
Olha, eu queria ver mais coisas que eu não vi. Eu queria ter, vamos
dizer assim, tem muita coisa que eu ainda tenho dúvida, tenho que
pesquisar, recorrer à internet, a colegas da mesma área. Então, eu
sinto um pouco esse vago, de querer aprender mais, a trabalhar de
uma forma diferente. Então é essa formação aí que eu sinto um
pouco deficitária. [...] Minha formação inicial eu vou falar a verdade,
eu vejo ela como um alicerce. Agora, o acabamento da obra, o
restante, aí quem tem que correr atrás, quem tem que pesquisar e
fazer acontecer, é o profissional (Diálogo – Professor 4, 2015).
Sim. Porque eu entendi que não é só o meu caso que você aprende
é na prática. Te dá uma base, mas você aprende é na prática. [...]
Deu. Não digo nem o foco no ciclo, mas na criança. [...] a gente teve
as experiências, as metodologias com criança lá no colégio de
aplicação do fundo da ESEFEEGO e nos estágios a gente acaba
vivenciando (Diálogo – Professor 10, 2015).
137
No começo foi bastante, mas agora não tem feito muita atualização
nessa área não de ciclo. Mas todos os dias na escola nós discutimos
questões ligadas aos ciclos, questões específicas. De maneira tal
que hoje talvez o curso, se você for para um curso talvez você não
teria tanto proveito de chegar na sua escola, discutir a realidade e
resolver os seus problemas ali. Muitas vezes os cursos estão muito
longe da realidade (Diálogo – Professor 1, 2015).
De dois em dois anos tem a jornada pedagógica, mas assim, tem uns
temas interessantes, umas palestras interessantes também e eu
sempre... Mesmo durante a faculdade, não exatamente de ciclo,
porque eu nem sabia, eu participava de cursos para a formação
porque ficar só com o conhecimento da graduação não é tão
aprofundado do que você participar de um evento que está
explicando, mais específico, daquilo ali. Então, alguns cursos eu
participo, de dois em dois é certeza (Diálogo – Professor 20, 2015).
Sim. Porque o meu conceito de intelectual não tem nada a ver com
esse conceito comum que todo mundo tem. Ah, o intelectual é o
inteligente. Na verdade, pra mim o intelectual é aquele que pensa,
que trabalha com o pensamento. Eu acho que professor que não se
considera intelectual, aí sim, esse está na profissão errada porque
nós temos que assumir esse caráter de intelectuais, que não é nada
que nos coloque numa posição privilegiada perante a humanidade,
mas é a nossa ferramenta de trabalho, o conhecimento, o
pensamento, então, não tem como fugir disso (Diálogo – Professor 9,
2015).
Esse primeiro grupo apresenta a ideia de que para ser um bom professor é
necessário ter paciência, dedicação e disposição, e, carinhosamente, educar o
aluno. O ato de educar, no entanto, não privilegia o trato com o conteúdo, mas com
a formação no campo afetivo e social, buscando trabalhar com o aluno aquilo que se
perde ou mesmo nunca se aprendeu fora da escola, como valores morais e formas
de socialização. Provavelmente, esse tipo de entendimento do ser professor
perpassa pelo próprio contexto vivenciado pelos participantes da pesquisa, onde a
escola presencia grandes problemáticas sociais trazidas para seu interior através
dos alunos e suas realidades tornando a dimensão da humanização um fator
potencial para o trato com esses alunos.
Não discordando que o professor deve possuir uma postura mais
humanizadora com o seu aluno, David (2012) apresenta uma leitura a respeito
desse tipo de entendimento:
Por mais que o autor retrate a relação entre o professor e o aluno no nível
universitário, entendemos ser pertinente a citação acima no interior das relações da
educação básica, reconhecendo haver certa correspondência entre esses sujeitos
estudantes de instituições públicas. O autor destaca a importância de tal atitude
mais afetiva, mas não elimina o papel do professor no trato com o conhecimento e
nem a responsabilidade do aluno com o estudo. O professor deve ter em mente que
o conhecimento para as classes menos privilegiadas é um forte instrumento de luta
social. Por isso, centralizar os processos educativos em práticas amorosas e
religiosas no intuito de amenizar as mazelas vivenciadas por esses estudantes
deixando em segundo plano a organização e socialização do conhecimento pode
reforçar a exclusão social.
Em segundo, trata-se do grupo que evidencia o professor pela sua
capacidade técnica, intelectiva e criativa para formar os alunos:
Primeiro lugar é aquele que gosta do que faz. É aquele que busca
uma aula criativa, que seja de acordo com a necessidade do aluno,
principalmente propicie o envolvimento do aluno. Tem que ser uma
aula prazerosa, tem que ser sempre inovadora (Diálogo – Professor
11, 2015).
Um professor que reúne várias qualidades para ensinar. Tem que ter
uma boa relação professor-aluno, tem que saber se comunicar bem,
tem que conseguir ensinar os alunos de maneira eficiente, de
147
Tem que ter domínio da técnica, do conteúdo; saber fazer uma ponte
entre a técnica e o objetivo educacional que é de formar cidadão
(Diálogo – Professor 1, 2015).
51
Expressão comumente usada para caracterizar professores de Educação Física que orientam sua
prática pedagógica a partir do interesse do aluno, deixando-os livres para realizar, durante a aula, o
que for de seu interesse.
148
Aqui dentro ela é vista como uma disciplina importante, você não
ouve nenhum professor dizendo, não é da Educação Física. Muito
pelo contrário, valorizam demais porque é um momento que para o
aluno da escola de tempo integral é muito valioso porque ele fica o
tempo inteiro dentro de sala. Acaba que eles usam até como uma
arma: “oh, tem Educação Física, se você brincar você não vai, se
não fizer essa atividade você não vai”. Então ela é, de certa forma,
valorizada e como conhecimento também (Diálogo – Professor 10,
2015).
como uma área de conhecimento aparece para auxiliar nos demais conteúdos
escolares. Se de um lado o motivo da interdisciplinaridade pode agregar a EF ao
coletivo escolar, por outro podemos apontar que ela, por si só, aparenta não ser
reconhecida como um componente curricular para a escola.
Muitas vezes o trabalho articulado da EF com outras áreas pode tirar o foco
do seu objetivo central de formação do aluno por meio do aprendizado dos
conhecimentos da cultura corporal. Nem todos os professores têm essa visão de EF
enquanto instrumento de aprendizado dos conteúdos, a que, nos diálogos, os
professores se referiram como interdisciplinaridade.
área que produz conhecimento, mas pela sua capacidade de envolver e motivar o
aluno nas demais atividades escolares assim como de ser um instrumento auxiliar
para a disciplina dos alunos na escola.
Sobre a abertura de espaço oferecida à EF pela escola em ciclos, mesmo que
tenha sido comentado por apenas um professor, damos destaque para o fato de que
o modelo de ciclos, ao abrir a cultura em várias dimensões (a dança, o teatro, a
música, o canto, a arte e também a EF) permite que não seja vista como um
momento a parte da escola. Ou seja, a lógica do aluno ou estudar ou fazer
Educação Física é rompida, pois a EF é um componente curricular e as oficinas
oferecidas é que podem ser associadas ao espaço mais livre do aluno.
Aparentemente, os diálogos têm nos dado pistas que levam ao entendimento
que a EF tem um novo espaço, mais amistoso e democrático, dentro da escola de
ciclos. Contudo, buscando estabelecer as conexões entre a formação, as novas
demandas dos ciclos e o trabalho realizado pelos professores, buscamos identificar
aspectos que indicassem novos conteúdos e metodologias de ensino neste novo
modelo educacional.
De modo geral, os professores relatam que a escola em ciclos não
apresentou alterações profundas para a EF, houve melhorias pontuais, mas que na
prática docente realizada por eles, tanto na questão do conteúdo como da
metodologia, foram necessários apenas alguns ajustes entre o modelo anterior e o
atual:
Pra esse ano, o que eu vou implementar mais, porque até ano
passado eu estava com oficina, então, é uma avaliação diferenciada.
Pra esse ano vou utilizar como critério o desenvolvimento do aluno,
não o resultado, mas o que ele conseguir desenvolver em termo
cognitivo, termo afetivo-social, sensório motor (Diálogo – Professor 7,
2015).
153
Eu sou muito contra essa questão de não ter nota, não ter... Não é a
reprovação em si, mas é porque tirou muito a responsabilidade do
aluno também. Não que não tenha a responsabilidade do professor
em ensinar e do aluno em aprender. A gente tem as notas, a gente
tem os conceitos aqui, mas a sociedade, de uma forma geral, ela
banalizou isso dentro da escola [...]. A gente já teve alguns
professores que dizem "não... não precisa disso agora, e tal, não é
assim", com certa comodidade, não de despreocupação... Não é
questão natural do ciclo, mas [dos sujeitos que estão nos ciclos] isso,
dos sujeitos. E aí sim, isso que eu vejo como dificuldade (Diálogo –
Professor 3, 2015).
155
Ensino Médio (ENEM) que, embora seja uma prova, é em nível nacional e, por isso,
permite que a nota gerada seja utilizada pelo aluno para se inscrever em várias
universidades do país, o que amplia suas chances de ingresso, além de o conteúdo
da prova privilegiar o conhecimento interdisciplinar. A seleção ainda permanece,
mas de forma dinamizada. Atribuímos a resistência em manter os antigos
procedimentos avaliativos, mesmo que na Educação Física eles não tenham sido
usados, nem mesmo na escola tradicional, à própria cultura escolar dos professores
que se formaram nos modelos anteriores e que tiveram esse viés reforçado ao longo
da sua graduação. Um dos professores afirma o seguinte sobre as dificuldades em
atuar no modelo de ciclos:
CONSIDERAÇÕES GERAIS
hoje, tornando possível atuar com certa autonomia diante das inúmeras formas de
regulação às quais somos submetidos.
Está claro que precisamos desenvolver coletivamente níveis de consciência
que nos permitam entender os interesses reais do modelo capitalista para não agir
incoerentemente, assumindo posturas contrárias aos interesses da nossa própria
classe. Destarte, essa formação defendida pela maioria dos professores como ideal,
o aprender na prática, dentro da escola em ciclos, representa uma formação
precária, onde o conhecimento apenas ocorre no fazer sem estabelecer conexão
com teorias mais elaboradas que permitam compreender e refletir sobre o que se
desenvolve na escola. Esta atitude acaba por tornar a ação docente mecanizada
que se ajusta, diante dos contextos variados, mas sem apresentar um propósito
político na formação dos alunos da escola pública. Coletivamente, essas posturas
devem ser refletidas criticamente e superadas.
Sobre a dimensão política da formação e do trabalho do professor, as
reflexões identificadas a partir deste contexto estudado demonstram que foi nos
momentos de luta política organizada que os trabalhadores conseguiram progredir
quanto às conquistas dos direitos sociais e melhorias da qualidade de vida. Hoje, ao
contrário, o que se observa é a falta de participação e ausência da organização
política dos trabalhadores, facilitando, com isto, retrocessos e mais retrocessos no
direito à educação e nas garantias trabalhistas próprias dos docentes. É no
momento que o trabalhador recua de suas lutas por direitos sociais que o capital
avança e não apenas destrói as conquistas obtidas, mas aprofunda mais a
exploração e as desigualdades sociais.
Diante deste perverso cenário, os professores precisam buscar estratégias
para retomar o vínculo político como mais uma das características indispensáveis
para a formação docente e humana. Sem essa dimensão do conhecimento, cada
vez mais estaremos distantes de conquistas reais. É esse olhar critico que permitirá
que se identifiquem as possibilidades reais de ação na construção de um novo
projeto de educação e sociedade. A proposta de ciclos que possibilita o avanço e
aprendizado real do aluno certamente existirá quando vinculada a uma sociedade
mais justa e voltada para o bem coletivo, mas, enquanto isto não se efetiva, torna-se
necessário atuar nas contradições e dentro das oportunidades de avanço
educacional, desde que fundadas numa formação crítica e compromissada com a
164
maioria da sociedade que demonstra sinais propícios aos avanços dentro dos limites
possíveis da educação.
Este estudo nos faz acreditar que o atual momento se mostra oportuno para a
reconstrução do movimento político dos trabalhadores, e dentro dele, o movimento
de educadores brasileiros. Abrem-se novos debates e reflexões a respeito do projeto
de formação de professores na Universidade e novas discussões estão surgindo
acerca da prática dos professores na escola a partir deste novo modelo de
organização educacional.
Se partirmos do entendimento de que a educação é um direito humano, no
sentido da formação plena de cada sujeito e de cada nação, as experiências de
ciclos podem estimular novas formas de experiências, discussão e reflexão relativas
aos conhecimentos a serem ensinados e das práticas a serem modificadas no
espaço da escola e das práticas sociais.
Talvez seja este o momento de avaliar profundamente o sentido dado ao
distanciamento entre teoria e prática ou aliar a teoria com a prática, a prática
transformadora da realidade e da vida real. Assim, questionar qual teoria
fundamenta a prática, e qual ideologia está por trás da “dita teoria educacional em
vigor”, pois podemos estar envolvidos com discursos fantasiosos no que tange à
realidade a ser mudada. O professor deve observar que a sua prática como
professor inicia no momento que ele decide ser professor, analisa a realidade,
planeja, atua, avalia, replaneja e opta por este tipo de atividade social.
Os educadores, ao desvincularem seu trabalho das necessidades imediatas
do capital, sem estabelecer o comprometimento de mudanças por meio de um
projeto histórico, nesta sociedade de classe, estarão buscando, nas margens da
remediação capitalista, uma aparente solução para os problemas sociais e
educacionais.
Quando a proposta de ciclos surge como resposta aos problemas existentes
na escola e na educação em geral, de forma ingênua e esperançosa os
trabalhadores não percebem que a gênese destas mudanças também ocorre nos
próprios sujeitos que trabalham com a educação, com destaque para os
professores, diretores, coordenadores, setor administrativo e os políticos vinculados
ao meio educacional. Outro aspecto fundamental que se tem destacado é que, se a
sociedade não tem como objetivo criar organizações e projetos que visam o bem
165
comum, não se pode esperar que dentro da escola tudo se resolva, até mesmo os
problemas da inclusão, da ética, da disciplina e da formação moral própria das
obrigações da família.
A questão central e conclusiva deste estudo é que não basta transformar a
escola, papel quase impossível, sem que se atue na transformação da sociedade
capitalista que está aí. Não será uma tarefa simples e rápida de ser concretizada, é
preciso agir nas contradições do próprio sistema, e buscar construir formas de se
aproximar das questões fundamentais e objetivas da existência dos sujeitos e das
classes sociais, com o propósito de ampliar a consciência humana acerca das
injustiças e das possibilidades de superação para um outro modelo social. Ou seja,
o capital não é o ultimo estágio da formação social e econômica e nem a única saída
para o desenvolvimento cultural do ser humano. Existem alternativas, basta que os
sujeitos que produzem a história construam outra história, a história dos incluídos
socialmente, dos homens éticos que produzem a riqueza humana, a dos sujeitos
autônomos e livres. Enquanto professora crítica e compromissada com a justiça e a
igualdade entre os homens acredito que nosso papel está demarcado pela luta
contra as formas de exclusão e desumanização que acontecem nos dias de hoje, e
a escola pode colaborar neste sentido.
166
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http://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/artigo262Art1.8.pdf
172
ANEXO A
ROTEIRO PARA DIÁLOGOS INDIVIDUAIS
IDENTIFICAÇÃO
1. Nome:
2. Email:
3. Telefone:
4. Escola:
5. Data de Nascimento:
6. Sexo: 7. Religião:
8. Estado civil: 9. Filhos:
10. Meio de transporte para o trabalho: ( ) a pé ( ) moto
( ) carro ( ) ônibus ( ) bicicleta ( ) outro:
11. Bairro onde mora:
12. Mora em: ( ) casa ( ) apartamento ( ) outro
13. Condição: ( ) própria ( ) alugada ( ) parentes
14.Tempo de deslocamento de casa ao trabalho:
15. O que faz nos finais de semana?
FORMAÇÃO
3. Que tipo de formação você acha ideal para formar um bom professor?
8. Se você pudesse retomar a formação inicial, quais conhecimentos você retomaria para estudar?
9. Durante sua formação inicial você estudou sobre o modelo de ciclos? Explique.
10. Durante sua formação inicial você estudou sobre a escola pública?
11. Depois que você entrou na escola em ciclos, participou de algum espaço formativo (congressos,
seminários, encontros)? Quantas vezes por ano?
13. Você considera que sua formação inicial deu condições de você trabalhar com a Educação Física
em uma escola pública em sistema de ciclos? Explique.
TRABALHO
15. Qual a sua metodologia de aula? Você tem alguma específica que orienta seu trabalho?
174
25. A proposta de ciclos passa por um processo de reescrita neste momento. Em relação a isto, como
você descreve sua participação e contribuição neste processo? Houve abertura por parte da secretaria
para a participação de todos os professores?
26. Tem algo mais que considere importante ser dito nesse primeiro momento?
175
ANEXO B
IDENTIFICAÇÃO – Informações iniciais dos professores
ANEXO C
FORMAÇÃO – Informações acerca da formação
ANEXO D
TRABALHO – Informações iniciais sobre o trabalho