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11/04/2018 É preciso avaliar os próximos meses, dizem especialistas sobre redução de homicídios na Região Metropolitana | GaúchaZH

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SEGURANÇA

VIOLÊNCIA

É preciso avaliar os próximos meses, dizem


especialistas sobre redução de homicídios na Região
Metropolitana
Quatro pro ssionais que trabalha com segurança pública foram ouvidos por
GaúchaZH

07/04/2018 - 02h01minAtualizada em 08/04/2018 - 15h23min

HYGINO VASCONCELLOS

https://gauchazh.clicrbs.com.br/seguranca/noticia/2018/04/e-preciso-avaliar-os-proximos-meses-dizem-especialistas-sobre-reducao-de-homicidios-na-regiao-me
11/04/2018 É preciso avaliar os próximos meses, dizem especialistas sobre redução de homicídios na Região Metropolitana | GaúchaZH

Brigada Militar recebeu 506 novos PMs na sexta-feira (6)


CHAMADA GERAL 1ª EDIÇÃO
Dani Barcellos / Palácio Piratini / Divulgação
11:00 - 12:00

 GaúchaZH ouviu quatro especialistas que analisaram a redução de 34% nos homicídios
na região metropolitana de Porto Alegre. Con ra as opiniões:

  “Reversão começou a acontecer”

Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, sociólogo, especialista em segurança e coordenador da


pós-graduação em Ciências Sociais da PUCRS

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 Para o sociólogo Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, os índices representam o início da

mudança do quadro na segurança pública no RS que, segundo ele, "chegou ao fundo do

poço" em 2016 e teve re exos em 2017.

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— Esse quadro tem a ver com desestruturação das políticas de segurança e polícias, com

parcelamento de salários, corte de horas extras, falta de investimentos no setor. Isso


acabou tendo grande impacto. Depois, para retomar trajetória mais positiva é demorado.

Não é um dado que permita dizer que já houve mudança de situação grave, mas há

indicativo de que alguma coisa está se movimentando. A reversão começou a acontecer.

Há, de fato, situação que


demonstra que possivelmente
tenha havido abrandamento dos
con itos e queda da ação dos
grupos criminosos.
RODRIGO GHIRINGHELLI DE AZEVEDO
especialista em segurança

Medidas adotadas pelo governo como solicitar a presença da Força Nacional e, apesar da
crise orçamentária, retomar investimentos na segurança, contratando policiais, são

apontadas mo fatores que auxiliam:

— Uma série de mecanismos foi criada para dar conta do dé cit de pessoal e de estrutura.
Os dados acabam indicando que está dando resultado. Se é de longo prazo, não se pode
a rmar, seria preciso mais trimestres.

A transferência de 27 líderes de facções para prisões federais também é apontada por

Azevedo como fator que pode ter impactado na redução dos índices. 

 
 
“Precisamos encarar com cautela”
Paulo José Vicente da Silva Filho
Coronel da reserva da PM de São Paulo e ex-secretário nacional de segurança pública

Ex-secretário nacional de Segurança Pública e coronel da reserva da PM de São Paulo,

José Vicente da Silva Filho entende que a melhora em curto período "não pode ser

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comemorada", já que pode ser decorrente de fenômeno ocasional e não de política de


segurança:

— É preciso esperar três trimestres para se avaliar um início de tendência. A consolidação

demora uns três anos. Precisamos encarar com cautela. O que pode acontecer é que uns
grupos estavam matando e se retraíram. Outra possibilidade é que algumas das cidades
possam ter tido ação mais e ciente das polícias locais e ter dado impacto.

O policiamento precisa ser


reajustado o tempo todo, em
função do crime. É como
examinar tendências climáticas,
vai vendo e tomando medidas em
prazo curto.
PAULO JOSÉ VICENTE DA SILVA FILHO
ex-secretário nacional de segurança pública

Em São Paulo, segundo o especialista, foram necessários 10 anos para reduzir de 52


homicídios por 100 mil habitantes para a proporção de 10 mortes por 100 mil pessoas.
Somente no ano passado, a capital paulista chegou a 6,1 para cada grupo de 100 mil.

— O principal fator para a redução é a polícia, sim. O trabalho da polícia é essencial. A


polícia tem de ser bem estruturada, motivada, com comando e uso de tecnologia.
Também é essencial promover integração entre Polícia Civil e Militar — avalia.

Para o coronel, a presença da Força Nacional no RS não está entre os fatores que
 
provocam impacto no resultado. É preciso mais investimento, segundo o o cial. Em SP, a
PM recebeu tablets nas viaturas, nos quais é possível acessar chas criminais.

  

“Reaparelhar a segurança”

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Fernanda Vasconcellos  
Socióloga e professora da UFPel

 Doutora em Ciências Sociais e professora  da Universidade Federal de Pelotas  (UFPel)


Fernanda Vasconcellos se diz supresa com a queda nos homicídios na Capital e em 12

cidades. Para ela, a redução nos casos na Capital representa “número expressivo”. Apesar
disso, a pesquisadora entende que é preciso ter cautela ao analisar os dados, devido à
campanha eleitoral de outubro e ao curto espaço de tempo do levantamento.

— O que a gente percebe é que, em meses antes das eleições, o governo começa a colocar

dinheiro em setores sensíveis, como a segurança. Foi o que a gente veri cou com a
tentativa de reaparelhamento dos órgãos de segurança pública — analisa.

Em meses antes das eleições, o


governo começa a colocar
dinheiro em setores sensíveis,
como a segurança.
FERNANDA VASCONCELLOS
Socióloga e professora da UFPel

Fernanda reforça que, diferentemente de outros crimes, é difícil haver subnoti cação nos
homicídios, quando não é registrado na polícia.

— Se sabe que, se tem corpo, tem homicídio. Não tem cifra oculta — a rma.

Ao tentar encontrar explicações para a queda a professora observa que a situação pode
estar na forma como os crimes estão sendo classi cados pela polícia. Por exemplo, casos
 de encontro de cadáver são informados à imprensa e não entram na contagem. Depois,

quando sai o laudo da perícia, é que podem passar a ser homicídios.

“Presença maior da Brigada”

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Gustavo Cale

Especialista em segurança pública

 O especialista em segurança Gustavo Cale acredita que o cenário de diminuição dos


assassinatos tenha relação com o convocação de novos policiais – aprovados em concurso

– e com a distribuição de PMs para as cidades com maior indicadores criminais.

— Temos presença maior da Brigada na Capital e Região Metropolitana, devido ao


incremento no efetivo. A Brigada se deslocou para locais con agrados. Com efetivo maior

e ações mais efetivas, mais foram presos, e isso tem relação direta para a redução.

Para ele, o aumento das apreensões de drogas também in uencia na redução das mortes,

já que muitos assassinatos têm relação com acerto de contas do trá co.

— Com as operações do Denarc, são retiradas pessoas de circulação e apreendidas

grandes quantidades de drogas em curto espaço de tempo.

Sabemos que os homicídios estão


ligados ao trá co. Com operações
e prisões, são retiradas pessoas
de circulação.
GUSTAVO CALEFFI
Especialista em segurança pública

Cale alerta que, caso não haja a manutenção das prisões de criminosos, a situação pode
acabar se invertendo:

— Há diferença da ação de polícia e da Justiça. Em curto espaço de tempo se percebe


 
redução. Se não mantiver presos, a tendência é aumentar.

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