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2002 - Uso Clínico Da Noção de Traço Unário - Aqueronta
2002 - Uso Clínico Da Noção de Traço Unário - Aqueronta
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Psicanalista, professor do Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade São Marcos.
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DUNKER, C.I.L. – Uso Clínico da Noção de Traço Unário. Revista Acheronta, 2002.
passagem sem ter que apelar para uma espécie de salto transcendental entre as imagens e as
palavras ?
Vários elementos pressionam por uma solução para este problema, situemos alguns:
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DUNKER, C.I.L. – Uso Clínico da Noção de Traço Unário. Revista Acheronta, 2002.
indiferenciado onde mãe e criança formariam uma unidade (Einheit). Unidade precária,
instável, dependente do olhar do outro, mas, ainda assim unidade. Unidade cujo referente é
o estado de apaixonamento (Verlibtheit), de fascinação regressiva verificada nos fenômenos
de massa e também no hipnotismo.
Diante deste problema vemos surgir uma solução absolutamente engenhosa. Lacan
começa sobrevalorizando uma expressão de pouco peso no texto de Freud, qual seja a de
que o primeiro e o segundo tipo de identificação (a primordial e a regressiva) não se dão
com a situação global, como a identificação histérica, mas com “um único traço unário
(einziger zug) do objeto”. A idéia de traço vem realmente à calhar, ela marca sua
insistência em outros momentos metapsicologicamente relevantes, como por exemplo a
Carta 52, além disso o traço é pensável tanto em termos de linguagem quanto em termos
espaciais. Passemos então a esta arqueologia do significante.
Em primeiro lugar há a operação de rastro. O rastro é “o que o objeto deixa
enquanto ele se vai”2. Ele indica algo que não está lá. É o signo de uma ausência, como as
pegadas de Sexta feira. Mas se o rastro é um primeiro nível de negação da coisa, seu
atributo característico é que ele pode ser apagado ou anulado.
Mas um rastro que é negado materialmente não é mais um rastro, mas torna-se um
traço ou uma letra. Dois exemplos, a rasura que corta uma palavra ou as marcas entalhadas
em um osso, ou em qualquer outra superfície que lhe dê suporte: a pele, o papel, a tela. O
traço é, finalmente equiparável a uma forma material compatível com a representação coisa
e com a idéia de traço mnêmico visual.
Em um terceiro tempo temos a negação do traço operada pela barra, aqui sim
congruente com o recalcamento propriamente dito. Chegamos então ao significante. Este
herdará, do traço três propriedades fundamentais: a repetição, sua estrutura
posicional e seu caráter diferencial. No entanto, em oposição ao traço, o significante
jamais poderá ser apagado, ele é volátil não fixo como o traço. Mas a característica mais
instigante que separa o traço do significante é que eles remontam a estruturas diferentes de
linguagem. O traço se articula pela estrutura da escrita, o significante se articula pela
estrutura da língua.
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Lacan, J. – Seminário IV, p. 281.
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2. Clínica da Identificação
Comecemos por separar um aspecto que por vezes levante algum embaraço clínico.
A identificação com o traço único do objeto é bem exemplificada pela formação do sintoma
histérico. Neste caso se trata da substituição de uma escolha de objeto por uma
identificação que toma a via regressiva. É o caso da tosse de Dora: em vez de sustentar uma
escolha amorosa ela retoma aquilo que a liga ao pai pela via deste traço “a tosse” que o
representa. Por esta via, ela se transforma no objeto perdido. Daí a imensa utilidade da
noção para pensar o tema da melancolia.
Mas, curiosamente, não se trata então, na formação de sintoma histérico de
identificação histérica. Se há identificação histérica em Dora, esta se passa em relação á
Sra. K. e não em relação ao pai. Vemos aqui uma primeira regularidade clínica interessante.
É comum verificarmos, nos casos de histeria, uma certa pendularidade entre a formação de
novos sintomas histéricos e a problematização de novas identificações histéricas. No
desenvolvimento do tratamento tudo se passa como se a cada solução ou deslocamento de
legítimos sintomas encontrássemos um período subseqüente dominado pela aparição ou
intensificação de novas identificações. Uma espécie de oscilação entre sintomas “nativos” e
sintomas “importados”.
Como se sabe a identificação histérica facilmente captura sintomas disponíveis no
campo do outro, particularmente no campo do outro feminino. É o caso do famoso exemplo
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