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NASCER E CRESCER

revista do hospital de crianças maria pia


ano 2009, vol XVIII, n.º 2

O Estado de Saúde Oral de Crianças


em Idade Pré-Escolar e Escolar
de uma Área Urbana
Marta João Silva1, Ana Carla Ferreira2, Cesarina Santos Silva2, Maria Elisa Teixeira2, Carlos A. Pratas Valente2

RESUMO ças com idade superior a seis anos. Na ta), principalmente se mantidos após os
Introdução: A cárie dentária e a dentição permanente o índice de CPOd três anos de idade.
má oclusão são importantes problemas total foi de 0,17 (0,17 dentes cariados), Conclusões: A prevalência de cá-
odontológicos da infância e têm etiologia 0,008 (0,008 cariados) nas crianças com rie e má oclusão dentárias são elevadas,
multifactorial. idade inferior ou igual a seis anos e 0,38 tendem a aumentar com a idade e asso-
Objectivos: Determinar a prevalên- (0,38 cariados) nas crianças com idade ciam-se a vários factores que podem ser
cia de cárie dentária e de má oclusão em superior a seis anos. A presença de cárie prevenidos.
crianças com idade escolar e pré-escolar dentária foi mais frequente nas crianças Palavras-chave: Cárie dentária;
e identificar os hábitos de saúde oral de que não escovavam os dentes com ritmo Má oclusão; Índice estética dentária; Pre-
risco. diário (68,9% vs 52%, p < 0,05), nas que valência; Hábitos; Saúde oral.
Métodos: Foi avaliado o estado de consumiam açucares pelo menos uma
saúde das peças dentárias e aplicado o vez por dia (67% vs 48%, p< 0,05) e nas
índice de estética dentária em crianças que pertenciam a classes sociais mais Nascer e Crescer 2009; 18(2): 78-84
da pré-escola e do segundo ano do en- baixas. Má oclusão dentária foi encontra-
sino básico inscritas em escolas públicas da em 50 crianças (21,1% das crianças
de uma área urbana, efectuado inquérito com idade inferior ou igual a seis anos INTRODUÇÃO
às crianças e seus encarregados de edu- e em 23,8% das crianças com idade su- A cárie dentária é a doença cróni-
cação acerca dos hábitos de saúde oral e perior a seis anos) tendo sido mais fre- ca mais frequente em Pediatria(1). É uma
calculado o índice socioeconómico. quente nas que usavam chupeta (55% doença infecciosa, transmissível e pro-
Resultados: Foram elegíveis 224 vs 19,1%, p< 0,05) ou nas que a usaram gressiva que resulta de um complexo
das 277 crianças inscritas. A idade média para além dos três anos de idade (31,1% processo em que vários factores micro-
foi de seis anos (variou entre os três e os vs 10,7%, p<0,05), nas que tinham o há- biológicos, genéticos, imunológicos, com-
dez anos) com duas modas, nos cinco e bito de sucção digital (63,6% vs 20,2%, portamentais e ambientais contribuem
nos sete anos. Foi registada cárie num p< 0,05), nas que ingeriam diariamen- para o risco e gravidade da doença1. A
total de 127 crianças (56,7%), em 52,8% te doces de longa duração (33,3% vs cárie constitui uma causa de mal-estar
das crianças com idade igual ou inferior 19,3%, p <0,05) e nas que usavam bibe- que se pode manifestar na fisionomia,
a seis anos e em 61,4% das com idade rão (34,3% vs 20,1%, p < 0,05). O uso de disfunção da mastigação, halitose e fo-
superior a seis anos. Na dentição tem- biberão associou-se ao hábito de sucção cos de infecção que podem repercutir-se
porária o índice de cpod foi 1,84 no total na chupeta (25,7% vs 5,8%, p< 0,05) no estado geral provocando doenças gra-
das crianças (1,5 cariados, 0,067 per- assim como ao hábito de sucção digital ves(2). Os principais agentes causais são
didos devido a cárie e 0,27 obturados), (27,3% vs 8,0%, p <0,05). as bactérias do grupo Streptococcus mu-
1,72 (1,45 cariados, 0,033 perdidos devi- Discussão: Quando comparados tans, estas parecem ter um papel central
do a cárie, 0,24 obturados) nas crianças os resultados obtidos com os de estudos na iniciação da cárie, colonizando a boca
com idade igual ou inferior a seis anos epidemiológicos nacionais anteriores, das crianças logo após a erupção do
e 1,99 (1,58 cariados, 0,11 perdidos de- verifica-se um aumento da proporção primeiro dente(3-4). O principal substracto
vido a cárie, 0,30 obturados) nas crian- de crianças livres de cárie. Um baixo necessário para a formação de cáries é
nível socioeconómico, a ingestão diária obtido através do açucar na dieta, espe-
de doces e a não escovagem diária dos cialmente a sacarose(1-5). A retenção oral
__________ dentes, são factores que se associam prolongada de componentes alimentares
1
Serviço de Pediatria do Hospital de São à presença de cárie. A presença de má cariogénicos, quer pela frequência da in-
João, Porto oclusão relacionou-se com os hábitos de gestão quer pela permanência na boca,
2
Centro de Saúde de Ermesinde sucção não alimentar (digital e na chupe- leva a períodos mais longos de produção

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de ácido e desmineralização e períodos para a possibilidade de comparações ta individual. Foram avaliados hábitos
mais curtos de remineralização dentária que permitam avaliar o impacto destas de higiene oral (escovagem dos dentes),
contribuindo para a formação da cárie5. acções. hábitos alimentares (aleitamento mater-
A susceptibilidade anatómica do esmalte no, introdução do leite de vaca, ingestão
dentário, uma higiene oral inadequada, a OBJECTIVOS de doces), hábitos de sucção digital ou
pobreza, a não utilização de flúor ou de Determinar a prevalência de cárie e na chupeta, uso de biberão, seguimento
pastas fluoretadas, uma dieta rica em de maloclusão dentária nas crianças em em dentista, suplementação com fluor e
carbohidratos ou a ingestão frequente idade pré-escolar e escolar da freguesia índice socioeconómico através do nível
de açucares são factores de risco para a de Alfena e identificar os hábitos de saú- de escolaridade mais elevado dos pais
formação de cáries(1-5). O uso regular de de oral de risco. ou encarregado de educação, do número
pasta dentífrica fluoretada reduz signifi- do agregado familiar e da classificação
cativamente a formação das cáries(1). MATERIAL E MÉTODOS social da família segundo a classificação
A má oclusão define-se como a alte- Estudo transversal com base numa social internacional de Graffar(10)). Foi
ração do crescimento e desenvolvimento amostra constituída por todas as crianças questionada a frequência de ingestão de
que afecta a oclusão dos dentes. Pode matriculadas na pré-escola e no 2º ano doces em geral, que incluía os de curta e
interferir negativamente na qualidade de do ensino básico em três escolas públi- longa duração, e, especificamente, a fre-
vida, prejudicando a interacção social e o cas da freguesia de Alfena (Cabeda, Co- quência de ingestão de açucares de lon-
bem-estar psicológico das crianças afec- diceira e Barreiro). ga duração (rebuçados, chupa-chupas,
tadas6. Segundo estudos efectuados Inserido na actividade de rotina de gomas ou pastilhas elásticas).
em vários países, a má oclusão dentária saúde escolar da área foi efectuado, em Os dados foram tratados estatisti-
pode atingir 17 a 79,3% dos indivíduos Junho de 2005, o exame clínico na pró- camente utilizando o Statistical Package
tendo sido considerada pela Organiza- pria escola, por um único observador, uti- for the Social Sciences (SPSS®, Student
ção Mundial de Saúde (OMS) como o lizando sempre o mesmo tipo de material version 11.0 for Windows, SPSS Inc.
terceiro maior problema odontológico e (espátulas, espelhos bucais e lanterna 2001). Foram usadas variáveis dicotó-
de saúde pública mundial(6-7). A oclusão portátil com lâmpada de 12 v/20 W). Foi micas e usada regressão logística tendo
dentária varia entre indivíduos de acordo registado o estado de saúde das peças sido calculado o Odds ratio (OR) como
com o tamanho e forma dos dentes, posi- dentárias e a presença de má oclusão medida de associação directamente es-
ção dentária, época e sequência da erup- segundo os métodos estabelecidos pela timada devido a tratar-se de um estudo
ção, forma e tamanho do arco dentário e Organização Mundial de Saúde (OMS)(9). transversal. Foi aplicado o teste do x2
padrões de crescimento craniofaciais(7-8). Foram calculados os índices cpod/CPOd para comparação de proporções, consi-
A oclusão resulta da relação entre os fac- (dentes cariados, perdidos por cárie e ob- derando-se como estatisticamente signi-
tores genéticos e os ambientais que in- turados) referentes à dentição temporá- ficativo quando p <0,05.
fluenciam as modificações no desenvol- ria/permanente, respectivamente.
vimento pré e pós natal(7). A desarmonia A oclusão dentária foi avaliada pelo RESULTADOS
de base óssea com protrusão da maxila índice de estética dentário (dental aes- Foram avaliadas 224 das 277 crian-
ou mandíbula, dentes supra-numerários, thetic index – DAI), que incluiu a avalia- ças inscritas (53 crianças não se encon-
anomalias na forma e tamanho dos den- ção das seguintes condições: ausência travam na escola nos dias do exame).
tes ou discrepâncias ósseo-dentárias são de dentes anteriores, apinhamento e es- Pertenciam ao sexo feminino 116 crianças
alguns factores hereditários que podem paçamento nos segmentos incisais, dias- (51,8%). Cento e onze crianças (49,6%)
contribuir para a má oclusão(8). Os facto- tema, irregularidade maxilar e mandibular estavam na pré-escola. A média e media-
res ambientais podem ser pré-natais ma- nos dentes anteriores, sobressaliência na de idade foi de seis anos (variando en-
ternos (nutricionais, doenças, traumas) ou overjet maxilar e mandibular, mordida tre três e dez anos), com moda nos cinco
ou embrionários (nutricionais, doenças, aberta vertical anterior, e relação molar e nos sete anos (Figura 1). Relativamen-
traumas, falta de coalescência, má po- antero-posterior(9). Após a avaliação, re- te ao nível de escolaridade, 19,6% dos
sição) ou pós-natais intrínsecos (cáries alizava-se a equação para o cálculo dos representantes legais das crianças refe-
extensas ou perdas precoces) ou extrín- valores obtidos. O DAI fornece quatro riram ter a escolaridade primária, 56,7%
secos (hábitos deletérios como os hábi- possibilidades de desfecho: ausência de a escolaridade básica, 14,3% a escola-
tos de sucção na chupeta, sucção digital, anormalidade ou maloclusões leves (DAI ridade complementar e 5,4% licenciatu-
interposição lingual ou uso prolongado < 25); maloclusão definida (DAI = 26-30); ra. Cento e dezanove crianças (53,1%)
de biberão)(7). maloclusão severa (DAI = 31 a 35) e ma- pertenciam à classe social média baixa,
O conhecimento da situação de loclusão muito severa ou incapacitante 51 (22,8%) à classe média, 32 (14,3%)
saúde oral de diferentes grupos popula- (DAI > 36)(9). à classe baixa e 12 (5,4%) à classe mé-
cionais é fundamental para o desenvolvi- Foi efectuado o mesmo inquérito dia alta. O número médio e mediano de
mento de propostas de acções adequa- a todos os encarregados de educação, agregado familiar foi de quatro pessoas
das às necessidades e riscos, bem como na presença das crianças, por entrevis- (variando entre dois e nove). Vinte e sete

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crianças tinham selantes, tendo referido digital foi referido por onze crianças. Pro- que referiam ingerir diariamente doces
ter ido ao dentista 21,4% das crianças. A blemas de saúde foram mencionados em de longa duração apresentaram mais
maioria das crianças escovava os dentes 52 crianças, a doença mais frequente foi cárie do que as que não ingeriram doces
(95,5%), com ritmo diário em 76,3% dos a asma (11,2%) seguida das infecções (66,7% vs 48,0%, p <0,05) , assim como
casos. Referiram que as crianças efectu- respiratórias de repetição (5,8%). O uso as que ingeriam diariamente doces de
aram aleitamento materno 179 encarre- diário de medicação em xarope foi referi- curta duração (67,4% vs 48,0%, p <0,05).
gados de educação (79,9%), 34,4% até do em 5,4% das crianças. A idade média Não se encontrou diferença significativa
aos primeiros três meses, 36,6% até aos de começar a lavar os dentes foi de 2,2 da frequência de cárie dentária nestes
doze meses e 8,9% para além dos doze anos, com mediana e moda de dois anos dois tipos de ingestão de doces (apresen-
meses (variando entre os quinze dias e e desvio padrão de 1,06 (variando entre taram cárie 66,7% das crianças que inge-
os 36 meses de idade). A idade de intro- um e sete anos). Tomavam flúor tópico riam diariamente doces de longa duração
dução do leite de vaca foi mencionada 71,9% das crianças. Foi registada cárie vs 67,4% das crianças que ingeriam dia-
antes do primeiro ano de vida em 54,5% num total de 127 crianças (56,7%), em riamente apenas doces de curta duração,
dos casos. Oitenta e três crianças refe- 52,8% das crianças com idade igual ou p <0,05). As crianças que referiam inge-
riram ter deixado o biberão após os três inferior a seis anos e em 61,4% das com rir diariamente doces de longa duração
anos ou ainda manter o hábito, a idade idade superior a seis anos. Na dentição apresentaram maior frequência de cárie
média de deixar o biberão foi de 2,4 anos temporária o índice de cpod foi 1,84 no dentária mas sem significado estatístico
com mediana e moda de dois anos e des- total das crianças (1,5 cariados, 0,067 (66,7% vs 53,2%, p >0,05).
vio padrão de 1,34 (variando dos seis me- perdidos devido a cárie e 0,27 obturados), A ingestão diária de doces foi mais
ses aos seis anos). Tomavam leite antes 1,72 (1,45 cariados, 0,033 perdidos devi- frequente nas crianças que pertenciam
de dormir 76,3% das crianças. A ingestão do a cárie, 0,24 obturados) nas crianças a classes de Graffar mais baixas (28,6%
diária de doces foi referida por 43,3% das com idade igual ou inferior a seis anos e nas classes baixa ou média baixa vs
crianças (foi considerada ingestão diária 1,99 (1,58 cariados, 0,11 perdidos devi- 51,0% nas classes média ou média alta,
de doces a todas as crianças que referi- do a cárie, 0,30 obturados) nas crianças p <0,05). A proporção de crianças que
ram consumir sumos, refrigerantes, cho- com idade superior a seis anos. Na den- apresentaram cárie foi maior entre aque-
colates, bolos, doces, rebuçados, chupa- tição permanente o índice de CPOd total las que não escovavam diariamente os
chupas ou pastilhas elásticas pelo menos foi de 0,17 (0,17 dentes cariados), 0,008 dentes (68,9% vs 52%, p< 0,05), estas
uma vez por dia). Não usavam chupeta (0,008 cariados) nas crianças com idade crianças apresentaram 2,04 mais fre-
84,4% das crianças, tendo sido a idade inferior ou igual a seis anos e 0,38 (0,38 quentemente cárie dentária do que as
média de deixar de usar chupeta de 2,5 cariados) nas crianças com idade supe- que escovavam os dentes com ritmo di-
anos com mediana e moda de dois anos rior a seis anos. Cárie no primeiro molar ário (Quadro I). As crianças que escova-
e desvio padrão de 1,28 (variando entre definitivo foi observada em 23 crianças vam os dentes, mesmo sem ritmo diário,
o um e os sete anos). Cerca de 40,2% (10,3%), 22 delas com idade superior a apresentaram menor frequência de cárie
das crianças mantinham o hábito de suc- seis anos. dentária, com uma significância estatís-
ção na chupeta ou o deixaram após os A proporção de crianças que apre- tica limiar (55,1% vs 87,5%, p = 0,07).
três anos de idade. O hábito de sucção sentaram cáries foi maior entre aquelas Não se encontrou associação significati-
pertencentes às classes mais baixas pela va entre a presença de cárie dentária e o
classificação de Graffar adaptada (62,3% sexo, o aleitamento materno ou a dura-
das Classes Média Baixa ou Baixa vs ção deste, a idade de introdução do leite
41,3% das Classes Média ou Média Alta, de vaca inteiro, o uso de biberão, o hábito
p <0,05), estas crianças baixas apresen- de beber leite antes de dormir, o hábito
taram 2,35 vezes mais frequentemente de sucção digital ou na chupeta, o uso de
cáries dentárias dos que as pertencentes xaropes e de flúor.
a classes mais altas (Quadro I). Má oclusão dentária foi encontrada
A proporção de crianças que apre- em 22,3% do total das crianças (21,1%
sentaram cáries foi maior entre aquelas das crianças com idade inferior ou igual a
que ingeriam doces diariamente (67% vs seis anos e em 23,8% das crianças com
48%, p <0,05). Estas crianças apresenta- idade superior a seis anos). Má oclusão
ram 2,2 vezes maior proporção de cárie severa ou muito severa foi encontrada
dentária do que as que não ingeriam do- em 5,4% das crianças (8,1% das crian-
ces com ritmo diário (Quadro I). Das 97 ças com idade inferior ou igual a seis
Idade crianças que ingeriam doces diariamente anos e 2,0% das crianças com idade
51 ingeriam diariamente doces de longa superior a seis anos). A má oclusão foi
Figura 1 - Distribuição por idades. duração e 46 ingeriam diariamente ape- agrupada dicotomicamente em ausen-
nas doces de curta duração. As crianças te e presente (englobando as formas

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ligeiras e graves) tendo-se associado, ram esse hábito após os três anos de meses de idade, esta diferença não foi
de forma estatisticamente significativa, idade apresentaram, respectivamente, estatisticamente significativa (25,3% vs
ao uso de biberão (34,3% vs 20,2%, p 3,16 e 3,76 vezes mais frequentemente 17,3%, p >0,05).
< 0,05), ao hábito de sucção na chupe- má oclusão (Quadro II). A má oclusão foi
ta (55% vs 19,4%, p < 0,05), ao uso de 6,92 vezes mais frequente nas crianças DISCUSSÃO
chupeta para além dos três anos (31,1% com o hábito de sucção digital (Quadro O Estudo Nacional de Prevalência
vs 10,7%, p < 0,05) , ao hábito de suc- II) e 2,09 vezes mais frequente nas que da Cárie Dentária na População Escolari-
ção digital (63,6% vs 20,2%, p < 0,05) e ingeriam diariamente açucares de longa zada (ENPCDPE) realizado em 1999, es-
à ingestão diária de doces de longa du- duração (Quadro II). A presença de cá- tudou a prevalência de cárie dentária na
ração (33,3% vs 19,3%, p <0,05). O uso ries dentárias não se associou, de forma população escolarizada aos seis, doze
de biberão associou-se ao uso de chu- significativa, à presença de má oclusão e quinze anos(11). Na nossa amostra, a
peta (25,7% vs 5,8%, p <0,005) assim dentária (25,2% vs 18,6%, p >0,05). distribuição etária das crianças estuda-
como ao hábito de sucção digital (27,3% Apesar da má oclusão ter sido mais fre- das neste estudo foi bimodal nos cinco e
vs 8,0%, p <0,05). As crianças que ain- quente entre as crianças que apenas fi- nos sete anos com apenas 25 crianças
da usavam chupeta ou que abandona- zeram aleitamento materno até aos três apresentando seis anos de idade. Esta

Quadro I - Principais factores de risco para a presença de cárie dentária

Cárie dentária % Odds Ratio


Factores de risco Total p
Sim Não Cárie (intervalo de confança 95%)

Classificação de Graffar <0,05


Média baixa/ Baixa 94 57 151 62,3 2,35 (1,30 a 4,26)
Média Alta/ Média 26 37 63 41,3 1
Ingestão de doces < 0,05
Diariamente 65 32 97 67,0 2,20 (1,27 a 3,80)
Não diariamente 60 65 125 48,0 1
Escovagem dos dentes < 0,05
Não diariamente 31 14 45 68,9 2,04 (1,02 a 4,07)
Diariamente 89 82 171 52,0 1

Quadro II - Principais factores de risco para a presença de mal oclusão

Mal oclusão % Odds Ratio


Factores de risco Total p
Sim Não Mal oclusão (intervalo de confança 95%)

Sucção na chupeta <0,05


Sim 11 9 20 55,0 3,14 (1,70 a 5,78)
Não 39 165 204 19,1 -
Idade de deixar a chupeta < 0,05
>= 3 anos 28 62 90 31,1 3,76 (1,71 a 8,28)
< 3 anos 9 75 84 10,7 -
Sucção digital < 0,05
Sim 7 4 11 63,6 6,92 (2,25 a 18,9)
Não 43 170 213 20,2 -
Doces de longa duração < 0,05
Sim 17 34 51 33,3 2,09 (1,05 a 4,16)
Não 33 138 171 19,3

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diferente distribuição etária, associada Outros estudos realizados em Portu- animais que mostram que o leite de vaca
ao facto da avaliação do estado das pe- gal(14), também encontraram um declínio não só não é cariogénico como tem ac-
ças dentárias ter sido efectuada por um na prevalência de cárie dentária, o que ção cariostática(15).
observador diferente do ENPCDPE sem poderá traduzir um melhoramento das A proporção de crianças que apre-
validação inter ou intra observador, difi- práticas de higiene oral e um acesso aos sentaram cárie foi maior entre aquelas
culta a comparação dos resultados ob- serviços médicos mais facilitado apesar que referiram ingestão diária de doces em
tidos com os do estudo epidemiológico de apenas 21% das crianças das nossa geral. Este resultado confirma o de outros
nacional anteriormente mencionado. No amostra ter referido já ter ido ao dentista, estudos que apontam como um dos mais
entanto, a prevalência de crianças livres proporção semelhante aos 20,5% encon- importantes factores ambientais para a
de cárie dentária na nossa amostra foi trados no ENPCDPE em 1999(11). presença de cárie, a ingestão de açuca-
de 43,3% do total de crianças (47,2% A associação encontrada entre a pre- res(5-14). Apesar dos açucares de longa
das crianças com idade inferior ou igual valência de cárie dentária e a classe social duração serem apontados como tendo
a seis anos e 38,6% das crianças com não foi consistente. Níveis socioeconómi- maior potencial cariogénico, no presente
idade superior a sete anos), proporção cos mais baixos associaram-se à presen- estudo não se encontrou uma diferença
sempre superior à que foi observada no ça de cárie dentária apenas quando o nível significativa entre a ingestão diária deste
total de crianças de seis anos estudadas socioeconómico foi avaliado pela classifi- tipo de açucares e a de açucares de curta
no ENPCDPE (33%), sendo esta dife- cação de Graffar(10), não se demonstrando duração(5). Na nossa amostra, as crianças
rença ainda maior se comparada apenas quando comparada com outros indicado- que ingeriam doces diariamente apresen-
com as crianças de seis anos da Região res como o nível de escolaridade dos pais/ taram maior proporção de cárie dentária,
Norte (29,1%)(11). Salvaguardando algum educadores ou o número de agregado fa- independentemente do tipo de açúcar in-
erro na comparação, pelas razões já refe- miliar. A classificação social internacional gerido. Apesar de não ser encontrada ex-
ridas, estes valores traduzem ganhos em de Graffar encontra-se deslocada no tem- plicação para este resultado, a associação
saúde estando porém, aquém da meta po pois valoriza aspectos de qualidade de entre a ingestão de todo o tipo de doces
dos 50% de crianças livres de cáries pre- vida hoje ubiquitários em quase todas as e a presença de cárie dentária valoriza a
conizada pela OMS para 2000(11,12,13). faixas sociais tendo perdido boa parte da importância de eliminar a sua ingestão na
A prevalência de cárie dentária na sua capacidade discriminativa. No entan- dieta diária, dificultando o seu acesso e
dentição temporária das crianças estuda- to, apesar de pouco idónea, continua a ser promovendo hábitos alimentares saudá-
das, representada pelo índice de cpo, foi um instrumento de classificação social da veis junto das crianças e seus familiares.
mais baixa do que a encontrada a nível família muito utilizado e o único que per- O uso de biberão e o hábito de suc-
nacional no ENPCDPE (3,56), sendo ain- mitiu, no presente estudo, encontrar uma ção na chupeta ou digital não se asso-
da maior a diferença quando comparada associação significativa entre a presença ciaram a uma maior prevalência de cárie
apenas com as crianças da Região Norte de cárie dentária e níveis socioeconómi- o que está de acordo com estudos ante-
(3,85)(11). cos mais baixos, conforme é referido por riores(15).
A prevalência de cárie dentária na vários autores(5-10-14). Esta associação su- Alguns estudos referem o efeito be-
dentição definitiva, representada pelo ín- gere que crianças provenientes de níveis néfico do flúor tópico na prevenção de cá-
dice CPOd, foi bastante mais baixa nas sociais mais desfavorecidos devam bene- ries dentárias. O seu uso é recomendado
crianças com idade igual ou inferior a seis ficiar mais de serviços preventivos mais após os seis anos na forma de bochechos
anos do que a encontrada no ENPCDPE intensivos e mais frequentes devendo ser fluoretados quinzenais no Programa Na-
(0,23), esta diferença é menor quando feito um maior esforço de educação e pro- cional de Promoção de Saúde Oral (PNP-
comparada apenas com as crianças da moção da saúde oral neste sector da po- SO). Na nossa amostra, não se encontrou
Região Norte (0,21)(11). Nas crianças com pulação. A redução do imposto nos produ- associação entre o uso de flúor e a pre-
idade superior a seis anos o índice de tos de higiene dentária, que são taxados sença de cáries mas encontrou-se uma
CPOd encontrado foi superior ao do refe- com o escalão mais elevado do Imposto associação entre o hábito de escovar os
rido estudo sustentando o facto referido de Valor Acrescentado (IVA), é uma das dentes e a ausência de cáries o que está
por vários estudos, que a prevalência da medidas que pode ser instituída. de acordo com os resultados encontrados
cárie dentária aumenta com a idade(11-13). No estudo apresentado, não foi noutros estudos que associam ao hábito
A cárie dentária na dentição definitiva encontrada qualquer relação estatistica- de escovar os dentes um efeito preventivo
deveu-se à presença de cárie no primei- mente significativa entre o aleitamento do aparecimento de cáries e suporta as
ro molar definitivo, tendo correspondido materno e a presença ou não de cáries medidas do novo PNPSO que incentiva
a todos os casos de doença na dentição dentárias o que está de acordo com ou- à escovagem diária dos dentes desde a
permanente. De modo semelhante a es- tros estudos(13). Também não foi encon- erupção do primeiro dente(1-4-16-17). Exis-
tudos anteriores, a doença na dentição trada relação entre a idade de introdução te uma grande dificuldade em efectuar
permanente de crianças com seis anos do leite de vaca inteiro e a presença de a análise comparativa de prevalência de
de idade corresponde à doença no pri- cárie dentária, o que não confirma os re- má oclusão mediante a heterogeneidade
meiro molar definitivo(11). sultados encontrados em alguns estudos de critérios de classificação adoptados(17).

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A prevalência de má oclusão na nossa rios (a não escovagem dos dentes). A má with six years old or younger and 61.4%
amostra foi de 22,3%, este valor não é oclusão dentária é também um problema of the children older than six years old. In
muito elevado quando comparado com de saúde pública que tem de ser preveni- temporary dentition the dmf índex among
estudos anteriores cujas prevalências do, associa-se a hábitos deletérios como all children was 1.84 (1.5 decayed, 0.067
variam entre os 17 e os 79,3%(6-18-19-20). A a sucção não alimentar devendo estes missing due to caries and 0.27 filled),
persistência de hábitos deletérios, como a ser desencorajados principalmente após 1.72 (1,45 decayed, 0.033 missing due
sucção digital ou na chupeta, para além os três anos de idade. O aleitamento ma- to caries and 0.24 filled) in children with
dos três anos, associou-se a um maior ris- terno previne a má oclusão e deve ser six years old or younger and 1.99 (1.58
co de má oclusão, pois é nesta fase que encorajado. decayed, 0.11 missing due to caries and
se observa o maior potencial para oca- A prevalência de crianças acompa- 0,30 filled) in children older than six years
sionar anomalias persistentes da oclusão nhadas pelo médico dentista no sentido old. In permanent dentition the DMF in-
dentária(17-18-19). A presença deste tipo de da prevenção e tratamento da cárie e da dex was 0.17 (0.17 decayed), 0.008
hábitos, associada ou não ao uso de bibe- má oclusão pouco tem aumentado sendo (0.008 decayed) in children with six years
rão, envolve os músculos orofaciais de tal ainda muito deficitária, o acesso a este old or younger and 0.38 (0.38 decayed)
forma que faz com que o seu impacto no tipo de cuidados de saúde deve ser facili- in children older than six years old. A sig-
palato seja o presumível responsável pelo tado e estimulado. nificant higher prevalence of caries was
mau alinhamento dentário(19-20). As crian- Existe uma relação causal directa found in children who did not wash their
ças que referiram ingerir diariamente do- entre o declínio da cárie dentária e a im- teeth daily, (68.9% vs 52%, p < 0.05), that
ces de longa duração apresentaram maior plementação de programas preventivos ingested sugars at least once daily (67%
percentagem de má oclusão. Esta relação no entanto, a actual situação da saúde vs 48%, p< 0,05) and that belonged to a
pode dever-se ao tipo de envolvimento oral ainda requer muitos melhoramentos lower socioeconomic status. Fifty children
dos músculos orofaciais que este tipo de sendo importante dar mais ênfase à im- presented malocclusion (21.1% among
alimentos requer e que poderão provocar plementação efectiva de programas pre- children with six years old or younger and
alterações no palato responsáveis pelo ventivos dirigidos à promoção de saúde 2.0% of the children older than six years
mau alinhamento dentário. Outros estu- oral nas escolas e na população em geral old). The presence of malocclusion was
dos são necessários para confirmar esta focando, em especial, as classes socioe- associated with the use of a pacifier (55%
hipótese. Vários estudos apontam o alei- conómicas mais desfavorecidas. vs 19.4%, p< 0.05) and in those children
tamento materno como preventivo da má who stopped using a pacifier after the
oclusão dentária sendo este considerado age of three years (31.1% vs 10.7%, p<
como o estímulo ideal para o desenvolvi- PRESCHOOL AND SCHOOL AGE 0.05), with finger-sucking habit (63.6%
mento dos componentes muscular e es- CHILDREN ORAL HEALTH IN AN vs 20.2%, p< 0.05), with long-lasting
quelético do complexo orofacial(20-21). Este URBAN SETTING sources of sugars daily ingestion (33.3%
dado não foi confirmado no nosso estudo, vs 19.3%, p <0.05) and with the use of
pois apesar da proporção de má oclusão ABSTRACT bottle-feeding (34.3% vs 20.2%, p< 0.05).
ter sido menor nas crianças que fizeram Introduction: Dental caries and Bottle-feeding was associated with the
aleitamento materno para além dos três malocclusion are important odontologic use of a pacifier (25.7% vs 5.8%, p< 0.05)
meses, esta associação não foi estatisti- problems in childhood and have multifac- and finger-sucking habit (27.3% vs 8.0%,
camente significativa. torial etiology. p <0.05).
Objectives: To assess the preva- Discussion: When compared with
CONCLUSÕES lence of dental caries, malocclusion and previous nacional epidemiologic studies
Estes resultados traduzem ganhos oral heatlh habits in preschool and school a higher proportion of free-caries children
em saúde por apresentarem menor pre- age children. were found in this study. Malocclusion
valência de cárie dentária do que estu- Methods: Dentition status and den- was associated with the presence of fin-
dos epidemiológicos anteriores. Porém, tal aesthetic index of preschool and sec- ger sucking and a pacifier sucking habit
mais de metade das crianças estudadas ond degree children from public schools beyond three years old.
apresentaram cárie dentária não tendo, in an urban area was evaluated. Children Conclusion: Dental caries and
assim, sido atingida a meta estabelecida and caregivers completed a questionnaire malocclusion prevalence are high, higher
pela OMS para o ano 2000. A cárie den- about dental health habits. The socioeco- in older ages, multifactorial and associ-
tária associa-se a vários factores que têm nomic status was determined. ated to many preventable factors.
de ser considerados aquando da concep- Results: Among the population of Key-words: Dental caries; Maloc-
ção de programas de promoção da saú- 277 children, 224 were elligible. Mean clusion; Dental aesthetic index; Preva-
de oral nomeadamente, classes socio- age was six years old (three to ten years lence; Habits; Oral health.
económicas mais baixas, maus hábitos old) with five and seven years old mode
alimentares (como a ingestão diária de ages. Dental caries were registered in 127 Nascer e Crescer 2009; 18(2): 78-84
doces) e hábitos de higiene oral deficitá- children (56.7%), 52.8% among children

artigo original 83
NASCER E CRESCER
revista do hospital de crianças maria pia
ano 2009, vol XVIII, n.º 2

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