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Dermeval Saviani Historia das Sdéias CRdagégicas no Brasil 09283299 ere Este livto foi construido a partir dos re- Sultados da investizagio conduzida pelo autor com Bolsa de Produtividade em Pes- iquisa do Consetho Nacional de Desenvol- ‘vimento Cientifico e Tecnol6gico (CNPa) Nessa condigio, a, publicacao obt apoio de una parcela da verba do atlicio- fnal de bancada acoplado a Bolsa de Produ- tividade, Como projeto inteyrado, a pesqui S4 contou, na primeita fase, entre agosto de 1996 ¢ julho de 1998, com trés bolsistas de iniciacao cientifica: Daniela Ferreira Mendonca Marques, Elsa Jonge Bellotti ¢ Gabriela Ricci Libanio. Na segunda fase, de Agosto de 1998 a julho de 2000, colabora- am duias bolsistas: a Elsa Jorge Bellotti, que Continuow vinculada ao projeto, somou-se Paiila de Mesquita Sampaio. Por fim, na ter- Gira € altima fase, de agosto de 2000 a ju- Tho de 2003, o projeto contou com uma bolsista de iniciagso: Patricia Cristina Fincatti Moreira, que atuow mos dois pri- Mheiros anos, sendo substitulda, no sltimo ano, por Tainé Reka Wanderley de Paula, trabalho dessas bolsista foi especialmen- Terelevante, pois permitiu agilizar em gran- de parte os elementos empiricos material tados nas fontes. Todas eram, 3 épdca, alt nas do curso de pedagogia da Unicawe, A Blas © autor agradece o interesse Constante € a dedicagio com que realisaram as tare fas que thes foram atribuidas no desenvol- ‘vimento do projeto de pesquisa, ARTE DE GRAMé MATICA DA LINGOA ‘mais viadanacoitade Bra fide Aesbiea de Cipaiade EDITORA AUTORES ASSOCIADOS LTDA. Ti etna educate a ergo da ctr rasa ‘Av, Albino J B. de Olvei, 901 | Barko Geraldo (CEP 1306-008 1 Campinas - SP “elfone: (35) (19) 521-2500 I Fax (35) (19) 3249-2801 ‘Email edtorstausoresasocados.com.be ‘Gatilogo on line wow autoresassocladoscom be ‘Conselio Eto “Prof Casemito don Reis Fh Bernards A. Gat Carls Roberto Jamil Cy Dermera Sanne Ciera. de Mt fanmuzzt Mani aparsida Mona Water Garcia Dietor Executive liso Bly cs eis Coorsenadors ator Esta ombarde lve Marques rina Olea Dornelas argo Nascimento Diagamagio e Composiio DIG tide Aten Bika Bomba PUCRS - BIBLIOTECA sih2 2174 -4O 1:370:-981 SQ6¢h Impressio € Acsbamento Prol Etna Grifca Gapas re 4 esi ¢ trac de Cal se arse ust tendo cono tea a ela de Benedict Calisto nia (cma de Archit, que mista © padre Joe de Anche ‘ecrevendo nis areas da pea de Ipeoig um po dedicado 3 ‘Viger Mari. 1905) apas 203 Bibaca Jot Guta Monon Foto: Lucia st. Loeb (Devas da Bibieca DYaipnada ce Guta José Min Nott: Brains. Ease Fas/Eagties Eber Nacional Fotografia de tnca Minin Loe Copyeight Jose Minin) aco eit ik gu de pose rain pe A Eélora Autores Associades apradece 3 todos que ooiborrem as imagens. acu ‘slampadas. A Eda Gedara ands. tor se sora pare soar as areas recesses 3 {oon 8 eros Denuncse a copia leg Dermeval Saviani Historia das idéias pedagégicas no Brasil 24 Edicdo Revista e Ampliada Coleco Meméria da Educagao PUCRSIBCE MINHA 09283299 AUTORE! ASSOCIADO! Dados Intrnaconas de Catalogo na Pablicagso (CIP) (Camara Brasera do Livro, SP, Bras) Savian, Dermeval Histirin das idéias pedagégicas no Brasil | Deemeval Savian,—2 orev. empl. ~ Campinas, SP: Autores Associados, 2008. (Colegio memera da edueae0) Bibliograf ISBN 975-85-7496.2009 1, Racagio—Brusil—Histia 2, Baca Hitin 3, Peogog Histiria [Titulo I. Séee 07-6929 ep -a70 981 fndices para cation sistema: 1. Brasil déins pedagsgens: Edueagio: Histria 70981 1" Edigao ~ setembro de 2007 Impresso no Brasil - setembro de 2008 Copyright © 2008 by Editora Autores Associados LTDA. Depésito legal na Biblateea Nacional conforme Lei n. 10.994, de 14 do dezombro de 2004, que revogou o Decretolei n. 1.825, de 20 de ddezerbro de 1907 [Nenbuma parte a publiengo poder ser reproduzida ou tranamitida de qualquer modo ou por qualquor meio, ea eletrnico, mecineo, de Fowespia, de gravaglo, ou outros, sem prévia atorizagio por escrito ‘da Editora, 0 Citgo Penal brasileito determina, no artigo 164: “Dos erimes entra a propredade intelectual Violagio de direito autoral Art. 184, Vilar direito autral Pena ~ detengio de trés meses a um a oy mult 1! Sea violagao consstr na reprodugto, por qualquer meio, de bra intelectual, no todo ou em parte, para fins de comércio, sem fautorieagio expressa do ator ot de quem o roprccente, ou constr tna reprodugio de fonograms e videograma, sem autorizagio do produtar ou de quem o represente Pena ~reclusio de uma quatro anos e malta Pasa Maria Aparecida, his de porque infnito seme dra Pau Benjamim: (Quer est com a juve que elt os clsiws prs 0 pore SS Sumario Lista pe sIoLAs 7 : x PReFAciO A 2 EDIGAO. suse ewes ss PrerAcio sei IsrnopU¢A0. ashes ena part al 1. Configuracto do projeto.. ‘ eosat 2. Questdesreicas relativa a0 conceito de historia das ideias pedagdgicas e & perspectiva de analise 5 3, A questio da periodizagio na historia das ideias rpedagogieas no Brasil on 7 R 4. Conelusto = . a PRIMEIRO PERIODO. [AS IDELAS PEDAGOGICAS NO BRASIL ENTRE 1549 E 1759: TMONOPOLIO DA VERTENTE RELIGIOSA DA FEDACOGIA TRADICIONAL Carino 1 COLONI2ACAO F EDLCAGAO «+ 25 1. A unidade do proceso no plano da linguagem a rai etimoligica comm a coloniagto, educagio e catequese eu 2. Colonisagto e educagio no Brasil ‘i sissrer 2D. Cariruto tt Usa renaccia pastiica (1549-1599) 33 1. Aeducagio indigena...- 3 2. As ordens religiosas ea educagio colonial = 39 } 3. Uma pedagogia brasilica 7 8 Cavmuo Ut [A ISSTITUCIONALIZAGAO DA TEDAGOGIA FESUITICA OU Rano Srupiontn (1599-1759)... i aw [emuoreeaeees Antecedentes do Ratio Stadionum: modus italicus versus modus paisenss 50 2. Abrangéncia das regras do Ratio Studionum 3 3, Sentido e éxito do ideério pedagdgico do Ratio Seudionam 56 SEGUNDO PERIODO AS IDEIAS PEDAGOGICAS NO BRASIL ENTRE 1759 E 1932: CCOENISTENCIA ENTRE AS VERTENTES RELIGIOSA E LEIGA DA PEDAGOGIA TRADIGIONAL Carinu.o IV [AMAQUINA MERCANTE" FAS METAMORFOSES NA EDUCAGAO se 1. Os jesutas e sistema mercantil cae eed fae 2. A administragio temporal dos bens divinos rasa 68 Canute V) As IDFIAS PEDAGOGICAS DO DESFOTISMO ESCLAKECIDO (1759-1827)... 7 1. Pombal eo Iuminismo portugués....2.2+2+2+0+5 7 2. A reforma dos estudos menores. 2 3. Reforma dos estudos maiores: a Universidade de Coimbra 90 4, Reforma das escolas de primeiras letras . 95 5. As ideias pedagdgicas do pombalismo: Verney e Ribeiro Sanches ..... 99 6. *Viradeira de Dona Maria I" e persisténcia do pombalismo 105 7. As reformas pombalinas no Brasil af 107 8. Azeredo Coutinho ¢ o Seminario de Olinda 110 Carinae VI DDéseNvorviwenTo DAS IDEAS PEDAOOGICAS LEIGAS: FCLETISMO, LUpERALISMO & Rosriviswo (1827-1932). us 1, ‘Silvestre Pinheiro Ferreira eo ecletismo esclarecida 7 2. As ideias pedagogicas nos debates da Assembléia Nacional Constituinte 9 3. As idéias pedagogies ¢ 0 problema nacional da insteusio publica ... 124 4. A questo pedagdica nas Escolas de Primeiras Letras: © método mniruo cere 126 5. As ieias pedagéyicas na Reforma Couto Ferraz 10 6. As idéias pedagogicas na Reforma Ledncio de Carvalho 136 7. © método intuitive oe 138 8, Um caso paradigmitico do ensine privalo, o Barto de Macabubas .. 11 9. Novas exigencias produrivas: aboligio e instrugio. 159 10. ideia de sistema educacional: questio nfo resolvida 166 11-0 advento dos grupos escolares . 7 12.As idéias pedagdgias republicanas: positviame e laicisma s.se.c0.- 177 B.A reagio catdlica 179 14. As idéias pedagdgics ndorheyemonicas 181 ‘TERCEIRO PERIODO AS IDEIAS PEDAGOGICAS NO BRASIL ENTRE 1932 E 1968: Cartruto Vit FFORDISMO, KEYNESIANISMO E A NOVA EDUCAGAO, 1. Modernizagio da agricultura cafeeira 2. Aquestio da industralizagao. Carino VIIL EQUILIIO BSTRE A FEDAGOGIA TRADICIONAL EAPunaccoia Nova (1932-1947) Umescolanovistadecreta a valta do ensino relisioso nas esclas Lourengo Filho: as bases psicoldgieas do movimento renovador Femando de Azevedo: as bases socioligicase as reformas do ensino ‘Ajsio Teixeira: as bases ilosieas epolttcas da renovagio escolar ‘A Associasio Brasileira de Educagao e os antecedentes ddo “Manifesto” de 1932 ‘ {© “Manifesto dos Pioneirs da Edueagio Nova” A reagio catdlicae a lideranga de Algeu Amoroso Lima Francisco Campos, Gustavo Capanema e as inciativas sgovernamentais 9. Eauilfrio entre catlicos erenovadores 10.As corzentes nao-hegeménicas Carino 1X Frances oa rnscoca nove (97.1960) Clemente Mariani ea primeita Lei de Diretrizes e Bases da Educagho Nacional 2. Oconto escola particular versus escola pablica 3. © Manifesto “Mais uma vez convocados" ‘ 4. Predominio da pedagogia novae renovagio eatica... Cariruto X CChist Da FEDAGOGIA NOVA E ARTICULAGAO DA FEDAGOGIA ‘TeENKCSTA (1961-1969) : 1. LDB aprovada: o PNE de Anisio Teixeita. ‘A Capes e Lauro de Oliveira Lima: Piaget ea escola secundiria moderna - Olsen: nacional-desenvolvimentismo e educagdo Cultura popular e educagio popular. Paulo Freire e a emergéncia das idias pedagéicas libercadoras Apogeu e crise da pedagosia nova a ‘O lrss ea articulagao da pedagogia tecnicista 187 187 191 195 195 198 206 218 229 241 254 265 270 272 am + 28 284 293 297 = 305 305 308 310 316 319 336 341 cunaro rexiovo Lista de siglas AS IDEIAS PEDAGOGICAS NO BRASIL ENTRE 1969 + 2001 CONFIGURAGAO DA CONCERGAO FEDAGOGICA PRODUTIVISTA Carmuto XI ‘A EDUCACAO NA RUPTURA FOLITICA PARA A CONTINUIDADE SOCIOECONOMICA ... 349) 1, Estado, regime politico e desenvolvimentismo no Brasil pés-1930 ... 349 2, AESG ea doutrina da interdependéncia... se sae O02) 3. Desfecho da contradigio modelo econémico versus ideologia politica: o regime militar 361 4, Emergéncia © predomindncia da concepgao produtivista de educagao 365 Capiruto XU PEDAGOGIA TECNICISTA, CONCEPCAO ANALITICA F VISAO critico-ernopuTivista (1969-1980) ... .. 367 1. A pedagogia tenicista: uma visio a partir da movimento editorial. 369 ‘Agto Popular i : AP 2. Valnit Chagas e as reformas do ensino, 373 ‘Agio Popular Marxsta Leninista . APML, 3. A concepgio pedagogica tecnicista ..... 381 ‘Administragio da Cooperagio Internacional Ica 4. A concepgio analitica ... a + 384 Agencia dos Estados Unidos para 0 Desenvolvimento Internacional Usan 5. A visto critico-reprodutivista cee 392 Alianca Nacional Libertadora f ANL Aparelhos Ideoligieos de Estado a : oe ALE. Cariroto XU Associagio Brasileira de Educagio és ‘ ABE EENSAIOS CONTRA-HEGEMONICOS: AS PEDAGOGIAS CRITICAS BUSCANDO Associagio dle Educadores Catalicos 7 AEC ORIENTAR A PRarica eDUcATIVA (1980-1991) . sega nenneey oy 400 Associacio dos Diplomados da Escola Superior de Guers bese 1. Otganizagio e mobilizagio do campo educacional 402 | ‘Associasio Nacional de Docentes do Ensino Superior woes: 2. Circulagio das ideias pedagogicas 407 Associagao Nacional de Educagio ANbe 3. As pedagogias contrachegemonicas : 4B Associa Nacional de PisGraduagto e Pesquisa em Educagio Awred 4. Conclusio ....... . . 22 Associagbes de Professres Catoicos A : APCS. Bloco OperitioCamponés..... » BOC Cariruto XIV Campanha de Aperfeigoamento ¢ Difusio do Ensino Secundieio Caves © NEOFRODUTIVISMO E SUAS VARIANTES: NEO-ESCOLANOVISMO, ‘Campanha de Educagto de Adolescentes © Adulos. ceuseses CEAA NEOCONSTRUTIVISMO, NEOTECNICISNO (1991-2001)... aoe has! GurmpaniaNesinel da-Edcaeas Rana CNER |. As bases econ6mico-pedagigicas: reconversio produtiva, Central de Inteligéncia dos Estados Unidos cla eoprodutivismo ea *pedagogia da exclusio’ vr 129 Central Unica dos Trabalhadores 2 cur 2. As bases didarico-pedayégicas: 0 “aprender a aprender” e sua ‘Geemclbeeal Deaorthies : Pei dispersao pelos diferentes espagos socials (neo-escolanovismo) BI ‘Contre Braslaly UW Reauiag Eeledciessa, CBPE 3. As bases psicopedagdgicas: a reorientagio das atividades construtivas kro dar ilalcan'ds Cosa de Ses Eas. ie Giese a crianga (neoconstrurivismo) e a *pedagogia das competéncias” ... 434 Gauss dalle Echesean & Spcicaade Ces 4, As bases pedagégicoadministrativas: a reorganizagdo das escolas j Centro de Pesquisa e Documentagi de Histiria Contemporanea € redefinicio do papel do Estado (neotecnicismo); “qualidade total” do Brasil da Fundagio Getilio Vargas ¢ “pedagogia corporativa” eo 87 ‘Centro Intercultural de Documentasio 3, Concha’ «ov. ven “ Centro Regional de Pesquisas Educacionais Cancisto: a4 i CCenttos Integrados de Educacio Publica | Cenero Popular de Cultura 453 ‘Comissdo Economica para a América Latina © 0 Caribe Comissto Paslamentar de Inquérito REFERENCIAS ntnLLOGRAFICAS Sonre © auToR 475 Confederagio de Professores do Brasil a ‘Confederagio Nacional de Funcionirios de Escolas Publieas CConfederacio Nacional dos Trabalhadores da Educacto Conferéncia Brasileira de Educagio Conferéncia Nacional dos Bispos do Brasil Conferéncia Brasleita de Educasio ‘Congress Nacional de Educagio Comselho Federal de Educagio ‘Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfica ¢ Teenol6ico CConrdenacio de Aperfeigoamento de Pessoal de Nivel Superior Divisio de Aperfeigoamento do Mayisté Divisio de Dociumentagio € Informagio Pedagisica Divisio de Estudos ¢ Pesquisas Educacionais Divisio de Estudos e Pesquisas Soca Encontro Nacional de Diiticae Pritica de Ensino Escola Superioe de Guerra Estados Unidos da Ameri Fesderaci das Asoxiages de Serviores ds Uni Federagio das Indstrias do Estado de Sto Paulo. Fedtagio Nacional de Orientadores Educacionais Federagio Nacional de Supervisores Educacionais Fernando Henrique Cardoso Financiadora de Estudos e Projetos - orca Expedicionaria Brasileira Fults Brelars pars o Desenvolvimento do Ensino de Cincias Fundacio de Amparo 4 Pesquisa do Estado de Minas Gerais Fundagio de Amparo 4 Pesquisa do Estado de Sao Paulo Fundagio de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro Fundagio de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul Fundo de Manutengio ¢ Desenvolvimento da Educacio Bisica & dle Valorzagio dos Prfissionais da Educacio Fando de Manoengio« Desulkimento do Ensino Furamentl © de Valorzagio do Magistério. Fundo Monetirio Internacional Gingsios Experimentais Plurcurticuares Grupo de Estudos de Ensino de Matematica Grupo de Trabalho Homens de Agio Catslica Instituto Brasileiro de Agio Democratic Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia ¢ Politica jo de Edueagto, Ciéncia ¢ Culeura Instituto de Estudos Avanealos em Educaco da Fundacio Cecilio Vass Instituto de Estudos Brasileitos da Universidade de Sio Paulo Instituto le Organizasio Racional do Trabalho Insicuto de Pesquisa ¢ Treinamento em Reforma Assia, Instituto Br cee, Coxarer NTE CBE CNB CBE ‘Conn CFE, cNPa Canes DAM pir Dere Ders Exovne ESG EUA Fasuaea Fuss Fexor Fexast FHC Fixer FEB. + Fonsec Pareto arese Faren) Farenos Fonen Fuxoer PML GEDs Grew or HAC. lap Inst Ieee Teste FOV TERUSP, oom Tena. Instituto de Pesquisas e Estudos Socias Inotituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira Instituto Superior de Estudos Brasileiros. Juventud Agraria Caroliea Javentude Estudancil Carla Juventude Independente Cardlica Juventude Operaria Cardi Javentuce Universitaria Cardlica Lei de Diretrises © Bates da Educagho Nacional Liga Eleitoral Catoica Liga Feminina da Agao Catolica Ministéri da Educasio Mobilagio Noional Conta o Analabetimo Movimento Brasileiro de Alfaberizagio Movimento de Educago de Base ‘Movimento de Cultura Populat (Objetivos Nacionais Aruais Objetivos Nacionais Permanentes COnganizagio das Nag6es Unidas Cramiatae de Nags Unids para «Bdtcao, «Citi Cul ‘Onganizagio das Nagies Unidas para Agricultura e Alimentagio. Organisagio dos Estados Americanos Organizagto Incernacional do Trabalho. Partido Comunista Brasil : Partido da Social Democracia Brasilei Partido do Movimento Democratico Brasileiro. Partido dos Trabalhadores Partido Republicano Paulista Partido Social Democritico Partido Social Progresssta Partido Trabalhisea Brasileiro : Mone Baca de Desemolimento Cinco ¢ Tecnologie Plano Nacional de Desenvolvimento Plano Nacional de Educacto Plano Nacional de PosGraduagio Plano Serorial de Educagio ¢ Cultura Tontficia Universidade Catoica opulagio Eeonomicamente Ativa Prats de Aututéncla Braleier-Amercana no Ensino Element Servigo de Extensio Cultural Servigo Nacional de Aprendizagem Comercial Servigo Nacional de Aprendizayem Industral Servigo Social da Industria Sociedade Brasileira para o Progresso da Ci Superintendéncia da Moeda e do Cxédito Monat MEB MCPs ONAS ONPs ONU Unesco FAO OFA or » PCB PSDB PMDB PT PRP Psp PsP PTB PBDCT PND. PNE PNPG Pstc = PUC. PEA Pana sei SENN set BPC. sumo Unido Democratia Nacional Unio Nacional dos Estudantes United Stas Operstions Mission to Brasil (*Missdo Norte Americana UDN UNE de Cooperagao Técnica no Brasil” ou *Missio dos Estados Unidos para Fazer Nomeagdes no Brasil’) Universidade de Bras Universidade de Sto Paulo Universidade Estadual de Campinas Universidade Estadual Paulista Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Universidade Federal de Minas Gerais. Universidade Federal do Rio de Janciro sow ‘UnB Us Usicaur Uses UFMS UFMG UFR] Prefacio 4 2° edigao gratificante constatar que, em menos de um ano, esgotouse a primeira edi sao deste live. Procurando corresponder gene: rosa acolhida dos leitores, procedi visio de todo o texto, corrigindo alguns deslizes formais detectados na primeira edigio, CComplementei, também, informagées sobre alguns dos [personagens, tanto pessoas como instituicdes, que figu- ram na nossa historia das idgias pedagogieas. E, princi- a pas sagem em que me reporto a Lyotant para caracterizar © palmente, reescrevi, conferindodhe maior clare lima posmoderno. Aproveitei, ainda, a circunstancia desta nova edigio, para incluir nas referéncias bibliograficas a importante trilogia sobre a historia do ensino prot publicada em 2000 por Luiz Antonio Cunha: 1. Oensino de oficios artesanais e manufacuretras no Brasil esavocrata, onal no Brasil, que cobre 8 periodos da Colonia e do Impérios 2. 0 censino de oficios nos priméndios da industrilizagdo, referente wi DDERVEVAL SAAN { Primeira Republica; 3. O ensino profisional na imadiagdo do industvalismo, abrangendo desde o Estado Novo até os dias atuais. Nos locais apropriados, o leitor & remetido para cada uma dessas obras. Além da revisio e das complementagdes, tenho a alegria de acrescentar, nesta nova edigio, as foros de Paulo Freire e de Florestan Fernandes que, inegavelmente, vém enriquecer a ilustragio deste livro. Quero, pois, agrade- cer a Ana Maria Araujo Freire, vidva de Paulo e Heloisa Fernandes Silveira filha de Florestan, pela gentileza em autorisar a publicagio dessas fotos. Finalmente, n agradecimentos aos professores Gil berto Luiz Alves e José Carlos Araijo, assim como a Sandino Hoff, Aline Perazzoli e Maristela Ferreira da Rocha que, debrucandose sobre o contetido deste livro, prod Revista Brasileira de Educasao (vol. 13, n. 37, jan./abr. 2008, pp. 173-178); revista Presenga Pedagégica (vol. 14, n. 81, maio/jun. 2008, pp. 6670); e na revista Roteto vol. 30, n. 2, jul/dez. 2007, pp. 231-232), que muito valorizar ram a presente obra fam importantes resenhas publicadas respectivamente na E, pois, com satisfacio que apresento a segunda edigio desta. Histéria das ‘déias pedaégicas no Brasil, esperando continuar contando com a caloross acolhida dos leitores ‘Campinas, 30 de agosto de 2008 Dermeval Savian Prefacio co coneluir um longo esforgo de pescuic sa cobrindo © conjunto das ideias pe- dagégicas no Brasil desde as origens até os dias atuais, sentimentos contradit’- ros apossamse do pesquisador. De um et co, a percepgio do caraterinconcluso dlo trabalho, dada a conscigneia de que diversos aspectos dltectados nas fontes ¢ nas iniimeras leituras reaizadas rio puderam ser devidamente explorados e incorpors dlos aos resultados da investiga, Iso sem contar as vi rias questbes identificadas que exigiriam a busca de novas fontes para serem adequadamente equacionadas, De ou- tro lado, a massa de informagies feunidas & de tal vulto auc, se produz a gratifcante sensagio de que 6 empenho rendea frutos compensadares, também coloca a indagi io sobre o que fazer com o produto obtido; como aproveitilo e, sobretudo, como socializélo, Minha percepcio sobre o estigio atual das pesquisas ‘em historia da educacio, jt externadas em oportunida- des anteriores, & que, embora haja ainda muito a invest wit DOERVEVAL SAAN sar, 0 conhecimento ji disponivel se ampliou consideravelmente. Isso resuk tout de um vigoroso desenvolvimento das pesquisas historico-educativas em ‘nosso pais nos ilimos vinte anos. Observase, porém, que mesmo os conhe- cimentos ja disponiveis nio tém sido incorporados como objeto de ensino. Resulta pertinente, portanto, indagar sobre o grau em que as investigagbes so suscetiveis de se integrarem aos programas de ensino préprios das disci plinas escolares. © encaminhamento da resposta a esse problema traz, a meu ver, a exigéncia de que, akém dos estudos de corte analitico incidindo sobre temas out momentos especifcos, se devam elaborar estudos de carter sinté tico que permitam articular, numa compreensio de mais amplo aleance, os resultados das investigagSes particulares. Ora, nés sabemos que nos tltimos anos tm prevalecido, nas pesquisas histéricoeducativa realizadas em nosso pais, as anilises especifcas caracterizadas por recortes particulaes, via de regri microscépicos, dos objetos da historia da educagio. Parece, pois, de sgrande re incia a realizagio de estudos sintéticos, uma vez que & a partir dleles que os avangos no campo da pesquisa poderio integear os programas cescolares viabilizando a sua socializgo e, em conseqiéneia, a elevagio do nivel de conhecimento da nossa histéria pela poputlaio. Foi com este espirito que projetei a pesquisa sobre a historia das ideas pedagdgicas no Brasil, incidindo mais sobre a sintese do que sobre a anilise. Assim, em lugar de se dar precedéncia & descoberta de fontes ainda nio ‘exploradas visando a produsir anilises de momentos especificos da hist6ria a edueagio brasil sinteses explicativas de amplo alcance. Em razio do objetivo apontado é que 4 proposta se situow no ambito do tempo longo, procurando cobri todo © espectto da historia das ideas pedagdicas no Brasil Terminada a pesquisa, impunhase, pois, a tarefa de organizar os dados ¢ dispé-los num texto que permitisse, aos leitores, formar uma visio de con junto da historia da educagéo brasileira, pela via das idéias pedagégicas. O buscouse, a parti das fontes disponiveis, construir texto em questio materializase nesta obra que, espero, venha a permit a incorporacio dos resultados da investigagio nos programas escolares a serem trabalhados pelos professors nas salas de aula. Foi, pois, pensando nos pro- fessores que escrev este lito, Por isso, apis a introdugéo, em que, tratando de aspectos liga aos caminhos da pesquisa, dou certa satisfagio aos cole sas pesquisndores, todo o corpo do live pretend constiuiese em subsidio para o trabalho dos professores. Para isso pensei uma esturua de exposicho HISTORIA OAS IDEAS PEDAGOGICAS NO BRASIL ic dlividida em quatro partes, correspondentes aos quatro grandes periods que smarcam a historia das idéias pedagdgias mo Brasil. Cada parte se inicia com tum capitulo de ordem geral, que indica sinteticamente as linhas bisicas do momento histérico determinante das idéias pedagdaicas correspondentes a0 periodo entio analisado. Por sua ves, os capitulos subseqiientes de eada par- te foram definidos em correspondéncia com as fases constitutivas de ca perfodo estudado. No tratamento do conteiido de cada capitulo me empenhei em deixar explicitas todas as informacées disponiveis, ainda que elas possam nao ser essenciais para a compreensio do assunto tratado e, em conseqiténcia, pos sam ser dispensadas no trabalho que os professores realizario com os alunos. Assim, por exemplo, na referéncia aos eventos hist6ricos procurei datilos nfo apenas com ano, mas com o més e, até mesmo, com o dia do aconteci mento. Isso me pareceu itil, pois, por diversas vezes, ett prprio quis me certificar da data precisa de certos acontecimentos e, ao consular livros que des tratavam, me decepcionei ao verificar que a datacio era genériea, do tipo: tal acontecimento se deu nos anos iniciais do século passado. Igual- ‘mente procurei, na medida do possivel, incorporar ao texto elementos das Diografias dos principais protagonistas das idéias pedaggicas no Brasil ‘Olivro completase com 351 referéncias bibliogrificas, ito é, 0 conjunto clas fontes diretamente referidas no trabalho de redacio do texto, Dirseia que uma quantidade excessiva e que seria desejivel tomar o texto mai enxuto, escoimandow de rantas referencias. No entanto, a deciso de manté las deveuse nao apenas a exigéncia de rigor cientifico e honestidade intelec: tual, que recomendam a mengio previa is fontes em que se apoiou o traba Iho realizado, Quis manté-las também porque elas podem ser de grande utiidade aos professores na montagem da programagio das respectivas disci plinas. Com efeito, esta obra péese como um roteiro para o extudo, que pode atingir diferentes niveis de aprofundamento, da educagio brasileira em a sett desenvolvimento histérico. Assim, por exemplo, num curso geral sobre a historia da educacio brasileira, o professor pode tomar este livro como texto base, prevendo um maior nivel de aprofundamento de cada periodo ou de cada fase, organizando semindtios com grupos de alunos. Nesse caso poder recomendar, a cada grupo de alunos, leituras adicionais correspondentes 20 periodo ou fase escolhida, langando mio das referéncias bibliogrficas res- pectivas, & DeRMEVEL SAVANI Enfim, observo que este livro é um primeiro esforco no sentido de color car ao aleance dos professores um recurso que Ihes permita abordar a educa- «fo brasileira em seu conjunto, desde as origens até nossos dias. Como tal, obviamente cle nio poderia ser exaustivo. Eis a razio pela qual o considero, ‘mais propriamente, um roteiro a partir do qual um estudo mais amplo e aprofundado poder ser realizado, Além disso, sendo um primeiro esforso, certamente conterd falhas passiveis de correcio e limites suscetiveis de aper- feigoamento. Ficarei imensamente agradecido aos leitores de modo geral e, espe sesties decorrentes da urilizagio deste trabalho no ensino das diseiplinas pedagdgicas sob sua responsabilidade. icamente, aos professores que se dispuserem a me encaminhar as st ‘Campinas, 1° de maio de 2007 Dermeval Saviani Introdugao contetido desta obra resultou de um longo processo de pesquisa cuja dlti- ‘ma fase, de sete anos, contou com o apoio do Conselho Nacional de De- senvolvimento Yientifico ¢ Tecnoli BS co (CNPq). Os produtos da pesquisa compdem uma grande massa de informages que, obvi mente, no sio inteiramente contempladas neste livro, cujo objetivo foi compor uma visio de conjunto da histo tia da educagio brasileira que pudesse ausiliar os profes sores no trabalho pedagégico que realizam com seus alu- nos nas salas de aula. Antes, porém, de entrar no objeto préprio do livro, que é a exposigio das idéias pedagogi cas em sta trajetoria pela historia da educagao brasileira, apresento, nesta introduglo, uma visio geral do projeto de pesquisa que deu origem a presente publicacao. 1. CONFIGURACAO DO PROJETO © problema objeto de investigagio foi a compreen- sto da evolugio do pensament s PUCRS, 2 DERMEWAL SAAN partir da identificagio, classficagdo e periodizagio das principais concep- ‘gdes educacionais. Tratase de um tema ainda no abordado com a amplitu- de pretendida. Com efeito, existem estudos desse teor em outras éreas; nao, porém, no ambito pedag6gico. Assim, podem ser encontrados trabalhos se- melhantes nos campos da filosofia, da estética, da teligido, da sociologia, do socialismo, do direito ¢ da politica, representados, respectivamente, pelos livros Histria das ideas filosificas no Brasil (Pain, 1967) e Contibuicao a his tia das idéias no Brasil (Costs, 1967); Histria das idéias estéticas no Brasil (Tosias, 1967); Histéria das idéias religiosas no Brasil (Tornes, 1968); Histéria das idéias socioligicas no Brasil (CHACON, 1977); Histéria das idéias socalistas no Brasil (CHACON, 1981); Histéria das idéias juridicas no Brasil (MACHADO Neto, 1969); e Historia das idéias poltticas no Brasil (SALDANHA, 1968). No campo da educacio dispomos de alguns estudos gerais sobre a ria da educagto brasileira, mas que ou enfatizam a organizagio escolar ou se limitam a determinado periodo ou a determinado aspecto da educagio, nio abordando, senio perifericamente, a questio das idéias pedagdgicas. Um trabalho que, pelo titulo, Rensamento pedagigico brasieito (Gaborn, 1987), pareceria coincidir com as preocupagées do presente estudo limitase, no ‘entanto, a abordar de modo um tanto esquemitico apenas algumas rendér- gia oficial sobre o movimento dos educadores e a tentativa desse ‘movimento de rearticularse buscando abrir novos espagos pata fa- set prevalecer as idéias pedagogicas que defende, Com efeito, a0 arrebatar das mios dos edueadores © controle do processo de dis- cussio e aprovagio da nova LDB por meio da articulagio de um novo projeto que removeu aquele defendido pelo movimento ed- cacional organizado, o governo federal conseguiu fazer prevalecer sua visio, Em contrapartida, a0 realizar © LCONED, os educadores, rmanifestam a disposigio de resistir as idéias pedagdicas dominan- tes aliando a critica dessas idéias a formulagio de alternativas de politica educacional que déem uma nova substineia & pritica pe- dagégiea. Dei inicio & investigagio trabalhando com essa periodizagio preliminar ¢,a0 concluir a primeira etapa, que reve a duragio de dois anos (1996-1998), ianifestouse a necessidade de examinarse mais detidamente esse proble- ma. De um lado, parecia conveniente delimitar melhor os momentos do cstudo, pois os dois primeiros periodos se caracterizavam pela grande exten sio temporal em contraste com os demais, que so pouco extensos no tem 1po; de outro lado, aqueles dois primeinos periodos, exatamente pela sua ex tensio, exigiam a sua subdivisio em fases, o mesmo no ocorrendo cor os pperiodos mais recentes. E levantava a soguinte questio: os periodos mals recentes, pelo dinamismo da sociedade contemporinea, revelam especifick \guem entre si, justificandose, em conseaiiéncia, ‘seu tratamento diferenciado? Indagava, ainda, ea historia das idéias ped dades abjetivas que os dist ‘x6gicas no Brasil podria ser interpretada como uma sucesso de momentos sempre mais breves como resultado do adensamento do fendmeno educati- Wo 041, 20 contritio, © que estaria em causa seria o viés do pesquisador que, diante dos periodos mais distantes no tempo, cujo conhecimento jest iis sedimentado, os identifica pelas diferencas de estrutura, a0 passo que «em relagio aos periodos mais recentes,cujasfontes nao estio ainda sedimen: tadas, ele ¢ levado a dar excessiva importincia a diferengas de conjuntura tomandoas como indicadoras de periodos estruturalmente diferenciados

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