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Jean Piaget nasceu na Suiça no dia 9 de agosto de 1896 e faleceu em

Genebra em 17 de setembro de 1980. Estudou a evolução do pensamento até


a adolescência, procurando entender os mecanismos mentais que o indivíduo
utiliza para captar o mundo. Como epistemólogo, investigou o processo de
construção do conhecimento, sendo que nos últimos anos de sua vida centrou
seus estudos no pensamento lógico-matemático.
Aos 11 anos de idade, publicou seu primeiro trabalho sobre a observação de
um pardal albino. Esse breve estudo é considerado o inicio de sua brilhante
carreira cientifica.
Ele passou a combinar a psicologia experimental – que é um estudo formal e
sistemático – com métodos informais de psicologia: entrevistas, conversas e
análises de pacientes.

A teoria de Piaget do desenvolvimento cognitivo é uma teoria de etapas,


uma teoria que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de
mudanças ordenadas e previsíveis.
Pressupostos básicos de sua teoria:
o interacionismo, a idéia de construtivismo seqüencial e os fatores que
interferem no desenvolvimento.
A criança é concebida como um ser dinâmico, que a todo momento interage
com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas.
Essa interação com o ambiente faz com que construa estrutura mentais e
adquira maneiras de fazê-las funcionar. O eixo central, portanto, é a
interação organismo-meio e essa interação acontece através de dois
processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio,
funções exercidas pelo organismo ao longo da vida.
A adaptação, definida por Piaget, como o próprio desenvolvimento da
inteligência, ocorre através da assimilação e acomodação. Os esquemas de
assimilação vão se modificando, configurando os estágios de
desenvolvimento.
Considera, ainda, que o processo de desenvolvimento é influenciado por
fatores como: maturação (crescimento biológico dos órgãos), exercitação
(funcionamento dos esquemas e órgãos que implica na formação de hábitos),
aprendizagem social (aquisição de valores, linguagem, costumes e padrões
culturais e sociais) e equilibração (processo de auto regulação interna do
organismo, que se constitui na busca sucessiva de reequilíbrio após cada
desequilíbrio sofrido).
As concepções infantis combinam-se às informações advindas do meio, na
medida em que o conhecimento não é concebido apenas como sendo
descoberto espontaneamente pela criança, nem transmitido de forma mecânica
pelo meio exterior ou pelos adultos, mas, como resultado de uma interação,
na qual o sujeito é sempre um elemento ativo, que procura ativamente
compreender o mundo que o cerca, e que busca resolver as interrogações que
esse mundo provoca.
Lev S. Vygotsky (1896-1934) , professor e pesquisador foi contemporâneo de
Piaget, e nasceu em Orsha, pequena cidade da Bielorrusia em 17 de novembro
de 1896, viveu na Rússia, quando morreu, de tuberculose, tinha 37 anos.
Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como
resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e
da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada
histórico-social. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela
interação do sujeito com o meio.

As concepções de Vygotsky sobre o processo de formação de conceitos


remetem às relações entre pensamento e linguagem, à questão cultural no
processo de construção de significados pelos indivíduos, ao processo de
internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimento, que é de
natureza diferente daqueles aprendidos na vida cotidiana. Propõe uma visão de
formação das funções psíquicas superiores como internalização mediada pela
cultura.
As concepções de Vygotsky sobre o funcionamento do cérebro humano,
colocam que o cérebro é a base biológica, e suas peculiaridades definem
limites e possibilidades para o desenvolvimento humano. Essas concepções
fundamentam sua idéia de que as funções psicológicas superiores (por ex.
linguagem, memória) são construídas ao longo da história social do homem,
em sua relação com o mundo. Desse modo, as funções psicológicas superiores
referem-se a processos voluntários, ações conscientes, mecanismos
intencionais e dependem de processos de aprendizagem.
Mediação: uma idéia central para a compreensão de suas concepções sobre o
desenvolvimento humano como processo sócio-histórico é a idéia de
mediação: enquanto sujeito do conhecimento o homem não tem acesso direto
aos objetos, mas acesso mediado, através de recortes do real, operados pelos
sistemas simbólicos de que dispõe, portanto enfatiza a construção do
conhecimento como uma interação mediada por várias relações, ou seja, o
conhecimento não está sendo visto como uma ação do sujeito sobre a
realidade, assim como no construtivismo e sim, pela mediação feita por outros
sujeitos.

A linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos, representa um salto


qualitativo na evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos, as formas
de organização do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento.
É por meio dela que as funções mentais superiores são socialmente formadas
e culturalmente transmitidas, portanto, sociedades e culturas diferentes
produzem estruturas diferenciadas.
Para Vygotsky (1991), o pensamento e a palavra não são ligados por um elo
primário, mas, ao longo da evolução do pensamento e da fala, tem início uma
conexão entre ambos, que se modifica e se desenvolve. Segundo ele, o fato
mais importante revelado pelo estudo genético do pensamento e da fala é que
a reação entre ambos passa por várias mudanças. O progresso da fala não é
paralelo ao progresso do pensamento. As curvas de crescimentos de ambos
cruzam-se muitas vezes; podem atingir o mesmo ponto e correr lado a lado, e
até mesmo fundir-se por algum tempo, mas acabam se separando novamente.
Isso se aplica tanto à filogenia como à ontogenia.
Com base na abordagem genética do desenvolvimento da linguagem,
Vygotsky (in SOUZA, 2001) observa que o pensamento da criança pequena
inicialmente evolui sem a linguagem; assim como os seus primeiros balbucios
são uma forma de comunicação sem pensamento. Entretanto, já nos primeiros
meses, na fase pré-intelectual, a função social da fala já é aparente: a criança
tenta atrair a atenção do adulto por meio de sons variados. Até por volta dos
dois anos, a criança possui um pensamento pré-lingüístico e uma linguagem
pré-intelectual, mas a partir daí, eles se encontram e se unem, iniciando um
novo tipo de organização do pensamento e da linguagem. Nesse momento,
surge o pensamento verbal e a fala racional. A criança descobre que cada
objeto tem seu nome e a fala começa a servir ao intelecto e os pensamentos
começam a ser verbalizados.

Assim, segundo Vygotsky, o desenvolvimento do pensamento é


determinado pela linguagem, pelos instrumentos lingüísticos do pensamento e
pela experiência sócio-cultural da criança.
Algumas Diferenças entre Piaget e Vygotsky

Um dos pontos divergentes entre Piaget e Vygotsky parece estar


basicamente centrado na concepção de desenvolvimento. A teoria piagetiana
considera-o em sua forma retrospectiva, isto é, o nível mental atingido
determina o que o sujeito pode fazer. A teoria vygostkyana, considera-o na
dimensão prospectiva, ou seja, enfatiza que o processo em formação pode ser
concluído através da ajuda oferecida ao sujeito na realização de uma tarefa.
Enquanto Piaget não aceita em suas provas "ajudas externas", por considerá-
las inviáveis para detectar e possibilitar a evolução mental do sujeito, Vygotsky
não só as aceita, como as considera fundamentais para o processo evolutivo.

Vygotsky, teve contato com a obra de Piaget e, embora teça elogios a ela em
muitos aspectos, também a critica, por considerar que Piaget não deu a devida
importância à situação social e ao meio. Ambos atribuem grande importância
ao organismo ativo, mas Vygotsky destaca o papel do contexto histórico e
cultural nos processos de desenvolvimento e aprendizagem, sendo chamado
de socio-interacionista, e não apenas de interacionista como Piaget.
Piaget coloca ênfase nos aspectos estruturais e nas leis de caráter universal
( de origem biológica) do desenvolvimento, enquanto Vygotsky destaca as
contribuições da cultura, da interação social e a dimensão histórica do
desenvolvimento mental.
Mas, ambos são construtivistas em suas concepções do desenvolvimento
intelectual. Ou seja, sustentam que a inteligência é construída a partir das
relações recíprocas do homem com o meio.

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