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FACULDADE DE TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
BRASÍLIA/DF: XXX
i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
APROVADO POR:
______________________________________________
Prof. Kleber Melo e Silva, Doutor (ENE - UnB)
(Orientador)
______________________________________________
Paulo Cesar Gonçalves Campos (Eletrobras Eletronorte)
(Examinador externo)
______________________________________________
Bernard Fernandes Küsel (ONS)
(Examinador externo)
BRASÍLIA - DF
JULHO DE 2014
ii
FICHA CATALOGRÁFICA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GOMES, M. F. B. (2014). Avaliação da Proteção Diferencial Transversal Aplicada às Linhas
de Transmissão de Circuito Duplo. Trabalho de Graduação em Engenharia Elétrica,
Publicação XXX, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade de Brasília, Brasília,
DF, 82p.
CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: Matheus Freitas Borges Gomes.
TÍTULO: Avaliação da Proteção Diferencial Transversal Aplicada às Linhas de Transmissão
de Circuito Duplo.
GRAU: Engenheiro Eletricista ANO: 2014
____________________________
Matheus Freitas Borges Gomes
Universidade de Brasília –UnB
Campus Darcy Ribeiro
Faculdade de Tecnologia – FT
Departamento de Engenharia Elétrica
Brasília – DF
CEP: 70910-900
iii
RESUMO
iv
ABSTRACT
This work aims to evaluate the performance of the cross differential protection over a double
circuit line system. In this regard, the softwares ATP (Alternative Transients Program) and Matlab
were used to simulate, model and analyze the performance of the protection system over several fault
scenarios.
A percentage differential element along with the superimposed fault components is used to
improve the sensitivity and security of the protection scheme while the Operational plane is
implemented to achieve visual comprehension of the protection's results. Additionally, this work
proposes modifications over the Alpha plane aiming to make it suitable for the cross differential
protection. Therefore, both planes allow a visual comparison of the utilized methods.
The results are obtained in two different stages: transient simulations, in order to verify the
relay's performance during all the fault event, and mass simulations on steady state fault regime. The
obtained data presents the advantages of the cross differential protection and demonstrate substantial
improvements on the sensibility, stability and speed of the protection's system due the utilization of the
Alpha plane and superimposed fault components.
v
SUMÁRIO
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA I
INTRODUÇÃO 1
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA 1
1.2. MOTIVAÇÃO 3
1.3. OBJETIVOS 3
1.4. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO 4
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5
FUNDAMENTAÇÃO DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL 10
3.1. PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL TRADICIONAL 11
3.2. PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL PERCENTUAL 12
3.3. PLANO OPERACIONAL 13
3.4. MODOS DE OPERAÇÃO DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL 15
3.5. CÁLCULO DA ZONA DE OPERAÇÃO SUCESSIVA 17
3.6. MÉTODO DAS CORRENTES SOBREPOSTAS 18
ALGORITMO PROPOSTO 24
4.1. METODOLOGIA PROPOSTA 24
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 29
5.1. SISTEMA ANALISADO 29
5.2. SIMULAÇÕES TRANSITÓRIAS PONTUAIS 34
5.3. SIMULAÇÕES EM MASSA 55
5.4. RESUMO DOS RESULTADOS 74
CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS 76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 78
APÊNDICE 80
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.5 – Sistema teste de 230 kV proposto pelo IEEE Power System Relaying Committee.........19
Figura 4.3 – Zonas de restrição no Plano Alfa para o relé diferencial transversal................................28
Figura 5.6 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas............................................................35
Figura 5.7 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: (a)
antes da abertura monopolar do disjuntor local da linha 1; (b) Após a abertura desse disjuntor...........35
Figura 5.8 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas............................................................36
Figura 5.9 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas............................................................36
Figura 5.10 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas após a abertura monopolar do disjuntor
local da linha 1........................................................................................................................................37
Figura 5.11 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
tradicional...............................................................................................................................................38
Figura 5.12 – Proteção tradicional remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da
linha 1: (a) antes da abertura do disjuntor local da linha 1; (b) Após a abertura do disjuntor................38
vii
Figura 5.13 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
método tradicional..................................................................................................................................39
Figura 5.14 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
método tradicional..................................................................................................................................39
Figura 5.15 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
das correntes sobrepostas........................................................................................................................39
Figura 5.16 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
método das correntes sobrepostas...........................................................................................................40
Figura 5.17 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
das correntes sobrepostas........................................................................................................................40
Figura 5.18 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
método das correntes sobrepostas...........................................................................................................40
Figura 5.19 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação
entre o método tradicional e correntes sobrepostas................................................................................42
Figura 5.20 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação
entre o método tradicional e correntes sobrepostas................................................................................42
Figura 5.21 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação
entre o método tradicional e correntes sobrepostas................................................................................43
Figura 5.22 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação
entre o método tradicional e correntes sobrepostas................................................................................43
Figura 5.23 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método
tradicional...............................................................................................................................................43
Figura 5.24 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método
tradicional...............................................................................................................................................44
Figura 5.25 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método
tradicional...............................................................................................................................................44
Figura 5.26 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método
tradicional...............................................................................................................................................44
Figura 5.27 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das
correntes sobrepostas..............................................................................................................................45
Figura 5.28 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das
correntes sobrepostas..............................................................................................................................45
viii
Figura 5.29 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das
correntes sobrepostas..............................................................................................................................45
Figura 5.30 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das
correntes sobrepostas..............................................................................................................................46
Figura 5.31– Proteção local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: (a)
antes da abertura tripolar do disjuntor remoto da linha 2; (b) Após a abertura do disjuntor..................47
Figura 5.32 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas............................................................48
Figura 5.33 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
(a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico....................................................................................................48
Figura 5.34 – Proteção tradicional local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da
linha 2: (a) antes da abertura tripolar do disjuntor remoto da linha 2; (b) Após a abertura do
disjuntor..................................................................................................................................................49
Figura 5.35 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
método tradicional..................................................................................................................................50
Figura 5.36 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
método das correntes sobrepostas...........................................................................................................50
Figura 5.37 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
método das correntes sobrepostas...........................................................................................................50
Figura 5.38 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas..................................51
Figura 5.39 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas..................................52
Figura 5.40 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: método tradicional........................................................................................................52
Figura 5.41 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: método tradicional........................................................................................................52
Figura 5.42 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: método das correntes sobrepostas.................................................................................53
Figura 5.43 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: método das correntes sobrepostas.................................................................................53
Figura 5.44 – Proteção remota da linha 1 para um curto-circuito externo: método das correntes
sobrepostas..............................................................................................................................................54
ix
Figura 5.45 – Proteção local da linha 2 para um curto-circuito externo: método
tradicional...............................................................................................................................................54
Figura 5.47 – Proteção local da linha 1 para um curto-circuito externo: método das correntes
sobrepostas..............................................................................................................................................55
Figura 5.48 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da
linha 1: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas...............................................57
Figura 5.49 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98%
da linha 1: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico..................................................................................57
Figura 5.50 – Proteção local da linha 1 pelo método tradicional para curto-circuito monofásico B-T
aplicado de 2% a 98% da linha 1: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.............................................58
Figura 5.51 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98%
da linha 1: método tradicional................................................................................................................58
Figura 5.52 – Proteção local da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito
monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico..................59
Figura 5.53 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98%
da linha 1: método das correntes sobrepostas.........................................................................................59
Figura 5.54 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR
variando de 0,1 a 10: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.................................................................61
Figura 5.55 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR
variando de 0,1 a 10: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.........................61
Figura 5.56 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR
variando de 0,1 a 10: método tradicional................................................................................................62
Figura 5.57 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR
variando de 0,1 a 10: método tradicional................................................................................................62
Figura 5.58 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR
variando de 0,1 a 10: método das correntes sobrepostas........................................................................62
Figura 5.59 – Proteção remota da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-
T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando de 0,1 a 10: (a) visão geral; (b) Detalhe do
gráfico.....................................................................................................................................................63
Figura 5.60 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................65
x
Figura 5.61 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................65
Figura 5.62 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................65
Figura 5.63 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................66
Figura 5.64 – Proteção local da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-T
aplicado a 95% da linha 1 com variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: (a) visão geral; (b)
Detalhe do gráfico...................................................................................................................................66
Figura 5.65 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas..............................67
Figura 5.66 – Proteção local da linha 2 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-T
aplicado a 95% da linha 1 com variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: (a) visão geral; (b)
Detalhe do gráfico...................................................................................................................................67
Figura 5.67 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas..............................68
Figura 5.68 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................68
Figura 5.69 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................68
Figura 5.70 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas..............................69
Figura 5.71 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas..............................69
Figura 5.72 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................70
Figura 5.73 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................70
Figura 5.74 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................71
Figura 5.75 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................71
xi
Figura 5.76 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................71
Figura 5.77 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................72
Figura 5.78 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................72
Figura 5.79 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................72
Figura 5.80 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................73
Figura 5.81 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................73
Figura 5.82 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................73
Figura 5.83 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................74
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.6 – Tabela resumo dos pontos em que o sistema de proteção atua em modo de operação
instantâneo..............................................................................................................................................75
xiii
GLOSSÁRIO
xiv
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Ao mesmo tempo, legislações ambientais cada vez mais rígidas promovem grandes
dificuldades na construção de novas linhas de transmissão. Áreas de preservação permanente,
propriedades privadas e regiões com proteções ambientais específicas são verdadeiros empecilhos à
construção desses novos circuitos. Adicionalmente, os gastos envolvidos em estudos de impacto
ambiental, compra de terras, desmatamento da região que servirá como faixa de servidão e estudos de
viabilidade para definição do traçado da linha representam uma parcela significativa do custo total
para implantação de uma nova linha de transmissão. Nesse contexto, têm-se optado cada vez mais pela
utilização de linhas de transmissão de circuito duplo, pois essa solução permite o aumento da
capacidade de transmissão sem a necessidade de novas faixas de servidão ou torres de transmissão,
eliminando ou minimizando grande parte desses gastos. [2]
Por outro lado, os sistemas elétricos de potência serão sempre suscetíveis a falhas em seus
componentes, de tal forma que é impossível a construção de um sistema elétrico completamente imune
a esses defeitos. Na ocorrência de uma determinada falta, o elemento atingido deve ser desconectado
do restante do sistema de forma a minimizar seus efeitos, garantindo a integridade, não apenas do
equipamento em questão, mas do sistema elétrico como um todo. [3]
Os relatos obtidos ao longo dos anos, desde o surgimento dos primeiros sistemas de
transmissão, mostram que os diversos tipos de faltas não possuem a mesma probabilidade de ocorrer.
Faltas trifásicas, por exemplo, embora severas em termos de magnitude de corrente e dano potencial,
representam a menor parcela entre esses eventos. Por outro lado, faltas monofásicas, consideradas
1
menos nocivas, correspondem à maior parte das faltas ocorridas nos sistemas elétricos, como é
possível perceber na tabela 1.1 a seguir. [3]
A distribuição das faltas nos diferentes equipamentos do setor elétrico também não obedecem
uma relação de proporcionalidade. As linhas de transmissão, por estarem expostas a eventos tais como
tempestades, vento, descargas atmosféricas, chuva de granizo, neve e outros elementos externos, são
os componentes mais suscetíveis à faltas de todo o sistema elétrico, correspondendo à metade de todas
as falhas verificadas no mesmo. Tais estatísticas estão representadas na tabela 1.2. [3]
Total 100%
1.2. MOTIVAÇÃO
No que concerne à proteção de linhas de transmissão, é sabido que a proteção de distância é a
mais utilizada [3]. Entretanto, no caso de circuitos duplos, o acoplamento de sequência zero entre as
linhas influencia sobremaneira o desempenho dos relés de distância, tornando necessária a utilização
de técnicas de compensação dos efeitos desse acoplamento. Na tentativa de contornar essa limitação,
os avanços tecnológicos verificados na última década nos relés numéricos microprocessados, aliado ao
uso de modernos sistemas de comunicação, têm possibilitado a aplicação da proteção diferencial
longitudinal, mesmo para o caso de linhas de transmissão longas. De fato, esse tipo de proteção não é
afetado pelo acoplamento de sequência zero inerente às linhas de circuito duplo, mas requer a troca de
informações entre os diferentes terminais da linha.
1.3. OBJETIVOS
O objetivo do presente trabalho é analisar o desempenho da proteção diferencial transversal
aplicada a linhas de transmissão de circuito duplo, a partir de dados obtidos com o software ATP.
Aplicar o método das correntes sobrepostas à lógica da proteção, analisar seu desempenho e
compará-lo ao método de proteção tradicional.
Implementar a lógica da proteção diferencial transversal analisada sobre a ótica dos planos
Operacional e Alfa, tanto durante o regime transitório de falta quanto para o regime
permanente de falta.
3
1.4. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
Este trabalho está organizado como segue:
Por fim, no Capítulo 6, são apresentadas as conclusões a partir das análises dos resultados e
realizadas propostas para trabalhos futuros que possam dar continuidade e complementação a este
estudo.
4
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Em seguida, os autores de [4] publicam o trabalho [5] com a mesma lógica de proteção e com
os mesmos elementos adicionais associados à proteção diferencial transversal. Entretanto, para esse
trabalho, o relé, composto pelos elementos diferencial percentual transversal, seletores de fase e
elementos de bloqueio, é apresentado com maiores detalhes de implementação e os mapas lógicos de
atuação da proteção são exibidos e analisados. Os resultados de ambos os trabalhos demonstram que a
5
implementação do elemento diferencial faz com que o relé passe a atuar corretamente para situações
que o carregamento a linha é consideravelmente alto, melhorando a sensibilidade da proteção
diferencial transversal, aumentando sua área de atuação em modo instantâneo e aumentando sua
estabilidade para faltas externas. Além disso, a implementação completa do relé, incluindo os
elementos seletores de fase e de bloqueio, permite que a proteção diferencial transversal atue
corretamente nos modos de operação instantâneo e sucessivo sem a necessidade de um canal de
comunicação entre os terminais da linha.
6
proteção transversal é ineficiente ou incapaz de eliminar o defeito, como por exemplo algumas
situações de faltas evolutivas. Adicionalmente, a compensação da corrente de sequência zero foi
realizada para os casos em que um dos circuitos estava desenergizado e aterrado em ambos os
terminais de forma a evitar problemas de sobrealcance da proteção de distância. O algoritmo baseado
no diagrama de estados utiliza as sequências de transição entre as diferentes áreas do plano
bidimensional e, consequentemente, as transições de estados, para identificar diferentes cenários de
falta, permitindo que o relé atue corretamente. Assim, os resultados obtidos pelos autores demonstram
que o algoritmo de proteção proposto é rápido quando as duas linhas do circuito estão em
funcionamento, devido à alta sensibilidade da proteção transversal, e é capaz de eliminar faltas
evolutivas corretamente, além de apresentar boa confiabilidade. Por outro lado, a compensação da
sequência zero ainda é necessária e, para faltas internas, sua estimação não é precisa, possibilitando
que o relé apresente problemas de subalcance e tenha sua região de atuação reduzida.
7
No trabalho apresentado em [9], os autores sugerem um sistema de proteção de linhas de
circuito duplo utilizando a transformada Wavelet, devido a suas vantagens na estimação de fasores e
na detecção de faltas, buscando obter um dispositivo de proteção de alta velocidade e que não tenha a
necessidade de um canal de comunicação entre os terminais da linha. Assim, a lógica da proteção
diferencial transversal é aplicada em conjunto com um relé de distância, assim como em [7], e a
transformada Wavelet é utilizada para aumentar a velocidade de detecção do algoritmo de proteção.
Para isso, o sistema de proteção é realizado utilizando dois relés em cada terminal da linha, um para
cada circuito, de forma a obter seis sinais de corrente e três valores de tensão que serão utilizados nas
três etapas seguintes do algoritmo de proteção. A primeira etapa é exatamente a fase de utilização da
transformada Wavelet para uma rápida detecção da falta e estimação de fasores. Já a segunda etapa é a
execução da lógica da proteção diferencial transversal em que a magnitude das correntes obtidas em
cada um dos circuitos são subtraídas e comparadas a um determinado coeficiente de restrição.
Finalmente, no terceiro estágio ocorre a atuação da proteção de distância para situações em que a
proteção transversal não é capaz de atuar corretamente. Com isso, os resultados obtidos demonstram
que o algoritmo de proteção utilizado atuou rapidamente e corretamente para diversos tipos de falta.
Por outro lado, a proteção de distância foi necessária para atuar em casos especiais e a compensação
da sequência zero não foi realizada nesse trabalho, de forma que a mesma poderia estar susceptível a
problemas de sobre e subalcance.
É possível citar ainda alguns trabalhos baseados na lógica da proteção diferencial transversal,
assim como em [10], mas que utilizam valores incrementais de corrente em vez da magnitude dessas
correntes. Nesse trabalho, os autores propõem a utilização de dois componentes para compor a lógica
de proteção: um elemento de início (starting element) e o elemento diferencial. O elemento de início é
o primeiro passo da detecção utilizado pelo sistema de proteção e é ativado quando a magnitude da
corrente pós-falta excede o valor da corrente de pré-falta por um limiar pré-definido. Já o elemento
diferencial representa a lógica da proteção diferencial transversal utilizando somas incrementais de
corrente. Os resultados demonstram que o sistema de proteção proposto, assim como nos trabalhos
anteriores, atua corretamente para diversas situações de falta. Entretanto, mesmo com essa lógica
transversal incremental, o relé é incapaz de atuar corretamente para elevados valores de impedância de
falta e também atua em modo de operação sucessivo para faltas próximas ao terminal remoto do relé
analisado.
Adicionalmente, é possível encontrar trabalhos diversos que buscam implementar novos tipos
de proteção de linhas de transmissão de circuito duplo e que dispensam a necessidade do canal de
comunicação entre os terminais da linha [11-12]. Em [11], os autores sugerem um sistema de proteção
8
no qual o relé toma a decisão de trip determinando o estado de operação do disjuntor a partir do
desbalanceamento do sistema. Assim, ao se obter o estado de operação do disjuntor é possível
verificar se o defeito se encontra dentro da região de proteção definida pelo relé.
Já em [12], os autores também utilizam dois relés em cada terminal da linha interligados
entre si, mas a comunicação entre eles é realizada por meio do método permissivo (method of
allowance). O método se baseia na lógica de que, no momento em que ocorre uma falta no terminal
oposto da linha, o disjuntor remoto é aberto e , assim, o sentido da corrente de uma das linha se
inverte, de forma que os relés percebam correntes de falta com direções opostas. Assim, se um dos
relés detecta uma direção inversa na corrente, um sinal de permissão é enviado ao outro relé que, por
sua vez, envia o comando de trip do disjuntor.
Com isso, é possível perceber que grande parte dos métodos de proteção de linhas de circuito
duplo buscam aumentar a sensibilidade da proteção e ao mesmo tempo garantir confiabilidade e
estabilidade ao relé durante os diferentes tipos de falta. Entretanto, nenhum desses métodos foi capaz
de eliminar ou minimizar de forma considerável o atraso na atuação da proteção para faltas ocorridas
no terminal remoto da linha. O método de operação sucessivo, responsável pelo atraso na atuação da
proteção para faltas muito próximas ao terminal remoto, está presente em todos os tipos de proteção
que não necessitam de canal de comunicação entre os terminais da linha encontrados na literatura.
9
CAPÍTULO 3
Linhas de transmissão de circuito duplo têm sido amplamente utilizadas nos sistemas de
transmissão modernos para atender a crescente demanda por energia elétrica e, ao mesmo tempo,
garantir segurança e confiabilidade ao sistema elétrico.
Como alternativa, a proteção diferencial longitudinal pode ser vista como uma solução segura
e confiável para a proteção de linhas duplas. Entretanto, a confiabilidade desse tipo de proteção
depende da confiabilidade do canal de comunicação entre os relés nos terminais da linha. Além disso,
a necessidade de sincronização de amostras associada ao tempo de comunicação entre os relés
contribui para o aumento no tempo total de atuação da proteção. Portanto, um algoritmo de proteção
baseado apenas nas informações obtidas no próprio terminal em que o relé esteja localizado se
apresenta como uma valiosa ferramenta na proteção dos circuitos paralelos [7].
Barra 1 Barra 2
B11 TC Linha 1 TC B12
ZS ZR
R1 R2
Fonte S Fonte R
Linha 2
B21 TC TC B22
11
Nesse caso, o resultado da subtração entre elas é menor que o valor da constante Ires. Por outro
lado, se a falta acontece em uma das linhas, a subtração resulta em um valor maior que Ires, levando o
relé a um trip [4]. Assim, essa lógica é implementada a partir das seguintes inequações:
nas quais Iˆ1 e Iˆ2 são os módulos das correntes que circulam pelas linhas 1 e 2, respectivamente.
Assim, se Iˆ1 Iˆ2 I res a falta está localizada na linha 1. Por outro lado, se Iˆ2 Iˆ1 I res , o defeito
acontece na linha 2.
Já o valor de Ires deve ser definido levando em consideração a maior assimetria verificada no
sistema durante o período de funcionamento em regime permanente. Assim, essa constante deve
possuir valor superior a:
Variações no módulo das correntes que circulam nas linhas do circuito para situações
de falta externa.
Máximo valor da corrente de carga para situações em que apenas uma da linhas está
em funcionamento.
Valor da corrente diferencial entre a fase sã e a fase em que se encontra o defeito para
o modo de operação sucessivo.
Assim, para atender a essas situações, a constante de restrição acaba por receber valores muito
elevados, o que faz com que a sensibilidade da proteção diminua inevitavelmente, sobretudo para
situações de alto carregamento do circuito. Dessa forma, a porcentagem da linha em que a proteção
atua em sua forma mais rápida, ou seja, em modo instantâneo, diminui consideravelmente e, portanto,
um maior número de faltas serão eliminadas apenas no modo sucessivo de operação da proteção (os
modos de operação serão detalhadamente analisados a seguir). Além disso, se a constante de restrição
for ajustada com um valor tão elevado de forma que a proteção atue em modo de operação instantâneo
para regiões inferiores a 50% do comprimento total da linha de transmissão, haverá o surgimento de
zonas mortas em que a proteção será incapaz de perceber e eliminar defeitos internos [5].
12
esse elemento corresponde a uma substituição da constante de restrição Ires, definida anteriormente,
por um termo percentual, na qual a parcela de restrição da proteção passa a variar com o módulo da
soma das correntes medidas em ambas as linhas do circuito duplo. Nesse caso, a soma do módulo das
correntes passa a ser utilizado como a nova variável de restrição. Portanto, se uma falta interna
ocorrer, a corrente diferencial se torna maior que o valor percentual dessa constante de restrição,
promovendo o trip do respectivo relé. A lógica utilizada no relé percentual transversal está disposta a
seguir pelas seguintes inequações que podem ser escritas de duas formas diferentes [4]:
𝐼1 − 𝐼2 > 𝑘. 𝐼1 + 𝐼2 (3.3)
𝐼2 − 𝐼1 > 𝑘. 𝐼1 + 𝐼2 (3.4)
ou
𝐼1 − 𝐼2 > 𝑘. 𝐼1 + 𝐼2 (3.5)
𝐼2 − 𝐼1 > 𝑘. 𝐼1 + 𝐼2 (3.6)
No presente trabalho foram utilizadas as equações 3.3 e 3.4, nas quais a constante k é chamada
de coeficiente de polarização. De forma análoga à Ires, k também é definido utilizando como base a
maior assimetria do sistema em regime permanente. O problema com a definição do valor do
coeficiente k é que, para minimizar a ocorrência de trips indevidos do relé, ele deve ser ajustado com
um valor relativamente alto. Essa condição, por sua vez, diminui a sensibilidade do sistema de
proteção e, consequentemente, reduz sua zona de atuação.
Portanto, é esperado que, para faltas externas, as correntes que circulam em ambas a linhas
possuem valores muito semelhantes de forma que o novo coeficiente de restrição, definido a partir da
lógica percentual, possui valor suficientemente elevado para impedir atuações incorretas do relé. Além
disso, para faltas internas, a depender do ajuste do coeficiente de polarização, a diferença entre os
módulos das correntes nas linhas será superior ao valor percentual da soma delas, resultando em um
trip do relé e, assim, eliminando o defeito corretamente.
13
lógica de operação como a equação de uma reta que divide o plano em duas regiões obtém-se um
plano dividido em duas regiões: região de operação e região de restrição do relé. Assim, o relé deve
operar quando as seguintes condições forem satisfeitas [15]:
𝐼𝑜𝑝 = 𝐼1 − 𝐼2 (3.9)
𝐼𝑟𝑒𝑠 = 𝐼1 + 𝐼2 (3.10)
Iop
Região de Operação
k
Ipick-up Região de Restrição
Ires
Figura 3.2 – Plano Operacional.
É importante destacar ainda que 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘 −𝑢𝑝 é utilizado para evitar a atuação indevida da
proteção para situações de funcionamento normal do sistema, como por exemplo durante situações de
alto carregamento das linhas ou transitórios de chaveamento. Além disso, a definição de 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘 −𝑢𝑝
também possui influencia direta na sensibilidade da proteção. Seu valor deve ser definido levando em
consideração a máxima corrente de carga do sistema, erros de medição dos TCs, correntes solicitadas
pelos equipamentos de medição e transitórios eletro-magnéticos verificados no sistema. Da mesma
forma que o coeficiente k, acréscimos no valor de 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘 −𝑢𝑝 levam à diminuição da sensibilidade da
14
proteção, enquanto que o inverso provoca o aumento dessa sensibilidade. Portanto, percebe-se a
importância do desenvolvimento de métodos que minimizem oscilações da corrente de operação de
forma a possibilitar menores valores para os coeficientes k e 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘 −𝑢𝑝 garantindo à proteção o aumento
Barra 1 Barra 2
B11 TC Linha 1 TC B12
F1 F2 F3
ZS ZR
R1 R2
Fonte S Fonte R
Linha 2
B21 TC F4 F5 F 6 TC B22
15
relé R1 opera em modo instantâneo na abertura dos disjuntores B11 e B21 para faltas
localizadas nos pontos F1, F2, F4 e F5. De forma análoga, o relés R2 opera os disjuntores B12
e B22 para faltas localizadas próximo aos pontos F2, F3, F5 e F6, também no modo
instantâneo.
O modo de operação sucessivo ocorre principalmente para faltas localizadas em uma região
localizada próxima ao terminal remoto do relé em análise. Esse fato ocorre pois, mesmo em
situação de falta, os valores das corrente que circulam nas duas linhas são semelhantes e,
portanto, a diferença entre elas possui valor reduzido. Nessa situação, a distribuição da
corrente de falta através das duas linhas ocorre de tal forma que apenas um dos relés consegue
detectar a falta instantaneamente e abrir seu disjuntor correspondente. Assim, após a abertura
do primeiro disjuntor, a falta passa a ser alimentada apenas pelo terminal da linha que ainda se
encontra fechado, ou seja, pelo terminal local. Como resultado, a diferença entre as correntes
que passam por esse terminal se torna suficientemente grande para que o relé consiga detectar
o defeito e, só então, o segundo disjuntor é aberto. Como exemplo, é possível verificar que o
relé R1 atua no modo de operação sucessivo para faltas localizadas nos pontos F3 e F6. De
forma semelhante, o relé R2 atua nesse mesmo modo para faltas que ocorrerem nos pontos F1
e F4.
Assim, a Tabela 3.1 apresenta a configuração completa dos modos de operação em função da
localização das faltas no circuito.
Modos de operação
Instantâneo Sucessivo
É importante destacar que a Tabela 3.1 apresenta os modos de operação de cada um dos relés
separadamente. Entretanto, é possível definir também os modos de atuação do sistema de proteção
como um todo para cada uma das linhas, considerando os dois relés atuando em conjunto na proteção
dessas linhas, e analisá-los em função da localização do defeito no sistema. Assim, para o mesmo
sistema representado na Figura 3.2, os sistemas de proteção das linhas 1 e 2 possuem a seguinte lógica
16
de atuação apresentado na Tabela 3.2 a seguir:
Modos de operação
Instantâneo Sucessivo
Sistema de
F2 F1 e F3
proteção da linha 1
Sistema de
F5 F4 e F6
proteção da linha 2
Barra 1 Barra 2
B11 TC I 1L Linha 1 I 1R TC B12
ZS IF ZR
R1 R2
Fonte S Fonte R
Linha 2
B21 TC TC B22
Admitindo que l é o comprimento total da linha de transmissão, que α.l é a distância do ponto
de falta ao terminal remoto da linha e que a corrente de falta pode ser dada por 𝐼𝐹 = 𝐼1𝐿 + 𝐼1𝑅 é
possível definir que [4]:
17
Assim, obtém-se a seguinte relação:
𝐼1𝐿 −𝐼2𝐿
𝛼= .100% (3.13)
𝐼𝐹
Além disso, para situações em que as fontes conectadas ao sistema possuam forças diferentes,
as correntes medidas nas duas linhas do terminal conectado à fonte fraca se mantém com valores muito
próximos entre si. Assim, mesmo para situações de falta relativamente próximas a esse terminal, a
proteção pode se tornar insensível ao defeito e, portanto, incapaz de eliminá-lo corretamente.
Nesse trabalho é utilizado o método das correntes sobrepostas associado à proteção diferencial
percentual cruzada, tanto para resolver esses problemas citados quanto para aumentar a sensibilidade
da proteção, garantindo assim um aumento no desempenho e na confiabilidade do mesmo.
Basicamente, o método permite que o relé utilize em sua lógica de operação apenas valores de
correntes da falta pura, minimizando a influência do carregamento da linha em seu desempenho. Essa
operação é realizada a partir da subtração entre os valores das correntes medidas após a ocorrência do
defeito e as correntes medidas antes da falta. Portanto, a corrente sobreposta pode ser definida como o
valor diferencial entre a corrente de curto-circuito e a corrente de carga da linha.
18
Com isso, o método das corrente sobrepostas é apresentado de acordo com o equacionamento a
seguir [6]:
Nas quais as variáveis Iˆ1,falta e Iˆ2 ,falta são os módulos das correntes de falta nas linhas 1 e 2,
respectivamente, e Iˆ1,pré-falta e Iˆ2 ,pré-falta são os módulos das correntes de pré-falta durante o regime
Para apresentar uma análise detalhada do princípio de funcionamento do método das correntes
sobrepostas aplicado à proteção diferencial transversal, dois exemplos numéricos serão apresentados a
seguir. As situações de falta foram simuladas em um sistema de testes proposto pelo IEEE Protective
Relaying Committee [16] e demonstram analiticamente a atuação do relé nos seus modos de operação
instantâneo e sucessivo.
Linha 2 Barra 2
Barra 1 15 milhas 15 milhas 15 milhas
B21 TC TC B22
Linha 4 Barra 4
SRC 1 L2F1 L2F3 L2F5 L2F7
15 milhas 15 milhas 15 milhas TR2H TR2L
ZS S2
B41 B42 BTR
R1 R2
L4F1 L4F3 L4F5 L4F7
Fonte S1
L1F1 L1F3 L1F5 L1F7
B11 TC TC B12
Linha 1
Figura 3.5 – Sistema teste de 230 kV proposto pelo IEEE Power System Relaying Committee [16].
O sistema proposto, representado na Figura 3.5, possui tensão nominal de 230 kV e é composto
por uma linha de transmissão de circuito duplo e uma linha de circuito simples . Um dos terminais do
sistema se encontra conectado à fonte de tensão, enquanto que o terminal oposto se conecta à uma
máquina síncrona (S2) de 830 MVA. Cada uma das linhas do modelo é composta por três seções de 15
milhas de comprimento e todos os nomes dos nós apresentados na figura são os mesmos utilizados no
19
arquivo base de simulação. Assim, foram simuladas as seguintes situações de falta:
Para a análise numérica do modo de operação instantâneo, uma falta monofásica A-T, com
impedância de falta de 1Ω, é aplicada ao ponto L1F5 da Figura 3.3. Os valores de corrente
obtidos em cada um dos terminais do circuito duplo foram obtidos por meio do software ATP
através de simulações em regime permanente de falta. Sabendo que a falta acontece na região
central da linha 1, as correntes que passam pelos dois terminais tem valores suficientemente
elevados para que a proteção diferencial transversal atue no modo de operação instantâneo.
Portanto, os dois relés detectam a falta simultaneamente, abrindo os disjuntores de ambos os
terminais da linha. Assim, é possível verificar a lógica de operação da proteção numericamente:
Portanto,
𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
3231,73 − 679,65 = 2552,08 𝐴
𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 = 𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
3042,93 − 693,82 = 2349,11 𝐴
𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
1286,04 − 679,65 = 606,39 𝐴
𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 = 𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
1316,41 − 693,69 = 622,72 𝐴
20
𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 − 𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 + 𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚
Nesse caso, uma falta também monofásica A-T é aplicada no ponto L1F7 do circuito
representado pela Figura 3.4. Para essa situação, a falta se encontra em um ponto localizado
próximo ao terminal remoto do circuito duplo. Nesse caso, a distribuição da corrente de falta
através das duas linhas ocorre de tal forma que apenas um dos relés consegue detectar a falta
instantaneamente e abrir seu disjuntor correspondente. Assim, após a abertura do primeiro
disjuntor, a falta passa a ser alimentada apenas pelo terminal da linha que ainda se encontra
fechado. Como resultado, a corrente que passa por esse terminal se torna suficientemente
grande para que o relé consiga detectá-la e, só então, o segundo disjuntor é aberto. Portanto, é
possível verificar a lógica de operação da proteção em seu modo de operação sucessivo também
numericamente:
Assim,
21
𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
1966,75 − 679,65 = 1287,10 𝐴
𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 = 𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
4500,78 − 693,82 = 3806,96 𝐴
𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
1966,80 − 679,65 = 1287,15 𝐴
𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 = 𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
1996,07 − 693,69 = 1302,38 𝐴
Assim, após a abertura do disjuntor B12 o sistema passa a apresentar uma nova configuração e
os valores das correntes em cada um dos terminais são novamente obtidas por meio do software ATP.
23
CAPÍTULO 4
ALGORITMO PROPOSTO
Nesse trabalho, o software ATP foi utilizado para a simulação de diferentes situações de
operação de um determinado sistema de transmissão. Os algoritmos utilizados pelo relé diferencial
transversal na proteção desse sistema foram implementados no Matlab, possibilitando uma
comparação direta entre os diferentes métodos aplicados à lógica de proteção.
simples, sua implementação representou um grande avanço para a proteção diferencial por garantir
melhorias na sensibilidade da proteção além de maiores informações visuais sobre o desempenho da
mesma. As relações utilizadas no Plano Alfa podem ser definidas como a seguir [25]:
24
Im (I 2 /I1 )
b = r.sen( r = I2 /I 1
a = r.cos( Re (I2 /I 1 )
𝐼2
= 𝑎 + 𝑗𝑏 = 𝑟𝑒 𝑗𝜃 (4.1)
𝐼1
Portanto,
𝐼2
𝑎= cos(𝜃) = 𝑟𝑐𝑜𝑠(𝜃) (4.2)
𝐼1
𝑟= 𝑎2 + 𝑏 2 (4.3)
𝑏
𝜃 = tan−1 (4.4)
𝑎
pelos TCs como 𝐼𝐿 = −𝐼𝑅 e, assim, o vetor resultante da razão entre elas é igual a (-1+ j0). Com isso, é
possível, a partir da localização dos pontos em regime permanente e da característica do elemento
diferencial percentual, obter a forma característica da zona de restrição do relé diferencial longitudinal
no Plano Alfa. É importante ressaltar ainda que essa característica de restrição pode variar a depender
do tipo de equacionamento utilizado para as correntes de restrição e de operação do relé. Uma das
características possíveis pode ser obtida como a seguir:
25
k=0,8 Im (I 2 /I1 )
k=0,5
Re (I2 /I1 )
k=0,3
Figura 4.2 – Zonas de restrição do Plano Alfa para um relé diferencial descrito pela Equação (4.5).
𝐼𝐿 + 𝐼𝑅 > 𝑘. 𝐼𝐿 − 𝐼𝑅 (4.5)
𝐼 𝐼
1 + 𝐼𝑅 > 𝑘. 1 − 𝐼𝑅 (4.6)
𝐿 𝐿
1 + 𝑎 + 𝑗𝑏 > 𝑘. 1 − 𝑎 − 𝑗𝑏 (4.7)
1+𝑘 2
𝑎2 + 𝑏 2 + 2. 1−𝑘 2 . 𝑎 + 1 > 0 (4.8)
A Equação (4.8) define a região circular da zona de restrição do relé diferencial longitudinal.
Portanto, o raio e o centro dessa região circular são dados por:
2𝑘
𝑅𝑎𝑖𝑜 = 𝑅𝑐 = 1−𝑘 2
(4.9)
1+𝑘 2
𝐶𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 = 𝑎𝑐 + 𝑗𝑏𝑐 = − 1−𝑘 2 + 𝑗0 (4.10)
Por outro lado, no caso de linhas de transmissão de circuito duplo e levando em consideração
a lógica da proteção diferencial transversal, a razão entre as correntes é realizada utilizando as
correntes obtidas em um mesmo terminal da linha. Portanto, as correntes em ambas as linhas são
medidas por relés conectados com a mesma polaridade. Assim, em regime permanente o vetor
resultante da razão entre elas é igual a (1+ j0). A lógica proposta nesse trabalho para a proteção
diferencial transversal implementada no Plano Alfa está descrita a seguir:
26
a) Sistema de proteção diferencial transversal da linha 1 no Plano Alfa: Método Tradicional
Terminal Local:
𝐼1𝐿
𝑀1𝐿 = (4.11)
𝐼2𝐿
Terminal Remoto:
𝐼1𝑅
𝑀1𝑅 = (4.12)
𝐼2𝑅
Terminal Local:
𝐼2𝐿
𝑀2𝐿 = (4.13)
𝐼1𝐿
Terminal Remoto:
𝐼2𝑅
𝑀2𝑅 = (4.14)
𝐼1𝑅
c) Sistema de proteção diferencial transversal da linha 1 no Plano Alfa: Método das Correntes
Sobrepostas
Terminal Local:
𝐼𝛥1𝐿
𝑀𝛥1𝐿 = (4.15)
𝐼𝛥2𝐿
Terminal Remoto:
𝐼𝛥1𝑅
𝑀𝛥1𝑅 = (4.16)
𝐼𝛥2𝑅
d) Sistema de proteção diferencial transversal da linha 2 no Plano Alfa: Método das Correntes
Sobrepostas
Terminal Local:
𝐼𝛥2𝐿
𝑀𝛥2𝐿 = (4.17)
𝐼𝛥1𝐿
Terminal Remoto:
𝐼𝛥2𝑅
𝑀𝛥2𝑅 = (4.18)
𝐼𝛥1𝑅
27
Para situações de falta, a corrente em uma das linhas do circuito duplo se torna muito maior do
que a corrente da linha sã. Assim, os valores resultantes da razão entre elas possuem valores muito
elevados, considerando a lógica de proteção da linha com defeito. Por outro lado, os valores
resultantes dessa divisão se aproximam de zero para a proteção da linha sem o defeito. Dessa forma,
percebe-se a necessidade da implementação de uma característica de restrição adaptada à essa
resposta. Portanto, propõe-se a utilização de uma característica circular, com centro localizado no
ponto (0,5 + j0) e com raio superior a 0,5. Essa zona de restrição foi determinada de forma a envolver
tanto os pontos localizados próximos a 1, para o funcionamento normal do sistema, quanto os pontos
que se deslocam para zero, no caso de faltas na linha adjacente. Assim, a característica proposta nesse
trabalho é representada na Fig.4.3 a seguir:
Im (I 2/I1)
R=1,8
R=1,25
-2 -1 0,5 1 2 3
Re (I2/I 1)
R=0,7
Figura 4.3– Zonas de restrição no Plano Alfa para o relé diferencial transversal.
28
CAPÍTULO 5
Utinga Miramar
L1LBK TC Circuito 1 TC L1RBK
ZL ZR
R1 R2
L2LBK TC TC
L2RBK
Para a obtenção dos parâmetros elétricos da linha, considerou-se a estrutura fiel da torre de
transmissão utilizada no circuito de transmissão da Eletronorte, do tipo básica para circuitos duplos,
bem como os cabos utilizados nas fases e nos pára-raios. Entretanto, tanto o comprimento da linha
quanto os valores dos equivalentes conectados à ela foram alterados do forma a possibilitar melhores
análises da proteção transversal. O detalhamento da estrutura da torre de transmissão, dos cabos e dos
métodos de determinação dos parâmetros elétricos utilizados estão disponíveis no Apêndice. O
sistema implementado no software ATPDraw e os valores dos parâmetros elétricos estão disposto a
seguir.
29
Figura 5.2 – Sistema de 230 kV utilizado nas simulações computacionais: implementação no ATPDraw.
Rab Rbc
Rca
Rterra
30
Tabela 5.1 Parâmetros elétricos da linha de transmissão.
Subestação R0 X0 R1 X1
(Ω) (Ω) (Ω) (Ω)
Utinga 6.1 16.7 2.7 8.37
Miramar 6.1 16.7 2.7 8.37
Os TCs utilizados nas simulações são do tipo C800 2000-5A, classificados de acordo com a
norma ANSI C57.13, e seguem o modelo indicado pelo IEEE Power System Relaying Committee para
utilização em simulações EMTP [16]. Os parâmetros elétricos dos TCs e as curvas de excitação
utilizadas na implementação dos TCs C800 estão dispostos a seguir:
31
2000/5 A, C800 and 800/5 A, C400 CT V-I Curves
10 3
2000/5 A, C800 CT
800/5 A, C400 CT
Voltage [V]
10 2
10 1
-2 -1 0
10 10 10
Current [A]
Resistência dos cabos de conexão dos TCs aos relés ( ida e volta) : 0,75Ω
Nesse trabalho, o conjunto de sinais obtidos com as simulações no ATP são importados ao
Matlab onde as análises são realizadas. Essa fase se inicia com o processo de estimação de fasores.
A primeira etapa dos algoritmos de estimação não recursivos de janela fixa baseia-se na
avaliação de um conjunto especifico de amostras do sinal a ser estimado, denominado de janela de
dados [21]. Essa janela nada mais é que um conjunto fixo de amostras que se desloca e se renova ao
longo do tempo. Ou seja, o processo de janelamento do sinal corresponde a um número fixo de
amostras onde, a cada instante, um novo valor de amostra é adicionado enquanto que o valor mais
antigo é eliminado. Esse processo é representado na Fig 5.5.
Assim, para cada nova janela de amostras estima-se o módulo e a fase do fasor na frequência
fundamental do sinal. Nesse trabalho, utiliza-se um algoritmo de estimação proposto e patenteado pela
ABB, denominado de Filtro Cosseno Modificado [22]. Esse algoritmo estima o fasor a partir de duas
saídas consecutivas do filtro cosseno do algoritmo de Fourier de um ciclo.
32
Pré-falta Falta
Janela
Móvel
Primeira Amostra
com Falta
Entretanto, para isso, são realizadas determinadas compensações de forma a manter a relação
de ortogonalidade entre as partes real e imaginária do filtro. Assim, utiliza-se dois termos para a
definição do fasor: um deles corresponde simplesmente ao filtro cosseno de Fourier aplicado a uma
janela de um ciclo do sinal, enquanto que o outro é obtido aplicando o mesmo filtro a uma janela
adiantada de uma amostra. O equacionamento completo do algoritmo é definido conforme a seguir:
2 𝑁−1
𝑋𝑟𝑒 𝑘 = 𝑚 =0 𝑥 𝑘 − 𝑁 + 𝑚 cos 𝛿𝑚 (5.1)
𝑁
Os parâmetros utilizados na definição dos planos Operacional e Alfa, bem como os valores
utilizados nos ajustes das características de operação e restrição do relé são apresentados na Tabela 5.3
a seguir:
33
5.2. SIMULAÇÕES TRANSITÓRIAS PONTUAIS
Nessa primeira etapa de simulações computacionais, são analisados apenas casos pontuais de
faltas no sistema. Um determinado defeito é aplicado a um ponto específico da linha de transmissão e
a resposta da proteção para a eliminação desse defeito é verificada, desde o regime permanente de
funcionamento do sistema até o momento em que a falta é detectada e, consequentemente, eliminada
pela proteção correspondente.
Foram aplicadas faltas variando de 10% a 90% de ambas as linhas do circuito duplo e, em
todas as situações simuladas, foi considerada uma resistência de falta de 10 Ω, valor típico utilizado
para simulações de faltas reais. A análise da influência da localização da falta e do valor da
impedância de falta é melhor detalhada na seção 5.3, onde são apresentados os resultados relacionados
às simulações em massa. Além disso, os resultados são apresentados em 4 diferentes tipos de
representações: plano operacional, apresentado com o método tradicional e com o método das
correntes sobrepostas, e plano alfa, também utilizando os métodos tradicional e correntes sobrepostas
para todos os casos considerados.
Para melhor comparação visual entre os métodos, os desempenhos de ambos os métodos são
plotados simultaneamente sobre o plano operacional nas Figuras 5.6, 5.7, 5.8 e 5.9. Quando
apresentados simultaneamente em um mesmo gráfico, as curvas com marcadores triangulares
representam a proteção transversal baseada no método das correntes sobrepostas, enquanto que as
curvas com marcadores circulares correspondem ao método tradicional. A constante k é definida como
o coeficiente angular da curva de restrição e, portanto, define a inclinação da reta característica. Essa
reta divide o plano em duas regiões, sendo que a região superior representa a zona de atuação do relé.
É possível perceber que o método tradicional permite que o relé localizado no terminal local
detecte corretamente o defeito na linha 1, por ser o terminal mais próximo ao defeito. Dessa forma, o
relé local envia um comando de trip ao disjuntor da linha 1 comandando a abertura monopolar da fase
B desse terminal.
34
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 1
14
12
10
|I1L|-|I2L|
8
6 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
4 Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
2 Fase A-Sobrepostas
Fase B-Sobrepostas
0 Fase C-Sobrepostas
0 2 4 6 8 10 12 14 16
|I1L|+|I2L|
Figura 5.6 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: comparação entre
o método tradicional e correntes sobrepostas.
1.5
Abertura do Disjuntor
1
0.5
|I1R|-|I2R|
0 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
-0.5 Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
Abertura do Disjuntor
-1 Fase A-Sobrepostas
Fase B-Sobrepostas
-1.5 Fase C-Sobrepostas
0 1 2 3 4 5
|I1R|+|I2R|
(a)
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
1
Abertura do Disjuntor
|I1R|-|I2R|
0
Região de Restrição
Fase A-Tradicional
-1 Fase B-Tradicional
Abertura do Disjuntor Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
-2 Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
|I1R|+|I2R|
(b)
Figura 5.7 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: (a) antes da
abertura monopolar do disjuntor local da linha 1; (b) Após a abertura desse disjuntor.
35
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 2
5
Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
0 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
|I2L|-|I1L|
Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
-5
-10
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
|I1L|+|I2L|
Figura 5.8 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: comparação entre
o método tradicional e correntes sobrepostas.
Fase B-Sobrepostas
0 Fase C-Sobrepostas
-0.5
-1
-1.5
0 1 2 3 4 5
|I1R|+|I2R|
Figura 5.9 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: comparação
entre o método tradicional e correntes sobrepostas.
Essa situação foi simulada programando a abertura do disjuntor diretamente no ATP, de forma
a representar o comando de trip do relé após a análise gráfica no Matlab.
Por outro lado, o relé do terminal remoto é incapaz de perceber a falta em um primeiro
instante e, portanto, passa a depender da atuação do primeiro relé para ser capaz de identificar o
defeito. Esse fato ocorre pois, após a abertura do primeiro disjuntor, a falta passa a ser totalmente
alimentada pelo terminal remoto da linha e, só então, o relé correspondente percebe o defeito. Assim, a
Figura 5.7(b) demonstra a resposta do relé remoto de proteção da linha 1 após a abertura da fase B
pelo disjuntor local.
Entretanto, é possível verificar ainda que a utilização do método das correntes sobrepostas
permite que os relés de ambos os terminais da linha percebam o defeito instantaneamente, eliminando-
36
o rapidamente. Portanto percebe-se que, para essa situação, a proteção diferencial transversal
tradicional atua no modo de operação sucessivo, enquanto que a utilização do método das correntes
sobrepostas permite que a proteção atue em seu modo de operação instantâneo, aumentando assim a
velocidade de atuação da proteção. Além disso, a partir da Figura 5.8 é possível perceber que o
método tradicional apresenta um ponto de pico muito próximo da zona de operação do relé. Por outro
lado, nessa mesma situação o método das correntes sobrepostas foi capaz de minimizar essas
oscilações, garantindo um resultado mais estável e, portanto, uma proteção mais segura.
Outro ponto importante a ser destacado é o comportamento do relé local de proteção da linha
2 após a abertura do primeiro disjuntor, representado na Fig. 5.10. Após a abertura monopolar do
disjuntor local da linha 1, a corrente da fase B que passa por esse terminal é igual a zero. Entretanto, a
linha 2 se mantém em funcionamento e, portanto, apresenta um valor de corrente aproximadamente
igual a duas vezes o valor da corrente de carga nominal do sistema. Dessa forma, a lógica da proteção
transversal realiza a subtração desse valor de corrente na linha 2 pelo valor nulo, referente à linha1. Ou
seja, o relé realiza a operação 𝐼2,𝐿𝑜𝑐 − 𝐼1,𝐿𝑜𝑐 > 𝑘. 𝐼1,𝐿𝑜𝑐 + 𝐼2,𝐿𝑜𝑐 , mas 𝐼1,𝐿𝑜𝑐 é igual a
zero. Portanto, a inequação se resume a 𝐼2,𝐿𝑜𝑐 > 𝑘. 𝐼2,𝐿𝑜𝑐 que por sua vez é verdadeira para k =
0,3. Assim, o termo resultante dessa diferença se torna suficientemente elevado de forma a entrar na
zona de operação da proteção e, com isso, levar o relé de proteção local da linha 2 a um trip indevido.
Percebe-se ainda que esse fato não ocorre com a utilização do método das correntes sobrepostas, o que
garante um sistema de proteção estável e seguro, inclusive para situações de aberturas monopolares do
sistema de transmissão.
4 Região de Restrição
Trip Indevido
Fase A-Tradicional
2
Fase B-Tradicional
0 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
-2 Fase B-Sobrepostas
|I2L|-|I1L|
-4 Fase C-Sobrepostas
-6
-8
-10
-12
Abertura do Disjuntor
-14
0 2 4 6 8 10 12 14 16
|I1L|+|I2L|
Figura 5.10 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: comparação entre
o método tradicional e correntes sobrepostas após a abertura monopolar do disjuntor local da linha 1.
37
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
Fase A
5 Fase B
Fase C
4
3
Im I1L/I2L
2
-1
-2
-8 -6 -4 -2 0 2 4
Real I1L/I2L
Figura 5.11 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
tradicional.
0.5
Im I1R/I2R
-0.5
-1
-1.5
Abertura do Disjuntor
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1R/I2R
(a)
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1
0.5
Im I1R/I2R
0
Abertura do Disjuntor
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1R/I2R
(b)
Figura 5.12 – Proteção tradicional remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: (a)
antes da abertura do disjuntor local da linha 1; (b) Após a abertura do disjuntor.
38
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 2
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1
0.5
Im I2L/I1L
0
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2L/I1L
Figura 5.13 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
tradicional.
0.5
Im I2R/I1R
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2R/I1R
Figura 5.14 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
tradicional.
5 Fase A
Fase B
Fase C
Im I1L/I2L
-5
-18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2
Real I1L/I2L
Figura 5.15 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método das
correntes sobrepostas.
39
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1
0.5
Im I1R/I2R
0
-0.5
-1
-1.5
-2
-2 -1 0 1 2 3 4 5
Real I1R/I2R
Figura 5.16 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método das
correntes sobrepostas.
0.5
Im I2L/I1L
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2L/I1L
Figura 5.17 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método das
correntes sobrepostas.
0.5
Im I2R/I1R
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2R/I1R
Figura 5.18 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método das
correntes sobrepostas.
40
As Figuras 11 a 18 apresentam a resposta do sistema de proteção transversal, utilizando o
plano alfa proposto nesse trabalho, também para ambos os métodos. É possível perceber que, assim
como no plano operacional, o método tradicional faz com que o sistema de proteção da linha 1 atue
em modo de operação sucessivo.
Da mesma forma como no plano operacional, a utilização do plano alfa com o método
tradicional não é suficiente para que os pontos se desloquem para a zona de atuação do relé e, dessa
forma, a proteção remota da linha 1 é incapaz de perceber o defeito e eliminá-lo em seu modo de
operação instantâneo. Por outro lado, o método das correntes sobrepostas possibilita a atuação
instantânea dos relés de proteção da linha 1 localizados em ambos os terminais da linha.
A partir das figuras obtidas percebe-se ainda que, durante o período de transição entre regime
de funcionamento nominal e regime permanente de curto circuito, um dos pontos localizou-se
indevidamente na zona de operação do relé local de proteção da linha 2. Essa situação ocorreu em
função da elevada sensibilidade adquirida pela proteção devido à utilização do plano alfa como lógica
de atuação. Por outro lado, a utilização do método das correntes sobrepostas minimiza essas
oscilações, aumentando a segurança da proteção. Entretanto, recomenda-se que o relé de proteção
diferencial transversal implementado com o plano alfa seja configurado para verificar determinado
número de amostras seguidas localizadas na região de operação antes de enviar o comando de trip,
independentemente do método utilizado em conjunto com a proteção. Outra possibilidade seria a
programação do relé para aguardar um ciclo antes de sua atuação, de forma a permitir que o algoritmo
de estimação, o qual necessita de um ciclo mais uma amostra do sinal, realize a estimação completa
do fasor em regime permanente de curto circuito. Dessa forma, seria possível uma redução do raio da
característica circular o que, consequentemente, aumenta a sensibilidade da proteção.
Região de Restrição
0 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
-2 Fase A-Sobrepostas
|I1L|-|I2L|
Fase B-Sobrepostas
-4 Fase C-Sobrepostas
-6
-8
0 2 4 6 8 10 12
|I1L|+|I2L|
Figura 5.19 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação entre o
método tradicional e correntes sobrepostas.
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
4
Região de Restrição
2 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
0
Fase A-Sobrepostas
|I1R|-|I2R|
Fase B-Sobrepostas
-2 Fase C-Sobrepostas
-4
-6
-8
0 2 4 6 8 10 12
|I1R|+|I2R|
Figura 5.20 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação entre o
método tradicional e correntes sobrepostas.
42
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 2
10
|I2L|-|I1L|
4 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
2
Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
0 Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
0 2 4 6 8 10 12
|I1L|+|I2L|
Figura 5.21 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação entre o
método tradicional e correntes sobrepostas.
6
|I2R|-|I1R|
4 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
2
Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
0 Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
0 2 4 6 8 10 12
|I1R|+|I2R|
Figura 5.22 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação entre o
método tradicional e correntes sobrepostas.
0.5
Im I1L/I2L
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1L/I2L
Figura 5.23 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método tradicional.
43
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1
0.5
Im I1R/I2R
0
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1R/I2R
Figura 5.24 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método tradicional.
Fase A
Fase B
6
Fase C
4
Im I2L/I1L
-2
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8
Real I2L/I1L
Figura 5.25 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método tradicional.
-1
Im I2R/I1R
-2
-3
-4
-5
-6
-6 -4 -2 0 2 4 6 8
Real I2R/I1R
Figura 5.26 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método tradicional.
44
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1
0.5
Im I1L/I2L
0
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1L/I2L
Figura 5.27 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das correntes
sobrepostas.
0.5
Im I1R/I2R
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1R/I2R
Figura 5.28 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das correntes
sobrepostas.
-10
-20
-30
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Real I2L/I1L
Figura 5.29– Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das correntes
sobrepostas.
45
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2
Fase A
10 Fase B
Fase C
Im I2R/I1R 0
-5
-10
Figura 5.30– Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das correntes
sobrepostas.
Além disso, as respostas no plano operacional evidenciam a maior velocidade em que a falta é
detectada com a utilização das correntes sobrepostas. Nas Figuras 5.21 e 5.22 é possível perceber que
com aproximadamente 3 amostras os pontos já se encontram na zona de operação do relé, enquanto
que no método tradicional esse número de amostras é quase 3 vezes maior.
A partir da análise dos resultados obtidos com o plano operacional é possível perceber que,
assim como nos resultados anteriores, a proteção do terminal mais próximo do ponto de falta detecta o
defeito quase que instantaneamente e executa o comando de abertura do disjuntor, tanto para o método
tradicional quanto para correntes sobrepostas. É importante destacar que o disjuntor realiza a abertura
tripolar da linha, mesmo que o defeito ocorra em apenas duas fases.
46
Já a proteção do terminal local da linha 2 detecta o defeito em modo instantâneo apenas com o
método das correntes sobrepostas, enquanto que o método tradicional identifica apenas uma das fases
envolvidas na falta, visto que os pontos obtidos para a fase A se encontram no limiar de restrição do
relé. Assim, o resultado da proteção local tradicional obtido após a abertura das três fases do disjuntor
remoto da linha 2 é representado na Figura 5.31 (b). Portanto, percebe-se que, no momento em que a
falta passa a ser alimentada apenas pelo terminal local da linha 2, os pontos se movem para a zona de
operação do relé, permitindo a identificação e correta eliminação do defeito. Essa sequência configura
o modo de operação sucessivo da proteção da linha 2 para essa falta específica.
3
2.5
2
|I2L|-|I1L|
Abertura do Disjuntor
1.5
Região de Restrição
1
Fase A-Tradicional
0.5 Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
0 Fase A-Sobrepostas
-0.5 Fase B-Sobrepostas
Abertura do Disjuntor Fase C-Sobrepostas
-1
0 1 2 3 4 5 6 7 8
|I1L|+|I2L|
(a)
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 2
6
3
|I2L|-|I1L|
2
Abertura do Disjuntor Abertura do Disjuntor
1
0 Região de Restrição
Fase A
-1 Fase B
Fase C
-2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
|I1L|+|I2L|
(b)
Figura 5.31– Proteção local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: (a) antes da
abertura tripolar do disjuntor remoto da linha 2; (b) Após a abertura do disjuntor.
47
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2
30
25
20
|I2R|-|I1R|
15
Região de Restrição
10 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
5 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
0 Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
0 5 10 15 20 25 30
|I1R|+|I2R|
Figura 5.32 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.
Abertura do Disjuntor
-15
-20
-25
0 5 10 15 20 25 30
|I1R|+|I2R|
(a)
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
4
Trip Indevido Região de Restrição
3 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
2 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
1 Fase B-Sobrepostas
|I1R|-|I2R|
Fase C-Sobrepostas
0
-1
-2
-3
-4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
|I1R|+|I2R|
(b)
Figura 5.33 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: (a) visão
geral; (b) Detalhe do gráfico.
48
Nesse caso destaca-se ainda o comportamento da proteção localizada no terminal remoto da
linha 1. É possível perceber que, assim como na situação de abertura monopolar da linha apresentada
no item "a", os pontos se deslocaram para a região de operação do relé. Novamente, essa situação
ocorre em função da própria lógica da proteção diferencial transversal que realiza a subtração das
correntes medidas na linha 1 por valores nulos, referentes às correntes medidas no terminal aberto da
linha 2. Percebe-se ainda que essa mesma situação não ocorre com a utilização do método das
correntes sobrepostas, da mesma forma como verificado anteriormente. Entretanto, recomenda-se o
bloqueio da proteção diferencial transversal daquele terminal específico quando seu disjuntor estiver
em aberto ou dos relés de ambos os terminais quando uma das linhas estiver fora de funcionamento.
0.5
Im I2L/I1L
0
Abertura do Disjuntor
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2L/I1L
(a)
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 2
6 Fase A
Fase B
5 Fase C
4
Im I2L/I1L
-1
Abertura do Disjuntor
-2
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6
Real I2L/I1L
(b)
Figura 5.34 – Proteção tradicional local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
(a) antes da abertura tripolar do disjuntor remoto da linha 2; (b) Após a abertura do disjuntor.
49
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2
2
Fase A
Fase B
0 Fase C
-2
Im I2R/I1R
-4
-6
-8
-12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6
Real I2R/I1R
Figura 5.35 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: método
tradicional.
4 Fase A
Fase B
3 Fase C
2
Im I2L/I1L
-1
-2
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6
Real I2L/I1L
Figura 5.36 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: método das
correntes sobrepostas.
Fase A
5 Fase B
Fase C
0
Im I2R/I1R
-5
-10
Figura 5.37 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: método das
correntes sobrepostas.
50
Considerando as figuras obtidas com o plano alfa, novamente percebe-se que o método das
correntes sobrepostas permitiu que a proteção atuasse no modo de operação instantâneo, enquanto que
o método tradicional, mesmo no plano alfa, foi capaz de identificar o defeito em apenas uma das fases
envolvidas.
Para uma melhor análise do aumento da sensibilidade da proteção propiciado pela utilização
do plano alfa e do método das correntes sobrepostas, um curto circuito monofásico na fase A é
aplicado em um ponto próximo ao terminal remoto da linha 1. Entretanto, dessa vez considerou-se
uma impedância igual a 500 Ω. Essa situação geralmente representa um desafio para os sistemas de
proteção de linhas de transmissão devido ao baixo valor de corrente de curto-circuito verificado em
função da alta impedância de falta. As Figuras 5.38 a 5.43 apresentam os resultados obtidos.
É possível verificar que, com a utilização do método tradicional, os relés da linha 1 não
conseguiram detectar a falta, nem mesmo o relé remoto, localizado próximo ao ponto do defeito. Já a
utilização do método das correntes sobrepostas no plano operacional permitiu que o sistema de
proteção da linha 1 verificasse corretamente o defeito, mas o mesmo ocorre apenas no modo de
operação sucessivo. Entretanto, com a utilização do plano alfa em conjunto com o método das
correntes sobrepostas, o sistema de proteção foi capaz de identificar corretamente a falha no modo de
operação instantâneo, com os relés de ambos os terminais verificando o defeito de forma
independente.
Região de Restrição
0.8 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
0.6 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
|I1L|-|I2L|
-0.2
-0.4
0 0.5 1 1.5 2 2.5
|I1L|+|I2L|
Figura 5.38 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da linha
1: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.
51
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
0.5
|I1R|-|I2R|
0 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
-0.5 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
Fase B-Sobrepostas
-1 Fase C-Sobrepostas
-0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
|I1R|+|I2R|
Figura 5.39 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da
linha 1: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.
0.5
Im I1L/I2L
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1L/I2L
Figura 5.40 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da linha
1: método tradicional.
0.5
Im I1R/I2R
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1R/I2R
Figura 5.41 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da
linha 1: método tradicional.
52
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1
0.5
Im I1L/I2L
0
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1L/I2L
Figura 5.42 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da linha
1: método das correntes sobrepostas.
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
2
Fase A
Fase B
1 Fase C
Im I1R/I2R
-1
-2
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
Real I1R/I2R
Figura 5.43 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da
linha 1: método das correntes sobrepostas.
deslocamento no sentido positivo do eixo das abscissas, como pode ser verificado nas Figuras 5.44 e
5.45.
53
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
1
0.8
0.6
|I1R|-|I2R| 0.4
0.2
0
Região de Restrição
-0.2 Fase A
Fase B
-0.4 Fase C
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
|I1R|+|I2R|
Figura 5.44 – Proteção remota da linha 1 para um curto-circuito externo: método das correntes sobrepostas.
0.5
|I2L|-|I1L|
Figura 5.45 – Proteção local da linha 2 para um curto-circuito externo: método tradicional.
0.5
Im I2R/I1R
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2R/I1R
Figura 5.46 – Proteção remota da linha 2 para um curto-circuito externo: método tradicional.
54
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1
0.5
Im I1L/I2L
0
-0.5
-1
-1.5
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1L/I2L
Figura 5.47 – Proteção local da linha 1 para um curto-circuito externo: método das correntes sobrepostas.
Esse tipo de simulação aprofunda as análises realizadas para os casos pontuais, permitindo a
verificação da influência de variáveis como o SIR, carregamento da linha, resistência de falta e
posição do curto-circuito no desempenho da proteção.
Para isso, foram necessários alguns ajustes no sistema implementado no ATP, de forma a
permitir a variação de certos parâmetros, bem como alterações nos códigos Matlab para possibilitar a
interpretação correta do enorme número de dados obtidos.
No ATP, utilizou-se a rotina $PARAMETER para permitir a variação dos valores de tensão
das fontes, da impedância de falta, dos equivalentes de Thévennin e do comprimento da linha de
transmissão. Já no Matlab, o código foi alterado para ser capaz de ler todos os arquivos gerados pelo
ATP e organizá-los em um vetor de matrizes, onde cada matriz corresponde a um caso de simulação
diferente.
55
A tabela a seguir apresenta todos os casos representados nesse trabalho bem como os
parâmetros utilizados em cada um desses casos.
Tabela 5.4 Lista de casos utilizados nas simulações em massa.
Tipo de Posição da Impedância (para a terra Abertura angular da
Casos SIR
Falta Falta ou entre fases) linha
1 BT 2% a 98% SIR1 e SIR2 = 1 10 Ω 18,2o
2 BT 95% SIR1: 0,1 a 10 10 Ω 18,2 o
3 BT 95% SIR1 e SIR2 = 1 0 a 1000 Ω 18,2 o
4 BT 95% SIR1 e SIR2 = 1 10 Ω -90 o a 90 o
É possível perceber, a partir das Figuras 5.48 e 5.49, que a utilização do método das correntes
sobrepostas no plano operacional permite um aumento considerável na porcentagem da linha em que a
proteção atua no modo de operação instantâneo, se comparado com o método tradicional.
56
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 1
20 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
15 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
|I1L|-|I2L| Fase B-Sobrepostas
10 Fase C-Sobrepostas
0 5 10 15 20 25
|I1L|+|I2L|
Figura 5.48 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.
20
15
|I1R|-|I2R|
10 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
5 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
Fase B-Sobrepostas
0
Fase C-Sobrepostas
0 5 10 15 20 25
|I1R|+|I2R|
(a)
1
Fase C-Sobrepostas
0.5
-0.5
(b)
Figura 5.49 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1:
(a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.
57
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
6
Fase A
5 Fase B
Fase C
4
Im I1L/I2L
3
-1
-10 -8 -6 -4 -2 0 2
Real I1L/I2L
(a)
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
1.5 Fase A
Fase B
Fase C
1
0.5
Im I1L/I2L
-0.5
-1
-1.5
-2 -1 0 1 2 3
Real I1L/I2L
(b)
Figura 5.50 – Proteção local da linha 1 pelo método tradicional para curto-circuito monofásico B-T aplicado de
2% a 98% da linha 1: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.
0 Fase A
Fase B
Fase C
-2
-4
Im I1R/I2R
-6
-8
-10
-12
-15 -10 -5 0 5 10
Real I1R/I2R
Figura 5.51 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1:
método tradicional.
58
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
1400
Fase A
1200 Fase B
Fase C
1000
Im I1L/I2L
800
600
400
200
0
-1000 -500 0 500 1000
Real I1L/I2L
(a)
Fase A
1 Fase B
Fase C
0.5
Im I1L/I2L
-0.5
-1
(b)
Figura 5.52 – Proteção local da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito monofásico B-
T aplicado de 2% a 98% da linha 1: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.
250 Fase A
Fase B
Fase C
200
Im I1R/I2R
150
100
50
0
-250 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200
Real I1R/I2R
Figura 5.53 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1:
método das correntes sobrepostas.
59
Dessa forma percebe-se que a utilização das correntes sobrepostas garante um aumento na
velocidade de atuação da proteção como um todo, visto que, no modo de operação instantâneo, os
relés de ambos os terminais da linha comandam de forma independe e instantânea a abertura de seus
respectivos disjuntores.
Além disso é possível perceber que a utilização do plano alfa garante uma porcentagem ainda
maior ao modo de operação instantâneo da proteção, demonstrando que, para esse caso, o modo de
operação sucessivo fica restrito apenas a faltas que ocorram em pontos acima de 95% ou abaixo de 5%
do comprimento total da linha de transmissão.
b) Caso 2: curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR da fonte 1 variando de
0,1 a 10:
O estudo realizado nesse caso nada mais é do que a variação do valor das impedâncias
equivalentes conectadas à linha de transmissão. O valor dessas impedâncias representa o valor da
potência de curto-circuito do sistema conectado à linha de transmissão em análise. Dessa forma,
sistemas de grandes dimensões e com elevada complexidade de conexões são normalmente chamados
de sistemas fortes ou fontes fortes. Esses sistemas possuem altos valores de potência de curto-circuito
e portanto, ao reduzi-los a um equivalente de Thévenin, os mesmos apresentam baixo valores de
impedâncias equivalentes. Assim, as parcelas de contribuição desses sistemas a um determinado curto
na linha são normalmente maiores que as contribuições de sistemas menores e menos malhados,
também chamados de sistemas fracos ou fontes fracas. Dessa forma, realizou-se a variação do valor do
SIR da linha 1 de forma a analisar a influência da força das fontes conectadas à linha de transmissão
no desempenho da proteção diferencial transversal. Os resultados obtidos para esse caso estão
dispostos a seguir nas Figuras 5.54 a 5.59.
É possível perceber que a proteção do terminal local da linha 1 utilizada com o método
tradicional é incapaz de detectar a falta no modo de operação instantâneo, independentemente do valor
do SIR considerado. Já a proteção do terminal remoto apresentou variações em função do SIR, mas
todos os pontos se apresentaram dentro da zona de operação do relé.
Por outro lado, o método das correntes sobrepostas permite que a proteção do terminal local da
linha 1 atue em modo de operação instantâneo para baixos valores de SIR, revelando assim um
aumento da sensibilidade da proteção.
60
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 1
0.5
|I1L|-|I2L|
0
Região de Restrição
Fase A-Tradicional
-0.5 Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
-1 Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
-0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
|I1L|+|I2L|
(a)
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 1
Região de Restrição
0.65 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
0.6
Fase A-Sobrepostas
|I1L|-|I2L|
Fase B-Sobrepostas
0.55 Fase C-Sobrepostas
0.5
0.45
0.4
(b)
Figura 5.54 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando de
0,1 a 10: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.
Fase B-Sobrepostas
10 Fase C-Sobrepostas
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
|I1R|+|I2R|
Figura 5.55 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando
de 0,1 a 10: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.
61
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
2 Fase A
Fase B
1.5 Fase C
Im I1L/I2L
0.5
-0.5
-1
-2 -1 0 1 2 3
Real I1L/I2L
Figura 5.56 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando de
0,1 a 10: método tradicional.
-10
-15
-20
Figura 5.57 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando
de 0,1 a 10: método tradicional.
Fase A
1 Fase B
Fase C
0.5
Im I1L/I2L
-0.5
-1
Figura 5.58 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando de
0,1 a 10: método das correntes sobrepostas.
62
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
50 Fase A
Fase B
40 Fase C
30
Im I1R/I2R 20
10
-10
Fase A
6
Fase B
4 Fase C
2
Im I1R/I2R
-2
-4
-6
-8
-25 -20 -15 -10 -5 0
Real I1R/I2R
(b)
Figura 5.59 – Proteção remota da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-T
aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando de 0,1 a 10: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.
63
francos são normalmente mais severos e podem levar um determinado relé a um trip indevido caso sua
sensibilidade esteja indevidamente ajustada. Assim, nesse caso realizou-se a variação do valor da
impedância de falta de forma a avaliar a influência desse parâmetro no desempenho da proteção
diferencial transversal.
Para possibilitar uma melhor visualização dos resultados, o plano operacional foi substituído
por uma representação alternativa, na qual o eixo das abscissas corresponde ao valor da impedância de
falta enquanto que os pontos representam as correntes de restrição, já multiplicadas pelo coeficiente k,
e correntes de operação do relé. Assim, a atuação do relé ocorre caso um determinado ponto de
operação se encontre acima de seu respectivo ponto de restrição e acima do valor de pick-up.
Considerou-se inúmeras situações de faltas monofásicas B-T aplicadas em 95% da linha 1 com
impedâncias variando de 0 a 1000 Ω. Os resultados obtidos estão dispostos a seguir.
A partir do resultado obtido para a proteção local da linha 1, implementada com a lógica do
plano operacional e com o método tradicional, é possível perceber que os pontos que representam a
corrente de operação da proteção ficam abaixo da parcela de restrição do relé, ou seja, da corrente de
restrição multiplicada por k, para todas as situações simuladas, como é possível verificar na Figuras
5.60. Portanto, percebe-se que o sistema de proteção atua em modo de operação sucessivo para todos
os valores de impedância considerados. Além disso, para a proteção do terminal remoto da linha,
localizado mais próximo do defeito, a corrente de operação se encontrou acima da corrente de
restrição para parte dos valores de impedância simulados, como mostra a Figura 5.61. Para
impedâncias maiores que 350 Ω, a corrente de operação passa a ser inferior à corrente de restrição do
relé, revelando a incapacidade da proteção em perceber defeitos com impedâncias acima desse valor,
revelando o mau funcionamento do sistema de proteção a partir de então.
Com o método das corrente sobrepostas, é possível perceber que, para faltas com impedâncias
de até 10 Ω, o terminal local da linha 1 é capaz de identificar o defeito independentemente da atuação
da proteção remota e, portanto, o sistema de proteção opera no modo instantâneo, como mostra a
Figura 5.64. Percebe-se ainda, na Figura 5.65, que da mesma forma que o método tradicional, a
proteção passa a não identificar o defeito para um determinado valor de impedância de falta.
Entretanto, essa situação ocorre para impedâncias acima de 700 Ω, valor consideravelmente maior que
no método tradicional. É interessante ressaltar ainda que, para a proteção da linha 2, ocorreram alguns
pontos em que a corrente de operação se apresentou superior à corrente de restrição. Entretanto, a
proteção corretamente não atuou, pois esses valores se apresentaram abaixo do limite de pick-up do
relé, como mostra a Figura 5.66.
64
Terminal Local: Proteção da Linha 1
Unidades
0.5
Região de Restrição
IrestriçãoA
IoperaçãoA
0 IrestriçãoB
IoperaçãoB
IrestriçãoC
IoperaçãoC
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)
Figura 5.60 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.
20 Região de Restrição
IrestriçãoA
IoperaçãoA
15 IrestriçãoB
IoperaçãoB
IrestriçãoC
Unidades
IoperaçãoC
10
0
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)
Figura 5.61 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.
0.5
Unidades
0
Região de Restrição
-0.5 IrestriçãoA
IoperaçãoA
-1 IrestriçãoB
IoperaçãoB
-1.5 IrestriçãoC
IoperaçãoC
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)
Figura 5.62 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.
65
Terminal Remoto: Proteção da Linha 2
-5
Unidades
-10 Região de Restrição
IrestriçãoA
-15 IoperaçãoA
IrestriçãoB
-20 IoperaçãoB
IrestriçãoC
-25 IoperaçãoC
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)
Figura 5.63 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.
0.4
IoperaçãoC
0.2
-0.2
-0.4
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)
(a)
1 Região de Restrição
IrestriçãoA
0.8 IoperaçãoA
IrestriçãoB
0.6 IoperaçãoB
IrestriçãoC
Unidades
0.4 IoperaçãoC
0.2
-0.2
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Impedância de falta (Ohms)
(b)
Figura 5.64 – Proteção local da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-T aplicado a
95% da linha 1 com variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.
66
Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
20 Região de Restrição
IrestriçãoA
IoperaçãoA
15 IrestriçãoB
IoperaçãoB
IrestriçãoC
Unidades IoperaçãoC
10
Figura 5.65 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas.
0.5
0
Unidades
Região de Restrição
-0.5 IrestriçãoA
IoperaçãoA
IrestriçãoB
IoperaçãoB
-1
IrestriçãoC
IoperaçãoC
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)
(a)
Terminal Local: Proteção da Linha 2
0.6
0.4
0.2
0
Unidades
-0.2
Região de Restrição
-0.4 IrestriçãoA
IoperaçãoA
-0.6
IrestriçãoB
-0.8 IoperaçãoB
IrestriçãoC
-1 IoperaçãoC
20 40 60 80 100 120 140
Impedância de falta (Ohms)
(b)
Figura 5.66 – Proteção local da linha 2 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-T aplicado a
95% da linha 1 com variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.
67
Terminal Remoto: Proteção da Linha 2
-5
Unidades
Região de Restrição
-10 IrestriçãoA
IoperaçãoA
-15 IrestriçãoB
IoperaçãoB
IrestriçãoC
-20 IoperaçãoC
100 200 300 400 500 600 700 800 900
Impedância de falta (Ohms)
Figura 5.67 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas.
1 Fase A
Fase B
Fase C
0.5
Im I1L/I2L
-0.5
-1
Figura 5.68 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.
Fase A
0
Fase B
Fase C
-2
Im I1R/I2R
-4
-6
-8
-10
-10 -5 0 5 10
Real I1R/I2R
Figura 5.69 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.
68
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
1 Fase A
Fase B
Fase C
0.5
Im I1L/I2L
0
-0.5
-1
Figura 5.70 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas.
0
Im I1R/I2R
-2
-4
-6
Figura 5.71 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas.
Da mesma forma, é possível perceber que a utilização do plano alfa com o método tradicional
foi incapaz de permitir que a proteção atuasse em modo instantâneo para todos os casos simulados,
como mostram as Figuras 5.68 e 5.69. Já a utilização das correntes sobrepostas no plano alfa, permitiu
que o relé atuasse em modo instantâneo para valores ainda maiores de impedâncias de falta, como é
possível perceber nas Figuras 5.70 e 5.71. Enquanto que no plano operacional esse valor máximo
ocorreu em torno de 10 Ω, no plano alfa esse mesmo ponto onde a proteção se encontra no limite entre
a operação em modo instantâneo e operação em modo sucessivo ocorre aproximadamente para 400 Ω.
69
d) Caso 4: curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no carregamento
da linha de -90o a +90o:
1
Unidades
0
Região de Restrição
-1
IrestriçãoA
-2 IoperaçãoA
IrestriçãoB
-3 IoperaçãoB
IrestriçãoC
-4 IoperaçãoC
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)
Figura 5.72 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.
15
10
5
Unidades
0
Região de Restrição
-5 IrestriçãoA
IoperaçãoA
-10
IrestriçãoB
IoperaçãoB
-15
IrestriçãoC
-20 IoperaçãoC
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)
Figura 5.73 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.
70
Terminal Local: Proteção da Linha 2
Unidades 0
Região de Restrição
-1
IrestriçãoA
-2 IoperaçãoA
IrestriçãoB
-3 IoperaçãoB
IrestriçãoC
-4 IoperaçãoC
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)
Figura 5.74 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.
0
Região de Restrição
IrestriçãoA
Unidades
-5
IoperaçãoA
IrestriçãoB
-10 IoperaçãoB
IrestriçãoC
IoperaçãoC
-15
-20
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)
Figura 5.75 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.
0.5
Unidades
0
Região de Restrição
IrestriçãoA
-0.5 IoperaçãoA
IrestriçãoB
IoperaçãoB
-1 IrestriçãoC
IoperaçãoC
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)
Figura 5.76 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.
71
Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
15
10
5
Unidades 0
Região de Restrição
-5 IrestriçãoA
IoperaçãoA
-10 IrestriçãoB
IoperaçãoB
-15 IrestriçãoC
IoperaçãoC
-20
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)
Figura 5.77 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.
0.5
Unidades
0
Região de Restrição
IrestriçãoA
-0.5 IoperaçãoA
IrestriçãoB
IoperaçãoB
-1 IrestriçãoC
IoperaçãoC
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)
Figura 5.78 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.
0
Região de Restrição
IrestriçãoA
-5
Unidades
IoperaçãoA
IrestriçãoB
IoperaçãoB
-10
IrestriçãoC
IoperaçãoC
-15
-20
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)
Figura 5.79 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.
72
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
1 Fase A
Fase B
Fase C
0.5
Im I1L/I2L
0
-0.5
-1
Figura 5.80 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.
-2
-4
-6
-8
-10
-15 -10 -5 0 5 10
Real I1R/I2R
Figura 5.81 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.
1 Fase A
Fase B
Fase C
0.5
Im I1L/I2L
-0.5
-1
Figura 5.82 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.
73
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
Im I1R/I2R
-2
-4
-6
Fase A
Fase B
-8
Fase C
-20 -18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0
Real I1R/I2R
Figura 5.83 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.
A partir dos resultados obtidos, é possível perceber que, com o método tradicional, a operação
da proteção em modo instantâneo só é possível para situações em que a linha se encontra com
carregamento mínimo, ou seja, com abertura angular em torno de zero graus. A utilização do plano
alfa aumenta esse número de casos, mas a proteção ainda depende de um baixo carregamento para sua
atuação em modo instantâneo. Já com a utilização do método das corrente sobrepostas a proteção atua
em modo instantâneo para um conjunto considerável de situações diferentes de carregamento e
principalmente quando o fluxo de carga se encontra no sentido direto, considerando também o plano
operacional. Por fim, é possível perceber que, para esse tipo de curto, a proteção com o método das
corrente sobrepostas representada no plano alfa atuou em seu modo instantâneo para todas as situações
consideradas, demonstrando assim um aumento significativo na sensibilidade do sistema de proteção.
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Onde os casos analisados possuem as seguintes configurações:
Caso 1: Curto-circuito B-T aplicado em 10% da linha 1.
Caso 2: Curto-circuito trifásico aplicado em 50% da linha 2.
Caso 3: Curto-circuito AC-T aplicado em 90% da linha 2.
Caso 4: Curto-circuito A-T de 500 Ω aplicado em 90% da linha 1.
Caso 5: Curto-circuito C-T externo.
Em seguida, a tabela 5.6 define em quais pontos a proteção diferencial transversal foi capaz de
atuar no modo de operação instantâneo para cada uma das variáveis consideradas nas análises em
massa.
Tabela 5.6 Tabela resumo dos pontos em que o sistema de proteção atua em modo de operação instantâneo.
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CAPÍTULO 6
Este trabalho apresentou uma análise completa da proteção diferencial transversal para linhas
de transmissão de circuito duplo. Para isso, os softwares ATP e Matlab se mostraram eficientes na
verificação do funcionamento do sistema de proteção, possibilitando uma comparação direta entre
diferentes métodos utilizados.
Para a análise do desempenho da proteção, o método das correntes sobrepostas foi comparado
ao método tradicional para todas as situações simuladas, onde a lógica de proteção foi analisada com o
auxílio de duas ferramentas conhecidas da proteção diferencial longitudinal: o plano operacional e o
plano alfa. Além disso, esse trabalho propôs alterações e adaptações ao plano alfa de forma a torná-lo
aplicável ao sistema de proteção analisado.
A fase de simulações computacionais foi dividida em duas etapas. A primeira, composta por
simulações transitórias, de forma a representar a resposta dos relés durante a ocorrência de um
determinado defeito. A segunda etapa, correspondeu às simulações em massa, onde foi possível
verificar, em regime permanente de curto-circuito, a resposta, o desempenho e a sensibilidade da
proteção para cada um dos métodos e planos utilizados. Ainda na segunda fase foi possível verificar a
influência de parâmetros como o SIR das linhas, carregamento do sistema, impedância de falta e
localização do defeito no desempenho do sistema de proteção.
Foi possível verificar que a proteção diferencial cruzada atua corretamente sem a necessidade
de um canal de comunicação entre os terminais da linha, o que reduz consideravelmente os custos e a
complexidade do sistema de proteção. Além disso, o método das correntes sobrepostas se destaca
como um importante complemento à lógica desse tipo de proteção, pois proporciona um aumento
considerável na sua estabilidade e confiabilidade. Adicionalmente, a utilização do plano alfa propiciou
um considerável aumento na sensibilidade da proteção, promovendo melhorias significativas na
velocidade e na capabilidade da proteção.
Assim, conclui-se que a proteção diferencial cruzada é segura e possui boa sensibilidade
quando as duas linhas estão em funcionamento. Entretanto, é possível destacar alguns pontos que
ainda merecem atenção especial e que podem ser abordados em trabalhos futuros, tais como:
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Desenvolvimento de uma característica de restrição no plano alfa de forma a minimizar a
possibilidade de trips indevidos e ao mesmo tempo possibilitar ganhos em segurança e
sensibilidade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[5] Q.P. Wang, X.Z. Dong, Z.Q. Bo, B.R.J. Caunce, D. Tholomier, A. Apostolov, “Protection
Scheme of Cross Differential Relay for Double Transmission Lines”, Power Engineering
Society General Meeting, 2005.
[8] L. N. Tripathy, P. K. Dash, and S. R. Samantaray, Senior Member, IEEE, “A New Cross-
Differential Protection Scheme for Parallel Transmission Lines Including UPFC”, IEEE
Transactions on Power Delivery (accepted for inclusion in a future issue of this journal), Out.
2013.
[9] A. H. Osman and O. P. Malik, “Protection of Parallel Transmission Lines Using Wavelet
Transform”, IEEE Transactions on Power Delivery,Vol. 19, 2004.
[11] Zhiqian Q. Bo, Xinzhou Z. Dong, Ben R. J. Caunce and R. Millar, “Adaptive
Noncommunication Protection of Double-Circuit Line Systems”, IEEE Transactions on
Power Delivery, Vol. 18, 2003.
[12] H. Xi, D. Xinzhou, W. Bin, S. Shenxing, L. Kun and L. Youyi, “Implementation of Non-
communication Protection of Double Circuit Line Systems Based on Integrated Protection
Platform”, International Conference on Advanced Power System Automation and Protection,
2011.
[15] Bogdan Kasztenny, Gabriel Benmouyal, Héctor J. Altuve, Normann Fischer, “Tutorial
on Operating Characteristics of Microprocessor-based Multiterminal Line Current Differential
Relays”, Institute of Electrical Power Engineering, Wroclaw, 2013.
[16] EMTP Reference Models for Transmission Line Relay Testing. IEEE PES/PSRC Special
Publication, 2004.
[20] Alternative Transients Program (ATP): Rule Book, Leuven EMTP Center,1992.
[23] A.R. van C. Warrington, “Protective Relays: Their Theory and Practice”, Volume 1,
London, Chapman and Hall, 1962.
[24] A.R. van C. Warrington, “Protective Relays: Their Theory and Practice”, Volume 2,
London, Chapman and Hall, 1969.
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APÊNDICE
As torres de transmissão que compõem o sistema Utinga-Miramar são do tipo básica, com
fases em disposição vertical, e composta de dois condutores por fase com a utilização de um cabo
pára-raios por circuito. A estrutura física dessas torres bem como os valores de suas respectivas
dimensões espaciais são apresentados na Figura 1.
Os cabos utilizados no sistema de transmissão são do tipo Grosbeak 636 kcmil/fase e os cabos
pára-raios são do tipo EHS 3/8'', acrônimo para extra-alta resistência (do inglês "Extra High Strength")
e com 3/8 polegadas de diâmetro. As características desses cabos estão dispostas na Tabela 1.
Portanto, de posse das características físicas dos cabos e das torres de transmissão obtém-se,
por meio da rotina "Line Constants" do software ATP, as matrizes de impedância, em Ohms/km, e
capacitância, em Farads/km, para a linha de transmissão. Assim, se os dois circuitos forem idênticos,
essa matriz, composta por seis linhas e seis colunas, será perfeitamente simétrica.
Em seguida, o modelo utilizado para a representação da linha assume que os circuitos são
individualmente e continuamente transpostos, mas considera a existência do acoplamento de sequência
zero entre eles. Portanto, essa modelagem especial pode ser vista como uma expansão do modelo de
linhas, compostas por 6 condutores, continuamente transpostas a parâmetros distribuídos.
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Matematicamente, o acoplamento entre fases é representado como mostra a matriz a seguir,
onde três parâmetros distintos são considerados: Zs, Zm e Zp. Nesse modelo, Zs corresponde à
impedância própria dos circuitos e Zm à impedância de acoplamento mútuo entre eles. Já Zp
representa o acoplamento entre qualquer uma das três fases de um dos circuitos com qualquer outra
fase do segundo circuito [20].
𝒁𝒔 𝑍𝑚 𝑍𝑚 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝
𝑍𝑚 𝒁𝒔 𝑍𝑚 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝
𝑍𝑚 𝑍𝑚 𝒁𝒔 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝
𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝒁𝒔 𝑍𝑚 𝑍𝑚
𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑚 𝒁𝒔 𝑍𝑚
𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑚 𝑍𝑚 𝒁𝒔
Finalmente, esses três parâmetros, Zs, Zm e Zp podem ser indiretamente representados como
três parâmetros de acoplamento: ZG, ZL e ZIL, onde a relação entre eles é dada por:
𝑍𝐿 = 𝑍𝑠 − 𝑍𝑚 (1.2)
Portanto, após aplicar essa modelagem às matrizes de impedância e capacitância obtidas com a
rotina "Line Constants" obtém-se os seguintes parâmetros para a linha de transmissão em análise:
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Figura 1 – Estrutura da torre de transmissão utilizada nas simulações.
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