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AVALIAÇÃO DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL

TRANSVERSAL APLICADA ÀS LINHAS DE


TRANSMISSÃO DE CIRCUITO DUPLO

Matheus Freitas Borges Gomes

TRABALHO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

AVALIAÇÃO DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL


TRANSVERSAL APLICADA ÀS LINHAS DE TRANSMISSÃO
DE CIRCUITO DUPLO

MATHEUS FREITAS BORGES GOMES

ORIENTADOR: KLEBER MELO E SILVA

TRABALHO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

PUBLICAÇÃO: PPGEE.DM - XXX/XX

BRASÍLIA/DF: XXX
i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

AVALIAÇÃO DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL


APLICADA ÀS LINHAS DE TRANSMISSÃO DE CIRCUITO DUPLO

MATHEUS FREITAS BORGES GOMES

Trabalho final de Graduação submetido ao Departamento de Engenharia Elétrica da Faculdade de


Tecnologia da Universidade de Brasília como parte dos requisitos necessários para a obtenção do
grau Engenheiro Eletricista.

APROVADO POR:

______________________________________________
Prof. Kleber Melo e Silva, Doutor (ENE - UnB)
(Orientador)

______________________________________________
Paulo Cesar Gonçalves Campos (Eletrobras Eletronorte)
(Examinador externo)

______________________________________________
Bernard Fernandes Küsel (ONS)
(Examinador externo)

BRASÍLIA - DF
JULHO DE 2014
ii
FICHA CATALOGRÁFICA

GOMES, MATHEUS FREITAS BORGES

Avaliação da Proteção Diferencial Transversal Aplicada às Linhas de Transmissão de Circuito


Duplo [Distrito Federal] 2014.
xiv, 82p., 210 x 297 mm (ENE/FT/UnB, Engenheiro Eletricista, Engenharia Elétrica, 2014)
Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de Engenharia Elétrica.
1. Proteção Diferencial Transversal 2. Plano Alfa
3. Linha de Transmissão 4. ATP
I. ENE/FT/UnB II. Título (série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
GOMES, M. F. B. (2014). Avaliação da Proteção Diferencial Transversal Aplicada às Linhas
de Transmissão de Circuito Duplo. Trabalho de Graduação em Engenharia Elétrica,
Publicação XXX, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade de Brasília, Brasília,
DF, 82p.

CESSÃO DE DIREITOS
AUTOR: Matheus Freitas Borges Gomes.
TÍTULO: Avaliação da Proteção Diferencial Transversal Aplicada às Linhas de Transmissão
de Circuito Duplo.
GRAU: Engenheiro Eletricista ANO: 2014

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias deste trabalho de


graduação e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desse trabalho de
graduação pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.

____________________________
Matheus Freitas Borges Gomes
Universidade de Brasília –UnB
Campus Darcy Ribeiro
Faculdade de Tecnologia – FT
Departamento de Engenharia Elétrica
Brasília – DF
CEP: 70910-900

iii
RESUMO

Neste trabalho apresenta-se uma avaliação do desempenho da proteção diferencial transversal


aplicada às linhas de transmissão de circuito duplo. Como ferramentas de modelagem, utilizou-se o
software ATP (Alternative Transients Program) em conjunto com o software Matlab para simular,
modelar e visualizar o desempenho do sistema de proteção para diferentes cenários de falta.
A função de proteção foi implementada utilizando-se um elemento diferencial percentual
associado ao método das correntes sobrepostas, com o intuito de aumentar a sensibilidade e a
segurança na sua operação. Adicionalmente, utiliza-se o plano operacional para a visualização dos
resultados e propõe-se a implementação de adaptações ao plano alfa de forma a torná-lo aplicável ao
sistema de proteção analisado. Ambos os planos permitem uma análise visual dos resultados e uma
detalhada comparação entre os métodos utilizados.

Os resultados foram obtidos por meio de simulações transitórias e simulações em massa. As


primeiras foram utilizadas para verificar a atuação do relé durante o defeito, enquanto que as
simulações em massa consideraram apenas o regime permanente de curto circuito. Tais resultados
demonstram as vantagens do uso desse tipo de proteção para linhas de circuito duplo, mediante a
verificação dos seus diferentes modos de operação, e evidenciam os aumentos consideráveis na
sensibilidade, segurança e velocidade de atuação da proteção, em função da utilização do método das
correntes sobrepostas e da implementação do plano alfa.

iv
ABSTRACT

This work aims to evaluate the performance of the cross differential protection over a double
circuit line system. In this regard, the softwares ATP (Alternative Transients Program) and Matlab
were used to simulate, model and analyze the performance of the protection system over several fault
scenarios.
A percentage differential element along with the superimposed fault components is used to
improve the sensitivity and security of the protection scheme while the Operational plane is
implemented to achieve visual comprehension of the protection's results. Additionally, this work
proposes modifications over the Alpha plane aiming to make it suitable for the cross differential
protection. Therefore, both planes allow a visual comparison of the utilized methods.
The results are obtained in two different stages: transient simulations, in order to verify the
relay's performance during all the fault event, and mass simulations on steady state fault regime. The
obtained data presents the advantages of the cross differential protection and demonstrate substantial
improvements on the sensibility, stability and speed of the protection's system due the utilization of the
Alpha plane and superimposed fault components.

v
SUMÁRIO

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA I
INTRODUÇÃO 1
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA 1
1.2. MOTIVAÇÃO 3
1.3. OBJETIVOS 3
1.4. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO 4
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5
FUNDAMENTAÇÃO DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL 10
3.1. PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL TRADICIONAL 11
3.2. PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL PERCENTUAL 12
3.3. PLANO OPERACIONAL 13
3.4. MODOS DE OPERAÇÃO DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL 15
3.5. CÁLCULO DA ZONA DE OPERAÇÃO SUCESSIVA 17
3.6. MÉTODO DAS CORRENTES SOBREPOSTAS 18
ALGORITMO PROPOSTO 24
4.1. METODOLOGIA PROPOSTA 24
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 29
5.1. SISTEMA ANALISADO 29
5.2. SIMULAÇÕES TRANSITÓRIAS PONTUAIS 34
5.3. SIMULAÇÕES EM MASSA 55
5.4. RESUMO DOS RESULTADOS 74
CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS 76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 78
APÊNDICE 80

vi
LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Circuito duplo tradicional..................................................................................................11

Figura 3.2 – Plano Operacional.............................................................................................................14

Figura 3.3 – Pontos de localização de faltas..........................................................................................15

Figura 3.4 – Circuito duplo com falta aplicada na linha 1.....................................................................17

Figura 3.5 – Sistema teste de 230 kV proposto pelo IEEE Power System Relaying Committee.........19

Figura 4.1 – Plano Alfa..........................................................................................................................25

Figura 4.2 – Zonas de restrição do Plano Alfa para um relé diferencial...............................................26

Figura 4.3 – Zonas de restrição no Plano Alfa para o relé diferencial transversal................................28

Figura 5.1 – Sistema de 230 kV utilizado nas simulações computacionais..........................................29

Figura 5.2 – Sistema de 230 kV utilizado nas simulações computacionais: implementação no


ATPDraw................................................................................................................................................30

Figura 5.3 – Sistema utilizado para aplicação de faltas.........................................................................30

Figura 5.4 – Curvas de excitação características dos TCs C800...........................................................32

Figura 5.5 – Processo de janelamento de um determinado sinal...........................................................32

Figura 5.6 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas............................................................35

Figura 5.7 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: (a)
antes da abertura monopolar do disjuntor local da linha 1; (b) Após a abertura desse disjuntor...........35

Figura 5.8 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas............................................................36

Figura 5.9 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas............................................................36

Figura 5.10 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas após a abertura monopolar do disjuntor
local da linha 1........................................................................................................................................37

Figura 5.11 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
tradicional...............................................................................................................................................38

Figura 5.12 – Proteção tradicional remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da
linha 1: (a) antes da abertura do disjuntor local da linha 1; (b) Após a abertura do disjuntor................38

vii
Figura 5.13 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
método tradicional..................................................................................................................................39

Figura 5.14 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
método tradicional..................................................................................................................................39

Figura 5.15 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
das correntes sobrepostas........................................................................................................................39

Figura 5.16 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
método das correntes sobrepostas...........................................................................................................40

Figura 5.17 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
das correntes sobrepostas........................................................................................................................40

Figura 5.18 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1:
método das correntes sobrepostas...........................................................................................................40

Figura 5.19 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação
entre o método tradicional e correntes sobrepostas................................................................................42

Figura 5.20 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação
entre o método tradicional e correntes sobrepostas................................................................................42

Figura 5.21 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação
entre o método tradicional e correntes sobrepostas................................................................................43

Figura 5.22 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação
entre o método tradicional e correntes sobrepostas................................................................................43

Figura 5.23 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método
tradicional...............................................................................................................................................43

Figura 5.24 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método
tradicional...............................................................................................................................................44

Figura 5.25 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método
tradicional...............................................................................................................................................44

Figura 5.26 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método
tradicional...............................................................................................................................................44

Figura 5.27 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das
correntes sobrepostas..............................................................................................................................45

Figura 5.28 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das
correntes sobrepostas..............................................................................................................................45

viii
Figura 5.29 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das
correntes sobrepostas..............................................................................................................................45

Figura 5.30 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das
correntes sobrepostas..............................................................................................................................46

Figura 5.31– Proteção local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: (a)
antes da abertura tripolar do disjuntor remoto da linha 2; (b) Após a abertura do disjuntor..................47

Figura 5.32 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas............................................................48

Figura 5.33 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
(a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico....................................................................................................48

Figura 5.34 – Proteção tradicional local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da
linha 2: (a) antes da abertura tripolar do disjuntor remoto da linha 2; (b) Após a abertura do
disjuntor..................................................................................................................................................49

Figura 5.35 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
método tradicional..................................................................................................................................50

Figura 5.36 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
método das correntes sobrepostas...........................................................................................................50

Figura 5.37 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
método das correntes sobrepostas...........................................................................................................50

Figura 5.38 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas..................................51

Figura 5.39 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas..................................52

Figura 5.40 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: método tradicional........................................................................................................52

Figura 5.41 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: método tradicional........................................................................................................52

Figura 5.42 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: método das correntes sobrepostas.................................................................................53

Figura 5.43 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em
90% da linha 1: método das correntes sobrepostas.................................................................................53

Figura 5.44 – Proteção remota da linha 1 para um curto-circuito externo: método das correntes
sobrepostas..............................................................................................................................................54

ix
Figura 5.45 – Proteção local da linha 2 para um curto-circuito externo: método
tradicional...............................................................................................................................................54

Figura 5.46 – Proteção remota da linha 2 para um curto-circuito externo: método


tradicional...............................................................................................................................................54

Figura 5.47 – Proteção local da linha 1 para um curto-circuito externo: método das correntes
sobrepostas..............................................................................................................................................55

Figura 5.48 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da
linha 1: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas...............................................57

Figura 5.49 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98%
da linha 1: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico..................................................................................57

Figura 5.50 – Proteção local da linha 1 pelo método tradicional para curto-circuito monofásico B-T
aplicado de 2% a 98% da linha 1: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.............................................58

Figura 5.51 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98%
da linha 1: método tradicional................................................................................................................58

Figura 5.52 – Proteção local da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito
monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico..................59

Figura 5.53 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98%
da linha 1: método das correntes sobrepostas.........................................................................................59

Figura 5.54 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR
variando de 0,1 a 10: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.................................................................61

Figura 5.55 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR
variando de 0,1 a 10: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.........................61

Figura 5.56 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR
variando de 0,1 a 10: método tradicional................................................................................................62

Figura 5.57 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR
variando de 0,1 a 10: método tradicional................................................................................................62

Figura 5.58 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR
variando de 0,1 a 10: método das correntes sobrepostas........................................................................62

Figura 5.59 – Proteção remota da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-
T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando de 0,1 a 10: (a) visão geral; (b) Detalhe do
gráfico.....................................................................................................................................................63

Figura 5.60 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................65

x
Figura 5.61 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................65

Figura 5.62 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................65

Figura 5.63 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................66

Figura 5.64 – Proteção local da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-T
aplicado a 95% da linha 1 com variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: (a) visão geral; (b)
Detalhe do gráfico...................................................................................................................................66

Figura 5.65 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas..............................67

Figura 5.66 – Proteção local da linha 2 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-T
aplicado a 95% da linha 1 com variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: (a) visão geral; (b)
Detalhe do gráfico...................................................................................................................................67

Figura 5.67 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas..............................68

Figura 5.68 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................68

Figura 5.69 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional......................................................68

Figura 5.70 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas..............................69

Figura 5.71 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas..............................69

Figura 5.72 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................70

Figura 5.73 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................70

Figura 5.74 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................71

Figura 5.75 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................71

xi
Figura 5.76 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................71

Figura 5.77 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................72

Figura 5.78 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................72

Figura 5.79 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................72

Figura 5.80 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................73

Figura 5.81 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.................................................73

Figura 5.82 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................73

Figura 5.83 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com
variação no carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas..........................74

Figura A. 1 – Estrutura da torre de transmissão utilizada nas simulações............................................82

xii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – Estatística de falha considerando os tipos de falta..............................................................2

Tabela 1.2 – Estatística de falha para diferentes equipamentos...............................................................2

Tabela 3.1 – Modos de operação dos relés............................................................................................16

Tabela 3.2 – Modos de operação do sistema de proteção......................................................................17

Tabela 5.1 – Parâmetros elétricos da linha de transmissão....................................................................31

Tabela 5.2 – Dados das impedâncias equivalentes................................................................................31

Tabela 5.3 – Ajustes da Proteção Diferencial Transversal....................................................................33

Tabela 5.4 – Lista de casos utilizados nas simulações em massa..........................................................56

Tabela 5.5 – Tabela resumo dos modos de operação do sistema de proteção.......................................74

Tabela 5.6 – Tabela resumo dos pontos em que o sistema de proteção atua em modo de operação
instantâneo..............................................................................................................................................75

Tabela A.1 – Dados dos condutores da linha de transmissão................................................................80

Tabela A.2 – Parâmetros elétricos da linha de transmissão...................................................................81

Matriz A.1 – Estrutura utilizada na modelagem....................................................................................81

xiii
GLOSSÁRIO

ABB Asea Brown Boveri.


AC-T Fases A e C para Terra.
ANSI American National Standards Institute.
A-T Fase A para Terra.
ATP Alternative Transient Program.
ATPDraw Interface gráfica do ATP.
B11 Disjuntor localizado no terminal local da linha 1.
B12 Disjuntor localizado no terminal remoto da linha 1.
B21 Disjuntor localizado no terminal local da linha 2.
B22 Disjuntor localizado no terminal remoto da linha 2.
B-T Fase B para Terra.
CC Corrente contínua.
C-T Fase C para Terra.
EHS Extra High Strength.
EMTDC Eletromagnetic Transients Program for Direct Current.
EMTP Eletromagnetic Transients Program.
F1 Ponto de aplicação de falta localizado no terminal local da linha 1.
F2 Ponto de aplicação de falta localizado na região central da linha 1.
F3 Ponto de aplicação de falta localizado no terminal remoto da linha 1.
F4 Ponto de aplicação de falta localizado no terminal local da linha 2.
F5 Ponto de aplicação de falta localizado na região central da linha 2.
F6 Ponto de aplicação de falta localizado no terminal remoto da linha 2.
FACTS Flexible Alternating Current Transmission System.
FDST Fast Discrete S-Transform.
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers.
L1F5 Terceiro ponto de aplicação de falta da linha 1.
L1F7 Quarto ponto de aplicação de falta da linha 1.
LT Linha de transmissão.
PSCAD Power System Computer Aided Design.
R1 Disjuntor localizado no terminal local da linha de transmissão.
R2 Disjuntor localizado no terminal remoto da linha de transmissão.
SIR Source Impedance Ratio.
TC Transformador de corrente.
UPFC Unified Power Flow Controller.

xiv
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA


Os avanços tecnológicos das últimas décadas fizeram com que a sociedade moderna se
tornasse cada vez mais dependente da energia elétrica. Esse cenário, aliado ao desenvolvimento
econômico-social vivenciado pelo país, propiciou uma crescente demanda por energia que, por sua
vez, exigiu a expansão do sistema elétrico de potência. Como resultado, empresas e concessionárias
tem direcionado os investimentos para a expansão de seus sistemas de transmissão promovendo um
forte aumento no número de linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica. [1]

Ao mesmo tempo, legislações ambientais cada vez mais rígidas promovem grandes
dificuldades na construção de novas linhas de transmissão. Áreas de preservação permanente,
propriedades privadas e regiões com proteções ambientais específicas são verdadeiros empecilhos à
construção desses novos circuitos. Adicionalmente, os gastos envolvidos em estudos de impacto
ambiental, compra de terras, desmatamento da região que servirá como faixa de servidão e estudos de
viabilidade para definição do traçado da linha representam uma parcela significativa do custo total
para implantação de uma nova linha de transmissão. Nesse contexto, têm-se optado cada vez mais pela
utilização de linhas de transmissão de circuito duplo, pois essa solução permite o aumento da
capacidade de transmissão sem a necessidade de novas faixas de servidão ou torres de transmissão,
eliminando ou minimizando grande parte desses gastos. [2]

Por outro lado, os sistemas elétricos de potência serão sempre suscetíveis a falhas em seus
componentes, de tal forma que é impossível a construção de um sistema elétrico completamente imune
a esses defeitos. Na ocorrência de uma determinada falta, o elemento atingido deve ser desconectado
do restante do sistema de forma a minimizar seus efeitos, garantindo a integridade, não apenas do
equipamento em questão, mas do sistema elétrico como um todo. [3]

Os relatos obtidos ao longo dos anos, desde o surgimento dos primeiros sistemas de
transmissão, mostram que os diversos tipos de faltas não possuem a mesma probabilidade de ocorrer.
Faltas trifásicas, por exemplo, embora severas em termos de magnitude de corrente e dano potencial,
representam a menor parcela entre esses eventos. Por outro lado, faltas monofásicas, consideradas

1
menos nocivas, correspondem à maior parte das faltas ocorridas nos sistemas elétricos, como é
possível perceber na tabela 1.1 a seguir. [3]

Tabela 1.1 Estatística de falha considerando os tipos de falta[3].


Probabilidade de
Tipo de Falta Gravidade
Ocorrência (%)
F-T 85% Menos grave
F-F 8%
F-F-T 5%
F-F-F 2% Mais grave
Total 100%

A distribuição das faltas nos diferentes equipamentos do setor elétrico também não obedecem
uma relação de proporcionalidade. As linhas de transmissão, por estarem expostas a eventos tais como
tempestades, vento, descargas atmosféricas, chuva de granizo, neve e outros elementos externos, são
os componentes mais suscetíveis à faltas de todo o sistema elétrico, correspondendo à metade de todas
as falhas verificadas no mesmo. Tais estatísticas estão representadas na tabela 1.2. [3]

Tabela 1.2 Estatística de falha para diferentes equipamentos [3].

Equipamento Probabilidade de Falha (%)


Linhas de Transmissão 50%
Disjuntores 12%
TPs, TCs, Relés, etc 12%
Transformadores 10%
Cabos Subterrâneos 9%
Geradores 7%

Total 100%

Já as linhas de transmissão de circuito duplo fazem parte de um cenário ainda pior: a


proximidade entre as linhas dos circuitos paralelos resulta em uma taxa de falha consideravelmente
mais elevada, fazendo com que seja necessário o uso de um sistema de proteção capaz de eliminar
qualquer tipo de falta, rápida e apropriadamente, a fim de garantir a integridade dos componentes do
sistema. Para isso, este trabalho propõe a utilização da proteção diferencial transversal (ou cruzada)
como um método de proteção de linhas de circuito duplo. Assim, modelou-se a linha de transmissão
de circuito duplo no software ATP (Alternative Transients Program) enquanto que o software Matlab
foi utilizado para realizar a implementação da lógica de proteção. Diferentes métodos foram utilizados
2
associados à lógica da proteção e, por meio de análises transitórias e simulações em massa, foi
possível otimizar o desempenho da proteção diferencial transversal de linhas de circuito duplo.

1.2. MOTIVAÇÃO
No que concerne à proteção de linhas de transmissão, é sabido que a proteção de distância é a
mais utilizada [3]. Entretanto, no caso de circuitos duplos, o acoplamento de sequência zero entre as
linhas influencia sobremaneira o desempenho dos relés de distância, tornando necessária a utilização
de técnicas de compensação dos efeitos desse acoplamento. Na tentativa de contornar essa limitação,
os avanços tecnológicos verificados na última década nos relés numéricos microprocessados, aliado ao
uso de modernos sistemas de comunicação, têm possibilitado a aplicação da proteção diferencial
longitudinal, mesmo para o caso de linhas de transmissão longas. De fato, esse tipo de proteção não é
afetado pelo acoplamento de sequência zero inerente às linhas de circuito duplo, mas requer a troca de
informações entre os diferentes terminais da linha.

Alternativamente, a proteção diferencial transversal se mostra como uma opção técnica e


economicamente viável para a proteção desse tipo de linha, já que não é afetada pelo acoplamento
mútuo de sequência zero e nem requer a troca de informações entre os seus terminais. Tais fatos
serviram como motivação principal para a realização do presente trabalho.

1.3. OBJETIVOS
O objetivo do presente trabalho é analisar o desempenho da proteção diferencial transversal
aplicada a linhas de transmissão de circuito duplo, a partir de dados obtidos com o software ATP.

Os objetivos específicos desse projeto são:

 Modelar e simular a lógica de funcionamento dos relés diferenciais transversais no software


Matlab.

 Aplicar o método das correntes sobrepostas à lógica da proteção, analisar seu desempenho e
compará-lo ao método de proteção tradicional.

 Implementar a lógica da proteção diferencial transversal analisada sobre a ótica dos planos
Operacional e Alfa, tanto durante o regime transitório de falta quanto para o regime
permanente de falta.

3
1.4. ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
Este trabalho está organizado como segue:

No Capítulo 2, é realizada uma revisão bibliográfica abordando os principais trabalhos


referentes à utilização da proteção diferencial transversal na proteção de linhas de transmissão de
circuito duplo.

No Capítulo 3, descreve-se a fundamentação teórica da proteção diferencial transversal, a


lógica implementada no sistema de proteção e os métodos utilizados em conjunto com a mesma.

No Capítulo 4, os algoritmos e parâmetros utilizados nas simulações são apresentados.

No Capítulo 5, os resultados obtidos através de simulações computacionais são apresentados e


os pontos mais relevantes são detalhadamente analisados.

Por fim, no Capítulo 6, são apresentadas as conclusões a partir das análises dos resultados e
realizadas propostas para trabalhos futuros que possam dar continuidade e complementação a este
estudo.

4
CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Na literatura referente à proteção de sistemas elétricos, encontram-se inúmeros trabalhos


abordando o desempenho da proteção de distância. É possível encontrar ainda diversas publicações
que analisam a lógica de funcionamento da proteção diferencial longitudinal aplicada às linhas de
transmissão, propondo modificações, melhorias e novas ferramentas, de forma a aprimorar o
desempenho da proteção desse componente. Por outro lado, a proteção diferencial transversal foi
desenvolvida, principalmente, para contornar as dificuldades encontradas por esses tipos de proteção
mais comuns em atender as necessidades de um sistema de transmissão moderno, crescente e que
passou a adotar as linhas de transmissão de circuito duplo com cada vez mais frequência.

No estado da arte da proteção diferencial transversal aplicada às linhas de circuito duplo, o


aumento da sensibilidade na detecção das faltas pode ser definido como um dos maiores desafios. Para
contornar essa dificuldade, várias soluções têm sido propostas.

Em [4], os autores utilizam um elemento diferencial percentual para aumentar a sensibilidade


do relé e melhorar o desempenho da proteção diferencial transversal. O trabalho foi motivado,
principalmente, pela necessidade da proteção ser ajustada com um valor de restrição muito alto para
linhas de extra alta tensão, de forma que o relé tivesse sua sensibilidade consideravelmente diminuída,
para situações de elevado carregamento. Os autores utilizam ainda um elemento transversal diferencial
direcional baseado no valor da amplitude da corrente diferencial para identificar se a falta é interna ou
externa à região protegida. Além disso, uma lógica de seleção de fases é utilizada para bloquear a
atuação indevida do relé nas situações em que o mesmo atua em modo de operação sucessivo. Nesses
casos, a corrente da fase defeituosa cai a zero, enquanto que a corrente da linha sã é a corrente de
carregamento. Assim, o elemento diferencial transversal percentual é bloqueado, impedindo que a
diferença entre a corrente das duas linhas promova o trip indevido do relé.

Em seguida, os autores de [4] publicam o trabalho [5] com a mesma lógica de proteção e com
os mesmos elementos adicionais associados à proteção diferencial transversal. Entretanto, para esse
trabalho, o relé, composto pelos elementos diferencial percentual transversal, seletores de fase e
elementos de bloqueio, é apresentado com maiores detalhes de implementação e os mapas lógicos de
atuação da proteção são exibidos e analisados. Os resultados de ambos os trabalhos demonstram que a
5
implementação do elemento diferencial faz com que o relé passe a atuar corretamente para situações
que o carregamento a linha é consideravelmente alto, melhorando a sensibilidade da proteção
diferencial transversal, aumentando sua área de atuação em modo instantâneo e aumentando sua
estabilidade para faltas externas. Além disso, a implementação completa do relé, incluindo os
elementos seletores de fase e de bloqueio, permite que a proteção diferencial transversal atue
corretamente nos modos de operação instantâneo e sucessivo sem a necessidade de um canal de
comunicação entre os terminais da linha.

Em [6] os autores também utilizam um elemento diferencial percentual para aumentar a


sensibilidade da proteção transversal. Entretanto, para situações em que as fontes conectadas aos
terminais da linha apresentem valores de SIR (Source Impedance Ratio) consideravelmente diferentes
entre si, a proteção pode não atuar corretamente. Mesmo na ocorrência da falta, as correntes que
circulam em ambas as linhas no terminal conectado à fonte com alto valor de SIR, também chamada
de fonte fraca, possuem valores muito semelhantes. Assim, a proteção é incapaz de identificar o
defeito e atuar corretamente para eliminar a falha. Dessa forma, o trabalho propõe a utilização do
método das correntes sobrepostas (do inglês Superimposed Currentes) na tentativa de aumentar a
sensibilidade do relé diferencial transversal, especialmente do relé conectado ao terminal de alto valor
de SIR. Basicamente, o método realiza a subtração entre os valores das correntes medidas após a
ocorrência do defeito e as correntes medidas antes da falta, permitindo assim que o relé obtenha
apenas valores de corrente de falta pura. Diversas situações de falta aliadas às variações na
característica das fontes foram simuladas em um sistema de transmissão modelado com EMTP. Os
resultados demonstram que o método das correntes sobrepostas aplicado à proteção diferencial
transversal percentual permite que o relé atue corretamente nos modos de operação instantâneo e
sucessivo, mesmo na presença de uma fonte fraca conectada ao sistema. Por outro lado, observa-se
que, mesmo com o método das correntes sobrepostas e com a utilização do elemento diferencial, a
porcentagem do comprimento da linha em que a proteção atua em modo de operação instantâneo ainda
está fortemente associada ao seu carregamento e à força das fontes conectadas a ela.

Em [7], os autores utilizam o software PSCAD/EMTCD para modelar a linha de transmissão


de circuito duplo e verificar o desempenho do sistema de proteção analisado. O trabalho propõe a
utilização de um algoritmo de proteção baseado na lógica de um diagrama de estados e combina a
proteção diferencial transversal com lógicas de proteção de distância. A técnica proposta compara as
correntes das mesmas fases do circuito duplo em um plano bidimensional segmentado em 6 diferentes
áreas, de forma a abranger todos os possíveis estados de operação da linha de transmissão. A lógica
baseada na proteção de distância é utilizada na tentativa de contornar situações específicas em que a

6
proteção transversal é ineficiente ou incapaz de eliminar o defeito, como por exemplo algumas
situações de faltas evolutivas. Adicionalmente, a compensação da corrente de sequência zero foi
realizada para os casos em que um dos circuitos estava desenergizado e aterrado em ambos os
terminais de forma a evitar problemas de sobrealcance da proteção de distância. O algoritmo baseado
no diagrama de estados utiliza as sequências de transição entre as diferentes áreas do plano
bidimensional e, consequentemente, as transições de estados, para identificar diferentes cenários de
falta, permitindo que o relé atue corretamente. Assim, os resultados obtidos pelos autores demonstram
que o algoritmo de proteção proposto é rápido quando as duas linhas do circuito estão em
funcionamento, devido à alta sensibilidade da proteção transversal, e é capaz de eliminar faltas
evolutivas corretamente, além de apresentar boa confiabilidade. Por outro lado, a compensação da
sequência zero ainda é necessária e, para faltas internas, sua estimação não é precisa, possibilitando
que o relé apresente problemas de subalcance e tenha sua região de atuação reduzida.

Em [8], os autores propõem a implementação de um sistema de proteção de linhas de circuito


duplo que possuem um dispositivo controlador unificado de fluxo de potência ( do inglês, Unified
Power Flow Controller, ou UPFC) em sua configuração. Esse dispositivo, pertencente à classe dos
FACTS (Flexible AC Transmission System ou sistemas de transmissão flexíveis), interfere nos sinais
de corrente e tensão enviados ao dispositivo de proteção e, portanto, influenciam diretamente no
desempenho do sistema de proteção desse circuito. Assim, o trabalho apresenta um sistema de
proteção para linhas de transmissão de circuito duplo compensadas com um dispositivo UPFC,
baseado na lógica da proteção diferencial transversal em conjunto com uma nova ferramenta, chamada
de transformada S discreta rápida (Fast Discrete S-Transform, FDST). A FDST utiliza técnicas de
seleção de frequência adaptadas aos sinais dos sistemas de potência para reduzir significativamente a
complexidade computacional exigida. Assim, as correntes de fase de ambas as linha e medidas em um
mesmo terminal são enviadas a um dispositivo detector de faltas onde o circuito em que se encontra a
falha é identificado por meio da lógica da proteção diferencial transversal. Em seguida, um sistema
composto pelas técnicas da proteção diferencial transversal em conjunto com a FDST espectral é
utilizado para selecionar as fases em que o defeito acontece dentro do circuito já identificado. Para
isso, os autores apresentam as formulações da FDST, definem os parâmetros da linha de transmissão
utilizada nas simulações e apresentam os resultados obtidos para diferentes tipos de faltas, envolvendo
variações no ângulo de falta, resistência de falta e parâmetros do UPFC. Os resultados obtidos com
simuladores em tempo real mostram que o algoritmo proposto é capaz de detectar e identificar faltas
em circuitos paralelos compensados com dispositivos UPFC. Entretanto, para algumas situações de
falta externa o relé opera indevidamente.

7
No trabalho apresentado em [9], os autores sugerem um sistema de proteção de linhas de
circuito duplo utilizando a transformada Wavelet, devido a suas vantagens na estimação de fasores e
na detecção de faltas, buscando obter um dispositivo de proteção de alta velocidade e que não tenha a
necessidade de um canal de comunicação entre os terminais da linha. Assim, a lógica da proteção
diferencial transversal é aplicada em conjunto com um relé de distância, assim como em [7], e a
transformada Wavelet é utilizada para aumentar a velocidade de detecção do algoritmo de proteção.
Para isso, o sistema de proteção é realizado utilizando dois relés em cada terminal da linha, um para
cada circuito, de forma a obter seis sinais de corrente e três valores de tensão que serão utilizados nas
três etapas seguintes do algoritmo de proteção. A primeira etapa é exatamente a fase de utilização da
transformada Wavelet para uma rápida detecção da falta e estimação de fasores. Já a segunda etapa é a
execução da lógica da proteção diferencial transversal em que a magnitude das correntes obtidas em
cada um dos circuitos são subtraídas e comparadas a um determinado coeficiente de restrição.
Finalmente, no terceiro estágio ocorre a atuação da proteção de distância para situações em que a
proteção transversal não é capaz de atuar corretamente. Com isso, os resultados obtidos demonstram
que o algoritmo de proteção utilizado atuou rapidamente e corretamente para diversos tipos de falta.
Por outro lado, a proteção de distância foi necessária para atuar em casos especiais e a compensação
da sequência zero não foi realizada nesse trabalho, de forma que a mesma poderia estar susceptível a
problemas de sobre e subalcance.

É possível citar ainda alguns trabalhos baseados na lógica da proteção diferencial transversal,
assim como em [10], mas que utilizam valores incrementais de corrente em vez da magnitude dessas
correntes. Nesse trabalho, os autores propõem a utilização de dois componentes para compor a lógica
de proteção: um elemento de início (starting element) e o elemento diferencial. O elemento de início é
o primeiro passo da detecção utilizado pelo sistema de proteção e é ativado quando a magnitude da
corrente pós-falta excede o valor da corrente de pré-falta por um limiar pré-definido. Já o elemento
diferencial representa a lógica da proteção diferencial transversal utilizando somas incrementais de
corrente. Os resultados demonstram que o sistema de proteção proposto, assim como nos trabalhos
anteriores, atua corretamente para diversas situações de falta. Entretanto, mesmo com essa lógica
transversal incremental, o relé é incapaz de atuar corretamente para elevados valores de impedância de
falta e também atua em modo de operação sucessivo para faltas próximas ao terminal remoto do relé
analisado.

Adicionalmente, é possível encontrar trabalhos diversos que buscam implementar novos tipos
de proteção de linhas de transmissão de circuito duplo e que dispensam a necessidade do canal de
comunicação entre os terminais da linha [11-12]. Em [11], os autores sugerem um sistema de proteção

8
no qual o relé toma a decisão de trip determinando o estado de operação do disjuntor a partir do
desbalanceamento do sistema. Assim, ao se obter o estado de operação do disjuntor é possível
verificar se o defeito se encontra dentro da região de proteção definida pelo relé.

Já em [12], os autores também utilizam dois relés em cada terminal da linha interligados
entre si, mas a comunicação entre eles é realizada por meio do método permissivo (method of
allowance). O método se baseia na lógica de que, no momento em que ocorre uma falta no terminal
oposto da linha, o disjuntor remoto é aberto e , assim, o sentido da corrente de uma das linha se
inverte, de forma que os relés percebam correntes de falta com direções opostas. Assim, se um dos
relés detecta uma direção inversa na corrente, um sinal de permissão é enviado ao outro relé que, por
sua vez, envia o comando de trip do disjuntor.

Com isso, é possível perceber que grande parte dos métodos de proteção de linhas de circuito
duplo buscam aumentar a sensibilidade da proteção e ao mesmo tempo garantir confiabilidade e
estabilidade ao relé durante os diferentes tipos de falta. Entretanto, nenhum desses métodos foi capaz
de eliminar ou minimizar de forma considerável o atraso na atuação da proteção para faltas ocorridas
no terminal remoto da linha. O método de operação sucessivo, responsável pelo atraso na atuação da
proteção para faltas muito próximas ao terminal remoto, está presente em todos os tipos de proteção
que não necessitam de canal de comunicação entre os terminais da linha encontrados na literatura.

9
CAPÍTULO 3

FUNDAMENTAÇÃO DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL


TRANSVERSAL

Linhas de transmissão de circuito duplo têm sido amplamente utilizadas nos sistemas de
transmissão modernos para atender a crescente demanda por energia elétrica e, ao mesmo tempo,
garantir segurança e confiabilidade ao sistema elétrico.

Esses circuitos podem ter diferentes configurações, considerando a topologia do sistema


elétrico em questão e a forma como as linhas estão conectadas em cada um dos terminais do circuito.
Como exemplo é possível citar as seguintes configurações [13]:

 As linhas não estão conectadas ao mesmo barramento em nenhum dos terminais do


circuito.

 As linhas estão conectadas ao mesmo barramento em apenas um dos terminais do


circuito.

 As linhas estão conectadas ao mesmo barramento em ambos os terminais do circuito.

Entretanto, a principal diferença entre um circuito paralelo, independentemente se as linhas


ocupam a mesma torre de transmissão ou apenas a mesma faixa de servidão, e um circuito simples está
no acoplamento mútuo presente no primeiro. Em geral, o acoplamento das sequências positiva e
negativa entre as linhas do circuito paralelo é relativamente pequeno e, portanto, pode ser desprezado.
Por outro lado, o acoplamento de sequência zero corresponde normalmente de 50% a 70% da
impedância própria de sequência zero das linhas. Portanto, quando uma falta envolvendo a terra ocorre
no sistema, a tensão em uma das linhas do circuito inclui uma parcela de tensão induzida proporcional
à corrente de sequência zero que circula na outra linha, o que pode ser visto como um verdadeiro
desafio a diversos sistemas de proteção de linhas de transmissão [13].

Os relés de distância são os equipamentos mais utilizados na proteção de linhas de


transmissão. Mas, quando utilizados na proteção de linhas de transmissão paralelas considerando os
circuitos dessa linha como dois condutores independentes, o desempenho dos relés fica diretamente
comprometido. Nesta situação, se um relé de distância for ajustado para cobrir 85% da impedância de
sequência positiva da linha, tal relé pode ser capaz de cobrir apenas cerca de 50% do comprimento
10
total quando os dois circuitos estiverem em operação. Ao mesmo tempo, essa cobertura do relé pode
ultrapassar o comprimento da linha quando um dos circuitos paralelos estiverem desligados e
aterrados nos dois terminais. Assim, para uma medição mais precisa, a compensação de sequência
zero é necessária [7].

Como alternativa, a proteção diferencial longitudinal pode ser vista como uma solução segura
e confiável para a proteção de linhas duplas. Entretanto, a confiabilidade desse tipo de proteção
depende da confiabilidade do canal de comunicação entre os relés nos terminais da linha. Além disso,
a necessidade de sincronização de amostras associada ao tempo de comunicação entre os relés
contribui para o aumento no tempo total de atuação da proteção. Portanto, um algoritmo de proteção
baseado apenas nas informações obtidas no próprio terminal em que o relé esteja localizado se
apresenta como uma valiosa ferramenta na proteção dos circuitos paralelos [7].

3.1. PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL TRADICIONAL


Neste trabalho, o circuito de transmissão paralelo considerado possui as linhas conectadas a
um mesmo barramento em ambos os terminais do sistema. Assim, para apresentar os fundamentos da
proteção diferencial transversal, considera-se uma linha de transmissão de circuito duplo típica, como
ilustrado na Fig. 1. Nesse sistema, os parâmetros de ambas as linhas são iguais e os circuitos
equivalentes conectados às barras possuem os mesmos valores de impedância e tensão, para evitar que
a força dessas fontes influencie na avaliação do desempenho da proteção.

Barra 1 Barra 2
B11 TC Linha 1 TC B12

ZS ZR
R1 R2

Fonte S Fonte R
Linha 2

B21 TC TC B22

Figura 3.1 – Circuito duplo tradicional.

Basicamente, a proteção diferencial transversal compara o módulo das correntes medidas em


um mesmo terminal que circulam por cada uma das linhas do circuito duplo. O valor resultante da
subtração entre as duas correntes é então comparado a uma constante pré-definida, conhecida como
corrente de restrição Ires. Para situações nas quais o sistema se encontra em funcionamento normal ou
apresenta faltas externas, as correntes medidas nas duas linhas do circuito possuem aproximadamente
o mesmo valor.

11
Nesse caso, o resultado da subtração entre elas é menor que o valor da constante Ires. Por outro
lado, se a falta acontece em uma das linhas, a subtração resulta em um valor maior que Ires, levando o
relé a um trip [4]. Assim, essa lógica é implementada a partir das seguintes inequações:

𝐼1 − 𝐼2 > 𝐼𝑟𝑒𝑠 (3.1)

𝐼2 − 𝐼1 > 𝐼𝑟𝑒𝑠 (3.2)

nas quais Iˆ1 e Iˆ2 são os módulos das correntes que circulam pelas linhas 1 e 2, respectivamente.

Assim, se Iˆ1  Iˆ2  I res a falta está localizada na linha 1. Por outro lado, se Iˆ2  Iˆ1  I res , o defeito

acontece na linha 2.

Já o valor de Ires deve ser definido levando em consideração a maior assimetria verificada no
sistema durante o período de funcionamento em regime permanente. Assim, essa constante deve
possuir valor superior a:

 Variações no módulo das correntes que circulam nas linhas do circuito para situações
de falta externa.

 Máximo valor da corrente de carga para situações em que apenas uma da linhas está
em funcionamento.

 Valor da corrente diferencial entre a fase sã e a fase em que se encontra o defeito para
o modo de operação sucessivo.

Assim, para atender a essas situações, a constante de restrição acaba por receber valores muito
elevados, o que faz com que a sensibilidade da proteção diminua inevitavelmente, sobretudo para
situações de alto carregamento do circuito. Dessa forma, a porcentagem da linha em que a proteção
atua em sua forma mais rápida, ou seja, em modo instantâneo, diminui consideravelmente e, portanto,
um maior número de faltas serão eliminadas apenas no modo sucessivo de operação da proteção (os
modos de operação serão detalhadamente analisados a seguir). Além disso, se a constante de restrição
for ajustada com um valor tão elevado de forma que a proteção atue em modo de operação instantâneo
para regiões inferiores a 50% do comprimento total da linha de transmissão, haverá o surgimento de
zonas mortas em que a proteção será incapaz de perceber e eliminar defeitos internos [5].

3.2. PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL PERCENTUAL


Na tentativa de minimizar as dificuldades apresentadas na seção anterior, um elemento
diferencial percentual é utilizado para aumentar a sensibilidade do sistema de proteção. Basicamente,

12
esse elemento corresponde a uma substituição da constante de restrição Ires, definida anteriormente,
por um termo percentual, na qual a parcela de restrição da proteção passa a variar com o módulo da
soma das correntes medidas em ambas as linhas do circuito duplo. Nesse caso, a soma do módulo das
correntes passa a ser utilizado como a nova variável de restrição. Portanto, se uma falta interna
ocorrer, a corrente diferencial se torna maior que o valor percentual dessa constante de restrição,
promovendo o trip do respectivo relé. A lógica utilizada no relé percentual transversal está disposta a
seguir pelas seguintes inequações que podem ser escritas de duas formas diferentes [4]:

𝐼1 − 𝐼2 > 𝑘. 𝐼1 + 𝐼2 (3.3)

𝐼2 − 𝐼1 > 𝑘. 𝐼1 + 𝐼2 (3.4)

ou

𝐼1 − 𝐼2 > 𝑘. 𝐼1 + 𝐼2 (3.5)

𝐼2 − 𝐼1 > 𝑘. 𝐼1 + 𝐼2 (3.6)

No presente trabalho foram utilizadas as equações 3.3 e 3.4, nas quais a constante k é chamada
de coeficiente de polarização. De forma análoga à Ires, k também é definido utilizando como base a
maior assimetria do sistema em regime permanente. O problema com a definição do valor do
coeficiente k é que, para minimizar a ocorrência de trips indevidos do relé, ele deve ser ajustado com
um valor relativamente alto. Essa condição, por sua vez, diminui a sensibilidade do sistema de
proteção e, consequentemente, reduz sua zona de atuação.

Portanto, é esperado que, para faltas externas, as correntes que circulam em ambas a linhas
possuem valores muito semelhantes de forma que o novo coeficiente de restrição, definido a partir da
lógica percentual, possui valor suficientemente elevado para impedir atuações incorretas do relé. Além
disso, para faltas internas, a depender do ajuste do coeficiente de polarização, a diferença entre os
módulos das correntes nas linhas será superior ao valor percentual da soma delas, resultando em um
trip do relé e, assim, eliminando o defeito corretamente.

3.3. PLANO OPERACIONAL


O elemento diferencial percentual garante à proteção a possibilidade de utilizar uma
ferramenta importante para a compreensão visual dos eventos ocorridos durante a atuação do relé
diferencial transversal. Essa ferramenta, chamada de plano operacional ou plano de operação, é obtida
ao se representar as correntes de operação e restrição no plano cartesiano[14]. Utilizando a própria

13
lógica de operação como a equação de uma reta que divide o plano em duas regiões obtém-se um
plano dividido em duas regiões: região de operação e região de restrição do relé. Assim, o relé deve
operar quando as seguintes condições forem satisfeitas [15]:

𝐼𝑜𝑝 > 𝑘. 𝐼𝑟𝑒𝑠 (3.7)


e
𝐼𝑜𝑝 > 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘 −𝑢𝑝 (3.8)

A partir das Equações (3.3) e (3.4) é possível definir que:

𝐼𝑜𝑝 = 𝐼1 − 𝐼2 (3.9)

𝐼𝑟𝑒𝑠 = 𝐼1 + 𝐼2 (3.10)

Portanto, o coeficiente de polarização k define a inclinação da reta que separa as regiões de


operação e restrição do relé no plano operacional, representado na Fig. 3.2. Assim, quanto maior o
valor de k, maior será a inclinação da reta e menor se torna a sensibilidade do relé. Por outro lado, para
pequenos valores do coeficiente angular k, o relé se torna mais sensível a variações do sistema e
maiores são as probabilidades de atuações indevidas da proteção. Por isso, é possível implementar a
variação adaptativa do coeficiente angular da reta, de forma a melhorar a segurança da proteção para
situações de saturação dos TCs, por exemplo [15].

Iop

Região de Operação

k
Ipick-up Região de Restrição

Ires
Figura 3.2 – Plano Operacional.

É importante destacar ainda que 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘 −𝑢𝑝 é utilizado para evitar a atuação indevida da

proteção para situações de funcionamento normal do sistema, como por exemplo durante situações de
alto carregamento das linhas ou transitórios de chaveamento. Além disso, a definição de 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘 −𝑢𝑝

também possui influencia direta na sensibilidade da proteção. Seu valor deve ser definido levando em
consideração a máxima corrente de carga do sistema, erros de medição dos TCs, correntes solicitadas
pelos equipamentos de medição e transitórios eletro-magnéticos verificados no sistema. Da mesma
forma que o coeficiente k, acréscimos no valor de 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘 −𝑢𝑝 levam à diminuição da sensibilidade da

14
proteção, enquanto que o inverso provoca o aumento dessa sensibilidade. Portanto, percebe-se a
importância do desenvolvimento de métodos que minimizem oscilações da corrente de operação de

forma a possibilitar menores valores para os coeficientes k e 𝐼𝑝𝑖𝑐𝑘 −𝑢𝑝 garantindo à proteção o aumento

da sensibilidade sem decréscimos em sua segurança.

3.4. MODOS DE OPERAÇÃO DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL TRANSVERSAL


Dependendo do ponto de localização da falta, a proteção diferencial transversal pode atuar em
dois modos diferentes, a saber: modo de operação instantâneo e modo de operação sucessivo. O modo
de operação da proteção diferencial transversal está diretamente associado à velocidade total de
eliminação do defeito. Portanto, o estudo e desenvolvimento de técnicas que permitam a maximização
da região em que a proteção opera em modo instantâneo é de fundamental importância para garantir
melhorias no desempenho da proteção.

Barra 1 Barra 2
B11 TC Linha 1 TC B12

F1 F2 F3
ZS ZR
R1 R2

Fonte S Fonte R
Linha 2

B21 TC F4 F5 F 6 TC B22

Figura 3.3 – Pontos de localização de faltas.

Para a definição dos dois modos de operação da proteção, considerou-se a linha de


transmissão de circuito duplo típica, representada na Figura 3.3 com seus respectivos pontos de faltas
localizados de F1 a F6. Em funcionamento normal, as correntes que circulam em cada uma das linhas
do circuito detalhado na Figura 3.3 possuem módulos aproximadamente iguais. Entretanto, para uma
situação de falta, esse equilíbrio é perdido e a proteção atua, em modo instantâneo ou sucessivo, para
eliminar o defeito. Assim, é possível definir os modos de atuação de proteção para cada um desses
pontos como a seguir:

a) Modo de operação instantâneo:

O modo de operação instantâneo ocorre quando as correntes medidas em ambos os terminais


da linha tem valores suficientemente grandes para que os dois relés detectem a falta
simultaneamente. Nessa situação, os disjuntores de cada terminal do circuito são abertos de
forma independente. Por exemplo, considerando o sistema da Fig.3.3, é possível definir que o

15
relé R1 opera em modo instantâneo na abertura dos disjuntores B11 e B21 para faltas
localizadas nos pontos F1, F2, F4 e F5. De forma análoga, o relés R2 opera os disjuntores B12
e B22 para faltas localizadas próximo aos pontos F2, F3, F5 e F6, também no modo
instantâneo.

a) Modo de operação sucessivo:

O modo de operação sucessivo ocorre principalmente para faltas localizadas em uma região
localizada próxima ao terminal remoto do relé em análise. Esse fato ocorre pois, mesmo em
situação de falta, os valores das corrente que circulam nas duas linhas são semelhantes e,
portanto, a diferença entre elas possui valor reduzido. Nessa situação, a distribuição da
corrente de falta através das duas linhas ocorre de tal forma que apenas um dos relés consegue
detectar a falta instantaneamente e abrir seu disjuntor correspondente. Assim, após a abertura
do primeiro disjuntor, a falta passa a ser alimentada apenas pelo terminal da linha que ainda se
encontra fechado, ou seja, pelo terminal local. Como resultado, a diferença entre as correntes
que passam por esse terminal se torna suficientemente grande para que o relé consiga detectar
o defeito e, só então, o segundo disjuntor é aberto. Como exemplo, é possível verificar que o
relé R1 atua no modo de operação sucessivo para faltas localizadas nos pontos F3 e F6. De
forma semelhante, o relé R2 atua nesse mesmo modo para faltas que ocorrerem nos pontos F1
e F4.

Assim, a Tabela 3.1 apresenta a configuração completa dos modos de operação em função da
localização das faltas no circuito.

Tabela 3.1 Modos de operação dos relés.

Modos de operação

Instantâneo Sucessivo

Relé R1 F1, F2, F4 e F5 F3 e F6

Relé R2 F2, F3, F5 e F6 F1 e F4

É importante destacar que a Tabela 3.1 apresenta os modos de operação de cada um dos relés
separadamente. Entretanto, é possível definir também os modos de atuação do sistema de proteção
como um todo para cada uma das linhas, considerando os dois relés atuando em conjunto na proteção
dessas linhas, e analisá-los em função da localização do defeito no sistema. Assim, para o mesmo
sistema representado na Figura 3.2, os sistemas de proteção das linhas 1 e 2 possuem a seguinte lógica

16
de atuação apresentado na Tabela 3.2 a seguir:

Tabela 3.2 Modos de operação do sistema de proteção.

Modos de operação

Instantâneo Sucessivo
Sistema de
F2 F1 e F3
proteção da linha 1
Sistema de
F5 F4 e F6
proteção da linha 2

É necessário ressaltar ainda que a característica de operação da proteção diferencial


transversal apresentada considera um circuito duplo ideal, com as fontes de tensão conectadas
possuindo valores de impedância e tensão exatamente iguais. Entretanto, os pontos em que a proteção
opera em modo instantâneo ou sucessivo são diretamente influenciados por fatores como SIR das
fontes, impedância de falta e abertura angular da linha. Assim, as características de operação
explicitadas são apenas representações teóricas do funcionamento da proteção, enquanto que seu
desempenho, em função desses parâmetros citados, será analisado posteriormente nesse trabalho.

3.5. CÁLCULO DA ZONA DE OPERAÇÃO SUCESSIVA


Considerando-se um circuito duplo com uma falta aplicada a um determinado ponto,
conforme representado pela Figura 3.4, o percentual da linha de transmissão em que a proteção atua
em modo de operação sucessivo pode ser calculado como se segue.

Barra 1 Barra 2
B11 TC I 1L Linha 1 I 1R TC B12

ZS IF ZR
R1 R2

Fonte S Fonte R
Linha 2
B21 TC TC B22

Figura 3.4 – Circuito duplo com falta aplicada na linha 1.

Admitindo que l é o comprimento total da linha de transmissão, que α.l é a distância do ponto

de falta ao terminal remoto da linha e que a corrente de falta pode ser dada por 𝐼𝐹 = 𝐼1𝐿 + 𝐼1𝑅 é
possível definir que [4]:

1 − 𝛼 𝐼1𝐿 − 𝛼𝐼1𝑅 = 𝐼2𝐿 (3.11)

17
Assim, obtém-se a seguinte relação:

𝐼1𝐿 − 𝐼2𝐿 = 𝛼(𝐼1𝐿 + 𝐼1𝑅 ) = 𝛼 𝐼𝐹 (3.12)

Portanto, é possível obter uma relação para o coeficiente α correspondente à porcentagem da


zona de operação sucessiva do relé R1 para a proteção da linha de transmissão 1:

𝐼1𝐿 −𝐼2𝐿
𝛼= .100% (3.13)
𝐼𝐹

3.6. MÉTODO DAS CORRENTES SOBREPOSTAS

3.5.1 Fundamentação Teórica


Como definido anteriormente, a utilização do elemento diferencial percentual garante notáveis
aumentos na sensibilidade da proteção diferencial transversal. Entretanto, seu desempenho ainda é
consideravelmente influenciado pela corrente de carga que circula nas linhas do circuito duplo [4-5].
Adicionalmente, é possível perceber que a lógica utilizada na proteção falha se uma das linhas
estiver fora de funcionamento. Portanto, se um desligamento monopolar ou tripolar for executado em
um dos terminais da linha afetada, o módulo das correntes nesse terminal em aberto cai a zero,
enquanto que as correntes nesse mesmo terminal da outra linha aumentam. Essa situação leva o relé a
um mau funcionamento, podendo causar, até mesmo, um trip indevido na linha sã. Esse efeito
acontece principalmente no modo de operação sucessivo, mas pode ser verificado também no modo de
operação instantâneo se houver diferenças significativas entre os tempos de abertura dos disjuntores
dos dois terminais da linha [7].

Além disso, para situações em que as fontes conectadas ao sistema possuam forças diferentes,
as correntes medidas nas duas linhas do terminal conectado à fonte fraca se mantém com valores muito
próximos entre si. Assim, mesmo para situações de falta relativamente próximas a esse terminal, a
proteção pode se tornar insensível ao defeito e, portanto, incapaz de eliminá-lo corretamente.

Nesse trabalho é utilizado o método das correntes sobrepostas associado à proteção diferencial
percentual cruzada, tanto para resolver esses problemas citados quanto para aumentar a sensibilidade
da proteção, garantindo assim um aumento no desempenho e na confiabilidade do mesmo.
Basicamente, o método permite que o relé utilize em sua lógica de operação apenas valores de
correntes da falta pura, minimizando a influência do carregamento da linha em seu desempenho. Essa
operação é realizada a partir da subtração entre os valores das correntes medidas após a ocorrência do
defeito e as correntes medidas antes da falta. Portanto, a corrente sobreposta pode ser definida como o
valor diferencial entre a corrente de curto-circuito e a corrente de carga da linha.

18
Com isso, o método das corrente sobrepostas é apresentado de acordo com o equacionamento a
seguir [6]:

∆𝐼1 − ∆𝐼2 > 𝑘. ∆𝐼1 + ∆𝐼2 (3.14)

∆𝐼2 − ∆𝐼1 > 𝑘. ∆𝐼1 + ∆𝐼2 (3.15)


Com:
∆𝐼1 = 𝐼1,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼1,𝑝𝑟 é−𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 (3.16)

∆𝐼2 = 𝐼2,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼2,𝑝𝑟 é−𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 (3.17)

Nas quais as variáveis Iˆ1,falta e Iˆ2 ,falta são os módulos das correntes de falta nas linhas 1 e 2,

respectivamente, e Iˆ1,pré-falta e Iˆ2 ,pré-falta são os módulos das correntes de pré-falta durante o regime

permanente de operação do sistema.

3.5.1 Exemplos Numéricos

Para apresentar uma análise detalhada do princípio de funcionamento do método das correntes
sobrepostas aplicado à proteção diferencial transversal, dois exemplos numéricos serão apresentados a
seguir. As situações de falta foram simuladas em um sistema de testes proposto pelo IEEE Protective
Relaying Committee [16] e demonstram analiticamente a atuação do relé nos seus modos de operação
instantâneo e sucessivo.

Linha 2 Barra 2
Barra 1 15 milhas 15 milhas 15 milhas
B21 TC TC B22
Linha 4 Barra 4
SRC 1 L2F1 L2F3 L2F5 L2F7
15 milhas 15 milhas 15 milhas TR2H TR2L
ZS S2
B41 B42 BTR
R1 R2
L4F1 L4F3 L4F5 L4F7
Fonte S1
L1F1 L1F3 L1F5 L1F7

B11 TC TC B12
Linha 1

Figura 3.5 – Sistema teste de 230 kV proposto pelo IEEE Power System Relaying Committee [16].

O sistema proposto, representado na Figura 3.5, possui tensão nominal de 230 kV e é composto
por uma linha de transmissão de circuito duplo e uma linha de circuito simples . Um dos terminais do
sistema se encontra conectado à fonte de tensão, enquanto que o terminal oposto se conecta à uma
máquina síncrona (S2) de 830 MVA. Cada uma das linhas do modelo é composta por três seções de 15
milhas de comprimento e todos os nomes dos nós apresentados na figura são os mesmos utilizados no

19
arquivo base de simulação. Assim, foram simuladas as seguintes situações de falta:

A) Falta no ponto L1F5:

Para a análise numérica do modo de operação instantâneo, uma falta monofásica A-T, com
impedância de falta de 1Ω, é aplicada ao ponto L1F5 da Figura 3.3. Os valores de corrente
obtidos em cada um dos terminais do circuito duplo foram obtidos por meio do software ATP
através de simulações em regime permanente de falta. Sabendo que a falta acontece na região
central da linha 1, as correntes que passam pelos dois terminais tem valores suficientemente
elevados para que a proteção diferencial transversal atue no modo de operação instantâneo.
Portanto, os dois relés detectam a falta simultaneamente, abrindo os disjuntores de ambos os
terminais da linha. Assim, é possível verificar a lógica de operação da proteção numericamente:

 Linha 1: Correntes de pré-falta para a fase A


𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 679,65∠ − 125,63° 𝐴
𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚𝑜𝑡𝑜 = 693,82∠ 58,18° 𝐴

 Linha 2: Correntes de pré-falta para a fase A


𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 679,65∠ − 125,63° 𝐴
𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚𝑜𝑡𝑜 = 693,69∠ 58,18° 𝐴

 Linha 1: Correntes de falta para a fase A


𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 3231,73∠ − 49,38° 𝐴
𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚𝑜𝑡𝑜 = 3042,93∠ − 25,96° 𝐴

 Linha 2: Correntes de falta para a fase A:


𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 1286,04∠ − 67,48° 𝐴
𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚𝑜𝑡𝑜 = 1316,41∠ 112,90° 𝐴

Portanto,
𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
3231,73 − 679,65 = 2552,08 𝐴
𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 = 𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
3042,93 − 693,82 = 2349,11 𝐴
𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
1286,04 − 679,65 = 606,39 𝐴
𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 = 𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
1316,41 − 693,69 = 622,72 𝐴

Finalmente, considerando 𝑘 = 0,3, é possível verificar o desempenho da proteção:

𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 − 𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 + 𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙

2552,08 − 606,39 > 0,3. 2552,08 + 606,39


1945,69 > 947,54 → Trip no disjuntor B11.

20
𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 − 𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 + 𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚

2349,11 − 622,72 > 0,3. 2349,11 + 622,72


1726,39 > 891,55 → Trip no disjuntor B12.

𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 − 𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 + 𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙

606,39 − 2552,08 > 0,3. 2552,08 + 606,39


−1945,69 > 947,54 → A proposição é falsa e nenhum trip é enviado.

𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 − 𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 + 𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚

622,72 − 2349,11 > 0,3. 2349,11 + 622,72


−1726,39 > 891,55 → A proposição é falsa e nenhum trip é enviado.

B) Falta no ponto L1F7:

Nesse caso, uma falta também monofásica A-T é aplicada no ponto L1F7 do circuito
representado pela Figura 3.4. Para essa situação, a falta se encontra em um ponto localizado
próximo ao terminal remoto do circuito duplo. Nesse caso, a distribuição da corrente de falta
através das duas linhas ocorre de tal forma que apenas um dos relés consegue detectar a falta
instantaneamente e abrir seu disjuntor correspondente. Assim, após a abertura do primeiro
disjuntor, a falta passa a ser alimentada apenas pelo terminal da linha que ainda se encontra
fechado. Como resultado, a corrente que passa por esse terminal se torna suficientemente
grande para que o relé consiga detectá-la e, só então, o segundo disjuntor é aberto. Portanto, é
possível verificar a lógica de operação da proteção em seu modo de operação sucessivo também
numericamente:

 Linha 1: Correntes de pré-falta para a fase A


𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 679,65∠ − 125,63° 𝐴
𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚𝑜𝑡𝑜 = 693,82∠ 58,18° 𝐴

 Linha 2: Correntes de pré-falta para a fase A


𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 679,65∠ − 125,63° 𝐴
𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚𝑜𝑡𝑜 = 693,69∠ 58,18° 𝐴

 Linha 1: Correntes de falta para a fase A


𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 1966,75∠ − 54,95° 𝐴
𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚𝑜𝑡𝑜 = 4500,78∠ − 27,98° 𝐴

 Linha 2: Correntes de falta para a fase A


𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 1966,80∠ − 54,95° 𝐴
𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚𝑜𝑡𝑜 = 1996,07∠ 125,07° 𝐴

Assim,
21
𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
1966,75 − 679,65 = 1287,10 𝐴
𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 = 𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
4500,78 − 693,82 = 3806,96 𝐴
𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
1966,80 − 679,65 = 1287,15 𝐴
𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 = 𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 ,𝑝𝑟 é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
1996,07 − 693,69 = 1302,38 𝐴

Novamente considerando 𝑘 = 0,3, a proteção atua da seguinte forma:

𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 − 𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 + 𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚

3806,96 − 1302,38 > 0,3. 3806,96 + 1302,38


2504,58 > 1532,80 → Trip no disjuntor B12.

𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 − 𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 + 𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙

1287,10 − 1287,15 > 0,3. 1287,10 + 1287,15


−0,05 > 772,28 → A proposição é falsa e nenhum trip é enviado.

𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 − 𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 + 𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙

1287,15 − 1287,10 > 0,3. 1287,10 + 1287,15


0,05 > 772,28 → A proposição é falsa e nenhum trip é enviado.

𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 − 𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 + 𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚

1302,38 − 3806,96 > 0,3. 3806,96 + 1302,38


−2504,58 > 1532,80 → A proposição é falsa e nenhum trip é enviado.

Assim, após a abertura do disjuntor B12 o sistema passa a apresentar uma nova configuração e
os valores das correntes em cada um dos terminais são novamente obtidas por meio do software ATP.

 Linha 1: Correntes de falta para a fase A


𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 3234,08∠ − 46,10° 𝐴
𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚𝑜𝑡𝑜 = 𝑍𝑒𝑟𝑜 𝐴 (𝐷𝑖𝑠𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜𝑟 𝑎𝑏𝑒𝑟𝑡𝑜)

 Linha 2: Correntes de falta para a fase A


𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 1118,19∠ − 154,59° 𝐴
𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚𝑜𝑡𝑜 = 1106,60∠ 27,54° 𝐴

𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 , 𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 , 𝑝𝑟é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎


3234,08 − 679,65 = 2554,43 𝐴
𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 = 𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 , 𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 , 𝑝𝑟é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
0 − 693,82 = −693,82 𝐴
𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 = 𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 , 𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 , 𝑝𝑟é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
1118,19 − 679,65 = 438,54 𝐴
𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 = 𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 , 𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎 − 𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 , 𝑝𝑟é𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
22
1106,60 − 693,69 = 412,91 𝐴

Finalmente, o algoritmo é novamente executado para a nova configuração dos sistema:

𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 − 𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 + 𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚

693,82 − 412,91 > 0,3. 693,82 + 412,91


280,91 > 332,02 → A proposição é falsa e nenhum trip é enviado.
𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 − 𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 + 𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙

2554,43 − 438,54 > 0,3. 2554,43 + 438,54


2115,89 > 897,89 → Trip no disjuntor B11.

𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 − 𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙 + 𝛥𝐼2𝐴,𝐿𝑜𝑐𝑎𝑙

438,54 − 2554,43 > 0,3. 2554,43 + 438,54


−2115,89 > 897,89 → A proposição é falsa e nenhum trip é enviado.

𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚 − 𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 > 𝑘. 𝛥𝐼1𝐴,𝑅𝑒𝑚 + 𝛥𝐼2𝐴,𝑅𝑒𝑚

412,91 − 693,82 > 0,3. 693,82 + 412,91


−280,91 > 332,02 → A proposição é falsa e nenhum trip é enviado.

23
CAPÍTULO 4

ALGORITMO PROPOSTO

Nesse trabalho, o software ATP foi utilizado para a simulação de diferentes situações de
operação de um determinado sistema de transmissão. Os algoritmos utilizados pelo relé diferencial
transversal na proteção desse sistema foram implementados no Matlab, possibilitando uma
comparação direta entre os diferentes métodos aplicados à lógica de proteção.

4.1. METODOLOGIA PROPOSTA


Em toda a literatura referente à proteção diferencial transversal, o desempenho da proteção é
analisado realizando apenas a comparação entre os módulos das correntes de operação e de restrição
(Equações 3.3 e 3.4) em um mesmo gráfico. Assim, nesse trabalho propõe-se a utilização de duas
ferramentas comumente utilizadas na proteção diferencial longitudinal.

A primeira delas é a utilização do plano operacional, em sua forma tradicional e já apresentada


no capítulo anterior desse mesmo trabalho, propiciando uma melhor visualização da lógica de
funcionamento da proteção.

Já a segunda ferramenta corresponde à utilização do chamado Plano Alfa, proposto de forma


inédita nesse trabalho e implementado com algumas modificações de forma a se adaptar à lógica da
proteção transversal, possibilitando aumentos consideráveis na sensibilidade da proteção.

4.2.1 Plano Alfa

Na tentativa de melhor representar os eventos envolvidos na lógica da proteção diferencial


longitudinal, foi proposto em [23]-[24] uma ferramenta capaz de comparar as magnitudes e fases dos
sinais obtidos a partir do sistema a ser protegido. Essa ferramenta recebe o nome de Plano Alfa, que,
originalmente, representa em um plano complexo a razão entre as correntes medidas em ambos os
𝐼2
terminais de um componente protegido . Entretanto, mesmo com um conceito relativamente
𝐼1

simples, sua implementação representou um grande avanço para a proteção diferencial por garantir
melhorias na sensibilidade da proteção além de maiores informações visuais sobre o desempenho da
mesma. As relações utilizadas no Plano Alfa podem ser definidas como a seguir [25]:

24
Im (I 2 /I1 )

b = r.sen( r = I2 /I 1


a = r.cos( Re (I2 /I 1 )

Figura 4.1 – Plano Alfa.

𝐼2
= 𝑎 + 𝑗𝑏 = 𝑟𝑒 𝑗𝜃 (4.1)
𝐼1

Portanto,

𝐼2
𝑎= cos⁡(𝜃) = 𝑟𝑐𝑜𝑠(𝜃) (4.2)
𝐼1

𝑟= 𝑎2 + 𝑏 2 (4.3)

𝑏
𝜃 = tan−1 (4.4)
𝑎

Durante o funcionamento normal do sistema analisado ou para situações de faltas externas, a


corrente que circula na linha de transmissão possui um único sentido. Portanto, devido às polaridades
dos TCs, as correntes medidas nos dois terminais da linha possuem os mesmos valores, em módulo, e
defasagem angular de 180o. Ou seja, para a proteção diferencial longitudinal, as correntes são vistas

pelos TCs como 𝐼𝐿 = −𝐼𝑅 e, assim, o vetor resultante da razão entre elas é igual a (-1+ j0). Com isso, é
possível, a partir da localização dos pontos em regime permanente e da característica do elemento
diferencial percentual, obter a forma característica da zona de restrição do relé diferencial longitudinal
no Plano Alfa. É importante ressaltar ainda que essa característica de restrição pode variar a depender
do tipo de equacionamento utilizado para as correntes de restrição e de operação do relé. Uma das
características possíveis pode ser obtida como a seguir:

25
k=0,8 Im (I 2 /I1 )

k=0,5

Re (I2 /I1 )

k=0,3

Figura 4.2 – Zonas de restrição do Plano Alfa para um relé diferencial descrito pela Equação (4.5).

𝐼𝐿 + 𝐼𝑅 > 𝑘. 𝐼𝐿 − 𝐼𝑅 (4.5)

𝐼 𝐼
1 + 𝐼𝑅 > 𝑘. 1 − 𝐼𝑅 (4.6)
𝐿 𝐿

Assim, substituindo a Equação (4.1) em (4.6) tem-se:

1 + 𝑎 + 𝑗𝑏 > 𝑘. 1 − 𝑎 − 𝑗𝑏 (4.7)

1+𝑘 2
𝑎2 + 𝑏 2 + 2. 1−𝑘 2 . 𝑎 + 1 > 0 (4.8)

A Equação (4.8) define a região circular da zona de restrição do relé diferencial longitudinal.
Portanto, o raio e o centro dessa região circular são dados por:

2𝑘
𝑅𝑎𝑖𝑜 = 𝑅𝑐 = 1−𝑘 2
(4.9)

1+𝑘 2
𝐶𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 = 𝑎𝑐 + 𝑗𝑏𝑐 = − 1−𝑘 2 + 𝑗0 (4.10)

Assim, a zona de restrição do relé corresponde à região interna da circunferência, enquanto


que a região externa à ela representa a zona de operação da proteção.

Por outro lado, no caso de linhas de transmissão de circuito duplo e levando em consideração
a lógica da proteção diferencial transversal, a razão entre as correntes é realizada utilizando as
correntes obtidas em um mesmo terminal da linha. Portanto, as correntes em ambas as linhas são
medidas por relés conectados com a mesma polaridade. Assim, em regime permanente o vetor
resultante da razão entre elas é igual a (1+ j0). A lógica proposta nesse trabalho para a proteção
diferencial transversal implementada no Plano Alfa está descrita a seguir:

26
a) Sistema de proteção diferencial transversal da linha 1 no Plano Alfa: Método Tradicional

 Terminal Local:

𝐼1𝐿
𝑀1𝐿 = (4.11)
𝐼2𝐿

 Terminal Remoto:

𝐼1𝑅
𝑀1𝑅 = (4.12)
𝐼2𝑅

b) Sistema de proteção diferencial transversal da linha 2 no Plano Alfa: Método Tradicional

 Terminal Local:

𝐼2𝐿
𝑀2𝐿 = (4.13)
𝐼1𝐿

 Terminal Remoto:

𝐼2𝑅
𝑀2𝑅 = (4.14)
𝐼1𝑅

c) Sistema de proteção diferencial transversal da linha 1 no Plano Alfa: Método das Correntes
Sobrepostas

 Terminal Local:

𝐼𝛥1𝐿
𝑀𝛥1𝐿 = (4.15)
𝐼𝛥2𝐿

 Terminal Remoto:

𝐼𝛥1𝑅
𝑀𝛥1𝑅 = (4.16)
𝐼𝛥2𝑅

d) Sistema de proteção diferencial transversal da linha 2 no Plano Alfa: Método das Correntes
Sobrepostas

 Terminal Local:

𝐼𝛥2𝐿
𝑀𝛥2𝐿 = (4.17)
𝐼𝛥1𝐿

 Terminal Remoto:

𝐼𝛥2𝑅
𝑀𝛥2𝑅 = (4.18)
𝐼𝛥1𝑅

27
Para situações de falta, a corrente em uma das linhas do circuito duplo se torna muito maior do
que a corrente da linha sã. Assim, os valores resultantes da razão entre elas possuem valores muito
elevados, considerando a lógica de proteção da linha com defeito. Por outro lado, os valores
resultantes dessa divisão se aproximam de zero para a proteção da linha sem o defeito. Dessa forma,
percebe-se a necessidade da implementação de uma característica de restrição adaptada à essa
resposta. Portanto, propõe-se a utilização de uma característica circular, com centro localizado no
ponto (0,5 + j0) e com raio superior a 0,5. Essa zona de restrição foi determinada de forma a envolver
tanto os pontos localizados próximos a 1, para o funcionamento normal do sistema, quanto os pontos
que se deslocam para zero, no caso de faltas na linha adjacente. Assim, a característica proposta nesse
trabalho é representada na Fig.4.3 a seguir:

Im (I 2/I1)
R=1,8

R=1,25

-2 -1 0,5 1 2 3
Re (I2/I 1)

R=0,7

Figura 4.3– Zonas de restrição no Plano Alfa para o relé diferencial transversal.

28
CAPÍTULO 5

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1. SISTEMA ANALISADO


Para a análise do funcionamento da proteção diferencial transversal foi utilizado o sistema de
transmissão representado na Fig. 5.1. O sistema é composto por uma linha de transmissão de circuito
duplo de 230 kV, com 200 km de comprimento, conectada a uma fonte de tensão em série com uma
impedância equivalente de Thévenin em cada uma de suas extremidades. Esse circuito foi modelado
utilizando como base a linha de transmissão que interliga as subestações Utinga e Miramar, e que se
encontra sob responsabilidade da Eletrobras – Eletronorte [19].

Utinga Miramar
L1LBK TC Circuito 1 TC L1RBK

ZL ZR
R1 R2

Fonte Local Fonte Remota


Circuito 2

L2LBK TC TC
L2RBK

Figura 5.1 – Sistema de 230 kV utilizado nas simulações computacionais.

Para a obtenção dos parâmetros elétricos da linha, considerou-se a estrutura fiel da torre de
transmissão utilizada no circuito de transmissão da Eletronorte, do tipo básica para circuitos duplos,
bem como os cabos utilizados nas fases e nos pára-raios. Entretanto, tanto o comprimento da linha
quanto os valores dos equivalentes conectados à ela foram alterados do forma a possibilitar melhores
análises da proteção transversal. O detalhamento da estrutura da torre de transmissão, dos cabos e dos
métodos de determinação dos parâmetros elétricos utilizados estão disponíveis no Apêndice. O
sistema implementado no software ATPDraw e os valores dos parâmetros elétricos estão disposto a
seguir.

Ambos os circuitos da linha de transmissão foram divididos em dois trechos de forma a


permitir a incidência de faltas em qualquer ponto de sua extensão.

29
Figura 5.2 – Sistema de 230 kV utilizado nas simulações computacionais: implementação no ATPDraw.

Fase A Fase B Fase C

Rab Rbc

Rca

Rterra

Figura 5.3 – Sistema utilizado para aplicação de faltas.

No ATP, a representação de curto-circuitos está associada às operações de abertura e


fechamento de chaves temporizadas. Dessa forma, foi utilizado um sistema composto por uma
combinação de impedâncias e chaves de forma a permitir a aplicação de qualquer tipo de falta, como
mostra a Figura 5.3. Além disso, os parâmetros elétricos do sistema analisado nas simulações são
apresentados nas tabelas 5.1 e 5.2 a seguir:

30
Tabela 5.1 Parâmetros elétricos da linha de transmissão.

Tensão Comp. RL RG RIL XL XG XIL


LT
(kV) (km) (Ω/km) (Ω/km) (Ω/km) (Ω/km) (Ω/km) (Ω/km)
Utinga -
230 kV 200 km 0,057 0,83 0,056 0,36 2,57 0,45
Miramar

Tensão Comp. YL YG YIL


LT
(kV) (km) (µmho/km) (µmho/km) (µmho/km)
Utinga -
230 kV 200 km 4,68 2,05 3,72
Miramar

Tabela 5.2 Dados das impedâncias equivalentes.

Subestação R0 X0 R1 X1
(Ω) (Ω) (Ω) (Ω)
Utinga 6.1 16.7 2.7 8.37
Miramar 6.1 16.7 2.7 8.37

Na modelagem da linha de transmissão, ambos os circuitos foram representados como um


único circuito duplo com transposição individual por fase. Para isso, foi utilizado uma extensão do
modelo à parâmetros distribuídos (Clarke), considerando o acoplamento mútuo entre as linhas de
transmissão, de forma a representar a interação eletromagnética entre as duas linhas do circuito duplo.
Assim, os parâmetros da linha de transmissão são representados por três componentes: ZG, ZL e ZIL de
acordo com o item IV.D.2 do manual do ATP [20].

Inicialmente, considerou-se o mesmo valor para os equivalentes de ambas as barras de forma a


representar um sistema ideal, onde as fontes de cada um dos terminais da linha possuem a mesma
força. Posteriormente, foi verificada a influência da força das fontes para o desempenho da proteção
através da variação do SIR da linha. Essa análise é melhor detalhada no capítulo 6 desse trabalho.

Os TCs utilizados nas simulações são do tipo C800 2000-5A, classificados de acordo com a
norma ANSI C57.13, e seguem o modelo indicado pelo IEEE Power System Relaying Committee para
utilização em simulações EMTP [16]. Os parâmetros elétricos dos TCs e as curvas de excitação
utilizadas na implementação dos TCs C800 estão dispostos a seguir:

31
2000/5 A, C800 and 800/5 A, C400 CT V-I Curves
10 3
2000/5 A, C800 CT

800/5 A, C400 CT

Voltage [V]

10 2

10 1
-2 -1 0
10 10 10
Current [A]

Figura 5.4 –Curvas de excitação características dos TCs C800.

 Resistência dos enrolamentos secundários dos TCs: 0,75 Ω

 Resistência dos cabos de conexão dos TCs aos relés ( ida e volta) : 0,75Ω

 Impedância dos relés: 0,001 Ω

5.1.1 Estimação de Fasores

Nesse trabalho, o conjunto de sinais obtidos com as simulações no ATP são importados ao
Matlab onde as análises são realizadas. Essa fase se inicia com o processo de estimação de fasores.

A primeira etapa dos algoritmos de estimação não recursivos de janela fixa baseia-se na
avaliação de um conjunto especifico de amostras do sinal a ser estimado, denominado de janela de
dados [21]. Essa janela nada mais é que um conjunto fixo de amostras que se desloca e se renova ao
longo do tempo. Ou seja, o processo de janelamento do sinal corresponde a um número fixo de
amostras onde, a cada instante, um novo valor de amostra é adicionado enquanto que o valor mais
antigo é eliminado. Esse processo é representado na Fig 5.5.

Assim, para cada nova janela de amostras estima-se o módulo e a fase do fasor na frequência
fundamental do sinal. Nesse trabalho, utiliza-se um algoritmo de estimação proposto e patenteado pela
ABB, denominado de Filtro Cosseno Modificado [22]. Esse algoritmo estima o fasor a partir de duas
saídas consecutivas do filtro cosseno do algoritmo de Fourier de um ciclo.

32
Pré-falta Falta

Janela
Móvel
Primeira Amostra
com Falta

Figura 5.5 – Processo de janelamento de um determinado sinal.

Entretanto, para isso, são realizadas determinadas compensações de forma a manter a relação
de ortogonalidade entre as partes real e imaginária do filtro. Assim, utiliza-se dois termos para a
definição do fasor: um deles corresponde simplesmente ao filtro cosseno de Fourier aplicado a uma
janela de um ciclo do sinal, enquanto que o outro é obtido aplicando o mesmo filtro a uma janela
adiantada de uma amostra. O equacionamento completo do algoritmo é definido conforme a seguir:

2 𝑁−1
𝑋𝑟𝑒 𝑘 = 𝑚 =0 𝑥 𝑘 − 𝑁 + 𝑚 cos 𝛿𝑚 (5.1)
𝑁

𝑋𝑟𝑒 𝑘−1 − 𝑋𝑟𝑒 𝑘 cos ⁡


(𝛿)
𝑋𝑖𝑚 𝑘 = (5.2)
𝑠𝑒𝑛 (𝛿)

nas quais N é o número de amostras por ciclo, k é o instante de estimação, x é o sinal de


2𝜋
entrada e 𝛿 = 𝑁
.

5.1.1 Ajustes da Proteção

Os parâmetros utilizados na definição dos planos Operacional e Alfa, bem como os valores
utilizados nos ajustes das características de operação e restrição do relé são apresentados na Tabela 5.3
a seguir:

Tabela 5.3 Ajustes da Proteção Diferencial Transversal.

Característica Variável Valor


Centro 0,5
Plano Alfa
Raio 2,0
Plano Ipickup 0,5
Operacional Slope 0,3

33
5.2. SIMULAÇÕES TRANSITÓRIAS PONTUAIS
Nessa primeira etapa de simulações computacionais, são analisados apenas casos pontuais de
faltas no sistema. Um determinado defeito é aplicado a um ponto específico da linha de transmissão e
a resposta da proteção para a eliminação desse defeito é verificada, desde o regime permanente de
funcionamento do sistema até o momento em que a falta é detectada e, consequentemente, eliminada
pela proteção correspondente.

Foram aplicadas faltas variando de 10% a 90% de ambas as linhas do circuito duplo e, em
todas as situações simuladas, foi considerada uma resistência de falta de 10 Ω, valor típico utilizado
para simulações de faltas reais. A análise da influência da localização da falta e do valor da
impedância de falta é melhor detalhada na seção 5.3, onde são apresentados os resultados relacionados
às simulações em massa. Além disso, os resultados são apresentados em 4 diferentes tipos de
representações: plano operacional, apresentado com o método tradicional e com o método das
correntes sobrepostas, e plano alfa, também utilizando os métodos tradicional e correntes sobrepostas
para todos os casos considerados.

a) Curto-Circuito B-T aplicado em 10% da linha 1:

Nesse primeiro caso, simulou-se a aplicação de um curto-circuito monofásico B-T em um


ponto muito próximo ao terminal local da linha 1. Para essa situação, sabendo que a falta acontece em
uma região muito próxima do terminal local, as correntes que passam pelos dois terminais da linha
com falha tem valores consideravelmente diferentes entre si. Dessa forma, espera-se que as proteções
de cada terminal da linha se comportem de formas diferentes.

Para melhor comparação visual entre os métodos, os desempenhos de ambos os métodos são
plotados simultaneamente sobre o plano operacional nas Figuras 5.6, 5.7, 5.8 e 5.9. Quando
apresentados simultaneamente em um mesmo gráfico, as curvas com marcadores triangulares
representam a proteção transversal baseada no método das correntes sobrepostas, enquanto que as
curvas com marcadores circulares correspondem ao método tradicional. A constante k é definida como
o coeficiente angular da curva de restrição e, portanto, define a inclinação da reta característica. Essa
reta divide o plano em duas regiões, sendo que a região superior representa a zona de atuação do relé.

É possível perceber que o método tradicional permite que o relé localizado no terminal local
detecte corretamente o defeito na linha 1, por ser o terminal mais próximo ao defeito. Dessa forma, o
relé local envia um comando de trip ao disjuntor da linha 1 comandando a abertura monopolar da fase
B desse terminal.

34
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 1

14

12

10

|I1L|-|I2L|
8

6 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
4 Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
2 Fase A-Sobrepostas
Fase B-Sobrepostas
0 Fase C-Sobrepostas
0 2 4 6 8 10 12 14 16
|I1L|+|I2L|

Figura 5.6 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: comparação entre
o método tradicional e correntes sobrepostas.

Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

1.5
Abertura do Disjuntor
1

0.5
|I1R|-|I2R|

0 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
-0.5 Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
Abertura do Disjuntor
-1 Fase A-Sobrepostas
Fase B-Sobrepostas
-1.5 Fase C-Sobrepostas
0 1 2 3 4 5
|I1R|+|I2R|

(a)
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

1
Abertura do Disjuntor
|I1R|-|I2R|

0
Região de Restrição
Fase A-Tradicional
-1 Fase B-Tradicional
Abertura do Disjuntor Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
-2 Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
|I1R|+|I2R|

(b)

Figura 5.7 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: (a) antes da
abertura monopolar do disjuntor local da linha 1; (b) Após a abertura desse disjuntor.

35
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 2
5
Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
0 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas

|I2L|-|I1L|
Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
-5

-10

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
|I1L|+|I2L|

Figura 5.8 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: comparação entre
o método tradicional e correntes sobrepostas.

Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2


1.5 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
1 Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
0.5 Fase A-Sobrepostas
|I2R|-|I1R|

Fase B-Sobrepostas
0 Fase C-Sobrepostas

-0.5

-1

-1.5
0 1 2 3 4 5
|I1R|+|I2R|

Figura 5.9 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: comparação
entre o método tradicional e correntes sobrepostas.

Essa situação foi simulada programando a abertura do disjuntor diretamente no ATP, de forma
a representar o comando de trip do relé após a análise gráfica no Matlab.

Por outro lado, o relé do terminal remoto é incapaz de perceber a falta em um primeiro
instante e, portanto, passa a depender da atuação do primeiro relé para ser capaz de identificar o
defeito. Esse fato ocorre pois, após a abertura do primeiro disjuntor, a falta passa a ser totalmente
alimentada pelo terminal remoto da linha e, só então, o relé correspondente percebe o defeito. Assim, a
Figura 5.7(b) demonstra a resposta do relé remoto de proteção da linha 1 após a abertura da fase B
pelo disjuntor local.

Entretanto, é possível verificar ainda que a utilização do método das correntes sobrepostas
permite que os relés de ambos os terminais da linha percebam o defeito instantaneamente, eliminando-

36
o rapidamente. Portanto percebe-se que, para essa situação, a proteção diferencial transversal
tradicional atua no modo de operação sucessivo, enquanto que a utilização do método das correntes
sobrepostas permite que a proteção atue em seu modo de operação instantâneo, aumentando assim a
velocidade de atuação da proteção. Além disso, a partir da Figura 5.8 é possível perceber que o
método tradicional apresenta um ponto de pico muito próximo da zona de operação do relé. Por outro
lado, nessa mesma situação o método das correntes sobrepostas foi capaz de minimizar essas
oscilações, garantindo um resultado mais estável e, portanto, uma proteção mais segura.

Outro ponto importante a ser destacado é o comportamento do relé local de proteção da linha
2 após a abertura do primeiro disjuntor, representado na Fig. 5.10. Após a abertura monopolar do
disjuntor local da linha 1, a corrente da fase B que passa por esse terminal é igual a zero. Entretanto, a
linha 2 se mantém em funcionamento e, portanto, apresenta um valor de corrente aproximadamente
igual a duas vezes o valor da corrente de carga nominal do sistema. Dessa forma, a lógica da proteção
transversal realiza a subtração desse valor de corrente na linha 2 pelo valor nulo, referente à linha1. Ou

seja, o relé realiza a operação 𝐼2,𝐿𝑜𝑐 − 𝐼1,𝐿𝑜𝑐 > 𝑘. 𝐼1,𝐿𝑜𝑐 + 𝐼2,𝐿𝑜𝑐 , mas 𝐼1,𝐿𝑜𝑐 é igual a

zero. Portanto, a inequação se resume a 𝐼2,𝐿𝑜𝑐 > 𝑘. 𝐼2,𝐿𝑜𝑐 que por sua vez é verdadeira para k =
0,3. Assim, o termo resultante dessa diferença se torna suficientemente elevado de forma a entrar na
zona de operação da proteção e, com isso, levar o relé de proteção local da linha 2 a um trip indevido.
Percebe-se ainda que esse fato não ocorre com a utilização do método das correntes sobrepostas, o que
garante um sistema de proteção estável e seguro, inclusive para situações de aberturas monopolares do
sistema de transmissão.

Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 2

4 Região de Restrição
Trip Indevido
Fase A-Tradicional
2
Fase B-Tradicional
0 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
-2 Fase B-Sobrepostas
|I2L|-|I1L|

-4 Fase C-Sobrepostas

-6
-8
-10
-12
Abertura do Disjuntor
-14
0 2 4 6 8 10 12 14 16
|I1L|+|I2L|

Figura 5.10 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: comparação entre
o método tradicional e correntes sobrepostas após a abertura monopolar do disjuntor local da linha 1.

37
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1

Fase A
5 Fase B
Fase C
4

3
Im I1L/I2L
2

-1

-2
-8 -6 -4 -2 0 2 4
Real I1L/I2L
Figura 5.11 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
tradicional.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1


2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1R/I2R

-0.5

-1

-1.5
Abertura do Disjuntor
-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1R/I2R

(a)
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1R/I2R

0
Abertura do Disjuntor
-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1R/I2R

(b)
Figura 5.12 – Proteção tradicional remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: (a)
antes da abertura do disjuntor local da linha 1; (b) Após a abertura do disjuntor.

38
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 2
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I2L/I1L
0

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2L/I1L

Figura 5.13 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
tradicional.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2


2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I2R/I1R

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2R/I1R

Figura 5.14 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método
tradicional.

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1

5 Fase A
Fase B
Fase C
Im I1L/I2L

-5
-18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2
Real I1L/I2L

Figura 5.15 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método das
correntes sobrepostas.

39
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1R/I2R
0

-0.5

-1

-1.5

-2
-2 -1 0 1 2 3 4 5
Real I1R/I2R
Figura 5.16 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método das
correntes sobrepostas.

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 2


2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I2L/I1L

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2L/I1L

Figura 5.17 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método das
correntes sobrepostas.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2


2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I2R/I1R

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2R/I1R

Figura 5.18 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito monofásico BT em 10% da linha 1: método das
correntes sobrepostas.

40
As Figuras 11 a 18 apresentam a resposta do sistema de proteção transversal, utilizando o
plano alfa proposto nesse trabalho, também para ambos os métodos. É possível perceber que, assim
como no plano operacional, o método tradicional faz com que o sistema de proteção da linha 1 atue
em modo de operação sucessivo.

Da mesma forma como no plano operacional, a utilização do plano alfa com o método
tradicional não é suficiente para que os pontos se desloquem para a zona de atuação do relé e, dessa
forma, a proteção remota da linha 1 é incapaz de perceber o defeito e eliminá-lo em seu modo de
operação instantâneo. Por outro lado, o método das correntes sobrepostas possibilita a atuação
instantânea dos relés de proteção da linha 1 localizados em ambos os terminais da linha.

A partir das figuras obtidas percebe-se ainda que, durante o período de transição entre regime
de funcionamento nominal e regime permanente de curto circuito, um dos pontos localizou-se
indevidamente na zona de operação do relé local de proteção da linha 2. Essa situação ocorreu em
função da elevada sensibilidade adquirida pela proteção devido à utilização do plano alfa como lógica
de atuação. Por outro lado, a utilização do método das correntes sobrepostas minimiza essas
oscilações, aumentando a segurança da proteção. Entretanto, recomenda-se que o relé de proteção
diferencial transversal implementado com o plano alfa seja configurado para verificar determinado
número de amostras seguidas localizadas na região de operação antes de enviar o comando de trip,
independentemente do método utilizado em conjunto com a proteção. Outra possibilidade seria a
programação do relé para aguardar um ciclo antes de sua atuação, de forma a permitir que o algoritmo
de estimação, o qual necessita de um ciclo mais uma amostra do sinal, realize a estimação completa
do fasor em regime permanente de curto circuito. Dessa forma, seria possível uma redução do raio da
característica circular o que, consequentemente, aumenta a sensibilidade da proteção.

b) Curto-Circuito trifásico aplicado em 50% da linha 2:

Nesse caso, um curto-circuito trifásico é aplicado na região central da linha de transmissão 2.


Assim como na simulação anterior, a resposta da proteção diferencial transversal é apresentada no
plano operacional e no plano alfa, tanto para o método tradicional quanto para o método das correntes
sobrepostas, como mostram as Figuras 5.19 a 5.30.

Considerando os resultados obtidos no plano operacional verifica-se que os dois métodos


permitem que tanto o relé local quanto o relé remoto identifiquem o defeito corretamente e atuem
instantaneamente para eliminá-lo. Como era esperado, as contribuições de corrente vindas por cada
um dos terminais da linha possuem valores muito próximos entre si. Assim, as correntes que passam
pelos dois terminais tem valores suficientemente elevados para que a proteção diferencial transversal
41
atue no modo de operação instantâneo. Portanto, os dois relés detectam a falta simultaneamente,
abrindo os disjuntores de ambos os terminais da linha de forma independente. É importante destacar
ainda que, no plano operacional, os gráficos obtidos são imagens espelhadas, em relação ao eixo das
abscissas, das imagens obtidas pela proteção da linha adjacente do mesmo terminal. Assim, os relés da
linha 1 não detectam nenhuma falta, como era esperado.

Entretanto, em alguns casos é possível verificar um pico no valor da corrente de operação,


para o método tradicional, que pode levar o relé a um trip indevido, como pode ser verificado na
Figura 5.20. Por outro lado, isso não acontece com o método das correntes sobrepostas. Portanto, a
subtração da corrente de pré-falta, minimiza variações indevidas da corrente de operação que
poderiam levar o relé ao mau funcionamento. Com isso, há um aumento considerável na segurança do
sistema de proteção como um todo.

Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 1

Região de Restrição
0 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
-2 Fase A-Sobrepostas
|I1L|-|I2L|

Fase B-Sobrepostas
-4 Fase C-Sobrepostas

-6

-8

0 2 4 6 8 10 12
|I1L|+|I2L|

Figura 5.19 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação entre o
método tradicional e correntes sobrepostas.
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
4
Região de Restrição
2 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
0
Fase A-Sobrepostas
|I1R|-|I2R|

Fase B-Sobrepostas
-2 Fase C-Sobrepostas

-4

-6

-8

0 2 4 6 8 10 12
|I1R|+|I2R|

Figura 5.20 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação entre o
método tradicional e correntes sobrepostas.

42
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 2
10

|I2L|-|I1L|
4 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
2
Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
0 Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
0 2 4 6 8 10 12
|I1L|+|I2L|

Figura 5.21 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação entre o
método tradicional e correntes sobrepostas.

Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2


10

6
|I2R|-|I1R|

4 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
2
Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
0 Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
0 2 4 6 8 10 12
|I1R|+|I2R|

Figura 5.22 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: comparação entre o
método tradicional e correntes sobrepostas.

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1


2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1L/I2L

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1L/I2L

Figura 5.23 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método tradicional.

43
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1R/I2R
0

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1R/I2R

Figura 5.24 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método tradicional.

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 2

Fase A
Fase B
6
Fase C

4
Im I2L/I1L

-2
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8
Real I2L/I1L

Figura 5.25 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método tradicional.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2


2
Fase A
1 Fase B
0 Fase C

-1
Im I2R/I1R

-2

-3

-4
-5
-6

-6 -4 -2 0 2 4 6 8
Real I2R/I1R

Figura 5.26 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método tradicional.

44
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1L/I2L
0

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1L/I2L

Figura 5.27 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das correntes
sobrepostas.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1


2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1R/I2R

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1R/I2R

Figura 5.28 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das correntes
sobrepostas.

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 2


20 Fase A
Fase B
10 Fase C
Im I2L/I1L

-10

-20

-30
-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40
Real I2L/I1L

Figura 5.29– Proteção local da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das correntes
sobrepostas.
45
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2

Fase A
10 Fase B
Fase C

Im I2R/I1R 0

-5

-10

-30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15


Real I2R/I1R

Figura 5.30– Proteção remota da linha 2 para curto-circuito trifásico em 50% da linha 2: método das correntes
sobrepostas.

Além disso, as respostas no plano operacional evidenciam a maior velocidade em que a falta é
detectada com a utilização das correntes sobrepostas. Nas Figuras 5.21 e 5.22 é possível perceber que
com aproximadamente 3 amostras os pontos já se encontram na zona de operação do relé, enquanto
que no método tradicional esse número de amostras é quase 3 vezes maior.

Já no plano alfa, os dois métodos também apresentaram respostas semelhantes, mas a


vantagem da utilização do método das correntes sobrepostas fica evidente nos gráficos da proteção da
linha 1. É possível perceber uma resposta consideravelmente mais estável, aumentando assim a
segurança do sistema de proteção.

c) Curto-Circuito AC-T aplicado em 90% da linha 2:

Nesse caso um curto-circuito bifásico-terra envolvendo as fases A e C é aplicado em uma


região próxima ao terminal remoto da linha de transmissão 2. Da mesma forma como nos casos
anteriores os resultados são apresentados no plano operacional e no plano alfa, como mostram as
Figuras 5.31 a 5.37.

A partir da análise dos resultados obtidos com o plano operacional é possível perceber que,
assim como nos resultados anteriores, a proteção do terminal mais próximo do ponto de falta detecta o
defeito quase que instantaneamente e executa o comando de abertura do disjuntor, tanto para o método
tradicional quanto para correntes sobrepostas. É importante destacar que o disjuntor realiza a abertura
tripolar da linha, mesmo que o defeito ocorra em apenas duas fases.

46
Já a proteção do terminal local da linha 2 detecta o defeito em modo instantâneo apenas com o
método das correntes sobrepostas, enquanto que o método tradicional identifica apenas uma das fases
envolvidas na falta, visto que os pontos obtidos para a fase A se encontram no limiar de restrição do
relé. Assim, o resultado da proteção local tradicional obtido após a abertura das três fases do disjuntor
remoto da linha 2 é representado na Figura 5.31 (b). Portanto, percebe-se que, no momento em que a
falta passa a ser alimentada apenas pelo terminal local da linha 2, os pontos se movem para a zona de
operação do relé, permitindo a identificação e correta eliminação do defeito. Essa sequência configura
o modo de operação sucessivo da proteção da linha 2 para essa falta específica.

Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 2


3.5

3
2.5

2
|I2L|-|I1L|

Abertura do Disjuntor
1.5
Região de Restrição
1
Fase A-Tradicional
0.5 Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
0 Fase A-Sobrepostas
-0.5 Fase B-Sobrepostas
Abertura do Disjuntor Fase C-Sobrepostas
-1
0 1 2 3 4 5 6 7 8
|I1L|+|I2L|

(a)
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 2
6

3
|I2L|-|I1L|

2
Abertura do Disjuntor Abertura do Disjuntor
1

0 Região de Restrição
Fase A
-1 Fase B
Fase C
-2
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
|I1L|+|I2L|

(b)

Figura 5.31– Proteção local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: (a) antes da
abertura tripolar do disjuntor remoto da linha 2; (b) Após a abertura do disjuntor.

47
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2
30

25

20

|I2R|-|I1R|
15
Região de Restrição
10 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
5 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
0 Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
0 5 10 15 20 25 30
|I1R|+|I2R|

Figura 5.32 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.

Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1


5 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
0 Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
-5 Fase A-Sobrepostas
Fase B-Sobrepostas
|I1R|-|I2R|

-10 Fase C-Sobrepostas

Abertura do Disjuntor
-15

-20

-25

0 5 10 15 20 25 30
|I1R|+|I2R|

(a)
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
4
Trip Indevido Região de Restrição
3 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
2 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
1 Fase B-Sobrepostas
|I1R|-|I2R|

Fase C-Sobrepostas
0

-1

-2

-3

-4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
|I1R|+|I2R|

(b)
Figura 5.33 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: (a) visão
geral; (b) Detalhe do gráfico.

48
Nesse caso destaca-se ainda o comportamento da proteção localizada no terminal remoto da
linha 1. É possível perceber que, assim como na situação de abertura monopolar da linha apresentada
no item "a", os pontos se deslocaram para a região de operação do relé. Novamente, essa situação
ocorre em função da própria lógica da proteção diferencial transversal que realiza a subtração das
correntes medidas na linha 1 por valores nulos, referentes às correntes medidas no terminal aberto da
linha 2. Percebe-se ainda que essa mesma situação não ocorre com a utilização do método das
correntes sobrepostas, da mesma forma como verificado anteriormente. Entretanto, recomenda-se o
bloqueio da proteção diferencial transversal daquele terminal específico quando seu disjuntor estiver
em aberto ou dos relés de ambos os terminais quando uma das linhas estiver fora de funcionamento.

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 2


2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I2L/I1L

0
Abertura do Disjuntor
-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2L/I1L

(a)
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 2
6 Fase A
Fase B
5 Fase C
4
Im I2L/I1L

-1
Abertura do Disjuntor
-2
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6
Real I2L/I1L

(b)

Figura 5.34 – Proteção tradicional local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2:
(a) antes da abertura tripolar do disjuntor remoto da linha 2; (b) Após a abertura do disjuntor.

49
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2
2
Fase A
Fase B
0 Fase C

-2

Im I2R/I1R
-4

-6

-8

-12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6
Real I2R/I1R

Figura 5.35 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: método
tradicional.

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 2

4 Fase A
Fase B
3 Fase C

2
Im I2L/I1L

-1

-2

-8 -6 -4 -2 0 2 4 6
Real I2L/I1L

Figura 5.36 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: método das
correntes sobrepostas.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2

Fase A
5 Fase B
Fase C

0
Im I2R/I1R

-5

-10

-35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 5


Real I2R/I1R

Figura 5.37 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito bifásico-terra AC-T em 90% da linha 2: método das
correntes sobrepostas.

50
Considerando as figuras obtidas com o plano alfa, novamente percebe-se que o método das
correntes sobrepostas permitiu que a proteção atuasse no modo de operação instantâneo, enquanto que
o método tradicional, mesmo no plano alfa, foi capaz de identificar o defeito em apenas uma das fases
envolvidas.

d) Curto-Circuito A-T de alta impedância aplicado em 90% da linha 1:

Para uma melhor análise do aumento da sensibilidade da proteção propiciado pela utilização
do plano alfa e do método das correntes sobrepostas, um curto circuito monofásico na fase A é
aplicado em um ponto próximo ao terminal remoto da linha 1. Entretanto, dessa vez considerou-se
uma impedância igual a 500 Ω. Essa situação geralmente representa um desafio para os sistemas de
proteção de linhas de transmissão devido ao baixo valor de corrente de curto-circuito verificado em
função da alta impedância de falta. As Figuras 5.38 a 5.43 apresentam os resultados obtidos.

É possível verificar que, com a utilização do método tradicional, os relés da linha 1 não
conseguiram detectar a falta, nem mesmo o relé remoto, localizado próximo ao ponto do defeito. Já a
utilização do método das correntes sobrepostas no plano operacional permitiu que o sistema de
proteção da linha 1 verificasse corretamente o defeito, mas o mesmo ocorre apenas no modo de
operação sucessivo. Entretanto, com a utilização do plano alfa em conjunto com o método das
correntes sobrepostas, o sistema de proteção foi capaz de identificar corretamente a falha no modo de
operação instantâneo, com os relés de ambos os terminais verificando o defeito de forma
independente.

Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 1

Região de Restrição
0.8 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
0.6 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
|I1L|-|I2L|

0.4 Fase B-Sobrepostas


Fase C-Sobrepostas
0.2

-0.2

-0.4
0 0.5 1 1.5 2 2.5
|I1L|+|I2L|

Figura 5.38 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da linha
1: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.

51
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

0.5

|I1R|-|I2R|
0 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
-0.5 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
Fase B-Sobrepostas
-1 Fase C-Sobrepostas
-0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
|I1R|+|I2R|

Figura 5.39 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da
linha 1: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1


2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1L/I2L

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1L/I2L

Figura 5.40 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da linha
1: método tradicional.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1


2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1R/I2R

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1R/I2R

Figura 5.41 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da
linha 1: método tradicional.
52
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1L/I2L
0

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1L/I2L

Figura 5.42 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da linha
1: método das correntes sobrepostas.
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
2
Fase A
Fase B
1 Fase C
Im I1R/I2R

-1

-2

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
Real I1R/I2R

Figura 5.43 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico AT de alta impedância em 90% da
linha 1: método das correntes sobrepostas.

e) Curto-Circuito C-T externo:

Apenas para avaliar a segurança do sistema de proteção diferencial, um curto-circuito


monofásico C-T foi aplicado no barramento remoto do sistema simulado. Por ser um defeito externo
ao elemento protegido, todos os pontos verificados pelos relés se localizaram dentro de sua zona de
restrição e, portanto, nenhum dos relés, independentemente dos métodos ou planos utilizados,
atuaram indevidamente. É importante destacar ainda que, no plano operacional, verificou-se um
deslocamento horizontal dos pontos dentro da zona de restrição. Esse fato ocorre pois, em função do
curto externo, as correntes que circulam pelas linhas de transmissão sofrem um aumento em suas

magnitudes. Dessa forma, o termo de restrição 𝐼1 + 𝐼2 também aumenta, levando os pontos a um

deslocamento no sentido positivo do eixo das abscissas, como pode ser verificado nas Figuras 5.44 e
5.45.
53
Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
1

0.8

0.6

|I1R|-|I2R| 0.4

0.2

0
Região de Restrição
-0.2 Fase A
Fase B
-0.4 Fase C
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
|I1R|+|I2R|
Figura 5.44 – Proteção remota da linha 1 para um curto-circuito externo: método das correntes sobrepostas.

Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 2

0.5
|I2L|-|I1L|

-0.5 Região de Restrição


Fase A
Fase B
-1 Fase C
-0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
|I1L|+|I2L|

Figura 5.45 – Proteção local da linha 2 para um curto-circuito externo: método tradicional.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 2


2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I2R/I1R

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I2R/I1R

Figura 5.46 – Proteção remota da linha 2 para um curto-circuito externo: método tradicional.

54
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
2
Fase A
1.5 Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1L/I2L
0

-0.5

-1

-1.5

-2
-3 -2 -1 0 1 2 3 4
Real I1L/I2L

Figura 5.47 – Proteção local da linha 1 para um curto-circuito externo: método das correntes sobrepostas.

5.3. SIMULAÇÕES EM MASSA


Para avaliar o desempenho da proteção no Plano Alfa e verificar os avanços obtidos com a
utilização dessa ferramenta se comparado com os resultados obtidos no Plano Operacional, é possível
utilizar a metodologia das simulações em massa. Essa metodologia corresponde à simulação de um
elevado número de casos com variações incrementais de um determinado parâmetro. Dessa forma, é
possível analisar detalhadamente a influência de diversos parâmetros no desempenho da proteção,
além de verificar os limites de operação da proteção propriamente dita. Para linhas de transmissão, por
exemplo, é possível verificar até que ponto do circuito a proteção consegue identificar e eliminar
corretamente um determinado defeito, possibilitando análises precisas sobre a sensibilidade do sistema
de proteção.

Esse tipo de simulação aprofunda as análises realizadas para os casos pontuais, permitindo a
verificação da influência de variáveis como o SIR, carregamento da linha, resistência de falta e
posição do curto-circuito no desempenho da proteção.

Para isso, foram necessários alguns ajustes no sistema implementado no ATP, de forma a
permitir a variação de certos parâmetros, bem como alterações nos códigos Matlab para possibilitar a
interpretação correta do enorme número de dados obtidos.

No ATP, utilizou-se a rotina $PARAMETER para permitir a variação dos valores de tensão
das fontes, da impedância de falta, dos equivalentes de Thévennin e do comprimento da linha de
transmissão. Já no Matlab, o código foi alterado para ser capaz de ler todos os arquivos gerados pelo
ATP e organizá-los em um vetor de matrizes, onde cada matriz corresponde a um caso de simulação
diferente.

55
A tabela a seguir apresenta todos os casos representados nesse trabalho bem como os
parâmetros utilizados em cada um desses casos.
Tabela 5.4 Lista de casos utilizados nas simulações em massa.
Tipo de Posição da Impedância (para a terra Abertura angular da
Casos SIR
Falta Falta ou entre fases) linha
1 BT 2% a 98% SIR1 e SIR2 = 1 10 Ω 18,2o
2 BT 95% SIR1: 0,1 a 10 10 Ω 18,2 o
3 BT 95% SIR1 e SIR2 = 1 0 a 1000 Ω 18,2 o
4 BT 95% SIR1 e SIR2 = 1 10 Ω -90 o a 90 o

É importante destacar que a 2% do comprimento total da linha é o ponto mínimo para


aplicação de um determinado defeito, pois é o menor comprimento em que o ATP consegue realizar,
com o passo de integração de 1µs, o equacionamento matricial e a simulação do sistema.
O sistema considerado nessa etapa das análises é o mesmo utilizado nas simulações
transitórias, bem como os ajustes da proteção diferencial transversal. Entretanto, sabendo que os
resultados analisados são representados apenas em regime permanente de curto circuito, é possível
ajustar o raio da característica de restrição no plano alfa, como já citado anteriormente, de forma a
aumentar a sensibilidade da proteção e permitir uma melhor visualização dos resultados obtidos.
Portanto, para as análises a seguir considerou-se uma característica de restrição com raio igual a 1,2.
Dessa forma, é possível analisar os resultados obtidos para cada um dos casos apresentados na
tabela 5.5 como a seguir.

a) Caso 1: curto-circuito B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1:

Nesse primeiro caso, verifica-se a influência da posição do defeito no desempenho do sistema


de proteção transversal. Para isso, analisam-se os resultados encontrados tanto para os relés do
terminal remoto quanto do terminal local. Assim, ao realizar variações incrementais de apenas um
determinado parâmetro é possível verificar as vantagens obtidas com a utilização dos métodos
propostos para variações em cada um desses parâmetros individualmente.
A localização do curto-circuito na linha de transmissão foi variada de 2% a 98% do
comprimento total da linha, com um variações incrementais de 1%. Assim, cada um dos pontos
representados nos gráficos correspondem a uma diferente localização do defeito no sistema, como é
possível observar nas Figuras 5.48 a 5.53 a seguir.

É possível perceber, a partir das Figuras 5.48 e 5.49, que a utilização do método das correntes
sobrepostas no plano operacional permite um aumento considerável na porcentagem da linha em que a
proteção atua no modo de operação instantâneo, se comparado com o método tradicional.

56
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 1

20 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
15 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
|I1L|-|I2L| Fase B-Sobrepostas
10 Fase C-Sobrepostas

0 5 10 15 20 25
|I1L|+|I2L|
Figura 5.48 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1:
comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.

Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

20

15
|I1R|-|I2R|

10 Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
5 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
Fase B-Sobrepostas
0
Fase C-Sobrepostas
0 5 10 15 20 25
|I1R|+|I2R|

(a)

Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1


Região de Restrição
2 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
1.5 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
Fase B-Sobrepostas
|I1R|-|I2R|

1
Fase C-Sobrepostas
0.5

-0.5

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5


|I1R|+|I2R|

(b)
Figura 5.49 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1:
(a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.

57
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
6
Fase A
5 Fase B
Fase C
4

Im I1L/I2L
3

-1
-10 -8 -6 -4 -2 0 2
Real I1L/I2L

(a)
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1

1.5 Fase A
Fase B
Fase C
1

0.5
Im I1L/I2L

-0.5

-1

-1.5
-2 -1 0 1 2 3
Real I1L/I2L

(b)

Figura 5.50 – Proteção local da linha 1 pelo método tradicional para curto-circuito monofásico B-T aplicado de
2% a 98% da linha 1: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

0 Fase A
Fase B
Fase C
-2

-4
Im I1R/I2R

-6

-8

-10

-12
-15 -10 -5 0 5 10
Real I1R/I2R

Figura 5.51 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1:
método tradicional.

58
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
1400
Fase A
1200 Fase B
Fase C
1000
Im I1L/I2L
800

600

400

200

0
-1000 -500 0 500 1000
Real I1L/I2L

(a)

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1

Fase A
1 Fase B
Fase C

0.5
Im I1L/I2L

-0.5

-1

-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3


Real I1L/I2L

(b)
Figura 5.52 – Proteção local da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito monofásico B-
T aplicado de 2% a 98% da linha 1: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

250 Fase A
Fase B
Fase C
200
Im I1R/I2R

150

100

50

0
-250 -200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200
Real I1R/I2R

Figura 5.53 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito monofásico B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1:
método das correntes sobrepostas.

59
Dessa forma percebe-se que a utilização das correntes sobrepostas garante um aumento na
velocidade de atuação da proteção como um todo, visto que, no modo de operação instantâneo, os
relés de ambos os terminais da linha comandam de forma independe e instantânea a abertura de seus
respectivos disjuntores.

Além disso é possível perceber que a utilização do plano alfa garante uma porcentagem ainda
maior ao modo de operação instantâneo da proteção, demonstrando que, para esse caso, o modo de
operação sucessivo fica restrito apenas a faltas que ocorram em pontos acima de 95% ou abaixo de 5%
do comprimento total da linha de transmissão.

b) Caso 2: curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR da fonte 1 variando de
0,1 a 10:

O estudo realizado nesse caso nada mais é do que a variação do valor das impedâncias
equivalentes conectadas à linha de transmissão. O valor dessas impedâncias representa o valor da
potência de curto-circuito do sistema conectado à linha de transmissão em análise. Dessa forma,
sistemas de grandes dimensões e com elevada complexidade de conexões são normalmente chamados
de sistemas fortes ou fontes fortes. Esses sistemas possuem altos valores de potência de curto-circuito
e portanto, ao reduzi-los a um equivalente de Thévenin, os mesmos apresentam baixo valores de
impedâncias equivalentes. Assim, as parcelas de contribuição desses sistemas a um determinado curto
na linha são normalmente maiores que as contribuições de sistemas menores e menos malhados,
também chamados de sistemas fracos ou fontes fracas. Dessa forma, realizou-se a variação do valor do
SIR da linha 1 de forma a analisar a influência da força das fontes conectadas à linha de transmissão
no desempenho da proteção diferencial transversal. Os resultados obtidos para esse caso estão
dispostos a seguir nas Figuras 5.54 a 5.59.
É possível perceber que a proteção do terminal local da linha 1 utilizada com o método
tradicional é incapaz de detectar a falta no modo de operação instantâneo, independentemente do valor
do SIR considerado. Já a proteção do terminal remoto apresentou variações em função do SIR, mas
todos os pontos se apresentaram dentro da zona de operação do relé.

Por outro lado, o método das correntes sobrepostas permite que a proteção do terminal local da
linha 1 atue em modo de operação instantâneo para baixos valores de SIR, revelando assim um
aumento da sensibilidade da proteção.

60
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 1

0.5

|I1L|-|I2L|
0
Região de Restrição
Fase A-Tradicional
-0.5 Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
-1 Fase B-Sobrepostas
Fase C-Sobrepostas
-0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
|I1L|+|I2L|

(a)
Plano Operacional - Terminal Local: Proteção da Linha 1

Região de Restrição
0.65 Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
Fase C-Tradicional
0.6
Fase A-Sobrepostas
|I1L|-|I2L|

Fase B-Sobrepostas
0.55 Fase C-Sobrepostas

0.5

0.45

0.4

0.5 0.55 0.6 0.65 0.7


|I1L|+|I2L|

(b)
Figura 5.54 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando de
0,1 a 10: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.

Plano Operacional - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1


20
Região de Restrição
Fase A-Tradicional
Fase B-Tradicional
15 Fase C-Tradicional
Fase A-Sobrepostas
|I1R|-|I2R|

Fase B-Sobrepostas
10 Fase C-Sobrepostas

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
|I1R|+|I2R|

Figura 5.55 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando
de 0,1 a 10: comparação entre o método tradicional e correntes sobrepostas.

61
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1
2 Fase A
Fase B
1.5 Fase C

Im I1L/I2L
0.5

-0.5

-1
-2 -1 0 1 2 3
Real I1L/I2L

Figura 5.56 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando de
0,1 a 10: método tradicional.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1


0 Fase A
Fase B
Fase C
-5
Im I1R/I2R

-10

-15

-20

-25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20


Real I1R/I2R

Figura 5.57 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando
de 0,1 a 10: método tradicional.

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1

Fase A
1 Fase B
Fase C

0.5
Im I1L/I2L

-0.5

-1

-0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4


Real I1L/I2L

Figura 5.58 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando de
0,1 a 10: método das correntes sobrepostas.
62
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1
50 Fase A
Fase B
40 Fase C

30

Im I1R/I2R 20

10

-10

-120 -100 -80 -60 -40 -20 0


Real I1R/I2R
(a)
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

Fase A
6
Fase B
4 Fase C

2
Im I1R/I2R

-2

-4

-6

-8
-25 -20 -15 -10 -5 0
Real I1R/I2R

(b)
Figura 5.59 – Proteção remota da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-T
aplicado a 95% da linha 1 com SIR variando de 0,1 a 10: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.

Já a utilização do plano alfa, mesmo para o método tradicional, revela um aumento


considerável para valores de SIR no qual a proteção atua em modo de operação instantâneo, enquanto
que o método das correntes sobrepostas associado ao plano alfa permite que a proteção atue no modo
de operação instantâneo para praticamente todos os valores de SIR considerados.

c) Caso 3: curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da impedância de


falta de 0 a 1000 Ω:

Curto-circuitos com elevados valores de impedância de falta sempre se apresentaram como um


verdadeiro desafio aos sistemas de proteção. Os baixos valores de corrente de curto-circuito oriundos
desses tipos de falta dificilmente são suficientes para sensibilizar os relés e, muitas das vezes, o
sistema de proteção se encontra incapaz de identificar tais defeitos. Por outro lado, curto-circuitos

63
francos são normalmente mais severos e podem levar um determinado relé a um trip indevido caso sua
sensibilidade esteja indevidamente ajustada. Assim, nesse caso realizou-se a variação do valor da
impedância de falta de forma a avaliar a influência desse parâmetro no desempenho da proteção
diferencial transversal.

Para possibilitar uma melhor visualização dos resultados, o plano operacional foi substituído
por uma representação alternativa, na qual o eixo das abscissas corresponde ao valor da impedância de
falta enquanto que os pontos representam as correntes de restrição, já multiplicadas pelo coeficiente k,
e correntes de operação do relé. Assim, a atuação do relé ocorre caso um determinado ponto de
operação se encontre acima de seu respectivo ponto de restrição e acima do valor de pick-up.
Considerou-se inúmeras situações de faltas monofásicas B-T aplicadas em 95% da linha 1 com
impedâncias variando de 0 a 1000 Ω. Os resultados obtidos estão dispostos a seguir.

A partir do resultado obtido para a proteção local da linha 1, implementada com a lógica do
plano operacional e com o método tradicional, é possível perceber que os pontos que representam a
corrente de operação da proteção ficam abaixo da parcela de restrição do relé, ou seja, da corrente de
restrição multiplicada por k, para todas as situações simuladas, como é possível verificar na Figuras
5.60. Portanto, percebe-se que o sistema de proteção atua em modo de operação sucessivo para todos
os valores de impedância considerados. Além disso, para a proteção do terminal remoto da linha,
localizado mais próximo do defeito, a corrente de operação se encontrou acima da corrente de
restrição para parte dos valores de impedância simulados, como mostra a Figura 5.61. Para
impedâncias maiores que 350 Ω, a corrente de operação passa a ser inferior à corrente de restrição do
relé, revelando a incapacidade da proteção em perceber defeitos com impedâncias acima desse valor,
revelando o mau funcionamento do sistema de proteção a partir de então.

Com o método das corrente sobrepostas, é possível perceber que, para faltas com impedâncias
de até 10 Ω, o terminal local da linha 1 é capaz de identificar o defeito independentemente da atuação
da proteção remota e, portanto, o sistema de proteção opera no modo instantâneo, como mostra a
Figura 5.64. Percebe-se ainda, na Figura 5.65, que da mesma forma que o método tradicional, a
proteção passa a não identificar o defeito para um determinado valor de impedância de falta.
Entretanto, essa situação ocorre para impedâncias acima de 700 Ω, valor consideravelmente maior que
no método tradicional. É interessante ressaltar ainda que, para a proteção da linha 2, ocorreram alguns
pontos em que a corrente de operação se apresentou superior à corrente de restrição. Entretanto, a
proteção corretamente não atuou, pois esses valores se apresentaram abaixo do limite de pick-up do
relé, como mostra a Figura 5.66.

64
Terminal Local: Proteção da Linha 1

Unidades
0.5
Região de Restrição
IrestriçãoA
IoperaçãoA
0 IrestriçãoB
IoperaçãoB
IrestriçãoC
IoperaçãoC
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)

Figura 5.60 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.

Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

20 Região de Restrição
IrestriçãoA
IoperaçãoA
15 IrestriçãoB
IoperaçãoB
IrestriçãoC
Unidades

IoperaçãoC
10

0
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)

Figura 5.61 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.

Terminal Local: Proteção da Linha 2


1.5

0.5
Unidades

0
Região de Restrição
-0.5 IrestriçãoA
IoperaçãoA
-1 IrestriçãoB
IoperaçãoB
-1.5 IrestriçãoC
IoperaçãoC
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)

Figura 5.62 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.
65
Terminal Remoto: Proteção da Linha 2

-5
Unidades
-10 Região de Restrição
IrestriçãoA
-15 IoperaçãoA
IrestriçãoB
-20 IoperaçãoB
IrestriçãoC
-25 IoperaçãoC
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)

Figura 5.63 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.

Terminal Local: Proteção da Linha 1


1 Região de Restrição
IrestriçãoA
0.8 IoperaçãoA
IrestriçãoB
0.6
IoperaçãoB
IrestriçãoC
Unidades

0.4
IoperaçãoC
0.2

-0.2

-0.4
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)

(a)

Terminal Local: Proteção da Linha 1

1 Região de Restrição
IrestriçãoA
0.8 IoperaçãoA
IrestriçãoB
0.6 IoperaçãoB
IrestriçãoC
Unidades

0.4 IoperaçãoC

0.2

-0.2

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Impedância de falta (Ohms)

(b)

Figura 5.64 – Proteção local da linha 1 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-T aplicado a
95% da linha 1 com variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.

66
Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

20 Região de Restrição
IrestriçãoA
IoperaçãoA
15 IrestriçãoB
IoperaçãoB
IrestriçãoC
Unidades IoperaçãoC
10

100 200 300 400 500 600 700 800 900


Impedância de falta (Ohms)

Figura 5.65 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas.

Terminal Local: Proteção da Linha 2

0.5

0
Unidades

Região de Restrição
-0.5 IrestriçãoA
IoperaçãoA
IrestriçãoB
IoperaçãoB
-1
IrestriçãoC
IoperaçãoC
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Impedância de falta (Ohms)

(a)
Terminal Local: Proteção da Linha 2

0.6
0.4
0.2
0
Unidades

-0.2
Região de Restrição
-0.4 IrestriçãoA
IoperaçãoA
-0.6
IrestriçãoB
-0.8 IoperaçãoB
IrestriçãoC
-1 IoperaçãoC
20 40 60 80 100 120 140
Impedância de falta (Ohms)

(b)
Figura 5.66 – Proteção local da linha 2 pelo método das correntes sobrepostas para curto-circuito B-T aplicado a
95% da linha 1 com variação da impedância de falta de 0 a 1000 Ω: (a) visão geral; (b) Detalhe do gráfico.

67
Terminal Remoto: Proteção da Linha 2

-5
Unidades
Região de Restrição
-10 IrestriçãoA
IoperaçãoA
-15 IrestriçãoB
IoperaçãoB
IrestriçãoC
-20 IoperaçãoC
100 200 300 400 500 600 700 800 900
Impedância de falta (Ohms)

Figura 5.67 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas.

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1

1 Fase A
Fase B
Fase C
0.5
Im I1L/I2L

-0.5

-1

-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5


Real I1L/I2L

Figura 5.68 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

Fase A
0
Fase B
Fase C
-2
Im I1R/I2R

-4

-6

-8

-10

-10 -5 0 5 10
Real I1R/I2R

Figura 5.69 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método tradicional.

68
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1

1 Fase A
Fase B
Fase C
0.5

Im I1L/I2L
0

-0.5

-1

-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5


Real I1L/I2L

Figura 5.70 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1


4 Fase A
Fase B
2 Fase C

0
Im I1R/I2R

-2

-4

-6

-20 -18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0


Real I1R/I2R

Figura 5.71 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da
impedância de falta de 0 a 1000 Ω: método das correntes sobrepostas.

Da mesma forma, é possível perceber que a utilização do plano alfa com o método tradicional
foi incapaz de permitir que a proteção atuasse em modo instantâneo para todos os casos simulados,
como mostram as Figuras 5.68 e 5.69. Já a utilização das correntes sobrepostas no plano alfa, permitiu
que o relé atuasse em modo instantâneo para valores ainda maiores de impedâncias de falta, como é
possível perceber nas Figuras 5.70 e 5.71. Enquanto que no plano operacional esse valor máximo
ocorreu em torno de 10 Ω, no plano alfa esse mesmo ponto onde a proteção se encontra no limite entre
a operação em modo instantâneo e operação em modo sucessivo ocorre aproximadamente para 400 Ω.

69
d) Caso 4: curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no carregamento
da linha de -90o a +90o:

Finalmente, analisa-se a influência da abertura angular da linha no desempenho da proteção.


Nessa situação, é possível verificar a influência da corrente de carga que circula na linha em regime
permanente de funcionamento para a sensibilidade do sistema de proteção transversal. Para isso, uma
das fontes foi mantida como referência, com seu valor de fase se mantendo fixo, enquanto que a outra
teve sua fase variada em 180o, simulando assim diferentes situações e valores de carregamento da
linha. Os resultados são apresentados da mesma forma que no caso anterior, como mostram as Figuras
5.72 a 5.83.

Terminal Local: Proteção da Linha 1

1
Unidades

0
Região de Restrição
-1
IrestriçãoA
-2 IoperaçãoA
IrestriçãoB
-3 IoperaçãoB
IrestriçãoC
-4 IoperaçãoC
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)

Figura 5.72 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.

Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

15

10

5
Unidades

0
Região de Restrição
-5 IrestriçãoA
IoperaçãoA
-10
IrestriçãoB
IoperaçãoB
-15
IrestriçãoC
-20 IoperaçãoC
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)

Figura 5.73 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.

70
Terminal Local: Proteção da Linha 2

Unidades 0
Região de Restrição
-1
IrestriçãoA
-2 IoperaçãoA
IrestriçãoB
-3 IoperaçãoB
IrestriçãoC
-4 IoperaçãoC
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)

Figura 5.74 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.

Terminal Remoto: Proteção da Linha 2

0
Região de Restrição
IrestriçãoA
Unidades

-5
IoperaçãoA
IrestriçãoB
-10 IoperaçãoB
IrestriçãoC
IoperaçãoC
-15

-20
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)

Figura 5.75 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.

Terminal Local: Proteção da Linha 1


1

0.5
Unidades

0
Região de Restrição
IrestriçãoA
-0.5 IoperaçãoA
IrestriçãoB
IoperaçãoB
-1 IrestriçãoC
IoperaçãoC
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)

Figura 5.76 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.
71
Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

15

10

5
Unidades 0
Região de Restrição
-5 IrestriçãoA
IoperaçãoA
-10 IrestriçãoB
IoperaçãoB
-15 IrestriçãoC
IoperaçãoC
-20
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)

Figura 5.77 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.

Terminal Local: Proteção da Linha 2


1

0.5
Unidades

0
Região de Restrição
IrestriçãoA
-0.5 IoperaçãoA
IrestriçãoB
IoperaçãoB
-1 IrestriçãoC
IoperaçãoC
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)

Figura 5.78 – Proteção local da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.

Terminal Remoto: Proteção da Linha 2


5

0
Região de Restrição
IrestriçãoA
-5
Unidades

IoperaçãoA
IrestriçãoB
IoperaçãoB
-10
IrestriçãoC
IoperaçãoC
-15

-20
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Abertura angular da linha (Graus)

Figura 5.79 – Proteção remota da linha 2 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.
72
Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1

1 Fase A
Fase B
Fase C
0.5

Im I1L/I2L
0

-0.5

-1

-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5


Real I1L/I2L

Figura 5.80 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.

Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1


4
Fase A
2 Fase B
Fase C
0
Im I1R/I2R

-2

-4

-6

-8

-10

-15 -10 -5 0 5 10
Real I1R/I2R

Figura 5.81 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método tradicional.

Plano Alfa - Terminal Local: Proteção da Linha 1

1 Fase A
Fase B
Fase C
0.5
Im I1L/I2L

-0.5

-1

-1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5


Real I1L/I2L

Figura 5.82 – Proteção local da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.
73
Plano Alfa - Terminal Remoto: Proteção da Linha 1

Im I1R/I2R
-2

-4

-6
Fase A
Fase B
-8
Fase C
-20 -18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0
Real I1R/I2R

Figura 5.83 – Proteção remota da linha 1 para curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no
carregamento da linha de -90o a +90o: método das correntes sobrepostas.

A partir dos resultados obtidos, é possível perceber que, com o método tradicional, a operação
da proteção em modo instantâneo só é possível para situações em que a linha se encontra com
carregamento mínimo, ou seja, com abertura angular em torno de zero graus. A utilização do plano
alfa aumenta esse número de casos, mas a proteção ainda depende de um baixo carregamento para sua
atuação em modo instantâneo. Já com a utilização do método das corrente sobrepostas a proteção atua
em modo instantâneo para um conjunto considerável de situações diferentes de carregamento e
principalmente quando o fluxo de carga se encontra no sentido direto, considerando também o plano
operacional. Por fim, é possível perceber que, para esse tipo de curto, a proteção com o método das
corrente sobrepostas representada no plano alfa atuou em seu modo instantâneo para todas as situações
consideradas, demonstrando assim um aumento significativo na sensibilidade do sistema de proteção.

5.4. RESUMO DOS RESULTADOS


É possível apresentar um resumo de todos os resultados obtidos tanto nas simulações
transitórias pontuais quanto nas simulações em massa. Para os resultados obtidos com as análises
transitórias, define-se o modo de operação em que a proteção atuou para cada um dos casos
analisados, como mostra a tabela 5.5 a seguir:

Tabela 5.5 Tabela resumo dos modos de operação do sistema de proteção.

Plano Operacional Plano Alfa


Método Tradicional Correntes Sobrepostas Método Tradicional Correntes Sobrepostas
Caso 1 Sucessivo Instantâneo Sucessivo Instantâneo
Caso 2 Instantâneo Instantâneo Instantâneo Instantâneo
Caso 3 Sucessivo Instantâneo Sucessivo Instantâneo
Caso 4 Não atua Sucessivo Não atua Instantâneo
Caso 5 Não atua Não atua Não atua Não atua

74
Onde os casos analisados possuem as seguintes configurações:
Caso 1: Curto-circuito B-T aplicado em 10% da linha 1.
Caso 2: Curto-circuito trifásico aplicado em 50% da linha 2.
Caso 3: Curto-circuito AC-T aplicado em 90% da linha 2.
Caso 4: Curto-circuito A-T de 500 Ω aplicado em 90% da linha 1.
Caso 5: Curto-circuito C-T externo.

Em seguida, a tabela 5.6 define em quais pontos a proteção diferencial transversal foi capaz de
atuar no modo de operação instantâneo para cada uma das variáveis consideradas nas análises em
massa.

Tabela 5.6 Tabela resumo dos pontos em que o sistema de proteção atua em modo de operação instantâneo.

Plano Operacional Plano Alfa


Método Tradicional Correntes Sobrepostas Método Tradicional Correntes Sobrepostas
Caso 1 68% da linha 88% da linha 86% da linha 90% da linha
Caso 2 Apenas sucessivo SIR de 0,1 a 1 SIR de 0,1 a 7,5 SIR de 0,1 a 9,5
Caso 3 Apenas sucessivo Até 10 Ω Apenas sucessivo Até 400 Ω
o o o o o o
Caso 4 0 a 10 -60 a 20 -50 a 20 -90o a 90o

Onde os casos analisados possuem as seguintes configurações:


Caso 1: Curto-circuito B-T aplicado de 2% a 98% da linha 1.
Caso 2: Curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com SIR da fonte 1 variando de 0,1 a 10.
Caso 3: Curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação da impedância de falta de 0 a
1000 Ω.
Caso 4: Curto-circuito B-T aplicado a 95% da linha 1 com variação no carregamento da linha de -90o
a +90o.

75
CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES E PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS

Este trabalho apresentou uma análise completa da proteção diferencial transversal para linhas
de transmissão de circuito duplo. Para isso, os softwares ATP e Matlab se mostraram eficientes na
verificação do funcionamento do sistema de proteção, possibilitando uma comparação direta entre
diferentes métodos utilizados.
Para a análise do desempenho da proteção, o método das correntes sobrepostas foi comparado
ao método tradicional para todas as situações simuladas, onde a lógica de proteção foi analisada com o
auxílio de duas ferramentas conhecidas da proteção diferencial longitudinal: o plano operacional e o
plano alfa. Além disso, esse trabalho propôs alterações e adaptações ao plano alfa de forma a torná-lo
aplicável ao sistema de proteção analisado.
A fase de simulações computacionais foi dividida em duas etapas. A primeira, composta por
simulações transitórias, de forma a representar a resposta dos relés durante a ocorrência de um
determinado defeito. A segunda etapa, correspondeu às simulações em massa, onde foi possível
verificar, em regime permanente de curto-circuito, a resposta, o desempenho e a sensibilidade da
proteção para cada um dos métodos e planos utilizados. Ainda na segunda fase foi possível verificar a
influência de parâmetros como o SIR das linhas, carregamento do sistema, impedância de falta e
localização do defeito no desempenho do sistema de proteção.
Foi possível verificar que a proteção diferencial cruzada atua corretamente sem a necessidade
de um canal de comunicação entre os terminais da linha, o que reduz consideravelmente os custos e a
complexidade do sistema de proteção. Além disso, o método das correntes sobrepostas se destaca
como um importante complemento à lógica desse tipo de proteção, pois proporciona um aumento
considerável na sua estabilidade e confiabilidade. Adicionalmente, a utilização do plano alfa propiciou
um considerável aumento na sensibilidade da proteção, promovendo melhorias significativas na
velocidade e na capabilidade da proteção.
Assim, conclui-se que a proteção diferencial cruzada é segura e possui boa sensibilidade
quando as duas linhas estão em funcionamento. Entretanto, é possível destacar alguns pontos que
ainda merecem atenção especial e que podem ser abordados em trabalhos futuros, tais como:

76
 Desenvolvimento de uma característica de restrição no plano alfa de forma a minimizar a
possibilidade de trips indevidos e ao mesmo tempo possibilitar ganhos em segurança e
sensibilidade.

 Verificar a resposta do sistema de proteção para linhas de transmissão com compensação


série.

 Analisar o desempenho da proteção para linhas de transmissão de circuito duplo compostas


por circuitos com diferentes parâmetros elétricos, situação comumente verificada no sistema
elétrico, em função de torres com configurações distintas ou da utilização de cabos diferentes
em cada circuito.

 Verificar a atuação da proteção para faltas evolutivas.

 Comparar os tempos de atuação com as proteções de distância e diferencial longitudinal.

77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] M. M. Saha , J. Izykowski e E. Rosolowski, “Fault Location on Power Networks”,


Springer, 2010.

[2] V. A. dos Santos, “Proteção de Distância Aplicada a Linhas de Transmissão em Circuito


Duplo”, Rio de Janeiro - COPPE/UFRJ, 2007.

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[5] Q.P. Wang, X.Z. Dong, Z.Q. Bo, B.R.J. Caunce, D. Tholomier, A. Apostolov, “Protection
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[6]Q. P. Wang, X. Z. Dong, Z. Q. Bo, B. R. J. Caunce, A. Apostolov, D. Tholomier, “Cross


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[10] M. M. Eissa and O. P. Malik, “A New Digital Directional Transverse Differential


Current Protection Technique”, IEEE Transactions on Power Delivery, Vol. 11,1996.

[11] Zhiqian Q. Bo, Xinzhou Z. Dong, Ben R. J. Caunce and R. Millar, “Adaptive
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[12] H. Xi, D. Xinzhou, W. Bin, S. Shenxing, L. Kun and L. Youyi, “Implementation of Non-
communication Protection of Double Circuit Line Systems Based on Integrated Protection
Platform”, International Conference on Advanced Power System Automation and Protection,
2011.

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[15] Bogdan Kasztenny, Gabriel Benmouyal, Héctor J. Altuve, Normann Fischer, “Tutorial
on Operating Characteristics of Microprocessor-based Multiterminal Line Current Differential
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[16] EMTP Reference Models for Transmission Line Relay Testing. IEEE PES/PSRC Special
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[17] M. T. S. Alvarenga, “Modelagem e Simulação da Proteção Diferencial de Alta


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Elétrica, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 66p,
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[18] K. A. Tavares, “Modelagem e Simulação da Proteção Diferencial de Transformadores de


Potência no ATP”, Dissertação de Mestrado em Engenharia Elétrica, Departamento de
Engenharia Elétrica, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 91p, 2013.

[19] Eletrobras - Eletronorte, Gerência de Planejamento da Expansão da Transmissão – EPPT,


“Estudos de Fenômenos Eletromagnéticos na LT 230 kV Utinga - Miramar”, EPPT–RE–
1.013–2010.

[20] Alternative Transients Program (ATP): Rule Book, Leuven EMTP Center,1992.

[21] K. M. Silva, “Estimação de Fasores Baseada na Transformada Wavelet para Uso na


Proteção de Distância de Linhas de Transmissão”. Campina Grande - Paraíba, Tese de
Doutorado, Abril, 2009.

[22] D. G. Hart, D. Novosel and R. A. Smith, “Modified Cosine Filters”, U.S.Patent


6,154,687, Nov. 2000.

[23] A.R. van C. Warrington, “Protective Relays: Their Theory and Practice”, Volume 1,
London, Chapman and Hall, 1962.

[24] A.R. van C. Warrington, “Protective Relays: Their Theory and Practice”, Volume 2,
London, Chapman and Hall, 1969.

[25] D. A. Tziouvaras, H. Altuve, G. Benmouyal, J. Roberts, “Transmission Line Differential


Protection with an Enhanced Characteristic” Developments in Power System Protection,
2004.

79
APÊNDICE

MODELAGEM DA LINHA DE TRANSMISSÃO

Na modelagem do sistema de transmissão do trecho Utinga-Miramar, foi utilizada uma


extensão do modelo à parâmetros distribuídos (Clarke), considerando o acoplamento mútuo entre as
linhas de transmissão, de forma a representar a interação eletromagnética entre o circuito já existente
com o circuito a ser construído. Assim, as configurações físicas do sistema de transmissão e o modelo
de representação utilizado para a determinação dos parâmetros elétricos da linha são apresentados
nessa seção.

As torres de transmissão que compõem o sistema Utinga-Miramar são do tipo básica, com
fases em disposição vertical, e composta de dois condutores por fase com a utilização de um cabo
pára-raios por circuito. A estrutura física dessas torres bem como os valores de suas respectivas
dimensões espaciais são apresentados na Figura 1.

Os cabos utilizados no sistema de transmissão são do tipo Grosbeak 636 kcmil/fase e os cabos
pára-raios são do tipo EHS 3/8'', acrônimo para extra-alta resistência (do inglês "Extra High Strength")
e com 3/8 polegadas de diâmetro. As características desses cabos estão dispostas na Tabela 1.

Tabela 1 Dados dos condutores da linha de transmissão.

Resistência elétrica CC 60oC Diâmetro


Cabo
(Ω/Km) (mm)
Grosbeak 636 kcmil/fase 0,1116 25,14

EHS 3/8'' 3,2815 9,14

Portanto, de posse das características físicas dos cabos e das torres de transmissão obtém-se,
por meio da rotina "Line Constants" do software ATP, as matrizes de impedância, em Ohms/km, e
capacitância, em Farads/km, para a linha de transmissão. Assim, se os dois circuitos forem idênticos,
essa matriz, composta por seis linhas e seis colunas, será perfeitamente simétrica.

Em seguida, o modelo utilizado para a representação da linha assume que os circuitos são
individualmente e continuamente transpostos, mas considera a existência do acoplamento de sequência
zero entre eles. Portanto, essa modelagem especial pode ser vista como uma expansão do modelo de
linhas, compostas por 6 condutores, continuamente transpostas a parâmetros distribuídos.

80
Matematicamente, o acoplamento entre fases é representado como mostra a matriz a seguir,
onde três parâmetros distintos são considerados: Zs, Zm e Zp. Nesse modelo, Zs corresponde à
impedância própria dos circuitos e Zm à impedância de acoplamento mútuo entre eles. Já Zp
representa o acoplamento entre qualquer uma das três fases de um dos circuitos com qualquer outra
fase do segundo circuito [20].

Matriz 1 Estrutura utilizada na modelagem.

𝒁𝒔 𝑍𝑚 𝑍𝑚 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝
𝑍𝑚 𝒁𝒔 𝑍𝑚 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝
𝑍𝑚 𝑍𝑚 𝒁𝒔 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝
𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝒁𝒔 𝑍𝑚 𝑍𝑚
𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑚 𝒁𝒔 𝑍𝑚
𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑝 𝑍𝑚 𝑍𝑚 𝒁𝒔

Finalmente, esses três parâmetros, Zs, Zm e Zp podem ser indiretamente representados como
três parâmetros de acoplamento: ZG, ZL e ZIL, onde a relação entre eles é dada por:

𝑍𝐺 = 𝑍𝑠 + 2𝑍𝑚 + 3𝑍𝑝 (1.1)

𝑍𝐿 = 𝑍𝑠 − 𝑍𝑚 (1.2)

𝑍𝐼𝐿 = 𝑍𝑠 + 2𝑍𝑚 − 3𝑍𝑝 (1.3)

Assim, ZG é chamado de parâmetro de terra da linha de transmissão de circuito duplo,


enquanto que ZL é chamado de parâmetro de linha. Finalmente, ZIL é o parâmetro de linha associado
ao acoplamento de sequência zero entre circuitos.

Portanto, após aplicar essa modelagem às matrizes de impedância e capacitância obtidas com a
rotina "Line Constants" obtém-se os seguintes parâmetros para a linha de transmissão em análise:

Tabela 2 Parâmetros elétricos da linha de transmissão.

Tensão Comp. RL RG RIL XL XG XIL


LT
(kV) (km) (Ω/km) (Ω/km) (Ω/km) (Ω/km) (Ω/km) (Ω/km)
Utinga -
230 kV 200 km 0,057 0,83 0,056 0,36 2,57 0,45
Miramar

Tensão Comp. YL YG YIL


LT
(kV) (km) (µmho/km) (µmho/km) (µmho/km)
Utinga -
230 kV 200 km 4,68 2,05 3,72
Miramar

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Figura 1 – Estrutura da torre de transmissão utilizada nas simulações.

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