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HISTÓRIA E TEORIA
DA ARQUITETURA E
DA CIDADE I
MÓDULO I
TÓPICO 1

PROFESSORA MESTRA MARTA MARIA BURNIER


GANIMI
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INTRODUÇÃO

Neste tópico, abordaremos além da arquitetura, o conceito de cidade, expresso


pelos antigos egípcios por meio de denominações linguísticas, da função e da localização
da mesma em relação ao Nilo, bem como mostraremos, por meio de exemplos, para que
tipos de assentamento cada denominação linguística era utilizada.
Importante incluir neste curso o estudo dos conceitos e da formação das cidades. A
cidade é a base mais sólida para o estudo de uma sociedade. Sua construção, seja ela
iniciada de forma natural ou planejada, nos mostra a maneira como os homens que a
habitaram lidavam com a natureza, e como a modificavam. Essa afirmativa é válida para
todas as sociedades, em diferentes tempos históricos, o que torna possível entender uma
comunidade a partir de suas habitações e da forma de suas construções. Assim, antes de
estudar uma cidade, é necessário perceber que esta possui certas particularidades, que
são inerentes à cultura que a edificou. Uma delas diz respeito à área do entorno. Por
exemplo, é preciso conhecer sua proximidade com a necrópole (cemitério), com outros
centros maiores ou menores. Saber qual é a sua relação com esses espaços. Essas
informações são de grande valia para se conhecer uma cultura, no caso do Egito antigo,
para determinar a função do assentamento e sua importância.
Vamos iniciar falando da arquitetura pré-histórica, que tem a maior importância no
período Neolítico. A altura da construção do grande círculo de pedra Stonehenge, no sul
da Inglaterra (o mais bem preservado dentre vários monumentos megalíticos).

Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra


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neolitica.html

Vamos passar também pela arquitetura Egípcia, onde os edifícios religiosos


constituem a grande maioria das obras arquitetônicas que permaneceram. Quase todos
eram tão simbólicos como estritamente funcionais. A natureza exata do simbolismo nos
edifícios funerários - pirâmides, mastabas e túmulos cavados na rocha - não está
claramente estabelecida, mas no que se refere aos templos a questão é relativamente
clara. No entanto, os princípios são talvez semelhantes em ambos os tipos: recriam o
cosmo, ou parte dele. Este cosmo é um cosmo ideal, purificado e à parte do mundo
quotidiano, e a sua relação com este último é uma relação de analogia e não de
representação direta. O seu objetivo é fazer com que o habitante do templo (ou do
túmulo) participe simbolicamente no próprio processo de criação, ou nos ciclos cósmicos,
em particular do Sol.
Essas populações fixaram-se em aldeias agrícolas, que aos poucos formaram
pequenas cidades-estados, chamadas nomos, administradas pelos nomarcas, a primeira
elite egípcia.
Como a agricultura era difícil - tanto por causa do deserto, quanto por causa da
sazonalidade do rio Nilo -, esses nomos acabaram se unindo com o passar do tempo (não
se conhece a data precisa), dando origem a dois reinos: o do Norte (Baixo Egito) e o do
Sul (Alto Egito).
De acordo com a tradição, o rei Menés teria unificado ambos os reinos por volta do
ano 3.000 a.C., tornando-se o primeiro faraó (título do rei egípcio), ou como se dizia na
época "o senhor das duas terras", inaugurando assim a primeira dinastia do Egito.
A unificação garantiu a centralização política e administrativa dos vários nomos
egípcios, o que facilitou a organização eficaz do trabalho da sociedade nas obras
públicas, para manter o controle das águas e a construção de sistemas de irrigação do
solo, garantindo a ampliação da agricultura e da pecuária, levando ao crescimento das
cidades.
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A partir de então, os nomos passaram a ser unidades administrativas dentro do


Egito, englobando várias cidades, e os nomarcas passaram a se subordinar diretamente
ao faraó.
A civilização egípcia desenvolveu-se às margens do rio Nilo, ocupando uma faixa
de terra cuja largura média entre 10 e 20 quilômetros e que se estendia por cerca de mil
quilômetros. Era extremamente dependente do rio, tanto para a manutenção das
atividades agrícolas e a pecuária, como para o transporte de mercadorias e comunicação
entre as diversas cidades. Tão apropriada era a navegação entre as várias regiões
banhadas pelo Nilo, que os egípcios não precisaram construir estradas.
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Módulo I – Antiguidade Clássica - Período Greco-


Romano

Tópico 1 - O Início da História Da Arquitetura e das Cidades


As pesquisas indicam que o homem apareceu na face da terra há alguns milhões de
anos e durante um longo período viveu coletando seu alimento e procurando abrigo no
ambiente natural.
Segundo ABIKO, ALMEIDA e BARREIROS, para a arqueologia, a história da
civilização humana começa na pré-história e continua na história até o presente século. O
estudo da Pré-história é muito difícil, pois depende da análise de documentos não
escritos, como restos de armas, utensílios de uso diário, pinturas, desenhos, etc.
De acordo com ARRUDA (1993), os estudiosos em geral costumam distinguir três
grandes etapas na evolução do homem durante a Pré-história: a antiga Idade da Pedra ou
Paleolítico Inferior (500 000 - 30 000 a.C.) e o Paleolítico Superior (30 000 - 18 000 a.C.);
nova Idade da Pedra ou Neolítico (4000 - 5000 a.C.) e a Idade dos Metais (5000 - 4000
a.C.). Ressalta-se que, convencionalmente, a divisão entre História e Pré-história tem
como marco a invenção da escrita, ocorrida por volta do ano 4000 a.C.
Segundo MCEVEDY (1990), a transição do modo de vida do Mesolítico para o
Neolítico é um momento de viragem, no desenvolvimento social e econômico do homem,
comparável, em importância, às revoluções industrial e científica dos séculos XIX e XX. O
contraste entre um acampamento mesolítico e uma aldeia de camponeses do Neolítico é
tão frisante que justifica perfeitamente o termo Revolução Neolítica. Convém destacar,
entretanto, que as origens reais da agricultura continuam pouco compreendidas.
O conhecimento da técnica de fundição dos metais inaugurou a Idade dos Metais
(5000 - 4000 a.C.), fazendo com que o homem abandone progressivamente os
instrumentos de pedra; inicialmente, predominavam a produção de cobre, do estanho e do
bronze (3000 a.C. no Egito e Mesopotâmia). O ferro apareceu mais tarde (1500 a.C.), na
Ásia Menor, ganhando preferência na fabricação das armas.
Com o passar do tempo, as atividades agrícolas passaram a ser incompatíveis com
a criação de gado na mesma área, fazendo com que haja a necessidade da separação
entre a agricultura e o pastoreio, fato este que pode ser apontado como a primeira divisão
social do trabalho: agricultor e o pastor.
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O pastor precisava dos produtos agrícolas. O agricultor, por outro lado, necessitava
dos produtos animais. Começaram então a aparecer locais para troca, onde pastores e
agricultores permutavam os seus produtos. Acontece que nem sempre a troca podia ser
procedida de fato: não era ocasião da colheita ou não havia pronta disponibilidade de
produtos animais.
Acredita-se que a necessidade de se registrarem as trocas combinadas e as
entregas de produtos, forçou o aparecimento da escrita. Nessa direção, pode-se afirmar
também que a moeda foi criada como meio para facilitar as trocas de produtos.
Em fins do período neolítico e princípios do período histórico, isto é,
aproximadamente no ano 4000 a.C., começam a se formar os primeiros agrupamentos
humanos, com características de cidade. O aumento da densidade populacional vai, aos
poucos, transformando as antigas aldeias em cidades, e consequentemente provocando
alterações na esfera da organização social.
Para BENEVOLO (1993), a cidade -- local de estabelecimento aparelhado,
diferenciado e ao mesmo tempo privilegiado, sede da autoridade -- nasce da aldeia, mas
não é apenas uma aldeia que cresceu. Ela se forma quando os serviços já não são
executados pelas pessoas que cultivam a terra, mas por outras que não têm esta
obrigação, e que são mantidas pelas primeiras com o excedente do produto total. Nasce,
assim, o contraste entre dois grupos sociais, dominantes e subalternos: os serviços já
podem se desenvolver através da especialização, e a produção agrícola pode crescer
utilizando estes serviços. A sociedade se torna capaz de evoluir e de projetar a sua
evolução. A cidade, centro maior desta evolução, não só é maior do que a aldeia, mas se
transforma com uma velocidade muito maior.
De acordo com GOITIA apud SPENGLER (1992), “o que distingue a cidade da
aldeia não é a extensão, nem o tamanho, mas a presença de uma alma da cidade, (...) a
coleção de casas aldeã, cada uma com a sua própria história, converte-se num todo
conjugado. E este conjunto vive, respira, cresce, adquire um rosto peculiar, uma forma e
uma história internas”.
Segundo (KOHLSDORF, 1996), a noção de cidade para MUNFORD é otimista pois,
carrega a possibilidade de melhoria do quadro de vida por meio da discussão dos
sistemas de regras intergrupais ou dos programas de aplicação de investimentos sociais.
Persegue de certa forma o pensamento aristotélico do locus bom e bonito, que não está
em lugar nenhum. Apesar do processo histórico oferecer um quadro urbano de aparente
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ligação daquelas qualidades, a cidade permanece, porém, de posse da procurada “chave


do paraíso”: é o lugar propício à troca de informações, por intermédio de contatos diretos
e imprevistos que constituem, talvez, a única estratégia possível de transformações
sociais. Nas palavras de Engels a cidade é o lugar da história.
Na verdade, espaço urbano e sociedade são duas fazes da mesma moeda: ou seja,
o espaço é um aspecto estrutural da cidade. Seu papel supera o conceito sociológico de
suporte de atividades, pois não é um meio rígido e neutro, mas capaz de oferecer
possibilidades e restrições à realização de prática. (KOHLSDORF, 1996) Sua natureza
social implica que o espaço da cidade seja necessariamente histórico, no sentido de seu
posicionamento em marcos temporais, geográficos e culturais. Em outras palavras, esse
espaço é sempre concreto, possuindo qualidades físicas em convivência com seus
atributos sociais. Não é um fenômeno estático, pois encontra-se em permanente
transformação devido a essa natureza social.
O Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra, pode ser considerado uma das
primeiras obras da arquitetura que a história registra. Ele apresenta um enorme círculo de
pedras erguidas a intervalos regulares, que sustentam traves horizontais rodeando outros
dois círculos interiores. No centro do último está um bloco semelhante a um altar. O
conjunto está orientado para o ponto do horizonte onde nasce o Sol no dia do solstício de
verão, indício de que se destinava às práticas rituais de um culto solar. Lembrando que as
pedras eram colocadas umas sobre as outras sem a união de nenhuma argamassa.

Fonte: http://cdn.history.com/sites/2/2015/04/hith-stonehenge-superhenge-iStock_000012937253Large-E.jpeg
Fonte: http://esperancestonehenge.com.au/wp-content/uploads/2016/01/winter-solstice.jpg

O Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra, pode ser considerado uma das


primeiras obras da arquitetura que a história registra. Ele apresenta um enorme círculo de
pedras erguidas a intervalos regulares, que sustentam traves horizontais rodeando outros
dois círculos interiores. No centro do último está um bloco semelhante a um altar. O
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conjunto está orientado para o ponto do horizonte onde nasce o Sol no dia do solstício de
verão, indício de que se destinava às práticas rituais de um culto solar. Lembrando que as
pedras eram colocadas umas sobre as outras sem a união de nenhuma argamassa.

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Durante o período neolítico, desenvolveram-se as primeiras formas de agricultura e


consequentemente o grupo humano passou a se fixar por mais tempo em uma mesma
região, mas ainda utilizavam abrigos naturais ou rusticamente fabricados.
Apesar de rudimentares, os monumentos megalíticos são considerados a primeira
forma de arquitetura monumental realizada pelo homem. A cultura megalítica, que se
desenvolve entre 5000 e 3000 a.C., é a primeira expressão da vontade e da necessidade
das sociedades conceberem e organizarem os espaços e os lugares, não só em termos
físicos, como também em termos simbólicos. Os monumentos mais importantes e
característicos da arquitetura neolítica foram as construções palafíticas e as megalíticas.
As construções palafíticas são habitações rústicas de madeira, reunidas em verdadeiras
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cidades erguidas sobre pilotis, estacas resistentes e profundamente enterradas no fundo


dos lagos ou às margens de rios, em várias regiões da terra.
Os monumentos megalíticos são enormes construções de pedra toscamente
lavrada, que assumem formas e disposições diversas e recebem denominações de menir,
alinhamento, cromeleques e dólmen.
Como principais tipos de monumentos megalíticos temos:
 Menir: que consiste num megálito, coluna rudimentar, erguida em direção ao céu,
sendo muitas vezes trabalhado de modo a apresentar uma configuração cilíndrica
ou cónica, associada à forma fálica. Na sua origem, admite-se estar uma
manifestação ritual à vitalidade e à fertilidade da terra ou, pela sua forma fálica,
uma evocação à fecundidade.

Fonte: https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSirOXk3Q1u9r9a8XHOaJUfGEjwWzirYWdz4ohrZZ-o1lgKWCn1
Fonte:http://2.bp.blogspot.com/_kku6JNbQEOY/TJDrp5Z0xAI/AAAAAAAAALc/xLpjOlROPyE/s1600/esqmenhir.jpg
* Alinhamento: designação dada a um agrupamento de menires organizado em linha reta.
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Fonte: http://st.depositphotos.com/1719789/1337/i/950/depositphotos_13372139-stock-photo-carnac-megaliths.jpg
Fonte: http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAguQgAA-12.jpg

 Cromeleque: designação dada a um agrupamento de menires organizado em


círculo. Os cromeleques acentuam a ideia de recinto sagrado ou lugar de culto.
Alguns podem estar relacionados com a astronomia e o estudo de fenómenos
celestes. Stonehenge é o maior, o mais complexo e o mais característico
monumento megalítico edificado pelo homem.

Cromeleque dos Almendres, Évora - Portugal http://totalmentearquitetura.blogspot.com.br/2009/01/arquitetura-neolitica.html


Fonte: http://photos1.blogger.com/blogger/2910/3884/1600/cromeleque_almendros.0.jpg

 Anta ou Dólmen: construções megalíticas formadas por pedras colocadas na


vertical sobre as quais assenta uma laje formando uma câmara circular que
serviriam como locais de enterramento ou de culto ligado à morte.
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Anta de S. Geralfo, S. Geralfo – Portugal


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Arquitetura Egípcia
A civilização começar a surgir a partir dos primeiros vales dos rios. O maior exemplo
principal é o Rio Nilo, o qual vai oferecer a estas civilizações o abastecimento de água
necessário para o desenvolvimento dos primeiros assentamentos humanos. O cultivo da
terra permitiu que as sociedades produzissem mais alimentos, com isso, a população
humana cresceu mais rapidamente. Tornou-se necessário ampliar as áreas cultivadas e
desenvolver técnicas para melhorar a produtividade do solo.
Inicialmente nós temos os primeiros aldeamentos, o primeiro grupamento de
pessoas com interesses comuns, com parentesco. Essas aldeias ao longo do tempo vão
se tornando uma sociedade cada vez mais complexa. Iniciam-se nas margens dos rios
um sistema de irrigação. O vale do Nilo é um ótimo exemplo disso. Quais são os reflexos
disso para a arquitetura? O Rio Nilo alaga-se determinado período do ano depois retorna
ao seu leito. Quando ele retorna ao seu leito deixa estas margens com um terreno muito
fértil.
Esta margem fica mais fértil do que uma região isolada por montanhas. Vê-se que o
plantio ou a quantidade de pessoas em volta dela é crescente. Com o desenvolvimento de
novas técnicas foi preciso uma quantidade menor de pessoas trabalhando para sustentar
a comunidade. Consequentemente as outras pessoas foram deslocadas para outras
atividades, como fabricar ferramentas, comércio, defesa. A sociedade se tornou cada vez
mais complexa, se parecendo com o que posteriormente foi chamado de cidade. A
civilização se inicia a partir deste fato. O mesmo fato ocorreu em outros locais como, nos
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rios Tigre e Eufrates, na civilização mesopotâmica. A primeira cidade apareceu na


Suméria, depois no Egito, no vale do Nilo, no ano 2500 AC. Há também o surgimento de
cidades em outros locais, nos vales dos rios Hoang-Ho (Amarelo) e Yang Tse-Kiang
(Azul), na China e no Vale do Rio Indo, na Índia. São as chamadas civilizações fluviais.
Nesse período são muito importantes as arquiteturas monumentais como as
pirâmides Quéops, Miquerinos e Quefrem, no Egito, que mostram o grande poder
centralizado no faraó; porém, os elementos usados na arquitetura ocidental vão surgir
apenas com a civilização grega.
Foram construídas por importantes reis do Antigo Império. Junto a essas três
pirâmides está a esfinge mais conhecida do Egito, que representa o faraó Quéfren, mas a
ação erosiva do vento e das areias do deserto deram-lhe, ao longo dos séculos, um
aspecto enigmático e misterioso.

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRrzn0FJUY1BtrYN9T4NuCqvReAduiD9uXU3WxjaI9-WGPmNXTK3A
Fonte: http://1.bp.blogspot.com/_RuPZICVpwqY/TGqcJpUK2cI/AAAAAAAAADk/WR6UGzq_K38/s400/piramide-do-egito-34ba0.jpg

Fonte: https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQL5KxTLI0z_ZWtRI2BhlTIN03_bpfoG2CfjPNmxgI7g_WqKckU
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Os edifícios religiosos constituem a grande maioria das obras arquitetônicas que


permaneceram. Quase todos eram tão simbólicos quanto estritamente funcionais. A
natureza exata do simbolismo nos edifícios funerários, pirâmides, mastabas 1 e túmulos
cavados na rocha, não está claramente estabelecida, mas no que se refere aos templos a
questão é relativamente clara. No entanto, os princípios são talvez semelhantes em
ambos os tipos: recriam o cosmos2, ou parte dele. Este cosmos é o ideal, purificado e à
parte do mundo quotidiano. O seu objetivo é fazer com que o habitante do templo (ou do
túmulo) participe simbolicamente no próprio processo de criação.

http://www.historia.templodeapolo.net/civilizacao_ver.asp?Cod_conteudo=155&v
alue=Arte%20e%20Arquitetura&civ=Civiliza%C3%A7%C3%A3o%20Eg%C3%AD
pcia&topico=Artes

Colunas de Ramses II
Ruínas de Colunas construídas pelo faraó da 19ª Dinastia Ramses II em Karnak, Tebas.
Fonte: http://sistema.templodeapolo.net/imagens/imagens/Colunas%20de%20Ramsss%20II%201.jpg

Quando as comunidades ao longo do rio Nilo foram unificadas em um único império


(cerca de 3.200 a.C.), os egípcios demonstraram nas suas manifestações artísticas uma
profunda religiosidade, dando um caráter monumental aos templos e às construções
mortuárias, notadamente, as pirâmides construídas em pedra.
1
"Casa para a eternidade" ou "casa eterna", é uma forma de túmulo egípcio antigo, em que eram sepultados faraós ou
nobres importantes do Egito antigo.
2
Termo que designa o universo em seu conjunto, toda a estrutura universal em sua totalidade.
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Na maioria das antigas cidades egípcias, construídas em áreas próximas ao vale do


Nilo, utilizou-se materiais frágeis como os tijolos de adobe e fibras vegetais. Os dados que
temos relativos a elas são escassos, e, geralmente são provenientes de assentamentos
atípicos, construídos em áreas desérticas por ordem real. Os egípcios deram às suas
cidades diversas designações, as quais dependiam, sobretudo, da função dada à
localidade, e não de dados estatísticos, como o tamanho de sua população ou sua
densidade populacional. Desta maneira, a cidade egípcia deve ser pensada como uma
instituição diferente das cidades atuais e mesmo daquelas dos períodos Helenístico
(Grego) e Romano.
Um fato que dificulta o estudo das cidades no antigo Egito, é que, enquanto os
templos e monumentos destinados à eternidade eram erigidos com materiais estáveis
como a pedra, as cidades e vilas tinham suas casas construídas com materiais frágeis e
perecíveis, como os tijolos de adobe e fibras vegetais (MUMFORD, 2008: 95). Esse fato
prejudicou a conservação dos assentamentos urbanos, pois as moradias eram feitas para
durar apenas o tempo de vida de seus proprietários, e assim que ruíam, em um espaço
disputado, novas construções se sobrepunham às antigas, tal como ainda ocorre nos dias
atuais. Isso é facilmente demonstrado pela arqueologia por meio de estudos
estratigráficos em áreas de assentamentos urbanos em diferentes contextos.

Fonte:
https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjzrdHdk4bQAhUMl5AKHb
4HCJAQjRwIBw&url=http%3A%2F%2Fteiadosfatos.blogspot.com%2F2012_02_01_archive.html&psig=AFQjCNFV67hQ0MzPlucUN-W-
K4tQPJBxyg&ust=1478041441177988
Fonte: http://teiadosfatos.blogspot.com.br/2012_02_01_archive.html
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Essas populações fixaram-se em aldeias


agrícolas, que aos poucos formaram pequenas
cidades-estados, chamadas nomos, administradas
pelos nomarcas, a primeira elite egípcia.
Como a agricultura era difícil - tanto por causa
do deserto, quanto por causa da sazonalidade do
rio Nilo -, esses nomos acabaram se unindo com o
passar do tempo (não se conhece a data precisa),
dando origem a dois reinos: o do Norte (Baixo
Egito) e o do Sul (Alto Egito).

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-boribTcKtq0/TmKMxltfJvI/AAAAAAAAATU/Hz6yo2iOIZ0/s1600/asadd.jpg

De acordo com a tradição, o rei Menés teria unificado ambos os reinos por volta do
ano 3.000 a.C., tornando-se o primeiro faraó (título do rei egípcio), ou como se dizia na
época "o senhor das duas terras", inaugurando assim a primeira dinastia do Egito.
A unificação garantiu a centralização política e administrativa dos vários nomos
egípcios, o que facilitou a organização eficaz do trabalho da sociedade nas obras
públicas, para manter o controle das águas e a construção de sistemas de irrigação do
solo, garantindo a ampliação da agricultura e da pecuária, levando ao crescimento das
cidades.
A civilização egípcia desenvolveu-se às margens do rio Nilo, ocupando uma faixa de
terra cuja largura média entre 10 e 20 quilômetros e que se estendia por cerca de mil
quilômetros. Era extremamente dependente do rio, tanto para a manutenção das
atividades agrícolas e a pecuária, como para o transporte de mercadorias e comunicação
entre as diversas cidades. Tão apropriada era a navegação entre as várias regiões
banhadas pelo Nilo, que os egípcios não precisaram construir estradas.
Tem-se vestígios que o período da arquitetura egípcia se iniciou em torno de 4000
a.C. perdurando até 30 a.C. Em suas manifestações artísticas os egípcios demonstram a
importância da religiosidade. A arquitetura egípcia caracteriza-se pelos templos e
construções mortuárias, na qual destacam-se as pirâmides.
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Pirâmide egípcia
A primeira pirâmide denominada “pirâmide de degraus”, foi construída como tumba
de Djoser, fundador da III dinastia. Era uma pirâmide constituída de túmulos. Esse tipo de
pirâmide continuou a ser construída para tumbas de nobres egípcios e grandes
funcionários do estado. As pirâmides mais conhecidas são Quéfren, Quéops e
Miquerinos, as três pirâmides de Gizé, da IV dinastia, já com a forma geométrica que
conhecemos, apontadas pelo poeta grego Antípatro no século II a.C. como uma das sete
maravilhas do mundo antigo.

Quéops

Fonte:http://www.descobriregipto.com/wp-content/uploads/2014/11/PIRAMIDE-DE-QUEOPS.jpg

É uma das pirâmides mais importantes do Egito antigo. Recebeu o nome de um


faraó do antigo império de Egito antigo que reinou por volta de 2551 a.C. a 2528 a.C. Foi
o segundo faraó da IV Dinastia. É a maior das três pirâmides de Gizé, as quais são as
únicas das Sete Maravilhas do Mundo Antigo ainda existentes. A Pirâmide de Quéops,
também conhecida como a Grande Pirâmide, é o monumento mais pesado que já foi
construído pelo homem. Possui aproximadamente 2,3 milhões de blocos de rocha, cada
um pesa em torno de 2,5 toneladas. Com mais de 146 metros de altura, sendo o segundo
mais alto monumento do mundo.

Quéfren

Fonte:https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT2dHWX1oI85KNSBzhAdnbOk7QwaIwzMGbSkf9l1aganyEYY5xu
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Atualmente mede 143 metros de altura. Suas paredes são menos íngremes que as
de Quéops. O faraó Quéfren era filho de Quéops, e era o quarto rei da IV dinastia. É a
segunda maior pirâmide do Egito antigo. Foi revestida de pedra calcária e granito
vermelho. Foi denominada pelos antigos egípcios como a "Grande Quéfren". Cada bloco
de pedra pesava em média 10 toneladas Por possuir um aspecto brilhoso, pode ser vista
de longe durante o dia. Internamente era ventilada e fresca, até mesmo nos dias mais
quentes.

Miquerinos

Fonte: http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/03/piramide-miquerinos.jpg

Sua construção foi ordenada pelo quinto faraó da IV dinastia, Miquerinos. • Não foi
terminada em função da morte precoce do faraó Miquerinos, e por conta disso é a menor
das três pirâmides de Gizé. • Segundo arqueólogos, seu filho ordenou que a pirâmide
fosse concluída de tijolos. • Dentro da pirâmide foram encontradas várias estátuas que
representa a figura do faraó Miquerinos. Ao todo foram encontradas entre 100 e 200
estátuas.
Possui 62 metros de altura.

Obeliscos
São colunas de pedras, que tem quatro lados, e diminuem progressivamente, em
seu topo encontra-se uma pirâmide O mais antigo deles tem cerca de 4 mil anos. O maior
deles se localiza em uma praça romana. Além de tornarem os templos mais belos
serviam, de acordo com o pensamento egípcio para recolher a energia celeste.
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Fonte: http://antigoegito.org/wp-content/uploads/2010/11/obelisco.jpg
Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-XzDJsb1YL6k/UGngC0zieMI/AAAAAAAAA1M/_kr99iKG9n4/s1600/obelisco-egipcio.jpg

Os obeliscos eram feitos a partir de granito. Os engenheiros procuravam por


fendas nas rochas e, após criarem uma parede à sua volta, acendiam uma fogueira
mesmo por cima da fenda. Passado uma hora, com a rocha já expandida devido aos mais
de 400 graus de temperatura, atiravam água para apagar o fogo; esse processo rápido de
arrefecimento, provocado pela água, contraía e tornava a rocha mais fraca. Os
trabalhadores podiam assim partir a rocha, que ia servir para criar o obelisco, de uma
forma mais fácil e rápida.

Esfinges
Esfinge é uma imagem mitológica, criada no Egito Antigo, com corpo de leão e
cabeça de ser humano (geralmente de um faraó). Historiadores afirmam que esta figura
pode ter sido importada da cultura grega. Para os egípcios antigos a imagem de uma
esfinge significava poder e sabedoria. Serviam, no imaginário egípcio, como protetoras
das pirâmides e templos
A mais conhecida de toda história é a Esfinge de Gizé, situada no planalto de Gizé
(norte do Egito). Esta esfinge, construída no terceiro milênio a.C, foi construída em pedra
calcária.
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Esfinge de Gizé
Fonte: https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQAFozqnRbAH2vctDJU1uA3JKg5tDLKiPDb3Usvy-unRnR_7HU_
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/75/Sphynxes.JPG/280px-Sphynxes.JPG

Templos
Eram construídos para o culto oficial dos deuses. Faziam destes templos as casas
dos deuses, onde eles iam para diversos rituais, oferendas e festivais. Cuidar destes
templos era uma obrigação dos faraós. A realização da maior parte destes rituais era feita
por um grupo de sacerdotes. A parte mais importante do templo era o santuário. Eram
grandes centros econômicos. São exemplos duradouros da construção egípcia. Assim
como toda a arquitetura egípcia, a construção e os projetos dos templos caracteriza-se
pela ordem, simetria e monumentalidade, combinando formas geométricas com motivos
orgânicos estilizados.
Os projetos gerais dos templos estavam centrados em torno de um eixo, levemente
inclinado, que levava do santuário à entrada do templo. Diversos templos foram
esculpidos diretamente na rocha natural, ou tinham câmaras internas, com pilones 3 e
pátios de alvenaria, que haviam sido escavadas diretamente na rocha.

Decoração dos templos


O edifício do templo era decorado de maneira elaborada, com relevos e esculturas
de significado religioso. Como ocorria com as estátuas de culto, acreditava-se que os
deuses estavam presentes nestas imagens, o que difundia o poder sagrado por todo o
templo. Formas de decoração dos templos: Relevo; Estelas; Entalhe.

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Um pilone é um elemento característico da arquitetura do Antigo Egito que consiste numa porta monumental flanqueada por duas
torres trapezoidais.
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Templo de Philae
Este templo foi desmontado e reconstruído na Ilha Agilika, a aproximadamente 550
m de seu lugar original. O templo, que era dedicado a deusa Ísis, está localizado num
belo cenário com características Possui várias capelas e santuários.

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/15/Philae_Temple_R03.jpg/300px-Philae_Temple_R03.jpg
Fonte: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/5f/7b/95/5f7b95a1130c622e7fd6873d1f2a34c4.jpg

Templo de Luxor
O Templo de Luxor, foi iniciado na época de Amenófis III e aumentado mais tarde
por Ramsés II, só foi acabado no período muçulmano. É o único monumento do mundo
que contém em si mesmo documentos das épocas faraónica, greco-romana, copta e
islâmica.

Fonte:https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/originals/7d/cf/72/7dcf72bebc6cae3d0aaf2fb6a0b2677b.jpg
Fonte: http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2012/06/templo-de-luxor.jpg

Fonte: http://imgms.viajeaqui.abril.com.br/1/abre-lugar-300-876w.jpeg?1322733730
Fonte: https://3.bp.blogspot.com/-_GABYSviKdg/V6vHiBtCljI/AAAAAAAA5GA/wWoptXS7likT8e-
g2lrKlG4JQgYylhWrQCPcB/s1600/luxor%2Btemplo.jpg
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Templo de Karnak
O Templo de Karnak, localizado na margem leste do Nilo, deu o nome às
majestosas ruínas de templos que formavam antigamente uma parte da famosa Tebas
das Mil Portas, capital do Novo Império. O recinto sagrado ocupa trinta hectares, com
vários santuários, onde sobressai o Templo de Amon (tomando um décimo da superfície
do recinto), tudo dominado por dez portões monumentais (pilonos).

Fonte: https://michelechristine.files.wordpress.com/2013/03/templokarnak_28entradakarmak_thumb.jpg?w=484&h=325
Fonte: https://sites.google.com/site/viagemcairo/_/rsrc/1467658645884/home/conhecer-luxor/templo-de-karnak/karnak1.jpg

Partes típicas de um templo


Seu projeto geralmente constituía-se de uma série de salões fechados, pátios
abertos, colunas e pilones enormes nas suas entradas, alinhados ao longo do caminho
que era utilizado pelas procissões durante os festivais. O templo era cercado por uma
muralha externa, dentro da qual estavam diversos edifícios secundários. A parte mais
importante de um templo é o santuário.

Fonte: https://img.difoosion.com/wp-content/blogs.dir/19/files/2013/03/barca-sagrada-400x267.jpg
Fonte: https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSUj8-u4-U7uAYCOx0a8Paf8YIw0Ay6KFUm6gPqgGgJmzKzWR8f
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Colunas Egípcias
As colunas egípcias sustentam o templo. Têm significado histórico, decorativo e
simbólico. É em forma de cilindro e tem sua parte superior é cubica. As colunas egípcias
são divididas conforme seu capitel: Palmiforme: inspirada na palmeira; Papiriforme:
inspirada em folhas de papiro; Lotiforme: ramo de lótus com as corolas fechadas.

Fonte: http://image.slidesharecdn.com/arteegpcia-140824075343-phpapp01/95/a-arte-no-egito-aula-3-7-638.jpg?cb=1408866864

Fonte: http://www.maisturismo.net/wp-content/uploads/2010/01/santuario-16.jpg
Fonte: http://images.dondeandoporai.com.br/2012/05/Detalhe-das-colunas-do-Templo-de-Philae.jpg
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Conceitos e formação das cidades


Agora vamos falar sobre alguns conceitos e a formação das cidades. Nossa
sociedade tem um conceito próprio para o que é uma cidade, e este varia conforme
características inerentes a cada cultura. Segundo o arqueólogo Bruce Trigger (2003: 120)
as cidades podem ser definidas como comunidades de não-agricultores, com um mínimo
de 5000 habitantes ou uma densidade populacional de pelo menos 386 habitantes por
quilômetro quadrado. Já para REDMAN (1978) apud COELHO (2014), cidade é o centro
físico que manifesta as características da condição urbana. Dentre estas, estão uma
população grande e densa; complexidade e interdependência; existência de organizações
formais e impessoais; muitas atividades não-agrícolas; e uma diversidade de serviços
centrais, tanto para seus habitantes, quanto para aqueles das pequenas comunidades da
área do entorno.
O arqueólogo Vere Gordon Childe (1950), estabeleceu algumas características para
as cidades. Ele usou tais características para delinear e reconhecer as primeiras formas
de urbanismo, e mostrou como elas funcionavam e se interrelacionavam. REDMAN
(1978) reagrupou essas características em primárias e secundárias, e estabeleceu
critérios para a sua classificação. Para ele, enquanto as características primárias
relacionam-se à demografia, economia, e mudanças organizacionais que foram aspectos
essenciais para as primeiras sociedades urbanas, as secundárias documentam que
certas características primárias existiram.
Segundo REDMAN (1978) apud COELHO (2014), são características primárias das
cidades:
1. Tamanho e densidade das cidades: o grande crescimento de uma
população organizada acarreta um nível crescente de integração
social.
2. Especialização em tempo integral do trabalho: especialização da
produção dos trabalhadores e sistemas de distribuição e troca
institucionalizados.
3. Concentração do excedente: há meios sociais para a coleta e o
gerenciamento do excedente produzido por camponeses e artesãos.
4. Sociedade estruturada em classes: uma classe privilegiada
organiza e dirige a sociedade.
5. Organização do Estado: há uma organização política bem
estruturada com membros baseados em residências (o reino como
base).
As características secundárias reagrupadas por Redman são:
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6. Trabalhos públicos para a construção de monumentos: há


empresas coletivas na forma de templos, palácios, estoques, e
sistemas de irrigação.
7. Comércio de longa distância: especialização e troca expandem a
cidade e desenvolvem o comércio.
8. Trabalhos de arte monumentais e padronizados: grande
desenvolvimento de formas de arte dando expressão à identificação
simbólica e ao agraciamento estético.
9. Escrita: a arte da escrita facilita os processos de organização e
gerenciamento.
10. Aritmética, geometria e astronomia: iniciam-se as ciências exatas
e de previsão. (REDMAN, 1978)

Por civilização, ou urbanismo, devemos entender, conforme aponta Charles


Redman, um complexo sistema social, com grande diferenciação interna, organizado em
linhas de estratificação social e com a elite administrativa controlando as maiores
instituições organizacionais (1978). Segundo COELHO, Para este autor, a variável mais
importante para medir o desenvolvimento do urbanismo é o crescimento relativo da
formalização da complexidade interna, que surge como uma evidência da emergência da
sociedade estratificada.
Tendo caracterizado o que é uma cidade, podemos passar agora para a definição de
urbanismo. Este termo implica características que distinguem uma cidade e outras formas
de assentamento. Uma definição importante para o entendimento do urbanismo é a de
centro urbano. Segundo Toby Wilkinson (1999) apud COELHO, centro urbano é um lugar
central, geográfica e culturalmente, que exerce controle político regional, com uma
população relativamente grande e densa, uma complexa divisão do trabalho, e uma
estratificação social interna. Já urbanismo é a concentração de população em
assentamentos maiores que aqueles de sua origem. Ou seja, o fenômeno do urbanismo
prevê a transferência da população de centros menores, como as vilas, para centros
maiores, como as cidades.
Há vários fatores que concorreram para estimular o crescimento da urbanização na
Antiguidade. Dentre eles, está a existência de excedentes agrícolas para alimentar uma
grande população, ou ainda para a troca por bens com outras cidades e mesmo com
outros países. Esse fator está diretamente relacionado a características como a
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centralização organizacional, a divisão e supervisão do trabalho, e a concentração de


pessoas e de bens, resultando na formação do Estado (BIETAK, 1979).
A constituição do Estado foi um processo complexo, e foi influenciada por diversos
fatores. Além dos já descritos, podemos citar os mecanismos de guerra e as pressões
econômicas e populacionais, bem como a intensificação do comércio: um maior número
de trocas exigia uma sociedade organizada. REDMAN (1978) apud COELHO (2014)
destaca algumas transformações que ocorreram durante este processo, e que levaram à
formação de centros urbanos: duas resultaram em núcleos controlados pela elite religiosa,
e a última levou a um Estado secular.

Referências
KOHLSDORF, M. Apreensão da forma da cidade. Editora UnB, 1996. Brasília.

MUNFORD, L. A cidade na história. Editora UnB, 1982. Brasília.

ABIKO, A., ALMEIDA, M.A., BARREIROS, M.A. Urbanismo: história e


desenvolvimento. Escola Politécnica Da Universidade De São Paulo. Departamento De
Engenharia De Construção Civil. USP, São Paulo. ARTIGO.1995

GOITIA, F.C. Breve história do urbanismo. Lisboa, Editorial Presença, 1992.

MCEVEDY, C. Atlas da história antiga. Trad. Antonio G. Mattoso. 2 ed. São Paulo,
Editora Verbo, 1990.

BENEVOLO, L..Storia dell’a architettura moderna. Bari, Editori Laterza, 1971.


____. As origens da urbanística moderna. 2ª ed. Lisboa. Editorial Presença, 1987.
____. A cidade e o arquiteto. São Paulo, Editora Perspectiva, 1993. BIRK

ARRUDA, J.J.A. História antiga e medieval. 16ª ed. São Paulo, Editora Ática, 1993.

COELHO, L. Urbanismo e cidade no antigo Egito: algumas considerações teóricas.


Artigo. PPGH-UFF, Niterói-RJ, 2014
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WILKINSON, Toby. A. H. 1999. Early Dynastic Egypt. London: Routledge.

REDMAN, Charles L. 1978. The rise of civilization: from early farmers to urban
society in the ancient Near East. San Francisco: W. H. Freeman and Company.Bruce
Trigger (2003: 120)

BIETAK, Manfred. 1979. Urban Archaeology and the ―town problem‖ in ancient
Egypt. In: WEEKS, Kent R. (eds.). Egyptology and the Social Sciences. Cairo: The
American University in Cairo Press.

MUMFORD, Lewis. 2008. A cidade na história: suas origens, transformações e


perspectivas. São Paulo: Martins Fontes.

Atividades Comentadas

1 - De acordo com ARRUDA (1993), os estudiosos em geral costumam distinguir


três grandes etapas na evolução do homem durante a Pré-história: a antiga Idade da
Pedra ou Paleolítico Inferior (500 000 - 30 000 a.C.) e o Paleolítico Superior (30 000 - 18
000 a.C.); nova Idade da Pedra ou Neolítico (4000 - 5000 a.C.) e a Idade dos Metais
(5000 - 4000 a.C.).
Quais são os monumentos megalíticos, as enormes construções de pedra
toscamente lavrada, que assumem formas e disposições diversas?
A) ( ) colunas, alinhamento, cromeleques e dólmen.
B) ( ) menir, alinhamento, fisos e dólmen.
C) ( ) menir, alinhamento, cromeleques e dólmen.
D) ( ) menir, almenaques, cromeleques e dólmen.
E) ( ) menir, alinhamento, cromeleques e domus.
Comentários: Este exercício visa fixação dos elementos mais importantes na
arquitetura pré-histórica. É o início da elaboração humana na arquitetura.
Resposta: menir, alinhamento, cromeleques e dólmen.
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2 - Para BENEVOLO (1993), a cidade é o local de estabelecimento aparelhado,


diferenciado e ao mesmo tempo privilegiado, sede da autoridade -- nasce da aldeia, mas
não é apenas uma aldeia que cresceu. Ela se forma quando os serviços já não são
executados pelas pessoas que cultivam a terra, mas por outras que não têm esta
obrigação, e que são mantidas pelas primeiras com o excedente do produto total.
Onde vão surigir as primeiras aldeias e por que?
A) ( ) Rio Eufrates, o qual vai oferecer a estas civilizações a navegação, ampliando
o comércio.
B) ( ) Roma, o qual vai oferecer a estas civilizações as primeiras leis e
ordenamento urbano.
C) ( ) Grécia, o qual vai oferecer a estas civilizações as primeiras ordens e difusão
da filosofia.
D) ( ) Rio Nilo, o qual vai oferecer a estas civilizações o abastecimento de água e,
posteriormente o manejo na agricultura.
E) ( ) Babilônia, o qual vai oferecer a estas civilizações as primeiras leis e
elementos arquitetônicos.
Comentários: É muito importante entender o desenvolvimento do urbanismo, fixar
bastantes os primeiros conceitos, pois são as bases para se entender conceitos mais
elaborados que vão surgir com o avanço da disciplina.
Resposta: D

3 - O Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra, pode ser considerado uma


das primeiras obras da arquitetura que a história registra. Ele apresenta um enorme
círculo de pedras erguidas a intervalos regulares, que sustentam traves horizontais
rodeando outros dois círculos interiores. No centro do último está um bloco semelhante a
um altar. O conjunto está orientado para o ponto do horizonte onde nasce o Sol no dia do
solstício de verão, indício de que se destinava às práticas rituais de um culto solar.
Qual era a metodologia usada para a colocação das pedras em ordem?
A) ( ) As pedras eram colocadas umas sobre as outras com a união de argamassa.
B) ( ) As pedras eram colocadas umas sobre as outras sem a união de nenhuma
argamassa.
C) ( ) As pedras eram colocadas sobre uma base de alvenaria com a união em
argamassa.
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D) ( ) As pedras eram colocadas sobre uma base de calcário com a união em


argamassa.
E) ( ) As pedras eram colocadas sobre uma base de calcário sem a união de
argamassa.
Comentários: Muito importante a observação dos primeiros métodos construtivos.
O homem usava mais a criatividade do que metodologias mais elaboradas. Este exemplo
de arquitetura neolítica é um dos mais importantes, pois, apesar de tanto tempo ainda se
mantém em boas condições.
Resposta: B

4 - É uma das obras mais importantes do Egito antigo. Recebeu o nome de um


faraó do antigo império de Egito antigo que reinou por volta de 2551 a.C. a 2528 a.C. Foi
o segundo faraó da IV Dinastia. São as únicas das Sete Maravilhas do Mundo Antigo
ainda existentes. É o monumento mais pesado que já foi construído pelo homem.
A) ( ) É a maior das três pirâmides de Gizé, a Pirâmide de Quefren. Também
conhecida como a Grande Pirâmide.
B) ( ) É a maior das três pirâmides de Gizé, a Pirâmide de Luxor. Também
conhecida como a Grande Pirâmide.
C) ( ) É a maior das três pirâmides de Gizé, a Pirâmide de Miquerinos. Também
conhecida como a Grande Pirâmide.
D) ( ) É a maior das três pirâmides de Gizé, a Pirâmide de Philae. Também
conhecida como a Grande Pirâmide.
E) ( ) É a maior das três pirâmides de Gizé, a Pirâmide de Quéops. Também
conhecida como a Grande Pirâmide.
Comentários:
Resposta: E

5 - Foi iniciado na época de Amenófis III e aumentado mais tarde por Ramsés II, só foi
acabado no período muçulmano. É o único monumento do mundo que contém em si
mesmo documentos das épocas faraónica, greco-romana, copta e islâmica.
A) ( ) Templo de Luxor
B) ( ) Templo de Karnak
C) ( ) Templo de Philae
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D) ( ) Templo de Gizé
E) ( ) Templo de Amon
Comentários: Os templos foram de grande importância na arquitetura egípcia. .
São exemplos duradouros da construção egípcia. Assim como toda a arquitetura egípcia,
a construção e os projetos dos templos caracteriza-se pela ordem, simetria e
monumentalidade, combinando formas geométricas com motivos orgânicos estilizados.
Resposta: A

Pesquisa

Vamos conhecer um pouco da arquitetura e urbanismo de outros povos da


antiguidade?
Neste estudo vimos a Arquitetura Egípcia. Agora podemos pesquisar sobre a
Arquitetura Assíria, a Arquitetura Babilônica, a Arquitetura Etrusca, a Arquitetura Persa e
a Arquitetura Suméria.
Bibliografia sugerida e outras indicações para se pesquisar os outros povos:
http://povosdaantiguidade.blogspot.com.br/2008/07/civilizao-babilnica-
histria-da.html
https://pt.wikibooks.org/wiki/Civiliza%C3%A7%C3%B5es_da_Antiguidade/A
ss%C3%ADrios
http://povosdaantiguidade.blogspot.com.br/2008/07/civilizao-babilnica-
histria-da.html
https://pt.scribd.com/doc/54238673/Aula-04-Arquitetura-Babilonica
https://hav120151.wordpress.com/2015/04/04/a-esplendida-arquitetura-
persa-a-apadana/
http://www.portaldoarquiteto.com/component/jomtube/video/20-arquitetura-
persa
https://pt.scribd.com/doc/55056816/Arquitetura-Etrusca
https://lvsitania.wordpress.com/2010/08/16/sumrios-arte-e-arquitectura/

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