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DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL 2015

Direito Processual Penal


Prof. Ana Cristina Mendonça

ATOS E PRAZOS PROCESSUAIS

1. Distribuição, autuação e registro

– Distribuição: sempre que houver diversos órgãos concorrentes em matéria de competência ou


atribuições, ou melhor, vários juízes ou cartórios com igual competência, numa mesma comarca, haverá
necessidade de distribuir os feitos entre eles na sua entrada em juízo. Segundo o artigo 252 do CPC, a
distribuição se fará de forma alternada, obedecendo a rigorosa igualdade. Assim, se várias são as varas
igualmente competentes, só após a distribuição é que o juiz estará em condições de proferir o despacho
da inicial.

– Autuação: o processo se inicia com a provocação do autor por meio da petição inicial. Depois de
despachada pelo juiz, a petição vai para o escrivão que promoverá o primeiro ato de documentação do
processo, qual seja, a autuação. Consiste este ato em colocar uma capa sobre a petição, na qual será
lavrado um termo que deve conter o juízo, a natureza do feito, o número de seu registro nos assentos do
cartório, os nomes das partes e a data do seu início (art. 166 do CPC). Dessa autuação surge um volume
ao qual serão acrescentadas todas as petições e documentos relacionados com a causa. Sempre que o
volume se tornar muito grande, outros serão abertos, com novas autuações.

– Registro: o registro é feito mediante lançamento dos dados necessários à identificação do feito
em livro próprio do cartório. Consiste no primeiro ato que o escrivão pratica, logo após a autuação da
petição inicial. Também nas secretarias dos Tribunais, quando o processo sobe em grau de recurso, há
novo registro (cf. art. 547 do CPC). Por meio do registro, o cartório ou a secretaria estarão sempre
documentados para certificar a existência ou não de processo sobre determinado litígio.

Quanto ao registro e à distribuição, vale lembra o disposto no artigo 251 do CPC: “Todos os
processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz ou mais de um
escrivão”.

2. Protocolo

As petições e os documentos, antes de ingressarem no processo, devem ser protocolizadas


perante o setor competente, adquirindo um número de registro e constando a data e horário em que se
deu o seu protocolo. Dispõe o artigo 547 do CPC que:

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Art. 547. Os autos remetidos ao tribunal serão registrados no protocolo no dia de sua entrada,
cabendo à secretaria verificar-lhes a numeração das folhas e ordená-los para distribuição.
Parágrafo único. Os serviços de protocolo poderão, a critério do tribunal, ser descentralizados,
mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau.

3. Petição inicial

No Processo Penal, a petição inicial, no Processo de Conhecimento ou Cognição, possui o nome


de DENÚNCIA ou de QUEIXA-CRIME, dependendo se o crime é de ação penal de iniciativa pública ou
privada.

Nos termos do artigo 41 do Código de Processo Penal, são REQUISITOS DA DENÚNCIA OU DA


QUEIXA-CRIME:

I) A exposição (descrição) do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias: o


fundamento deste requisito é de que o réu irá defender-se dos fatos a ele imputados. A omissão de
qualquer circunstância não invalidará a queixa ou a denúncia, podendo ser suprida até a sentença,
conforme o artigo 569 do CPP. Contudo, é relevante uma descrição pormenorizada dos fatos imputados
ao réu, de forma a viabilizar o contraditório e a ampla defesa. Da mesma forma, caso sejam vários os
acusados, é importante a individualização das condutas. Quando a denúncia não atende esses requisitos,
falamos em denúncia inepta, a qual não pode ser recebida pelo juiz (art. 395, I, do CPP). Caso ela seja
recebida, poderá acontecer o “trancamento” da ação penal através de um habeas corpus.

II) A qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo: aqui o


representante do Ministério Público ou o ofendido irá individualizar o acusado, ou seja, identificá-lo. Porém,
será admitido que sejam fornecidos dados físicos, traços característicos ou outras informações, caso não
seja possível obter a identidade do acusado. A correta qualificação do acusado poderá ser feita ou
retificada a qualquer tempo, sem que isso retarde o andamento da ação penal (art. 259 do CPP).

III) A classificação do crime: a denúncia deve conter a correta classificação jurídica do fato
(capitulação legal). Contudo, tal requisito não é essencial, pois não vinculará o juiz, que poderá dar ao fato
definição jurídica diversa, aplicando o instituto da emendatio libelli (art. 383 do CPP);

IV) Rol de testemunhas (quando houver): o representante do Ministério Público (ou o querelante)
deverá arrolar as testemunhas na denúncia (ou na queixa, em se tratando de crime de ação penal
privada), sob pena de preclusão.

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Além dos requisitos do artigo 41 do CPP, há também a formalidade apontada no artigo 44 do CPP,
que servirá, apenas, para a queixa-crime.

Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do
instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais
esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.

Também será necessário, para o recebimento da inicial acusatória, que o juiz verifique a presença
das condições da ação (condições ou requisitos para o regular exercício do direito de ação) e dos
pressupostos processuais.

No Processo Penal, são condições da ação:

Condições genéricas da ação: possibilidade jurídica do pedido (diz respeito à tipicidade do


fato; o pedido deve encontrar proteção no direito positivo, deve haver previsão legal de que a conduta
configura infração penal, sendo prevista, para a mesma, uma pena aplicável); legitimidade para agir
(refere-se à titularidade da ação, pois só o titular do direito alegado poderia intentá-la; no Processo Penal,
a regra é a “ação penal pública”, na qual o direito de ação é entregue ao Ministério Público; contudo, em
caráter excepcional, há a ação penal privada, na qual o direito de ação é exercido pelo ofendido); e o
interesse de agir (no Processo Penal, enquanto houver direito de punir, haverá interesse em agir, já que
não há outra forma de aplicação da pena senão através do regular processo). Há ainda necessidade da
justa causa, que configura o suporte ou lastro probatório mínimo, de onde se possa extrair a prova da
existência do crime e os indícios suficientes de autoria.

Condições específicas de procedibilidade: nas infrações de ação penal pública condicionada,


será necessária a manifestação da vítima, através da representação (nas ações condicionadas à
representação) ou da requisição do Ministro da Justiça, nos casos em que a lei a exigir.

Pressupostos processuais: O juiz é obrigado a apreciar, antes de examinar o mérito da questão,


as condições que legitimam e justificam o processo, que são os chamados pressupostos processuais. São
pressupostos subjetivos estar o órgão investido de jurisdição, competência e legitimidade ad processum.
São pressupostos objetivos: a ausência de litispendência ou de coisa julgada, a citação válida e que a
petição inicial esteja apta para o recebimento (não haja inépcia da inicial).

4. Numeração e rubrica das folhas nos autos

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O escrivão numerará e rubricará todas as folhas dos autos, procedendo da mesma forma quanto
aos suplementares. No entanto, é facultado às partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério Público,
aos peritos e às testemunhas, rubricar as folhas correspondentes aos atos em que intervieram.

Nesse sentido, é importante a leitura dos artigos 166 e 167 do CPC:

Art. 166. Ao receber a petição inicial de qualquer processo, o escrivão a autuará, mencionando o
juízo, a natureza do feito, o número de seu registro, os nomes das partes e a data do seu início; e
procederá do mesmo modo quanto aos volumes que se forem formando.

Art. 167. O escrivão numerará e rubricará todas as folhas dos autos, procedendo da mesma forma
quanto aos suplementares.
Parágrafo único. Às partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério Público, aos peritos e às
testemunhas é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que intervieram.

5. Guarda, conservação e restauração dos autos

A guarda, conservação e restauração dos autos consistem em deveres impostos ao escrivão, que
deve zelar pelas coisas que lhe são entregues, devendo comunicar imediatamente ao juiz o
desaparecimento dos autos que estavam sob sua responsabilidade, providenciando o que for necessário
para sua eventual restauração (ver art. 141, IV, do CPC).

6. Exame em cartório, manifestação e vista. Retirada dos autos pelo advogado

Regra geral, o escrivão não deve permitir a retirada dos autos de cartório, conforme dispõe o artigo
798, caput, do CPP:

Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.

Porém, o artigo 7º, XV e XVI, do Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei no 8.906/94), bem como o
artigo 40 do CPC, autorizam a consulta dos autos pelo advogado inclusive fora de cartório, em
determinados casos. Vejamos:

Art. 40. O advogado tem direito de:


I – examinar, em cartório de justiça e secretaria de tribunal, autos de qualquer processo, salvo o
disposto no art. 155;
II – requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo prazo de 5 (cinco) dias;
III – retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que Ihe competir falar neles
por determinação do juiz, nos casos previstos em lei.
§ 1º Ao receber os autos, o advogado assinará carga no livro competente.
§ 2º Sendo comum às partes o prazo, só em conjunto ou mediante prévio ajuste por petição nos
autos, poderão os seus procuradores retirar os autos, ressalvada a obtenção de cópias para a qual
cada procurador poderá retirá-los pelo prazo de 1 (uma) hora independentemente de ajuste. (Redação
dada pela Lei nº 11.969, de 2009)

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Art. 141. Incumbe ao escrivão:


(...)
IV – ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam de cartório, exceto:
a) quando tenham de subir à conclusão do juiz;
b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;
c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor;
d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro juízo.

Art. 7º São direitos do advogado:


(...)
XV – ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na
repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;
XVI – retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias.

Assim, em regra, o advogado tem vista dos autos em cartório, conforme indicam ainda os artigos
135, § 3o, 515, 798 e 803, todos do CPP.

Art. 803. Salvo nos casos expressos em lei, é proibida a retirada de autos do cartório, ainda que em
confiança, sob pena de responsabilidade do escrivão.

7. Carga, baixa, conclusão, recebimento, remessa, assentada, juntada e publicação

– Carga: ocorre quando o advogado ou o Ministério Público retira os autos para análise fora de
cartório. A carga deve ser registrada no livro competente, onde o advogado declinará seu endereço,
telefone, nome completo e número de inscrição na ordem, bem como o dia da saída e da devolução dos
autos (art. 40, § 1º, CPC).

– Baixa: quando da devolução dos autos ao cartório competente, será procedida a baixa no livro de
carga. A baixa dos autos consiste também no momento de volta dos autos ao juízo originário após
interposição do último recurso (art. 510 do CPC). Durante a fase de inquérito, na devolução dos autos de
inquérito à delegacia de polícia para a continuidade da investigação.

– Juntada e conclusão: ocorre a juntada quando o escrivão certifica o ingresso de uma petição ou
documento nos autos. Já a conclusão é o ato que certifica o encaminhamento dos autos ao juiz, para
alguma deliberação (art. 168 do CPC). Importante ressaltar que, no processo penal, os prazos jamais são
contados a partir da juntada, mas sim da efetiva citação, intimação ou notificação (art. 798, § 5o, do CPP).

– Recebimento: é o ato que documenta o momento em que os autos voltaram a cartório após uma
vista ou conclusão.

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– Remessa: saída dos autos de cartório e o envio deles ao juiz da causa, ao advogado, ou a outro
grau de jurisdição.

– Assentada: é o termo de comparecimento das testemunhas em juízo (art. 416, § 2º, do CPC).

– Publicação: para que o processo atinja a sua finalidade, que é o provimento jurisdicional que irá
solucionar o litígio, são praticados uma série de atos processuais, que devem ser documentados e
comunicados às partes. Esta comunicação é feita, entre outras formas, por meio da publicação de tais atos
no órgão oficial. Contudo, devemos ter atenção! Quando falamos em publicação da sentença no processo
penal, podemos estar nos referindo à publicação da sentença no órgão de imprensa oficial, mas também
ao momento em que o conhecimento da sentença deixa de estar restrito ao seu prolator, no caso, lógico, o
juiz. Isto é, o instante em que a mesma ganha publicidade, que é a ocasião em que a sentença é entregue
ao escrivão para juntada aos autos (art. 389 do CPP).

Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo termo,
registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.

8. Lavratura de autos e certidões em geral

Dentre as funções do escrivão, está a de emitir certidão de qualquer ato ou termo do processo,
ressalvado aqueles que correm em segredo de justiça, independente de despacho do juiz, bem como
redigir os atos que pertencem ao seu ofício, conforme artigo 141 do CPC.

Art. 141. Incumbe ao escrivão:


I – redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas precatórias e mais atos que pertencem ao seu
ofício;
II – executar as ordens judiciais, promovendo citações e intimações, bem como praticando todos os
demais atos, que Ihe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária;
III – comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, designar para substituí-lo escrevente
juramentado, de preferência datilógrafo ou taquígrafo;
IV – ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não permitindo que saiam de cartório, exceto:
a) quando tenham de subir à conclusão do juiz;
b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;
c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor;
d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro juízo;
V – dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou termo do processo, observado
o disposto no art. 155.

Art. 142. No impedimento do escrivão, o juiz convocar-lhe-á o substituto, e, não o havendo, nomeará
pessoa idônea para o ato.

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9. Traslado

Nome dado à cópia das petições, documentos e provas de um processo transferidos para outro
processo ou recurso interposto perante grau de jurisdição superior. Exemplo: “Não se conhece do recurso,
por falta de traslado das peças obrigatórias a regular formação do instrumento”, nos casos exigidos em lei.

10. Contestação

No Processo Penal não há “contestação”. O nome da peça de defesa é “Defesa ou Reposta


Preliminar” ou “Resposta à Acusação”, a qual deverá ser apresentada no prazo de 10 (dez) dias (art. 396
do CPP). Importante ressaltar que a não apresentação da referida resposta, no Processo Penal, não
importa em revelia, uma vez que o juiz nomeará defensor público ou dativo para apresentá-la.

11. Termos processuais criminais e autos: conceitos, conteúdo, forma e tipos

No Processo Penal, tanto quanto no Processo Civil, a expressão termo pode caracterizar:

a) A documentação lavrada por serventuário da Justiça, ou ainda por agentes policiais, de forma a
documentar atos praticados oralmente, como se pode perceber, por exemplo, do conteúdo dos artigos 39
e 578 do CPP, entre outros:

Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com
poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público,
ou à autoridade policial.
º
§ 1 A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do
ofendido, de seu representante legal ou procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou
autoridade policial, presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.

Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo recorrente ou
por seu representante.

b) A palavra termo também pode caracterizar os limites de tempo na contagem de prazos


processuais. Assim, quando queremos nos referir ao início do prazo falamos em termo a quo, e para o
final do prazo, termo ad quem.

Em alguns casos particulares, a terminologia processual utiliza, em vez de termo, outros vocábulos
que têm o mesmo significado, como auto. Assim é que auto é o termo que documenta atos praticados pelo
juiz, auxiliares da Justiça e partes, fora dos auditórios e cartórios.

c) Destaque-se, ainda, a situação característica do Processo Penal, onde pode haver uma fase pré-
processual, de natureza administrativa, na qual “provas” são colhidas pelo Delegado de Polícia em um

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procedimento inquisitivo, que necessariamente deve ter todos os seus atos escritos. Por tal motivo, todas
as diligências, pesquisas etc. são, no inquérito policial, lavradas a termo.

Da mesma forma, temos o termo circunstanciado da Lei no 9.099/95, onde o Delegado faz uma
breve descrição dos fatos que caracterizam uma infração de menor potencial ofensivo.

No mais, aplicam-se os mesmos “termos” do Processo Civil, dentre os quais temos, a título de
exemplo, os de depoimento, declarações e interrogatório.

11.1. Forma

Aplicam-se aos termos processuais as regras que vigoram quanto às características dos atos
processuais.

Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei
expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a
finalidade essencial.
Parágrafo único. Os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, poderão disciplinar a prática e a
comunicação oficial dos atos processuais por meios eletrônicos, atendidos os requisitos de
autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade da Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira – ICP – Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)
§ 2º Todos os atos e termos do processo podem ser produzidos, transmitidos, armazenados e
assinados por meio eletrônico, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Atenção, ainda, ao que dispõe o artigo 156 do CPC:

Art. 156. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo.

Art. 169. Os atos e termos do processo serão datilografados ou escritos com tinta escura e indelével,
assinando-os as pessoas que neles intervieram. Quando estas não puderem ou não quiserem firmá-
los, o escrivão certificará, nos autos, a ocorrência.
§ 1º É vedado usar abreviaturas. (Redação dada pela Lei nº 11.419, de 2006).
§ 2º Quando se tratar de processo total ou parcialmente eletrônico, os atos processuais praticados na
presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo integralmente digital em arquivo
eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo que será assinado digitalmente pelo
juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos advogados das partes. (Incluído pela Lei
nº 11.419, de 2006).
§ 3º No caso do § 2o deste artigo, eventuais contradições na transcrição deverão ser suscitadas
oralmente no momento da realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano,
registrando-se a alegação e a decisão no termo. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 170. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia, ou de outro método idôneo, em qualquer juízo ou
tribunal. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Art. 171. Não se admitem, nos atos e termos, espaços em branco, bem como entrelinhas, emendas ou
rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas expressamente ressalvadas.

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11.2. Tipos

São espécies de termos processuais:

– Termo de autuação: ao receber uma petição inicial, o escrivão a autuará, mencionando o juízo,
a natureza do feito, o número de seu registro, o nome das partes e a data de seu início, devendo proceder
da mesma forma quanto aos volumes que forem se formando (art. 166 do CPC).

– Termo de vista: é o ato de franquear o escrivão os autos à parte para que o advogado se
manifeste sobre algum evento processual.

– Termo de conclusão: é o ato que certifica o encaminhamento dos autos ao juiz, para alguma
deliberação.

– Termo de juntada: ocorre quando o escrivão certifica o ingresso de uma petição ou documento
nos autos.

– Termo de remessa: saída dos autos de cartório e o envio deles ao juiz da causa, ao advogado,
ou a outro grau de jurisdição.

– Termo de recebimento: é o ato que documenta o momento em que os autos voltaram a cartório
após uma vista ou conclusão.

– Termo de apensamento: se dá quando o escrivão atesta que foram apensados outros autos aos
autos principais (ver art. 105 do CPC).

Existem ainda:

– Termo de audiência de instrução e julgamento: ver art. 457 do CPC.

– Termo de compromisso de inventariante: o inventário tem como objetivo a apuração do


patrimônio de uma pessoa falecida, onde são cobradas as dívidas, avaliados e partilhados os bens. Até
que finalize a partilha, o inventariante é o representante do espólio, sendo nomeado pelo juiz e devendo
prestar compromisso do bem e fielmente cumprir o encargo (art. 990 do CPC).

– Termo de abertura de testamento cerrado: o testamento cerrado é escrito pelo próprio


testador, ou por alguém a seu rogo, e só tem eficácia após o auto de aprovação lavrado por oficial público,
na presença de duas testemunhas. O conteúdo é conhecido apenas pelo testador, podendo ser anulado
se for apresentado em juízo com o lacre violado (art. 1.125 do CPC).

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– Termo de depositário na medida cautelar de sequestro: o sequestro é uma medida cautelar


consistente na apreensão e depósito de bens determinados do proprietário para resguardar os direitos do
requerente (art. 824 do CPC).

– Termo de nomeação de bens à penhora: a penhora é ato determinado pelo juiz e executado
pelos oficiais de justiça.

– Termo de averbação de penhora no rosto dos autos: a penhora no rosto dos autos tem por
objetivo averbar numa ação em que o executado detenha direito ou crédito a penhora que contra ele é
dirigida (art. 674 do CPC).

– Termo de tutor e curador: ver arts. 1.187 e 1.188 do CPC.

– Termo de entrega de coisa certa: ver art. 624 do CPC.

E quanto aos depoimentos prestados em juízo ou em sede policial, podemos falar em:

– Termo de depoimento: para testemunhas que prestam compromisso. E só prestam


compromisso as pessoas que, tendo conhecimento de fatos, não apresentem diminuição na
imparcialidade. Por exemplo, o pai, o irmão e o cônjuge de quem está sendo investigado ou processado
não prestam compromisso, porque a eles o Direito não poderia impor a violência de falarem contra o filho,
o parente ou o marido. O mesmo acontece com a pessoa contra a qual pesam indicativos de um crime.
Seria uma falta de lógica impor que o indivíduo fizesse a sua própria incriminação. Como explicamos no
decorrer das aulas, o réu tem o direito de não produzir provas contra si mesmo.

– Termo de declarações: para pessoas que têm, de alguma forma, interesse na causa, como
vítimas e denunciantes, ou, estando nas hipóteses acima, não prestam compromisso. Portanto, aquele
que tem a sua imparcialidade diminuída, presta declarações e não depoimento. Entram aqui os suspeitos
que estão sob investigação.

– Termo de interrogatório: para aquele sobre o qual pesa uma acusação formal. Assim, a
autoridade policial interroga, antes de proceder o indiciamento (ato através do qual uma pessoa é tida
oficialmente como suspeita de um crime). E as autoridades judiciais interrogam, para, nesse ato,
conhecerem pessoalmente o réu, darem a ele o direito de se defender, com próprias palavras, colherem
dele, de viva voz, as suas explicações e, também sentirem, nesse contato direto, as suas reações.

– Termo de recurso: através do qual o próprio réu, no exercício de sua autodefesa, demonstra sua
intenção em recorrer.

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– Termo circunstanciado: breve narrativa fática, que substitui o inquérito policial no caso de
infrações de menor potencial ofensivo (Lei no 9.099/95).

– Termo de compromisso: seja nos casos da Lei no. 9.099/95, quando da lavratura do termo
circunstanciado, de flagrância em infrações de menor potencial ofensivo, ou de concessão de liberdade
provisória, o autor do fato, indiciado ou réu, assinará um termo de compromisso ao cumprimento de
determinada(s) obrigação(ões).

11.3. Espécies de auto

1) Auto de inspeção judicial: a inspeção judicial consiste numa modalidade de prova através da
qual o juiz inspeciona pessoas ou coisas a fim de se esclarecer fato que interesse ao deslinde da
demanda (arts. 440 a 443 do CPC).

2) Auto de adjudicação: o exequente pode, oferecendo preço não inferior ao da avaliação,


requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados (ver arts. 685-A e 685-B do CPC).

3) Auto de arrematação: a arrematação é a forma de expropriação executiva pela qual os bens


penhorados são transferidos por procedimento licitatório realizado pelo juízo da execução (ver arts. 693 e
694 do CPC).

4) Auto de divisão: ver artigo 980 do CPC.

5) Auto de interrogatório do interditando: ver artigos 1.181 e 1.182 do CPC.

6) Auto de restauração de autos: se procederá à restauração dos autos quando for verificado o
seu desaparecimento. Ver artigos 1.063 a 1.069 do CPC.

7) Auto de prisão em flagrante: lavrado pelo delegado de polícia, quando da formalização da


prisão em flagrante (art. 304 do CPP).

8) Auto de reconhecimento de cadáver: “havendo dúvida sobre a identidade do cadáver


exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição
congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no
qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações” (art. 166 do CPP).

Quanto a “auto”, veja-se, ainda, o que dispõe o artigo 245 do CPP:

Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se
realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao
morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.

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(...)
º
§ 7 Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas
o
testemunhas presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4 .

Quer dizer, no cumprimento de um mandado de busca e apreensão, a autoridade, realizada a


busca, deve fazer uma lista dos objetos apreendidos, caracterizando o auto de apreensão.

Assim também ocorre quando, por exemplo, há uma prisão em flagrante de um traficante de
drogas. Haverá o auto de apreensão da substância etc.

12. Atos do juiz

Para uma abordagem completa do que seriam os atos do juiz, entendemos necessário explicar,
inicialmente, sobre os elementos da jurisdição.

O termo jurisdição é utilizado para expressar, simploriamente, a forma através da qual o Poder
Judiciário, diante do conflito de interesses, aplica a lei ao caso concreto, através do conhecimento da
causa, seu julgamento e execução. Ocorre que a jurisdição é composta dos seguintes elementos:

Notio – para que o juiz possa aplicar a lei ao caso concreto é preciso que o mesmo tome
conhecimento da matéria fática, conhecendo da causa, através da análise dos autos, colheita das provas
etc.

Vocatio – para que o processo se desenvolva e a prova seja colhida, é necessário que o juiz lance
mão daquilo que conhecemos como atos de chamamento, ou melhor, faculdade judicial de fazer
comparecer em juízo todos aqueles cuja presença seja útil à justiça e ao conhecimento da verdade. São
atos de chamamento as citações, intimações e notificações.

Coercio (ou coertio) – é o direito que o juiz possui de fazer-se respeitar e de reprimir as ofensas
contra ele perpetradas no exercício de suas funções: jurisdictio sine coertitio nula est. Exemplo de coercio
ocorre quando, ausente uma testemunha regularmente intimada, o juiz determina, lançando mão de seu
poder de polícia, sua condução coercitiva.

Iudicium ou judicio – direito de julgar e de pronunciar a sentença. Aqui, efetivamente, o juiz aplica a
lei ao caso concreto.

Executio – direito de em nome do poder soberano de que é investida a função jurisdicional, tornar
obrigatória a obediência às próprias decisões, executando-as.

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Assim, verificamos como muitos os possíveis atos praticados por um juiz. Contudo, quando falamos
em “atos do juiz”, em razão do que dispõe o artigo 162 do CPC, nos referimos aos despachos e decisões.

Dispõe o artigo 162 do CPC: “Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias
e despachos”.

A classificação das decisões no Processo Penal (art. 800 do CPP), em processos de conhecimento
de natureza condenatória (onde o autor – Ministério Público ou ofendido – pretende a condenação do réu)
possui um critério diferente daquele adotado no Processo Civil.

Enquanto no Processo Civil as decisões podem ser classificadas em interlocutórias e sentenças, no


Processo Penal condenatório elas são classificadas em:

a) Decisões Interlocutórias Simples.

b) Decisões Interlocutórias Mistas ou com força de definitivas (Terminativas e Não Terminativas).

c) Decisões Definitivas, que podem ser Terminativas de Mérito e Sentenças stricto sensu.

13. Atos processuais

Ato processual é toda conduta dos sujeitos do processo que tenha por efeito a criação, modificação
ou extinção de situações jurídicas processuais. Ele é efeito da vontade de uma pessoa. Exemplos: uma
petição inicial, uma sentença etc.

Em regra, os atos processuais são expressos de forma escrita. Assim, mesmo havendo a
expressão oral (depoimentos), impõe-se a documentação por escrito. Além disso, só podem ser redigidos
em língua portuguesa (art. 156 do CPC), e no caso de documento redigido em língua estrangeira, deverá
vir acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor juramentado (art. 157 do CPC).

As principais características dos atos processuais são:

a) Não se apresentam de forma isolada: são ligados uns aos outros, formando uma unidade, sendo
que a validade, finalidade e efeitos somente são atingidos quando realizados no processo, no momento
próprio e, em regra, na forma exigida ou permitida por lei.

b) São ligados pela unidade de escopo: os efeitos não são autônomos e existem apenas para que
o processo chegue ao ato final, que é a sentença.

c) São interdependentes: consequência das anteriores, e têm relevância na teoria das nulidades
dos atos processuais.

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13.1. Forma dos atos processuais

Dispõe o CPC:

Art. 154. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei
expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a
finalidade essencial.
Parágrafo único. Os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, poderão disciplinar a prática e a
comunicação oficial dos atos processuais por meios eletrônicos, atendidos os requisitos de
autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade da Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira – ICP – Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.280, de 2006)
§ 2º Todos os atos e termos do processo podem ser produzidos, transmitidos, armazenados e
assinados por meio eletrônico, na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.419, de 2006).

Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de justiça os processos:
I – em que o exigir o interesse público;
Il – que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio,
alimentos e guarda de menores. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes
e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão
do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite.

Art. 156. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso do vernáculo.

Art. 157. Só poderá ser junto aos autos documento redigido em língua estrangeira, quando
acompanhado de versão em vernáculo, firmada por tradutor juramentado.

Nesse sentido, é importante a leitura de dois princípios atinentes aos atos processuais:

a) Princípio da liberdade das formas: significa dizer que os atos processuais podem ser
realizados por qualquer forma, desde que idônea para atingir o seu fim (art. 154 do CPC). Assim, se a lei
não prescrever uma forma, esta é livre, bastando os requisitos de idoneidade e finalidade (art. 171 do
CPC).

b) Princípio da instrumentalidade das formas: vale dizer que as formas não têm valor intrínseco
próprio, mas são estabelecidas para se atingir a uma finalidade (arts. 154 e 244 do CPC, e 566 do CPP).

Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa.

Em regra, quando um ato não cumpre as formalidades legais, ocorrerá a nulidade.

13.2. Classificação dos atos processuais

Os atos processuais são praticados pelos sujeitos do processo e possuem diferentes significados e
efeitos no desenvolvimento da relação jurídico-processual, havendo aqueles que se exaurem numa só

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atividade e outros que se apresentam como soma de atividades múltiplas. Sendo assim, classificam-se em
atos: dos órgãos judiciários (juiz e auxiliares) e das partes; e simples e complexos.

a) Atos do juiz: quanto aos atos do juiz, podemos classificá-los como de provimento e reais ou
materiais.

Atos de provimento são aqueles de pronunciamento do juiz no processo, tendo como espécies os
despachos, as decisões interlocutórias e a sentença. Quanto aos atos materiais do juiz, temos atos de
documentação, onde o juiz assina os despachos, as sentenças, e atos instrutórios, onde ouve as partes,
instrui as audiências etc.

b) Atos dos auxiliares da justiça. São eles:

– Atos de movimentação: feito precipuamente pelo escrivão e seus funcionários ao realizarem a


conclusão dos autos ao juiz, concederem vista às partes, expedirem mandado.

– Atos de documentação: a lavratura dos termos referentes à movimentação (conclusão, vista,


etc.), a feitura do termo de audiência, o lançamento de certidões etc.

– Atos de execução: produzidos ordinariamente pelos oficiais de justiça. Trata-se de atos realizados
fora dos auditórios e cartórios, em cumprimento a mandado judicial.

– Atos de comunicação processual: consistente em intimações ou citações, é realizado pelo


escrivão, com o auxílio dos correios, ou pelo oficial de justiça, em cumprimento a mandados judiciais.

c) Atos das partes: estes atos classificam-se em:

– Atos postulatórios: aquele mediante os quais a parte pleiteia dado provimento jurisdicional
(petição inicial, contestação e recurso).

– Atos dispositivos: são aqueles através dos quais se abre mão, em prejuízo próprio, de
determinada posição jurídica processual ativa, ou mesmo da própria tutela jurisdicional.

– Atos instrutórios: são aqueles por meio dos quais as partes buscam convencer o juiz de sua
pretensão.

– Atos reais: são atos materiais, como, por exemplo, o pagamento das custas processuais, a
prestação de depoimentos etc.

d) Atos simples: são aqueles que praticamente se exaurem em uma conduta só. Exemplo: petição
inicial, citação, contestação e sentença.

e) Atos complexos: apresentam-se como um conglomerado de vários atos unidos pela


contemporaneidade e pela finalidade comum. Exemplos: audiência e sessão.

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13.3. Publicidade dos atos processuais

A garantia da publicidade dos atos processuais está prevista na Constituição da República, em


seus artigos 5º, LX, e 93, IX, que estabelecem, respectivamente: “a lei só poderá restringir a publicidade
dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem” e “todos os
julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena
de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado
no sigilo não prejudique o interesse público à informação”.

Processos que correm em segredo de justiça: no Processo Penal, correm em segredo de justiça
os processos nos quais há ou houve quebra de sigilo (bancário, fiscal ou telefônico), interceptação
telefônica, e ainda os processos de crimes contra a Dignidade Sexual (arts. 213 e ss. do CP).

14. Prazos

Os prazos são os lapsos outorgados para a realização dos atos processuais, ou, em outras
palavras, é o espaço de tempo em que o ato processual da parte pode ser validamente praticado.

Os atos processuais realizar-se-ão nos prazos previstos em lei, sob pena de preclusão do direito de
praticá-los (art. 177 do CPC). Todo prazo é determinado por dois termos: o inicial (dies a quo) e o final
(dies ad quem).

A maioria dos prazos está definida na lei, mas, em caso de omissão, caberá ao juiz fixá-lo (art. 177,
segunda parte, do CPC).

Os prazos podem ser legais (quando fixados pela própria lei), judiciais (os marcados pelo juiz) ou
convencionais (são os ajustados de comum acordo entre as partes).

Além disso, no sistema vigente, havendo prazos não apenas para as partes, mas também para os
juízes e auxiliares, surgiu a classificação que divide os prazos em próprios, que são os fixados para as
partes, tendo como efeito a preclusão, e impróprios, que são os fixados para os órgãos judiciários, de cuja
inobservância não decorre consequência ou efeito processual. No Processo Penal, também são
impróprios, em regra, os prazos concedidos ao Ministério Público.

No Processo Penal, deve-se estar atento à análise sobre se o prazo é PROCESSUAL PENAL ou
PENAL, uma vez que a contagem dos mesmos se dá de forma distinta.

Mas como se dá a contagem de prazos PROCESSUAIS PENAIS?

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Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se
interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
º
§ 1 Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.
º
§ 2 A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado findo
o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a correr.
º
§ 3 O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil
imediato.
º
§ 4 Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial oposto
pela parte contrária.
º
§ 5 Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte;
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.

Ressalte-se que na contagem dos prazos processuais, seja no Processo Penal ou no Processo
Civil, dispensa-se o dia do início, incluindo-se o dia do final. Da mesma forma, caso o primeiro dia do prazo
ou o último caia em dia não útil ou feriado, a contagem é prorrogada para o primeiro dia útil subsequente.

Vamos a um exemplo: Imagine que a parte tenha sido intimada numa quarta-feira para a
apresentação de memórias em cinco dias. O dia da efetiva intimação não deve ser computado, ou seja, o
primeiro dia do prazo será quinta-feira, vencendo o prazo de cinco dias na segunda-feira subsequente.

Agora vamos a outro exemplo: Imagine que o réu tenha sido citado para apresentação de resposta
à acusação (prazo de 10 dias – art. 396 do CPP) numa sexta-feira. Como o dia da efetiva citação deve ser
excluído, o primeiro dia seria sábado, mas sábado não é dia útil (para o expediente forense), motivo pelo
qual o primeiro dia do prazo será segunda-feira.

Contudo, o adiamento do prazo para o primeiro dia útil subsequente somente ocorrerá nos casos
em que o primeiro ou o último dia do prazo caia no final de semana ou feriado. Portanto, não deverá ser
feita qualquer modificação na contagem quando caírem no meio do prazo.

Embora a contagem do prazo no Processo Penal e no Processo Civil ocorra de forma semelhante,
existe entre eles uma significativa e importante diferença: no Processo Penal não há qualquer interesse no
momento da juntada de um mandado por parte do oficial de justiça. No Processo Penal, os prazos são
contados da efetiva citação ou intimação, e não da juntada.

E os prazos de direito material, isto é, os prazos PENAIS, como se dá sua contagem?

Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
calendário comum.

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Muitas normas possuem, simultaneamente, natureza penal e processual penal. Nestes casos,
devemos atentar que a lei penal não retroage em prejuízo do réu, o que será importante na consideração
sobre a aplicação da referida norma no tempo, como já vimos no início desta obra. Mas esta preocupação
também ocorre em relação à contagem do prazo.

Assim, aos institutos de natureza mista aplica-se a contagem dos prazos penais. São institutos de
natureza mista: prescrição, decadência e prisão.

14.1. Prazos das partes, do juiz e do servidor

a) Prazo das partes

Prazo dilatório é aquele que, embora fixado em lei, admite ampliação pelo juiz ou que, por
convenção das partes, pode ser reduzido ou ampliado (art. 181 do CPC). Já o prazo peremptório é
aquele que a convenção das partes e, ordinariamente, o próprio juiz, não podem alterar (art. 182 do CPC).
Ao juiz, porém, o CPC permite, em situações excepcionais, a ampliação de todo e qualquer prazo, mesmo
os peremptórios, desde que seja difícil o transporte na comarca ou tenha ocorrido caso de calamidade
pública. Na hipótese de dificuldade de transporte, a ampliação máxima poderá ser de 60 dias, ao passo
que na calamidade pública, poderá até ultrapassar este limite.

– Preclusão temporal (art. 183 do CPC): “Decorrido o prazo, extingue-se, independentemente de


declaração judicial, o direito de praticar o ato, ficando salvo, porém, à parte provar que o não realizou por
justa causa. § 1º Reputa-se justa causa o evento imprevisto, alheio à vontade da parte, e que a impediu de
praticar o ato por si ou por mandatário. § 2º Verificada a justa causa o juiz permitirá à parte a prática do ato
no prazo que lhe assinar”.

Quando nem a lei nem o juiz fixar prazo para o ato, será de 5 (cinco) dias o para a prática de ato
processual a cargo da parte (art. 185 do CPC).

Cumpre ainda observar que “a parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em
seu favor” (art. 186 do CPC). Mas para que esta faculdade seja exercida, é preciso que ele não seja
comum, que o direito em questão seja disponível e que a parte seja capaz de transigir. Essa renúncia
pode ser expressa (quando contida em declaração de vontade direta e clara) ou tácita (quando decorre de
um ato incompatível com a utilização do prazo).

Embora o artigo 191 do CPC indique que “quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores,
ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos
autos”, tal dispositivo, salvo específica decisão judicial em contrário, não se aplica ao processo penal.
Assim, se os advogados dos corréus são, por exemplo, intimados da sentença na mesma data, o prazo

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para a interposição do recurso de apelação será o de 5 (cinco) dias contados da efetiva intimação, não
havendo que se falar em prazo em dobro.

Prazos em dobro, no processo penal, somente é garantido à Defensoria Pública, conforme


disposição da Lei no 1.060/50:

Art. 5º O juiz, se não tiver fundadas razões para indeferir o pedido, deverá julgá-lo de plano,
motivando ou não o deferimento dentro do prazo de setenta e duas horas.
(...)
§ 5° Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o Defensor
Público, ou quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do
processo, em ambas as Instâncias, contando-se-lhes em dobro todos os prazos. (Incluído pela Lei nº
7.871, de 1989)

Devemos observar ainda que “quando a lei não marcar outro prazo, as intimações somente
obrigarão a comparecimento depois de decorridas 24 (vinte e quatro) horas” (art. 192 do CPC).

b) Prazos do juiz e do servidor

Em relação ao juiz, o Código de Processo Penal assinala os seguintes prazos:

Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos prazos seguintes, quando
outros não estiverem estabelecidos:
I – de dez dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória mista;
II – de cinco dias, se for interlocutória simples;
III – de um dia, se se tratar de despacho de expediente.

Ao serventuário, o CPP marca os seguintes prazos:

Art. 799. O escrivão, sob pena de multa de cinquenta a quinhentos mil-réis e, na reincidência,
suspensão até 30 (trinta) dias, executará dentro do prazo de dois dias os atos determinados em lei ou
ordenados pelo juiz.

Aplicando-se a tal dispositivo, subsidiariamente, o artigo 190 do CPC:

Art. 190. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 24 (vinte e quatro) horas
e executar os atos processuais no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, contados:
I – da data em que houver concluído o ato processual anterior, se Ihe foi imposto pela lei;
II – da data em que tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.
Parágrafo único. Ao receber os autos, certificará o serventuário o dia e a hora em que ficou ciente da
o
ordem, referida no n Il.

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Dispõe ainda o CPP:

Art. 801. Findos os respectivos prazos, os juízes e os órgãos do Ministério Público, responsáveis pelo
retardamento, perderão tantos dias de vencimentos quantos forem os excedidos. Na contagem do
tempo de serviço, para o efeito de promoção e aposentadoria, a perda será do dobro dos dias
excedidos.

Art. 802. O desconto referido no artigo antecedente far-se-á à vista da certidão do escrivão do
processo ou do secretário do tribunal, que deverão, de ofício, ou a requerimento de qualquer
interessado, remetê-la às repartições encarregadas do pagamento e da contagem do tempo de
serviço, sob pena de incorrerem, de pleno direito, na multa de quinhentos mil-réis, imposta por
autoridade fiscal.

15. Apensamento de autos: procedimento.

O apensamento dos autos consiste em anexar um processo aos autos de outra ação, que com ele
tem relação, por determinação legal ou a pedido de uma das partes.

Devem ser apensados aos autos do processo principal os autos de processos ou medidas
cautelares (como, p. ex., os autos da interceptação telefônica, Lei no 9.296/96), as exceções (art. 111 do
CPP), os incidentes de insanidade mental (art. 153 do CPP), de restituição de coisas apreendidas (art. 120
do CPP), de falsidade documental (art. 145 do CPP), e os autos das medidas assecuratórias (arts. 129 e
138 do CPP).

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