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FICHAMENTO DETALHADO

Título: CONTROLANDO O TEMPO DO IMPEACHMENT

Bloco I - Introdução ao tema (par. 1 e 2)

Expõe para o sentido do impeachment: punir os "altos crimes e delitos" derivados de um poder executivo centralizado,
que o é justamente por permitir essa avaliação concentrada da responsabilidade.

Expõe o problema analisado: o que era para ser um processo para responsabilizar o líder executivo do país se tornou
instrumento arbitrário nas mãos de uma autoridade - o Presidente da Câmara dos Deputados. É mesmo um poder?

Bloco II - Explica de onde o poder do Presidente da Câmara de lidar com os processos de Impeachment vem (par. 3 ao
8)

A resposta sobre de onde vem esse poder consta em três pontos:

A Constituição, que dá o poder de controlar os processos contra o Presidente da República à Câmara dos Deputados
(apesar de não centralizá-lo em seu presidente, propriamente). Ela prevê a instalação de uma comissão para avaliá-lo,
porém, e isso faria com que todo processo se tornasse demasiado penoso e burocrático diante da relativa alta demanda.

O Regimento Interno da Câmara dos Deputados resolveu o problema. O Presidente da Câmara dos Deputados, então,
tem o dever de filtrar os pedidos - apenas, porém, aqueles: "que deixam de cumprir com requisitos formais exigidos pela
lei" ou que não configuram, nem em tese, um delito punível. Nesse sentido, o Presidente da Câmara deve ao menos
avaliar os pedidos feitos pelos cidadãos - não pode simplesmente ignorá-los. Isso é importante porque, mesmo ao
arquivá-los, aos pedidos arquivados cabe recurso - e essa é a importância desse procedimento. Se são ignorados, não há
nada contra que agir, além de tirar o poder dos cidadãos.

Os costumes e práticas da Presidência da Câmara dos Deputados, porém, é o problema. O ambiente foi forjado, através
da prática reiterada, a não contestação, a ser assim.

Bloco III - Perpassa vários episódios que demonstram como tais práticas se expressavam reiteradas (par 9 a 16)

Perfaz que, antes de 1988, as coisas eram diferentes: a comissão especial para averiguar o pedido era necessária. Assim
Peixoto e Vargas escaparam de suas denúncias. Cita casos, como os de Lula e o FHC, em que os pedidos arquivados
foram submetidos a recursos, demonstrando sua possibilidade. Cita o caso de Collor, arquivadas em tempo razoável - em
geral, duas semanas. Conforme o tempo foi passando, o prazo aumentou - de 60 a 90 dias (casos de Lula e Cardoso).

Constata que o problema se expressou de forma relevante em Eduardo Cunha , perpassando Maia, ambos no governo
Temer, até culminar em Lira, no governo bolsonaro. Todos receberam vários processos, mas os ignoravam
arbitrariamente. Utiliza para demonstrá-lo o caso de Maia, em especial: deixou o período de averiguação dos pedidos
ultrapassar o fim do mandato do presidente, quando foram forçosamente arquivadas.

Bloco IV – Propõe como fugir dessa situação de concentração de poder nas mãos do Presidente da Câmara (17 a 23)

Propõe que, mesmo processo de impeachment e sua triagem para à submissão à comissão especial seja um
procedimento essencialmente político, esse teor de politicidade não é símbolo de concentração de poder e
arbitrariedade. Essa percepção, de acordo com o autor, seria fruto da pequena política - a grande política é a necessária
aqui. A política compatível com as garantias do direito, da democracia - apresentar transparência e respeito aos
cidadãos, dando-lhes atenção: uma decisão, seja qual for.
Nesse sentido, para alguns, a solução mais simples é simplesmente tirar poder do Presidente da Câmara, considerando
que o regimento interno da Câmara vai contra a Lei do Impeachment. O autor é contra essa ideia, assim como o STF - o
procedimento recursal e a presença de uma comissão avaliadora do recurso para então votar sua procedência garante o
caráter político das averiguações.

Bloco V – Argumenta sobre qual seria o tempo adequado para essa avaliação, se o Presidente da Câmara não pode
deixar de avaliá-la (24 a 28)

Expõe a visão dúbia do regimento: "o presidente da Câmara deverá colocá-la em pauta na sessão seguinte", se a
denúncia for procedente. Isso pode significar: a sessão seguinte ao protocolo da denúncia ou da própria avaliação do
Presidência. Algo bastante inconcluso e que acabaria por permitir esse abuso por parte do presidente.

Por outro lado, argumenta que "tempo razoável" é o prazo, em geral, exigido para pedidos feitos à poderes públicos e,
com essa definição, podemos guiar os procedimentos. E há dois pontos que garantem essa insustentabilidade jurídica:

A lógica, exige que o procedimento seja breve: a importância do tema o exige, assim como a prescrição de ser lido na
sessão seguinte.

O prazo explícito dado pela Lei do Impeachmant para que a comissão especial avalie o recurso da denúncia - dez dias
para um procedimento ainda mais complexo do que a análise preliminar do Presidente da Câmara. Portanto, demorar
muito mais que isso seria um absurdo.

Bloco VI - Explica a importância desse procedimento (par 29)

Argumenta que o procedimento é importante por dois pontos: manter o equilíbrio entre os poderes e a realização da
justiça - impedir que um Presidente da República seja blindado ou retirado arbitrariamente pelo jogo político.

Bloco VII - Propõe alternativas para fazer com que o Presidente da Câmara dos Deputados cumpra seu dever (par 30 a
37)

A primeira forma seria denunciá-lo - qualquer um - ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar por violar as regras de
decoro. Infelizmente, as punições decorrentes dessa opção são raras, mas ainda assim obriga-se o integrantes do
Conselho - outros parlamentares, a se colocarem contra ou a favor da posição tomada pelo Presidente da Câmara.

Outra forma seria que o STF o fizesse, tal como cabe a ele obrigar que os presidentes da Câmara e do Senado instalem
comissões parlamentares de inquérito. Uma situação dita pelo autor como "ousada", pois não seria corrigir decisões,
como em geral se faz, mas obrigar que algo seja feito. E tal opção é tratada por ele de forma mais acentuada - é uma
questão legal, de decisões não tomadas em afronta à própria lei do Impeachment, que exige que a denúnica seja lida na
sessão seguinte. Além disso, é uma situação criminal, digna de averiguação do poder judiciário, e não de jurisdição
essencialmente legislativa.

Bloco VII – Conclusão (par 38)

O autor argumenta por fim que o que vivemos com o Presidente da Câmara dos Deputados - a exemplo de Lira - numa
situação de decidir arbitraria, política e pessoalmente entre o procedimento ou não de uma ação de impeachment não é
fruto de um poder propriamente dito, mas sim da "ausência de condições políticas" para tal. É "uma prática arbitrária,
que Arthur Lira exercita porque herdou de seus últimos antecessores, e que hoje suportamos apenas por impotência,
complacência ou indisposição de quem deveria combatê-la".

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