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FICHAMENTO SINTÉTICO

Texto: Economia, Estado e democracia, de Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo

Qual o problema enfrentado pelo texto?

Como vem resolvendo-se a tensão entre Estado e economia na contemporaneidade?

Qual a tese defendida pelo autor como resposta ao problema?

O autor defende que tenha havido o triunfo da política: o Estado se sobrepõe à economia
(lógica capitalista). O resultado desse conflito, porém, trouxe várias consequências negativas,
expostas ao longo do texto. Consequências estas que, culminantemente, serão dirimidas pelos
próprios Estados, em âmbito internacional.

Quais os argumentos são utilizados para reforçar essa tese?

Primeiro, o autor delimita o triunfo da política, personificado no keynesianismo. Foi uma


resolução condenada ao fracasso, em especial pelo desaparecimento concomitante de dois
“constrangimentos”: o padrão ouro, que restringia a emissão de moeda, e o medo de deixar às
gerações futuras um fardo grande demais, que foi abandonado após a sobrevivência de duas
grandes guerras e uma iminência de uma terceira. O resultado foi um endividamento
crescente do Estado, a fim de suprir as demandas da política na economia – o Estado ficou à
mercê da democracia, como escreveu o historiador Skidelsky.

Para resolver o problema, o autor aponta tendências progressistas e conservadoras, mas


argumenta que ambas cometem o mesmo erro: enxergam economia e política (democracia)
como esferas autônomas e independentes na realidade social. Basicamente, separaram a
realidade social – preocupada com interesses grupais e imprudentemente colocando-os acima
de outros interesses de outros grupos – e a realidade econômica – quando os interesses são
individuais e os recursos são próprios, palpáveis e limitados.

A principal solução de acordo com Schumpeter, cita o autor, seria através de um corpo político
qualificado e de uma burocracia devotada, vinda de uma classe social intermediária em uma
neutralidade social racional. Nesse sentido, a burocracia viria para aplicar a racionalidade
econômica à administração política. Entretanto, a qualidade dessa burocracia, se vindoura de
regimes autoritários, em geral culmina em corporativismo e opressão de outras perspectivas
socais.

Outras soluções incluem separar, definitivamente, o mundo da vida do mundo econômico, o


que pode acabar sobrepondo este sobre aquele. Seria a tecnocratização do mundo da vida,
que também culminaria na burocratização e no corporativismo. Principalmente quando
garantida a base de regimes militares.

De qualquer forma, o Estado está em crise, tanto internamente quanto externamente.


Internamente pelos altos déficits fiscais, e externamente pela clara desregulação do mercado
financeiro internacional. É a demonstração, a partir da década de 70, do fracasso tanto das
perspectivas intervencionistas quanto das tradicionais. O Estado é opressor, então – cobrador
de impostos, interventor na livre correção da mão invisível do mercado e até mesmo agente
da inflação, quando tenta dirimir seus déficits com emissão monetária. Nesse cenário, emerge-
se, novamente, o Estado – união entre Estados – para tentar resolver a bagunça econômica
mundial sem retornar ao passado ou ceder ao desastre.

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