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DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – DED

COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO/EAD

Curso: Docência no Ensino Técnico e Profissional


Professor: Carla Daniela Kohn
Disciplina: Projetos Educacionais Integrados à Educação Profissional
Carga horária: 30hs

TEMA 01. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL COMO POLÍTICA PÚBLICA E


LEGISLAÇÃO

Introdução do tema: A educação profissional brasileira sofreu mudanças


significativas com a LDB 9394/96 fazendo com que fosse absorvida e até articulada
de forma a reorganizar estruturas anteriormente consolidadas. Pssando a ser
destacada como um complemento da Educação Básica. Itens desta legislação como
o artigo 36 que destaca “a preparação para profissões técnicas poderá ocorrer no
nível do ensino técnico, após ser atendida a formação geral do educando” devem
ser analisados para que possamos entender as políticas públicas relacionadas à
educação profissional.

Resumo do tema: Nesta temática será abordada a atuação da LDB 9394/96


quando a mesma discorre sobre as mudanças na educação profissional brasileira,
deixando algumas lacunas, para as quais os decretos foram criados no intuito de
tentar melhorar a regulamentação da educação profissional propondo uma
organização curricular para o ensino técnico de forma independente do ensino
médio. Será feita uma abordagem histórica sobre o tema da educação profissional
para um melhor entendimento da mesma ao longo da história até o atual governo.

Objetivos de aprendizagem do tema: Que o aluno tenha a habilidade para


processar e analisar as informações referentes a legislação e história da educação
profissional no Brasil.
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1.1 A Trajetória da Educação Profissional no Brasil

Com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB de n. 9.394


de 20 de dezembro de 1996 ocorreram profundas modificações no sistema
educacional brasileiro, iniciando um conjunto de mudanças na forma de pensar e
executar a educação, como consequência, a educação profissional brasileira, foi
também profundamente alterada. Sendo a educação profissional uma das
modalidades da Educação Brasileira que mais sofreu mudanças. A forma com que a
LDB9394/96 assumiu a educação profissional, deixou lacunas para sua
interpretação, fazendo com que ela fosse absorvida e até articulada de forma a
recriar estruturas anteriormente consolidadas.

Atualmente, a educação profissional na LDB/96 é referida como um


complemento da Educação Básica e destaca que para a melhoria da qualidade da
educação profissional pressupõe uma Educação Básica de qualidade compatível.
De acordo com o § 2° do art. 36 da LDB (Lei n. 9.394/96) “a preparação para
profissões técnicas poderá ocorrer no nível do ensino técnico, após ser atendida a
formação geral do educando”. Portanto, a educação profissional, nesses termos, não
está como uma prioridade do ensino, ela pode vir posteriormente à educação geral
conduzindo ao permanente desenvolvimento para a vida produtiva.

Observa-se assim que a LDB não deixa muito claro como seria articulada, de
fato, a educação profissional. Os Decretos surgem para tentar regulamentar a
educação profissional e fazê-la atender aos objetivos e direcionamentos propostos
de um determinado governo ou de uma determinada corrente política.

De acordo com Regattieri e Castro (2010) após a LDB (Lei n. 9.394/96), o


governo aprovou o Decreto n. 2.208 de 1997, que estabeleceu uma organização
curricular para o ensino técnico de forma independente do ensino médio. E em seu §
1º do art. 4º esse decreto dispunha ainda que as instituições que executavam a
educação profissional teriam que se adaptar a nível Federal, Estadual e Municipal:
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[As] instituições federais e as instituições públicas e privadas sem fins


lucrativos, apoiadas financeiramente pelo poder público, que ministram
educação profissional, deverão, obrigatoriamente, oferecer cursos
profissionais de nível básico em sua programação, abertos a alunos
das redes públicas e privadas de educação básica, assim como à
trabalhadores com qualquer nível de escolaridade. Regattieri e
Castro (2010, p.25)

Esse decreto impôs mudanças significativas na educação profissional porque


desvinculou a formação profissional da educação geral, e ainda possibilitou a
criação de módulos, que, para a lei, permite uma flexibilidade maior nos currículos
dos cursos de nível técnico.

Portanto, dizemos que a Reforma do ensino técnico-profissionalizante de nível


médio passou a ser estruturada com mais especificidade a partir da LDB nº 9.394/96
e do Decreto nº 2.208/97. Entretanto, após a publicação desse decreto, houveram
vários instrumentos normativos decorrentes do poder Executivo, de forma a garantir
a realização da referida reforma proposta nos documentos a seguir: Portaria/MEC
nº 646/97, Portaria/MEC nº 1.005/97, Portaria/MEC/MTb nº 1.018/97 e Lei Federal nº
9.649/98 (BRASIL; MEC; SENTEC, 2004ª, p. 22-3).

Posteriormente o Decreto 2.208/97, foi revogado, sendo substituído pelo


Decreto 5.154/2004, o qual foi considerado um avanço para a educação profissional
brasileira e se apresentando como o resultado da capacidade de mobilização da
sociedade civil organizada e fruto da capacidade de negociação do governo
brasileiro para atender às demandas sociais e do mercado.

Aprofundar-se no tema da educação profissional significa uma preocupação


quanto á forma como nos colocamos frente ás questões específicas desta etapa da
educação, bem como em relação á educação do país, analisando como ela vem
sendo trabalhada desde o início até os dias de hoje.

Desde as sociedades mais antigas, não só a educação, mas qualquer outra


ação realaizada pelo individuo apresentava o caráter da espontaneidade que muitas
vezes se combinava com o processo de trabalho o qual era similar aos membros de
uma mesma comunidade que desenvolviam um processo de produção coletiva,
muitas vezes reflexo do contexto.
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Ainda segundo Regattieri e Castro (2010) no Brasil os primeiros passos na


direção da criação e organização do ensino profissional apresentavam intenções
assistencialistas, pois era visto com a finalidade de auxiliar os órfãos e pessoas
necessitadas. O primeiro passo foi a criação, por D. João, em 1809, do Colégio
das Fábricas, que ocorreu logo após a suspensão da proibição de funcionamento
das indústrias de manufaturas no Brasil, atendendo portanto a uma necessidade
pontual da economia.
Desde essa primeira ação governamental, passando pelas
iniciativas do 2º Império, o atendimento visava prioritariamente
aos menores abandonados. Também foram criadas
associações civis, como os Liceus de Artes e Ofícios, para
“amparar crianças órfãs e abandonadas”, oferecendo-lhes
instrução e iniciando-as em ocupações industriais.(Regattieri e
Castro, 2010, p.17)

De acordo com Demerval Saviani (2007, p. 67):

Foi a aprtir da apropriação privada da terra que os homens se


dividiram em classes: a classe dos proprietários e a dos não-
proprietários. Essa divisão vai gerar uma divisão na educação.
Essa que antes se identificava com o próprio processo de
trabalho, assume um caráter dual, constituindo-se em
educação para os homens livres pautada nas atividades
intelectuais, enquanto que para os serviçais e escravos coube
a educação inerente ao próprio processo de trabalho; desde
então, surge a separação entre educação e trabalho
consumada nas formas escravista e feudal.

Ainda conforme o autor supracitado a relação trabalho-educação se reconstrói


através do surgimento do modo de produção capitalista, e a escola passa para a
condição de instrumento responsável pela viabilização do saber que se faz
necessário para a burguesia se manter em ascensão em uma sociedade que agora
se apoiava em relações criadas pelo próprio homem.

Para Saviani (2007), a Revolução Industrial causou a associação das funções


intelectuais no processo produtivo e a escola foi o caminho para se atingir a
generalização dessas funções na sociedade, sendo assim, os principais países
organizaram sistemas nacionais de ensino, objetivando generalizar a escola básica.
O ensino básico passou a capacitar os homens-trabalhadores ao processo
produtivo, uma vez que no currículo da escola básica o mínimo que se aprendia era
a operar as maquinas. No que se refere às tarefas de manutenção, consertos,
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ajustes e adaptações das máquinas era necessário uma qualificação específica que
necessitava de um preparo também mais específico.

Nesse contexto foram criados os cursos profissionais que eram planejados de


acordo com as demdas das empresas ou do sistema de ensino tendo como base o
padrão escolar, mas associados diretamente ás necessidades do processo produtivo
local, nasciam assim às escolas de formação geral e às escolas profissionais. Porém
as mesmas se enganaram no desenvolvimento de suas competências definidas e
estabelecidas pela burguesia, obtendo como resultado uma proposta de escolas
profissionais para os trabalhadores e escolas de “ciências e humanidades” para os
futuros dirigentes, potanto uma visão dualista.(SAVIANI, 2007).

Em 2008 a Lei 11.741 incluída na LDB/96 estabeleceu as Diretrizes


Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Tecnológica de Nível Médio
dando destaque á Educação de Jovens e Adultos associando-a com a Educação
Profissional e tecnológica.
A Educação de Jovens e Adultos deverá articular-se,
preferencialmente, com a Educação Profissional. A Educação
Profissional e Tecnológica, no cumprimento dos objetivos da
Educação Nacional, integra-se aos diferentes níveis e
modalidades de educação e às dimensões do trabalho, da
ciência e da tecnologia.(PROEJA 2007, p.32)

Assim percebe-se que houve uma preocupação em integrar a formação inicial


com a continuada dos alunos trabalhadores da EJA, possibilitando assim uma maior
significação a essa formação, melhorando a qualificação desse profissional destes
sujeitos.

Questões reflexivas

Baseado no que já debatemos até agora e na sua vivência como professor/mediador


você acredita que a educação profissional no Brasil esta sendo trabalhada de forma
integrada com a formação básica em uma perspectiva que interesse à classe
trabalhadora? Caso você não concorde plenamente o que colocaria como sugestão
para melhorar essa integração?
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Mergulhe mais fundo

- A Eja e o Mercado de Trabalho


http://brasilescola.uol.com.br/educacao/a-eja-preparo-para-trabalho.htm

Moll Jaqueline (org) - Educação Profissional e Tecnológica no Brasil


Contemporâneo. Artmed, Porto Alegre, 2010.
http://brasilescola.uol.com.br/educacao/a-eja-preparo-para-trabalho.htm

1.2 Educação e Trabalho: Período Colonial ao Pós Independência

Durante o período colonial brasileiro, o modelo econômico agroexportador que


sustentava a economia, introduziu a mão-de-obra escrava composta por
determinadas ocupações consideradas de manuais com uso da força física. Ficou
estabelecido que tais atividades só poderiam ser desenvolvidas por mulatos e
negros.

De acordo com Jailson Alves dos Santos (2003, p.205):

A inserção da mão-de-obra escrava como um dos pressupostos


básicos da dinâmica do modelo econômico brasileiro implantado no
período colonial influenciou decisivamente a formação da nossa força
de trabalho, determinada pela própria sociedade, a partir do
momento em que esta passou a classificar os ofícios segundo critério
que se fundamentava na relação entre trabalho escravo e atividade
inerantes aos homens livres.

Manter os negros e mulatos na condição de escravos sem condições de


acessar qualquer tipo de formação que ensinase o aprendizado e exercício de
outras diferentes atividades ocupacionais naquele momento era o ideal para
sociedade; os homens livres deveriam aprender as profissões por meio das
Corporações de Ofício que possuíam rigorosas regras de funcionamento impedindo
o ingresso de escravos e o ensino ali apresentado era centrado especificamente nos
ofícios exercidos pelos homens livres. Assim, acredita-se que o início da constituição
de uma educação profissional no Brasil foi praticado de forma discriminatória em
relação a alguns ofícios, apresentado pela relação entre o trabalho dos homens
livres e a prática escrava (SANTOS, 2003).

Existia um grande interesse na manutenção do modelo econômico extrativista,


contrario ao espírito industrial que se aproximava, A Coroa Portuguesa tentava
dificultar e até mesmo impedir que fossem implantados na Colonia estabelecimentos
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com fins industriais.; sendo assim muitos desses estabelecimentos de diversas


áreas de atividade (fundições e oficinas de ourives, tipografias) foram fechados
causando a destruição da estrutura industrial embrionária que se formava.

De acordo com Santos (2003) o setor de aprendizagem profissional no Brasil


foi reiniciado através do processo de desenvolvimento industrial que se concretizou
a partir de 1808 com a chegada ao Brasil de Dom João VI, retomando o processo,
com a autorização da abertura de novas fábricas, inaugurava-se assim uma nova
fase no processo da aprendizagem profissional que começa a se solidificar.

Logo depois, o ensino e aprendizagem de ofícios e o trabalho inicia-se no


interior dos estabelecimentos industriais, eram as as chamadas Escolas de Fábrica,
que acabaram servindo como referência para as futuras instituições de ensino
profissional que vieram a se instalar no Brasil. Após ensino dos ofícios veio o ensino
das “primeiras letras”, seguido de todo o ensino primário (SAVIANI, 2007).

Após a proclamação da Independência em 1822, a Constituição outorgada em


1824 trazia no seu foco a necessidade de se contemplar uma legislação especial
sobre instrução pública com base nos ideais liberais da Revolução Francesa
buscando uma nova orientação para o modelo educacional a ser implantado na
sociedade. Contudo, foi somente de forma implícita que o ensino profissional foi
tratado na carta magna que traçou uma novas orientações, as quais influenciaram
os rumos que essa modalidade de ensino tomou no futuro. O ensino de ofícios não
apresentou nenhuma mudança que indicase evolução, mantendo-se a mesma
mentalidade tradicional estabelecida desde o período colonial; portanto, mantevesse
a separação entre as ocupações para os mais pobres e desvalidos e a instrução
para a elite. (SAVIANI, 2007).

No Brasil, o ensino de ofícios tinha como sustentação uma ideologia voltada a


conter o desenvolvimento de ordens opostas à ordem política; diferentemente, da
Europa, que já na primeira fase do século XIX, apresentava a existência de
problemas sociais típicos da industrialização, da urbanização e da proletarização
dos trabalhadores.
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De acordo com Saviani (2007), a velocidade da industrialização concentrava os


trabalhadores e aumentava a formação das massas proletárias; consequentemente,
o movimento proletário se organizava e aos poucos surgiu uma nova classe
organizada com o objetivo de defender os seus interesses e satisfazer suas
reivindicações se colocando de frente às contradições apresentadas pela Revolução
Industrial no que se referia às relações entre capital e trabalho.

Na primeira republica, a cafeicultura foi a base para o processo de


urbanização, industrialização e desempenhou papel fundamental na mudança do
regime da Monarquia para a República; os cafeicultores tiveram uma ascenção ao
poder numa aliança entre os partidos republicanos paulista e mineiro. Embora a
economia estivesse focada no modelo agroexportador, com o início da República
houve uma forte pressão dos diversos grupos da sociedade para transformar a base
econômica do país, para os quais, deveria estar baseada na produção industrial, que
já contava com 6.946 indústrias. (SAVIANI, 2007).

Para Canali(2010, p.11):

A ideologia que agora permeava um novo projeto para o país


sustentava-se no desenvolvimento pela industrialização, que traria
progresso, independência política e a emancipação econômica do
Brasil. No campo da educação, nas primeiras décadas da República,
as conquistas foram pequenas.

Na época da república pode-se dizer que a função social da escola foi a de


fornecer os elementos necessários para capacitar a elite no intuito de preencher os
quadros da política e da administração pública, ocorrendo uma perfeita interação da
escola que proporcionava essa formação e a demanda social e econômica de
educação. Toda via, a aceleração do processo de urbanização, que teve como
causa a industrialização crescente e a decomposição dos meios de produção no
campo, propiciou a evolução de um modelo agrário exportador para um modelo
parcialmente urbano-industrial criando uma nova demanda social de educação.
(SAVIANI, 2007).

Santos (2003) afirma que em 1909, ainda durante a Primeira República, a


formação profissional sob a responsabilidade do Estado inicia-se com a criação de
19 Escolas de Aprendizes e Artífices, em diferentes unidades da Federação, por
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meio do Decreto 7.566 de 23 de setembro de 1909, para ofertar à população o


ensino profissional primário e gratuito. “Porém, o aspecto assistencial e de ordem
moralista permaneceu, haja vista só ter acesso à essas Escolas alunos de, no
mínimo 10 e no máximo 13 anos e dada a preferência para os desvalidos da
fortuna”. (Canali, 2010, p.13).

Para Kuenzer (2007, apud Canali, 2010, p.13):

antes de atender às demandas de um desenvolvimento industrial


quase inexistente, regiam-se as Escolas por uma finalidade moral:
educar numa perspectiva moralizadora da formação do caráter pelo
trabalho. As referidas escolas eram custeadas pelos Estados,
Municípios e União com recursos alocados no Ministério da
Agricultura, Indústria e Comércio.

A rede de Escolas de Aprendizes e Artífices não mostrou qualidade e nem


bons resutados na aplicação do ensino profissional para atender às necessidades do
setor industrial. As estruturas físicas que as abrigavam eram inadequadas; as
oficinas estavam em precárias condições de funcionamento; faltavam mestres de
ofícios especializados e profissionais qualificados; sendo assim, o ensino
profissional ficou restrito ao conhecimento empírico, pois os mestres de ofícios
provinham das fábricas e das oficinas, carentes do conhecimento teórico relativo aos
cursos oferecidos. (SANTOS 2003).

Como nos dias de hoje, a evasão naquela época era um grave problema nas
escolas de Aprendizes e Artífices nos anos seguintes à sua implantação. Ainda na
terceira série a maioria dos alunos já havia abandonado o curso, pois já dominavam
os conhecimentos básicos para começarem a trabalhar. Mas mesmo com todos os
problemas enfrentados e guardadas as devidas proporções, o tipo de ensino
profissional pensado e planejado para realizar a implantação do ensino técnico-
profissional foi aos poucos se firmando e se instalando como precursor da Rede de
Escolas Técnicas do Brasil. (SANTOS 2003).

Para a Educação Profissional, ficou uma caracterização, ou uma rotulação de


regeneração e formação das classes menos favorecidas social e economicamente.
De forma geral, quase nada foi feito quanto à educação de num todo, até mesmo os
colégios construídos foram em numero bem pequeno e a maioria eram particulares
ou da igreja.
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Questões reflexivas

Acreditamos estar fornecendo subsídios para uma reflexão sobre a transformação


histórica do Brasil em relação á educação profissional dentro do contexto da
educação. Cabe aos educadores de hoje e de amanhã encararem essa jornada,
compreendendo-a para, então, transformarem-na em uma marcha um tanto mais
entusiasmante para o ensino profissional. Qual a sua opinião em relação a estas
situações apresentadas?

Mergulhe mais fundo:

FORTUNATO, Ivan História da educação brasileira: do período colonial ao


predomínio das políticas educacionais neoliberais. Belo Horizonte, 2015

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
87752015000300909

MORAES, Joaquim J. CABO VERDE: UM PROJETO DE PAÍS E A IDEOLOGIA DA


EDUCAÇÃO COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO Estudo da
constituição do Ensino Técnico Profissional. Curitiba, 2009

http://www.ppge.ufpr.br/teses/teses/M09_monteiromorais.pdf

1.3 A legalização da Educação para a profissionalização do Ensino

Canali (2011) nos mostra que desde o fim do período republicano até antes da
Revolução de 1930, se apresentava no Brasil, por parte da burguesia industrial, um
projeto de hegemonia de orientação taylorista-fordista. O foco das atenções era a
manipulação econômica entre a agricultura e a indústria com o objetivo de fortalecer
o projeto de industrialização no Brasil com o apoio das forças rurais.

Tal projeto de caráter político-econômico tem continuidade com


Getúlio Vargas, uma política protecionista do café que já sofria queda
dos preços no mercado internacional em decorrência dos problemas
financeiros que cercavam os principais mercados mundiais após a
quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Em 1934, quando a
situação internacional começa a se normalizar é que o governo
mostraria efetivamente um desempenho mais favorável no setor
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industrial em substituição ao modo de produção agroexportador.


(CANALI 2010, p. 12)

A Educação Profissional sofreu modificações através das Reformas Capanema


de 1942 e 1943 de onde se estabeleceu a criação do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI) e a regulamentação do ensino industrial,
secundário e comercial em consonância com suas específicas leis
orgânicas.(SAVIANI, 2007)

No centro da Reforma Capanema de 1942, foram incluídos vários cursos


profissionais para contemplar diferentes segmentos profissionais que tiveram suas
demandas acrescidas pelo desenvolvimento acelerado dos setores secundário e
terciário, dentro desse contexto, escolas e cursos passaram a ser criados e
instalados com essa finalidade.

De outro modo, Kuenzer (2007apud Canali 2010) nos lembra, que a formação
de trabalhadores e cidadãos no Brasil, compôs-se historicamente, a partir da
categoria “dualidade estrutural” mostrando que existia uma vísivel separação das
trajetórias educacionais das elites e dos trabalhadores. Ou seja, para os
trabalhadores que não iriam seguir as carreiras academicas eram destinados os
cursos profissionalizantes, enquanto que para os mais favorecidos economica e
socialmente eram ofereidos os ensinamentos de ciencias e humanidades que
serviam de base para os estudos que os levariam ao ensino superior

Saviani (2003) ressalta em seus estudos que o Brasil, nesse momento,


reconhece sua incapacidade para oferecer uma educação estatizada e pública,
percebendo que errou quando autorizou o setor privado a elaboração das regras da
capacitação profissional a serviço do mercado, deixando assim que a classe
dominante continuasse a defender os seus interesses de manutenção do capital e
da estrutura de classes. Reconhece também que provavelmente esse tenha sido o
maior desafio a ser superado, acabar com a divisão estabelecida das trajetórias
educacionais acima citadas.

Dentro da temática referente ao ensino profissional Canali (2010) destaca que


a legislação também se refere ao ensino industrial, que a partir da década de 1942,
no período do Estado Novo, por meio da Lei Orgânica do Ensino Industrial, passa a
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assumir um papel importante na formação de mão-de-obra no contexto do processo


de desenvolvimento no Brasil.

Passa o mesmo a ser efetivado a partir de duas frentes de ensino e


controle: um ensino que ficava sob o controle patronal, de âmbito
empresarial e, paralelo a esse ensino, outro ramo sob a
responsabilidade do Ministério da Educação e da Saúde – o sistema
oficial de ensino industrial – constituído pelo ensino industrial
básico.(CANALI 2010, p.14)

De acordo com o relatório referente ao ensino industrial no Estado Novo de


Amália Gomes (1999) a organização do ensino industrial é contemporânea à
implementação de uma vasta legislação trabalhista que envolveu também regras
previdenciárias e sindicais, e que tinha como objetivo fazer uma reorganização para
o mercado de trabalho, possibilitando a implantação de um projeto político de nação
e de desenvolvimento econômico, baseado na industrialização.

Segundo Luiz Antônio Cunha, “foi só com a adoção de um projeto industrialista


de desenvolvimento, pelo Estado Novo, que foram dados os primeiros passos para a
generalização da aprendizagem sistemática a nível nacional” (CUNHA, 1983, p.
449).

Em relação ao ensino industrial não podemos deixar de falar da criação do


Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), ocorrida através do Decreto-
lei 4.048 de 22 de janeiro de 1942, como instituição criada com a função de
organizar e administrar escolas de aprendizagem industrial em todo o país.

Essas escolas ministravam um ensino aligeirado, de formação mínima,


de caráter pragmático com o objetivo de preparar os aprendizes
menores dos estabelecimentos industriais. Outros cursos de formação
continuada para os trabalhadores também eram oferecidos pelo
sistema de escolas do SENAI. Posteriormente, esse órgão teve suas
atribuições ampliadas atingindo também o setor dos transportes, das
comunicações e da pesca. Passa ainda a administrar o ensino de
continuação, aperfeiçoamento e especialização, gerando dessa feita
uma diversificação de seus cursos. (CANALI, 2010, p.10).

Ainda analisando a legislação Canali (2010) destaca a o decreto-lei 4984/42, a


Lei 1.076 de 1950 e a Lei A Lei 1.826/1953 como veremos a seguir:

Logo depois é sancionado o Decreto-lei 4.984 de 21 de novembro de 1942,


regulamentou a criação de escola ou sistema de escolas de aprendizes de
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responsabilidade das empresas que possuíssem mais de 100 trabalhadores. As


Escolas deveriam funcionar com recursos das empresas, teriam o objetivo de
capacitar profissionalmente os aprendizes e o promover ensino de formal e de
aprimoramento e especialização de seus demais trabalhadores. Essas escolas
tinham como opção para o trabalho administrativo e prático estebelecer uma
parceria com o SENAI. E foi a partir de então que nasceram as Escolas Técnicas
Federais.

A Lei 1.076 de 1950, flexibilizou para que os alunos concluintes do primeiro


ciclo dos ensinos industrial, comercial e agrícola pudessem ingressar no curso
clássico ou científico devendo apenas cumprir algumas exigências de complemento
da grade currícular. A Lei 1.826/1953 facultou o direito de ingresso em qualquer
curso superior para todos que tivessem concluído o curso técnico em qualquer das
áreas de ensino observando-se exames de adaptação. Lançou-se de forma inédita
uma viabilidade de aproximação entre o ramo secundário preparatório e os cursos
profissionalizantes de nível médio.

Uma nova fase, aparentemente mais promissora, para o Ensino técnico teve
início em 1959 com a promulgação da Lei 3552 que dava uma maior autonomia para
a rede de ensino favorecendo o desenvolvimento da organização adminstrativa e
incluia cnteúdos de cultura geral nos currículos dos cursos técnicos. Porém esta lei
teve vida curta sendo substituida pela LDB de 1961.

E foi com a LDB/61 que se manifestou não haver mais restrições entre o ensino
secundário e o profissional, acabando assim com a desvalorização do ensino
profissional através da equivalência plena, e da tentativa de acabar com a
duplicidade do ensino, tentativa esta que não vingou pois os currículos se
mantiveram, confirmando assim que o ensino objetivando a continuidade dos
estudos permanecia favorecendo os conteúdos requisitados nos processos seletivos
das instituições de ensino superior,portanto ainda mantendo a descriminação com
os conteúdos do ensino profissional.
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Canali (2010) fala também sobre a Lei 5692/71, promulgada pelo regime
militar, portanto num período de ditadura, e que trouxe mudanças para a educação
básica, tentando organizar a educação de nível médio como ensino profissional para
todos, tornando a habilitação profissional obrigatória substituindo à equivalência
entre os ramos secundário e preparatório..

Essa opção se baseava um projeto de desenvolvimento do Brasil focado em


uma nova fase de industrialização secundária que necessitava mão-de-obra
qualificada para atender a tal crescimento. Nesse contexto uma grande quantidade
de indivíduos optou pela formação técnica profissionalizante em nível de 2º grau,
que iria favorecer a entrada no mercado de trabalho que se desenvolvia de forma
positiva em função dos altos níveis de desenvolvimento. (Canali 2010).

A história nos mostra que entre os anos de 1974 e 1979, o Brasil foi concebido
como potência mundial emergente. Em função disso foi preciso promover um ajuste
da estrutura econômica ao modelo do capitalismo internacional. Existia, na época, o
objetivo de conseguir um crescimento acelerado na economia , sem, que com isso
fosse produzido um superaquecimento da economia; pretendia-se controlar a
inflação a partir da manutenção do equilíbrio da balança de pagamento, com grande
nível reserva. Porem esse controle não foi conseguido, o que gerou uma crise no
final dos anos 70 e nos anos 80, nomeando esta década como “década perdida”.

A razão desta crise é identificada por muitos teóricos, com a insustentabilidade


ideológica e operacional do modelo de crescimento econômico acelerado, adotado
pelo governo militar, que, neste mesmo contexto, sofria as contradições agudas do
atrelamento da economia do país à economia mundial, capitalista. Este governo
apresentava-se fragilizado frente às pressões da sociedade civil, esta representada
por grupos de intelectuais e, fundamentalmente, pela a burguesia, que reivindicavam
sua participação nas decisões do destino do país.

Questões reflexivas

Embora a produção de leis costume ser fértil, geram frequentes mudanças que
contribuem para o esquecimento de textos que contribuíram na formação de uma
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história, você seria capaz de montar uma planilha das leis e decretos em ordem
cronológica com as alterações mais significativas?

Mergulhe mais fundo

BOLOGNINI, Valéria. Reformas da Educação Profissional: a modernização do


arcaico. Mimas Gerais, 2007.
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/encontro/encontro1/trab_pdf/t
_valeria%20bolognini.pdf

VIEIRA, Sofia. Reformas Educativas no Brasil: uma aproximação histórica.


Fortaleza, 2009.
http://pt.slideshare.net/IasminCosta/reformas-educativas-no-brasil-uma-
aproximao-histrica?next_slideshow=1

1.4 A Educação Profissional pós ditadura: novas perspectivas para o Ensino

Saviani (2007) nos mostra que a década de 1980 representou, para a realidade
brasileira, também o fechamento do ciclo dos governos militares. A transição para o
regime civil não significou, todavia, a perda do poder por parte das elites dominantes
no período anterior, uma vez que José Sarney - o vice que se transformou em
presidente, com a morte de Tancredo Neves (este nem chegou a tomar posse do
cargo) - era presidente da Arena, partido que servia de fachada legal à ditadura
militar. Desta forma, travestiu-se de novo o velho.

O Ensino Técnico Profissionalizante, neste cenário, teve suas funções


especificadas pelo pressuposto do desenvolvimento sustentado com equidade
social. Estruturou-se a partir da prescrição de sua atuação em três níveis, a saber:
industrial, desenvolvimento tecnológico e o social. O nível industrial era destinado à
qualificação da mão-de-obra demandada pelos mercados de trabalho, conforme
suas especificidades técnicas. Quanto ao desenvolvimento tecnológico, a atribuição
do Ensino Técnico era de desenvolver, adaptar e assistir as indústrias no uso de
tecnologia. Já a sua tarefa voltada para o social estabelecia-se pela meta de
promover a valorização do técnico através da qualidade de seu processo de
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formação e da inserção de seus egressos no mercado, como técnico. (SAVIANI,


2007).

As estratégias básicas adotadas pelo Estado centravam-se na conjugação do


desenvolvimento acelerado da economia com o desenvolvimento social, no sentido
de determinar as diretrizes de uma política de valorização de recursos humanos,
com qualificação acelerada de mão-de-obra. Com base nestes pressupostos, o
investimento em educação traduzia-se novamente em condição de socialização para
o trabalho.

Cunha (1983) defende que definir uma política educacional que colaborasse na
racionalização do processo produtivo, capacitando e disciplinando os trabalhadores,
seria importante para o processo de industrialização do país e para a afirmação da
burguesia industrial. Ao longo da trajetória da elaboração da política educacional
para o ensino industrial, a fala da competência técnica, baseada nos fundamentos
tayloristas e fordistas, assumidos e utilizados pelos industriais desde a década de
vinte, trabalhou no sentido de fazer da questão da formação profissional um tema
associado à necessidade da indústria e não a objetivos simplesmente educacionais
ou aos direitos dos profissionais à educação.

Canali (2010) coloca que em 1985 o Brasil consegue a consolidação do


processo de democratização com o primeiro governo, depois de um longo tempo de
ditadura militar. Aumentam-se os debates referentes os caminhos para a educação
nacional. As várias linhas de pensamento educacional e ideais políticos
educacionais voltam suas atenções para uma nova estrutura do ensino de segundo
grau e à Educação Profissional, analisando e discutindo aspectos da Constituição de
1988 referentes á educação.

E estudando a LDB de 96, destaca-se que a mesma coloca o Ensino Médio


como etapa final da Educação Básica. Dentre seus fins, está prevista a
concretização e o aperfeiçoamento do Ensino Fundamental e o reconhecimento
àqueles que terminarem o curso básico, do acesso no Ensino Superior. Esta Lei em
seu artigo 36, parágrafo 2º, seção IV ainda permite ingresso do aluno em carreira
técnico-profissional, depois de completada a formação geral. Dando a opção ao
aluno de poder escolher entre o Ensino Médio de caráter propedeutico como
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aprofundamento de Ensino Fundamental, ou pelo Ensino Médio Técnico


Profissionalizante.

De acordo com MEC (2007) no documento base elaborado com o título


“EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO INTEGRADA AO
ENSINO MÉDIO” a LDB de 1996 alterou o âmbito da educação como espaço próprio
para o desenvolvimento da economia de mercado, e a regularização da educação
profissional como sistema paralelo pelo Decreto nº 2.208/1997, promovendo a
separação obrigatória em forma de articulação entre o ensino médio e a educação
profissional que se tornaram dois segmentos diferentes, ficando, com base legal, a
dualidade entre os mesmos.

Em 2003, o Presidente Luís Inácio Lula da Silva, em seu primeiro mandato,


apresentou um programa de mudanças significativas nos rumos a serem tomados
pela Educação de nível Médio, pelo Ensino Médio Técnico, pela Educação
Profissional, e de forma global, pela Educação Básica; essas alterações eram
desejadas pelas forças progressivas da sociedade brasileira principalmente pelos
sindicatos e pelos pesquisadores e trabalhadores, que clamavam pela revogação do
Decreto nº 2.208/97, no intuito de corrigir interpretações inconsistentes de conceitos
e de práticas originados pelas regulações do governo antecessor de Fernando
Henrique Cardoso, e construir novas regulamentações mais racionais com a
pretensão de transformar de forma positiva a realidade da classe trabalhadora.
(SAVIANI, 2007).

A Educação Profissional de nível médio no Brasil hoje é regulada pelo Decreto


nº 5.154 de 23 de julho de 2004; que complementa o § 2º do art.36 e os arts. 39 a 41
da LDB. Este decreto trouxe princípios e diretrizes do ensino médio integrado à
educação profissional numa tentativa de alguns reformistas no sentido de derrubar a
tradicional dicotomia entre conhecimentos específicos e gerais, entre ensino médio e
educação profissional, defendendo a integração da formação básica e profissional
estabelecida num mesmo currículo.

O Decreto nº 5.154, manteve as ofertas de cursos técnicos nas


modalidades concomitante e subsequente prescritos pelo anterior
Decreto nº 2.208/1997; trouxe de volta a possibilidade de integrar o
ensino médio à educação profissional técnica de nível médio, agora
numa perspectiva que não se confunde com a educação tecnológica
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ou politécnica, mas que aponta em sua direção. No entanto, ao se


manter a existência de sistemas e redes distintas, possibilitou a
“coexistência de ensino médio propedêutico, profissionalização
enquanto etapa autônoma e a integração entre ambas,” dando
margem à omissão do Estado em afirmar um projeto educacional
emancipador para o ensino médio (ARAUJO 2006 apud CANALI
2010, p. 20).

Novamente de acordo com o MEC/SETEC Documento Base, (2007) um novo


Decreto nº 6.302 de dezembro de 2007 apresentou o Programa Brasil
Profissionalizado que pretendia estimular o Ensino Médio Integrado à Educação
Profissional, destacando e valorizando a educação científica e humanística por meio
da parceria entre formação geral e educação profissional, levando em consideração
a realidade concreta no contexto dos processos produtivos e das características
contextuais regionalizadas. (MEC/SETEC Documento Base, 2007).

Dentro dessa perspectiva, para superar a realidade, seria necessário a


democratização do Ensino Médio adotando objetividade de finalidades nessa
direção, assim como a introdução de recursos financeiros que viessem a
descaracterizar o voluntariado e a filantropia ou metodologias de melhora na
qualidade de vida da classe mais pobre como tem sido almejado utopicamente ao
longo da história da educação brasileira.

Portanto infelizmente para os socialmente excluídos não sobram opções: não


existem vagas suficientes nas universidades públicas, o ensino profissionalizante
público ou privado tem se mostrado de fraca qualidade na pretensão de formar para
o fazer mas negando a esses alunos a formação geral. É preciso que se faça um
resgate á dignidade do ser humano que opta ou necessita pela educação
profissional, pois o objetivo final não deve ser unicamente a formação técnica, mas
de indivíduos que compreendam e interajam com a realidade, que possam
desempenhar como profissionais capazes e dirigir suas vidas como cidadãos.

Questões reflexivas

Com a criação em 2007 do Programa Brasil Profissionalizado, o governo pretendeu


expandir as instituições de ensino médio e moderniza-las para que pudessem
oferecer cursos profissionalizantes. Para a criação desses cursos deveriam ser
levados em conta o índice de desemprego da região, a ausência de profissionais em
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determinadas áreas específicas, o índice de escolaridade e de criminalidade. Leia o


material sugerido abaixo sobre esse programa reflita e discuta com seus colegas no
AVA se realmente o que pretende o projeto esta sendo realizado em sua cidade ou
estado.

Mergulhe mais fundo (indique leituras complementares / material de apoio)

- O ensino técnico, a criação dos institutos federais de educação, ciência e


tecnologia.

http://dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/handle/1884/35048

Portal do MEC- PROGRAMA BRASIL PROFISSIONALIZADO

http://portal.mec.gov.br/brasil-profissionalizado/apresentacao

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