Computadores

S EGUNDA-FEIRA 5 JA NE IR O 20 04 DI RE CT OR JOSE MANUEL FERNANDES EDITOR RUI JORGE CRUZ

PUB
Testes do UMTS Motorola com O que é a Net Índia põe filmes De ‘Ford Racing 2’
avançam dez novos responsável na Internet a ‘Freestyle Metal’
Os operadores móveis A primeira dose dos cerca Depois da Cimeira Bollywood vende filmes Acelerar com realismo
têm até 1 de Julho de 30 telemóveis Mundial, Dyson fala da através do ‘site’ Kaaza, em e sem perigo para o
para se prepararem para o ano de 2004 reunião de Aspen, nos EUA contraste com Hollywood próprio e para os outros
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‘FOSSO DIGITAL’ ENTRE NORTE E SUL E ENTRE GRUPOS SOCIAIS É OBSTÁCULO A UM MAIOR PROGRESSO

Comércio electrónico
cresceu de novo em 2003 comércio electrónico parece mente o desenvolvimento das animações

O
ter registado, nesta quadra “on-line” que permitem visionar melhor o
festiva de 2003, um volume produto pretendido — têm atraído como
sem precedentes, de acordo nunca os compradores à Internet. Este
com as estimativas de crescendo da adesão poderá ter mesmo
diversas entidades especializadas na catapultado o volume de compras “on-line”
monitorização das compras e vendas nos EUA em 2003 para o valor-recorde de
através da Internet — algumas das quais 100 mil milhões de dólares, montante que
sublinham, no entanto, que esse cres- significaria um crescimento na ordem dos
cimento poderá acentuar ainda 33 por cento face aos 76 mil milhões de dóla-
mais as desigualdades sociais res registados em 2002.
já existentes. Parece evidente que os compradores que
Na segunda já dispõem de uma ligação à Internet usam
semana de Dezembro cada vez mais a Web na sua vida quoti-
último, nos EUA, as diana, sobretudo nos EUA e nalguns países
compras “on-line” pelos da União Europeia e da Ásia — seja para
utilizadores da Internet comprar um livro, um DVD ou um bilhete
atingiram os 3 mil de avião, descarregar uma música ou sim-
milhões de dólares, plesmente consultarem a sua conta bancá-
aumentando cerca ria ou espreitarem os títulos dos jornais.
de 48 por cento face Mas este crescimento seria ainda maior
ao mesmo período “se houvesse programas [governamentais]
de 2002 — reve- ou oportunidades para as pessoas que não
lou um estudo se podem dar ao luxo” de possuir um com-
da Goldman putador com ligação à Web — declarou na
Sachs, Harris passada semana Donna Hoffman, inves-
Interactive e tigadora numa universidade de Nashville
Nielsen NetRatings, especializada na Internet, ao jornal diário
citado pela AFP. norte-americano “Christian Science Moni-
Em particular, o tor”. Para a maior parte dos especialistas,
sítio da Amazon.com — o o factor-chave para o futuro do comércio
maior do comércio elec- “on-line” reside numa generalização mais
trónico de livros e discos, acelerada das ligações à Internet por banda
e um dos poucos sobrevi- larga, as quais, para além de permitirem
ventes do rebentamento acessos mais rápidos aos conteúdos e à
da “bolha” das empresas informação comercial, têm em geral um
da Internet — continuou tarifário fixo — constituindo, assim, uma
a consolidar o seu sucesso verdadeira “tarifa plana”, sem um valor a
graças à oferta de portes facturar que seja proporcional ao tempo que
gratuitos, tendo os seus os utilizadores passam a navegar “on-line”.
responsáveis sublinhado em E muitos desses especialistas sublinham
ANDRÉ RUIVO
realizados sobre esta realidade nos EUA, o
país do mundo onde há mais gente ligada
à Internet, tanto em termos absolutos
como relativos — para gáudio de empresas
como a Amazon.com, a eBay (o maior sítio
de leilões na Web) e outras. Em Agosto do
ano passado, eram já 31 por cento os utili-
zadores norte-americanos da Internet que
dispunham de uma ligação por banda larga
(cabo ou DSL), assinala um estudo do Pew
Internet and American Life Project.
Mas esses estudos revelam que os
computadores não são igualmente usados
pelos diversos grupos sociais, tanto do
ponto vista etário como étnico ou sócio-
profissional. Assim, de acordo com um
estudo da Reserva Federal dos EUA (o
equivalente ao banco central do país),
apenas 30 por cento dos lares norte-ameri-
canos com um rendimento mensal inferior
a 2 mil dólares (cerca de 1600 euros, hoje
em dia) dispõem de um computador. Já
nas famílias com um rendimento mensal
superior a 6 mil dólares (4800 euros) este
índice sobe para os 80 por cento.
As escolas e os locais de trabalho permi-
tem, mesmo assim, atenuar estes contras-
tes, proporcionando acesso a computadores
e à Internet a muitas pessoas que não dis-
põem deles em suas casas. De acordo com
o referido estudo da Reserva Federal dos
EUA (realizado na cidade californiana de
San Francisco e citado pela AFP), tanto os
afro-americanos como os hispânicos com-
pensam parcialmente estes contrastes face
aos brancos e aos asiáticos graças a estes
acessos nas escolas e nas empresas — sem,
no entanto, os esbaterem completamente.
Nos EUA, o número de internautas
adultos cresceu 47 por cento entre Março
de 2000 e Agosto do do ano passado, che-

vésperas do Natal que se tra-
tara da “época de festas mais
activa desde sempre” para a
empresa.
De acordo com uma
projecção da Forrester
Research, os progressos
tecnológicos — nomeada-
que, para além das desigualdades entre o
Norte e o Sul do planeta — que a primeira
Cimeira Mundial para a Sociedade da
Informação, no mês passado em Genebra,
na Suíça, pouco mais fez do que aflorar —,
o “fosso digital” entre ricos e pobres existe
também no seio dos países desenvolvidos.
Diversos foram os estudos que foram
gando aos 63 por cento entre as pessoas
com mais de 18 anos. Mas, segundo o
Pew Internet and American Life Project,
serão ainda necessários “pelo menos
dez anos, ou talvez 15 ou 20”, até que a
Internet alcance uma taxa de penetração
comparável à da televisão neste país, a
qual ronda os 98 por cento. ●

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computadores .2 S E G U N D A - F E I R A . 5 . J A N E I R O . 2 0 0 4
 GRUPOS RESTRITOS DE UTILIZADORES EXPERIMENTAM O UMTS ATÉ AO VERÃO
3G das comunicações
móveis já em testes
UNIVERSAL Mobile
A
TECNOLOGIA
Telecommunications Systems
(UMTS), em que assenta a ter-
ceira geração de comunicações
móveis — mais conhecida por
3G —, deverá estar disponível no segundo
semestre deste ano. Alguns operadores já
deram início aos testes mas apenas com
grupos restritos de utilizadores e em ambien-
tes empresariais.
Nesta fase inicial, a rede de UMTS
cobrirá sobretudo as áreas metropolitanas
de Lisboa e do Porto, o que é já suficiente
para garantir o mínimo obrigatório de cober-
tura — 20 por cento da população. As redes
deverão depois expandir-se e, segundo os
operadores, esse alargamento irá começar
pelo litoral do país. Entre as principais pre-
ocupações dos operadores nacionais estão a
estabilização da tecnologia UMTS e a neces-
sidade de se garantir uma mais baixa taxa
de quebra de chamadas, idêntica à que se
verifica hoje com a norma GSM.
A Vodafone Telecel e a TMN anunciaram
já que o UMTS começará a ser testado por
colaboradores seus e por clientes seleccio-
nados tendo em conta a sua apetência por
equipamentos mais sofisticados. Na Voda-
fone, a cobertura da rede de UMTS será
progressivamente alargada ao Algarve, ao
litoral e depois ao interior do país. A TMN
ainda não revelou o calendário ou a geogra-
fia desse alargamento, por ainda lhe faltar
saber a quantidade de equipamentos que
disponibilizará e em que zonas.
Todos os operadores afirmam que o
arranque comercial do serviço não será
possível antes do segundo semestre de 2004,
garantindo a Vodafone que só o fará quando
puder oferecer qualidade suficiente. António
Casanova, presidente da Optimus, disse à
agência Lusa que a opera-
dora móvel da Sonaecom ISABEL GORJÃO SANTOS
está pronta para iniciar a com Lusa
comercialização do serviço
desde que os fornecedores de equipamentos
estejam prontos para responder às necessi-
dades do mercado.
Entretanto, a Vodafone ensaiou na
semana passada o acesso à sua rede de UMTS
em Lisboa e no Porto, e para um número
restrito de utilizadores (colaboradores seus,
clientes e parceiros) com o fim de melhorar
os serviços já disponíveis, juntando-lhes o
acesso à Internet a um débito que poderá
atingir os 384 Kilobits por segundo (Kbps)
— mais do que é possível por “dial-up” na
Terminais com preços entre os 600 e os 800 euros
Os telemóveis para UMTS deverão custar
entre os 600 e os 800 euros e a maioria
dos fabricantes considera que não
haverá problemas de disponibilidade dos
equipamentos.
A Motorola foi o primeiro dos grandes
fabricantes mundiais a dispor de
telefones para o UMTS e já vai na
sua segunda geração de terminais,
contando actualmente com três
modelos: o A835, o A920 e o A830.
Numa fase inicial, estes estarão
disponíveis apenas através dos
operadores. Os seus terminais para
rede fixa. Conforme comunicado da empresa,
a Vodafone pretende iniciar a comercializa-
ção do 3G “num futuro próximo”.
Grande parte dos fabricantes têm já
equipamentos disponíveis para a fase de
arranque do UMTS. Contudo, em 2003, na
Europa, só alguns operadores na Inglaterra
e em Itália lançaram comercialmente servi-
ços de terceira geração.
A Motorola testou, em meados de Dezem-
bro, os seus equipamentos para UMTS numa
rede que abrange as cidades do Porto e Gaia.
Mário Serafim, director-geral da Motorola
em Portugal, salientou então que a sua
empresa é uma das duas únicas que já dispõe
comercialmente de telemóveis para UMTS
na Europa — no Reino Unido e em Itália — e
a única que dispõe de três modelos diferen-
tes (ver Computadores
de 22-12-2003). Estes
estarão disponíveis a
partir do arranque da
exploração da rede, que terá lugar neste ano,
mas numa primeira fase apenas através dos
operadores. Só mais tarde haverá terminais
de UMTS da Motorola disponíveis no reta-
lho, passíveis de utilização com qualquer
operador.
José Horta e Costa, responsável pela
área de multimédia da Nokia, adiantou que
a empresa também já lançou dois modelos de
telemóveis para UMTS, um sobretudo para
testes e outro que estará disponível em todos
os mercados europeus. A empresa prevê, no
UMTS custarão entre 700 e 800 euros
para os operadores.
A Nokia lançou primeiro o modelo 6650
— sobretudo para testes e para utilização
nas redes comerciais em Itália e Inglaterra
— e venderá neste ano o Nokia 7600 (na
imagem), um modelo mais pequeno e que
estará disponível em todos os mercados
europeus. Embora apenas possa ser utilizado
nas actuais redes de GSM até ao lançamento
comercial do UMTS, este modelo terá um
preço recomendado de 582 euros.
A Sony Ericsson terá disponível, já neste
trimestre, o terminal Z1010, que está a ser
S E G U N D A - F E I R A . 5 . J A N E I R O . 2 0 0 4
entanto, apresentar um leque mais vasto de
telemóveis com UMTS ainda este ano.
Paulo Ferreira, director da Siemens,
revelou que a sua empresa começara a dis-
ponibilizar, na primeira quinzena de Dezem-
bro, o U15, um terminal para UMTS. Este
modelo estará também à venda em Portugal,
não prevendo problemas com a quantidade
dos equipamentos se as encomendas forem
feitas a tempo e horas. A Siemens não deverá
lançar novos modelos para UMTS, até ao fim
de 2004, e o seu responsável recordou que há
estudos que apontam para um fraco desen-
volvimento do 3G no mercado de grande
consumo até finais de 2006.
A Siemens admite colocar terminais de
UMTS no mercado por um preço superior
a mil euros, “mas os preços para operadores
serão bastante mais baixos”, adiantou Paulo
Ferreira — que considerou ainda que a taxa
de queda de chamadas é “relativamente
pequena, mas ainda não está num nível acei-
tável, de acordo com os padrões de qualidade
pretendidos”.
José Brandão, director da Sony Ericsson,
considera que, nesta fase, é fundamental
garantir a estabilidade das comunicações e
a interoperabilidade das redes a fim de não
comprometer o êxito do UMTS.
Jaime Ferreira, responsável de tele-
comunicações da Samsung, considera que
os operadores não estão interessados num
arranque rápido do UMTS para poderem
rentabilizar os investimentos feitos no GSM
testado com uma versão muito próxima
da versão comercial. Este telemóvel terá
um custo, para os operadores, semelhante
ao dos actuais telefones de topo de gama
para o GSM, podendo custar cerca de 800
euros na venda ao público.
Jaime Ferreira, responsável da Samsung,
afirmou que o custo elevado dos
telefones — que a empresa venderá entre
os 600 e os 700 euros para o seu modelo
Z100 — não permitirá uma difusão rápida
da nova tecnologia, admitindo que os
preços caiam mais acentuadamente entre
2005 e 2007. ● I.G.S.
Anacom fixa 1 de Julho
para o lançamento do UMTS
A Autoridade Nacional das Comunicações
(Anacom) fixou, na passada sexta-feira, a data
1 de Julho deste ano como prazo-limite para o
lançamento comercial da terceira geração de
telecomunicações móveis (UMTS). Segundo
a agência Lusa, a data está referenciada no
documento preliminar entregue aos três
operadores portugueses — TMN, Vodafone e
Optimus — em 30 de Dezembro pelo órgão
regulador.
No texto , intitulado “Sentido provável de
decisão”,a Anacom afirma que a fase de pré-
lançamento do UMTS durará seis meses e que a
comercialização se fará a 1 de Julho. O regulador
considera, assim, que estão reunidas as
condições mínimas para a introdução da nova
tecnologia a 1 de Janeiro entre um número
limitado de utilizadores, nomeadamente
empresariais (ver texto principal).
De acordo com o caderno de encargos da
licença de UMTS, os operadores terão que
assegurar uma cobertura de rede de pelo
menos 20 por cento da população no arranque
do novo serviço, 40 por cento no início do
terceiro ano e 60 por cento no terceiro ano de
funcionamento.
A TMN, a Optimus e a Vodafone têm agora
dez dias para comentar o “Sentido provável de
decisão” da Anacom. O documento só se tornará
efectivo quando passar à forma de deliberação.
O arranque do UMTS esteve inicialmente
previsto para 31 de Dezembro de 2001.
— e defendeu que, além dos atrasos na
vertente tecnológica das redes e dos termi-
nais, houve alguma inércia dos operadores
europeus. Jaime Ferreira adiantou ainda
que a Samsung dispõe de terminais para os
testes das redes e terá telefones para UMTS
suficientes em Junho, para o lançamento
comercial do serviço.
José Camões Vieira, director da Alcatel,
afirmou que está concluído o desenvolvi-
mento dos telefones para UMTS da empresa,
embora a sua presença no mercado esteja
apenas prevista para a última metade deste
ano. Quanto aos diversos adiamentos do lan-
çamento do UMTS, Camões Vieira disse que
ele se devera ao adiamento dos investimen-
tos pelos operadores europeus e também aos
atrasos dos fabricantes na disponibilização
dos equipamentos. ●
computadores .3
 ‘Spam’ custou
20 mil milhões
em 2003…
As mensagens de correio
electrónico não solicitado
(o chamado “spam”) terão
custado às empresas de
todo o mundo em 2003
algo como 20 mil milhões
de dólares — revelou
um estudo norte-
americano divulgado na
passada semana pelo
instituto especializado
Basex, de Nova Iorque.
Estes prejuízos incluem
não só as perdas de
produtividade como
os investimentos em
“software” e equipamentos
de filtragem. Ainda de
acordo com o estudo,
citado pela AFP, por cada
trabalhador, este custo
global situar-se-á entre
os 600 e os 1000 dólares
anuais. “O custo do ‘spam’
para as empresas de todo
o mundo é de 20 mil
milhões de dólares e está
a crescer pelo menos 100
por cento em cada ano”,
pode ler-se no relatório
do Basex. “Num ambiente
em que praticamente
qualquer pessoas pode
comprar uma lista com
25 milhões de endereços
por apenas 25 dólares e
enviar mensagens a esses
25 milhões de pessoas
quase de borla, não deverá
ser surpresa que o ‘spam’
esteja a tornar-se num
flagelo.” ●
… incluindo
as perdas de
produtividade
O correio electrónico
não solicitado tem um
custo directamente
quantificável quando
se trata de comprar
programas de filtragem ou
de ampliar a capacidade
dos servidores de forma
a que estes possam
dar vazão ao crescente
número de mensagens;
por outro lado, há as horas
passadas pelos técnicos
na contenção do fluxo de
“spam” nos computadores
das empresas ou a
instruírem os respectivos
empregados nesse sentido.
Exemplo de perdas de
produtividade serão
ainda aquelas empresas
que, por disporem de um
domínio não protegido (e
usado pelos “spammers”
para a difusão das suas
mensagens), passam a
figurar nas “listas negras”
do “spam”, pelo que,
depois, mesmo as suas
mensagens legítimas
passarão a ser retidas
pelas ferramentas de
filtragem. Um outro
estudo recente, da Ferris
Research, calculava que o
“spam” poderia ter custado
“mais de 10 mil milhões de
dólares” só às empresas dos
EUA no ano ora findo. ●
computadores .4
release 3.0
A Net
responsável
STÁ LANÇADA a discussão sobre quem
E
vai mandar na Internet. Da recente
Cimeira Mundial para a Sociedade
da Informação, organizada pelas
Nações Unidas em Genebra [na
Suíça], saiu uma declaração onde se dizia
que “a autoridade sobre as questões de polí-
ticas públicas relativas à Internet reside no
direito soberano dos Estados”. E conclui essa
declaração que será necessário um estudo
destinado a produzir recomendações — até
ao fim de 2005.
Para alguns de nós, este prazo é demasiado
longo. E a autoridade dos governos é a conclu-
são errada.
Ao mesmo tempo que a Cimeira Mundial
para a Sociedade da Informação, estava a
realizar-se uma reunião bem mais produtiva
do grupo de trabalho para as políticas da
Internet no Instituto Aspen, uma organização
sem fins lucrativos orientada para questões de
liderança [com sede em Washington D.C. nos
EUA]. Graças aos milagres dos transportes
modernos (e apesar de algumas tempestades),
lá consegui participar em ambas.
Uma solução da sociedade civil
Em Aspen, o nosso pequeno grupo de pes-
soas ligadas às autoridades governamentais, a
empresas e a organizações sem fins lucrativos
iniciaram os trabalhos com uma abordagem
mais prática e oportuna, centrada em três
grandes problemas da Internet (dos quais,
desta vez, não fazia parte a questão dos nomes
de domínio): o correio electrónico não solicitado
(o chamado “spam”), a privacidade e a segu-
rança global contra vírus e outras intrusões.
A abordagem que dali saiu pode ser sinteti-
zada na expressão “a Net responsável” — uma
Internet de pessoas, empresas e serviços que
seja mais da nossa conta que de qualquer auto-
ridade central e omnisciente. Muitos dos países
contemplados pelo documento da Cimeira Mun-
dial para a Sociedade da Informação não são
integralmente democráticos. E mesmo que os
regimes de todos os países fossem tão benig-
nos quanto o desejamos, eles não poderiam
assegurar o tipo de resposta flexível necessário
para promover o bom comportamento que nós
próprios poderemos fornecer.
A ideia é simples: as pessoas na Internet
deveriam ser responsáveis umas perante as
outras e poder decidir livremente com quem é
que hão-de interagir. O que se pretende não é
uma Internet anárquica e gratuita para todos,
mas uma Internet onde o bom comportamento
seja efectivamente promovido — e que o seja
a nível local.
No mundo real, o bom comportamento é
suscitado por uma combinação de regras gover-
namentais e de normas da sociedade. Mas a
Internet já não é a comunidade que já foi em
tempos: ela tornou-se demasiado grande para
que as pessoas consigam realmente conhecer-
se umas às outras.
A solução não passa necessariamente por
maior peso dos Estados, mas por uma maior
visibilidade do tipo que costumávamos ter:
pessoas que precisam de se conhecer umas
às outras e a quem é necessário permitir
que sejam capazes de decidir quem é querem
conhecer. (As novas ferramentas de redes
sociais constituem uma manifestação desse
desejo; no entanto, nós também precisamos de
ser capazes de comunicar de forma segura com
pessoas que talvez não consideremos amigos
S E G U N D A - F E I R A . 5 . J A N E I R O . 2 0 0 4
E S T H E R D Y S O N
A regra básica é
a transparência:
precisamos de
saber com quem
estamos a tratar e
de sermos capazes
de tomar as medidas
adequadas para nos
protegermos. A Net
responsável será um
sistema complexo de
partes que interagem,
onde os utilizadores
respondem não
só perante uma
qualquer autoridade
central mas perante
as pessoas e as
organizações que
possam vir a afectar.
ou interlocutores profissionais mas de quem
não fugiríamos se com eles nos cruzássemos
na rua).
O anonimato de que, à partida, gozam na
Internet torna fácil aos indivíduos fazerem
coisas más — enviarem “spam”, invadir a
privacidade das pessoas e mandar dados por
toda a Net, lançar vírus e outros ataques. E
esse mesmo anonimato torna difícil pôr em
prática leis contra esses actos, mesmo quando
isso preserva a nossa liberdade.
Mas as tecnologias da Internet também
tornam mais fácil os indivíduos protegerem-
se a si próprios: podem cuidar eles próprios da
sua segurança e da sua privacidade recorrendo
a ferramentas como as “firewalls” e os progra-
mas de bloqueio do correio electrónico não
solicitado. E, é claro, na Internet, é mais fácil
as pessoas pegarem em si e mudarem-se para
um bairro virtual de que gostem mais.
Deixem as pessoas governar
Parece uma ideia excelente mas será que
funciona? O que eu proponho não é uma socie-
dade isenta de regras — antes uma sociedade
em que as regras emanem de baixo para cima:
em geral, impostas pelos pares, com as autori-
dades presentes nos bastidores.
E nem se trata de um mundo apenas cons-
tituído por indivíduos. Há outros agentes: os
fornecedores de acesso à Internet, por exem-
plo, que cobram dinheiro aos seus clientes,
respondem pelo seu comportamento e tratam
dos aspectos mais técnicos da segurança da
Internet e da contenção do “spam”. Também os
produtores de “software” desempenham o seu
papel: eles precisam de tornar os seus produtos
mais seguros face a ameaças como os vírus ou
o correio electrónico não solicitado.
A regra básica é a transparência: precisa-
mos de saber com quem estamos a tratar e de
sermos capazes de tomar as medidas adequa-
das para nos protegermos. A Net responsável
será um sistema complexo de partes que inte-
ragem, onde os utilizadores respondem não
só perante uma qualquer autoridade central
mas perante as pessoas e as organizações que
possam vir a afectar.
Isso mantém a Internet de cada pessoa
numa dimensão suficientemente reduzida
para permitir a liberdade de escolha indivi-
dual mas, ao mesmo tempo, fazendo parte de
um todo suficientemente grande para acolher
regimes para os mais variados gostos. Na
medida em que as acções de uma comunidade
afectem outra, cada comunidade pode decidir
sobre a forma de interagir.
Para que isto funcione, precisamos da auto-
ridade do Estado nos bastidores, pronta a agir
judicialmente nos casos extremos de fraude e
de conduta danosa (bem como de crimes como
a apropriação de identidade, as violações da
legislação “antitrust” e outros crimes tradi-
cionais do “off-line”). Precisamos também de
uma arquitectura técnica robusta, com meios
eficientes para a autenticação dos utilizadores
sempre que necessário, de uma forte segurança
que dêem garantias no que respeita aos dados
e às comunicações, e de sistemas eficientes de
acompanhamento do que está a passar-se em
cada momento.
Realce-se que o direito ao anonimato e à
liberdade de expressão podem e devem ser
preservados, a par da liberdade de outras pes-
soas de ignorarem os que usarem dessa mesma
liberdade de expressão (e da obrigação das
autoridades de perseguirem os criminosos).
A regra de conduta é evitar toda e qualquer
pessoa ou coisa que possa não merecer a nossa
confiança — mas aceitar interlocutores positi-
vamente indiciados pelas pessoas em quem nós
confiamos. Tal como na vida real, isto traduzir-
se-á num círculo bastante amplo.
Vivemos num mundo complicado e, por
isso, não pode haver soluções simples. Mas
existe uma perspectiva simples: manter o
controlo local até onde seja possível, de modo
a que as pessoas possam cuidar de si próprias.
Dê-se-lhes ferramentas poderosas. Entenda-se
os papéis dos governos (a autoridade central)
e do mercado (a escolha individual), e que a
força maior reside entre as duas: uma socie-
dade onde as pessoas interagem umas com
as outras.
A maioria das pessoas, perante uma opção,
preferirão interagir de forma construtiva com
outras pessoas em quem confiem. Vamos,
pois, criar um mundo de responsabilidade a
um nível humano. “On-line” ou “off-line”, é um
objectivo que vale a pena. ●
Esther Dyson (edyson@edventure.com) é analista das TI,
edita o boletim “Release 1.0”, é presidente da EDventure
Holdings (organizadora do PC Forum) e foi, até Novembro
de 2000, presidente da Internet Corporation
for Assigned Names and Numbers (ICANN).
Exclusivo New York Times / PÚBLICO
 RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA PARECE SER ‘REALIT Y T V’ PARA MAIORIA DOS AMERICANOS

PIB cresce mas não gera emprego

nem mais rendimento
COLUNISTA PAUL Krugman afirmou, na sua Mas as conclusões deste economista coincidem total- “era dourada” dos anos 90. Ora nada pior face às nuvens de

O coluna no jornal diário “The New York Times”

publicada na passada terça-feira, que, para a
maioria dos norte-americanos, o actual cresci-
mento económico nos EUA se assemelharia a
uma realidade televisiva — “reality TV” —, sentida apenas
por terceiros. Segundo a agência Lusa, este professor de Eco-
nomia na Universidade de Princeton sustenta a sua afirma-
mente com a visão que as empresas fornecedoras de soluções
de tecnologias de informação têm da orientação estratégica
dos seus clientes: fazer mais com menos — seja investimento,
sejam recursos humanos, para além da racionalização e redu-
ção de custos em todas as suas áreas.
Quando os mercados financeiros norte-americanos
ainda mal começavam a recuperar do rebentar da “bolha”
estagnação (ou mesmo recessão) a nível mundial, agravada
no plano político-psicológico pela emergência do terrorismo a
uma nova escala. Daí que as empresas tenham optado por
uma estratégia em que os lucros apresentados têm não só que
exceder as expectativas como têm que ser consideráveis, de
forma a fazer subir de novo as suas cotações nas bolsas.
Daí que nenhum dos referidos fornecedores de tecno-
ção no facto de a melhoria conjuntural da economia dos EUA, das empresas da Internet, na segunda metade de 2002 logias de informação esqueça, de um modo ou de outro,
expressa pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), começaram surgir os primeiros indícios de irregularidades nas suas propostas de soluções que a consolidação e a
não se ter ainda traduzido na criação de emprego nem em (quando não mesmo de fraude) em dezenas e dezenas de racionalização dos sistemas de informação das empresas é
aumentos salariais. empresas cotadas nas principais praças dos EUA, pondo em indesligável da redução de custos com os seus empregados
Assim, à taxa anualizada de aumento do PIB de 8,2 por causa a credibilidade de um sistema constituíra a principal mais qualificados, a par de uma efectiva rendibilização do
cento no terceiro trimestre de 2003, corresponderam aumen- fonte de financiamento de milhares de empresas ao longo da seu trabalho. ● RUI JORGE CRUZ com Lusa
tos salariais, à mesma taxa anualizada, de apenas 0,8 por
cento. Dados mais recentes, acrescenta ainda Paul Krugman,
relativos ao conjunto de seis meses terminados em Novem-
bro, indicam progressões líquidas (deduzida a inflação) sala-
riais que não vão além dos 0,65 por cento.
Do lado do emprego, verificou-se em Agosto o início da cria-
ção líquida, ou seja, mais criação de postos de trabalho do que
despedimentos ou empregos que foram extintos. Desde então,
o ritmo mensal médio de criação de postos de trabalho tem sido
de 90 mil — montante bem inferior aos 225 mil mensalmente
criados durante a presidência de Bill Clinton e aos 150 mil de
que a economia precisa só para absorver a mão-de-obra que,
todos os anos, vai chegando ao mercado de trabalho.
Aqui, Paul Krugman questiona: se a economia regista
uma expansão mas não cria emprego e se os que produzem
mais recebem quase o mesmo, quem estará então a ganhar
com a expansão económica?
A resposta do economista remete para um aumento dos
lucros das empresas e, por arrastamento, dos dividendos
accionistas, após ressalvar a situação dos gestores — entre os
quais não faltam exemplos de maior preocupação em salva-
guardar os seus interesses que os das empresas que gerem ou
os dos respectivos accionistas e empregados.
No terceiro trimestre de 2003, concretiza Paul Krug-
man, os lucros empresariais terão aumentado a uma taxa
anualizada de 40 por cento. Desta forma, o economista da
Universidade de Princeton entende que “uma recuperação
que aumenta os lucros mas não os salários entrega o essen-
cial dos seus frutos a uma minoria, pequena e abastada”
— por outras palavras, que não contribui para o aumento dos
rendimentos da população empregada e, como tal, retarda a
retoma do consumo e do imobiliário.
A questão que, então, se coloca é a de “saber se é susten-
tável uma recuperação que faz tão pouco pela maioria dos
norte-americanos”, conclui Paul Krugman.

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S E G U N D A - F E I R A . 5 . J A N E I R O . 2 0 0 4 computadores .5
 virose
Um fim de ano calmo
Depois de a semana do Natal já ter sido
bastante calma na área dos vírus informáticos,
a da passagem de ano revelou-se ainda mais
sossegada. Talvez por causa da catadupa
de feriados e pontes, não se registou
o aparecimento de nenhum vírus
especialmente perigoso.
Nem mesmo os alertas coloridos
lançados pelos EUA e outros países a
propósito do fim de ano tiveram qualquer
correspondência ao nível informático — à
imagem do que também se passou no “mundo
real”…
Só nesta semana, com as empresas a voltarem
ao seu ritmo de trabalho usual — e, portanto,
também à utilização normal do correio
electrónico, saberemos ao certo se foram
ou não “libertadas” novas (e mais ou menos
perigosas) ameaças aos sistemas informáticos.
‘Worm’ do Messenger
Para já, resta assinalar, no capítulo dos vírus,
o surgimento de um “worm” que se propaga
através do MSN Messenger, o Jitux.A. Ele é
distribuído por meio de uma mensagem que
inclui uma ligação a um sítio da Net. Quando
o utilizador acede a esse sítio, é
descarregado um ficheiro com o
nome Jituxramon.exe, que é de
seguida executado. Este programa
instala o “worm” na memória e inicia um
processo de envio das mensagens com a
ligação para todos os contactos da lista do
Messenger com intervalos de poucos minutos.
O Jitux.A apresenta uma grande potencialidade
de propagação, dada a sua simplicidade, mas
não contém nenhuma capacidade destrutiva
em relação aos computadores infectados.
computadores .6
Lições para 2004
Se se quiser retirar algumas lições do
que sucedeu em 2003 em termos de vírus, elas
poderão resumir-se aos dois seguintes pontos
— isto para além de todos os utilizadores
deverem ter um sistema de protecção contra
os vírus permanentemente actualizado.
1. É fundamental manter os sistemas
actualizados em termos de segurança. Os
maiores ataques, e com piores consequências,
verificados no ano transacto deveram-se ao não
cumprimento desta regra. Mais: a persistência
de certos ataques ficou a dever-se à demora
de muitos administradores de segurança, nas
empresas, a actualizar os seus sistemas.
É bom não esquecer que um dos piores surtos
de “worms”, o de Agosto, não teve origem nas
S E G U N D A - F E I R A . 5 . J A N E I R O . 2 0 0 4
Dia 5
OS VÍRUS DA SEMANA
VBS/Irvine@MM | WM/Eraser.A:
Tw | WM/HELPER.F;G;H | AOS.A |
W97M/Jackal.A | JS/Gigger.a@MM
| W32/Supova.d.worm | W32/
Supova.e.worm | W32/Urick@MM
clássicas | W32/Supova.f.worm | W97M/
mensagens Alamat | W32/Winur.worm.a | W32/
Winur.worm.b | VBS/Aqui | VBS/
de correio Zync | VBS/Alphae | VBS/Count |
electrónico, X97M/Hopper.r | X97M/Anis
mas sim em
Dia 6
falhas de VBS/Aqui | W97M/Alamat |
segurança WM/KOMPU.A | WM/Eraser.A:Tw |
do Windows, WM/Helper.C;D;E
que eram Dia 7
exploradas WM/Alliance.A | WM/
através de ataques Eraser.A:Tw | WM/ERASER.H
| W32/Supova.f.worm |
directos aos W32/Supova.e.worm | W32/
computadores Supova.d.worm | W97M/Alamat |
(através da Internet) sem VBS/Aqui
a “mediação” dos “mails”. Dia 8
Resta-nos esperar que VBS/Aqui | W97M/Tolu | W97M/
a Microsoft, para Alamat | VBS/Valentin@MM |
VBS/San@M | WM/Eraser.A:Tw |
além de melhorar WM/KOMPU.A
a qualidade dos
seus produtos nesta Dia 9
Acid.A (intended) | WM/Eraser.A:
área, consiga finalmente Tw | W97M/Jackal.A | TRASHER.D
criar um sistema expedito de | W97M/Alamat | VBS/Alphae |
actualizações. VBS/Inself | VBS/Aqui
2. Por mais sistemas de segurança que se tenha, Dia 10
há que ser bastante selectivo e cuidadoso na VBS/Aqui | VBS/Zync |
“abertura” das mensagens recebidas, mesmo W97M/Alamat | VBS/Count
| VBS/Baracu.A@mm |
que provenham de endereços conhecidos. Isto W97M/Alina.a@mm | W97M/
porque se generalizou a utilização da chamada Melissa.ao@mm | VBS/Loveletter.ar
“engenharia social” na criação de mensagens | W97M/Hope.p | X97M/Anis |
X97M/Hopper.r | WM/Helper.B
atractivas, que induzem os utilizadores a | VBS/Godzilla@M | AOS.A |
abrir os ficheiros anexos ou mesmo a aceder WM/Helper.A;B | WM/Eraser.A:Tw |
a sítios na Net; quer porque têm conteúdos JS/Gigger.a@MM | W32/Urick@MM
| W97M/Nono.A
alegadamente atractivos ou polémicos (desde
imagens românticas ou pornográficas, até Dia 11
imagens de guerras e catástrofes), ou porque WM/CVCK1.A | W97M/Bablas.aj |
WM/Eraser.A:Tw | WM/Alliance.A |
pretendem ser programas de protecção WM/MERCY.B | WM/JUNKFACE.A;B
contra vírus ou de resolução de problemas de | W97M/AntiSocial.e | W97M/
segurança. ● JOSÉ DOUTIL Alamat | W32/Blurt@MM |
VBS/Aqui
 A NOVA GAMA DE TELEMÓVEIS DA MOTOROLA PARA O PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2004
O GPRS para alguns
MOTOROLA
com o UMTS ao fundo
apresentou há
A
pouco mais de um mês cerca
de uma dezena de novos mode-
los de telemóveis, alguns dos
quais chegaram ás lojas ainda
a tempo do Natal. Assumindo o objectivo
de consolidar a segunda posição entre
os fabricantes de telemóveis no
mercado português, a Motorola
prossegue, na Europa Ociden-
tal, o propósito de alcançar um
desenvolvimento comercial sus-
tentado, no dizer de Mário Sera-
fim, director-geral da subsidiária
portuguesa da empresa.
Nesse sentido, a Motorola está
atenta aos factores que poderão
proporcionar-lhe essa evolução,
em particular os trunfos que
terá de jogar para tirar partido
do chamado “mercado de substi-
tuição” — ou seja, das vendas não
só de novos modelos de telemóveis
para a norma GSM mas também para
o GPRS (interessante sobretudo pelo ser-
viço de dados mas ainda restrito ao uni-
verso empresarial e profissional) e para o
UMTS, a tão cantada terceira geração de
telecomunicações móveis — 3G —, cujo
arranque está agora previsto
para Portugal no segundo
semestre do ano que ora come-
çou (ver artigo na pág. 3).
A actuação da Motorola
no ano 2003 em Portugal e na
Europa foi classificada pelos
responsáveis da empresa como
de “postura cautelosa” — mais
concretamente, apostou no
crescimento da sua quota de
mercado mas sem prescindir
da rendibilidade (numa clara
alusão aos concorrentes que
apostaram nos preços baixos) em
toda a gama. E, ao que parece, o
mercado europeu ocidental cor-
respondeu acima das expectativas,
pois a Motorola ter-se-á defrontado com
dificuldades em satisfazer a procura efec-
tivamente verificada.
Em 2004, segundo Mário Serafim, a
Motorola oferecerá ao mercado europeu,
ao todo, cerca de três dezenas de novos
modelos de telemóveis para todas as
normas — incluindo o UMTS — e para
todos os sistemas operativos (Smar-
tphone, da Microsoft, Symbian, Linux e
Java). Mas os responsáveis da Motorola
sublinham que o mercado português se
OPERADORAS PREPARARAM-SE PARA O GRANDE FLUXO DE MENSAGENS CURTAS E MMS
Portugueses enviam 146 milhões de SMS no Ano Novo
S OPERADORES móveis portu-
O gueses, a TMN, a Vodafone
e a Optimus, registaram
mais de 146 milhões de
mensagens curtas escritas
(o chamado SMS) processadas entre 31
de Dezembro e 1 de Janeiro — de acordo
com os dados divulgados na passada
sexta-feira pelas três empresas.
O número de SMS processadas —
inclui mensagens recebidas e enviadas,
mensagens de aviso de correio de voz e
notificações — pela TMN, a empresa líder
tem mostrado cada vez mais sensível ao
preço dos telemóveis: em 2003, dois terços
das vendas de terminais situaram-se nos
modelos com preços abaixo dos 124 euros.
No entanto, se se olhar com ligeireza
para os números divulgados na passada
semana pela Autoridade Nacional de
Comunicações (Anacom), a situa-
ção seria do melhor dos mundos:
9 milhões de telemóveis activos,
quase um terminal por cada
português — criancinhas de colo
incluídas.
Com efeito, segundo a
Anacom, no final de Setembro,
haveria “quase nove milhões”
de contas de telemóvel activas.
Do segundo para o terceiro
trimestre deste ano, a enti-
dade reguladora das
telecomunicações terá
registado 330 mil
novos assinantes do
serviço móvel ter-
restre, o que significará
um aumento de 3,8 por
cento. Com tais núme-
ros, a taxa de penetração
já terá superado a média
europeia e situar-se-ia
actualmente nos 86 por cento.
Mas os números da Anacom não
iludem as limitações das dispo-
nibilidades financeiras dos por-
tugueses: mais de 77 por cento
dos subscritores são clientes de
serviços pré-pagos.
Ainda segundo a Anacom,
no período em análise, as
redes móveis terão originado
algo como 1500 milhões de
chamadas e 2600 milhões
de minutos de ligação,
mais 4 por cento que no
trimestre anterior. Cerca
de 66 por cento das cha-
madas foram feitas no seio da
mesma rede móvel, 21 por cento
entre redes diferentes, 9 por cento
para a rede fixa e 4 por cento para
redes internacionais — de novo
um padrão de uso intenso mas a
reflectir uma contenção nos custos
de tal uso.
Daí que a Motorola, não cedendo à
guerra de preços, contemple um modelo
para as bolsas mais carecidas: o C200
— um telemóvel só para GSM com ecrã
monocromático (o único) mas com três
do mercado móvel, foi de 72 milhões.
Os clientes da operadora enviaram 19,5
milhões de mensagens, entre 31 de Dezem-
bro e 1 de Janeiro, o que representa mais
24 por cento que no ano passado. O pico no
envio de mensagens na TMN foi atingido
entre as 19h00 e as 00h00 do dia 31 de
Dezembro. “Apesar do acentuado acréscimo
de tráfego, o processamento dos SMS e dos
MMS [mensagens multimédia] na rede da
TMN foi efectuado com toda a normalidade,
não se registando quaisquer constrangimen-
tos”, adiantou a operadora em comunicado.
S E G U N D A - F E I R A . 5 . J A N E I R O .
jogos, bateria de iões de lítio e algumas
funções básicas, como o despertador e o
envio de SMS para até dez
números simultanea-
mente — custará apenas
75 euros mais IVA.
Entre os dez
novos telemóveis
anunciados, segue-se
os C350 e o C450. O pri-
meiro é um terminal “dual
band” para GSM e também
para GPRS, custa pouco mais
de uma centena de euros e a
principal diferença face ao
C450 é que este último
dispõe de recursos para as
mensagens multimédia
(MMS), cujo preço já
saltará para os 150
euros.
O Motorola
C550, além do GSM
“dual band” e do GPRS,
disporá da possibilidade
para tirar partido da norma
WAP, a primeira a trazer o
universo da Internet até aos tele-
móveis. Equipado com câmara para
captação de imagens e posterior
intercâmbio, o C550 custa acima
dos 200 euros.
Sozinho na linha E, surge o
Motorola E365, com GSM “dual
band”, GPRS e WAP 2.0
(e recursos para MMS,
obviamente) mas
dotado de um ecrã de
maiores dimensões — 128 x
169 mm — e câmara de vídeo
com resolução VGA (640 x 480
pixels). Tudo isto mais os 2 MB
de memória disponível para
armazenar mensagens,
imagens e o mais que se
queira atiram com o preço
deste modelo para a ordem
dos 260 euros.
Segue-se, na actual
gama da Motorola, a linha
V — caracterizada pelo
formato de concha bivalve,
ao contrário do “form factor”
mais convencional das até aqui
referidas —, que começa no V150. O
invólucro é semelhante ao do anterior
modelo V50, que parece ter tido grande
adesão, e dispõe de GSM “dual band”
mais GPRS. Já o V300 tem GSM “tri-
A Vodafone registou 36 milhões de SMS
processados, com maior fluxo entre as 19h00
e as 20h00 de 31 de Dezembro e as 00h00 e a
1h00 do dia 1 de Janeiro. “Antecipando um
crescimento significativo no número de cha-
madas e de mensagens no período de Natal
e Fim de Ano, a Vodafone reforçara a sua
capacidade de processamento de chamadas
(em especial, nos grandes centros urbanos) e
a capacidade das suas plataformas de trans-
missão de mensagens escritas (SMS) e men-
sagens multimédia (MMS)”, divulgaram os
responsáveis da empresa.
2 0 0 4
band” (que permite usá-lo no Japão e
nalgumas áreas dos EUA), GPRS, ecrã
maior e MMS, câmara com “zoom” de
três vezes, função de alta-voz e 5 MB
de memória — tudo por um preço pre-
visto na ordem dos 325 euros, já que
a disponibilidade se antevia só para
fins de Dezembro ou mesmo já em
Janeiro.
O V525 — um exclusivo
assegurado pelo opera-
dor Vodafone Telecel
— brilha pelo GSM
“quadri-band” e GPRS,
Bluetooth para uso de
periféricos (como os auri-
culares ou os “kits” sem
mãos para os automóveis) e
uma câmara com “zoom” de 4x.
Já o V600 estará ao alcance dos uti-
lizadores que sejam clientes dos outros
operadores de telecomunicações
mas por um preço (cerca de 330
euros) que é quase o dobro do
que pagarão os da Vodafone.
Quem o quiser adquirir à
margem de qualquer operador
pagará cerca de 450 euros pelo
GSM “quadri-band” e GPRS
“dual band”, possibilidade de
exibir sequências de imagens,
5 MB para armazenamento e
luzes configuráveis para situa-
ções distintas.
A coroar toda esta série de
modelos, ficará o MPx200, com
dimensões e peso algo supe-
riores ao do V600 mas com um
ecrã com as mesmas dimensões (176 x
220 pixels) e mais de 65 mil cores, base-
ado no Smartphone, o sistema
operativo da Microsoft derivado
do Windows CE e destinado aos
telemóveis. O MPx200 é um
terminal GSM “tri-band” (900,
1800 e 1900 MHz) e também
GPRS mas não traz câmara
fotográfica (em opção) por ela
não constituir um requisito
dos utilizadores profissionais
determinar uma redução acen-
tuada do tempo de autonomia
da bateria de iões de lítio.
Disponível no retalho lá
para meados do ano, estará o
A835, o modelo da Motorola para a
“guerra” do UMTS que se anuncia para
a segunda metade de 2004 (ver artigo na
pág. 3). ● RUI JORGE CRUZ
A Optimus revelou que processou 38
milhões de SMS, dos quais 12 milhões foram
enviadas pelos clientes da operadora da Sona-
ecom — valor que representa um crescimento
de 33 por cento face a igual período de 2002. O
pico de tráfego na Optimus registou-se entre
as 18h00 e as 19h00 do dia 31 de Dezembro.
Nas comunicações por voz, o pico do tráfego
teve lugar entre as 00h00 e a 1h00.
Todas as operadoras indicaram que se
haviam preparado antecipadamente para
enfrentar o grande acréscimo de tráfego que
se previa para esta época. ●
computadores .7
 WEBMANIA

M undos novos, tranformações nas

noções de espaço e de tempo. Plane-
tas desconhecidos, seres diferentes. Máqui-
nas do sonho, inimagináveis feitos verdade
em histórias fantásticas. O mundo da ficção

O BEIJO
científica traduz o poder da imaginação e do
arrojo, destrói os limites forçados da nossa
realidade. Esta força fascina e deslumbra
muita gente. Criam-se mundos com palavras
novas e ilustrações com sentido próprio. Tra-
balhos de autor. A Association of Science
Fiction & Fantasy Artists é uma organização
que alega ter por fim facilitar e promover a
comunicação entre todos os envolvidos na
criação destes materiais e os ainda apenas fascinados — artistas plásticos, produtores e amantes
desta arte. Esta é a sua página na Web e, quem sabe, nela talvez se possa encontrar novas dimen-
sões, novos seres, cores e formas nunca vistas. ● mulher.aranha@publico.pt
www.asfa-art.org

W
WEBBMMAANNI IAA
www.cancioneros.com www.nmwa.org www.enfants-du-net.org www.harmonicalessons.com

O National Museum of Women in

the Arts reclama-se o único museu H á feitios e feitios. E ou se tem queda
ou não dá mesmo e não vale a pena

T rova: palavra que, na Idade Média,

designava a composição poética
acompanhada de música. Cantigas,
em suma. Pela pluma e pelos dedos
dos cancioneiros, muitas trovas se
criaram e são criadas ainda hoje.
Nesta página, dá-se conta de uma
recolha incrível
de repertórios de
autores e artistas
do nosso tempo,
devidamente
apetrechados das
respectivas letras.
Bem mais tangível que o da ficção
científica, este mundo da trova não
fica atrás no que respeita ao fascí-
nio que provoca e à paixão que faz
brotar nos apreciadores do género.
São gostos e versos e quadras… ●
do mundo exclusivamente dedicado à
contribuição do sexo feminino para as
artes. Localizado em Washington D.C., a
capital federal dos EUA, resultou inicial-
mente do esforço de um par durante
mais de duas décadas. Numa altura em
que os teóricos e historiadores da arte
ainda discutiam a subrepresentação e
atenção prestada aos trabalhos artís-
ticos das mulheres, já se acumulava
uma colecção considerável na mão dos
Holladay. No início da década de 80 do
século passado, surge assim a primeira
exposição desse espólio e a criação
desta instituição dedicada à dignifica-
ção e projecção das obras das mulheres
no contexto das artes. ●
‘
Les enfants du net”. Hoje, na nossa
sociedade, são cada vez mais as
crianças que têm um acesso livre e facili-
tado à magia da Internet. Sem fronteiras,
tanto pode ser um abismo como um
passeio alegre, gratificante e pedagógico.
Este é mais um dos sítios feitos a pensar
nelas. A capacidade de compreensão e
explicativa dos mais pequenos é posta
à prova através de várias experiências e
jogos, desafios de leitura e produção de
ideias. Mais um espaço colorido à espera
da sua curiosidade! ●
insistir muito. Quantos de nós já decidi-
mos, pelo menos uma vez na nossa
vida, aprender a tocar um instrumento?
Devemos ser aos milhares e milhares
neste rectângulo. Projectos falhados
também devemos ser sensivelmente
os mesmos milhares e milhares. Aulas
de guitarra em cassetes, em colecções
de 1500 fascículos todas as semanas
nas bancas, sessões de tortura colectiva
com os primos e os amigos nas férias de
Verão. Famí-
lias inteiras
extremamente
voluntario-
sas mas que
se tornam
“surdas” ao
cabo de
uma década de tentativas diárias num
violino lá em casa. Mas há mesmo que
encorajar, apesar dos danos colaterais.
De quando em quando, felizmente,
surge a excepção que vem confirmar
a regra! E aí está a Internet a dar a sua
contribuição, desta feita com aulas e
conselhos para tocar harmónica! Se é

www.harpad.com.sapo.pt

O fenómeno da Web encurtou o espaço que nos separa a todos os que a

ela temos acesso. Quase tudo passou a estar ao alcance dos olhos alheios,
exposto, à distância de um toque. A vida ficou mais fácil mas também os interes-
ses mais dispersos. Cada um de nós passou a poder optar por assinalar a presença
ou participar anónimo. Muitos escolheram partilhar as suas experiências, preocu-
pações e paixões através de páginas pessoais, fóruns de discussão, blogues e
outras fórmulas. Esperando contribuir para alguma coisa ou apenas desejando o
prazer da partilha, uma infinidade de páginas pessoais inunda a Internet. Esta é
mais uma em português: um projecto simples, tão simples, ainda tão pobre e já
tão rico. Um incentivo para todos os potenciais autores! Força, Harpad! ●

computadores .8 S E G U N D A - F E I R A . 5 . J A N E I R O . 2 0 0 4
 BOLLY WOOD PASSOU A DISPONIBILIZAR FILMES ATRAVÉS DO ‘SITE’ K AAZA
A Hollywood indiana
adere à Internet
ESTÚDIOS cinematográ-
O
S que implica editar o Registry do Windows. De
ficos indianos estão a
proporcionar cópias dos
seus filmes através da
Internet, assumindo uma
iniciativa que poderá fazer baixar
os preços mas também aumentar as
receitas de Bollywood, o centro de pro-
dução mais prolífico do mundo. O sítio
da Web escolhido foi o Kaaza — que
disponibiliza um “software” concebido
para a partilha distribuída de fichei-
ros na Net — com o mesmo nome e,
segundo a Sharman Networks Ltd.,
a empresa australiana detentora do
Kaaza, são já cerca de 35 os produ-
tores que passarão a “alugar” os seus
filmes também através de “download”
da Internet, mas para um único visio-
namento.
“Graças ao acordo celebrado
entre a Altnet, um dos parceiros
da Sharman Inc., e o IndiaFM.com,
um dos mais concorri-
dos ‘sites’ de lazer de N A R AYA N A N
Bollywood, os cerca de 60 M A D H AVA N *
milhões de utilizadores do
Kaaza em todo o mundo passarão a
ter acesso a conteúdos que até agora
não estavam disponíveis”, pôde ler-
se no anúncio tornado público pela
Sharman Networks Ltd. Entre os
clientes do IndiaFM.com contam-
se a Mukta Arts, controlada pelo
realizador Subhash Ghai, e a Tata
Infomedia Ltd.
Esta iniciativa da indústria
cinematográfica indiana começou
a concretizar-se no passado mês de
Novembro, quando passou a estar dis-
ponível para cópia no sítio do Kaaza
o filme “Supari” (algo como “Um
Contrato para Matar”), um “thril-
ler” imaginativo, por 2,99 dólares. O
ficheiro, para além de não poder ser
copiado, estava programado para se
autodestruir quando o visionamento
chegasse ao fim.
“Foi para mim muito importante
tornar-me o primeiro a fazê-lo num
sector que, até agora, ou tem ignorado
a Internet ou não lhe tem prestado
a devida atenção”, declarou Meenu
Kumar, o produtor executivo do filme
“Supari”.
O cinema Hindi, de Bombaim,
domina a indústria cinematográfica
da Índia, que debita cerca de um
milhar de filmes em cada ano. Mas,
dos mil milhões de indianos, apenas
cerca de 10 milhões são utilizadores
da Internet. Mas, se se contar com
os 20 milhões de indianos que resi-
dem fora do país, a
Internet poderá em
breve transformar-se
na mais recheada das
bilheteiras para Bollywood.
“O presente acordo significa que
os produtores de Bollywood passam
a poder distribuir ‘on-line’ os seus
filmes, músicas e outros ficheiros ricos
em conteúdos cuja grande dimensão
tornariam demasiado dispendioso o
seu alojamento num sítio convencio-
nal da Web”, diz ainda a Sharman
Networks Ltd.
Um jogo de longo prazo
“Estamos a começar com conteúdos
promocionais mas está em marcha
um processo que permitirá, neste
novo ano, disponibilizar filmes e
músicas numa de ‘pagar para ver’”,
afirmou à Reuters Saleem Mobhani,
um dos fundadores do IndiaFM.com,
que pertence à empresa Virtual
Marketing India Pvt Ltd.
Os responsáveis da indústria
cinematográfica indiana não estão a
contar com uma rápida progressão
das receitas mas estão convencidos
de que, na Índia, existe um grande
poytewncial a longo prazo, pois os
contratos de distribuição de filmes no
país são celebrados na base de direitos
para cada área do território — e rara-
mente o sendo para um estado inteiro
—, sendo vendidos separadamente os
S E G U N D A - F E I R A . 5 . J A N E I R O . 2 0 0 4
direitos para a difusão televisiva e a
edição em DVD.
“Não tardará que a Internet
venha a constituir um território
em si mesma”, embora isso venha
a suceder à custa das vendas de
filmes em DVD, disse Meenu Kumar,
que acrescentou: “Mais do que uma
maior eficiência ao nível dos custos,
[a oferta de filmes pela Internet]
será de grande conveniência para os
indianos residentes no estrangeiro. E
eu penso sinceramente que isso irá
contrariar a pirataria.”
A Hollywood norte-americana,
por seu lado, tem vindo a mostrar
lentidão na aceitação dos “downloads”
de filmes, encarando a Internet como
uma ameaça ao seu actual modelo de
receitas. O Kaaza tem sido enfrentado
as críticas e a oposição da indústria
cinematográfica norte-americana
mas os seus responsáveis mostram-se
confiantes em que uma distribuição
segura através da Internet possa ser
fiável e legal.
Um inquérito realizado pelo
Informa Media Group, do Reino
Unido, revelou que, lá para 2010, as
vendas de filmes através da Inter-
net poderão ascender a mais de
800 milhões de dólares por ano. O
mesmo estudo assinala, no entanto,
que as cópias ilegais de filmes estão
já a custar à indústria algo como 92
milhões de dólares anuais em receitas
perdidas.
* correspondente da Reuters em Bangalore,
considerado o Silicon Valley da Índia
dica
Remover manualmente
o Outlook Express no Windows 2000
Se não se pretende utilizar o Outlook Express
— porque se instalou o Microsoft Office com o
Outlook, por exemplo, ou se é preciso reinstalá-lo
—, é necessário remover o programa do sistema.
Muitas das aplicações incluídas no Windows
2000 podem ser adicionadas e removidas através
do Control Panel, mas tal método não pode ser
utilizado com o Outlook Express. Para remover
este programa, há que fazê-lo manualmente, o
modo a salvaguardar a integridade deste, deve-
se primeiro fazer uma cópia de segurança do
ficheiro. Também é importante não esquecer de
fazer “backups” da informação contida no próprio
Outlook Express.
O primeiro passo a executar é, no Windows
Explorer, ir às opções de visualização das pastas
— Tools/Folder Options/View/Advanced Settings
— e activar Show Hidden Files and Folders.
A seguir, altera-se o nome das seguintes pastas
acrescentando “_old” no fim de cada:
C:Program FilesCommon FilesMicrosoft
SharedStationery
C:Documents and SettingsusernameApplication
DataIdentities
C:Documents and SettingsusernameLocal
SettingsApplication
DataIdentities
C:Documents and SettingsusernameApplication
DataMicrosoftAddress Book
C:Documents and SettingsusernameLocal
SettingsApplication DataAddress Book
Depois, abre-se o Registry Editor (Start/Run/
Registry) e apaga-se as seguintes chaves (ver
imagem):
HKEY_LOCAL_MACHINESoftwareMicrosoftOutlo
ok Express
HKEY_LOCAL_MACHINESoftwareMicrosoftWAB
HKEY_CURRENT_USERIdentities
HKEY_CURRENT_USERSoftwareMicrosoftOutlook
Express
HKEY_CURRENT_USERSoftwareMicrosoftWAB
HKEY_LOCAL_MACHINE SoftwareMicrosoftActive
SetupInstalled
Components{44BBA840-CC51-11CF-AAFA-
00AA00B6015C}
HKEY_LOCAL_MACHINE SoftwareMicrosoftActive
SetupInstalled
Components{7790769C-0471-11D2-AF11-
00C04FA35D02}
Por fim, procuram-se os seguintes ficheiros
— de que existem duas cópias de cada
em sítios diferentes — e altera-se-lhes o
nome acrescentando “_old” no fim de cada:
Inetcomm.dll, Msoeacct.dll, Msoert2.dll,
Msoe.dll, Msoeres.dll, Msimn.exe, Oeimport.dll,
Oemiglib.dll, Oemig50.exe, Setup50.exe,
Wab.exe, Wabfind.dll, Wabimp.dll, Wabmig.exe,
Csapi3t1.dll, Directdb.dll, Wab32.dll e
Wab32res.dll.
O Windows fará, então, aparecer um aviso sobre a
protecção dos ficheiros. Quando o sistema pedir
para o utilizador inserir o CD do Windows 2000,
carrega-se em Cancel e depois em Yes quando é
perguntado se se pretende manter as versões dos
ficheiros.
Depois de alterar o nome todos os ficheiros, basta
reiniciar o computador. ● JOSÉ DOUTIL
computadores .9
 agenda classificados
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Com ligação USB; dimensões
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1100; Scanner HP 3200
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2001@iol.pt
 FICHA S H A R E WA R E
OPENOFFICE.ORG

Uma alternativa ao Office

Editor
da Microsoft
MICROSOFT OFFICE assu-

Rui Jorge Cruz
Redactores, colaboradores
e cronistas
Ana Gerschenfeld, Ana Machado,
André Ruivo, António Granado,
Casa dos Bits, Fernando Santos,
Helena Viegas, Henrique Carreiro,
Henrique Saias, Isabel Gorjão
Santos, João Cruz, José Antunes,
José Doutil, Luís Félix, Miguel
Crespo, Nuno Bernardo, Paulo
Almeida, Pedro Fonseca, Rita
Cruz, Rita Hasse Ferreira
Secretariado
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para escolas e instituições de
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especiais para Macau, Timor, São
Tomé e Guiné. Os preços incluem
IVA à taxa legal em vigor.
O
miu-se, nos últimos
anos, como o conjunto
de ferramentas de
produtividade para
computadores pessoais mais usadas.
O Word, o Excel e o PowerPoint tor-
naram-se aplicações tão populares
que se confundem com a própria
categoria em que se inserem. É mais
natural ouvir-se a expressão “Vou
escrever um documento no Word” do
que “Vou escrever um documento no
editor de texto”. O Microsoft Office
inclui ainda o Access e o Outlook,
que também se tornaram aplicações
líderes nas suas categorias. Em
poucos anos, a Microsoft destronou
programas que antes eram líderes
de mercado e instituiu os seus pro-
dutos como normas.
Mas este domínio da Microsoft
tem vantagens e desvantagens.
Por um lado, torna-se cómodo para
o utilizador, porque usufruem de
aplicações normalizadas, compatí-
veis entre si e com outros sistemas;
mas, por outro, esta quase ausência
de concorrência significa um preço
alto para usufruir de toda uma
panóplia de funcionalidades e ferra-
mentas — que possivelmente nunca
se chegará a usar na totalidade. Por
isso, algumas empresas têm desen-
volvido ferramentas alternativas às
do Microsoft Office, que tentam ofe-
recer as mesmas funções e o mesmo
nível de compatibilidade por um
preço inferior.
O OpenOffice.org — projecto
desenvolvido por uma legião de pro-
gramadores espalhados pelos quatro
cantos do mundo, ligados apenas pela
Internet — segue as normas do código
aberto e proporciona gratuitamente
uma aplicação similar ao pacote da
Microsoft. O OpenOffice.org nasceu
com a aquisição, pela Sun Microsys-
tems, da empresa
alemã StarOffice, que NUNO BERNARDO
produzia um pacote de
aplicações com o mesmo nome e que
era bastante popular entre os utiliza- voluntários da CollabNet e utili-
dores do sistema operativo Linux.
Por isso, não é de estranhar que o concorrente ao Microsoft Office.
OpenOffice.org seja muito idêntico ao
StarOffice — sendo algum código do
OpenOffice.org herdado do StarOffice
— e que esteja disponível simultane-
amente para diversas plataformas,
desde os PC com diferentes versões
do Windows até às diferentes versões
de Linux e Unix, passando pelos
Macintosh.
O OpenOffice.org, com mais de
7,5 milhões de linhas de código, é
o resultado de mais de 18 meses
de colaboração entre
membros da comuni-
dade OpenOffice.org,
que envolveu empregados da Sun,
zadores finais na criação de um sério
Sendo um completo pacote de
produtividade de escritório, com um
ambiente de trabalho semelhante ao
de outros pacotes de produtividade
“proprietários”, o OpenOffice.org
contempla as aplicações-chave, como
o processador de texto, a folha de
cálculo, o gestor de apresentações,
programa de desenho, editores de
fórmulas, bem como dicionários para
diversos idiomas, onde se inclui o por-
tuguês. O programa trabalha de forma
completamente transparente com
uma grande variedade de formatos de
ficheiros, permitindo aos utilizadores
trocarem com colegas ou familiares
que usem outros produtos, como o
Microsoft Office ou o StarOffice.
Nas funcionalidades, o OpenOffice.
org inclui quase todas — se não todas
— as ferramentas de comandos que
estamos habituados a encontrar
nas aplicações da Microsoft. Mas,
nalguns casos, encontramos funções
não incluídas na concorrência, como
o módulo de criação de ficheiros em
formato PDF a partir de qualquer
aplicação do OpenOffice.org. Isto
permite ao utilizador transformar
os seus documentos pessoais — em
formato de texto ou de apresentação
— em ficheiros de Acrobat, que pode-
rão ser disponibilizados na Internet,
em páginas da Web ou distribuídos
através do E-mail.
Uma das boas notícias para os
utilizadores lusos é que o programa
inclui, de raiz, dicionários e correctores
ortográficos em português, permitindo
a revisão dos textos. Por outro lado,
o editor de texto poderá ler ficheiros
criados em qualquer das versões do
Microsoft Word, ou seja, poderá abrir
no seu PC doméstico ficheiros criados
no escritório durante o dia.
O OpenOffice.org Calc oferece as
funcionalidades básicas de uma folha
de cálculo, permitindo a criação de grá-
ficos a partir de valores presentes nas
diferentes tabelas. Os ficheiros criados
poderão ser lidos mais tarde no Excel,
bem como documentos criados no
produto da Microsoft poderão ser aqui
lidos e trabalhados. No pacote, pode-
mos ainda encontrar a Presentation
Tool, um equivalente ao PowerPoint
mas com a particularidade de expor-
tar o resultado final em documentos
de HTML ou em animações de Flash,
para além de formatos compatíveis
com o produto da Microsoft. Desta
forma, uma apresentação criada
dentro da ferramenta, poderá, sem
qualquer tipo de conversão, ser usada
numa apresentação em grande ecrã,
ao mesmo que tempo que publicada
na World Wide Web.
No pacote, há outras ferramen-
tas, como um programa que permite
a criação de gráficos e diagramas, e um
módulo que facilita a integração das
aplicações e documentos com bases de
dados — como o motor MySQL, distri-
buído gratuitamente e muito popular
junto da comunidade do Linux.
Pelas suas características e
funcionalidades — que, em muitos
dos casos, ultrapassam as oferecidas
pelo produto da Microsoft — mas em
especial por ser gratuito, recomenda-
se vivamente uma análise mais
detalhada do OpenOffice.org ( http:
//www.openoffice.org ). O programa
poderá ser copiado gratuitamente da
Web (embora sejam quase 100 MB)
ou encontrado em muitos dos CD-
ROM que acompanham as revistas
de informática. ●

computadores .11 S E G U N D A - F E I R A . 5 . J A N E I R O . 2 0 0 4
 JOGOS

‘ WRC3’, ‘FORD RACING 2’ E ‘FREEST YLE METAL X’

Acelerar com realismo

AZER UM JOGO de corridas sem licen-

F
Título “WRC 3”
ças é quase como fazer um bolo sem Estilo Corridas 8 /10
açúcar. Os jogadores querem correr Plataforma PS2
com os carros reais, nos rális reais,
Produto Sony
usando o nome do seu piloto favo-
rito e competindo contra os outros campeões Distribuidor Lusomundo
da actualidade. Daí que os jogos de corridas Edição Novembro 2003
sejam, cada vez mais, um desfilar de licenças.
De todos, aqueles que mais se parecem com a Título “Ford Racing 2”
vida real são os que reproduzem os campeonatos
mundiais de Fórmula 1 e de rális. Quanto a este
Estilo Corridas 7 /10

último, o “WRC” (“World Rally Champioship”), Plataforma PS2, PC

acaba de sair a terceira versão digital. Exclusivo Produtor empire
da PlayStation 2, “WRC 3” continua a trilhar Distribuidor Inforjogos
o caminho de se aproximar do equilíbrio entre Edição Novembro 2003
simulação e jogabilidade que fizeram da saga
“Colin McRae Rally” a referência entre os simu-
ladores desta especialidade automóvel. Título “Freestyle Metal X”
Se o primeiro era muito de arcada, a edição Estilo Acção-corridas 6 /10

de 2002 já se aproximava bastante da referên- Plataforma PS2

cia. O “WRC” de 2003 é já um jogo muito bom,
graficamente avançado, com excelente som,
fluidez assinalável e ainda uma jogabilidade
muito acima da média. Para quem gosta de
simuladores, ainda falta qualquer coisa, já que
a física dos carros continua a denotar uma ten-
dência “flutuante” (dificuldade em agarrarem-se
à estrada, quer seja de asfalto, gravilha, terra,
lama ou neve) e não por falta de aderência mas
de ligação entre a física do carro e o cenário.
Mesmo assim, a experiência é compensa-
dora e dá prazer conduzir em “WRC 3”. Outro
investimento foi feito nos modos de jogo, que
cobrem o indispensável: o jogo a quatro em Time
Trial, Single Race ou, claro, campeonato. Este
passa por todas as etapas do Mundial de 2003,
permitindo ir desde o desafio de
Monte Carlo às neves da Suécia, MIGUEL
aos mil saltos da Finlândia, aos
estradões de terra e pedras abrasadores da
Grécia ou Chipre, o asfalto da Córsega, San
Remo ou Catalunha. No total, 14 rális e 125
troços, com grande variedade e longevidade.
Em dificuldade, “WRC 3” é também bas-
tante equilibrado, pois as várias graduações
estão bem conseguidas, de forma a agradar
desde aos iniciantes até aos profissionais destes
jogos de corridas. Para acrescentar emoção e
não ter apenas os sete carros oficiais de 2003, o
jogo integra carros de ráli de sonho, “concepts”
imaginados pelos técnicos das próprias equipas
de propósito para o jogo. A que se acrescenta
— é bom não esquecer — as licenças de todos os
intervenientes no Mundial de Rális, à excepção
de Colin McRae, que tem o seu nome licenciado
para um jogo próprio (com o mérito de apro-
veitar bem a ligação à realidade, o que nem
sempre acontece quando há um nome sonante
a “vender” o jogo).
Há ainda um pormenor, que é bastante mais
do que isso: o jogo ser totalmente em português,
tanto na interface como nas locuções do navega-
dor, o que pode ser fundamental para um público
mais alargado e uma vantagem
CRESPO indiscutível perante a concorrên-
cia (e não apenas nos simuladores
de rális). Em suma, “WRC 3” é um jogo que os fãs
do campeonato terão prazer a jogar e uma opção
válida para quem tiver de fazer opções.
Para os fãs de corridas, destaca-se uma das
melhores surpresas de 2003: “Ford Racing 2”.
Disponível para PS2 e PC e baseado nos carros
do construtor americano (ou, melhor, nos carros
americanos do construtor, já que os Kas, Fiesta,
Mondeo, Galaxy e afins ficaram de fora) está
muitos pontos acima do original, lançado já há
um bom par de anos, e é uma boa alternativa a
outras propostas patrocinadas por uma marca
ou mesmo genéricos. Conjugando as corridas em
circuito com o “offroad” (nos EUA, vendem-se
mais “pickups” que carros e a Ford tem uma
gama completa deles), demonstra muito bom
equilíbrio entre a faceta de simulação e a de
arcada.
Os carros estão bem modelados (como seria
de esperar, tendo em conta a licença) e não
sofrem danos — nenhum construtor gosta de
ver os seus carros destruídos —, as pistas são
interessantes, em especial os circuitos, e permite
conduzir à séria, obrigando o jogador a saber a
técnica. Mesmo assim, o modo mais fácil é aces-
sível a todos. Os carros dividem-se em várias
categorias, desde os clássicos aos “concepts”,
actuais, “pickups”, “performance” e “stock cars”
do popular campeonato americano Nascar.
Os modos de jogo não são vastos mas a car-
reira está dividida em vários tipos de desafio,
um pouco na senda da série “Project Gotham
Racing”; e até os “saves” são automáticos, para
evitar aldrabices na carreira. Assim, há corri-
das a seis, contra o tempo, por eliminação (os
dois últimos na passagem por cada volta são
retirados), seguir a linha de trajectória, passar
entre cones, recolher ampulhetas para obter
mais tempo, etc. Cada vitória é premiada com
um carro, pista ou “challenge” desbloqueado.
Os dois primeiros servem para depois usar na
Produto Midway
Distribuido Ecofilmes
Edição Dezembro 2003
opção Custom, em que se pode realizar corridas
ao gosto de cada um.
É pena que os cenários sejam tão estáticos,
com apenas comboios e tudo o que voe (helicópte-
ros, aviões, dirigíveis, asas-delta, etc.) a surgirem
amiúde e só para chatear. Negativo é também
o mapa, que apenas exibe parte do traçado que
já estamos a ver, tornando-se redundante, e não
haver indicações de tempos de avanço ou atraso
face aos adversários. Com corridas a rondar por
norma os 4,5 minutos, competitivas, com carros
diversos e bem individualizados (como são
“banheiras” os carros americanos…), adversá-
rios minimamente inteligentes e longevidade
aceitável, “Ford Racing 2” é uma boa surpresa
e opção a ter em conta, em especial pelos fãs da
marca.
Há ainda a um jogo de corridas muito espe-
cial: “Freestyle Metal X”, jogo de acrobacias e
truques com base numa moto, que propõe desa-
fios como fazer mortais, saltos sobre edifícios,
desafio a toiros numa arena, etc. A faceta de
simulação física da moto destaca-se, sendo a
mecânica de jogo uma sequência de pequenos
desafios acrobáticos. Criado a pensar apenas na
diversão, tem no excelente domínio sobre a moto
o seu principal trunfo. ●

computadores .12
7c1bf3e5-024b-435b-bb28-84bbcd8a7552
S E G U N D A - F E I R A . 5 . J A N E I R O . 2 0 0 4