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IV CONGRESSO INTERNACIONAL DE LITERATURA E ECOCRÍTICA e II CONFERÊNCIA BIENAL DA

ASLE-BRASIL-A MORTE DA NATUREZA NAS NARRATIVAS DAS ÁGUAS E DAS FLORESTAS NO


ANTROPOCENO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS, MANAUS

de 4 a 7 DE JUNHO DE 2018

SIMPÓSIO II - OS ANIMAIS NA AMAZÔNIA: PERSPECTIVAS PARA UMA CRÍTICA DAS


RELAÇÕES ENTRE HUMANOS E NÃO HUMANOS NA FLORESTA TROPICAL

Felipe Ferreira Vander Velden


Universidade Federal de São Carlos
Heloísa Helena Siqueira Correia
Universidade Federal de Rondônia

Os estudos sobre as múltiplas relações materiais e simbólicas entre humanos e os seres


que denominamos de animais vêm, particularmente nos últimos dez anos, tomando corpo em
diversas áreas do conhecimento no interior das ciências humanas. Especialmente a Antropologia
vem dirigindo estudos que têm se dedicado a compreender as maneiras cultural ou
ontologicamente distintas de conceber a natureza e os seres não humanos por parte de variados
coletivos sociais, contribuindo, deste modo, para uma renovada apreensão das relações entre
humanos e animais que evita seu julgamento a partir de critérios exógenos e, necessariamente,
etno(euro)cêntricos. Nesse sentido, trabalhos antropológicos se esforçam por aliar a pesquisa
com a articulação de formas críticas de compreender as relações entre humanos e animais, para
então pensar formas menos predatórias, exploratórias e abusivas de convivência entre uns e
outros. Paralelamente, e de modo amplo, os denominados Estudos Animais, campo de
investigação constitutivamente interdisciplinar, tem provocado a investigação dos animais de
modo conjugado pelas ciências, saberes e artes. Frequentemente a Biologia, a Antropologia, a
Ecologia, os Saberes tradicionais, a Literatura e o Direito se encontram na defesa de valores
acerca da vida e da convivência interespécies. Percebe-se, desse modo, intensa atenção dos
pesquisadores voltada à partilha da vida e do planeta, essa que subjaz às relações entre todos
os seres vivos, mas muitas vezes latente e diluída. A literatura, por sua vez, como forma de arte
e nos diversos gêneros poéticos e narrativos, carrega representações das explícitas ou
subliminares relações violentas entre humanos e animais, e ao mesmo tempo fornece denso
material crítico para o questionamento de tais relações, assim como revela outros modos de
convívio e partilha de saberes e subjetividades entre animais e animais humanos. Este grupo de
trabalho pretende reunir contribuições que, focalizando as relações entre humanos e animais,
busquem fazer da pesquisa acadêmica espaço para reflexão e ação orientadas para a construção
de relações menos violentas entre homens e mulheres e os seres com os quais partilham o
planeta, com especial ênfase ao espaço amazônico. Maior floresta tropical do mundo, lar de
uma impressionante biodiversidade microbiana, vegetal e animal, além de uma notável
sociodiversidade (povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos extrativistas diversos, populações
urbanas), a Amazônia apresenta um cenário profícuo para discussões (especializadas e
interdisciplinares) acerca das relações entre humanos e animais. O grupo de trabalho objetiva
acolher reflexões que guardam especificidades dos variados campos do saber e ao mesmo
tempo procuram combinar criativamente o conhecimento científico, os saberes tradicionais, a
crítica político-epistemológica e as artes que se produzem em torno das relações entre humanos
e animais, de modo a pensar em modos de transformá-los em instrumental político de uma luta
ampla em favor dos humanos e dos não humanos na região. Para tanto, olhares distintos e
intercomunicantes focam o local e o global, o indivíduo e a espécie, as micro e macro relações,
em uma palavra: todos miram a coletividade.

PALAVRAS-CHAVE: Animais, Amazônia, Antropologia, Literatura, Saberes tradicionais.

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