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Cooperativa Mista IBISOL de Ecoprodutos, Ecotecnologias, Ecourbanismo, Arte e Educação

AFINAL O QUE É PLANO DIRETOR E QUAL SUA IMPORTÂNCIA PARA AS CIDADES E CIDADÃOS?
Arquiteta Urbanista- Dorinha Alvarenga

O Plano Diretor é uma lei municipal, que trata do desenvolvimento urbano e sustentável das cidades.

Diferente de todas as demais leis, embora essa lei normalmente seja proposta pelo executivo municipal e
aprovada pela Câmara municipal, ela só é considerada legal a partir da participação popular.

O Movimento Nacional pela Reforma Urbana, que discutia a necessidade de reformas estruturais urbanas e
rurais , desde 1960, articulou o cenário de participação popular em todo o Brasil no processo da Constituinte de 1988,
formado por um grupo heterogêneo, cujos participantes atuavam em diferentes e complementares temáticas do campo
urbano. Várias organizações da sociedade civil, movimentos, entidades de profissionais, organizações não-
governamentais, sindicatos se mobilizaram pela questão das cidades.

Entre eles a Federação Nacional dos Arquitetos, Federação Nacional dos Engenheiros, Federação de Órgãos
para Assistência Social e Educacional (FASE), Articulação Nacional do Solo Urbano (ANSUR), Movimento dos Favelados,
Associação dos Mutuários, Instituto dos Arquitetos, Federação das Associações dos Moradores do Rio de Janeiro
(FAMERJ), Pastorais, movimentos sociais de luta pela moradia, entre outros.

Essas entidades assumiram a tarefa de elaborar uma proposta de lei a ser incorporada na Constituição Federal,
com o objetivo de modificar o perfil excludente das cidades brasileiras, marcadas pela precariedade das políticas
públicas de saneamento, habitação, transporte e ocupação do solo urbano, assim configuradas pela omissão e descaso
dos poderes públicos.

Em 1986, o Movimento Nacional pela Reforma Urbana define o conceito da reforma urbana como uma nova
ética social, que condena a cidade como fonte de lucros para poucos em troca da pobreza de muitos. Assume-se,
portanto, a crítica e a denúncia do quadro de desigualdade social, considerando a dualidade vivida em uma mesma
cidade: a cidade dos ricos e a cidade dos pobres; a cidade legal e a cidade ilegal. Condena a exclusão da maior parte dos
habitantes da cidade determinada pela lógica da segregação espacial; pela cidade mercadoria; pela mercantilização do
solo urbano e da valorização imobiliária; pela apropriação privada dos investimentos públicos em moradia, em
transportes públicos, em equipamentos urbanos e em serviços públicos em geral.

Dessa forma, essa nova ética social politiza a discussão sobre a cidade e formula um discurso e uma plataforma
política dos movimentos sociais urbanos, em que o acesso à cidade deve ser um direito a todos os seus moradores e
não uma restrição a apenas alguns, ou aos mais ricos.

Cooperativa IBISOL- Rua Mestre Lucas 70, Cruzeiro, Belo Horizonte, CEP: 30310-240
ibisolvila@gmail.com
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A bandeira da reforma urbana se consolida não somente na perspectiva da articulação e unificação dos
movimentos sociais por meio de uma plataforma urbana que ultrapassa as questões locais e abrange as questões
nacionais, mas também na crítica da desigualdade espacial, da cidade dual.

A proposta de emenda popular escrita pelo Movimento Nacional pela Reforma Urbana contou com a
participação de seis entidades nacionais: Articulação Nacional do Solo Urbano (ANSUR), Federação Nacional dos
Arquitetos (FNA), Federação Nacional dos Engenheiros, Coordenação Nacional das Associações de Mutuários do BNH,
Movimento em Defesa do Favelado, Instituto dos Arquitetos do Brasil, e ainda o apoio de 48 entidades estaduais e
locais.
A função social da propriedade figurava como a maior ameaça aos grupos conservadores, como uma ameaça
ao direito de propriedade.

A partir de uma emenda popular, apresentada pelo Movimento Nacional pela Reforma Urbana, a CF 88, em
seus artigos 182 e 183, abre-se espaço para uma nova política de desenvolvimento urbano no Brasil.

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público


municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
(Regulamento) (Vide Lei nº 13.311, de 11 de julho de 2016)
§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades
com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e
de expansão urbana.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa
indenização em dinheiro.

§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área


incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano
não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,
sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão
previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais.

Em 2001, a lei 10257/2001, a lei do Estatuto da Cidade propõe a regulamentação dos art 182 e 183 da CF88.
A partir daí houve um movimento generalizado para levar os conceitos de planos diretores e legislação
urbanística complementar para todos os municípios, que tivessem a obrigatoriedade legal de elaborar seus planos
diretores.

Portanto falar de Plano Diretor é falar de participação popular, de garantia a função social da cidade, função
social da propriedade e voltada para o bem coletivo e de todas e todos cidadãos.

E você?
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