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G.R.E.S.

Em Cima da Hora, 1973

Os Sertões
O samba-enredo “Os Sertões” é considerado um dos melhores do Carnaval Carioca. Em poucas frases
sintetiza a obra homónima de Euclides da Cunha, que trada da Guerra de Canudos um dos episódios
mais trágicos da história brasileira.
Na noite de 29 de fevereiro de 1976 o GRES Em Cima da Hora abria o desfile do Carnaval carioca,
na avenida Presidente Vargas. “Os sertões” era uma composição do Edeor de Paula. O temporal que
caiu naquela noite danificou muitos carros alegóricos.
O enredo foi representado outra vez em 2014.

1 estrofe > natureza, paisagem do nordeste do Brasil


1 capitulo > a terra: o autor abre o seu livro com uma panorâmica sobre a paisagem, perspetiva de
cima.

2 estrofe > caraterísticas do homem sertanejo, forte, capaz de superar a miséria sem fim. O sertanejo
é um homem forte apesar ou por causa das adversidades.
2 capitulo > o homem: quadro etnológico com considerações sobre a mestiçagem, sobre o banditismo
por um lado e sobre a propensão mística por outro.

3-4 estrofe > a revolta dos sertões, a rebeldia, a luta, a destruição


3 capitulo > a luta: narração dos eventos, focalização sobre Canudos, explicação da angústia e da
coragem dos insurgidos, os episódios de furor místico, a estrague por decapitação, o absurdo do
heroísmo, Canudos que não se rende.

Acontecimentos históricos: a Guerra de Canudos

A transição do Império para a Primeira República foi bastante fácil, mas nos anos seguintes ao 15 de
novembro de 1889 foram caraterizados por grandes incertezas. Os vários grupos que se disputavam
o poder tinham interesses divergentes e tinham opiniões diferentes sobre como organizar a República.
O marechal Deodoro da Fonseca tornou-se chefe do Governo Provisório e algumas dezenas de
oficiais foram elegidos ao Congresso Constituinte. Eles não formavam um grupo homogéneo: havia
rivalidade entre Exercito e Marinha: o exercito era artífice do novo regímen, a marinha, ao contrario
era considerada ligada à monarquia.
Não obstante a profunda rivalidade existente entre os grupos ao interior do exercito, eles eram de
acordo sobre um ponto fundamental: não representavam os interesses só de uma classe social, mas
eram os porta-vozes de uma instituição que era parte do aparado do Estado. Eles achavam que a
República tinha que ter um Poder Executivo forte. A autonomia das províncias era considerada com
suspeito porque arriscava de romper o equilíbrio do país.
Os defensores da República liberal tentaram rapidamente de garantir a convocação de uma
Assembleia Constituinte, pelo temor do continuar de uma ditadura. Era preciso dar uma forma
constitucional ao país para garantir o reconhecimento da republica e obter a confiança do estrangeiro.
Em 1894 foi elegido o paulista Prudente de Morais. A sucessão marcou o fim da presença do exército
à presidência (Deodoro, Peixoto). No governo de Prudente se agudizou o contraste entre a elite
politica dos grandes estados e o republicanismo (classe media) concentrado no Rio de Janeiro.

Um acontecimento longe do Rio de Janeiro, mas que teve consequências sobre a politica da
Republica, marcou os anos do Governo de Prudente de Morais. Aconteceu no norte do sertão de
Bahia. Aqui em 1983, às margens do Rio Vaza-Barris, numa fazenda abandonada, formou-se um
pequeno grupo conhecido como Acampamento de Canudos. O chefe era António Conselheiro, que
se era convertido em “beato”, a metade entre um sacerdote e um bandido. Estabeleceu-se em Canudos,
atirando a povoação do sertão. Ele promovia uma religião popular que confrontava as ideias da
República. Os Sertanejos o seguiram até o Arraial de Canudos, onde criaram uma sociedade livre, em
que todos tinham abrigo, alimento, e trabalhavam para o bem-estar coletivo. As predicações de
Conselheiro eram em contrasto com as da Igreja; um acidente banal, sobre o corte da madeira, levou
o governador da Bahia à decisão de dar uma lição aos fanáticos. Mas a força baiana foi debelada.
O governador fiz um apelo às tropas federais. A desfeita de duas expedições provocou uma vaga de
protestas e violências no Rio de Janeiro.
Uma expedição composta de 8.000 homens e dotada de um equipamento moderno, destruiu a aldeia
no mês de agosto de 1897, depois de um mês e meio de luta. Os seus defensores morreram na luta ou
foram decapitados.

Euclides da Cunha, Os sertões, 1902

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