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Dimensionamento de Sistema Solar Fotovoltaico-Estudo de Caso Do Edifício Sede Do CREA-SC PDF
Dimensionamento de Sistema Solar Fotovoltaico-Estudo de Caso Do Edifício Sede Do CREA-SC PDF
Deivis Luis Marinoski (1); Isabel Tourinho Salamoni (2); Ricardo Rüther (3)
(1) Eng. Civil, Mestrando. E-mail: deivis@labeee.ufsc.br
(2) Arquiteta, Mestranda. E-mail: isamoni@labeee.ufsc.br
(3) Eng. Metalúrgico, PhD. E-mail: ecv1rrr@ecv.ufsc.br
Universidade Federal de Santa Catarina – Campus Universitário – Trindade
ECV/NPC/LabEEE, Caixa Postal 476 – CEP 88040-900. Homepage: www.labeee.ufsc.br
RESUMO
Atualmente algumas fontes de energia não renováveis são utilizadas em grande escala, embora num
horizonte de algumas décadas estas poderão ser esgotadas. Devido a este fato, esforços vêm sendo
realizados na busca de novas alternativas para a geração de energia a um nível sustentável. Uma das
tecnologias renováveis mais recentes e que vem sendo cada vez mais utilizada nos países
desenvolvidos é a energia solar fotovoltaica. Este trabalho apresenta um estudo de caso do pré-
dimensionamento de um sistema solar fotovoltaico integrado a uma edificação urbana e interligado à
rede elétrica pública. O edifício em questão é o prédio sede do CREA-SC (Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Santa Catarina). O objetivo do sistema é gerar energia
elétrica para a edificação a partir da energia solar, com utilização de placas solares fotovoltaicas,
verificando a relação entre esta geração e o consumo do prédio.
Palavras-chave: Fonte de energia renovável, Sistema solar fotovoltaico, Geração de energia elétrica
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVO
Este trabalho apresenta um estudo de caso de pré-dimensionamento de um sistema solar fotovoltaico
integrado a uma edificação urbana e interligado à rede elétrica pública. O sistema tem por finalidade
gerar energia elétrica para a edificação a partir da energia solar fotovoltaica, através de placas solares,
sendo realizada uma verificação do percentual do consumo de energia elétrica na edificação, que
poderá ser suprido através da aplicação de diferentes tecnologias de painéis.
3. LEVANTAMENTO DE DADOS
A cobertura do prédio apresenta uma área total de aproximadamente de 878m2, sendo composta por
diversas águas. As telhas são do tipo fibrocimento, com exceção da cobertura do vão central do
prédio, onde são utilizados domos de acrílico. A inclinação das águas da cobertura é pequena,
aproximadamente 2%. A Figura 2 apresenta um esboço com a planta de cobertura do edifício, dividida
em dez áreas principais.
A aplicação dos painéis em regiões sombreadas reduz a capacidade de geração do painel prejudicando
a desempenho do sistema. Devido à existência de um reservatório superior (caixa d’água), instalado na
cobertura do prédio, fez-se necessária uma análise da sombra projetada por este elemento, para evitar a
instalação de painéis em áreas que permanecem sombreadas por longos períodos durante o dia.
Esta análise do sombreamento projetado pela caixa d’água, foi realizada com a ajuda do programa
ECOTECT 5.01. Através de uma modelagem tridimensional do prédio é possível delimitar a área
sombreada por um elemento, em diferentes horários e épocas do ano. O programa simula a trajetória
solar para a latitude local, possibilitando verificar a projeção da sombra sobre a cobertura da
edificação.
Realizou-se a verificação do caminho percorrido pela sombra da caixa d’água nas datas
correspondentes aos três pontos marcantes da declinação solar durante o ano, os solstícios de verão e
inverno (22 de dezembro e 22 de junho) e para os equinócios (21 de março e 23 setembro). Com isso é
possível delimitar a faixa (área) em que ocorre o sombreamento durante todo o ano.
A Figura 3 e a Figura 4 (geradas com o programa ECOTECT 5.01) mostram a representação gráfica da
amplitude das sombras e toda a trajetória seguida sobre o telhado durante os dias de solstício de verão
e inverno.
6:00h
9:00h
12:00h
15:00h
18:00h
9:00h
12:00h
15:00h
6:45h
Através da analise da variação da trajetória solar, foi possível delimitar a área atingida pela sombra do
reservatório ao longo do ano, sendo esta representada pela região hachurada na Figura 5. Esta área
corresponde a 40,7 % (321,4 m2) do espaço disponível para aplicação dos painéis na cobertura. O não
aproveitamento deste espaço reduziria em muito o aproveitamento da energia solar e o impacto na
redução da compra de energia da rede. Devido e este fato, optou-se por considerar como área
sombreada, a região que é atingida pela sombra do reservatório no período diário das 9:00 as 15:00
horas. É durante este horário que a intensidade da radiação solar é mais elevada. Além do perímetro da
sombra, durante o horário assumido, ainda foi atribuído um avanço de mais um metro. Na Figura 6, a
região hachurada corresponde a área considerada sombreada em projeto, que é igual a 157,90 m2, onde
não serão instalados painéis.
25000
20000
15000
kWh
10000
5000
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Azimute
Fachada Norte Declinação Norte
Magnético Magnética Geográfico
Nordeste 35,0 17,9 17,1
Sudoeste -145,0 17,9 -162,9 Figura 8. Azimutes das fachadas
Noroeste -55,0 17,9 -72,9
Sudeste 125,0 17,9 107,1
4. RESULTADOS
(E )
G poa
Pcc [Eq. 1]
R
Onde:
Pcc = Potência média necessária (kWpcc);
E = Consumo médio diário durante o ano (kWh/dia);
Gpoa = Ganho por radiação solar: média mensal do total diário (kWh/m2/dia);
R = Rendimento do sistema (%).
Desta forma, para um rendimento de aproximadamente 93% (valor que depende do modelo de
inversor de corrente utilizado), seria necessária uma geração solar de 138,1 kWpcc para atender as
necessidades diárias de consumo do prédio. A partir deste valor é possível verificar a área total a ser
ocupada pelos painéis. Cada tecnologia de painel fotovoltaico possui diferentes graus de eficiência de
conversão, como nesta etapa do estudo ainda não definiu-se qual tipo de equipamento será adotado,
supõem-se, para efeito de estimativa, uma eficiência de 12% (alta eficiência). Assim, através da
divisão da potencia média necessária pela eficiência do painel encontra-se uma área resultante
(Equação 2), que é igual a 1151 m2.
Pcc
Atotal [Eq. 2]
E ff
Onde:
Atotal = Área de painéis (m2);
Pcc = Potência média necessária (kWpcc);
Eff = Eficiência do painel (%).
É possível notar que mesmo para um valor de eficiência alto e a utilização de toda área disponível na
edificação para a aplicação de painéis (1052,6 m2), não seria possível suprir a necessidade energética
do prédio. Deste modo, a seqüência do estudo tem como objetivo verificar o percentual de redução no
consumo de energia elétrica vinda da rede, proporcionado pelo sistema fotovoltaico integrado nesta
edificação.
20000
15000
kWh
10000
5000
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Devido as dimensões do painel e da inclinação adotada, existe um sombreamento causado pelo próprio
painel. Este sombreamento deve ser levado em consideração durante a instalação, sendo necessário a
aplicação de um espaçamento mínimo entre as linhas consecutivas de painéis.
A partir dos valores de azimute solar e altura solar para a latitude de Florianópolis, em diferentes
horários (das 8:00 as 16:00 horas) e épocas do ano (dezembro, março/setembro e junho), determinou-
se o comprimento de sombra projetado pela inclinação dos painéis instalados na cobertura. Verificou-
se que um espaçamento mínimo de 90 cm, permitiria que os painéis de uma fileira não causassem
sombreamento sobre parte das fileiras subseqüentes, durante um período de mínimo de 8 horas diárias,
na maior parte do ano.
A Figura 10 apresenta um esquema com a projeção dos painéis distribuídos na área de cobertura da
edificação, respeitando o limite do sombreamento causado pelo reservatório de água e o espaçamento
mínimo entre os painéis. Na Figura 11 pode-se observar uma representação, com uma imagem do
resultado visual que teria a aplicação dos painéis nas fachadas.
Área
sombreada
Figura 10. Planta de cobertura - Projeção da distribuição dos painéis (Sem escala)
Figura 11. Exemplo da distribuição dos painéis nas fachadas (fachada nordeste)
5. CONCLUSÕES
Com o crescente aumento da preocupação em relação aos aspectos ambientais, maior eficiência
energética e a busca de novas soluções para geração de energia, os sistemas solares fotovoltaicos
integrados ao edifício e interligados à rede elétrica estão se tornando uma alternativa promissora para o
futuro das edificações.
Existem atualmente diversas marcas e modelos de painéis solares disponíveis no mercado, o que
proporciona flexibilidade para sua aplicação em edificações novas ou já existentes. Apesar disso, o
aspecto construtivo da edificação tem grande influência sobre o projeto do sistema fotovoltáico.
A área útil para a aplicação dos painéis deve ser analisada com cuidado. É importante evitar a
colocação dos painéis em regiões que sejam encobertas ou que sofram um sombreamento acentuado
devido à obstruções, pois isto reduz o potencial de aproveitamento de radiação solar.
Segundo as considerações adotadas neste estudo, a existência de um reservatório de água acima do
nível da cobertura do prédio, causou uma redução de aproximadamente 20% (157,90 m2) da área de
cobertura com possibilidade para instalações de painéis. Também, verificou-se que até 51% da energia
elétrica vinda da rede pública poderia ser substituída pela energia gerada a partir do sistema
fotovoltaico.
A possibilidade de aplicação de painéis com inclinação igual a latitude local e direcionados para a
orientação norte (normalmente considerado a alternativa “ótima” de geração), não mostrou ser uma
boa opção. Após uma análise da distribuição dos painéis, observou-se que devido as características
construtivas do telhado e também ao maior espaçamento que seria necessário entre os painéis, o
número dos mesmos seria reduzido em aproximadamente 25% quando comparado a alternativa 2. Esta
redução não poderia ser compensada, em termos de geração visto que o aumento no ganho com
radiação solar, para a orientação norte e inclinação 27°, seria de apenas 2,4% em relação à inclinação
15° e orientação nordeste (alternativa 2).
A eficiência do painel fotovoltáico é um importante fator de escolha, no entanto, outras aspectos
também devem ser analisados, tais como, a integração com a edificação, a resistência a altas
temperaturas, custo dos painéis, desgaste e outras implicações técnicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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rede elétrica pública. Florianópolis, 2000.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem aos órgãos nacionais de fomento à pesquisa (CNPq – Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico; CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior ) pelo apoio prestado durante o período de desenvolvimento deste trabalho. Também
ao CREA-SC pela colaboração e disposição no fornecimento dos dados relativos a edificação.