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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11

2. JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 13

3. OBJETIVOS...................................................................................................................... 14

3.1. Objetivo Geral ............................................................................................................ 14

3.2. Objetivos Específicos ................................................................................................ 14

4. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 15

4.1. Resíduos Sólidos ........................................................................................................ 15

4.2. Propriedades dos Resíduos ........................................................................................ 16

4.3. Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos ........................................................... 17

4.4. Análise de Ciclo de Vida (ACV) ............................................................................... 18

4.4.1. Avaliação de Impacto ......................................................................................... 21

4.5. Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos e Impacto Ambiental ........................ 24

4.5.1. Acondicionamento .............................................................................................. 24

4.5.2. Coleta e Transporte ............................................................................................. 24

4.5.3. Armazenamento e Tratamento............................................................................ 25

4.5.4. Triagem e Reciclagem ........................................................................................ 26

4.5.5. Compostagem ..................................................................................................... 28

4.5.6. Incineração.......................................................................................................... 28

4.5.7. Disposição Final ................................................................................................. 29

4.6. ACV de Resíduos Sólidos Urbanos ........................................................................... 32

4.6.1. Caracterização dos Resíduos .............................................................................. 32

4.6.2. Coleta e Transporte ............................................................................................. 33

4.6.3. Tratamento de Resíduos e Disposição Final....................................................... 33

4.6.4. Cenários de Estudo ............................................................................................. 34

5. METODOLOGIA ............................................................................................................. 36
10

5.1. Diagnóstico do Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos


Urbanos ................................................................................................................................. 36

5.1.1. Sistema Atual de Gerenciamento ....................................................................... 36

5.1.2. Projeção de crescimento populacional e taxa de geração de lixo ....................... 37

5.1.3. Custos e Taxas de Coleta de Lixo ...................................................................... 39

5.1.4. Caracterização Física dos Resíduos .................................................................... 39

5.1.5. Potencialidade de Recuperação de Resíduos ...................................................... 42

5.2. Estudo para Análise do Ciclo de Vida (ACV) ........................................................... 43

5.2.1. Definição de Dados ............................................................................................ 43

5.2.2. Definição do Escopo e Unidade Funcional ........................................................ 44

5.2.3. Software Umberto ............................................................................................... 45

5.2.4. Cenários de Projeção .......................................................................................... 48

5.2.5. Análise de Impacto ............................................................................................. 52

6. RESULTADOS ................................................................................................................. 54

6.1. Diagnóstico do Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos


Urbanos ................................................................................................................................. 54

6.1.1. Sistema Atual de Gerenciamento ....................................................................... 54

6.1.2. Projeção de crescimento populacional e taxa de geração de lixo ....................... 57

6.1.3. Custos e Taxas de Coleta de Lixo ...................................................................... 58

6.1.4. Caracterização Física dos Resíduos .................................................................... 62

6.1.5. Potencialidade de Recuperação de Resíduos ...................................................... 67

6.2. Estudo para Análise do Ciclo de Vida (ACV) ........................................................... 73

6.2.1. Avaliação Ambiental dos Cenários de Estudo ................................................... 73

6.2.2. Avaliação Comparativa entre Cenários .............................................................. 84

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 94

8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 96

9. ANEXOS ......................................................................................................................... 100


11

1. INTRODUÇÃO

Em virtude da situação alarmante do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, o


governo federal instituiu a Lei da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), dispondo
sobre princípios, objetivos e instrumentos, visando à gestão integrada do gerenciamento dos
resíduos sólidos. (BRASIL, 2010) Desta forma, torna-se cada vez mais importante o
diagnóstico da situação atual do gerenciamento, para, a partir destas informações, buscar
alternativas importantes a nível ambiental, econômico e social.
Em paralelo à busca por novas alternativas, também se deve analisar os impactos
ambientais relacionados e, para isso, a ferramenta de Análise de Ciclo de Vida (ACV) vem se
tornando uma possibilidade concreta, destacada inclusive pela PNRS. A Análise do Ciclo de
Vida de um produto, processo ou atividade é uma avaliação sistemática que quantifica os
fluxos de energia e de materiais no ciclo de vida do produto ou resíduo. (VIGON, 1993, apud
RIBEIRO, 2002 a 2011) Essa perspectiva encoraja os órgãos responsáveis a examinarem
todos os aspectos ambientais de suas operações e as ajuda a integrar questões ambientais em
seu processo global de tomada de decisões.(TIBOR, 1996)
O problema da disposição final assume uma magnitude alarmante. Considerando
apenas os resíduos urbanos e públicos, o que se percebe é uma ação generalizada das
administrações públicas locais ao longo dos anos em apenas afastar das zonas urbanas o lixo
coletado, depositando-o por vezes em locais absolutamente inadequados, como encostas
florestadas, manguezais, rios, baías e vales. (MONTEIRO et al., 2001). No estudo realizado
pela ABRELPE, sobre o panorama nacional dos resíduos sólidos, destaca-se que, os últimos
dados, registrados em 2011, assumem que quase 42% dos resíduos ainda não possuem uma
destinação final adequada em todo o país, representando 23 milhões de toneladas ao ano.
Estes resíduos com disposição inadequada são, atualmente, destinados em Aterros
Controlados (24%) e Lixões (18%).
Através do modelo contemporâneo de consumo, a produção de resíduos sólidos está se
revelando mais como uma atividade anti-social do que efetivamente a consequência
necessária e inevitável das necessidades de consumo da população (STRAUCH, 2008).
A partir deste cenário, conclui-se que o ser humano vive numa época que poderia ser
designada como a Era dos Descartáveis na qual os produtos são inutilizados e descartados
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com enorme rapidez. Como consequência tem-se o manejo inadequado dos resíduos sólidos
(tanto pela população quanto pela administração municipal), que é, em muitos casos, o
responsável pela poluição ambiental e redução da qualidade de vida nas cidades brasileiras.
Exemplos desta gestão ineficiente são os inúmeros episódios em que a ausência de tratamento
e a disposição inadequada dos resíduos provocam principalmente a contaminação do solo e
das águas subterrâneas. (MASSUKADO, 2004).
Barros (2012) salienta que, constatada a precariedade da situação dos Resíduos
Sólidos, como por exemplo a destinação final, um dos principais problemas ambientais do
mundo, alternativas se impões visando a melhorar a gestão, aumentando sua eficiência,
diminuindo seus custos e colaborando para a preservação do meio ambiente.
Neste contexto, novas alternativas devem ser abordadas, colocando em prática metas e
prognósticos discutidos atualmente. Todavia, para que as estratégias de tecnologia tenham
eficácia, devem-se abordar também as análises ambientais de cada processo no que diz
respeito ao gerenciamento dos resíduos.
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2. JUSTIFICATIVA

Justifica-se a realização do presente trabalho principalmente devido ao enfoque


primordial em que o gerenciamento dos Resíduos Sólidos encontra-se dentro das perspectivas
de desenvolvimento sustentável. Através de um gerenciamento integrado, devem-se buscar
alternativas tecnológicas tanto para a redução, reutilização e reciclagem dos resíduos, como
também ferramentas de análise ambiental que possam contribuir para um modelo sustentável.
Considerando a Análise de Ciclo de Vida dos Resíduos Sólidos Urbanos uma importante
ferramenta ambiental no sistema atual, justifica-se o estudo proposto.
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3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Diagnosticar a situação atual do gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos do


município de Vera Cruz – RS, com ênfase na ferramenta de Análise de Ciclo de Vida.

3.2. Objetivos Específicos

 Buscar bancos de dados como forma de auxílio à aplicação do estudo de Análise do


Ciclo de Vida (ACV);
 Diagnosticar o estágio atual do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos;
 Elencar os principais impactos ambientais;
 Propor cenários alternativos ao gerenciamento de resíduos, destacando a metodologia
de estudo proposta para o prosseguimento do trabalho;
 Analisar as principais categorias de impacto em cada cenário proposto.
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4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1. Resíduos Sólidos

De acordo com a definição proposta na norma técnica ABNT NBR 10.004 (2004),
resíduos são todos aqueles materiais nos estados sólido e semissólido, que resultam das
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e de serviços de
varrição. Também são considerados resíduos os líquidos cujas particularidades tornem
inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água e que necessitem
tratamentos muito complexos e não tradicionais. Segundo Monteiro et al. (2001) a origem do
resíduo é o principal elemento para a sua caracterização.
A composição dos resíduos também é considerada, de modo que se compare a
constituição com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e meio ambiente
seja conhecido. A identificação das substâncias presentes é estabelecida de acordo com as
matérias-primas, insumos e processos que deram origem a determinado produto residual.
Nas atividades de limpeza urbana, os tipos doméstico e comercial constituem o
chamado lixo domiciliar, que, junto com o lixo público, representam a maior parcela dos
resíduos sólidos produzidos nas cidades. Almeida et al. (2000) definem o resíduo domiciliar
como aquele originado na vida diária das residências, constituído de restos de alimentos,
produtos deteriorados, jornais/revistas, garrafas, embalagens, papel higiênico e um grande
variedade de outros. Monteiro et al. (2001) citam a classificação extra de lixo domiciliar
especial, grupo que compreende os entulhos de obras, pilhas e baterias, lâmpadas
fluorescentes e pneus. Na maioria destes casos, os resíduos são classificados como domiciliar
especial por exigirem alguma atenção especial no seu acondicionamento, transporte e
disposição, seja esta devido a substâncias tóxicas, volume difícil de gerenciar ou grande
quantidade de geração.
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4.2. Propriedades dos Resíduos

As propriedades dos resíduos podem ser classificadas quanto às características físicas,


químicas e biológicas. Estas propriedades devem ser conhecidas de modo a se poder
desenvolver e conceber sistemas de tratamento integrados na gestão de resíduos sólidos.
(GOMES, 2008)
Dentre as características físicas, Barros (2012) cita a geração per capita e a
composição gravimétrica como principais propriedades. A geração per capita representa a
quantidade de resíduos urbanos gerada por habitante, geralmente variando de 0,5 a 0,8
kg/hab/dia. Já a composição gravimétrica traduz o percentual de cada componente em relação
ao peso total da amostra de lixo analisada. Os componentes mais utilizados na determinação
da composição gravimétrica são papel/papelão, plásticos, vidros, metais, matéria orgânica e
outros. As composições específicas podem variar, mas, segundo Almeida et al. (2000), a
matéria orgânica geralmente representará a maior porcentagem de resíduos na composição.
Além das características citadas, Monteiro et al. (2001) também destacam peso específico
aparente, teor de umidade e compressividade como formas de caracterização física do resíduo.
As características químicas mais importantes são relacionadas à composição química
elementar (percentual de carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, enxofre, resíduo mineral,
cinzas e outros) e ao poder calorífico interno. (GOMES, 2008). Conforme Monteiro et al.
(2001), o poder calorífico médio do lixo domiciliar se situa na faixa de 5.000 kcal/kg.
Já as características biológicas são determinadas pela população microbiana e de
agentes patogênicos e, juntamente às características químicas, permitem que sejam
selecionados os métodos de tratamento e disposição mais adequados. (Monteiro et al. 2001).
Através do conhecimento das características biológicas é possível o desenvolvimento de
inibidores de cheiro e de retardadores/aceleradores da decomposição da matéria orgânica.
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4.3. Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos

O gerenciamento de resíduos sólidos é um processo que aponta e descreve as ações


relativas ao manejo dos resíduos sólidos no âmbito dos estabelecimentos, contemplando a
segregação na origem, coleta, manipulação, acondicionamento, armazenamento, transporte,
minimização,reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final. (PIMENTA, 2006) A
ferramenta está interligada às novidades quanto ao sistema ecológico industrial, onde se busca
alternativas das quais se dependa o mínimo possível de obtenção de recursos naturais e da
geração de resíduos (MORAES, 2011).
A ferramenta de gestão integrada envolve diferentes órgãos da administração pública e
da sociedade civil com o propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a
disposição final do lixo (MONTEIRO et al., 2001). Desta forma, incluem-se no planejamento
as fontes de produção, volume e tipos de resíduos (visando o tratamento e disposição final
técnica e ambientalmente corretas), características sociais, culturais e econômicas das regiões
e peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais. Todas as etapas do
gerenciamento de resíduos, seja coleta, transporte, tratamento ou disposição, apresentam uma
consequência direta na etapa seguinte. Quando não há um correto planejamento, todas elas
acabam por desencadear em riscos e iminentes impactos ambientais. (ALMEIDA et al., 2000)
A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece diretrizes relativas à gestão
integrada e gerenciamento de resíduos sólidos e também as responsabilidades dos geradores.
Dentre os princípios, pode-se destacar a visão sistêmica na gestão dos resíduos sólidos e a
responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, reconhecendo o resíduo sólido reutilizável e
reciclável como um bem econômico e de valor social. (BRASIL, 2010)
Com a Lei, o governo federal objetiva a idealização de formas de redução,
reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos, bem como disposições finais adequadas
dos rejeitos. Também, busca estimular padrões sustentáveis de produção, desenvolver
tecnologias limpas, incentivar a reciclagem e buscar mecanismos de logística reversa. Esta
logística entende-se como um instrumento de desenvolvimento econômico e social
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a
coleta e restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento em seu
ciclo ou em outros ciclos produtos. (BRASIL, 2010)
Ao estabelecer sistemas de gestão sustentável de Resíduos Sólidos, consegue-se
satisfazer as demandas dos cidadãos, promover a saúde, proteger a qualidade do ambiente
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urbano, garantir a sustentabilidade, preservar os recursos naturais, aumentar a eficiência da


economia e gerar emprego e renda. (BARROS, 2012)
Através da responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos e resíduos, toda a cadeia
de produção e consumo terá seu papel na destinação ou tratamento adequado.(GRILI, 2012)
As informações coletadas na Análise de Ciclo de Vida (ACV) e os resultados de sua
análise e interpretações podem ser úteis para tomadas de decisão, na seleção de indicadores
ambientais relevantes para avaliação de desempenho de projetos ou reprojetos de produtos ou
processos e/ou planejamento estratégico.(PORTAL AMBIENTE BRASIL, acessado em maio
de 2012)
Destaca-se, por exemplo, que estudos baseados em ACV têm demonstrado que as
quantidades de energia gastas para obter um produto a partir de matéria-prima virgem são
mais significativas do que as quantidades energéticas gastas para produzi-lo com resíduos
reciclados.(PORTAL AMBIENTEBRASIL, acessado em maio de 2012).

4.4. Análise de Ciclo de Vida (ACV)

A Avaliação do Ciclo de Vida é uma metodologia para avaliar o impacto ambiental de


bens e serviços, de acordo com a série da ABNT ISO 14.040 – Gestão Ambiental – Avaliação
do Ciclo de Vida – Princípios e Orientações. Segundo Ribeiro (2002 a 2011), a Análise de
Ciclo de Vida ou Life Cycle Assessment (LCA), é uma ferramenta indispensável para o
melhor acompanhamento dos ciclos de produção e a identificação de alternativas de interação
entre processos. Segundo Soares (2011), o sistema do produto é considerado como sendo
composto de uma série de processos, cada qual nomeado como subsistemas e envolvido com
entradas e saídas associadas. A estrutura um Estudo de ACV pode ser visualizada na figura
01.
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Figura 01 – Estrutura da ACV e Inventário do Ciclo de Vida.

Fonte: Sousa (2008).

Segundo Durão (2009), a ACV de um produto efetua-se contabilizando todas as etapas


que intervêm na sua vida, desde o seu "nascimento" à sua "morte". Em cada uma das etapas
verificam-se quanta energia é consumida, a quantidade e o tipo das emissões atmosféricas, a
quantidade de água contaminada e a quantidade de resíduos sólidos gerados. Esta técnica é
considerada o método mais eficaz para avaliar o impacto ambiental, com destaque a etapa de
descarte e geração do resíduo, conforme exemplo na figura 02.

Figura 02 – Enfoque tradicional de produção e o conceito de Ciclo de Vida.

Fonte: Cardim (2011).


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A metodologia de ACV pode ser dividida em três etapas:


➢ Inventário: Processo de levantamento de dados que armazena informações quantitativas de
energia e matérias primas necessárias, emissões gasosas, efluentes líquidos, sólidos e
outros lançamentos no ambiente de qualquer parte do ciclo de vida analisado Visa a
relação de entradas e saídas em determinado produto, processo ou atividade. A figura 03
apresenta exemplo de inventário de resíduos sólidos, visando a quantificação de entradas e
saídas no balanço de massa.

Figura 03 – Exemplo de Inventário (ACV) dos Resíduos Sólidos Urbanos.


Representação de reaproveitamento com base em geração hipotética de 1.500kg/dia.

Fonte: Monteiro et al. (2001).

➢ Análise de Impacto de Ciclo de Vida (AICV): Técnica quantitativa e/ou processo


qualitativo para caracterizar e avaliar os efeitos das cargas ambientais identificadas no
inventário. A avaliação deve considerar os efeitos sobre a saúde humana e ecológica, assim
como outros efeitos e modificações no meio ambiente.
➢ Análise de melhoria:Constitui uma avaliação sistemática das necessidades e oportunidades
para reduzir a carga ambiental associada à energia e matéria-prima utilizadas e às emissões
de resíduos em todo ciclo de vida de um produto, processo ou atividade. (SOARES, 2002)
21

4.4.1. Avaliação de Impacto

O resultado do inventário geralmente representa uma lista extensa de entradas e saídas


de diversas variáveis. Para se padronizar os métodos de avaliação destes inventários, tem-se a
etapa de análise de impactos (SOARES, 2011). Nesta, as informações são inicialmente
agregadas por efeitos, utilizando fatores de equivalência. Quanto mais alto o fator de
equivalência, mais alta é a contribuição da emissão para o respectivo efeito. (TAKEDA,
2008).
De acordo com Arena et al. (2003) são utilizadas diversas ferramentas que objetivam
entender e avaliar a magnitude e a importância dos potenciais impactos ambientais em um
sistema. Segundo Bovea e Powell (2006), a fase de Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida
objetiva quantificar a relativa importância de todos os encargos ambientais presentes no
Inventário de Ciclo de Vida, agregando-os. Assim, converte-se o inventário em indicadores
para cada categoria de impacto afim de uma melhor interpretação do ACV. Takeda (2008)
destaca a importância da inclusão dessas categorias de impacto na avaliação, sendo estas,
geralmente, escolhidas indiretamente pelo método de avaliação de impacto. Os métodos de
avaliação são usualmente classificados em dois grupos, utilizando abordagem midpoint ou
endpoint, conforme visualizado a seguir (Figura 04).

Figura 04 – Cadeia de impactos causada pela emissão de determinada substância.

Fonte: Takeda (2008).

Conforme ilustrado na Figura 03, a cadeia de impacto liga uma troca ambiental com
um endpoint, que seria o impacto final que a atividade gera no meio em que está inserida. Um
exemplo de troca é emissão de gases Clorofluorcarbono (CFC), que causa depleção da
camada de ozônio na estratosfera (midpoint), resulta em aumento dos níveis de radiação
(midpoint) e que eventualmente causa a morte de certo número de pessoas por câncer de pele
(endpoint). Midpoint refere-se a todos os elementos no mecanismo ambiental de uma
categoria de impacto que estão entre as trocas ambientais e os endpoints. (TAKEDA, 2008).
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As categorias de impacto e a relação com midpoints e endpoints podem ser analisadas a


seguir, na figura 05, através dos impactos no ar, água, solo e depleção de recursos abióticos
(ADP).

Figura 05 – Exemplificação da metodologia de classificação usualmente utilizada no


estudo de ACV.

Fonte: Ugaya (2008).

A partir destas informações, devem ser realizadas caracterizações de indicadores para


cada categoria, utilizando-se por exemplo, de unidades como kg eq CO2 ou kg eq SO2. Com
estes resultados, pode-se trabalhar através de metodologias específicas como forma de
apresentação.
Em relação aos métodos mais utilizados, Takeda (2008) ressalta o Eco-Indicator 99,
Eco-Indicator 95, Impact 2002+ e CML 2000. Destes, alguns utilizam a abordagem endpoint
e outros a midpoint, tendo, portanto, cada um suas características específicas. No entanto, a
maioria destes apresenta a mesma base teórica apresentada anteriormente.
Citando alguns trabalhos práticos realizados, Hong et al.(2010), trabalharam com o
método Impact 2002+, o qual consistiu em analisar impactos ambientais divididos nas
categorias de alteração na saúde humana (carcinogenos, não carcinogenos, depleção da
camada de ozônio), qualidade de ecossistema (ecotoxicidade aquática, ecotoxicidade terrestre,
acidificação/nitrificação), mudanças climáticas (aquecimento global) e esgotamento de
recursos naturais (energia não renovável e extração mineral). Pereira (2004) utilizou a
metodologia TRACI e adotou como categorias de impacto: Consumo de Matéria Prima, Uso
da água, esgotamento das reservas de combustível fóssil (óleo diesel, gás natural e carvão
23

mineral), degradação de áreas pela disposição de resíduos, aquecimento global (CO e CO2),
acidificação e prejuízo à saúde humana (NO2 e SO2).
Gomes (2008), em sua tese sobre gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos, com
base no método CML-guide (1992), adotou os seguintes critérios para categorias de impacto:
 Potencial de Aquecimento Global (PAG – ton CO2 eq Ano-1);
 Potencial de Acidificação (PA – ton SO2 eq Ano-1);
 Potencial de Eutrofização (PE – ton PO43-eq Ano-1);
 Toxicidade Humana (TH – ton tecido contaminado Ano-1);
 Ecotoxicidade Aquática (ECA – m³ água poluída Ano-1).
Através destas informações, Gomes (2008) calculou as categorias de impactos
ambientais relevantes e comparou cada qual nos cenários específicos, verificando a
contribuição de cada substância.
Soares (2011) destaca que este método de utilização das categorias de impactos e
fatores de equivalência é aquele com maior aceitabilidade, por representar efeitos ambientais
potenciais de produto em categorias relevantes.
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4.5. Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos e Impacto Ambiental

Para a análise proposta, devem-se relacionar os conceitos e práticas dos processos de


cada fase do ciclo de vida do resíduo com o impacto ambiental proveniente.
O ciclo de vida dos resíduos inicia-se nos domicílios, onde o resíduo sólido é gerado, a
partir do momento em que o produto ou material que não tem mais utilidade para o seu
proprietário é descartado. A geração de resíduos, apesar de se encontrar no início da cadeia,
tem significativo impacto no sistema, pois quanto mais resíduos gerados maiores serão os
volumes a serem coletados, transportados, tratados e dispostos. (MASSUKADO, 2004)

4.5.1. Acondicionamento

Nesta etapa deve haver o preparo dos resíduos sólidos para a coleta de forma sanitária
e ambientalmente adequada. (MONTEIRO et al., 2001) O acondicionamento e
armazenamento adequado evita acidentes, proliferação de vetores, minimiza o impacto visual
e olfativo e facilita a realização da etapa da coleta. (MASSUKADO, 2004)
Além disso, a ausência desta etapa pode acarretar graves problemas, uma vez que, ao
não acondicionar adequadamente os resíduos, a população encontrará outras formas para
descarte, ambientalmente inadequadas. Strauch (2008) destaca que a disposição irregular de
resíduos no ambiente contribui a um aumento de áreas contaminadas, considerando-se
problemas ambientais em solos e corpos hídricos. Desta forma, além de um custo ambiental
bastante significativo, o problema da disposição inadequada interfere também em custos
econômicos para recuperação destas áreas.

4.5.2. Coleta e Transporte

Monteiro et al. (2001) destaca que a qualidade da operação de coleta e transporte


depende diretamente do acondicionamento, armazenamento e da disposição dos recipientes,
inclusive para reduzir a heterogeneidade dos resíduos e facilitar a coleta. Esta atenção é
fundamental para, no final do ciclo de vida dos resíduos, tornar-se possível uma maior
recuperação e reutilização destes. Para que um resíduo possa ser reciclado, precisa ter um
determinado grau de pureza e limpeza, ou seja, estar disponível, separado de outros resíduos e
sem contaminação. (STRAUCH, 2008)
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Coletar o lixo significa recolher e encaminhá-lo, mediante transporte adequado, a uma


possível estação de transferência, a um eventual tratamento e à disposição final. (Moraes et
al.). É obrigação do poder público garantir a universalidade do serviço prestado, de modo que
todo cidadão seja atendido pela coleta de lixo domiciliar. Também, destaca-se a necessidade
de regularidade da coleta, repetindo-se os locais, dias e horários, fazendo a população confiar
no sistema de coleta e adequar-se a ela. (ALMEIDA et al., 2000)
Segundo Barros (2012), a coleta é basicamente feita segundo um dos quatro sistemas
diferenciados:
 Sistema Regular ou Convencional: Executada nas residências a intervalos
determinados, correspondendo à remoção de resíduos de tipo domiciliar, comercial e
industrial de pequeno porte.
 Coleta especial: Executada mediante escala ou a pedido do(s) interessado(s).
Os resíduos provêm da varrição pública, de unidades de saúde, entre outros.
 Coleta realizada pelo próprio produtor: Executada quando há incidência de
grande volume de lixo. São resíduos de indústrias, de obras de engenharia (entulhos), etc. Os
produtores devem se responsabilizar pelo seu eventual tratamento, remoção transporte e
disposição em locais previamente acordados e indicados.
 Coleta Seletiva: Recolhimento dos materiais de forma que se tenha uma
segregação prévia na fonte (residências, estabelecimentos comerciais e outros), dentre os
quais destacam-se como de maior interesse comercial o papel, papelão, vidro, plásticos e
metais.
Por razões climáticas, no Brasil, o tempo decorrido entre a geração do lixo domiciliar
e seu destino final não deve exceder uma semana para evitar proliferação de moscas, aumento
do mau cheiro e a atratividade que o lixo exerce sobre roedores, insetos e outros animais.
(MONTEIRO et al., 2001)

4.5.3. Armazenamento e Tratamento

Quando há grandes distâncias a serem percorridas entre a coleta e a destinação final,


comumente são utilizadas estações de transbordo. Segundo Monteiro et al. (2001), são
unidades instaladas próximas ao centro de massa de geração de resíduos para que os
caminhões de coleta, depois de cheios, façam a descarga e retornem rapidamente para
complementar o roteiro de coleta.
26

Strauch (2008) destaca que as tecnologias de tratamento podem estar fora do ciclo dos
materiais, ou seja, sem aproveitamento de nada do que o resíduo fornece, visando apenas sua
redução ou estabilização, ou podem fazer parte do ciclo de materiais, através do
aproveitamento energético ou de material. No tratamento do rejeito de resíduo urbano, o
objetivo principal é reduzir o risco advindo de aterros, onde o resíduo biologicamente ativo
produz gases e chorume.

4.5.4. Triagem e Reciclagem

Dentre as formas de tratamento, a reciclagem é aquela que desperta o maior interesse


na população, principalmente por seu forte apelo ambiental. (MONTEIRO et al., 2001). A
reciclagem pode ser definida pelo processo de produção de um novo produto a partir de
matéria-prima secundária, incluindo também todo o contexto de uso deste material, desde os
processos de coleta e segregação até a produção do novo bem. (STRAUCH, 2008)
Para viabilizar a reciclagem, são necessárias decisões estratégicas em relação ao
processo de separação dos materiais a serem reciclados. Para tanto, pode-se trabalhar com a
coleta seletiva, compreendida pela separação dos materiais na fonte em secos (recicláveis) e
orgânicos, ou também por usinas de triagem, realizadas especificamente após a coleta normal
e transporte de lixo. (ALMEIDA et al., 2000)
Os principais benefícios ambientais referem-se à economia de matérias-primas não
renováveis, economia de energia nos processos produtivos e o aumento da vida útil dos
aterros sanitários. (MONTEIRO et al., 2001). O autor também destaca a economia de
transporte, uma vez que se reduz o material que demanda o aterro.
Strauch (2008) ressalta que a reciclagem e o tratamento assumem o segundo nível de
prioridade da política de resíduos sólidos da União Europeia, após a redução e a reutilização.
No Brasil, o autor destaca que, ao mesmo tempo em que a reciclagem é um passo importante
na busca por uma economia mais sustentável, ela é também um fator econômico para famílias
de baixa renda. Na figura 06 pode ser visualizada a sequência de etapas em planta de
reciclagem de plásticos, utilizada como exemplo.
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Figura 06 – Planta de Reciclagem de Plásticos.

Fonte: http://meioambiente.culturamix.com/, acessado em maio de 2012.

Todavia, a meta final da reciclagem dificilmente é, ou poderá ser, alcançar 100%, pois
não seria racional nem do ponto de vista econômico como também do ponto de vista
ambiental. Strauch (2008) lembra que os custos por tonelada de material reciclado aumentam
de acordo com o percentual reciclado, e os impactos ambientais seguem a mesma tendência.
O autor cita que pode se mostrar fácil e barato recolher o papel descartado no centro da
cidade, por exemplo, onde as pessoas podem separar e ele se encontra aglomerado. No
entanto, aumentando-se os percentuais de reciclagem (próximos de 100%), torna-se
necessário coletar e segregar adequadamente uma pequena quantidade que pode estar em um
ponto distante, gastando mais combustível do que o papel poderá render de economia
energética. Outra limitação também diz respeito à possibilidade técnica de separar frações de
diferentes resíduos. O estudo de ACV contribui, todavia, para auxiliar a tomada de decisões
estratégicas desta natureza. (BRASIL, 2010)
O alto custo do beneficiamento de recicláveis tem provocado negligência por parte das
indústrias que lidam com sucata, manipulando os materiais sem empregar tecnologia limpa de
processamento. Assim, sem os devidos cuidados, o processo de beneficiamento do material
reciclável pode ser altamente prejudicial ao meio ambiente, muito mais do que se fosse
disposto em aterros sanitários. (MONTEIRO et al., 2001)
28

4.5.5. Compostagem

Compostagem é a transformação de resíduos orgânicos, através de processos físicos,


químicos e biológicos devidamente monitorados, em material mais estável e resistente à ação
das espécies consumidoras. Como resultado deste processo, obtém-se um condicionar
orgânico denominado composto. (BARROS, 2012)
Destaca-se que, com a compostagem, há uma redução de cerca de 50% do lixo rejeito
destinado a aterros. Além disso, o aproveitamento agrícola da matéria orgânica contribui à
reciclagem de nutrientes para o solo, economizando também o tratamento de efluentes em
aterros, uma vez que se consegue trabalhar com os resíduos orgânicos prevenindo sua
disposição final.
Segundo Monteiro et al. (2001), a economia da energia que seria gasta na
transformação da matéria-prima, já contida no reciclado, e a transformação do material
orgânico do lixo em composto orgânico adequado para nutrir o solo destinado à agricultura,
representam vantagens ambientais e econômicas importantes proporcionadas pelas usinas de
reciclagem e compostagem.
Sendo um processo de transformação, a matéria orgânica passa por duas etapas, como
resultado das atividades microbiológicas: Digestão (fase na qual a matéria atinge a
bioestabilização) e maturação (onde atinge a humificação, transformando a matéria em
húmus). Além disso, destaca-se que o processo sofre interferências de fatores tais como
temperatura, aeração, umidade, microrganismos, relação Carbono/Nitrogênio, entre outros.
(BARROS, 2012)

4.5.6. Incineração

A incineração do lixo também é um tratamento eficaz, tornando o resíduo


absolutamente inerte em pouco tempo, se realizada de forma adequada. Segundo Strauch
(2008), a incineração é uma forma de conversão direta de energia contida nos resíduos.Mas
sua instalação e funcionamento são geralmente dispendiosos, principalmente em razão da
necessidade de filtros e implementos tecnológicos sofisticados para diminuir ou eliminar a
poluição do ar provocada por gases produzidos durante a queima do lixo. (MONTEIRO et al.,
2001)
29

Na incineração, durante a combustão dos resíduos a matéria orgânica presente nos


resíduos é oxidada pelo oxigênio do ar dando origem a gases simples (CO2, N2, NOx, SOx,
HCl, CO e HC), cinzas (escórias e volantes) e micropoluentes (PAH’s, dioxinas, furanos e
metais voláteis). O processo de incineração pode dar origem a impactos ambientais negativos
(tais como, maus cheiros, ruído, presença de vetores, impacto paisagístico). (MATOS, 2004
apud GOMES, 2008).
Strauch (2008) destaca a utilização da incineração principalmente afim de se evitar
impactos ambientais advindos de aterros, motivo pelo qual na União Europeia é proibido
destinar resíduos em aterro sem tratamento prévio. A Diretiva 1999/31/CE, regulamentadora
desta exigência, estabelece percentuais máximos de teor de carbono orgânico no resíduo a ser
aterrado, para fins de garantir a estabilidade química do resíduo no aterro.

4.5.7. Disposição Final

Apesar de todos os esforços empreendidos na gestão de resíduos, Strauch (2008)


ressalva que sempre haverá resíduos que não podem ser aproveitados e que precisarão ser
dispostos em aterros, conforme diversos especialistas da área. O problema atual, no entanto é
o desafio de se ter uma disposição adequada, com um controle de poluição que impeça
impactos ambientais. (BARROS, 2012). Dentre as principais formas atuais de destinação
final, destacam-se:

 Lixões

O lixão, ainda muito comumente utilizado, apesar de ser proibido, é uma forma
inadequada de disposição final utilizada pelos municípios, e se caracteriza pela simples
descarga destes sobre o solo, sem qualquer proteção ao meio ambiente ou à saúde pública.
(ALMEIDA et al., 2000)
Em termos ambientais, os lixões agravam a poluição do ar, do solo e das águas, além
de provocar poluição visual. Além disso, problemas sociais e econômicos desencadeam-se
através da utilização de lixões a céu aberto. (FEAM, 2010)
A figura 07 ilustra os principais impactos ambientais causados pelos lixões.
30

Figura 07 – Impactos Ambientais causados pelos lixões.

Fonte: FEAM (2010).

Neto (2007) destaca, em seu trabalho desenvolvido por ICV em gerenciamento RSU
de um pequeno município no estado de Rio Grande do Sul, que o principal fator impactante
ao estudo foi o lixão do município, justamente por não possuir qualquer medida que possa vir
a minimizar o impacto ambiental gerado. Além disso, a emissão de poluentes atmosféricos e
aquosos é extremamente intensa e ocorre em maior escala nos lixões do que em qualquer
outra etapa do gerenciamento.

 Aterros Controlados

Aterros controlados são sistemas de destinação final que minimizam os impactos


ambientais. Segundo Feam (2010), é uma técnica utilizada para confinar os resíduos sólidos
31

urbanos sem poluir o ambiente externo, porém sem a implementação de elementos de


proteção ambiental. A poluição gerada é localizada, pois a área de disposição é menor.
Geralmente, não dispõem de impermeabilização de base (comprometendo a qualidade das
águas subterrâneas), nem de sistemas de tratamento do percolado (chorume e água).
Conforme citam Almeida et al.(2000), esse método é preferível ao lixão, mas, devido aos
problemas ambientais que causa e aos seus custos de operação, é de qualidade bastante
inferior ao aterro sanitário. Exigências legais atuais estão proibindo projetos de implantação
de Aterros Controlados no Brasil. (BRASIL, 2010)

 Aterros Sanitários

Aterros sanitários, por sua vez, são as infraestruturas consideradas técnica e


ambientalmente adequadas para a eliminação de resíduos. Devem obedecer a um projeto de
implantação e exploração, respeitando normas e critérios técnicos. (GOMES, 2008)
A exploração de um aterro compreende a impermeabilização de base, controle da
recepção de resíduos, a deposição no solo, a compactação e a cobertura diária, o controle de
lixiviados e das emissões gasosas, tratamento de efluentes, coleta e tratamento de gases,
monitoramento ambiental, dentre outras características (FEAM, 2010). Quando a capacidade
do aterro se esgota, este é coberto, dando lugar à plantação de ervas e arbustos, com o
objetivo de servir como parque de lazer. É importante referir que, mesmo depois de
encerrado, continuam a existir emissões líquidas e gasosas que devem ser controladas.
(GOMES, 2008)
Strauch (2008) destaca que aterros sanitários tem a capacidade de transformação
intermediária da energia contida nos resíduos. Isto ocorre através da obtenção do biogás, pela
biodigestão e captação do gás de aterro.
Todavia, todas as categorias de aterro contribuem a uma maior concentração de
metano, conforme cita Strauch (2008). Para minimizar o impacto são necessários sistemas
extremamente eficientes de coleta e utilização de gases, o que, na maioria dos casos, é
inviável. Além disso, aterros mal projetados podem acarretar contaminação do lençol freático.
32

4.6. ACV de Resíduos Sólidos Urbanos


Para elaboração do estudo de ACV, serão destacadas características de importante
função na elaboração dos estudos e consequentemente obtenção dos resultados esperados.

4.6.1. Caracterização dos Resíduos

Os Resíduos Sólidos Urbanos gerados no Brasil possuem as seguintes características,


expressas na figura 08 e Tabela 01.

Figura 08 – Composição Gravimétrica dos RSU no Brasil.

Fonte: Plano Nacional de Resíduos Sólidos - Versão pós Audiência e Consulta Pública,
citado em ABRELPE (2012).

Tabela 01 – Participação dos Materiais no Total de RSU Coletado no Brasil.

Fonte: ABRELPE (2012).


33

A região Sul do Brasil é responsável pela geração de 14,5% dos Resíduos Sólidos
Urbanos totais no Brasil. Este percentual representa aproximadamente 21 mil toneladas por
dia. O índice de geração de resíduos da população brasileira em geral é de 0,89
kg/habitante/dia (ABRELPE, 2011).

4.6.2. Coleta e Transporte

Monteiro et al.(2001) citam componentes importantes para estudo do sistema de coleta


de lixo. A capacidade média de carga dos veículos de coleta (compactador de 12m³) é de, em
média, 5,5 toneladas/viagem. O tempo de carga e descarga é estimado em 15 minutos cada.
Em trabalho de ACV aplicado a gestão de resíduos, Xará et al.(2001?), em Portugal,
foram consideradas características da região, coleta e resíduos gerados. Destacou-se, por
exemplo, a geração de resíduos per capita, população, número de habitantes por moradia,
composição gravimétrica, número de visita dos veículos por habitação, número de sacos e
pesos recolhidos por habitação e consumo médio de combustível.

4.6.3. Tratamento de Resíduos e Disposição Final

A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece que os municípios deverão


encontrar soluções engajando coleta seletiva e erradicação de lixões. ALMEIDA et al.(2000)
destacam que, até o ano de 2010, apenas 13% dos resíduos de todos os municípios brasileiros
tinha destinação em compostagem/reciclagem. A Política também enfatiza que serão
necessários tratamentos biológicos (como o caso da compostagem) afim de se reduzir o
percentual de lixo orgânico nos aterros. (BRASIL, 2010)
No levantamento realizado pela ABRELPE, em 2011, foram obtidos alguns valores
percentuais do panorama de reciclagem no Brasil. Segundo este estudo, foram possíveis
identificar em 2009 índices de 46%, 47%, 38% e 56% de aproveitamento para reciclagem de
Papel, vidro, alumínio e pet, respectivamente.
Em relação ao aproveitamento energético nos tratamentos de resíduos, dados
encontrados na literatura destacam ser possível gerar aproximadamente 1000kwh de energia
elétrica por tonelada. Através da incineração os resíduos de uma população de cem mil
34

habitantes poderia gerar energia elétrica para suprir a demanda de energia de uma população
de trinta mil habitantes. (CALDERONI, 2001 apud STRAUCH, 2008).
Na destinação final, pode ser possível gerar 330kwh de energia elétrica por tonelada
disposta em aterro através da queima de biogás (Flare). Em média, a geração de gás para
recuperação seria equivalente a 200 m³ por tonelada de resíduo, sendo destes 100 m³ de gás
metano (CH4). Considerando a densidade do gás metano de 0,7 kg/m³, obtém-se uma
quantidade de 70 kg de gás por tonelada de resíduo. (JOHANNESSEN, 1999 apud
STRAUCH, 2008)
Todavia, uma das grandes problemáticas em aterros sanitários é a geração de chorume,
efluente que percola as camadas de resíduos originado das águas pluviais, e que apresenta
potencial poluidor agressivo.

4.6.4. Cenários de Estudo

Em Xará et al.(2001?) avaliou-se o impacto da coleta, tratamento e disposição dos


resíduos dividindo quatro cenários diferentes:
 Cenário 1: Coleta padrão e disposição em aterro;
 Cenário 2: Coleta padrão, pré-separação de resíduos recicláveis, compostagem de
resíduo orgânico (com mercado para o composto), disposição em aterro.
 Cenário 3: Coleta padrão, pré-separação de resíduos recicláveis, compostagem de
resíduo orgânico (sem mercado para o composto), disposição em aterro.
 Cenário 4: Coleta padrão, incineração conjunta de todos os resíduos, recuperação dos
metais ferrosos e disposição final em aterro.
Através dos dados obtidos, Xará et al. (2001?) destacou o maior impacto das emissões
de Gás Carbônico (CO2) no Cenário 4, decorrente da queima, e também maior gasto
energético. Em contrapartida, foi possível evitar as emissões de Dióxidos de Nitrogênio
(NO2). No Cenário 1, houve maior geração de gás metano (CH4). Pelos dados apresentados,
os perfis dos Cenários 2 e 3 obtiveram menor impacto e consequente maior sustentabilidade
na ACV.
Gomes (2008) trabalhou com a diferenciação de ACV em três cenários de análises,
para a gestão dos resíduos urbanos. O primeiro destes caracterizou-se por uma avaliação da
situação atual de gerenciamento, destacando-se que a maioria dos resíduos recolhidos tem
como destino final o aterro. Em um segundo cenário foi trabalho com metas definidas,
35

assumindo uma coleta seletiva que possa atingir 36% dos resíduos, sendo destes 18% à
reciclagem material e 18% à reciclagem orgânica. Dos 64% restantes, pressupôs que, a partir
de tratamento mecânico-biológico, 18% seriam enviados para compostagem, 30% para CDR
(combustíveis derivados de resíduos), 6% para reciclagem material e 10% a aterros. Por fim,
no último cenário, Gomes (2008) sugeriu uma estratégia de alternativa com a introdução de
tratamento térmico. Além disso, destacou-se que resíduos destinados a tratamento biológico
são sujeitos a compostagem doméstica e municipal, ao invés de compostagem centralizada.
Bovea e Powell (2006) trabalharam com modelagem de um cenário atual e quatro
cenários de projeção, considerando a recuperação de recicláveis, recuperação de resíduos
orgânicos e reaproveitamento energético dos gases gerados. Hong et. al. (2010) relacionaram
os cenários de aterro, incineração e compostagem aeróbia.
36

5. METODOLOGIA

Através dos dados apresentados na revisão de literatura e informações sobre a Análise


de Ciclo de Vida e gerenciamento integrado de Resíduos Sólidos Urbanos, obteve-se base de
dados para apresentar a proposta do presente trabalho.
O projeto será realizado como parte do Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos Urbanos em Vera Cruz – RS. Este será dividido em duas etapas: Inicialmente, será
exposto o diagnóstico atual do gerenciamento de resíduos sólidos no município.
Posteriormente, será avaliada a aplicação da ferramenta de Análise de Ciclo de Vida (ACV)
para analisar os impactos ambientais correlacionados.

5.1. Diagnóstico do Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos

Vera Cruz está localizada na região do Vale do Rio Pardo, distante 166 quilômetros da
capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Sua altitude média é de 68 metros em relação ao
nível do mar. O município tem uma área de 310 quilômetros quadrados. Sua latitude é
29º42’53” Sul e longitude 52º30’20” Oeste e está localizada no Centro Oriental Rio-
grandense.

5.1.1. Sistema Atual de Gerenciamento

O sistema atual de gerenciamento no município relaciona as etapas de Coleta,


Transporte e Disposição Final em Aterro Sanitário. A coleta e transporte é de
responsabilidade da Empresa Conesul Soluções Ambientais, que destina os resíduos
adequadamente junto ao aterro sanitário da SIL Soluções Ambientais, em Minas do Leão –
RS. Além disso, salienta-se a execução de projeto piloto para coleta de resíduos recicláveis e
triagem em depósito fornecido pela Prefeitura.
37

5.1.2. Projeção de crescimento populacional e taxa de geração de lixo

O município de Vera Cruz é caracterizado pela ocorrência de médias e altas


densidades demográficas na zona rural do município, decorrente de um índice elevado de
população rural em relação à média estadual e nacional. Na zona urbana, as maiores
densidades ocorrem preferencialmente em zonas de bairros residenciais e as densidades
médias próximo a área central do perímetro urbano. Através dos dados do último CENSO,
realizado em 2010, tem-se algumas informações relevantes em relação ao território e
população do município (Tabela 02).

Tabela 02 - Dados referentes ao território e população de Vera Cruz – RS.

TERRITÓRIO E POPULAÇÃO ANO MUNICÍPIO

Área em Km² 2010 309,622

População 2010 23.983

Densidade demográfica (hab/Km²) 2010 77,46

Fonte: IBGE CENSO (2010)

A seguir, na tabela 03, tem-se a população do município no decorrer dos últimos anos.

Tabela 03 – Número de habitantes no município de Vera Cruz nos últimos anos.


ANO HABITANTES
1991 17923
1996 19514
2000 21300
2007 22702
2010 23983
Fonte: IBGE CENSO (2010)

Para dimensionar a projeção demográfica do município, foi utilizado o Modelo de


Taxa Constante de Crescimento, que assume um aumento de taxa proporcional à população.
Para cálculo da taxa, foram utilizadas as equações matemáticas 1 e 2:
38

ln P1  ln P0
Kg  (1)
t1  t0

K g .(t t0 )
Pt  P0 .e (2)
(SPERLING, 2005)
Onde:
 kg= constante geométrica de crescimento populacional
 pt = população estimada
 p0= população atual
 t0 = tempo inicial
 t = tempo projetado

Através de contato com a Prefeitura Municipal de Vera Cruz, foi possível obter
registros de toda a movimentação de resíduos gerados ao aterro sanitário da Empresa Sil –
Soluções Ambientais, e, desta forma, sintetizar as quantidades geradas nos últimos sete anos,
conforme tabela 04.

Tabela 04 – Quantidades Totais de Resíduos Sólidos Urbanos gerados no município de


Vera Cruz.
Quantidade Média Quantidade Média Diária
Ano Quantidade Total (t)
Mensal (t) (t/d)
2006 2275,71 189,64 6,32
2007 2270,96 189,25 6,31
2008 2325,84 193,82 6,46
2009 2530,85 210,90 7,03
2010 2997,74 249,81 8,33
2011 3056,02 254,67 8,49
2012* 3148,6 262,38 8,75
*Quantidade fornecida até metade do ano; Estimada até o final.
Fonte: Prefeitura Municipal de Vera Cruz.

Através destes dados, foi calculada taxa média de crescimento na geração de resíduos
sólidos urbanos pela população.
39

5.1.3. Custos e Taxas de Coleta de Lixo

Para a avaliação dos custos relacionados ao gerenciamento de RSU foram utilizados os


valores de contrato entre a Conesul Soluções Ambientais e a prefeitura de Vera Cruz. O
contrato inicial, fixado em 2008, estabelece os seguintes valores:

 Execução de coleta de resíduos sólidos domiciliares: R$ 21.646,94 por mês coletado;


 Transporte dos resíduos coletados: R$ 51,05 por tonelada transportada, com estimativa
de 190 toneladas por mês (R$ 9.699,50);
 Destinação final dos resíduos coletados: R$ 35,00 por tonelada destinada, com
estimativa de 190 toneladas por mês (R$ 6.650,00);

Salienta-se igualmente que, ao decorrer dos anos, foram acordados Termos Aditivos
que reajustaram os valores iniciais, de modo a também adequar-se ao crescimento do
município.

Em relação a taxa de coleta do lixo, a mesma está vinculada ao Imposto sobre a


propriedade predial e territorial urbana (IPTU). Os valores estipulados seguem o Código
Tributário de Vera Cruz, sendo realizada a cobrança em locais onde a coleta é realizada, no
mínimo, duas vezes por semana.

Através destas informações, foram correlacionados os custos e arrecadações


envolvidas nas séries históricas de Vera Cruz, de forma a obter informações relevantes quanto
ao custo de gerenciamento por tonelada de resíduo e, assim, enfatizar inovações quanto a
tecnologia atual, visando a sustentabilidade ambiental e econômica.

5.1.4. Caracterização Física dos Resíduos

Foi realizada coleta e disposição temporária dos resíduos sólidos em local previamente
autorizado pela Prefeitura do município, a fim de realizar os procedimentos de análise
qualitativa e quantitativa. O procedimento de composição gravimétrica foi realizado em três
dias consecutivos, abordando coletas em bairros de diferentes características. Desta forma,
torna-se possível uma caracterização média dos resíduos gerados. Na figura 09 pode-se
visualizar a descarga dos resíduos.
40

Figura 09 – Etapa de descarregamento dos resíduos.

Fonte: Registro Fotográfico do Autor, 2012.

Para determinar as características dos Resíduos Sólidos gerados foi utilizada a técnica
do quarteamento (conforme figura 10), procedimento de mistura no qual uma amostra bruta
homogeneizada de resíduos é dividida sucessivamente em quatro partes iguais. A cada divisão
realizada, aproveitam-se dois quartis destas, sendo o restante descartado. O processo foi
repetido até uma quantidade remanescente de aproximadamente 400 kg. (BARROS, 2012)

Figura 10 - Formação dos quartis para obtenção da representatividade das parcelas de


composição gravimétrica.
41

Na tabela 05, estão descritas as quantidades consideradas para a realização das


amostragens.

Tabela 05 – Descrição das amostragens realizadas para a composição gravimétrica.


Coleta Total Parcela Utilizada Parcela
Amostragem (kg) (kg) Utilizada (%)
1 10350 584 5,6%
2 5870 506 8,6%
3 8300 242 2,9%
Total 24520 1332 5,4%

No procedimento, obteve-se auxílio de máquina retroescavadeira e ferramentas


manuais para melhor segregação dos resíduos (Figura 11).

Figura 11 – Procedimento de quarteamento dos resíduos.

Fonte: Registro Fotográfico do Autor, 2012.

Na caracterização, foram considerados os seguintes resíduos: Matéria Orgânica,


plástico, papel, metal, resíduo têxtil, borracha, embalagens Tetrapak, vidro e rejeito. A figura
12 demonstra a amostra quarteada que foi utilizada para a caracterização dos resíduos
presentes.
42

Figura 12 – Amostra selecionada para a realização do estudo.

Fonte: Registro Fotográfico do Autor, 2012.

5.1.5. Potencialidade de Recuperação de Resíduos

Através dos dados a serem obtidos acerca da taxa de crescimento populacional, taxa de
geração de lixo e composição gravimétrica dos mesmos, será elaborado um diagnóstico da
potencialidade de recuperação de resíduos, com base na situação atual. Por meio destas
informações, pretende-se analisar as quantidades de resíduos destinados em aterros que
poderiam ser reaproveitados e, desta forma, auxiliar a sustentabilidade sócio-econômica e
ambiental no gerenciamento de resíduos sólidos.
Para realizar esta atividade correlacionou-se o crescimento populacional, a taxa de
geração de lixo e as características para estabelecer um horizonte de cinco anos. Assim,
quantificou-se resíduos orgânicos e materiais recicláveis que provavelmente estariam sendo
destinados em aterro sanitário, mas que poderiam ter destinos alternativos, por meio de
triagem, compostagem e reciclagem. Uma vez que estes resíduos tenham um destino
alternativo, podem contribuir a um custo inferior para manutenção do sistema de coleta,
transporte, tratamento e destinação final.
Além disso, esta etapa está interligada a proposta de Análise de Ciclo de Vida,
contribuindo para sustentar os cenários alternativos que serão propostos no decorrer do
trabalho.
43

5.2. Estudo para Análise do Ciclo de Vida (ACV)

Como etapa inicial do trabalho prático de ACV, será realizado levantamento de dados
para o estudo relacionado ao impacto ambiental do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos
no município. Grande parte dos dados necessários ao estudo foi abordada na revisão e na
primeira etapa do trabalho. Outros dados que, por ventura, se façam necessários, serão
buscados nos materiais de consulta, bem como banco de dados específicos para a ACV.
Através de levantamentos e pesquisas junto à Prefeitura Municipal de Vera Cruz – RS,
à empresa terceirizada, e com base nos procedimentos realizados nas etapas anteriores, serão
explorados dados que tenham interferência no estudo de ACV. Dentre os dados a serem
trabalhados nesta etapa, destacam-se:
 Quantidade de lixo gerado;
 Composição gravimétrica dos resíduos;
 Sistemas de coleta;
 Frequência de coleta;
 Tipo de caminhão utilizado;
 Quilometragens percorridas pelos caminhões;
 Consumo de combustível;
 Capacidade de transporte;
 População atendida pela coleta;
 Percentual para recuperação de resíduos recicláveis na usina de triagem;
 Perspectiva de recuperação de resíduos úmidos para tratamento biológico;
 Tipo de aterro para disposição final.

5.2.1. Definição de Dados

A quantidade de lixo gerado é equivalente a 8,75 toneladas / dia. Destes, 32,15 % são
potencialmente recicláveis. 48,28 % Matéria Orgânica e 19,57 % classificados como rejeito.
O sistema de coleta utilizado é o convencional, sendo que, o caminhão de coleta de lixo
percorre 88,33 quilômetros em média por dia, valor este obtido quando realizada a
caracterização física dos resíduos. Após este percurso de coleta, a empresa terceirizada realiza
44

transbordo em área própria, para posterior transporte do resíduo até o aterro sanitário de
Minas do Leão – RS. O município está localizado a 96 Km de distância de Vera Cruz – RS.
Uma vez que é considerada a geração de 8,75 toneladas/dia de Resíduos Sólidos Urbanos, foi
realizada extrapolação das informações apresentadas para compatibilidade à Unidade
Funcional, a ser definida no próximo tópico.

5.2.2. Definição do Escopo e Unidade Funcional

O modelo a ser estudado analisa o processo desde o momento em que o material se


torna lixo e termina quando ele deixa de ser resíduo e se torna um material reaproveitado, um
material residual aterrado ou emissões na atmosfera ou água. Este modelo será alimentado
com informações sobre o lixo, energia (combustíveis e energia elétrica) e outras matérias
primas utilizadas.
O escopo do trabalho restringe-se as etapas de geração, transporte, armazenamento,
tratamento e destinação final. No caso de tratamentos dos resíduos, não será enfatizado, por
exemplo, o destino dos materiais reciclados, limitando-se ao material reciclável pronto para
utilização.
Serão considerados principalmente os balanços de materiais, de energia, emissões
atmosféricas e resíduos (líquidos e sólidos) decorrentes das diferentes etapas e dos cenários
propostos. A Unidade Funcional a ser trabalhada será de uma tonelada de RSU (HONG et al.,
2010; FANTORI, 2010; BOVEA e POWELL, 2006; ARENA et al., 2003)
Serão desenvolvidos balanços de massa, com entradas e saídas para cada etapa do
gerenciamento dos resíduos, interligando-os de acordo com as interferências que um processo
acarreta em outro. O inventário será realizado para cada cenário desenvolvido. Para tal, será
utilizado software de auxílio, de modo que se possa desenvolver a rota dos resíduos e
quantificar as entradas e saídas nesta. As fronteiras do sistema estão delimitadas no
fluxograma a seguir (Figura 13).
45

Figura 13 – Limites e Fronteiras do Sistema de Estudo de ACV.

5.2.3. Software Umberto®

A definição de quais informações devem ser abrangidas e o que deve ser pesquisado é
parte fundamental da ACV. Por ser uma ferramenta complexa que requer o envolvimento de
um número elevado de dados, bem como um alto consumo de tempo e recurso, tem-se a
disposição uma grande variedade de softwares. Estes, visam auxiliar na condução destes
estudos, garantido banco de dados e conclusões de maior confiança. No presente trabalho será
utilizado o software Umberto® - Know the Flow, desenvolvido pelo Institute for
Environmental Informatics, de Hamburgo, Alemanha.
O software permite a elaboração de uma rede de fluxo de materiais para cada cenário.
Essa rede de fluxo de materiais representa um sistema de gestão com os vários processos
envolvidos. Assim, depois da inserção de todos os materiais (resíduos) de entrada e através de
uma ferramenta de cálculo da aplicação, obtém-se inventário de emissões e energias. O
Software foi utilizado a fim de se comparar diversos cenários na gestão dos resíduos.
Conforme destacado por Gomes (2008), o software possui um banco de dados
completo se referenciado o processo de gestão de resíduos sólidos. Assim, possuem
46

características já definidas e que permite utilizá-las para modelagem dos cenários específicos
para cada ACV. As bases de dados existentes no Umberto têm como fonte outras bases de
dados como o UBA Berlin (Agência Federal do Ambiente de Berlim), o BUWAL Bern
(Agência Suíça para o Ambiente, Florestas e Paisagens) e o modelo Tremod (Modelo de
emissões do transporte) (Umberto, 2008). Além disso, destaca-se que o software possibilita
que o usuário possa adaptar o processo importado, modificando funções ou coeficientes pré-
estabelecidos para adequação a sua realidade específica.

 Coleta e Transporte

O módulo descreve as etapas da coleta de resíduos sólidos nos domicílios para,


posteriormente, o transporte até aterro sanitário. Assim, permite que alguns parâmetros sejam
considerados, para se adequar o modelo a situação do município de Vera Cruz. Na etapa de
coleta, são possíveis distinguir as características da linha de recolhimento (distância
percorrida) e o tipo de resíduo coletado. Posteriormente, define-se a distância do município
até o aterro e as características das rodovias que serão percorridas.
Para modelagem da transição deve-se considerar os materiais de entrada e saída, bem
como definir o material específico que está sendo coletado e transporte (neste caso, resíduos
sólidos urbanos). Em alguns cenários estudados, optou-se por desmembrar esta etapa em dois
processos separados, uma vez que, quando inseridos estação de triagem e/ou compostagem, o
transporte que ocorre posteriormente ao aterro terá diferentes quantidades a serem
transportadas e destinadas. (IFU, 2011)

 Estação de Triagem

Nesta transição, descreve-se a possibilidade de separação de materiais recicláveis para


posterior envio a reciclagem. Assim, pode-se definir como parâmetro a composição de vidro,
metal, papel e plástico em relação ao montante total, incluindo também a taxa de recuperação
destes. Para tal, o consumo de eletricidade para a triagem varia de acordo com a composição
do material. No entanto, o software automaticamente realiza os cálculos resultantes para os
passos seguintes do ACV.
47

 Compostagem

Optou-se por utilizar o modelo de transição mais simplificado, uma vez que a
realidade brasileira no tratamento de resíduos orgânicos é totalmente diferente do que pode
ser encontrado na Europa. Desta forma, justifica-se que, para uma modelagem de cenário
mais realista, deve-se trabalhar com o modelo mais simplificado de tratamento. Segundo Ifu
(2011), os dados de compostagem escolhidos descrevem uma planta de compostagem de
resíduos orgânicos residenciais realizada em caixas ou contêineres.
Esta etapa permite a manipulação de dois parâmetros essenciais: A taxa de matéria
degradável no montante; e a parcela úmida dos resíduos. Além disso, deve-se adaptar os
cenários de modo que os resíduos orgânicos sejam os únicos materiais de entrada neste
processo. Assim, deve-se garantir que a divisão de porcentagem entre matéria orgânica e
outros resíduos ocorra antes do processo.

 Aterro

Gomes (2008) cita que alguns processos exigem sistemas com maior complexidade ou
uma rede de fluxo de maior tamanho. Neste caso, o software Umberto possibilita que, para o
aterro sanitário, por exemplo, desenvolva-se modelagens secundárias, conhecidas como sub-
redes. Assim, dentro da transição do Aterro, são consideradas as etapas de suprimento de
energia elétrica, suprimento de energia mecânica, suprimento de energia térmica, disposição
no aterro, gás de aterro e geração/tratamento do lixiviado.
Os dois principais tipos de emissões do processo, segundo Gomes (2008), referem-se
ao lixiviado e emissões gasosas gerados na decomposição do lixo. As emissões gasosas são
calculadas através de determinação do índice de carbono orgânico disponível. Já a quantidade
de gás de aterro é calculada usando o índice de carbono biologicamente degradável do
resíduo, enquanto que a quantidade de lixiviado é relacionada diretamente com a quantidade
de resíduo depositada. (IFU, 2011)
48

5.2.4. Cenários de Projeção

A partir do diagnóstico da situação atual do gerenciamento, serão elaborados cenários


que estejam de acordo com as exigências determinadas pela Política Nacional de Resíduos
Sólidos. (ICLEI, 2012). Destaca-se que esta metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida por
comparação entre cenários é amplamente utilizada na literatura, como por exemplo em Bovea
e Powell (2006), Arena et al (2003), Gomes (2008), Tarantini et al. (2009), entre outros.
Dentre as metas a serem consideradas como horizonte próximo ao gerenciamento de
RSU (até 2015, para as cidades do sul do Brasil), pode-se destacar:
 Eliminação Total dos lixões;
 Redução de 43% no percentual dos resíduos recicláveis secos dispostos em aterros;
 Redução de 30% no percentual de resíduos úmidos dispostos em aterros;
 Recuperação de gases de aterro sanitário (50% - 300 MW/h)
 Destinação Final sustentável, buscando a estruturação de consórcios entre os
municípios para a implantação de aterros sanitários.
Com a elaboração do inventário de quantificação de resíduos e percentuais de
reciclagem/tratamento e destinação final, além da análise de impacto ambiental decorrente,
pretende-se obter um modelo para avaliação do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos.
Assim, torna-se possível a comparação deste modelo com municípios de diferentes porte e
estrutura, bem como que possuam outras soluções atuais para o gerenciamento de resíduos,
quer sejam adequadas ou inadequadas. No presente trabalho, serão considerados quatro
cenários distintos. Os modelos adotados para elaboração dos cenários seguem padrões
encontrados na literatura (Gomes, 2008)

 Cenário 0: Situação Atual

O cenário 0 representa o gerenciamento atual dos resíduos sólidos urbanos em Vera


Cruz – RS. Desta forma, os resíduos são acondicionados pela população, coletados e
transportados até destinação final em Aterro Sanitário devidamente regularizado na cidade de
Minas do Leão – RS. Apesar da composição gravimétrica comprovar parcelas diferentes de
resíduos gerados, o padrão atual de gerenciamento não diferencia os resíduos e, desta forma,
destina igualmente sem qualquer distinção.
49

Foi considerado, na primeira etapa, uma linha de recolhimento equivalente a 10 Km


percorridos, equivalente a extrapolação dos 8,75 toneladas /dia para 1000 kg de RSU a serem
recolhidos, conforme Pereira (2004). Já para a etapa de transporte, foi considerada a distância
de 96 Km entre Vera Cruz e Minas do Leão. As Tabelas 06 e 07 apresentam os parâmetros
considerados para a introdução dos dados no software.

Tabela 06: Parâmetros considerados na etapa de Coleta.


Parâmetro Valor considerado
Linha de Recolhimento 10 Km
Tipo de Material Lixo Residual

Tabela 07: Parâmetros considerados na etapa de Transporte.


Valor
Parâmetro
considerado
Distância até Aterro 96 Km
Transporte em Rodovias 80 %
Transporte em Estradas de Interior 10 %
Transporte em Limites Municipais 10 %
Tipo de Material Lixo Residual

 Cenário 1:

O cenário 1 representa os impactos ambientais relacionados a um sistema alternativo


de gerenciamento dos resíduos sólidos, utilizando como etapa intermediária a triagem de
resíduos recicláveis. Através das metas estipuladas por ICLEI (2012), estima-se a utilização
de 43 % dos resíduos recicláveis, considerando assim papel, plástico, metal e vidro. Desta
forma, evita-se a disposição desta quantidade em aterros. Por fim, o cenário passa a
representar as etapas de coleta, transporte, triagem e disposição final.
50

Tabela 08 – Parâmetros para especificação da etapa de triagem.


Valor considerado Recuperação
Parâmetro
(kg/kg) Estimada
Fração de Vidro 0,0206 43 %
Fração de Papel 0,1013 43 %
Fração de Metal 0,016 43 %
Fração de Plásticos 0,016 43 %

 Cenário 2
O cenário 2 representa os impactos ambientais relacionados a um sistema alternativo
de gerenciamento dos resíduos sólidos, considerando tratamento final para resíduos orgânicos
em compostagem. Através das metas estipuladas por ICLEI (2012), estima-se a recuperação
de 30 % dos resíduos orgânicos. Desta forma, evita-se a disposição final de uma parcela de
resíduos úmidos em aterros. Por fim, o cenário passa a representar as etapas de coleta,
transporte, triagem e tratamento da matéria orgânica e disposição final para o restante dos
resíduos.
Os seguintes parâmetros são considerados para esta etapa (Tabela 09)

Tabela 09 – Parâmetros para especificação da etapa de compostagem.


Parâmetro Valor considerado (kg/kg)
Parcela Úmida 0,5
Parcela biodegradável 0,5
(Hong, 2010 e Barros, 2012)

 Cenário 3

O cenário 3 relaciona as duas metas apresentadas nos cenários anteriores correlacionadas em


um mesmo sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos. Desta forma, são consideradas as
metas de redução em 30% do volume de resíduos úmidos e 43% de resíduos secos passíveis
de reciclagem em aterros sanitários (ICLEI, 2012). Desta forma, o sistema conta com as
etapas de coleta, transporte, triagem de recicláveis, triagem e compostagem de resíduos
51

orgânicos e disposição final em aterro sanitário, com uma quantidade de aproximadamente


72% da UF de 1000 kg.
As especificações dos parâmetros seguem os mesmos valores das Tabelas 08 e 09, dos
cenários anteriores, uma vez que o cenário 3 interliga as duas alternativas já destacadas.

 Cenário 4

O cenário 4 relaciona as maiores parcelas de recuperação possíveis com a compostagem e


reciclagem, de 85% e 80%, respectivamente (RODRIGUES, 2006 apud PEREIRA NETO,
1995). Desta forma, o sistema conta com as etapas de coleta, transporte, triagem de
recicláveis, triagem e compostagem de resíduos orgânicos e disposição final em aterro
sanitário, com uma quantidade reduzida de resíduos de aproximadamente 33,7% da UF de
1000 kg.
Em relação aos parâmetros considerados, destaca-se que foram modificadas as taxas
de recuperação dos resíduos recicláveis (Tabela 10). Para o módulo da compostagem, no
entanto, não houve necessidade de adequação nos parâmetros, uma vez que a mudança foi
relacionada nas quantidades de matéria orgânica que chegam ao processo.

Tabela 10 – Parâmetros para especificação da etapa de triagem.


Valor considerado Recuperação
Parâmetro
(kg/kg) Estimada
Fração de Vidro 0,0206 80 %
Fração de Papel 0,1013 80 %
Fração de Metal 0,016 80 %
Fração de Plásticos 0,016 80 %

 Fluxograma dos Cenários

Na figura a seguir, está representado o fluxograma de todos os cenários e respectivas metas a


serem consideradas.
52

Figura 14 – Metas dos cenários alternativos estudados.

5.2.5. Análise de Impacto

Através dos cenários desenvolvidos e seus respectivos inventários, serão utilizadas


metodologias para avaliar o impacto ambiental que o gerenciamento de resíduos sólidos
urbanos acarreta.
Em virtude das opções de metodologia para Análise de Impacto disponíveis no banco
de dados do software, optou-se em trabalhar com a metodologia CML 2000 (Manual
Holandês de ACV). Segundo Takeda (2008), esta é uma das metodologias que vem sendo
amplamente utilizadas e é caracterizada como um exemplo de utilização midpoint. A escolha
foi baseada pela acessibilidade com o projeto através do software e por demais autores que
utilizaram a mesma (BOVEA, 2006; GOMES, 2008). Salienta-se que não há, até o presente
momento, uma metodologia de análise exclusivamente brasileira.
O sistema de avaliação CML permite uma metodologia de análise para ACV de
acordo com as requisições da ISO 14.042. Desta metodologia, adotaram-se as seguintes
categorias de impacto para avaliação:
53

 Depleção de Recursos Abióticos: Relaciona a extração de minerais e combustíveis fósseis


em relação ao sistema. O fator é determinado para cada extração por kg antimônio (Sb)
equivalente/ kg extração, baseado na concentração de reservas e taxa de consumo.
 Aquecimento Global: Contabiliza os efeitos das emissões através de atividades humanas,
considerando apenas as emissões gasosas. O fator é determinado em kg de Dióxido de
Carbono (CO 2) equivalente.
 Acidificação: Quantifica o impacto de substâncias acidificantes ao solo, águas
subterrâneas, águas superficiais, organismos, ecossistemas e materiais. O potencial de
acidificação, calculado com o modelo RAINS 10, descreve o destino e deposição de
substâncias acidificantes e é expresso por kg de Dióxido de Enxofre (SO2) equivalente /
kg de emissão. (TAKEDA, 2008)
 Eutrofização: Inclui impactos relacionados a excessivos níveis de macro-nutrientes no
meio ambiente, causados por emissões de substâncias no ar, água e solo. A eutrofização
potencial é expressa como kg de Fosfato (PO4) equivalente / kg de emissão. (TAKEDA,
2008)
 Ecotoxicidade de Água Doce: Esta categoria refere-se a impactos de substâncias tóxicas
em sistemas aquáticos (ecossistemas de água doce), enfatizando destino, exposição e
efeitos de substâncias tóxicas. Os fatores são expressos como 1,4-diclorobenzeno (p-
DCB) equivalente / kg de emissão.
 Ecotoxicidade Marinha: Esta categoria refere-se a impactos de substâncias tóxicas em
sistemas aquáticos (ecossistemas de água marinha). Os fatores são expressos como 1,4-
diclorobenzeno equivalente / kg de emissão.
 Ecotoxicidade terrestre: Esta categoria refere-se a impactos de substâncias tóxicas em
sistemas terrestres. Os fatores são expressos como 1,4-diclorobenzeno equivalente / kg de
emissão.
 Toxicidade humana: Contabiliza efeitos de substâncias tóxicas no ambiente humano. .
Os fatores são expressos como 1,4-diclorobenzeno equivalente / kg de emissão.
 Oxidação Fotoquímica: Formação de substâncias reativas, principalmente ozônio,
danosas à saúde humana e ecossistemas. O potencial de criação fotoquímica de ozônio é
expressa em kg etileno (C2H2)/ kg de emissão.
54

6. RESULTADOS

6.1. Diagnóstico do Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos

6.1.1. Sistema Atual de Gerenciamento

O município de Vera Cruz exerce a sistemática de coleta convencional, de porta a


porta. A utilização do Ecoponto – Central de Recebimentos de Resíduos Recicláveis – condiz
com a realidade de uma coleta regular ponto a ponto, de forma a acumular grandes
quantidades destes materiais a fim de comercialização ou um destino mais ambientalmente
correto, evitando assim a disposição em aterros sanitários ou mesmo em áreas ilegais. A
figura a seguir ilustra as condições de acondicionamento dos resíduos.

Figura 15 – Acondicionamento dos Resíduos.

Fonte: Registro fotográfico do autor, 2012.

A coleta é realizada conforme calendário de recolhimento de lixo, englobando


principalmente as regiões urbanas (centro e bairros), como também a região rural, realizada
em dias específicos e organizada conforme a semana do mês.
55

Além disso, há no município um projeto de coleta seletiva, que era realizado em


apenas dois bairros de forma experimental.

A coleta e transporte dos Resíduos Sólidos Urbanos gerados é realizada pela Empresa
CONESUL SOLUÇÕES AMBIENTAIS LTDA. A empresa disponibiliza dois caminhões
basculantes de 15 m³ cada. O segundo caminhão realiza coletas quando há demanda de
resíduos, e também tem função de reserva, caso o outro caminhão tenha algum problema. Os
caminhões responsáveis pela coleta dos resíduos sólidos são caminhões compactadores
totalmente fabricados em aço, contendo cordões de solda contínuos para evitar o vazamento
de líquidos oriundo da carga. A figura 16 demonstra a equipe de coleta e transporte dos
resíduos.

Figura 16 – Equipe de Coleta dos Resíduos Sólidos Urbanos.

Fonte: Registro fotográfico do autor, 2012.

A coleta seletiva é organizada pela ACROTRALI (Associação Comunitária de


Trabalhadores na Seleção do Lixo), que tem como objetivo a segregação dos materiais
recicláveis junto aos resíduos orgânicos e não recicláveis e também atua com papel
socioambiental na inclusão de catadores buscado melhores condições de renda e trabalho.

Foi realizada uma visita ao local utilizado como unidade de coleta seletiva, onde os
catadores realizam o trabalho, e após as coletas, separam os materiais recicláveis em bags que
são posteriormente negociados. As figuras 17 e 18 ilustram o ambiente de trabalho da
associação.
56

Figura 17 – Ambiente interno do pavilhão utilizado pela associação.

Fonte: Registro fotográfico do autor, 2012.

Figura 18 – Destaque para materiais plásticos segregados em bags.

Fonte: Registro fotográfico do autor, 2012.

A partir de 2002, o gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos passou a ser de


responsabilidade da Conesul Soluções Ambientais, conforme já destacado. Assim, os resíduos
passaram a ser destinados ao Aterro Sanitário pertencente à SIL Soluções Ambientais,
57

localizado em Minas do Leão, a 80 quilômetros de Porto Alegre, em uma área total de 500
hectares dos quais cerca de 73 estão sendo utilizados na operação. Com uma capacidade total
para receber 25 milhões de toneladas de resíduos, o aterro tem uma vida útil estimada em 23
anos. Foram encontradas informações relevantes acerca deste Aterro junto à sua Licença de
Operação, respectiva LO N° 982/2010-DL. A figura 19 destaca o início da operação do aterro.

Figura 19 – Disposição de Resíduos Sólidos Urbanos no início da operação do aterro


sanitário.

6.1.2. Projeção de crescimento populacional e taxa de geração de lixo

Através dos cálculos realizados para a projeção da população total foram obtidos
valores variados entre 0,9 e 2,2%. Todavia, obteve-se um valor de crescimento médio de
1,66% anual, valor este adotado como padrão para projeção do crescimento populacional.
Para cálculo de estimativa da população em determinado ano, deve-se adotar a equação 2 já
apresentada anteriormente:

K g .(t  t 0 )
Pt  P0 .e (2)
(VON SPERLING, 2005)
58

Para projeção da geração de resíduos sólidos urbanos em Vera Cruz, buscaram-se as


taxas de geração com base nas populações e quantidades geradas entre os anos de 2006 e
2011. A partir destas, já apresentadas na etapa anterior do trabalho, optou-se em trabalhar com
a média para o aumento percentual de geração de resíduos anual, equivalente a 3,20%. Esta
taxa de aumento em projeção foi utilizada até 2022, onde obteve-se uma taxa de geração
anual média (0,51 kg/hab.dia) correspondente a realidade da maioria dos municípios. Desta
forma, a partir deste ano, foi considerada uma taxa de geração constante sem crescimento.

6.1.3. Custos e Taxas de Coleta de Lixo

A tabela 11 ilustra as quantidades geradas correlacionadas aos custos envolvidos.

Tabela 11 - Custos totais envolvidos na coleta, transporte e destinação final dos resíduos
sólidos em Vera Cruz.

Quantidade Total Coleta/Transporte Disposição Custos Totais


Ano Gerada (t) (R$) Final (R$) (R$)

2006 2275,71 274.519,23 69.022,41 343.541,64

2007 2270,96 315.736,86 71.053,14 386.790,00

2008 2325,84 384.610,65 85.595,65 470.206,30

2009 2530,85 416.352,56 95.737,92 512.090,48

2010 2997,74 470.054,45 113.042,59 583.097,05

2011 3056,02 507.470,32 123.145,40 630.615,72

2012* 3148,60 537.453,74 132.930,35 670.384,09


*Quantidade fornecida até metade do ano; Estimada até o final.
Fonte: Prefeitura Municipal de Vera Cruz – RS.

A Tabela 12 estabelece os valores arrecadados nos últimos anos com a coleta de lixo
no município.
59

Tabela 12 – Valores arrecadados através da taxa de coleta do lixo em Vera Cruz.

Ano Valor Arrecadado (R$)


2006 R$ 127.731,96
2007 R$ 129.129,10
2008 R$ 147.217,52
2009 R$ 153.770,53
2010 R$ 145.862,08
2011 R$ 130.860,83
2012 R$ 192.143,53

Fonte: Prefeitura Municipal de Vera Cruz – RS.

Através dos dados apresentados nota-se comportamento de acordo com o aumento da


população do município e consequentemente ao acréscimo na geração de Resíduos Sólidos
Urbanos. Além disso, as variações dos custos ao longo dos anos refletem também o aumento
dos valores acordados para os serviços, decorrente inclusive de aumento nas rotas de coleta
para abrangência de novos bairros residenciais
Através das análises realizadas, obteve-se comparativo entre os custos envolvidos no
gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos e valores arrecadados com a taxa de coleta do
lixo do município. O resultado pode ser visualizado na figura 20.
60

Figura 20 – Valores Totais Envolvidos no gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos


em Vera Cruz.

R$ 700.000

R$ 600.000

R$ 500.000

R$ 400.000

R$ 300.000

R$ 200.000

R$ 100.000

R$ 000
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*

Receita (R$) Coleta e Transporte (R$) Disposição Final (R$) Custos Totais (R$)

*Registrado até o mês de Junho, estimado até final de 2012.

Em valores absolutos, o gráfico apresentado demonstra uma arrecadação média anual


de R$ 100.000,00 a R$150.000,00, valor este constante nos últimos seis anos. Já os custos
totais envolvidos apresentaram um aumento de R$ 300.000,00 nos últimos seis anos,
totalizando, em 2012, uma estimativa de gastos maior que R$ 650.000,00.
A seguir, destacam-se os valores envolvidos no gerenciamento por tonelada de resíduo
gerado (Tabela 13).

Tabela 13 – Custos totais envolvidos e receita de taxa de coleta do lixo por tonelada de
resíduo gerenciado no município de Vera Cruz.
Receita Coleta e Disposição Final Custos Totais
Ano
(R$/t) Transporte (R$/t) (R$/t) (R$/t)
2006 R$ 56,13 R$ 120,63 R$ 30,33 R$ 150,96
2007 R$ 56,86 R$ 139,03 R$ 31,29 R$ 170,32
2008 R$ 63,30 R$ 165,36 R$ 36,80 R$ 202,17
2009 R$ 60,76 R$ 164,51 R$ 37,83 R$ 202,34
2010 R$ 48,66 R$ 156,80 R$ 37,71 R$ 194,51
2011 R$ 42,82 R$ 166,06 R$ 40,30 R$ 206,35
2012* R$ 61,03 R$ 170,70 R$ 42,22 R$ 212,91
61

Salienta-se que, para o ano de 2012, estão estimados R$ 212,91 por tonelada de
resíduo coletado, transportado e disposto em aterro. Em contrapartida, o valor arrecadado pela
Prefeitura Municipal representa menos de 30% deste valor, sendo equivalente a R$ 61,03 por
tonelada de resíduo coletado. Este déficit corrobora com a incapacidade financeira atual de
gerenciar o lixo através do capital arrecadado para tal. A figura 21 apresenta o gráfico
relacionado aos valores do gerenciamento.

Figura 21 – Valores Envolvidos no gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos por


tonelada de resíduo.

R$ 250

R$ 200

R$ 150

R$ 100

R$ 050

R$ 000
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012*

Receita (R$/t) Coleta e Transporte (R$/t) Disposição Final (R$/t) Custos Totais (R$/t)

Pelos valores apresentados, o valor arrecadado atual possibilita apenas o pagamento


pela disposição final dos resíduos coletados. Em relação ao déficit dos valores arrecadados,
Pedrosa (2012) destaca que, apesar da Política Nacional dos Resíduos Sólidos destacar a
sustentabilidade no gerenciamento dos resíduos municipais, o que se arrecada nos municípios
brasileiros é insuficiente para financiar o sistema, como ocorre em Vera Cruz – RS. Além
disso, o autor cita que devem ser adotadas alternativas de modo a adotar tudo o que preconiza
a lei: Coleta seletiva, transporte, aterro, incineração, educação ambiental, entre outros. Uma
das grandes pendências é de que as cobranças existentes levam em consideração a
localização, o tamanho e a finalidade do imóvel, e não exatamente o lixo gerado. Segundo
pesquisa publicada na Revista BIO, 2012, a despesa total média com o manejo dos resíduos
sólidos urbanos resulta em um valor médio anual de R$ 73,5 por habitante.
62

6.1.4. Caracterização Física dos Resíduos

A caracterização física dos RSU gerados em Vera Cruz foi realizada, conforme já
destacado, através da metodologia de composição gravimétrica por quarteamento. Nas figuras
22 e 23 apresenta-se o perfil de amostra caracterizado.

Figura 22 – Perfil de caracterização do resíduo trabalhado.

Fonte: Registro fotográfico do autor, 2012.

Figura 23 – Amostras quarteadas de resíduos.

Fonte: Registro fotográfico do autor, 2012.


63

A figura 24 e a Tabela 14 demonstram os valores obtidos para a composição


gravimétrica realizada.

Figura 24 – Composição Gravimétrica dos Resíduos realizada em Vera Cruz.

Vidro; 2,06%
Tetrapak; 0,56% Não Reciclável; Resíduo Eletrônico;
14,33% 0,19%

Borracha; 0,56% Matéria Orgânica;


Resíduo 48,28%
Têxtil; 4,5%

Metal; 1,61%

Papel; 10,13%

Plástico; 17,78%

Tabela 14 – Composição Gravimétrica dos Resíduos.

Classificação dos Resíduos Massa Total (kg) Composição (%)


Matéria Orgânica 643,5 48,28
Plástico 237 17,78
Papel 135 10,13
Metal 21,5 1,61
Resíduo Têxtil 59,9 4,49
Borracha 7,5 0,56
Tetrapak 7,5 0,56
Vidro 27,5 2,06
Não Reciclável 191 14,33
Resíduo Eletrônico 2,5 0,19
TOTAL 1332,9 100,00

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos destaca que a composição gravimétrica média


no país é de 51,4 % de Matéria Orgânica, 31,9 % de Recicláveis e 16,7 % outros. Dentre os
recicláveis, salienta-se que o plástico (em todas as suas formas) representa 13,5 % do total,
64

enquanto papel, papelão e tetrapak somam 13,1 %. Metais e Vidros representam,


respectivamente, 2,9 e 2,4 %. (ABRELPE, 2012)
Através destes valores expostos observa-se que o percentual encontrado na
caracterização física dos resíduos de Vera Cruz – RS estão de acordo com a caracterização
média brasileira em todos os resíduos salientados.
Em estudo realizado por Neto (2007), no município de São Luiz Gonzaga – RS, foram
obtidos os seguintes valores para a caracterização física dos resíduos: Matéria Orgânica –
39%; Papel – 29 %; Plástico – 17 %; Vidro – 0,9 %; Metal – 9,1 % e outros – 5 %. Betat
(2005) apud Schüler (2008) obteve valores de 59 % para matéria orgânica; 16 %
Papel/papelão; 17 % plástico; 4 % metal e 4 % vidro, na composição gravimétrica realizada
no município de Santa Cruz do Sul – RS, próximo a cidade foco deste estudo.
Através das análises, destaca-se que a composição gravimétrica segue um padrão
comum nas cidades brasileiras, conforme dados em literatura e planos já realizados. Além
disso, salienta-se que o resíduo trabalhado apresentou-se bastante contaminado com resíduos
orgânicos e não recicláveis, uma vez que o município não tem um programa de coleta seletiva
que atinge toda a população. A alta incidência de matéria orgânica concomitante a algumas
parcelas consideradas não recicláveis condiz com a realidade de municípios com população
rural elevada.

Figura 25 – Amostragem da condição de mistura dos resíduos estudados.

Fonte: Registro fotográfico do autor, 2012.


65

A seguir, são ilustrados os principais materiais com possibilidade de recuperação


encontrados na amostragem (Figuras 26,27 e 28). Para tal, no entanto, deve-se conscientizar a
população acerca da importância em segregar os resíduos adequadamente, de forma a
contribuir a uma maior possibilidade de recuperação e consequentemente menos gastos e
menor impacto ambiental.

Figura 26 – Caracterização dos diferentes tipos de materiais encontrados nas


amostragens de resíduos. A - Plástico; B – Papel e Papelão; C – Vidro; D – Metal.

A B

C D

Fonte: Registro fotográfico do autor, 2012.


66

Figura 27 – Volume elevado de embalagens plásticas.

Fonte: Registro fotográfico do autor, 2012.

Figura 28 – Parcela constituída de materiais Tetrapak.

Fonte: Registro fotográfico do autor, 2012.

As embalagens Tetrapak têm uma perspectiva interessante no que refere-se a


reutilização e reciclagem. O material composto de plástico/alumínio é destinado para fábricas
de processamento de plásticos, onde é reciclado por meio de processos de secagem, trituração,
extrusão e injeção. Ao final, esse material é usado para produzir peças plásticas como cabos
de pá, vassouras, coletores e outros. Outro processo de reciclagem permite que o plástico com
67

alumínio seja triturado e prensado a quente, transformando-se em uma chapa semelhante ao


compensado de madeira que pode ser usada na fabricação de divisórias, móveis, pequenas
peças decorativas e telhas Em 2010 o índice de reciclagem de embalagens longa vida pós-
consumo atingiu 24,5% do total de embalagens produzidas no Brasil. Hoje este índice é
limitado pela ausência de um número maior de programas de coleta seletiva no país.
(www.tetrapak.com/br/reciclagem, acessado em Agosto de 2012).

Além disso, foram encontrados Resíduos Eletrônicos e Resíduos do Serviço de Saúde.


Apesar destes não constituírem parcela significativa de composição, deve-se salientar que a
população precisa ser alertada com estes riscos, uma vez que podem prejudicar o meio
ambiente e a população em geral, por possuírem compostos perigosos em sua maioria. Além
disso, o município possui projetos que visam a correta destinação dos resíduos,
principalmente eletrônicos.

6.1.5. Potencialidade de Recuperação de Resíduos

A partir das características dos resíduos sólidos de Vera Cruz, identificou-se o


potencial de reciclagem e compostagem através de metodologia encontrada na literatura
(PEREIRA NETO, 1995 apud RODRIGUES, 2006). O fluxograma a seguir (Figura 29)
demonstra o cenário atual da quantidade média de resíduo gerado por dia no município e a
possibilidade de recuperação diante das porcentagens possíveis para tal. Foram considerados
como resíduos recicláveis papel, plástico, metal e vidro.
68

Figura 29 – Fluxograma Balanço de massa dos resíduos gerados no cenário atual de


gerenciamento em Vera Cruz.

Através do fluxograma nota-se que, apesar de aproximadamente 80% dos resíduos


gerados serem possíveis de recuperação, em torno de 67 % são viáveis para estimativa de
reciclagem/compostagem, uma vez que se consideram perdas de, respectivamente, 20% e
15%. Para se obter os valores correlacionados ao horizonte de cinco anos estabelecido,
destaca-se, na Tabela 15, a projeção de estimativa para a população e taxa de geração de lixo
de 2013 a 2017.

Tabela 15 – Estimativa de geração de resíduos para os próximos anos (2013 – 2017).


Ano População Estimada Taxa de Geração (kg/hab.dia) Geração de Resíduos (t)
2013 25208 0,38 3527,60
2014 25630 0,40 3701,38
2015 26059 0,41 3883,74
2016 26495 0,42 4075,07
2017 26938 0,43 4275,83
69

A seguir, na Tabela 16, estão estimados os diferentes materiais que podem vir a ser
reaproveitados nos próximos cinco anos, dentre resíduos recicláveis e orgânicos, com base na
composição gravimétrica realizada.

Tabela 16 – Comparativo da projeção de recuperação de resíduos entre 2013 e 2017.


Mat. Total de
Plástico (t) Papel (t) Metal (t) Vidro (t)
Ano Orgânica (t) Resíduos
2013 1703,1 627,2 357,3 56,9 72,8 2817,26
2014 1787,0 658,1 374,9 59,7 76,4 2956,05
2015 1875,0 690,6 393,4 62,6 80,1 3101,69
2016 1967,4 724,6 412,7 65,7 84,1 3254,49
2017 2064,3 760,3 433,1 69,0 88,2 3414,82

Através desta estimativa, salienta-se que 80% do resíduo gerado pelo município tem
potencial de recuperação, considerando formas diversas de tratamento e reutilização.
Considerando o aproveitamento na reciclagem de 80% dos resíduos recicláveis e o
aproveitamento na compostagem de 85% dos resíduos orgânicos, tem-se, na Figura 30, a
projeção total estimada para potencial de recuperação de resíduos.

Figura 30 - Potencial de recuperação dos resíduos em um planejamento de cinco anos


para o município de Vera Cruz – RS.
7987,179

8000,00

Mat. Orgânica (t)


6000,00
Plástico (t)
Papel (t)
4000,00 2768,626
Metal (t)
1577,065 Vidro (t)
2000,00
251,162 321,254

,00
70

Considerando o grande volume de resíduos orgânicos, plásticos e papéis, serão


destacados os valores envolvidos com estes e o potencial para sua recuperação, como forma
de justificar o estudo da Análise de Ciclo de Vida (referente a segunda etapa do trabalho)
também sob o ponto de vista econômico.

 Matéria Orgânica

Relacionando-se os custos totais envolvidos por tonelada de resíduo (R$ 212,91/t em


2012) com a quantidade prevista de geração para matéria orgânica, são obtidos os seguintes
valores, conforme Tabela 17.

Tabela 17 - Relação da quantidade de matéria orgânica estimada e valores envolvidos,


com base no cálculo de custos para 2012.
Mat. Orgânica Valores Envolvidos
Ano
(t) (R$)
2013 1703,06 R$ 362.606,91
2014 1786,96 R$ 380.470,90
2015 1875,00 R$ 399.214,96
2016 1967,37 R$ 418.882,46
2017 2064,29 R$ 439.518,88
TOTAL 9396,68 R$ 2.000.694,10

Os resultados destacados na tabela anterior demonstram que, ao projetar o horizonte de


cinco anos com os valores atuais, serão gastos aproximadamente R$ 2 milhões de reais para
coletar, transportar e destinar os resíduos orgânicos da forma tradicional. Entretanto, o
elevado valor associado e o impacto ambiental que o sistema convencional acarreta
impulsionam a busca por novas tecnologias, que podem vir a contribuir para a
sustentabilidade geral do gerenciamento.

No caso da matéria orgânica poderiam ser estruturados projetos de compostagem, com


seus devidos detalhamento técnicos, visando a transformação do resíduo em compostos
orgânicos a serem utilizados como fertilizantes na agricultura, e também a difusão do projeto
de composteiras nos órgãos públicos.
71

 Resíduos Plásticos e Papéis

A relação entre os custos totais envolvidos por tonelada de resíduo (R$ 212,91/t em
2012) e a quantidade prevista de geração resulta nos seguintes valores, conforme Tabela 18.

Tabela 18 – Relação da quantidade de resíduos estimados e valores envolvidos, com base


no cálculo de custos para 2012.
Valores
Valores
Ano Plástico (t) Papel (t) Envolvidos
Envolvidos (R$)
(R$)2
2013 627,23 R$ 133.547,53 357,29 R$ 76.071,38
2014 658,14 R$ 140.126,81 374,89 R$ 79.819,07
2015 690,56 R$ 147.030,22 393,36 R$ 83.751,39
2016 724,58 R$ 154.273,72 412,73 R$ 87.877,44
2017 760,28 R$ 161.874,09 433,07 R$ 92.206,76
TOTAL 3460,78 R$ 736.852,37 1971,33 R$ 419.726,04

Através dos dados expostos é possível perceber o montante de valores gastos para
destinar de forma convencional os resíduos plásticos e papéis. No horizonte de cinco anos
tem-se um total de gasto estimado de aproximadamente R$ 1,15 milhões.

Conforme dados do Ministério do Meio Ambiente, expostos no Plano Nacional de


Resíduos Sólidos (2012), a maior parte do volume de resíduos plásticos refere-se a plásticos
filmes e plásticos rígidos. Estes possuem uma divisão média nacional de 66% e 34%,
respectivamente. Através da porcentagem de composição e os valores de material reciclado
para Porto Alegre, obtidos no portal da CEMPRE, estima-se a seguir os valores que poderiam
ser recuperados com a quantidade projetada. Os valores são de R$300/ton para plástico filme
prensado e de R$650/ton para plástico rígido Prensado e Limpo. Em relação aos resíduos de
Papel, utilizou-se como base o valor da CEMPRE para papelão, também em Porto Alegre.
Desta forma, o papelão prensado e limpo é vendido ao preço de R$290/ton. A Tabela 19
demonstra os valores que podem ser recuperados com o fomento à iniciativas de triagem e
reciclagem dos resíduos considerados. Salienta-se que a taxa de aproveitamento para
reciclagem e compostagem utilizada anteriormente no potencial geral continua sendo
considerada, de 80% e 85%, respectivamente.
72

Tabela 19 – Valores de potencial para recuperação de resíduos plásticos e de papel


através da reciclagem, com base nos valores da CEMPRE.

Ano Plástico (t) Valor Potencial Papel (t) Valor Potencial2


2013 501,79 R$ 210.248,87 285,83 R$ 82.890,18
2014 526,51 R$ 220.606,87 299,91 R$ 86.973,80
2015 552,45 R$ 231.475,17 314,68 R$ 91.258,60
2016 579,66 R$ 242.878,89 330,19 R$ 95.754,49
2017 608,22 R$ 254.844,42 346,45 R$ 100.471,88
TOTAL 2768,63 R$ 1.160.054,23 1577,07 R$ 457.348,95

Assim, nota-se que, os mesmos resíduos que apresentam um custo acumulado de


aproximadamente R$1,15 milhões, se trabalhados em iniciativas de triagem e reciclagem
consistem em uma possibilidade de recuperação de aproximadamente R$ 1,6 milhões, ao
passo que também são economizados os custos atuais de coleta, transporte e disposição final.
A figura 31 ilustra esta situação.

Figura 31 – Comparativo entre valores gastos e valores potenciais em cinco anos para
gerenciamento de resíduos recicláveis (Papel e Plástico).

R$ 2.000.000

R$ 1.500.000

R$ 1.000.000

R$ 500.000

R$ 000
Potencial - Plásticos Potencial - Papel Potencial Total Custos Atuais
-R$ 500.000

-R$ 1.000.000

-R$ 1.500.000
73

6.2. Estudo para Análise do Ciclo de Vida (ACV)

Os resultados para estudo de Análise de Ciclo de vida abrangem algumas etapas


essenciais, tendo inicialmente a importância de destacar algumas peculiaridades de cada
cenário trabalho. Posteriormente, serão destacadas comparações entre os balanços de massas
e energéticos (entradas e saídas) de cada cenário, através dos cálculos realizados com o
auxílio do sofware, justificando as diferenças encontradas. Finalmente, na terceira etapa, será
destaca a avaliação do ACV através da metodologia CML 2000, visando a aproximação do
cenário atual para as perspectivas de mudanças no município.

6.2.1. Avaliação Ambiental dos Cenários de Estudo

Os cenários são devidamente caracterizados a seguir, com ênfase às informações de


coleta de dados necessárias ao Inventário de Ciclo de Vida para realização do trabalho junto
ao Umberto. As transferências de massa e energia do balanço de entradas e saídas de cada
cenário encontram-se em Anexo. Nesta etapa serão apresentados os resultados independentes
de cada cenário, enfatizando características peculiares e importantes no modelo estudo.
Assim, as entradas estão divididas em categorias como demanda energética, recursos
energéticos e não energéticos, materiais de processo e execução, entre outros. As saídas do
sistema englobam as emissões atmosféricas, efluentes líquidos e resíduos sólidos gerados no
cenário atual, utilizando como base o banco de dados do software utilizado.
Através do balanço de massa, foram calculados os indicadores das categorias
ambientais trabalhadas, conforme metodologia CML 2000.

 Cenário 0: Situação Atual

O cenário da situação atual foi desenvolvido através de duas transições buscadas no


material do banco de dados no software. O módulo inicial inclui as etapas de coleta dos RSU
nos domicílios e o transporte até o aterro sanitário, conforme Figura 32.
74

Figura 32 – Sub-rede do módulo T1: Coleta e transporte de RSU.

Posteriormente, é considera a etapa de Aterro sanitário, conforme já apresentada na


etapa de metodologia do trabalho.
A figura 33 demonstra o fluxograma elaborado no software Umberto, para posterior
procedimentos de cálculos relativos ao ICV e ACV. Destaca-se que os módulos T1 e T2
possuem as sub-redes relacionadas anteriormente.

Figura 33 – Fluxograma do Gerenciamento de Resíduos Sólidos referente ao Cenário


Atual.

Através do fluxograma, destacam-se os Places do processo, os quais dividem-se em


entrada (Input), saída (output) ou de conexão (connection), estes últimos responsáveis pela
ligação entre dois módulos (transitions). As estruturas responsáveis pela ligação entre os
Places e as transitions são conhecidas como flechas (Arrows).
75

A tabela 20 apresenta os valores de impacto ambiental, conforme ICV apresentado no


Anexo A, respectivamente para uma tonelada de resíduo gerenciado (unidade funcional) e
3.193,75 toneladas (referente a quantidade de geração anual).

Tabela 20 – Contribuição para as categorias de impacto ambiental do Cenário Atual


(Cenário 0), conforme metodologia de avaliação CML 2000.

Impacto Ambiental Impacto Ambiental Un.


Categoria de Impacto
(UF) Anual Equivalente
Depleção de recursos
3,17 x 10-1 1,01 x 10+3 kg Sb eq
abióticos
Acidificação 3,55 x 10-1 1,13 x 10+3 kg SO2 eq
Eutrofização 5,80 x 10-2 1,85 x 10+2 kg PO4 eq
Ecotoxicidade de Água doce 9,61 x 10-2 3,07 x 10+2 kg p-DCB eq
Aquecimento Global 4,94 x 10+1 1,58 x 10+5 kg CO2 eq
Toxicidade humana 9,89 x 10+0 3,16 x 10+4 kg p-DCB eq
Ecotoxicidade Marinha 7,33 x 10+4 2,34 x 10+8 kg p-DCB eq
Oxidação Fotoquímica 1,80 x 10-2 5,75 x 10+1 kg etileno eq
Ecotoxicidade Terrestre 1,16 x 10-2 3,72 x 10+1 kg p-DCB eq

A tabela demonstra dados relacionados aos impactos ambientais. Salienta-se uma


grande variedade nos valores, em virtude das diferenças consideradas para os procedimentos
de cálculo. O maior destaque para o Impacto Ambiental Diário ocorre na categoria de
Ecotoxicidade Marinha (aproximadamente 73.300 kg p-DCB eq) e Aquecimento Global (49
kg CO2 equivalente). Quando considerado o impacto ambiental anual, nota-se uma quantidade
significativa de impacto, como por exemplo de 158.000 kg de CO2 equivalente no
Aquecimento Global. Para Acidificação e Eutrofização, os valores anuais são de,
respectivamente, 1.130 kg de SO2 equivalente e 185 kg de PO4 equivalente .

 Cenário 1

O cenário 1 apresenta a diferenciação da triagem no processo de gerenciamento. Desta


forma, previamente a triagem, a primeira etapa consiste apenas na coleta do resíduo, sendo
que o transporte foi adaptado a etapa posterior da triagem. No módulo de triagem, considerou-
se as frações de resíduos recicláveis encontradas na composição gravimétrica realizada (papel,
plástico, metal e vidro). Assim, obteve-se um reajuste na quantidade de resíduo sólido a ser
transportado ao aterro, contribuindo a menores níveis de poluição, principalmente emissões
76

atmosférica. Além disso, considerou a recuperação de uma parcela significativa de resíduos,


de modo a ser encaminhado a reciclagem, conforme Tabela 21.

Tabela 21 – Resíduos Recicláveis a serem recuperados


Resíduo Reciclável Quantidade (kg)
Vidro 8,86
Papel 43,56
Metal 6,88
Plástico 76,45

A Figura 34 destaca o fluxograma do processo.

Figura 34 – Fluxograma do Cenário 1, considerando a triagem dos resíduos recicláveis,


destacada no módulo T3.

Os módulos T1, T2 e T4 possuem sub-redes relacionadas da mesma forma que o


cenário atual apresentado anteriormente. Para o módulo T4, a sub-rede de coleta e transporte
foi adaptada exclusivamente para a etapa de transporte dos RSU ao aterro sanitário, conforme
figura 35.
77

Figura 35 – Sub-rede do módulo de transporte (T4), relaciona após a etapa de triagem


dos resíduos.

A tabela 22 apresenta os valores de contribuição a mensuração de impacto ambiental,


conforme ICV apresentado no Anexo B, respectivamente para uma tonelada de resíduo
gerenciado (unidade funcional) e 3.193,75 toneladas (referente a quantidade de geração
anual).

Tabela 22 – Contribuição para as categorias de impacto ambiental do Cenário 1,


conforme metodologia de avaliação CML 2000.
Impacto Ambiental Impacto Ambiental Un.
Categoria de Impacto
(UF) Anual Equivalente
Depleção de recursos
2,77 x 10-1 8,84 x 10+2 kg Sb eq
abióticos
Acidificação 3,33 x 10-1 1,06 x 10+3 kg SO2 eq
-2 +2
Eutrofização 5,62 x 10 1,79 x 10 kg PO4 eq
-2 +2
Ecotoxicidade de Água doce 7,67 x 10 2,45 x 10 kg p-DCB eq
+1 +5
Aquecimento Global 4,53 x 10 1,45 x 10 kg CO2 eq
+0 +4
Toxicidade humana 8,66 x 10 2,77 x 10 kg p-DCB eq
+4 +8
Ecotoxicidade Marinha 6,34 x 10 2,02 x 10 kg p-DCB eq
-2 +1
Oxidação Fotoquímica 1,61 x 10 5,14 x 10 kg etileno eq
-2 +1
Ecotoxicidade Terrestre 1,02 x 10 3,26 x 10 kg p-DCB eq

O cenário 1 apresenta contribuições de impacto ambiental gradativamente menor. O


maior destaque para o Impacto Ambiental de uma tonelada de RSU continua a ocorrer na
categoria de Ecotoxicidade Marinha (aproximadamente 63.400 kg p-DCB) e Aquecimento
Global (45,3 kg CO2 equivalente). Nota-se que, comparado ao cenário atual, é possível
78

reduzir as emissões diárias. Assim, quando considerado o impacto ambiental anual, nota-se
um somatório de 145.000 kg de CO2 equivalente no Aquecimento Global, reduzindo
aproximadamente 13.000 kg comparado ao cenário atual. Para Acidificação e Eutrofização, os
valores anuais são de, respectivamente, 1.060 kg de SO2 equivalente e 179 kg de PO4
equivalente. Isso demonstra que a retirada de materiais no processo de triagem influencia de
forma positiva ao processo.

 Cenário 2

O cenário seguinte considera o tratamento biológico dos resíduos orgânicos como


etapa intermediária, anteriormente ao aterro sanitário. Inicialmente, a relação entre coleta e
transporte ocorre de igual forma ao destacado no cenário anterior, justificando a coleta no
início e o transporte após a separação dos resíduos orgânicos para reciclagem. Posteriormente
a coleta, há um módulo criado que simula a triagem dos resíduos orgânicos, que são
devidamente encaminhados ao tratamento biológico de compostagem. Da parcela de 144,84
kg de Matéria Orgânica encaminhada ao tratamento biológico, 67,6 kg de composto orgânico
são obtidos, conforme procedimentos de cálculo do programa.
Os demais módulos consideram a mesma sistemática do Cenário 1. O fluxograma
pode ser visualizado na etapa seguinte (Figura 36)

Figura 36 – Fluxograma do Cenário 2, considerando o tratamento biológico do resíduo


orgânico, destacado no módulo T3.
79

A Tabela 23 apresenta os valores de contribuição a mensuração de impacto ambiental,


conforme ICV apresentado no Anexo C, respectivamente para uma tonelada de resíduo
gerenciado (unidade funcional) e 3.193,75 toneladas (referente a quantidade de geração
anual).

Tabela 23 – Contribuição para as categorias de impacto ambiental do Cenário 2,


conforme metodologia de avaliação CML 2000.
Impacto Ambiental Impacto Ambiental Un.
Categoria de Impacto
(UF) Anual Equivalente
Depleção de recursos
2,74 x 10-1 8,76 x 10+2 kg Sb eq
abióticos
Acidificação 3,07 x 10-1 9,80 x 10+2 kg SO2 eq
Eutrofização 5,03 x 10-2 1,61 x 10+2 kg PO4 eq
Ecotoxicidade de Água doce 8,32 x 10-2 2,66 x 10+2 kg p-DCB eq
Aquecimento Global 4,28 x 10+1 1,37 x 10+5 kg CO2 eq
Toxicidade humana 8,53 x 10+0 2,72 x 10+4 kg p-DCB eq
Ecotoxicidade Marinha 6,27 x 10+4 2,00 x 10+8 kg p-DCB eq
Oxidação Fotoquímica 1,55 x 10-2 4,95 x 10+1 kg etileno eq
Ecotoxicidade Terrestre 1,01 x 10-2 3,23 x 10+1 kg p-DCB eq

No Cenário 2, com a introdução da compostagem, tem-se um padrão de contribuição a


impactos ambientais menor ao anterior. Nota-se, por exemplo, que o padrão de impacto para
UF em Aquecimento Global reduz para 42,8 kg CO2 equivalente. Este valor, convertido ao
impacto anual, corresponde a 137.000 kg de CO2 equivalente. Em relação aos impactos de
ecotoxicidade, mantiveram-se as tendências vistas nos cenários anteriores. Para Acidificação
e Eutrofização, os valores anuais são de, respectivamente, 980 kg de SO2 equivalente e 161 kg
de PO4 equivalente.

 Cenário 3

O cenário 3 relaciona as duas metas de triagem e tratamento biológico,


respectivamente. Assim, mantém os módulos de coleta, transporte e aterro igualmente aos
outros cenários. No entanto, para conciliar as propostas, considera-se a realização da triagem
dos recicláveis para posterior seleção do material para compostagem. O montante restante é
destinado ao transporte e, por fim, ao aterro sanitário. Para este cenário percebe-se redução
significativa do percentual de resíduo destinado ao aterro, uma vez que boa parcela foi
separada e/ou tratada. A Tabela 24 relaciona os resíduos recicláveis, parcela de matéria
80

orgânica destinada a compostagem, produção de composto, e quantidade total. Já a figura 37


apresenta a rede obtida para o cenário 3 no Software Umberto.

Tabela 24 – Resíduos Recicláveis a serem recuperados.


Resíduo Reciclável Quantidade (kg)
Vidro 8,86
Papel 43,56
Metal 6,88
Plástico 76,45
Matéria Orgânica 144,84
Composto Produzido 67,6
Quantidade Total Destinada 280,59
Quantidade Total Recuperada 203,35
81

Figura 37 – Fluxograma do Cenário 3, considerando a triagem dos recicláveis e tratamento biológico, respectivamente destacados no
módulo T3 e T6.
82

A Tabela 25 apresenta os valores de contribuição a mensuração de impacto ambiental,


conforme ICV apresentado no Anexo D, respectivamente para uma tonelada de resíduo
gerenciado (unidade funcional) e 3.193,75 toneladas (referente a quantidade de geração
anual).

Tabela 25 – Contribuição para as categorias de impacto ambiental do Cenário 3,


conforme metodologia de avaliação CML 2000.
Impacto Ambiental Impacto Ambiental Un.
Categoria de Impacto
(UF) Anual Equivalente
Depleção de recursos
2,35 x 10-1 7,49 x 10+2 kg Sb eq
abióticos
Acidificação 2,84 x 10-1 9,08 x 10+2 kg SO2 eq
Eutrofização 4,85 x 10-2 1,55 x 10+2 kg PO4 eq
Ecotoxicidade de Água doce 7,12 x 10-2 2,27 x 10+2 kg p-DCB eq
Aquecimento Global 3,87 x 10+1 1,24 x 10+5 kg CO2 eq
Toxicidade humana 7,30 x 10+0 2,33 x 10+4 kg p-DCB eq
Ecotoxicidade Marinha 5,28 x 10+4 1,69 x 10+8 kg p-DCB eq
Oxidação Fotoquímica 1,36 x 10-2 4,35 x 10+1 kg etileno eq
Ecotoxicidade Terrestre 8,66 x 10-3 2,76 x 10+1 kg p-DCB

Com a introdução das metas de triagem e compostagem, nota-se que os valores de


impacto ambiental assumem características sinérgicas de redução. Assim, o impacto para UF
de Aquecimento Global passa, por exemplo, a 38,7 CO2 equivalente. Igualmente às outras
exposições, o valor total anual demonstra uma importância de redução significativa: Em
relação ao cenário atual, há uma redução de 25% nas emissões de CO2. O impacto anual da
Depleção de recursos abióticos foi de 749 kg Sb equivalente, enquanto que, para Acidificação
e Eutrofização, resultou, respectivamente, em 908 kg de SO2 equivalente e 155 de kg PO4
equivalente.

 Cenário 4

O cenário 4 apresenta a mesma estruturação tal qual o cenário anterior (Figura 42).
Todavia, inclui maiores percentuais de recuperação dos resíduos recicláveis e resíduos
orgânicos. Para este cenário percebe-se uma redução maior do percentual de resíduo destinado
ao aterro, uma vez que boa parcela foi separada e/ou tratada. A Tabela 26 relaciona os
resíduos recicláveis, parcela de matéria orgânica destinada a compostagem, produção de
composto, e quantidade total.
83

Tabela 26 – Resíduos Recicláveis a serem recuperados.


Resíduo Reciclável Quantidade (kg)
Vidro 16,48
Papel 81,04
Metal 12,80
Plástico 142,24
Matéria Orgânica 410,38
Composto Produzido 191,53
Quantidade Total Destinada 546,13
Quantidade Total Recuperada 327,28

A Tabela 27 apresenta os valores de contribuição a mensuração de impacto ambiental,


conforme ICV apresentado no Anexo E, respectivamente para uma tonelada de resíduo
gerenciado (unidade funcional) e 3.193,75 toneladas (referente a quantidade de geração
anual).

Tabela 27 – Contribuição para as categorias de impacto ambiental do Cenário 4,


conforme metodologia de avaliação CML 2000.
Impacto Ambiental Impacto Ambiental Un.
Categoria de Impacto
(UF) Anual Equivalente
Depleção de recursos
1,23 x 10-1 3,92 x 10+2 kg Sb eq
abióticos
Acidificação 1,57 x 10-1 5,03 x 10+2 kg SO2 eq
Eutrofização 2,82 x 10-2 9,00 x 10+1 kg PO4 eq
Ecotoxicidade de Água doce 3,72 x 10-2 1,19 x 10+2 kg p-DCB
Aquecimento Global 2,12 x 10+1 6,78 x 10+4 kg CO2 eq
Toxicidade humana 3,70 x 10+0 1,18 x 10+4 kg p-DCB
Ecotoxicidade Marinha 2,47 x 10+4 7,90 x 10+7 kg p-DCB
Oxidação Fotoquímica 7,05 x 10-3 2,25 x 10+1 kg etileno
Ecotoxicidade Terrestre 4,58 x 10-3 1,46 x 10+1 kg p-DCB

Assumindo taxas de recuperação maiores para triagem e compostagem, o impacto


ambiental global reduz significativamente. Nota-se na tabela uma contribuição de 24.700 kg
p-DCB equivalente Ecotoxicidade Marinha (categoria de maior impacto em todos os
cenários), apenas 33 % do impacto da mesma categoria no cenário atual. Em relação ao
84

potencial de aquecimento global, o impacto ambiental diário resultou em 21,2 kg de CO2


equivalente, enquanto que o anual manteve-se em 67.800 kg. O impacto anual da Depleção de
recursos abióticos foi de 392 kg Sb equivalente, enquanto que, para Acidificação e
Eutrofização, resultou, respectivamente, em 503 kg SO2 equivalente e 90 kg PO4 equivalente.

6.2.2. Avaliação Comparativa entre os Cenários

Posteriormente a apresentação das categorias de impacto ambiental relacionadas a


cada cenário, nesta etapa serão apresentados gráficos e discussões comparativas entre os
cenários elaborados, buscando identificar evidência do aumento ou diminuição do impacto
considerado.

 Depleção de Recursos Abióticos

A contribuição de impacto por depleção de recursos abióticos é principalmente devido


ao consumo de combustível fóssil durante as fases de coleta e transporte dos resíduos até o
tratamento final (BOVEA e POWELL, 2006). A figura 38 apresenta a comparação do
impacto para depleção de recursos abióticos ao longo do ciclo de vida do resíduo entre os
cenários analisados..

Figura 38 – Contribuição de cada cenário para a depleção de recursos abióticos.

4.000E-04
3.500E-04
3.000E-04
2.500E-04 Aterro
Kg Sb eq

2.000E-04 Transporte

1.500E-04 Unidade de Triagem

1.000E-04 Coleta

500E-04
0.000E+00
C0 C1 C2 C3 C4

Nota-se, portanto, que o primeiro cenário apresenta o maior impacto na categoria,


principalmente devido a etapa de transporte dos resíduos sólidos até o aterro, uma vez que são
percorridas grandes distâncias e não há qualquer recuperação de resíduos na situação atual do
85

município. Assim, todo o resíduo é destinado da mesma forma, o que implica em alto
consumo de combustíveis fósseis, e, consequentemente, em 60 % do impacto deste primeiro
cenário. Nas projeções de gerenciamento dos resíduos, confirma-se a manutenção do impacto
pela coleta e um leve decréscimo referente ao aterro. Bovea e Powell (2006), em seu estudo
de Análise de Ciclo de Vida para um sistema de gerenciamento na comunidade Valência,
Espanha, encontraram uma tendência similar no seu levantamento de categorias de impacto,
sendo que 80% do impacto ambiental desta categoria deve-se a coleta e transporte dos
resíduos, praticamente em todos os cenários. Para este autor, os valores de impacto ambiental
não variaram de acordo com os cenários, resultando em uma média de 2,2 x 10-1 kg de Sb
equivalente para gerenciamento de uma tonelada de Resíduos Sólidos Urbanos.

No Cenário 4, constata-se um decréscimo significativo também nesta categoria de


impacto no aterro, de 66 %. Esta tendência decorre de um menor volume de resíduo a ser
disposto, e, consequentemente, menor consumo energético. Leme et al. (2010) destacam que
sistemas de tratamento interligados a recuperação energética (incineração ou aproveitamento
de gases de aterro) contribui a uma maior redução na depleção de recursos abióticos, pois
evita o consumo de recursos naturais escassos para a geração de eletricidade. Em relação a
depleção biótica, Bovea e Powell (2006) sugerem que a compostagem visa um tratamento que
reduz o impacto biótico principalmente por evitar o uso de fertilizantes.

 Acidificação

A contribuição de Impacto Ambiental por acidificação refere-se aos processo que


intensificam as concentrações de acidez em sistemas aquáticos e terrestres. Emissões de
substâncias potencialmente acidificantes (por exemplo NOx,, SOx, NH3, HCl.), quando
depositadas, podem ocasionar danos a populações de plantas e animais (ARENA et al., 2003).
A figura 39 apresenta o gráfico de comparação de impacto por acidificação nos cenários
abordados.
86

Figura 39 – Contribuição de cada cenário para a acidificação do meio ambiente.


4.000E-04
3.500E-04
3.000E-04
2.500E-04 Aterro
Kg SO2

2.000E-04 Transporte

1.500E-04 Unidade de Triagem


1.000E-04 Coleta
500E-04
0.000E+00
C0 C1 C2 C3 C4

O impacto ambiental por acidificação é caracterizado pelas etapas de transporte e


disposição final em aterro. A coleta mantém, em todos os cenários, um impacto de 2,27E-2 kg
equivalentes de SO2, aumentando os percentuais conforme avança a avaliação dos cenários.
Na situação de análise atual, as etapas de transporte e aterro contribuem, cada uma, a 47 % do
índice de impacto encontrado. Bovea e Powell (2006) destacam que a contribuição desta
categoria deve-se ao consumo de combustível associado as etapas de coleta e transporte até o
tratamento final. Assim, como no estudo de caso de Vera Cruz não há uma linha de coleta
extensa, o impacto desta categoria é reduzido. Além disso, Bova e Powell (2006) também
relacionam a acidificação com as emissões de amônia durante a compostagem e disposição
final do aterro. Apesar da substância Amônia ser básica, em altas quantidades ela confere alta
toxicidade ao meio ambiente, motivo o qual é destacada nesta categoria de impacto. A etapa
de triagem não confere mudanças significativas nos impactos de acidificação. Todavia, Bovea
e Powell (2006) também destacam, em seus cenários de estudo, que a reciclagem, etapa
imediatamente posterior a triagem, favorece a redução significativa do impacto, chegando até
-2 kg de SO2 equivalente para os processos alternativos, enquanto que o padrão de impacto
das outras etapas juntas chega a, no máximo, 5 x 10-1 kg de SO2 equivalente. Leme et al.
(2010) destacam que o principal fator a contribuir na acidificação é a queima do enxofre
presente no biogás e a formação de SOx e NOx.
Andersen et al. (2012) apresentam impactos evitados por acidificação, de -0,15 a -0,32
kg de SO2 equivalente, proveniente dos seis cenários estudados para a avaliação ambiental da
implantação de compostagens caseiras na Dinamarca. Hong et al. (2010) destacam, através da
metodologia Impact 2002+, os impactos relativos a acidificação aquática e terrestre. Para a
87

acidificação aquática, foi obtida contribuição significativa principalmente devido ao Aterro


Sanitário (2,17 kg eq. De SO2) e cenário de compostagem/ incineração (2,17 kg eq. De SO2),
enquanto que Incineração e Compostagem/incineração afetaram em uma escala menor. Em
contrapartida, apenas o cenário de compostagem/incineração apresentou impacto ambiental ao
meio ambiente(1,13 kg eq. De SO2), enquanto que os demais tiveram valores negativos.

 Eutrofização

O potencial de impacto por eutrofização ocorre principalmente devido a elevada


concentração de nitratos e amônia presente no chorume de aterro, mesmo que devidamente
tratado em Estação de Tratamento. (TARANTINI et al., 2009). A figura 40 demonstra os
resultados obtidos para a contribuição de impacto por eutrofização nos cenários de estudo.

Figura 40 – Contribuição de cada cenário para a eutrofização do meio ambiente.


700E-04

600E-04

500E-04
Aterro
400E-04
Kg PO4

Transporte
300E-04
Unidade de Triagem
200E-04 Coleta
100E-04

0.000E+00
C0 C1 C2 C3 C4

Nota-se, através dos dados expostos, um impacto mínimo ao meio ambiente por
decorrência da eutrofização. Bovea e Powell (2006) também destacam um impacto mínimo
por meio desta categoria, principalmente no cenário atual estudado, sendo equivalente a 3,14
x 10-3 kg de PO4 equivalente. Nos demais cenários estudados pelos autores, considerando
triagem, compostagem e, por vezes, recuperação energética, o impacto ambiental por
eutrofização é totalmente evitado, resultado em valores negativos em todos os demais
cenários.
Destaca-se que o transporte, mesmo não sendo o principal contribuinte a esta categoria
(conforme literatura), apresenta o maior percentual de impacto no estudo de ACV em Vera
Cruz. Gomes (2008) relata que o transporte pode vir a contribuir ao potencial impacto
88

ambiental por eutrofização, decorrente das emissões de NOx. Bovea e Powell (2006), por sua
vez, também destacam que as etapas de coleta e transporte dos RSU tem uma considerável
contribuição a categoria de impacto, mas ainda assim ressaltam que os cenários com aterro
sanitário sem recuperação energética tem uma contribuição igualmente considerável.
A disposição final em aterro sanitário, por considerar um modelo moderno de
destinação, pode ter auxiliado no grau de impacto mínimo. Tarantini et al. (2009)
demonstram, por meio de resultados visuais, o impacto ambiental nesta categoria decorrente
principalmente do aterro sanitário, seguido pela incineração (quando não se tem um sistema
de captura e tratamento dos gases gerados). Leme et al. (2010) também ressaltam um índice
de impacto maior para cenários que incluam disposição final em aterros, superando inclusive
a incineração dos mesmos.

 Aquecimento Global

Gomes (2008) relaciona o potencial de aquecimento global com o derretimento das


calotas polares, mudanças climáticas, alterações nos padrões de ventos e correntes oceânicas,
desertificação e alteração das zonas florestais. A categoria de aquecimento global considera os
parâmetros de CO2 (fóssil e renovável), CH4 e N2O medidos como CO2 equivalente. A figura
41 destaca a contribuição de impacto relacionado ao aquecimento global.

Figura 41 – Contribuição de cada cenário em relação ao potencial de aquecimento


global.
060E+00

050E+00

040E+00 Aterro
Kg CO2 eq

030E+00 Transporte
Unidade de Triagem
020E+00
Coleta
010E+00

0.000E+00
C0 C1 C2 C3 C4

Através do gráfico nota-se que, no cenário atual, a grande parcela de contribuição é


resultante da etapa de transporte até o aterro sanitário, correspondendo a 37,5 kg de CO2
equivalente (60%). Em contrapartida, a disposição em aterro sanitário contribui com 16,1 kg
de CO2 (32,5 %). A distância de 90 Km a ser percorrida pelo transporte contribui para a
89

contribuição de impacto relativamente maior. Segundo Bovea e Powell (2006), a


contribuição de impacto que ocorre no aterro sanitário é consequência direta das emissões dos
gases gerados, principalmente CO2 e CH4. O Metano (CH4) tem potencial de aquecimento
global no mínimo onze vezes mais significativo que o CO2. (GOMES, 2008).
Nota-se considerável diferença de impacto entre os cenários estudados, sendo que o
último cenário apresenta impacto estimado menor (aproximadamente 20 kg de CO2
equivalente). Comparando o cenário 4 com o cenário atual confirma-se redução de
aproximadamente 60%. Esta tendência é destacada também por Bovea e Powell (2006), onde
foi possível uma redução de 65 a 114 %. Leme et al. (2010) relatam que as emissões não
controladas de CH4 em determinada modelagem de estudo são responsável por 92 % do
resultado do indiciador. Na situação atual do estudo desenvolvido por Bovea e Powell (2006),
o gerenciamento de uma tonelada de resíduos sólidos urbanos implica na emissão de 766 kg
de CO2 equivalente, levando em consideração um cenário que 45 % dos resíduos domésticos
são recuperados e o restante é encaminhado a um aterro sem recuperação energética. Neste
estudo, o cenário com melhor aproveitamento dos resíduos orgânicos resulta em 218 kg de
CO2 equivalente, enquanto que um melhor aproveitamento dos resíduos orgânicos e
recicláveis implica em 129 kg de CO2 equivalente, representando uma emissão equivalente a
aproximadamente 17 % do cenário atual. No presente estudo, realizado em Vera Cruz, é
apresentada a situação de um pequeno município, reduzindo assim as gerações principalmente
em virtude das menores distâncias a percorrer (comparados a grandes centros urbanos), sendo
que o Cenário 4 apresenta estimativa de 43 % das emissões do cenário padrão.
Khoo (2009) obteve uma média de 180 kg de CO2 equivalente em seu estudo de várias
alternativas tecnológicas ao tratamento de resíduos. O cenário de compostagem/incineração
elaborado por Hong et al. (2010) mantém um padrão similar de potencial de aquecimento
global equivalente a 38,6 kg de CO2.
O estudo da utilização de composteiras realizado por Andersen et al. (2012)
demonstram que, dentre os modelos alternativos trabalhados, nenhum deles obteve um
potencial de aquecimento global maior que 15 kg de CO2 equivalente. O autor descreve que
as emissões de CH4 e N2O representam a maior preocupação ambiental, sendo que o nível de
emissões de metano define a diferença de contribuição no impacto. Além disso, também
salienta que a maior problemática atual refere-se à disposição em aterro sanitário. Tarantini et
al. (2009) mostram, através de resultados visuais, a mesma tendência de impacto. Bovea e
Powell (2006) e Andersen et al. (2012) demonstram, em seus estudos, a recuperação
90

energética de gases de aterro (ou mesmo incineração) e o controle adequado da emissão


destes podem resultam em impacto nulo nesta categoria, de acordo com as modelagens
apresentadas por estes autores. Finnveden et al. (2005) ressaltam que, em ordem de
preferência, a reciclagem gera menor impacto que a incineração, que por sua vez supera a
tendência de disposição final de recicláveis em aterro sanitário. Cleary (2009) enfatiza, em
seus resultados de ACV, uma contribuição maior ao potencial de aquecimento global por
cenários que gerenciem o resíduo apenas por disposição final em aterro sanitário, ao invés de
tratamentos diversificados ou térmicos.

 Toxicidade Humana

O potencial de toxicidade humana refere-se principalmente a emissões de metais


pesados para a água, que possam vir a contaminar os seres humanos e o meio ambiente em
que está inserido. (LEME et al., 2010). De acordo com Andersen et al. (2012), os principais
metais pesados que representam risco à categoria são Cromo, Arsênio e Mercúrio. A figura 42
demonstra a estimativa de impacto dos cenários trabalhados.

Figura 42 – Contribuição de cada cenário em relação ao potencial de toxicidade


humana.
012E+00

010E+00

008E+00 Aterro
Kg p-DCB

006E+00 Transporte
Unidade de Triagem
004E+00
Coleta
002E+00

0.000E+00
C0 C1 C2 C3 C4

Através dos resultados expostos no gráfico acima, conclui-se que, no cenário atual,
grande parcela do impacto é originada no aterro sanitário, representando aproximadamente 65
% da contribuição. Todavia, ao decorrer dos cenários, há um decréscimo deste impacto no
aterro sanitário, em virtude da menor quantidade de resíduo disposto e consequente menor
liberação de substâncias tóxicas e perigosas. No cenário 4, há um decréscimo de 62,5 % de
impacto, reduzindo consideravelmente a contribuição por parte do aterro sanitário.
91

Tarantini et al. (2009) descrevem que a análise dos resultados para toxicidade humana
demonstram a contribuição dominante por parte dos aterros sanitários, principalmente devido
a emissão de fluoreto de hidrogênio. Gomes (2008) apresenta como emissões principais os
NOx e SOx para a categoria. Lemes et al. (2010), por sua vez, relacionam prioritariamente as
emissões de dioxinas para o ar, mas devido a incineração dos resíduos.

 Ecotoxicidade

A ecotoxicidade foi avaliada em três diferentes ecossistemas, sendo destacados nos


gráficos presentes nas figuras 43, 44 e 45.

Figura 43 – Contribuição de cada cenário em relação a ecotoxicidade marinha.


008E+04
007E+04
006E+04
005E+04 Aterro
Kg p-DCB

004E+04 Transporte
003E+04 Unidade de Triagem
002E+04 Coleta
001E+04
0.000E+00
C0 C1 C2 C3 C4

Figura 44 – Contribuição de cada cenário em relação a ecotoxicidade de água doce.


1.200E-04

1.000E-04

800E-04 Aterro
Kg p-DCB

600E-04 Transporte
Unidade de Triagem
400E-04
Coleta
200E-04

0.000E+00
C0 C1 C2 C3 C4
92

Figura 45 – Contribuição de cada cenário em relação a ecotoxicidade terrestre.


180E-04

150E-04

120E-04 Aterro
kg p-DCB

090E-04 Transporte
Unidade de Triagem
060E-04
Coleta
030E-04

-3.123E-20
C0 C1 C2 C3 C4

Dos três gráficos apresentados, nota-se que o impacto mais significativo ocorre em
relação a ecotoxicidade marinha, sendo que o aterro sanitário representa o alto percentual de
risco ambiental nesta categoria. O resultado pode representar uma característica específica do
banco de dados utilizados, sendo provavelmente mais sensível o ambiente marinho da região.
Através dos dados expostos, confirma-se a tendência de redução de impacto à medida
que há uma estimativa de melhor aproveitamento e estruturação do cenário de gerenciamento.
Tarantini et al. (2009) destacam em seu trabalho a relação direta entre a emissão de Fluoreto
de Hidrogênio e o acréscimo no potencial de ecotoxicidade marinha. Além disso, o autor
salienta que os principais contribuintes a impacto de ecotoxicidade marinha e água doce
devem-se a emissões de metais pesados, tratamento e disposição de chorume e produção
energética. Hong et al. (2010) obtiveram, no cenário estudado para compostagem e
incineração, contribuição de impacto equivalente à 5,32 x 10-2 kg equivalente de 1,4 – DCB.
Nas outras categorias (ecotoxicidade de água doce e ecotoxicidade terrestre) também não
foram obtidas contribuições significativas de impacto.

 Oxidação Fotoquímica
A variação da contribuição de impacto ambiental pela categoria de Oxidação
Fotoquímica pode ser visualizada na figura 46.
93

Figura 46 – Contribuição de cada cenário em relação a oxidação fotoquímica.


180E-04

150E-04

120E-04 Aterro
Kg C2H2

090E-04 Transporte
Unidade de Triagem
060E-04
Coleta
030E-04

-3.123E-20
C0 C1 C2 C3 C4

Por meio dos resultados obtidos, conclui-se que o aterro sanitário apresenta o maior
impacto relacionado a categoria, representando, por exemplo, 65 % do impacto
correspondente ao cenário padrão atual. Além disso, nota-se considerável redução com o
avanço das estimativas de recuperação de resíduos recicláveis e orgânicos. Assim é possível
estimar uma redução de aproximadamente 66 % de impacto na categoria do aterro sanitário,
comparando o cenário atual com o cenário 4. Para comparação, destaca-se que a estimativa de
redução global para a categoria é de 60 %.
Segundo Tarantini et al. (2009), o impacto do sistema é principalmente devido a
emissão de metano e compostos orgânicos voláteis provenientes do aterro sanitário. Assim, o
autor destaca em seu estudo a contribuição quase exclusiva do sistema de disposição final,
salientando apenas 9 % do impacto proveniente do transporte. No estudo de ACV no
município de Vera Cruz, os cenários atual e C4 obtiveram, respectivamente 30% e 25%. A
coleta, por sua vez, representa impacto de 4,7% e 12 % para o cenário atual e cenário C4.
Bovea e Powell (2006) também destacam que a disposição final em aterros tem a maior
parcela de contribuição para a categoria trabalhada. Nos estudos realizados pelos autores
citados, é ressaltado que cenários com recuperação energética podem vir a reduzir o impacto
relacionado. O valor encontrado no cenário atual de Bovea e Powell (2006) é de 1,97 x10-1 kg
de Etileno equivalente, superior ao encontrado no presente trabalho.
Tarantini et al. (2009) ressaltam que iniciativas de reciclagem principalmente para
recuperação de resíduos de papel podem evitar a contribuição nesta categoria de impacto.
Bovea e Powell (2006) também salientam que processos de reciclagem são os principais
responsáveis para esta redução, principalmente quando se atingem cenários com acréscimo de
desenvolvimento comparado a situação atual.
94

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em relação a primeira etapa do trabalho, conclui-se que o diagnóstico do sistema de


gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos no município de Vera Cruz – RS apresenta
algumas carências. Um dos principais fatores envolvidos sugere que há um déficit muito
elevado entre o valor arrecadado e direcionado para coleta, transporte e destinação final dos
resíduos sólidos gerados.
Quanto a caracterização física dos resíduos, salienta-se que os valores encontrados
foram relevantes uma vez que estão de acordo com o panorama geral dos municípios
brasileiros.
Na segunda etapa, os cenários trabalhados demonstraram que há uma variação
significativa na avaliação dos impactos ambientais, dentre as diversas categorias trabalhadas.
A principal razão para as diferenças encontradas deve-se a redução de resíduos a serem
dispostos em aterros sanitários, por meio de alternativas condizentes com as perspectivas
adotadas pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Com a menor quantidade de resíduos
dispostos em aterros sanitários, contribui-se para relativo menor impacto pela etapa de
transporte que, consequentemente, interfere também na mitigação das problemáticas
ambientais nos aterros. Aterros Sanitários geram um fardo para as futuras gerações e devem
ser tratados como última opção para dispor os RSU.
Dentre as categorias de impacto trabalhadas, o potencial de aquecimento global e o
potencial de acidificação são as mais populares e que permitem uma avaliação mais direta do
ponto de vista ambiental. Assim, estas categorias demonstram, por exemplo, um cenário atual
de emissão de 3,55 x 10-1 kg equivalentes de SO2 e 49,4 kg equivalentes de CO2,
respectivamente para acidificação e aquecimento global. Comparando-se com o cenário C4, é
possível estimar uma redução de 56 a 58 % nas categorias destacadas, estimando um ótimo
aproveitamento de recicláveis e resíduos orgânicos para compostagem. Apesar dos valores de
massa equivalente aparentarem um baixo índice de contaminação, destaca-se que,
extrapolando essa geração diária para uma projeção anual, tem-se a emissão de 158.000 kg de
CO2 e 1.130 kg de SO2. Assim, a taxa de redução estimada passa a contribuir de forma
significativa na redução dos impactos ambientais.
95

Em relação as etapas mais impactantes, destaca-se, além da disposição final, o


transporte, uma vez que há uma distância considerável a ser percorrida para a destinação dos
resíduos. Já a etapa de coleta não apresenta impacto significativo, uma vez que o tamanho do
município implica em baixo consumo de combustíveis fósseis. Além disso, o impacto da
coleta se mantém estável. Na unidade de triagem e compostagem, não são apresentados
impactos tão significativos, uma vez que o banco de dados utilizado não aborda este tema de
forma minuciosa. Além disso, o escopo do trabalho não inclui o aproveitamento total dos
resíduos recicláveis e orgânicos, apenas a triagem e o inicial aproveitamento destes.
Uma das limitações do estudo de ACV no Brasil refere-se a ausência de bancos de
dados específicos, considerando as especificidades nacionais dos sistemas de gerenciamento.
Neste trabalho, utilizou-se modelagem de software Umberto da Alemanha, que utiliza padrões
europeus para os cálculos de impacto ambiental. Assim, a matriz energética considerada, por
exemplo, não contempla totalmente a matriz energética brasileira, por exemplo. Mesmo
assim, a comparação entre os cenários torna-se possível diagnosticar algumas situações de
impacto relevantes. Além disso, o banco de dados utilizado baseia-se em uma condição
otimista frente à realidade de muitos municípios brasileiros. Desta forma, fica evidente a
necessidade de melhorias, uma vez que, avaliando-se por métodos estritamente brasileiros, o
resultado seria mais alarmante ainda.
Assim, salienta-se que os resultados obtidos podem ser usados para quantificar a
magnitude de potencial crescimento nas performances ambientais, relacionados a tomada de
decisões no sistema de gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos, auxiliando assim
algumas mudanças no transporte, tratamento e disposição final do resíduo. Desta forma, o
estudo de ACV pode contribuir para intensificar novos projetos enfatizando o menor impacto
ambiental relacionado, como por exemplo fomentando o desenvolvimento de compostagens
caseiras e/ou municipais, central de triagem para recicláveis mais efetiva, entre outros.
96

8. REFERÊNCIAS

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dos Resíduos Sólidos no Brasil – 2011.

ALMEIDA, M. L. O. et al. Lixo Municipal: Manual de Gerenciamento Integrado. São Paulo:


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Diário. Disponível em:
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/residuos/reciclagem/analise_do_ciclo_de_vida_%28acv%2
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waste in Denmark: An environmental assessment using life cycle assessment – modeling. Waste
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ARENA, U.; MASTELLONE, M. .; e PERUGINI, F. The Environmental performance of alternative


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96(1-3), 207-222, 2001.

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Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

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Janeiro, 2004.

______ . NBR 10.006: Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. Rio
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Brasília, DF, 03 de Agosto. 2010.
97

CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem. Disponível em: www.cempre.org.br.


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100

9. ANEXOS
101

ANEXO A - Balanço de Massa Simplificado e Balanço de Demanda Energética do Cenário


Atual (Cenário 0) obtido através do software Umberto®

Balanço de Entradas (kg) Balanço de Saídas (kg)


Item Quantidade Item Quantidade
Químicos Básicos Inorgânicos kg Químicos Básicos Inorgânicos kg
Hidróxido de Amônio 1,66E-06 Cloreto de Hidrogênio 1,94E-06
Hidróxido de Sódio 4,30 x 10-1 Emissões Gasosas
Ácido Sulfúrico 1,43 x 10-2 Compostos Inorgânicos
Química Fina Amônia 1,35 x 10-3
x 10-2
Precipitantes 1,72 Dióxidos de Carbono
Minerais e Minérios Dióxido de Carbono Fóssil 4,75 x 10+1
Hidróxido de Cálcio 2,27E-05 Dióxido de Carbono (renovável) 1,93 x 10+2
Materiais de Execução Monóxido de Carbono 2,83 x 10-1
C-donor 2,03 x 10-1 Monóxido de Dinitrogênio 3,27 x 10-3
Químicos de Limpeza 1,13 x 10-1 Metais
Carbono Ativado Granular 2,31 x 10-2 Arsênio 3,04E-07
Cloreto de Ferro II 2,89 x 10-2 Cádmio 6,40E-07
Leite de Cal 2,31 x 10-1 Cromo 4,06E-07
P-donor 8,68 x 10-3 Cobre 3,10E-13
Recursos Energéticos Chumbo 3,30E-12
Carvão Marrom 6,23 x 10+0 Mercúrio 1,94E-12
Carvão não especificado 4,21E-04 Metais não especificados 3,48E-09
Hulha 2,13 x 10+0 Níquel 2,62E-05
Óleo Bruto 1,20 x 10+1 Zinco 2,85E-12
Gás Natural 3,21 x 10-1 Óxidos de Nitrogênio 4,42 x 10-1
Recursos Não Energéticos Dióxido de Enxofre 1,10 x 10-1
calcário 9,74 x 10-2 Compostos orgânicos Voláteis 3,68 x 10+1
Areia 3,48E-07 Carboidratos 2,37 x 10-2
Cloreto de Sódio 2,11 x 10-3 Metano 4,12 x 10-2
Energia Secundária Metano renovável 3,67 x 10+1
Coque 4,14E-06 CONM 3,70 x 10-2
Resíduo para Destinação 1,00 x 10+3 Clorobenzemos 4,14E-13
Água industrial Clorofenóis 8,28E-13
Água de Resfriamento 3,99 x 10+2 Compostos Aromáticos
Água no Processo 8,58 x 10-1 Benzeno 1,68 x 10-3
Não especificado 2,66 x 10-2 Fenil - Benzeno 8,28E-14
Total Balanço de Entrada (Material) 1,42 x 10+3 Efluentes Líquidos
Sólidos Suspensos 3,48E-06
Sólidos Dissolvidos 8,71E-08
Demanda Energética Principal KJ Compostos Inorgânicos
Demanda de Hidrelétrica 3,50 x 10+3 Ácidos 5,92E-07
Demanda Nuclear 6,21 x 10+4 Cloreto 7,31E-05
Demanda Combustível Fóssil 6,06 x 10+5 Metais
Não especificado 6,06 x 10+0 Arsênio 1,52E-05
Total Balanço de Entrada (Energia) 6,72 x 10+5 Cádmio 1,59E-06
Cromo 2,85E-05
Chumbo 1,04E-05
102

Mercúrio 8,95E-07
Sódio 4,88E-06
Compostos Nitrogenados
Amônia 1,95 x 10-1
Nitrato 5,75 x 10-3
Compostos de Fósforo 7,84 x 10-3
Sulfato 1,25E-05
Compostos Clorados Aromáticos
Bifenilos Policlorados (PCB) 6,52E-09
Hidrocarboneto Policíclico Aromático 1,62E-08
Parâmetros Indicadores
Halogênios Organicamente Ligados 1,42E-04
DBO5 9,02 x 10-2
Carbono Orgânico Dissolvido 2,53 x 10-1
Resíduos Sólidos
Resíduos para Disposição
Resíduos da Limpeza de Gases de Combustão 5,87E-06
Resíduos Perigosos 5,41E-04
Resíduos Industriais 1,74E-06
Resíduos Minerais 1,77 x 10-3
Lodo de Esgoto 6,31E-05
Escórias e Cinzas 4,16 x 10-1
Resíduos para Aterro 2,85 x 10+0
Lodo de Esgoto 8,28 x 10-2
Resíduo Não Especificado 1,10 x 10-3
Total Balanço de Saída (Material) 9,01 x 10+2
103

ANEXO B - Balanço de Massa Simplificado e Balanço de Demanda Energética do Cenário 1


obtido através do software Umberto®

Balanço de Entradas (kg) Balanço de Saídas (kg)


Item Quantidade Item Quantidade
Químicos Básicos Inorgânicos Químicos Básicos Inorgânicos
Hidróxido de Amônio 1,43E-06 Cloreto de Hidrogênio 1,68E-06
Hidróxido de Sódio 3,72 x 10-1 Emissões Gasosas
Ácido Sulfúrico 1,23 x 10-2
Química Fina Compostos Inorgânicos
Precipitantes 1,49 x 10-2 Amônia 1,17 x 10-3
Minerais e Minérios Dióxidos de Carbono
Hidróxido de Cálcio 1,96E-05 Dióxido de Carbono Fóssil 4,36 x 10+1
Materiais de Execução Dióxido de Carbono (renovável) 1,66 x 10+2
C-donor 1,75 x 10-1 Monóxido de Carbono 2,59 x 10-1
Químicos de Limpeza 9,74 x 10-2 Monóxido de Dinitrogênio 2,93 x 10-3
Carbono Ativado Granular 2,00 x 10-2 Metais
Cloreto de Ferro II 2,50 x 10-2 Arsênio 2,66E-07
Leite de Cal 2,00 x 10-1 Cádmio 5,62E-07
P-donor 7,50 x 10-3 Cromo 3,55E-07
Recursos Energéticos Cobre 2,68E-13
Carvão Marrom 5,38 x 10+0 Chumbo 7,44E-08
Carvão não especificado 3,64E-04 Mercúrio 1,67E-12
Hulha 1,84 x 10+0 Metais não especificados 3,01E-09
Óleo Bruto 1,05 x 10+1 Níquel 2,30E-05
Gás Natural 2,77 x 10-1 Zinco 2,47E-12
Recursos Não Energéticos Óxidos de Nitrogênio 4,29 x 10-1
calcário 8,42 x 10-2 Dióxido de Enxofre 9,69 x 10-2
Areia 3,01E-07 Compostos orgânicos Voláteis
Cloreto de Sódio 1,82 x 10-3 Carboidratos 2,04 x 10-2
Energia Secundária Metano 3,59 x 10-2
Coque 3,58E-06 Metano renovável 3,17 x 10+1
Diesel 6,70 x 10-1 CONM 4,12 x 10-2
Resíduos para Destinação/ Recicláveis 1,00 x 10+3 Clorobenzemos 3,58E-13
Água industrial Clorofenóis 7,16E-13
Água de Resfriamento 3,44 x 10+2 Compostos Aromáticos
Água no Processo 7,41 x 10-1 Benzeno 1,47 x 10-3
Não especificado 2,30 x 10-2 Fenil - Benzeno 7,16E-14
Total Balanço de Entrada (Material) 1,37 x 10+3 Efluentes Líquidos
Sólidos Dissolvidos 7,53E-08
Demanda Energética Principal Compostos Inorgânicos
Demanda de Hidrelétrica 3,02 x 10+3 Ácidos 5,12E-07
Demanda Nuclear 5,37 x 10+4 Cloreto 6,32E-05
Demanda Combustível Fóssil 5,30 x 10+5 Metais
Não especificado 5,24 x 10+0 Arsênio 1,31E-05
Energia Elétrica 4,14 x 10+4 Cádmio 1,38E-06
Total Balanço de Entrada (Energia) 6,28 x 10+5 Cromo 2,46E-05
104

Chumbo 8,97E-06
Mercúrio 7,74E-07
Sódio 4,21E-06
Compostos Nitrogenados
Amônia 1,69 x 10-1
Nitrato 4,97 x 10-3
Compostos de Fósforo 6,78 x 10-3
Sulfato 1,08E-05
Compostos Clorados Aromáticos
Bifenilos Policlorados (PCB) 5,64E-09
Hidrocarboneto Policíclico Aromático 1,40E-08
Parâmetros Indicadores
Halogênios Organicamente Ligados 3,01E-06
DBO5 7,80 x 10-2
Carbono Orgânico Dissolvido 2,19 x 10-1
Resíduos Sólidos
Resíduos para Disposição
Resíduos da Limpeza de Gases de Combustão 5,08E-06
Resíduos Perigosos 4,67E-04
Resíduos Industriais 1,51E-06
Resíduos Minerais 1,53 x 10-3
Lodo de Esgoto 5,45E-05
Escórias e Cinzas 3,60 x 10-1
Resíduos para Aterro 2,47 x 10+0
Metais (Sucata) 6,88 x 10+0
Lodo de Esgoto 7,15 x 10-2
Papéis para Reciclagem 4,36 x 10+1
Plásticos 7,65 x 10+1
Vidro 8,86 x 10+0
Resíduo Não Especificado 9,48E-04
Total Balanço de Saída (Material) 9,17 x 10+2
105

ANEXO C - Balanço de Massa Simplificado e Balanço de Demanda Energética do Cenário 2


obtido através do software Umberto®

Balanço de Entradas (kg) Balanço de Saídas (kg)


Item Quantidade Item Quantidade
Químicos Básicos Inorgânicos Químicos Básicos Inorgânicos
Hidróxido de Amônio 1,42E-06 Cloreto de Hidrogênio 1,66E-06
Hidróxido de Sódio 3,68 x 10-1 Emissões Gasosas
Ácido Sulfúrico 1,22 x 10-2
Química Fina Compostos Inorgânicos
Precipitantes 1,47 x 10-2 Amônia 1,16 x 10-3
Minerais e Minérios Dióxidos de Carbono
Hidróxido de Cálcio 1,94E-05 Dióxido de Carbono Fóssil 4,12 x 10+1
Materiais de Execução Dióxido de Carbono (renovável) 1,97 x 10+2
C-donor 1,73 x 10-1 Monóxido de Carbono 2,44 x 10-1
Químicos de Limpeza 9,64 x 10-2 Monóxido de Dinitrogênio 2,84 x 10-3
Carbono Ativado Granular 1,98 x 10-2 Metais
Cloreto de Ferro II 2,47 x 10-2 Arsênio 2,63E-07
Leite de Cal 1,98 x 10-1 Cádmio 5,57E-07
P-donor 7,42 x 10-3 Cromo 3,52E-07
Recursos Energéticos Cobre 2,65E-13
Carvão Marrom 5,33 x 10+0 Chumbo 2,83E-12
Carvão não especificado 3,60E-04 Mercúrio 1,66E-12
Hulha 1,82 x 10+0 Metais não especificados 2,98E-09
Óleo Bruto 1,04 x 10+1 Níquel 2,28E-05
Gás Natural 2,74 x 10-1 Zinco 2,44E-12
Recursos Não Energéticos Óxidos de Nitrogênio 3,84 x 10-1
calcário 8,33 x 10-2 Dióxido de Enxofre 9,42 x 10-2
Areia 2,98E-07 Compostos orgânicos Voláteis
Cloreto de Sódio 1,80 x 10-3 Carboidratos 2,02 x 10-2
Energia Secundária Metano 3,54 x 10-2
Coque 3,54E-06 Metano renovável 3,14 x 10+1
Resíduo para Destinação 1,00 x 10+3 CONM 3,16 x 10-2
Água industrial Clorobenzemos 3,54E-13
Água de Resfriamento 3,41 x 10+2 Clorofenóis 7,08E-13
Água no Processo 7,34 x 10-1 Compostos Aromáticos
Não especificado 2,28 x 10-2 Benzeno 1,46 x 10-3
Total Balanço de Entrada (Material) 1,36 x 10+3 Fenil - Benzeno 7,08E-14
Efluentes Líquidos
Demanda Energética Principal Sólidos Suspensos 2,98E-06
Demanda de Hidrelétrica 2,99 x 10+3 Sólidos Dissolvidos 7,45E-08
Demanda Nuclear 5,31 x 10+4 Compostos Inorgânicos
Demanda Combustível Fóssil 5,25 x 10+5 Ácidos 5,06E-07
Não especificado 5,18 x 10+0 Cloreto 6,25E-05
Energia Elétrica 1,56 x 10+4 Metais
Total Balanço de Entrada (Energia) 5,97 x 10+5 Arsênio 1,30E-05
Cádmio 1,36E-06
Cromo 2,44E-05
106

Chumbo 8,88E-06
Mercúrio 7,66E-07
Sódio 4,17E-06
Compostos Nitrogenados
Amônia 1,69 x 10-1
Nitrato 4,95 x 10-3
Nitrito 2,61E-04
Fosfato 1,96E-04
Compostos de Fósforo 6,70 x 10-3
Sulfato 1,07E-05
Compostos Clorados Aromáticos
Bifenilos Policlorados (PCB) 5,58E-09
Hidrocarboneto Policíclico Aromático 1,38E-08
Parâmetros Indicadores
Halogênios Organicamente Ligados 1,21E-04
DBO5 1,27 x 10-1
Carbono Orgânico Dissolvido 3,11 x 10-1
Resíduos Sólidos
Resíduos para Disposição
Resíduos da Limpeza de Gases de Combustão 5,02E-06
Resíduos Perigosos 4,62E-04
Resíduos Industriais 1,49E-06
Resíduos Minerais 1,51 x 10-3
Lodo de Esgoto 5,39E-05
Escórias e Cinzas 3,56 x 10-1
Resíduos para Aterro 2,44 x 10+0
Composto Orgânico 8,45 x 10+1
Lodo de Esgoto 7,08 x 10-2
Resíduo Não Especificado 9,38E-04
Total Balanço de Saída (Material) 9,39 x 10+2
107

ANEXO D - Balanço de Massa Simplificado e Balanço de Demanda Energética do Cenário 3


obtido através do software Umberto®

Balanço de Entradas (kg) Balanço de Saídas (kg)


Item Quantidade Item Quantidade
Químicos Básicos Inorgânicos Químicos Básicos Inorgânicos
Hidróxido de Amônio 1,19E-06 Cloreto de Hidrogênio 1,40E-06
Hidróxido de Sódio 3,09 x 10-1 Emissões Gasosas
Ácido Sulfúrico 1,03 x 10-2
Química Fina Compostos Inorgânicos
Precipitantes 1,24 x 10-2 Amônia 9,77E-04
Minerais e Minérios Dióxidos de Carbono
Hidróxido de Cálcio 1,63E-05 Dióxido de Carbono Fóssil 3,73 x 10+1
Materiais de Execução Dióxido de Carbono (renovável) 1,70 x 10+2
C-donor 1,46 x 10-1 Monóxido de Carbono 2,19 x 10-1
Químicos de Limpeza 8,11 x 10-2 Monóxido de Dinitrogênio 2,50 x 10-3
Carbono Ativado Granular 1,67 x 10-2 Metais
Cloreto de Ferro II 2,08 x 10-2 Arsênio 2,26E-07
Leite de Cal 1,67 x 10-1 Cádmio 4,78E-07
P-donor 6,25 x 10-3 Cromo 3,01E-07
Recursos Energéticos Cobre 2,23E-13
Carvão Marrom 4,48 x 10+0 Chumbo 7,44E-08
Carvão não especificado 3,03E-04 Mercúrio 1,39E-12
Hulha 1,53 x 10+0 Metais não especificados 2,51E-09
Óleo Bruto 8,94 x 10+0 Níquel 1,96E-05
Gás Natural 2,31 x 10-1 Zinco 2,05E-12
Recursos Não Energéticos Óxidos de Nitrogênio 3,70 x 10-1
calcário 7,01 x 10-2 Dióxido de Enxofre 8,15 x 10-2
Areia 2,51E-07 Compostos orgânicos Voláteis
Cloreto de Sódio 1,52 x 10-3 Carboidratos 1,70 x 10-2
Energia Secundária Metano 3,00 x 10-2
Coque 2,98E-06 Metano renovável 2,64 x 10+1
Diesel 6,70 x 10-1 CONM 3,58 x 10-2
Resíduos para Destinação/ Recicláveis 1,00 x 10+3 Clorobenzemos 2,98E-13
Água industrial Clorofenóis 5,96E-13
Água de Resfriamento 2,87 x 10+2 Compostos Aromáticos
Água no Processo 6,17 x 10-1 Benzeno 1,25 x 10-3
Não especificado 1,91 x 10-2 Fenil - Benzeno 5,96E-14
Total Balanço de Entrada (Material) 1,30 x 10+3 Efluentes Líquidos
Sólidos Suspensos 2,51E-06
Demanda Energética Principal Sólidos Dissolvidos 6,26E-08
Demanda de Hidrelétrica 2,51 x 10+3 Compostos Inorgânicos
Demanda Nuclear 4,47 x 10+4 Ácidos 4,26E-07
Demanda Combustível Fóssil 4,50 x 10+5 Cloreto 5,26E-05
Não especificado 4,36 x 10+0 Metais
Energia Elétrica 5,70 x 10+4 Arsênio 1,09E-05
Total Balanço de Entrada (Energia) 5,54 x 10+5 Cádmio 1,15E-06
Cromo 2,05E-05
Chumbo 7,47E-06
108

Mercúrio 6,44E-07
Sódio 3,51E-06
Compostos Nitrogenados
Amônia 1,43 x 10-1
Nitrato 4,16 x 10-3
Nitrito 2,61E-04
Fosfeto 1,96E-04
Compostos de Fósforo 5,64 x 10-3
Sulfato 9,02E-06
Compostos Clorados Aromáticos
Bifenilos Policlorados (PCB) 4,69E-09
Hidrocarboneto Policíclico Aromático 1,16E-08
Parâmetros Indicadores
Halogênios Organicamente Ligados 1,02E-04
DBO5 1,15 x 10-1
Carbono Orgânico Dissolvido 2,76 x 10-1
Resíduos Sólidos
Resíduos para Disposição
Resíduos da Limpeza de Gases de Combustão 4,23E-06
Resíduos Perigosos 3,89E-04
Resíduos Industriais 1,25E-06
Resíduos Minerais 1,27 x 10-3
Lodo de Esgoto 4,54E-05
Escórias e Cinzas 2,99 x 10-1
Resíduos para Aterro 2,05 x 10+0
Metais (sucatas) 6,88 x 10+0
Composto Orgânico 8,45 x 10+1
Lodo de Esgoto 5,96 x 10-2
Papéis para Recilcagem 4,36 x 10+1
Plásticos 7,65 x 10+1
Vidro 8,86 x 10+0
Resíduo não Especificado 7,89E-04
Total Balanço de Saída (Material) 9,55 x 10+2
109

ANEXO E - Balanço de Massa Simplificado e Balanço de Demanda Energética do Cenário 4


obtido através do software Umberto®

Balanço de Entradas (kg) Balanço de Saídas (kg)


Item Quantidade Item Quantidade
Químicos Básicos Inorgânicos Químicos Básicos Inorgânicos
Hidróxido de Amônio 5,58E-07 Cloreto de Hidrogênio 6,55E-07
Hidróxido de Sódio 1,45 x 10-1 Emissões Gasosas
Ácido Sulfúrico 4,81 x 10-3
Química Fina Compostos Inorgânicos
Precipitantes 5,81 x 10-3 Amônia 4,69E-04
Minerais e Minérios Dióxidos de Carbono
Hidróxido de Cálcio 7,64E-06 Dióxido de Carbono Fóssil 2,05 x 10+1
Materiais de Execução Dióxido de Carbono (renovável) 1,55 x 10+2
C-donor 6,83 x 10-2 Monóxido de Carbono 1,15 x 10-1
Químicos de Limpeza 3,80 x 10-2 Monóxido de Dinitrogênio 1,38 x 10-3
Carbono Ativado Granular 7,80 x 10-3 Metais
Cloreto de Ferro II 9,75 x 10-3 Arsênio 1,19E-07
Leite de Cal 7,80 x 10-2 Cádmio 2,58E-07
P-donor 2,93 x 10-3 Cromo 1,58E-07
Recursos Energéticos Cobre 1,04E-13
Carvão Marrom 2,10 x 10+0 Chumbo 7,44E-08
Carvão não especificado 1,42E-04 Mercúrio 6,53E-13
Hulha 7,18 x 10-1 Metais não especificados 1,17E-09
Óleo Bruto 4,83 x 10+0 Níquel 1,06E-05
Gás Natural 1,08 x 10-1 Zinco 9,62E-13
Recursos Não Energéticos Óxidos de Nitrogênio 2,16 x 10-1
calcário 3,28 x 10-2 Dióxido de Enxofre 4,08 x 10-2
Areia 1,17E-07 Compostos orgânicos Voláteis
Cloreto de Sódio 7,10E-04 Carboidratos 7,97 x 10-3
Energia Secundária Metano 1,47 x 10-2
Coque 1,40E-06 Metano renovável 1,24 x 10+1
Diesel 6,70 x 10-1 CONM 2,17 x 10-2
Resíduos para Destinação/ Recicláveis 1,00 x 10+3 Clorobenzemos 1,40E-13
Água industrial Clorofenóis 2,79E-13
Água de Resfriamento 1,34 x 10+2 Compostos Aromáticos
Água no Processo 2,89 x 10-1 Benzeno 6,78E-04
Não especificado 8,97 x 10-3 Fenil - Benzeno 2,79E-14
Total Balanço de Entrada (Material) 1,14 x 10+3 Efluentes Líquidos
Sólidos Suspensos 1,17E-06
Demanda Energética Principal Sólidos Dissolvidos 2,93E-08
Demanda de Hidrelétrica 1,18 x 10+3 Compostos Inorgânicos
Demanda Nuclear 2,09 x 10+4 Ácidos 2,00E-07
Demanda Combustível Fóssil 2,36 x 10+5 Cloreto 2,47E-05
Não especificado 2,04 x 10+0 Metais
Energia Elétrica 8,57 x 10+4 Arsênio 5,11E-06
Total Balanço de Entrada (Energia) 3,44 x 10+5 Cádmio 5,37E-07
Cromo 9,61E-06
Chumbo 3,50E-06
110

Mercúrio 3,02E-07
Sódio 1,64E-06
Compostos Nitrogenados
Amônia 7,23 x 10-2
Nitrato 2,02 x 10-3
Nitrito 7,39E-04
Fosfeto 5,54E-04
Compostos de Fósforo 2,64 x 10-3
Sulfato 4,23E-06
Compostos Clorados Aromáticos
Bifenilos Policlorados (PCB) 2,20E-09
Hidrocarboneto Policíclico Aromático 5,46E-09
Parâmetros Indicadores
Halogênios Organicamente Ligados 4,78E-05
DBO5 1,73 x 10-1
Carbono Orgânico Dissolvido 3,52 x 10-1
Resíduos Sólidos
Resíduos para Disposição
Resíduos da Limpeza de Gases de Combustão 1,98E-06
Resíduos Perigosos 1,82E-04
Resíduos Industriais 5,87E-07
Resíduos Minerais 5,97E-04
Lodo de Esgoto 2,13E-05
Escórias e Cinzas 1,40 x 10-1
Resíduos para Aterro 9,61 x 10-1
Metais (sucatas) 1,28 x 10+1
Composto Orgânico 2,39 x 10+2
Lodo de Esgoto 2,79 x 10-2
Papéis para Recilcagem 8,10 x 10+1
Plásticos 1,42 x 10+2
Vidro 1,65 x 10+1
Resíduo não Específicado 3,70E-04
Total Balanço de Saída (Material) 1,04 x 10+3

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