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Editora Poisson

Logística
Volume 1

1ª Edição

Belo Horizonte
Poisson
2018
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade

Conselho Editorial
Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais
Dra. Cacilda Nacur Lorentz – Universidade do Estado de Minas Gerais
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


L832
Logística– Volume 1/ Organização Editora
Poisson – Belo Horizonte - MG : Poisson,
2018
255p

Formato: PDF
ISBN: 978-85-93729-89-8
DOI: 10.5935/978-85-93729-89-8.2018B001

Modo de acesso: World Wide Web


Inclui bibliografia

1. Gestão da Produção 2. Engenharia de


Produção. 3. Logística I. Título

CDD-658.8

O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade


são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.

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contato@poisson.com.br
SUMÁRIO

Capítulo 1: A Gestão dos Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos 6


no Município de Canoas-RS
Ingrid Santos Furtado, Jaqueline Terezinha Martins Corrêa Rodrigues

Capítulo 2: Agrupamento de embalagens unitizadoras armazenadas e 21


gerenciadas por um sistema Wms
Evandro Segundo Soares Pereira, Aldérico Silvio Gulini

Capítulo 3: Logística reversa: aplicação no processo de tratamento de 34


resí-duos sólidos de uma estação de tratamento de água (ETA) do mar
Claudio Roberto Silva Junior, Edilange Moreira da Costa, Gustavo Henrique
Andrade Sousa, José Ribamar Santos Moraes Filho, Patrício Moreira de
Araújo Filho

Capítulo 4: Canais Reversos da Produção de Polpa de Açaí no Estado do


46
Pará no Contexto da Política Nacionais de Resíduos Sólidos
Michele Mendes da Silva Dias, Alice Kazumi Shigetomo Ishii, André Cris-
tiano Silva Melo, Denilson Ricardo de Lucena Nunes, Vitor William Batista
Martins

Capítulo 5: O uso da roteirização na busca pela eficiência logística na 62


distribuição de combustíveis líquidos
Carlos Aurélio Valeretto, Rafaella Loschi Grant Pavan

Capítulo 6: Processo operacional de coletas e entregas de cargas 79


fracionadas em uma empresa de transportes localizada na cidade de
Criciúma-sc
Maiara Prudêncio Costa, Michele Domingos Schneider, Julio César Zilli,
Adriana Carvalho Pinto Vieira, Patricia de Sá Freire
93
Capítulo 7: Proposta de estudo do layout para uma indústria de peças
automotivas
Ana Carla Fernandes Gasques, Caroline M. Peres, Marcelo T. Figueiredo,
Marcos V. Boscariol, Tamires Soares Ferreira
104
Capítulo 8: Canais Reversos dos Resíduos da Produção de Polpa de Açaí na
Cidade de Castanhal-PA: Uma abordagem orientada por processos
Lana Karoline Pinheiro do Nascimento, Iury Rocha Alvim, Thais Martins
Souza, Denilson Ricardo de Lucena Nunes, André Cristiano Silva Melo
Capítulo 9: Proposta de Melhorias Logísticas em uma Empresa Produtora 118
de Embalagens Plásticas por meio de Análise de Componentes Logísticos
Monica Silveira , Nayara Góes Reis, Luiz Thiago Monteiro de Oliveira, André
Cristiano Silva Melo, Denilson Ricardo de Lucena Nunes

Capítulo 10: Análise multicritério em gestão de estoques aplicada aos 132


principais setores produtivos brasileiros
Társila Micaela Oliveira de Moura, Leandro Reis Muniz

Capítulo 11: Serviço ao cliente: um estudo em uma empresa de pequeno 148


porte do setor de siderurgia e usinagem
Thairone Ezequiel de Almeida, Matheus Moreira Marques

Capítulo 12: Cadeia logística do óleo diesel utilizado na agricultura no 160


médio norte de Mato Grosso: extração, re ino e transporte do óleo diesel
Anderson Ricardo Silvestro, Leonir Goulart de Oliveira, Marcelo Ribeiro Rosa

Capítulo 13: Tecnologias logisticas aplicadas no atendimento ao cliente 178


do segmento varejista
Filipe de Castro Quelhas

Capítulo 14: A logística reversa: conceitos, organização empresarial 200


dos canais de distribuição reversos e as diferentes etapas que caracte-
rizam o retorno de bens de pós-consumo e pós-venda
Filipe de Castro Quelhas

Capítulo 15: Plataforma logística multimodal: um estudo para o 227


caso do estado de Goiás
Vinicius Oliva, Fernando Taques

Sobre os autores 245


A GESTÃO DOS
RESÍDUOS DE
EQUIPAMENTOS
ELETROELETRÔNICOS
NO MUNICÍPIO DE
CANOAS-RS

Ingrid Santos Furtado


Jaqueline Terezinha Martins
Corrêa Rodrigues

RESUMO
A introdução de novas tecnologias e o menor ciclo de vida de equipamentos eletroele-
trônicos contribuem para um significativo aumento da geração de resíduos de equipa-
mentos eletroeletrônicos (REEE). Estes equipamentos possuem em sua composição metais
pesados e substâncias poluentes e prejudiciais ao meio ambiente, o que amplia a preocu-
pação ambiental. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece a implemen-
tação de sistemas de logística reversa para REEE. Além disso, cabe aos municípios a função
de acompanhar e facilitar a implantação desses sistemas. O problema de pesquisa deste
estudo é identificar como o município de Canoas-RS trata a questão dos Resíduos de Equi-
pamentos Eletroeletrônicos do ponto de vista da coleta e destinação dos materiais. Esta
pesquisa tem como objetivos analisar a gestão dos REEE realizada pela Prefeitura Municipal
de Canoas. O método de pesquisa teve caráter qualitativo, um estudo de caso. A coleta de
dados foi realizada através de questionários, entrevistas, análise de documentos e obser-
vações. Os resultados sugerem a necessidade de um acordo setorial para REEE, a nível
nacional. Além disso, a Prefeitura de Canoas precisa ampliar seus programas de educação
ambiental, inserindo a questão dos REEE, oferecer mais postos de coleta voluntários e
desenvolver parcerias com cooperativas e empresas gerenciadoras de REEE, incentivando
e fiscalizando ações para impedir que estes resíduos sejam descartados indevidamente.

Palavras-chave

REEE, PNRS, Logística Reversa.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO 2014). A lei não contém qualquer orientação


de processo ou instrumento para realizar
Os equipamentos eletroeletrônicos têm a gestão dos resíduos, entretanto define
cada vez menor durabilidade e rapidez equipamentos eletroeletrônicos para que
de substituição por diversos fatores, e, possam ser descartados corretamente nos
por consequência, há aumento de seu locais apropriados, buscando evitar que os
descarte gerando resíduos (LEITE, 2009). elementos pesados contidos nesse tipo de
Nesse contexto, a gestão dos Resíduos material, como mercúrio, cádmio, berílio e
de Equipamentos Eletroeletrônicos (REEE) chumbo, e outras composições químicas
tem fundamental importância para evitar entrem em contato com o solo, prejudi-
que esses materiais tenham contato com cando o meio ambiente.
o meio ambiente e, observada a grande
variedade de materiais existentes, muitos O município de Canoas está entre os mais
destes, são potencialmente prejudiciais populosos do Rio Grande do Sul, é o muni-
aos seres humanos e ao meio ambiente. cípio mais populoso da Região Metro-
politana de Porto Alegre, com 341.343
A Política Nacional dos Resíduos Sólidos habitantes, segundo dados de popu-
(PNRS), aprovada no ano de 2010, deter- lação estimada do Instituto Brasileiro de
mina a implantação de logística reversa Geografia e Estatística (IBGE), para 2015.
para os REEE, dividindo a responsabilidade Atualmente, está em pleno desenvolvi-
deste sistema entre fabricantes, distri- mento socioeconômico, tendo em seu
buidores, importadores e comerciantes, território 11.748 unidades de empresas
sendo estes resíduos não relacionados ao atuantes (IBGE, 2015).
serviço público de coleta urbana. Entre-
tanto, o governo deve acompanhar e faci- A implantação de sistemas de Logística
litar a implantação da logística reversa Reversa para os REEE ainda é um desafio
(BRASIL, 2010). em grande parte no Brasil. Diante desse
cenário, o objetivo principal deste trabalho
Em Canoas/RS houve a criação de uma é analisar a gestão dos REEE realizada pela
norma sobre manejo dos resíduos sólidos. Prefeitura Municipal de Canoas e propor
Trata-se da Lei municipal 5844/2014, alternativas para melhorar esta gestão.
que institui a Política Municipal do Lixo
Eletrônico, que tem como objetivo orga-
nizar e orientar a coleta e o descarte 2. REFERENCIAL
correto, direcionada a materiais como TEÓRICO
pilhas e baterias, telefones celulares e aces-
Podem ser identificados como equipa-
sórios, equipamentos de informática, inclu-
mentos eletroeletrônicos aqueles que
sive periféricos de todos os tipos e também
dependem de corrente elétrica ou campo
eletrodomésticos da linha branca (CANOAS,
magnético para se manter em funcio-

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L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

namento. Segundo ABDI (2012), estes (ABDI), o levantamento aponta que os 150
equipamentos estão divididos em linhas, maiores municípios brasileiros – a maioria
conforme tipo/função destes equipa- nas regiões Sudeste e Sul – respondem por
mentos: branca (eletrodomésticos de dois terços, aproximadamente, da estima-
grande porte), marrom (audio e vídeo), azul tiva para a produção de resíduo eletroele-
(eletrodomésticos de pequeno e médio trônico descartado no Brasil. O mesmo
porte) e verde (informática). estudo também mostra a estimativa de
geração de REEE para 2016 de 7,2 kg/habi-
O material considerado resíduo de equi- tante (ABDI, 2015).
pamentos eletroeletrônicos (REEE) é origi-
nado quando um EEE chega ao final da O conjunto de processos que envolvem
sua vida útil, ou seja, quando terminam a produção e comercialização compõe
as opções de reutilização e o produto não um ciclo físico que compreende a origem
tem condições de ser reparado ou atuali- ambiental dos recursos produtivos e
zado. A obsolescência precoce de equipa- também sua posição final pós-uso ou
mentos de telecomunicação, por exemplo, consumo, incluindo processos como trans-
vem acompanhado da ausência de peças porte, beneficiamento e estocagem, pode
de reposição, o que torna o descarte ainda ser caracterizado como ciclo de vida. Esse
mais rápido de produtos que poderiam processo inclui reciclagem, reuso e revalo-
ter sua durabilidade estendida em uma rização energética como formas de reapro-
situação ideal (MDIC, 2012). veitamento (BARBIERI, 2011).

Os REEE contêm diversos materiais que Entre os princípios de proteção ambiental,


podem ser prejudiciais para o meio pode-se destacar o EPR (extended product
ambiente se descartados de forma incor- responsability) ou responsabilidade esten-
reta, tais como plásticos, vidros, compo- dida pelo produto, onde os produtores,
nentes eletrônicos e mais de vinte tipos de que tem relação aos danos ambientais que
metais pesados. Além de sua composição podem ser causados pelos seus produtos,
nociva, é perceptível a presença de soldas e, são responsabilizados pelo período após
em alguns casos, existe ainda a aplicação de o uso original, quando decidem o destino
produtos químicos que retardam chamas desse produto (LEITE, 2009). A Waste Elec-
e evitam a corrosão. A extração destes trical and Electronic Equipment (WEEE),
elementos demanda técnica que, devido a estabelecida pelo Parlamento Europeu
sua complexidade, gera custos maiores do em 2003, indica quotas de recuperação de
um procedimento de reciclagem comum produtos e diminuição no volume de lixo
como vidro, alumínio, etc. (MDIC, 2012). eletrônico que chega aos aterros. Esta dire-
triz define alvos para coleta, tratamento,
Conforme estudo realizado pela Agência recuperação e reciclagem dos produtos
Brasileira de Desenvolvimento Industrial eletroeletrônicos (MIGUEZ, 2010).

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Promulgada em 2004, com validade a partir que devem ser atendidos em razão da
de 2006, para a Comunidade Europeia, a conservação do meio ambiente (BARBIERI,
RoHS – Restiction on the use of Hazardous 2011). A PNRS – Política Nacional dos Resí-
Substances – estabelece a restrição ao uso duos Sólidos, Lei Nº 12.305 de 2 de agosto
de substâncias que causam danos à saúde. de 2010, define que a responsabilidade
As diretrizes são baseadas no princípio do sobre o material proveniente do descarte
‘poluidor pagador’, onde os comerciantes, de resíduos sólidos é compartilhada
distribuidores, importadores e fabricantes entre fabricantes, importadores, distri-
são responsabilizados pelo ciclo de vida buidores e comerciantes, titulares dos
dos EEE, incluindo sua disposição final. O serviços públicos de limpeza urbana e de
objetivo é limitar as quantidades geradas manejo de resíduos sólidos bem como os
de substancias poluentes, para isso foi consumidores e poder público. Esses têm
estabelecido como responsabilidade como obrigação estruturar e implementar
(entre outras providências) do produtor a sistemas de logística reversa de forma inde-
eliminação de substancias como chumbo, pendente do serviço público de limpeza
cádmio, mercúrio, cromo IV e retardantes urbana, sendo necessária a implantação
PBB e PBDE. de logística reversa para os resíduos de
equipamentos eletroeletrônicos (REEE)
É importante destacar o nível de (BRASIL, 2010).
participação governamental sobre o
equilíbrio das fontes geradoras, ou seja, Conforme disposto no artigo 33 da PNRS, é
sobre os meios econômico-produtivos obrigatória a implementação de sistemas
praticados pelo mercado. Em se tratando de logística reversa para os seguintes
de economias estabilizadas há esforços materiais I - agrotóxicos, seus resíduos e
conjuntos entre os integrantes da cadeia embalagens, assim como outros produtos
(supply chain) para solucionar problemas cuja embalagem, após o uso, constitua
que impactam na sociedade e no meio resíduo perigoso; II - pilhas e baterias; III
ambiente, causados pelo desequilíbrio em - pneus; IV - óleos lubrificantes, seus resí-
seu fluxo direto. Esses fatos tornam o poder duos e embalagens; V - lâmpadas fluores-
público, além de responsável, peça chave centes, de vapor de sódio e mercúrio e de
no estabelecimento de normas, controle, luz mista; VI - produtos eletroeletrônicos
regulamentos e restrições (PEREIRA, 2011). e seus componentes (BRASIL, 2010). Cabe
ressaltar que o artigo 18 da PNRS situa a
A regulamentação governamental baseada obrigatoriedade da elaboração de Plano
nas etapas da cadeia produtiva direta e Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
reversa evidencia a tendência de legisla- Sólidos (PMGIRS). A lei também determina
ções que consideram os impactos ambien- o conteúdo mínimo deste plano, em seu
tais dos produtos, bem como o emprego de artigo 19.
normas que estabelecem procedimentos

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A logística reversa é utilizada na PNRS para por reaproveitamento ou destinação final


encaminhar o fluxo dos resíduos de volta ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).
para o ciclo produtivo, bem como auxi-
liar na redução da poluição e também do As soluções em logística reversa, de um
desperdício de materiais. Dessa forma, modo geral, trazem retorno positivo resul-
conforme Miguez (2010), buscando tante da economia gerada pelo reaprovei-
garantir interesses ambientais, econô- tamento de embalagens retornáveis e utili-
micos, sociais e culturais, desenvolver zação de materiais reciclados na produção.
estratégias sustentáveis e realizar o incen- Esse processo também pode acompanhar
tivo do uso de insumos que não causam a retornos consideráveis que compensam o
degradação ambiental. investimento proposto (LACERDA, 2009).

Segundo Miguez (2010), o consumidor é A logística reversa de pós consumo é


responsável por realizar a coleta seletiva definida como a alternativa da revalori-
dos resíduos e disponibilizar para a coleta, zação financeira do produto através do
que pode ser realizada pelo serviço público reaproveitamento dos seus componentes
de limpeza e manejo dos resíduos. As e da economia gerada, além da revalo-
empresas que prestam esse serviço devem rização por meio da remanufatura ou da
implementar, junto aos agentes geradores, venda direta. O custo matéria prima reci-
medidas para garantir o fluxo reverso dos clada normalmente é menor em relação à
resíduos. Além de disponibilizar postos de matéria prima virgem, diminuindo o custo
coleta e efetivar adequadamente a desti- de produção já que também são utilizados
nação dos rejeitos. menos insumos energéticos (LEITE, 2009).

A logística reversa pode ser caracterizada O planejamento logístico é de fundamental


pelo processo de reuso ou reprocessa- importância tanto para o fluxo direto
mento de um bem que está ultrapassado ou quanto para o fluxo reverso. Esse sistema
defeituoso. Esse processo ocorre quando exige infraestrutura definida em relação à
os produtos são encaminhados para ao entrada e saída dos materiais, bem como
seu ponto de origem, seja ele o fabricante em relação as estruturas de armazenagem
original ou uma prestadora de serviços e transporte, buscando conectar os pontos
que o reprocesse ou reuse (MIGUEZ, onde acontece a coleta até as instalações
2010). Na PNRS, a logística reversa é consi- seguintes (LACERDA, 2009).
derada um instrumento de desenvolvi-
mento econômico e social, determinada
pelo conjunto de ações, procedimentos e
3. MÉTODO
meios de viabilizar a coleta e o retorno dos A natureza dessa pesquisa é qualitativa, de
resíduos sólidos ao setor empresarial para caráter exploratório. Conforme Malhotra
que sejam dispostos adequadamente, seja (2011), a pesquisa exploratória busca obter

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ideias e descobertas por meio da exploração de vista do entrevistado sobre determi-


do problema e procurando os motivos que nado assunto que não foi previamente
originam o problema tendo como finalidade suposto pelo autor da pesquisa (ROESCH,
a elaboração de uma visão geral acerca de 2010). Esta coleta de dados ocorreu no
um fato. A percepção da pesquisa explora- segundo semestre de 2016.
tória pode se dar como um processo flexível
de descoberta relativamente informal, onde
o levantamento de dados pode ser efetuado
4. RESULTADOS
junto à especialistas. No âmbito governamental foram selecio-
nados dois documentos fundamentais,
Trata-se de um estudo de caso aplicado considerando seu impacto sobre a legis-
na Prefeitura Municipal de Canoas. Estudo lação ambiental proposta para os REEE:
de caso é, segundo Yin (2001), apropriado a Política Nacional dos Resíduos Sólidos
para estudos que buscam compreender (PNRS) instituída pela Lei nº 12.305/2010 e o
procedimentos e razões a respeito de Plano Municipal de Gestão Integrada Resí-
determinado assunto. Ou seja, o estudo de duos Sólidos (PMGIRS, 2014) do município
caso pode ser utilizado quando se busca de Canoas. O PMGIRS está em vigor desde
responder questões do tipo “como?” e “por ano de 2014, sendo este documento obri-
quê?” quando se pretende investigar um gatório conforme disposições da PNRS. Os
acontecimento contemporâneo inserido de documentos serão analisados no intuito
forma real no cotidiano de uma sociedade. de estabelecer um panorama comparativo
das exigências e identificar suas devidas
A coleta de dados foi realizada através da relações na gestão ambiental.
aplicação de questionário junto a deter-
minados servidores da Prefeitura Muni- Como atendimento ao disposto no artigo
cipal de Canoas, análise de documentos 19, inciso VII da PNRS, no ano de 2013 foi
da Prefeitura e de entrevista semiestrutu- celebrado o contrato n° 144 entre o Muni-
rada e visita para observação com a orga- cípio de Canoas e a Empresa Mecanicapina
nização gerenciadora de REEE. Roesch Limpeza Urbana Ltda. com o objetivo de
(2010) indica que entre as formas de coleta prestar serviços de construção, implan-
de dados está o questionário, em que tação, operação e gerenciamento de até 08
o pesquisador colhe os dados de forma Ecopontos conforme descrito no PMGIRS
direta e procura mensurar informações e, (2014). Os Ecopontos podem ser definidos
dessa forma, exige planejamento prévio como centros de recebimento de resíduos
do seu conteúdo para alcançar o entendi- sólidos, compostos por uma área cercada
mento sobre o tema, considerando como e pavimentada com administração e segu-
base o problema de pesquisa. Uma entre- rança locais.
vista é um método que pode ser utilizado
quando o objetivo é compreender o ponto Além dos Ecopontos, o município dispõe

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de Postos de Entrega Voluntária, ou PEV’s. riais são apontados como prováveis meios
São 235 contêineres instalados com capa- para logística reversa, entretanto, estão em
cidade de 1.000 litros para o acondiciona- discussão entre Poder Público e setores
mento de materiais recicláveis. O muni- empresariais com o objetivo de implantar
cípio pratica ainda o incentivo relacionado a responsabilidade compartilhada pelo
aos carroceiros e carrinheiros da região ciclo de vida do produto. Ou seja, não há
que na maior parte dos casos se encon- planejamento das práticas que devem ser
tram em situação irregular. Nestes casos, obedecidas segundo orientações da PNRS
existe a possibilidades dos indivíduos se identificadas no PMGIRS, nem mesmo as
cadastrarem ainda no programa Amigos que tangem documentação e projetos para
da Cidade. Uma vez que estejam regulari- implantar sistemas de logística reversa
zados, podem se beneficiar com o forne- para os REEE.
cimento de cestas básicas e, para os que
fazem uso de animais, receber auxílio vete- Para os Resíduos de Equipamentos Eletroele-
rinário, zelando pela saúde e bem estar trônicos, de acordo com as informações
dos animais. coletadas no PMGIRS (2014), o município se
coloca em posição de espera por ações que
Os apontamentos do PMGIRS (2014) devem ser iniciadas por medidas de escala
quanto á disposição final dos resíduos é de estadual e federal, mantendo-se em stand
que o aterro sanitário é a última opção para by até que se desenvolvam definições de
destinação possível. Portanto o Município sistemas práticos vindos das esferas gover-
deve respeitar a ordem de não geração, namentais superiores.
reutilização, reciclagem e por fim trata-
mento, desta forma os resíduos desviam O PMGIRS deve contemplar também,
do descarte comum, o que torna possível segundo § 6o artigo 19 da PNRS, ações
o reaproveitamento do material e também voltadas para órgãos da administração
age como fonte geradora de renda a partir pública com o intuito de promover a racio-
dos processos de triagem, beneficiamento nalidade no uso dos recursos ambientais
e comercialização. Estas ações são reali- bem como a redução na geração e resíduos
zadas por meio de Cooperativas conve- e combater as formas de desperdício. Entre-
niadas junto ao Município. tanto, não foi possível localizar definições
e metas para acatar os objetivos citados
A PNRS estabelece a obrigatoriedade como obrigatórios no documento avaliado.
da implantação de sistemas de logística
reversa para os materiais descritos em seu A administração municipal, conforme
artigo 33. Esta medida é considerada um aponta o PMGIRS (2014), tem a divulgação
avanço, porém o PMGIRS (2014) aponta dos pontos de coleta disponíveis para a
que a implantação desse sistema está em população como uma de suas prioridades.
fase de regulamentação. Os acordos seto- Além disso, no PMGIRS é perceptível a

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L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

busca por capacitação e formalização no Cooarlas, Coopcamate, Coopermag e Mãos


emprego de cooperativas de catadores bem Dadas. Salienta-se que nenhuma dessas
como o desenvolvimento de programas de trabalha com REEE.
educação ambiental, que são diretrizes e
proposições do PMGIRS (2014), e ações No inciso X do artigo 19 a PNRS indica que
que promovam a não geração, a redução, devem existir programas e ações voltadas
a reutilização e a reciclagem de resíduos para a educação ambiental, buscando
sólidos. A promoção de campanhas de diminuir a geração de resíduos. Conforme
informação, comunicação e educação consulta ao PMGIRS (2014), a redução
ambiental aparecem entre as diretrizes do do volume de resíduos gerados se daria
PMGIRS (2014), esta é classificada como por meio de programas de educação
longo prazo de implantação (9 a 20 anos). ambiental, de gerenciamento, de coleta
seletiva e de tratamento de resíduos que
Em relação ao inciso I do artigo 19 da PNRS, consta no cronograma do PMGIRS como
ao buscar informações sobre a geração meta de longo prazo (9 a 20 anos), entre-
de resíduos no respectivo território em tanto não há descrição de medida que
termos de origem, volume, caracterização satisfaça essa condição em se tratando
e destinação observa-se que o PMGIRS especificamente de REEE.
não apresenta esses dados para os REEE,
demonstrando somente os quantitativos Os serviços de coleta realizados pelo muni-
de geração/coleta de resíduos domici- cípio são planejados e controlados pela
liares no Município de Canoas classificando Secretaria Municipal do Meio Ambiente
os resíduos em matéria orgânica, papel (SMMA) com apoio do Comitê Executivo
e papelão, plásticos, rejeitos, metais e de Gestão Integrada de Resíduos Reciclá-
vidros. Não há identificação volumétrica ou veis. A população do município dispõe dos
mesmo classificação de REEE, sendo esta seguintes serviços para alguns tipos de
prevista na PNRS, entre os dados coletados materiais recicláveis: Coleta e separação
no PMGIRS. O gráfico da figura 03 apre- dos resíduos recicláveis e Transporte até
senta as divisões existentes no PMGIRS. Unidade de Triagem.

Cooperativas e associações de catadores O atual programa de coleta seletiva da


apresentadas pelo PMGIRS (2014) inte- Prefeitura de Canoas desenvolve práticas
gram o Programa de Coleta Seletiva no para a correta destinação dos resíduos
município, sendo caracterizados como sólidos descartados pela população local.
agentes ambientais de limpeza urbana que As formas de participação do município,
incentivam a conscientização e o descarte em relação aos procedimentos adotados
adequado para os resíduos. No total são 5 para a manutenção preventiva e corre-
Cooperativas que participam da coleta de tiva do meio ambiente a partir do recolhi-
resíduos recicláveis em geral: Renascer, mento dos resíduos sólidos recicláveis são

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L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Coleta Porta a Porta e Postos de Entrega público no Brasil”. Não foram identificadas,
Voluntária. A coleta porta a porta é reali- pelo entrevistado, parcerias com empresas
zada em cerca de 65 % do município, mas do setor de EEE para facilitar a Logística
não recolhem REEE. A população também reversa. Sobre educação ambiental o
tem a opção de participar do programa de respondente indicou que “Existem políticas
coleta seletiva encaminhando os resíduos públicas de divulgação para conscienti-
recicláveis voluntariamente nos Postos de zação da população para os locais e meios
Entrega Voluntária (PEV’s). Nestes pontos é corretos para o descarte dos resíduos
possível descartar REEE. eletrônicos.” apontando o capítulo XI da Lei
Municipal 4980/05 Decreto nº 737/09 que
As secretarias municipais participantes trata da Educação Ambiental. O referido
foram a de Planejamento e Gestão, a de trecho da lei sugere que o “Poder Público
Meio Ambiente e a de Serviços Urbanos. Municipal, juntamente com a comunidade
Foram convidados a participar da pesquisa organizada, desenvolverá política visando
um integrante de cada secretaria municipal a conscientizar a população sobre a impor-
de acordo com seu grau de conhecimento tância da adoção de hábitos corretos com
sobre o tema em questão, posto que as relação à limpeza urbana.”. Segundo
secretarias selecionadas estão envolvidas disposto na Lei, o executivo municipal deve
no planejamento e execução das ações realizar programas de limpeza, promover
relacionadas aos resíduos, de uma forma campanhas educativas, projetos sobre a
geral. Nesse contexto, buscou-se identi- destinação do lixo municipal, desenvolver
ficar quais são as medidas desenvolvidas programas de informação e formar convê-
para cumprimento das diretivas impostas nios com entidades ou particulares para
pela PNRS. viabilização das ações propostas.

O questionário enviado à Secretaria Muni- A Secretaria Municipal do Meio Ambiente


cipal de Planejamento e Gestão (SMPG) de Canoas (SMMA) tem entre suas atribui-
foi respondido pelo Assessor da Diretoria ções o planejamento, formulação, coorde-
de Licitações e Compras. Ao ser questio- nação e acompanhamento da execução e
nado sobre a coleta de REEE exercida pelo avaliação das políticas ambientais, efetuar
município, o entrevistado respondeu não licenciamento ambiental das atividades
ter conhecimento sobre medidas especí- previstas em lei e conta uma diretoria
ficas de recolhimento dos REEE, apontando específica que trata dos resíduos e uma
os Ecopontos como forma de destinação. segunda diretoria que trata das ques-
Sobre a gestão compartilhada dos REEE, foi tões de educação ambiental. Diante das
indicado que se encontra em regulamen- perguntas propostas pela pesquisa, as
tação pelo PMGIRS e as dificuldades de sua duas diretorias se complementam para
implantação foram generalizadas e equipa- suprir as informações solicitadas.
radas as dificuldades “inerentes ao sistema

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L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

O questionário foi respondido pela Diretora ser devidamente remuneradas.


de Resíduos, via e-mail, no mês de outubro
de 2016. Segundo a entrevistada, a coleta A participante aponta que o setor privado
dos REEE é realizada através dos Ecopontos, alega que a variedade de produtos que
postos sob gerenciamento da Secretaria originam os REEE é uma das principais difi-
Municipal de Serviços Urbanos. Para ela as culdades na construção de tais acordos
dificuldades enfrentadas pela prefeitura setoriais, além dos obstáculos enfrentados
são comuns a outras administrações, posto para estabelecer um acordo desse tipo para
que não há regramento e o Acordo Seto- produtos provenientes de importação. O
rial para os REEE até o momento. A entre- custo dessas atividades é citado também
vistada relata que o município fica em uma como fator determinante. Outra dificul-
situação delicada pois a população precisa dade, segundo a diretora, para os gestores
de informações sobre a destinação para os públicos na construção dos diálogos e de
seus resíduos, entretanto essas informa- parcerias locais seria a falta de definições
ções não estão definidas e instrumentali- para articular os seguimentos na busca de
zadas, sendo setor empresarial o respon- concretizar o acordo setorial.
sável por essas definições.
O questionário também foi enviado para a
De acordo com a PNRS o município “no Diretora de Educação Ambiental a fim de
âmbito da responsabilidade comparti- complementar as informações e esclarecer
lhada pelo ciclo de vida dos produtos, os procedimentos do município em relação
deve realizar as atividades definidas por à criação de programas de educação
acordo setorial ou termo de compromisso, ambiental que é mencionada como instru-
mediante a devida remuneração pelo mento da PNRS e deve obrigatoriamente
setor empresarial”. A diretora entrevistada estar inclusa nas diretrizes que compõem o
afirma que não compete ao gestor público PMGIRS. Em resposta a este questionamento
utilizar recursos provenientes dos contri- a respondente aponta que “Os projetos e
buintes para fazer os resíduos retornar ao ações de Educação Ambiental visam desen-
ciclo produtivo, sendo essa uma atribuição volver a consciência no geral relativo ao
do setor produtivo. Esta opinião é coerente consumo consciente e sustentável, mas não
com a PNRS, artigo 33 § 7o que afirma especificamente para o REEE”.
que se houver acordo setorial, o titular do
serviço público de limpeza urbana e de A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos
manejo de resíduos sólidos pode desen- (SMSU) forneceu o contato da coopera-
volver atividades de responsabilidade dos tiva que atualmente executa a gestão dos
fabricantes, importadores, distribuidores REEE em Canoas. A Coopertec realiza a
e comerciantes nos sistemas de logística coleta dos REEE nos Ecopontos de Canoas,
reversa de materiais incluindo REEE, sendo em assistências técnicas e nos locais de
que estas ações do poder público deverão descarte impróprio como terrenos vazios

15
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

e via pública por exemplo. O material ximada de 1h30, na sede da cooperativa


recolhido é levado ao galpão da coopera- em Canoas/RS. A recepção e acompanha-
tiva, onde acontece a separação e arma- mento foram feitos pelo Gestor Ambiental
zenamento do material coletado. Após a da Cooperativa. O serviço prestado pela
descaracterização o material é separado cooperativa inicia com a coleta dos REEE
de acordo com sua classificação (plástico, nos Ecopontos, assistências técnicas,
metais, vidro, etc) e então é encaminhado condomínios e locais que solicitarem a
para empresas especializadas no reapro- coleta e termina com o encaminhamento
veitamento destes materiais. Os dados do material segregado para empresas
coletados por meio do questionário e da especializadas para retorno destes mate-
visita são demonstrados na sequência. riais ao processo produtivo.

O questionário foi respondido pela A primeira etapa, após a chegada dos REEE,
bióloga da cooperativa. Os Ecopontos é a descaracterização ou desmontagem.
são apontados como ponto de descarte Em seguida ocorre a separação por tipo-
de REEE disponibilizados pela prefeitura. logia de material proveniente da desmon-
Em relação à destinação, ocorre após tagem. Separados os materiais, são enca-
recolhimento esses resíduos passam por minhados para empresa que realizará
triagem, descaracterização, separação e o beneficiamento e posterior utilização
encaminhamento dos diferentes tipos de como matéria prima. Durante a entrevista
materiais resultantes desse processo à o gestor ambiental ressaltou as dificul-
reciclagem, para empresas devidamente dades que a cooperativa enfrenta diante
licenciadas, com o objetivo de reinserir de variados aspectos e que alguns itens
esses materiais no ciclo produtivo. Sobre são mais difíceis para comercialização.
as dificuldades de implantação da gestão
compartilhada pelo ciclo de vida do O entrevistado relatou que a regulamen-
produto, foi indicada a falta de interesse tação da cooperativa é um processo muito
do setor privado em dispor de recursos demorado e que são exigidas documen-
financeiros para concretizar tal exigência tações específicas. Esse fato é encarado
da PNRS. Em resposta ao questionamento como dificuldade, pois sem a devida licença
referente aos projetos em educação de operação (LO), é impossível realizar
ambiental, a cooperativa desenvolve qualquer tipo de convênio junto a prefei-
gratuitamente palestras e campanhas de turas e outras organizações, participar de
conscientização sobre sustentabilidade e programas governamentais ou mesmo
gestão dos REEE e ressalta os resultados conseguir financiamentos para investir
positivos que vem obtendo. em equipamentos e melhorar a estrutura
de operação da cooperativa. No momento
Já a visita à empresa aconteceu no dia 5 a Coopertec possui apenas Licença de
de novembro de 2016 com duração apro- Instalação (LI). Na ocasião da visita, estava

16
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

em andamento o processo junto à Secre- tados, segundo o entrevistado, ocorre


taria do Municipal do Meio Ambiente que devido à fenômenos da natureza como
autorizaria a Licença de Operação (LO) da alagamentos que danificam e em alguns
cooperativa, que ainda não possuía esse casos inutiliza os equipamentos. Isso
documento em razão do curto período em também ocorre geralmente em época de
que está alojada em Canoas. final de ano, quando as vendas de eletroele-
trônicos aumentam e, por consequência,
O gestor aponta ainda problemas decor- da mesma forma o volume de descarte
rentes da falta de documentação como aumenta. O gestor relata que a PNRS
falta de espaço físico para acolher a designa que empresas do setor privado
operação com maior afetividade, manter devem entrar em um consenso com o poder
maior volume de armazenagem e instalar público e definir medidas para a implan-
dispositivos facilitadores do manuseio do tação dos sistemas de logística reversa, que
material recebido. Outro fator destacado por lei são obrigatórios. No ponto de vista
é o baixo valor oferecido pelas empresas do gestor, as empresas produtoras não tem
de reciclagem para alguns materiais (plás- interesse em diminuir seu lucro para acatar
ticos, metais, embalagens, etc) associado qualquer medida. Por outro lado, o governo
à falta de incentivo governamental. O fato não cria formas de incentivo às atividades
de existir cooperativas que fazem a coleta, das cooperativas e não exerce a função
desmontagem, triagem deste tipo de mate- fiscalizatória para regrar e efetivamente
rial forma um cenário de concorrência. implantar essas medidas.

A falta de conscientização da sociedade é


apontada como fator determinante para
5. CONSIDERAÇÕES
o baixo volume de REEE movimentado
FINAIS
pela cooperativa. O gestor relata que As últimas resoluções em legislação
apesar de a cooperativa realizar a coleta mostram o avanço no sentido de cada vez
gratuitamente, trabalhar com divulgação mais tornar as empresas responsáveis
e propagar seu trabalho em assistências pelo ciclo de vida dos seus produtos. Nesse
técnicas e escolas, muitas vezes os porta- contexto apresenta-se a PNRS, lei que
dores de REEE acabam não enviando o define medidas para incentivar o emprego
material por motivos como acomodação, da sustentabilidade na produção e no
pena de descartar um produto que ainda consumo de produtos e serviços, respon-
funciona ou mesmo um carrinheiro ou sabilizando fabricantes, importadores,
catador que oferece retirar o REEE do distribuidores e comerciantes com o apoio
lugar, sem garantia de que este resíduo do poder público na função de facilitador.
seja corretamente descartado. No que se refere aos REEE, a implantação
dos sistemas de Logística Reversa é obriga-
A sazonalidade no volume de REEE descar-
tória (BRASIL, 2010).

17
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Apesar de ter criado o PMGIRS (2014) e de tudo o que é recolhido pela cooperativa.
deste ser um documento relativamente Portanto, um estudo a ser desenvolvido no
novo, a prefeitura de Canoas não atende futuro seria a melhoria do layout do galpão
muitas das obrigações citadas na PNRS, de reciclagem da Coopertec.
principalmente em se tratando de REEE
que não tem definições claras sobre coleta Foi possível constatar a carência de projetos
e destinação. Isso ocorre, segundo os em Educação Ambiental específica para os
resultados analisados, por causa da falta REEE por parte do Município. Uma inicia-
interesse das empresas produtoras, distri- tiva desse teor, além de obrigatória por
buidoras e importadoras de REEE em criar lei, produz uma visão sistêmica sobre os
alternativas para implantação da logística danos ambientais causados pelos compo-
reversa. Esse fator é agravado pela falta nentes dos REEE, especialmente os metais
de estrutura fiscalizatória por parte das pesados. Dessa maneira desenvolve-se a
esferas superiores de governo. Por este conscientização sobre as questões ambien-
motivo, o acordo setorial para os REEE está tais e a importância de facilitar e colaborar
estagnado desde 2014 (SINIR, 2016). para o descarte correto dos REEE.

Ao visitar a cooperativa responsável pela Observou-se também que existe um


coleta de REEE foi possível observar que mercado limitado de empresas compra-
um dos fatores mais relevantes é o curto doras do material que é segregado na
período de ação no município. Por ser cooperativa que trata dos REEE. Assim
uma cooperativa nova na região, as ações como existem limitadas alternativas de
recentes ainda não tem o máximo de emprego para o material que compõe os
alcance em relação à divulgação. Os muní- equipamentos. Nesse contexto, encon-
cipes ainda não tem conhecimento sobre a tra-se um nicho de pesquisa que precisa
existência da cooperativa, o que evidencia a ser incentivado tanto pelo governo quanto
necessidade de ampliar o alcance das infor- pela iniciativa privada.
mações entre a população e, dessa forma,
aumentar o volume de material recolhido. Sugere-se então, estudos futuros que
possibilitem o desenvolvimento de tecno-
Notou-se também a falta de uma planta ou logias para reciclagem dos REEE, além
esquema planejado na sede da cooperativa, de reduzir os custos para o retorno ao
estando os materiais separados de forma setor produtivo, propiciar melhor apro-
muito próxima, o que não garante um veitamento dos componentes. A otimi-
suporte efetivo para o volume de material. zação pode ser na criação de modelos de
Uma forma de melhorar o fluxo de mate- fácil desmontagem, utilizando o mínimo
riais dentro do galpão seria a criação de um possível de recursos naturais e que possi-
layout de ilhas de trabalho para otimização bilitem a separação e reaproveitamento
do espaço e garantir o acondicionamento dos materiais. Nesse contexto, podem ser

18
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

desenvolvidos estudos sobre possíveis [ 2 ] .BARBIERI, J. C. Gestão ambiental


inovações na criação de produtos mais empresarial: conceitos, modelos e
amigáveis ao meio ambiente e também instrumentos. 3º ed. atual. e ampl. São
proporcionar o aproveitamento de matéria Paulo: Saraiva, 2011.
prima reciclada ou reutilizada na sua
produção (RODRIGUES, 2016). [ 3] .BRASIL. Decreto nº 7.404, de 23 de
Dezembro de 2010. Lei 12.305 - Política
Durante o desenvolvimento da pesquisa Nacional de Resíduos Sólidos. 2010.
foram abordados vários participantes da Disponível em: <http://www.planalto.gov.
gestão municipal. A estrutura encadeada br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/
das secretarias do município gerou dificul- D7404.htm>. Acesso em: 25 de outubro
dades em mapear os responsáveis pelo de 2016.
tema, o que prolongou o período de retorno
dos questionários enviados, sendo este [ 4] . CANOAS. Lei Municipal Nº 5844,
encaminhado diversas vezes internamente de 26 de junho de 2014.Disponível em:
até chegar ao servidor que contribuiu efeti- <https://leismunicipais.com.br/a/rs/c/
vamente com informações solicitadas. canoas/lei-ordinaria/2014/585/5844/lei-or-
dinaria-n-5844-2014-institui-a-politica-do-
O desenvolvimento desta pesquisa propor- -lixo-eletronico-no-municipio-de-canoas-
cionou grande aprendizado, pois abrange -com-o-objetivo-de-organizar-e-orientar-o-
campos de conhecimento distintos e que se -recolhimento-e-descarte-correto-destes>.
completam na logística reversa. Ao longo do Acesso em 08 nov. 2016
trabalho foi possível ter experiências inova-
doras e contato com vários profissionais [ 5] .IBGE. Síntese de indicadores 2015.
tanto servidores do município quanto com Disponível em: <http://www.cidades.
cooperados da empresa visitada, essa diver- ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&-
sidade fornece meios de aprendizado prático codmun=430460>. Acesso em: 15 out
e teórico, quando foi consultada a legislação. 2016.

[ 6 ] .LACERDA, Leonardo. Logística


REFERÊNCIAS Reversa: Uma visão sobre os conceitos

[1 ]. ABDI - Logística Reversa de Equi- básicos e as práticas operacionais.

pamentos Eletroeletrônicos: Análise Sargas, 2009.

de Viabilidade Técnica e Econômica.


[ 7] . LEITE, P.R. Logística Reversa: meio
Disponível em: <http://www.abdi.com.br/
ambiente e competitividade. São Paulo:
Paginas/noticia_detalhe.aspx?i=3554>.
Pearson Prentice Hall, 2009.
Acesso em 08 de novembro. Acesso em:
28 out. 2016.
[ 8] .MALHOTRA, N. Pesquisa de Marke-

19
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

ting: Foco na Decisão. 3 ed. São Paulo: [15].YIN, R. K. Estudo de caso: plane-
Pearson Prentice Hall, 2011. jamento e métodos. Porto Alegre:
Bookman, 2001.
[9 ]. MIGUEZ, E. C. Logística reversa
como solução para o problema do lixo
eletrônico: benefícios ambientais e
financeiros. 1. ed. Rio de Janeiro: Quali-
tymark, 2010.

[1 0]. PEREIRA, A. L. Logística reversa e


sustentabilidade. São Paulo: Cengage
Learning, 2011.

[1 1 ]. PMGIRS. Plano Municipal de


Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos.
Disponível em: <http://canoas.rs.gov.
br/ uploads/paginadinamica/356083/
Plano_Municipal_de_Gesto_Integrada_de_
Resduos_Slidos__Consulta_Pblica.pdf >.
Acesso em: 25 out 2016.

[1 2]. RODRIGUES, J. T. M. C. Seleção de


Variáveis para Prever a Demanda de
Resíduos de Equipamentos Eletroele-
trônicos no Contexto da Logística
Reversa. Tese (Doutorado em Enge-
nharia) – Departamento de Engenharia
de Produção. Porto Alegre: Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 2016.

[1 3]. ROESCH, S. M. A. Projetos de Estágio


e de Pesquisa em Administração. 3ª Ed. São
Paulo: Atlas, 2010.

[1 4].SINIR - Sistema nacional de Informa-


ções sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos.
Logistica Reversa. Disponível em: http://
sinir.gov.br/web/guest/logistica-reversa.
Acesso em: 10 nov. 2016.

20
AGRUPAMENTO
DE EMBALAGENS
UNITIZADORAS
ARMAZENADAS E
GERENCIADAS POR UM
SISTEMA WMS

Evandro Segundo Soares Pereira


Aldérico Silvio Gulini

RESUMO
Visando otimizar a armazém, gerando agrupamento de embalagens armazenadas, foi
analisada a ferramenta de WMS do EPR TOTVS 11, pertencente a empresa TOTVS, para
utilizar suas regras de gestão de armazenagem, com pretensão de desenvolver de logicas
que permitam apresentar as embalagens gerenciadas pelo sistema que possam ser agru-
padas. Para obter estas informações, foi desenvolvido um logica que apresenta as emba-
lagens incompletas armazenadas no WMS e uma sugestão de agrupamento dos volumes
com meta a disponibilização de endereços. Após esta etapa de execução, foi elaborado e
aplicada uma analise dos dados levantados, para comprovação do método proposto.

Palavras-chave

WMS, embalagens, ERP, agrupamento, endereços, sistema de informação e logística.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO namento exemplo um pallet, seja maior


que a quantidade de itens (SKU) disposta
O armazém como parte operante do neste, está será considera uma emba-
conjunto logístico, envolve custos perti- lagem incompleta.
nentes a movimentação. A armazenagem
de produtos tem entre suas finalidades Quantidade de embalagens incompletas
maximizar a eficiência dos espaços, em um armazém ocupando o mesmo
contanto com agrupamentos de SKUs que, espaço de armazenamento de uma
além desta diluição de espaço ocupado, embalagem completa, torna ineficiente
facilitem a movimentação destes, assim e custoso para a gestão de um armazém,
denominando embalagens unitizadoras. pois se estas forem agrupadas liberando
endereços, disponibilizaria endereços para
A atividade de gerenciamento de informa- outras embalagens.
ções dentro de um armazém, é realizada por
sistemas de WMS que permitem a localização Identificada a necessidade de verificar
dos SKUs ou itens, assim como o gerencia- as embalagens incompletas e sugerir o
mento das embalagens destes itens. agrupamento destas, qual seria melhor
maneira de efetuar a analise dos dados e
Partindo desta necessidade de maximizar apresentar a melhor otimização de agru-
o armazenamento de embalagens unitiza- pamento dos unitizadores?
doras, utilizando a ferramenta de gestão
de armazém WMS da empresa TOTVS,
apontamos uma lógica para melhorar este 2. ANALISE INICIAL
sistema. Gerando uma análise das infor-
O processo de gestão do sistema WMS
mações disponibilizas por esse e conce-
tem entre seus objetivos, controlar as
bendo uma lógica que permita agrupar
movimentações de um armazém e o posi-
embalagens incompletas em endereços
cionamento dos materiais. A gestão de
diferentes, com objetivo liberar espaço no
posicionamento controla os itens arma-
armazém, reagrupando embalagens.
zenados em endereços, sendo que estes
itens, normalmente estão em embalagens
Sistemas de WMS gerenciam os endereços
unitizadoras.
e as embalagens armazenadas nestes,
focando maximizar a eficiência da relação
As embalagens untizadoras tem como
cubagem disponível do endereço versus
princípio agrupar itens ou embalagens em
cubagem da embalagem armazenada.
uma embalagem única, facilitando a movi-
mentação dos itens e diminuindo o volume
Caso a embalagem unitizador armaze-
cubico utilizado. Dentre as embalagens
nada em um determinado endereço esteja
comumente utilizadas em um armazém,
incompleta, ou em outras palavras a dispo-
pode ser citado como exemplo pallet.
nibilidade de uma embalagem de armaze-

22
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

A relação das embalagens unitizadoras 1 pallet com 45 unidades e outro com 50


com o sistema WMS esta no endereça- unidades, é possível agrupar estes dois
mento controlado pelo WMS e suas quanti- pallets em um único de 95 unidades. Agora
dades. Visando a maximização da utilização se existirem um pallet com 50 unidades e
de um endereço e embalagem ou emba- outro com 60 unidades, não será possível
lagens armazenadas neste, estas embala- agrupar pois a quantidade máxima será
gens devem ser utilizadas na sua quanti- ultrapassada e mesmo que seja padroni-
dade máxima utilizada, ou melhor na sua zado um pallet com 100 unidades, perma-
quantidade padrão. Se uma embalagem necerá existindo 1 pallet com 1 unidades,
estiver sendo utilizada cm uma quantidade desta maneira continuaram existindo 2
menor que seu padrão, entende-se que pallets e foge ao objetivo do processo que
está embalagem não está completa. é disponibilizar espaço no armazém.

Para identificar uma embalagem incom-


pleta, serão utilizadas as informações
3. ARMAZÉM
padrões de um sistema WMS, como a A maioria dos materiais é armazenada por
quantidade máxima de itens por emba- um determinado período em algum ponto
lagens untizadoras e os endereços onde do processo produtivo. Para uma redução
estas estão armazenadas. dos custos torna-se necessária uma análise
do passo a passo do fluxo de materiais.
Localizando estas embalagens, será desen- Conforme Moura (1998), pela avaliação de
volvido um processo para propor a otimi- quantidades e movimentos de cada item
zação do armazém, localizando todas as pode-se planejar a armazenagem com o
embalagens incompletas e se dentre deste objetivo de eliminar dispêndio de esforços.
massa de dados, é possível agrupar uma
ou mais embalagens. Conforme Rodrigues (2007), as ativi-
dades que envolvem a armazenagem são
Este agrupamento de uma ou mais emba- complexas e exigem procedimentos bem
lagens em uma única, terá como valor definidos e detalhados. A informatização
máximo a quantidade máxima ou padrão deve gerenciar uma grande base de dados
do item (SKU), desta maneira somente operacionais visando racionalizar a alimen-
poderão ser agrupadas embalagens onde tação dos dados, que uma informação seja
a somatória do item desta(s) seja menor e digitada uma única vez, e que esta infor-
igual a uma embalagem e uma das emba- mação torne-se disponível para todas as
lagens seja esvaziada por completo. demais áreas da empresa.

Exemplo: Um determinado item pode A velocidade e a qualidade das informa-


somente conter 100 unidades no máximo ções são fundamentais e necessárias para
em um pallet. Se existirem armazenados a gestão do armazém, focado em produti-

23
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

vidade e qualidade da armazenagem. Para permitindo movimentação mecânica,


definir as características funcionais que evitando-se manuseios desnecessários de
os sistemas de informação devem possuir carga fracionada.
Moura (1997, p. 326) afirma que:
De acordo com Bowersox (2007, p. 336).
O conhecimento de todos os possíveis “Quanto embalagens secundarias são
sistemas de informação disponíveis agrupadas em unidades maiores, essa
atualmente no mercado se faz neces- combinação á conhecida como conteineri-
sário para que se possa desenvolver um zação ou unitização.”
projeto de armazém considerando todas
as oportunidades oferecidas atualmente No Brasil existe um padrão de pallet
pela tecnologia da informação. conhecido como PBR (pallet padrão Brasil),
desenvolvido pela associação brasileira de
Os sistemas de informação devem prover supermercados (ABRAS) em conjunto com
informações de qualidade com rapidez, outras entidades técnicas, e esta entre as
que, segundo Banzato (2005) são à base da mais utilizados tipos de pallet.
eficiência das operações de armazenagem.
ABRAS (WEB 2015): “O PBR foi desenvolvido
Banzato (2005, p. 53) define WMS como a partir de estudos realizados pela ABRAS
sendo: em parceria com profissionais de diversas
empresas e associações tecnicamente quali-
[...] um sistema de gestão de armazém, ficadas para a elaboração de um sistema
que otimiza todas as atividades opera- altamente confiável para atender toda a
cionais (Fluxo de Materiais) e admi- logística de movimentação e armazena-
nistrativas (Fluxo de Informações) mento de produtos pelos supermercados.”
dentro do processo de Armazenagem,
incluindo recebimento, inspeção, ende-
reçamento, estocagem, separação de
3. WMS
pedidos, embalagem, carregamento, A eficiência da logística, na sua raiz de
expedição, emissão de documentos, serviço, está associada a qualidade e velo-
inventário, entre outras. cidade da gestão das informações, sendo
que em um mundo onde as frequências
A utilização de embalagens unitizadoras, de pedidos são maiores e o tamanho,
como exemplo pallet, auxilia na redução em formato quantidade, cada vez menor,
de espaço de armazenamento, pois agrupa exigem uma maior agilidade nos arma-
os materiais armazenados em unidades zéns, onde o sistema WMS pode auxiliar e
padrões. A carga unitizada permite uma alguns casos ser vital para o setor da logís-
maximização dos equipamentos de trans- tica com foco em distribuição.
porte, principalmente da empilhadeira,

24
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

De acordo com Moura (2003, p 10): tomar decisões rápidas e inteligentes”.

“O moderno processamento de infor- Para Moura (1998), a principal função de


mações utilizando, um sistema de um WMS é coordenar, controlar e registrar
gerenciamento WMS, é uma importante os movimentos físicos de todo o estoque.
condição para atingir os níveis competi-
tivos de produtividade e serviço.” Os sistemas de WMS são cada vez mais
necessários para a gestão de um armazém,
Os sistemas de WMS (Warehouse Manage- centralizando as operações deste processo
ment System), são softwares que gerenciam as logístico, sendo parte importante da cadeia
movimentações de um armazém. Conforme de suprimentos auxiliando na operacio-
Bowersox (2007, p. 212) “O WMS inicia e nalização das principais atividades do
controla as atividades de armazenagem e a armazém, conforme Banzato (1998, p 8), “O
tecnologia de manuseio de materiais.” WMS se torna literalmente o sistema central
de informações operacionais às operações
De acordo com Banzato (2005, p 53): de armazenagem e distribuição.”

“Um WMS é um sistema de gestão de Atividades dentro de um armazém podem ser


armazém, que otimiza todas as atividades gerenciados por um sistema WMS. Conforme
operacionais (Fluxo de Materiais) e admi- Bowersox (2007, p. 212) “O WMS inicia e
nistrativas (Fluxo de informações) dentro controla as atividades de armazenagem e a
o processo de armazenagem, [...]. “ tecnologia de manuseio de materiais.”

De acordo com Banzato (2005, p 56), “O De acordo com Banzato (2005, p 53):
WMS também gerencia a localização dos
itens no estoque [...]” Um WMS é um sistema de gestão de
armazém, que otimiza todas as ativi-
Para o gerenciamento de um armazém, dades operacionais (Fluxo de Materiais)
o acesso a informação é necessária para e administrativas (Fluxo de informações)
análise para análise da gestão de um dentro o processo de armazenagem, [...].
armazém. Conforme Imam (2001, p 68) “A
gerencia e a supervisão devem ter acesso O sistema de WMS (Warehouse manage-
a esses dados e estar familiarizados com ment system) permite gerencias as infor-
eles e entender cuidadosamente o perfil mações de um armazém, permitido um
destas operações. melhor produtividade no setor.

Segundo Banzato (2005, p. 51), “a armaze- De acordo com Banzato (1998, p 7):
nagem exige muito mais que simples proce-
dimentos automatizados, ela necessita Em linhas gerais, um WMS é um sistema
de sistemas de informações que possam de gestão (software), que melhora a

25
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

operacionalidade da Armazenagem, O processo de localizar um produto, dentro


através do eficiente gerenciamento de das funções do WMS, são agregadas
informações e dos recursos do mesmo. outras informações referentes a cubagem
do volume (Medidas), logicas de armaze-
O fluxo de informações de dentro de um namento e quantidades movimentadas,
armazém pode ser agilizado com a utili- entre outras. Sendo estas informações
zação de sistema WMS, melhorando as são devidamente cadastradas e passam a
principais funções do armazém, dentro ser identificadas momentaneamente defi-
destas funções, conforme Banzato (1998), nindo assim o local onde se encontram as
entre elas: mercadorias. O sistema de gerenciamento
de armazéns WMS, é uma tecnologia desti-
_Planejamento e alocação de recursos, nada para a integração e processamento
Portaria, Recebimento, Inspeção e controle das informações de localização de material,
de qualidade, Estocagem, Transferências, controle da capacidade produtiva, além de
Expedição, Inventários, Controle de conte- proporcionar a emissão de relatórios para
nedores, Relatórios. o acompanhamento e gerenciamento dos
processos logísticos (Monteiro, 2003).
Moura (2003, pg 8), apresenta uma figura
que representa as principais etapas de Banzato (2005) destaca que este é um
atendimento de um pedido, sendo que sistema de gerenciamento de armazéns que
todas as atividades apresentadas são otimiza todas as atividades operacionais
gerenciadas pelo WMS. A figura citada esta (fluxo de materiais) e administrativas (fluxo
apresentada na figura 1. de informações) do processo de armaze-
nagem. O sistema WMS é destinado ao
Figura 1 – Principais processo WMS. gerenciamento de várias funções logísticas,
incluindo: recebimento, inspeção, endereça-
mento, estocagem, separação, embalagem,
carregamento, expedição, emissão de docu-
mentos, inventário, entre outras.

Dentro de suas funções principais, está


localizar os itens em um armazém, conca-
tenando dados em um banco de infor-
mação com os itens físicos. Conforme
Bowersox (2007, p. 331) “[...] capacitações
novas de sistemas dos sistemas de WMS
tem tornado cada vez mais precisos os
registros da localização do produto.”
Fonte – Moura (2003)

26
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

De acordo com Banzato (2005, p 56), “O De acordo com Banzato (1998, p 38):
WMS também gerencia a localização dos
itens no estoque [...]” Os parâmetros para localização são
definidos conforme analise logística
De acordo com TOTVS (2006), “Como prin- feita pela empresa e podem ser: Giro de
cipal funcionalidade está o mapeamento do estoque, tamanho, peso, quantidade,
depósito em box, isto é, uma unidade de loca- características de separação, [...].
lização unitária com capacidade de volume e
peso no qual o material será armazenado.” O processo de orientação no sistema
WMS, considerado endereços, no sistema
Na sua função principal está localizar os WMS TOTVS é dividido seguindo os prin-
itens em um armazém, concatenando cipais conceitos de mercado, conforme
dados em um banco de informação com os descrito abaixo:
itens físicos. Conforme Bowersox (2007, p.
331) “[...] capacitações novas de sistemas _ Estabelecimento: Local físico de controle
dos sistemas de WMS tem tornado cada da empresa.
vez mais precisos os registros da locali-
zação do produto.” _ Local: Relação de endereços com depo-
sito de controle do ERP.
Moura (1998) define o endereço de arma-
zenagem como: _ Bloco: Compõe o código de endereço
WMS, sendo este a maior localização maior
o local onde o material é estocado fisica- parte da concatenação, possivelmente um
mente. Existem métodos diversos para lugar físico distinto.
estocar os materiais, ou seja, os mate-
riais podem ser estocados no chão, em _ Rua: Compõe o código de endereço
estruturas de porta-paletes, em caixas WMS, normalmente o local de movimen-
especiais, em prateleiras de estanteiras tação dos operadores.
ou armários;
_ Nível: Compõe o código de endereço
A localização de armazenagem gerenciada WMS, altura de uma estrutura de armaze-
por um sistema WMS, são definidos pelos namento, sendo esta considerada a divisão
operadores e ou gerentes do armazém, horizontal.
sendo estas seguindo uma logica que
contempla as características do armazém e _ Coluna: Compõe o código de endereço
dos itens que serão gerenciados. A conca- WMS, parte física de uma rua que compõem
tenação exigida para identificar uma locali- a divisão vertical de uma estrutura.
zação, tem como conceito o endereço.
Esta divisão está representada nas figuras 2 e
figura 3, conforme descrita em TOTVS (2006)

27
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Figura 2 - Localização Física

Fonte: TOTVS (2006)

Figura 3 - Divisão das Estruturas de Localização

Fonte: TOTVS (2006)

4. ARMAZENAGEM Segundo Rodrigues (2003), o processo de


armazenagem compreende a adequada
Armazenagem é a denominação genérica transferência dos materiais do ponto de
que é dada amplamente a todas as ativi- descarga para o local onde são armaze-
dades referentes à obtenção temporária de nados. Os principais serviços compreen-
produtos até a sua distribuição. Além disso, didos pela armazenagem conforme Rodri-
é uma função que não se limita somente gues (2003) são: descarga, conferência e
ao recebimento, conservação e expedição recebimento; marcação; separação, segre-
de produtos como também atua no setor gação e endereçamento; armazenagem
administrativo e contábil (Moura, 1997). propriamente dita; registros de controle;

28
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

entrega; estatísticas e serviços acessórios. item um digito verificação que identificará


o local no armazém.” Pode-se definir que
Segundo Banzato (2005, p 32), referente ao existe uma relação dos SKU armazenado
processo de armazenamento gerenciado e estes embalados em embalagens uniti-
pelo WMS: zadoras, com os endereços existentes no
sistema WMS.
[...]no sistema WMS existe um banco
de dados com todas as localizações do
armazém. Na entrada de mercadorias o
5. APLICAÇÃO
WMS pode sugerir o local livre para esto- O sistema WMS pertencente ao ERP
cagem, o que em um processo manual TOTVS11, foi identificado uma oportu-
depende do operador encontrar um nidade de melhoria, pois este não apre-
local disponível. senta uma solução padrão para a situação
de agrupamento de embalagens. Por
O processo de armazenamento ocorre
este motivo é que o estágio visa analisar
conforme as demandas de entrada dos
o processo de gestão de posicionamento
produtos são geradas no WMS, sendo esta
e unitização de itens gerenciados pelo
a reserva de um determinado endereço
sistema WMS, para propor um processo
para um volume recebido e armazena-
que atenda esta deficiência, aplicar este e
mento deste volume no endereço. Citando
analisar os resultados.
TOTVS (2006) “Para o documento é gerada
uma tarefa de armazenamento (tarefa pai); Tendo em vista este problema e visando
para cada movimento de entrada dos itens a solução do mesmo, o primeiro trabalho
da carga nos endereços de armazenagem do estagiário foi conhecer os principais
do WMS, as correspondentes tarefas de processos realizados pelo sistema WMS
armazenamento...” pertencente ao ERP TOTVS11 e através
de principalmente através de leituras e
A atividade de armazenamento, sendo
pesquisas aplicadas.
esta a estocagem do SKU, com o sistema
WMS, é gerenciada por endereços e as O atual processo de gestão de posiciona-
capacidades destes parametrizadas. Para mento e embalagens do sistema WMS, não
Banzato (1998, p 39), “O WMS possibilita, permite analisar as embalagens armaze-
em função de parâmetros predetermi- nadas que estão incompletas, ou melhor,
nados, que se faça um analise das melhoras embalagens onde as quantidades da emba-
localizações do armazém conforme item a lagem armazenada são menores que sua
ser estocado.” quantidade padrão, assim como analisar a
possibilidade de agrupamento desta. Esta
Seguindo o conceito de Banzato (1998, p
deficiência do sistema WMS, faz com que
39) onde “[...], o sistema WMS vincula este
o mesmo não maximize o armazenamento

29
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

de embalagens, permitindo existir embala- Seguindo as regras definidas, dentro do


gens incompletas em endereços diferentes sistema WMS precisamos analisar quais
endereços, onde se agrupadas permite tabelas apresentam as informações
liberar endereços para novas embalagens. necessárias.

Tendo em vista esta situação, o artigo


propõem desenvolver um processo na
5.1 DEFINIÇÃO DO
linguagem Progress para levantar os
AGRUPAMENTO DE
dados, extrair e analisar estes.
DADOS
Para identificar as embalagens armaze-
Para levantar e extrair os dados, foi desen- nadas a tabela wm-box-saldo, apresentas
volvida a lógica abaixo utilizando as tabelas as informações necessárias pois a sua
padrões do sistema WMS: principal divisão á endereço, quantidades
de volumes e quantidades de itens que
1- Identificar as embalagens armazenadas. compõem o volume, assim como a quanti-
dade de itens. Para validar as quantidades
2-Para as informações levantas na regra
máximas de itens por volume, existe no
1, agrupar as embalagens com os mesmos
sistema WMS a tabela wm-item-emba-
códigos de itens.
lagem local, que apresenta o cadastro da
relação item X embalagem e sua quanti-
3- Para as informações levantadas na regra
dade máxima.
2, comparar a quantidade da embalagem
armazenada com o a quantidade máxima
A lógica seleciona todos os registros de a
cadastrada para o item. Destes dados,
tabela wm-box-saldo, onde localizando no
selecionar somente as embalagens onde
cadastro da quantidade máxima da emba-
a quantidade for menor que a quantidade
lagem do item, verifica se a quantidade
padrão do item.
máxima possível menos a quantidade arma-
zenada for maior que 0, significa que esta
4- Para as informações levantadas na
embalagem está incompleta. Todas as emba-
regra 3, comparar as somatória das emba-
lagens consideradas incompletas, serão
lagens analisadas é menor que a quan-
armazenadas em uma nova tabela, para que
tidade máxima cadastrada. Iniciado da
seja possível fazer a análise de agrupamento.
menor embalagem passando pelas demais
até encontrar uma relação que atenda a
necessidade. 5.2 DEFINIÇÃO DA
FORMATAÇÃO DO
5–Disponibilizar a informação das emba- AGRUPAMENTO DE
lagens possíveis de agrupar, informando EMBALAGENS
endereço de origem e destino.
A análise de agrupamento, deverá consi-

30
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

derar se embalagens armazenadas em onde estas distribuídas por código de itens


endereços diferentes, se somadas suas (SKU), apresentaram uma quantidade 42
quantidades, gerar um valor menor que a SKUs diferentes. Destas embalagens apre-
quantidade máxima cadastrada para o item. sentadas, foram apresentadas as quanti-
dades 832 pallets incompletos, onde este
Conforme levantado no tópico 5.1 Defi- possibilita uma quantidade 654 possíveis
nição do Agrupamento de Dados, as infor- pallets possíveis de agrupamento/remon-
mações geradas e armazenadas na tabela tagem. Como o movimento sugerido é um
temporária TT-EMBALAGEM, serão anali- agrupamento, de um endereços origem
sadas comparando os registros, onde a para destino, serão disponibilizadas meta-
quantidade da somatória do o valor do dade dos endereços com possibilidade de
campo tt-embalagem.qtd-item dos regis- agrupamento, sendo assim, serão disponi-
tros, seja menor que a quantidade máxima bilizados 327 endereços.
cadastrada para o item.
Desenvolvendo paralelos entre os valores
A lógica descrita seleciona verifica todos da base onde foi aplicado o desenvolvi-
os registros de a tabela tt-embalagens, mento, podemos relacionar na figura 3 o
onde utilizando um buffer para replicar a percentual de ocupação do armazém por
informação, compara os registros entre embalagens incompletas. Os valores apre-
as tabelas, sendo que estes devem ser de sentam 6,95% do total de pallets armaze-
itens com o mesmo código. Para registros nados, estão incompletos.
com o mesmo código, estes são somadas
as quantidades e validado se este valor for Figura 3 – Percentual pallet incompletos
menor ou igual ao cadastro máximo do
item na embalagem, estes registros serão
inseridos no relatório final dos dados
e assinalado como utilizada para evitar
que esta seja novamente analisada da
execução recursiva.

6. RESULTADOS
OBTIDOS
A logica desenvolvida, foi testada em uma
bse loca TOTVS, representado/copia da
base do maior cliente do módulo WMS. Fonte: Autor
O programa desenvolvido com as logicas
relacionadas, apresentou uma quanti- Aplicando o processo de análise de agrupa-
dade de 11970 embalagens armazenadas, mento de embalagens incompletas, foram

31
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

apresentados um total de 654 pallets possí- considerável redução de custos, bem


veis de serem agrupados de um montante como melhora da qualidade das ativi-
de 832 incompletos, ou 78,61% conforme dades a serem executas.
apresenta a figura 4.
As analises apresentadas como os valores
Figura 4 – Percentual pallet possíveis de obtidos, serão encaminhados para análise
agrupar do comitê de produto da empresa TOTVS.
O desenvolvimento será disponibilizado
para empresa TOTVS como resultado do
estágio visando a melhoria do produto.

Incluir como futuras ações de melhoria e


complementar os desenvolvimentos do
estagio os seguintes pontos:

_ Geração automática de transferência


entre endereços: Incluir no processo
de geração do relatório, um campo que
permita ao usuário selecionar se deseja
Fonte: Autor que o sistema apresente somente o rela-
tório com o dados e ou gere também a
A figura 4 apresenta um valor de 21,39% de atividade de transferência entre ende-
pallets que o processo aplicado identificou reços.
como não possível de agrupar. Dentre
os principais fatores destes pallets não _ Processo de execução da atividade de

poderem ser agrupados, podemos citar transferência e agrupamento: Desenvolver

que a grande maioria são de pallets onde um processo via coletor de dados, que

a possibilidade de agrupamento, excederia permita o usuário realizar o agrupamento

o máximo parametrizado no cadastro da das embalagens, conforme as atividades

relação quantidade de itens por pallet. de transferência de endereços geradas.

Estas atividades complementarão o


7. CONSIDERAÇÕES processo, pois permitirão o operador
FINAIS executar o processo sugerido pelo levanta-
mento de dados apresentado no relatório,
Através dos estudos apresentados e
processo transferência e agrupamento via
análise da pesquisa verificou-se que
coletor de dados.
através do agrupamento de embala-
gens obtém-se um melhor otimização
do armazém, representando assim uma

32
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

REFERÊNCIAS materiais. 4. ed. Rev. – São Paulo: IMAM,


1998.
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15/06/2015.
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[2]. BANZATO, Eduardo. Tecnologia da


[ 1 0 ] . RODRIGUES, Paulo Roberto
informação aplicada à logística. 1d. São
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Paulo: IMAM, 2005.
zenagem. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras,
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Management System WMS: Sistema de
[ 1 1 ] . TOTVS. Manual de referencia
gerenciamento de armazém. 1d. São
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Paulo: IMAM, 1998.
System. Copyright © 2001, 2006 DATASUL
S.A.
[4 ]. BOWERSOX, Donald J. Gestão logís-
tica de cadeias de suprimentos. 1d.São
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[5 ]. MONTEIRO, A.; BEZERRA, A. L. B.


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tica Empresarial Baseada em Tecno-
logia de Informação. In: Seminários em
Administração, 4, 2003, São Paulo. Anais
eletrônicos... São Paulo: USP, 2003. Dispo-
nível em: www.ead.fea.usp.br. Acesso em:
01/06/2015.

[6 ]. MOURA, R. Manual de logística:


armazenagem e distribuição física. Vol.
2. São Paulo: IMAM, 1997.

[7]. MOURA, R. A. Sistemas e técnicas


de movimentação e armazenagem de

33
LOGÍSTICA REVERSA:
APLICAÇÃO NO
PROCESSO DE
TRATAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS
DE UMA ESTAÇÃO DE
TRATAMENTO DE ÁGUA
(ETA) DO MAR

Claudio Roberto Silva Junior


Edilange Moreira da Costa
Gustavo Henrique Andrade Sousa
José Ribamar Santos Moraes Filho
Patrício Moreira de Araújo Filho

RESUMO
O presente artigo tem como objetivo descrever a aplicação da logística reversa em um
processo produtivo de tratamento de resíduos sólidos provenientes da água do mar, no
intuito de se constatar a mitigação de custos e impactos ambientais acerca da destinação
adequada destes resíduos sólidos gerados e também a destinação adequada destes resí-
duos, transformando-os em valor agregado. Como tratam-se de resíduos sólidos, defi-
nidos segundo a NBR 10004:2004, estes não podem ser destinados ao meio ambiente de
qualquer forma ou sem passar por um processo de tratamento adequado. Neste contexto,
este artigo trata-se de um estudo de caso, descritivo e de pesquisa de campo desenvolvido
em uma estação de tratamento de água no Estado do Maranhão.

Palavras-chave

Logística reversa. Resíduos sólidos. Estação de tratamento de água.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1 . INTR O DUÇÃO tendo em vista as vantagens competitivas


de sua aplicação.
Em âmbito geral, a logística é de vital
importância para as empresas, pois A logística reversa estuda os fluxos de mate-

engloba toda a cadeia de suprimentos riais que vão do usuário final do processo

desde a aquisição de matérias-primas até a logístico original (ou de outro ponto ante-

entrega final do produto ao cliente, garan- rior, caso o produto não tenha chegado

tindo o andamento eficaz de determinado até esse), a um novo ponto de consumo ou

processo produtivo. Constitui também um reaproveitamento (ADISSI, 2013, p. 247).

fator essencial na satisfação e fidelização


Lacerda (2002, p. 2) também define logís-
de novos clientes, pois quando a expec-
tica reversa como um processo de planeja-
tativa destes é superada, o respeito pela
mento, implementação e controle do fluxo
empresa está garantido.
de matérias-primas, estoque em processo

Segundo Novaes (2001, p. 36), logística e produtos acabados (e seu fluxo de infor-

é o processo de planejar, implementar e mação) do ponto de consumo até o ponto

controlar de maneira eficiente o fluxo e de origem, com o objetivo de recapturar

a armazenagem de produtos, bem como valor ou realizar um descarte adequado.

os serviços e informações associados,


No tocante à preocupação com o meio
cobrindo desde o ponto de origem até
ambiente com a busca constante para
o ponto de consumo, com objetivo de
reduzir as agressões à natureza, grande
atender aos requisitos do consumidor.
parte das empresas têm recorrido à logís-

Atualmente, a Associação Brasileira de Enge- tica reversa para minimizar estes impactos

nharia de Produção (2017) divide a Enge- e atender à legislação ambiental, conquis-

nharia de Produção em dez grandes áreas, tando a confiança dos consumidores que

sendo uma delas a área de logística. As subá- valorizam empresas que trabalham com

reas da logística são as seguintes: gestão da responsabilidade social e ambiental.

cadeia de suprimentos, gestão de estoques,


Após a vida útil dos produtos, a logís-
projeto e análise de sistemas logísticos, logís-
tica reversa tem a função estratégica de
tica empresarial, transporte e distribuição
minimizar o impacto ambiental de alguns
física, logística de defesa e logística reversa.
produtos, coletando-os e dando-os uma

No que concerne à logística reversa, esta destinação final ambientalmente adequada.

tornou-se relevante em função do cres- Neste caso, eles podem ser remanufatu-

cimento da frequência das operações rados, reciclados ou dispostos de forma

realizadas nos últimos tempos e a preo- ambientalmente adequada: se material

cupação constante com o meio ambiente, orgânico, compostagem; se não, aterros

onde empresas e a sociedade passaram a sanitários ou incineração e também outros

dar atenção especial para esta temática, meios de destinação adequada desses resí-
duos gerados (ADISSI, 2013, p. 250).

35
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Campos (2006, p. 2) afirma que a logística uma área de suma importância nas orga-
reversa apresenta vantagens competitivas nizações, promovendo a disponibilização
para a empresa, tais como: contribuir para do produto/serviço ao cliente no momento
a sustentabilidade do planeta e redução de necessário, e, além disso, o recolhimento
resíduos. Assim, um sistema eficiente de deste, quando necessário, através da logís-
logística reversa pode vir a transformar um tica reversa (BALLOU, 2006).
processo de retorno altamente custoso e
Compreende-se por logística reversa o
complexo em uma vantagem competitiva.
processo de planejamento, implementação
Assim, o objetivo deste estudo é descrever e controle da eficiência e custo do fluxo de
a aplicação da logística reversa no reapro- matérias-primas, estoques em processo,
veitamento de resíduos sólidos, destinação produtos acabados e as informações corre-
adequada destes e mitigação de impactos lacionadas do ponto do consumo ao ponto
ambientais em uma estação de tratamento de origem com o propósito de recapturar
de água (ETA) do mar da empresa locali- valor ou para uma disposição apropriada
zada no Estado do Maranhão. (RLEC, 2017).

De acordo com Leite (2009), a logística


2 . RE FERENCIAL reversa é uma área da logística empresa-
TEÓRICO rial que cuida do planejamento, operação
e controle de informações correspon-
2.1 LO G Í STI CA R E V E R SA dentes, do retorno dos bens de pós-venda
e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou
A logística é considerada um processo que
ao ciclo produtivo, por meio dos canais de
inclui todas as atividades que são de suma
distribuição reversos, acrescentando-lhes
importância para a disponibilização de
valores econômicos, benefícios políticos,
bens e serviços ao consumidor, tornando
legais dentre outros, conforme elucida a
a logística parte do processo da cadeia de
figura 1:
suprimentos. Percebe-se que a logística é
Figura 1 - Logistica Reversa

Fonte: Adaptado de Leite (2009, p. 188).


3 6
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Essa preocupação em implantar a logística nível das empresas, dos processos que
reversa em vários segmentos industriais garantem que a sociedade utiliza e reuti-
cresceu no Brasil a partir da década de liza, de forma eficiente e eficaz, todo o
1980, diante do enorme crescimento da valor que for exposto aos produtos (ADISSI,
quantidade de lixo nos centros urbanos, o 2013, p. 250).
que, por sua vez, tinha ligação direta com
Segundo Guarnieri (2011, p. 127) muitos
a proliferação de embalagens e produtos
gestores questionam quais as vantagens
descartáveis. Esse momento coincidiu
de implementar a logística reversa. Errone-
ainda com o despertar da conscientização
amente, acreditam que esta é apenas um
da sociedade brasileira quanto à neces-
fator gerador de custos para a empresa. Na
sidade de preservação ambiental, o que
verdade, a adoção da logística reversa não é
se refletiu na definição de novas políticas
uma questão de opção. Com a sansão e regu-
governamentais e também empresariais
lamentação da Política Nacional de Resíduos
(INPEV, 2014).
Sólidos, as empresas deverão se adequar e
Numa rápida síntese, foi um longo implantar sistemas de gestão de resíduos e
caminho toda essa discussão e culminou logística reversa, sob pena de serem penali-
com a aprovação da Lei nº 12.305, de 2 zadas com multas, serem obrigadas a para-
de agosto de 2010, que instituiu a  Polí- lisar suas operações, terem prejuízo finan-
tica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). ceiro e danos à imagem da empresa.
A lei distinguiu resíduo (aquilo que pode
ser reaproveitado ou reciclado) de rejeitos 2 .2 R ES Í D UOS S ÓLI D OS
(não passível de reaproveitamento), consi- PR OV ENI ENTES DA ÁGUA
derando os segmentos: doméstico, indus- D O M AR
trial, construção civil, eletroeletrônico,
lâmpadas com vapores de mercúrio, agro- O tratamento de resíduos sólidos consiste
silvopastoril, área de saúde e produtos no uso de tecnologias apropriadas com o
perigosos. A nova legislação visa disci- objetivo maior de neutralizar as desvan-
plinar e orientar empresas e o poder tagens da existência de resíduos ou até
público sobre suas responsabilidades para mesmo de transformá-los em um fator
a destinação das embalagens e produtos de geração de renda como a produção de
pós-consumo, determinando que os fabri- matéria prima secundária. Neste contexto,
cantes respondam pela logística reversa e o tratamento de resíduos aplica as várias
destinação final ambientalmente correta tecnologias existentes desde a  reci-
(INPEV, 2014). clagem  até a disposição final de rejeitos
(PRS, 2017).
A logística reversa também pode ser visu-
alizada como parte do desenvolvimento “Estima-se que 96,54% da água que existe no
sustentável. De fato, pode-se considerar mundo esteja no mar. Há também muitos
a logística reversa como a execução, ao lagos salgados e presume-se que mais da

37
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

metade da água subterrânea também seja Destacam-se como os principais processos


salgada” (ANA, 2014). Para seu tratamento, de tratamento de água: coagulação, flocu-
foram criadas as Estações de Tratamento lação, sedimentação ou decantação,
de Água (ETA) para remover as impurezas filtração, desinfecção dentre outros, onde
presentes nas águas das fontes de abaste- quase nunca são utilizados isoladamente,
cimento, por meio de uma combinação de sendo muito frequente a associação de
processos e operações de tratamento. vários processos, conforme ilustra a figura 2:

Figura 2 - Processos de tratamento convencional de uma ETA

Água Bruta Coagulação Floculação Sedimentação Filtração Desinfecção Água Tratada

L Água de
O
D
Lavagem
O LODO

FASE
Adensamento
LÍQUIDA

LODOADENSADO

Condicionamento

LODOCONDICIONADO

FASE
LÍQUIDA Desidratação

LODODESIDRATADO

Disposição Final

Fonte: Adaptado de Richter (2001).

No processo de sedimentação, o resi- semissólido, que resultam de atividades


dual proveniente denomina-se lodo. De de origem industrial, doméstica, hospi-
um modo geral, considera-se como lodo talar, comercial, agrícola, de serviços e de
de uma estação de tratamento o resíduo varrição. Ficam incluídos nesta definição
constituído de água e sólidos suspensos os lodos provenientes de sistemas de
originalmente contidos na fonte de água, tratamento de água, aqueles gerados em
acrescidos de produtos resultantes dos equipamentos e instalações de controle
reagentes aplicados à água nos processos de poluição, bem como determinados
de tratamento (RICHTER, 2001, p. 02). líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública
Segundo a norma NBR 10004:2004 – Resí-
de esgotos ou corpos de água, ou exijam
duos Sólidos – Classificação da ABNT –
para isso soluções técnicas e economica-
Associação Brasileira de Normas Técnicas
mente inviáveis em face à melhor tecno-
– são resíduos nos estados sólido e
logia disponível.

38
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

O tratamento dos lodos de uma estação 3 . M ETO DO LO G IA


de tratamento de água visa obter condi-
ções adequadas para sua disposição final, O presente artigo foi descrito quanto à
como obter um estado sólido e semissó- natureza da relação entre as variáveis com
lido, e assim, envolve a remoção de água base na pesquisa descritiva, que segundo
para concentrar os sólidos e diminuir o seu Rampazzo (2002), tem como função
volume (RICHTER, 2001, p. 07). observar, registrar, analisar e correlacio-
nar-se os fatos ou fenômenos sem manipu-
Desde há muito tempo, o destino dos resí- lá-los e sem a interferência do pesquisador.
duos de uma estação de tratamento de
água tem sido um curso de água próximo, Bertucci (2008) aponta também que a
frequentemente a própria fonte que a pesquisa descritiva tem como objetivo
estação processa. Entretanto, a crescente descrever as características da população
preocupação e a regulamentação sobre a ou fenômeno, estabelecendo as relações
preservação ou recuperação da qualidade entre as variáveis.
do meio ambiente, têm restringido ou
Vinculada a esta contextualização, o artigo
mesmo proibido o uso deste método de
foi baseado em pesquisas bibliográficas,
disposição, impondo a procura por outros
realizadas por meio de levantamentos em
métodos que não ou pouco interferem no
fontes secundárias, a qual compreendeu
meio ambiente (RICHTER, 2001, p. 01).
consultas em livros, artigos científicos, sites
Em suma, os tratamentos de lodo além confiáveis e recomendados da internet,
de minimizar impactos ambientais, apre- teses dentre outros, possibilitando uma
sentam uma redução de custos para visão geral de como as empresas admi-
empresas de saneamento básico, ao nistram a tarefa da logística reversa para
mesmo tempo em que cumprem os parâ- obtenção de redução de custos e inte-
metros exigidos pelas diferentes legis- gração da logística reversa no que tange às
lações. Os resíduos apresentam grande relações com o meio ambiente.
quantidade de água que pode ser retirada
Após a contextualização, a próxima etapa
antes da disposição final do lodo.
consistiu em analisar todo o fluxograma
A definição do destino final para o lodo de processo, desde a captação de água do
de uma estação de tratamento de água é mar até o seu destino final, sendo enfoque
uma das tarefas mais difíceis para o admi- deste trabalho viabilizar uma destinação
nistrador do serviço de água, envolvendo adequada dos resíduos sólidos prove-
outros custos elevadíssimos de transporte nientes do processo, de forma a garantir
e restrições do meio ambiente (RICHTER, que estes não venham a contaminar o
2001, p. 90). meio ambiente e possam ser sugeridas
medidas de reutilização e disposição.

39
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

4. E ST U DO DE e a água é transferida para um tanque de

CASO: ESTAÇÃO DE água clarificada, conforme demonstrado

TRATAMENTO DE na figura 4.

ÁGUA Figura 4 – Clarificadores da ETA

Localizada no Estado do Maranhão, a


estação de tratamento de água processa
um volume de 2500 m³/h para seu processo
produtivo. A logística deste processo
ocorre da seguinte maneira:

1 ) A água do mar é succionada por


bombas na área da captação e transfe-
ridas por tubulações, que interligam a área
da captação até a estação de tratamento Fonte: O autor (2017).

de água. Deste ponto, a água é direcionada


3) A chegada de água proveniente dos
para dois conjuntos de peneiras estáticas,
clarificadores irá para um tanque denomi-
cuja finalidade é reter resíduos sólidos
nado tanque de água clarificada, conforme
provenientes da captação, conforme
demonstrado na figura 5.
demonstrado na figura 3.
Figura 5 – Tanque de água clarificada da
Figura 3 – Peneiras estáticas da ETA
ETA

Fonte: O autor (2017).

Fonte: O autor (2017). 4) No adensador acontece o processo de


adensamento, que faz com que o lodo se
2) Após as peneiras estáticas a água flui
torne mais concentrado através da sepa-
para os clarificadores, cujo objetivo é a
ração do lodo da água, conforme demons-
remoção dos sólidos em suspensão na
trado na figura 6.
água, onde parte destes sólidos tornam-se
lodos no fundo dos clarificadores. Estes
lodos são direcionados por bombeamento
para outro tanque denominado adensador

40
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Figura 6 - Adensador da ETA

Fonte: O autor (2017).

5) A água proveniente do adensador é 6) O lodo proveniente do adensador é


encaminhada para um tanque denomi- então direcionado para os bags de geote-
nado Tanque de Retorno e destinada esta cido, cuja função é acondicionar o lodo em
água para início do processo ou destinação bolsas fabricadas de material geotêxtil.
final para descarte, conforme demons- O tecido apresenta pequenos poros que
trado na figura 7. permitem a passagem da água e a retenção
dos sólidos, conforme demonstrado na
Figura 7 – Tanque de retorno da ETA.
figura 8.

Nos bags o lodo proveniente do adensador


ficará armazenado para posterior manejo e
aplicações, não sendo este disposto no meio
ambiente devido ser um tipo de resíduo
sólido, onde neste caso deverá ser dado o
destino adequado para este resíduo.

Fonte: O autor (2017).

Figura 8 - Bags de geotecido da ETA.

Fonte: O autor (2017).

41
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

4 .1 A P L I CAÇÃO DA empresas que já utilizam seus resíduos


LO GÍST I CA R E V E R SA sólidos gerados para diversas finalidades,
a empresa em questão após análises físi-
De acordo com Megdaet al. (2005), as co-químicas do lodo, destinou um volume
características físicas e químicas de lodos “x” desse material para uma fábrica de
de ETAs são, muitas vezes, similares às tijolos em outro município do Estado do
características dos materiais utilizados Maranhão, a fim de verificar a possibili-
na fabricação de tijolos, pois apresentam dade da fabricação de tijolos utilizando
propriedades físicas e químicas simi- o lodo proveniente junto com o material
lares à argila natural e xistos utilizados na da jazida extraído pela tijolaria, conforme
produção desses materiais. demonstrado na figura 9

Diante de tais constatações em livros,


artigos e experiências similares em outras

Figura 9 - Tijolaria

Fonte: O autor (2017).

O processo inicia-se com a homogeneização sável em reduzir a solução em lâminas finas,


deste material com o lodo, colocando certa passando por dois cilindros pneumáticos
quantidade de tabatinga (jazida) e lodo até que irão moer e reduzir por esmagamento
chegar a um ponto que essa mistura ficasse toda a solução. O material oriundo do lami-
maleável e com boa resistência. nador é transportado novamente por uma
correia transportadora até outro equipa-
Após efetuar-se a solução de tabatinga com
mento denominado extrusora ou maromba.
o lodo na área de mistura, encaminha-se
esta solução para o caixão-alimentador, A extrusora ou maromba é o equipamento
cuja função é efetuar a trituração desta responsável pela modulação e formatação
solução, sendo esta conduzida por uma dos tijolos (tamanho e proporção para oito
correia transportadora até o misturador. furos), além de processar a desaeração
dos tijolos na retirada de ar da solução.
Do misturador a solução é encaminhada
Nesta etapa também é feita a marcação
por uma correia transportadora até o lami-
dos tijolos com o nome do fabricante e ano
nador, sendo este equipamento respon-
de fabricação. Após a extrusão, os tijolos

42
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

são direcionados para o cortador, onde Depois de passarem o período de cozi-


são feitos os cortes dos blocos a cada oito mento, os tijolos são submetidos a um
furos. Estes cortes são efetuados por fios período de descanso na área de secagem,
de aço que moldam o tamanho ideal dos num intervalo de doze horas até adqui-
tijolos, sendo estes encaminhados manu- rirem a temperatura ambiente, evitando
almente para a área de secagem. assim o choque térmico do material fabri-
cado. Após esse intervalo de tempo, os
Transcorrido o período de secagem natural,
tijolos fabricados passaram pelo respon-
os tijolos são transportados manualmente
sável de controle de qualidade e processo
até os fornos e dispostos em fileiras para
da tijolaria, da qual verificou-se os
que inicie a sua queima (cozimento),
seguintes aspectos: qualidade do material
ganhando assim a coloração necessária e a
(se visualmente possui trincas ou partes
resistência do material. O período de cozi-
quebradas), coloração (aquela específica
mento dos tijolos é de aproximadamente
de tijolos convencionais) e integridade
quatro dias, variando-se a temperatura
física (marcações, furos e especificações do
entre 750°C a 800°C.
produto – ano de fabricação e fabricante),
conforme ilustrado na figura 10.

Figura 10 - Tijolos fabricados com incorporação do lodo.

Fonte: O autor (2017).

No cômputo geral, foram fabricados um (2005), ao afirmar que as grandes quanti-


montante de 4000 tijolos aptos a utilização, dades de lodos, gerados em ETAs, podem
onde foram dispostos na área da usina diminuir, significativamente, a quantidade
para aplicação na construção civil. Verifi- de argila e xisto utilizados na fabricação de
cou-se após a sua aplicação na área interna tijolos, aumentando a vida útil das jazidas
da usina com o responsável da construção naturais, sem prejudicar o meio ambiente.
civil que foi satisfatória a sua utilização,
garantindo assim um meio viável de incor-
poração do lodo extraído na fabricação
de tijolos, corroborando com Megda et al.

43
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

5. CON S IDERAÇÕES REF ERÊ N CIAS


F INAIS
[ 1 ] . ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGE-
A realização deste artigo mostrou na NHARIA DE PRODUÇÃO. Áreas e subáreas
prática a aplicação da logística reversa no de Engenharia de Produção. Disponível
tocante à redução dos custos e do impacto em: <https://www.abepro.org.br/interna.
ambiental, melhorando a imagem corpo- asp?p=399&m=424&ss=1&c=362>. Acesso
rativa da empresa, o comprometimento em: 29. set. 2017.
quanto à destinação adequada e eficaz de
[ 2 ] . ADISSI, P. J.Gestão Ambiental de
tais resíduos sólidos e a competitividade da
unidades produtivas. 1 ed. Rio de Janeiro:
empresa em demonstrar que neste aspecto
Elsevier, 2013.
ela possui um diferencial no mercado.

[ 3] . ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS


Pôde-se constatar que a implementação
(BRASIL). Água na medida certa: A hidro-
de um processo de logística reversa, além
metria no Brasil.Agência Nacional de
de conduzir eficazmente à satisfação de
Águas. Brasília: ANA, 2014.
exigências normativas, tais como a ISO
14000 (Gestão Ambiental), pode levar a [ 4] . BALLOU, R. H.Gerenciamento da
uma redução de custo no produto acabado, cadeia de suprimentos: planejamento,
principalmente quando existe o reuso do organização e logística empresarial. 4
material de descarte. ed. Porto Alegre: Bookmann, 2001.

Verificou-se que a logística reversa [ 5] . BERTUCCI, J. L. O.Metodologia


apresenta vantagens para a empresa básica para elaboração de trabalhos de
e contribui para a sustentabilidade do conclusão de curso: ênfase na elaboração
planeta através da redução dos resíduos de TCC de pós-graduação Lato Sensu. São
gerados no processo industrial, ficando Paulo: Atlas, 2008
como sugestão para trabalhos futuros o
aprimoramento de inúmeras formas que [ 6 ] . BRASIL.Lei n° 12.305 de 2 de agosto
podem-se utilizar na prática a logística de 2010. Brasília. Disponível em: <http://
reversa não apenas em determinado setor, www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
mas sim, em diversos processos da cadeia 2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em:
de produção, destacando sempre compe- 23. out. 2014.
tências positivas no mercado competitivo
[ 7] . CAMPOS, T.Logística Reversa: Apli-
junto aos clientes e fornecedores.
cação ao problema das embalagens da
CEAGESP. São Paulo: Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, 2006. Disser-
tação (Mestrado). São Paulo: 2006.

44
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

[8 ]. GUARNIERI, P.Logística Reversa: em portalresiduossolidos.com/tratamento-


busca do equilíbrio econômico e ambiental. -de-residuos-solidos/>. Acesso em: 27. set.
1 ed. Recife: Clube de Autores, 2011. 2017.

[9 ]. INPEV – INSTITUTO NACIONAL DE [ 1 6 ] . RAMPAZZO, L.Metodologia cientí-


PROCESSAMENTO DE EMBALAGENS fica: para alunos dos cursos de gradu-
VAZIAS.Logística reversa. Disponível em: ação e pós- graduação. São Paulo: Loyola,
<http://www.inpev.org.br/logistica-re- 2002.
versa/logistica-reversa-das-embalagens>.
[ 1 7] . RICHTER, C. A. Tratamento de lodos
Acesso em 12. Out. 2014.
de estações de tratamento de água.São
[1 0]. LACERDA, L. Logística reversa: Paulo: Blucher, 2001.
uma visão sobre os conceitos básicos e as
[ 1 8] . RLEC. Reverse Logistics Execu-
práticas operacionais.Rio de Janeiro: CNEP,
tive Council. Disponível em: <http://www.
2002.
rlec.org/glossary.htm#reverse_logistics>.
[1 1 ]. LEITE, P. R.Logística reversa: meio Acesso em: 29. out. 2017.
ambiente e competitividade. 2 ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

[1 2]. MEGDA, C. R., SOARES, L. V.


Impactos ambientais provocados pelo
lançamento in natura de lodos prove-
nientes de estações de tratamento de
água. 23º Congresso Brasileiro de Enge-
nharia Sanitária e Ambiental, ABES. Campo
Grande: 2005.

[1 3]. MMA – MINISTÉRIO DO MEIO


AMBIENTE (MMA).Logística Reversa.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
cidades-sustentaveis/residuos-solidos/
log%C3%ADstica-reversa>. Acesso em 01.
nov. 2017.

[1 4]. NOVAES, A. G.Logística e Gerencia-


mento da Cadeia de Distribuição: Estra-
tégia, Operação e Avaliação. Rio de Janeiro:
Campus, 2001.

[1 5]. PRS. Tratamento de resíduos


sólidos. Disponível em: <http://www.

45
CANAIS REVERSOS DA
PRODUÇÃO DE POLPA
DE AÇAÍ NO ESTADO DO
PARÁ NO CONTEXTO DA
POLÍTICA NACIONAIS DE
RESÍDUOS SÓLIDOS

Michele Mendes da Silva Dias


Alice Kazumi Shigetomo Ishii
André Cristiano Silva Melo
Denilson Ricardo de Lucena Nunes
Vitor William Batista Martins

RESUMO
A produção de Açaí como fruto é uma atividade econômica que existe há várias décadas no
Estado do Pará, beneficiando os pequenos produtores, além de pequenos processadores
e indústrias que o utilizam para a fabricação de polpa. No contexto da Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS), a Logística Reversa (LR) propõe diretrizes que permitem a
estruturação de Canais Reversos (CR). Assim, os objetivos principais deste trabalho foram
avaliar o nível de conhecimento das partes envolvidas (stakeholders) nesta cadeia reversa
em relação a aspectos gerais da PNRS, bem como identificar e caracterizar tanto a LR como
os elos e as formas atuais de revalorização envolvidas nos CR associados à destinação e
disposição final dos Resíduos da Produção de Polpa de Açai (RPPA), no Estado do Pará. Para
tal, realizaram-se entrevistas não estruturadas e revisão documental e bibliográfica. Como
resultados da análise do nível de conhecimento sobre temas gerais da PNRS, constatou-se
que alguns tópicos são totalmente desconhecidos e, portanto, não são aplicados pelos
stakeholders envolvidos nos CR relacionados ao RPPA no Pará. Além disso, foi identificada
como atual forma de reutilização dos RPPA, apenas a queima, como bio massa, em Olarias
e como atuais alternativas de disposição final, locais inadequados (lixões e aterros), além
de locais que apresentam riscos de disposição imprópria (rios, córregos etc.). Finalmente,
a partir dos resultados gerados, novas propostas para pesquisas futuras foram sugeridas.

Palavras-chave

Logística Reversa, Canais Reversos, Política Nacional de Resíduos Sólidos, Cadeia Reversa
do Açaí.
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO beneficiando aproximadamente 600.000


pessoas/mês (ganho social) (FRAGOSO et
O açaí (Euterpe Oleracea) está presente em al., 2014; EPE, 2016); ou remuneração a
toda a extensão do estuário amazônico, partir, por exemplo, de logística e comer-
com maior concentração nos estados do cialização destes resíduos como biomassa,
Pará, Amapá e Maranhão (NOGUEIRA et superior a R$172.000,00/mês ou aproxima-
al., 2005), sendo o Pará líder na produção damente US$55,000.00/mês (ganho econô-
deste fruto (SAGRI, 2010). mico) (FRAGOSO et al., 2014).

Como qualquer cadeia produtiva, a explo- Desta forma, a geração de resíduos


ração do açaí resulta em geração de resí- da produção de polpa do açaí vem se
duos industriais, que surgem, entre outras tornando um problema socioambiental,
etapas, na produção da polpa. De acordo mas também uma grande oportunidade
com Sagri (2010), após processar o fruto, para geração de benefícios sustentáveis,
15% deste constituem polpa e 85% cons- com potenciais ganhos ambientais, sociais
tituem resíduos (fibras e caroços). Para se e econômicos, sobretudo com o cres-
ter uma noção do montante destes resí- cente aumento do consumo dessa polpa,
duos gerados no Pará, segundo Tavares e dentro e fora do país. Para amenizar tais
Homma (2015), em 2014, só nos municípios problemas e obter êxito na gestão de
maiores produtores de polpa (Castanhal e resíduos, deve-se considerar aspectos
Belém), foram produzidas mais de 30.000 realistas, Logística Reversa (LR) e compo-
toneladas (t) de polpa e, com isso, mais de sição dos resíduos em um fluxo interde-
170.000 toneladas de resíduos (ou mais de pendente, atendendo às necessidades de
465 t/dia), que precisariam ser destinados todos direta e indiretamente envolvidos
da forma adequada (reutilizados, reciclados no processo (FEHR, 2014). O Brasil possui,
ou dispostos), caso contrário, podem ter desde 2010, uma legislação específica para
sido depositados em locais impróprios, resíduos (Política Nacional de Resíduos
causando poluição ou exaustão de locais Sólidos - PNRS) que aponta a LR como
de disposição final (aterros sanitários importante ferramenta na gestão de resí-
ou controlados). A partir da gestão mais duos sólidos (VEIGA, 2013). Neste sentido,
adequada destes resíduos, como poten- o estudo de Canais Reversos (CR) torna-se
ciais benefícios, destacam-se: redução de fundamental ao gerenciamento de cadeias
disposição de resíduos superior a 25.000 sustentáveis, cuja importância cresce
m /mês, equivalente a mais de 10 piscinas
3
como uma estratégia de negócios lucra-
olímpicas/mês (ganho ambiental) (SEYE et tiva, a partir da viabilização de CR voltados
al., 2017); geração de energia térmica de à revalorização (reuso, remanufatura, reci-
62,1 Tcal/mês ou energia elétrica (a 38% clagem etc.) desses resíduos.
de eficiência) superior a 27 GWh/mês, sufi-
ciente para quase 150.000 residências/mês, Apesar da LR ser explorada enquanto

47
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

conceito e ferramenta desde os anos 80, 2. TÓPICOS DE


segundo Fonseca et al. (2015), apenas PESQUISA
após a PNRS observou-se crescimento nas
pesquisas no Brasil, sobretudo relacio-
2.1. LOGÍSTICA REVERSA E
nando-a a esta Lei (destaque para 2014,
A POLÍTICA NACIONAL DE
com 26 artigos). No entanto, neste estudo
RESÍDUOS SÓLIDOS
não foi identificada nenhuma pesquisa
que relacionasse os CR da cadeia do açaí Segundo Fonseca et al. (2017), há várias
com a PNRS e, segundo Mota et al. (2015), definições para Logística Reversa (LR)
isso representa uma oportunidade criada já propostas desde os anos 1990 (FLEI-
com a sanção da PNRS, que tais autores CHMANN, 1997; TIBBEN-LEMBKE, 1998;
definem “Desenvolvimento de pesquisas FLEICHMANN, 2000; BRITO et al., 2002;
à adequação de canais e processos de LR, BRITO & DEKKER , 2003; VEIGA, 2013).
considerando às especificidades dessa Assim, a LR constitui uma oportunidade
variedade de resíduos”. Em resposta a tal para sistematização de fluxos de resí-
oportunidade e balizada pela diretriz legal duos, partes de bens e bens descartados,
“Ampliação da LR para todos os resíduos pelo fim de vida útil ou por obsolescência
Agrosilvopastoris” (BRASIL, 2016), esta tecnológica, com vistas à sua destinação
pesquisa caracterizou os atuais CR voltados (reuso, reciclagem etc.) ou disposição final
aos Resíduos da Produção de Polpa do Açaí adequada (MAHAJAN e VAKHARIA, 2016).
(RPPA) no Pará, a partir da identificação das Considerando o contexto atual, torna-se
atuais formas de destinação desses resí- imperativo, o correto gerenciamento da
duos em Belém-PA e Castanhal-PA, princi- cadeia que busca coordenar os fluxos
pais municípios do estado produtores de reversos de resíduos, bens ou materiais,
polpa de açaí, relacionando tais resultados para viabilizar seus retornos para corretas
às atuais diretrizes legais. reinserções a ciclos produtivos ou de negó-
cios (CARRERA, 2008).
Desta forma, este artigo foi organizado em
5 seções, de modo que na Seção 2 foi abor- Em 2 de agosto de 2010, foi sancionada a Lei
dado o tema LR no contexto da PNRS e, nº 12.305 que institui a Política Nacional de
em seguida, a geração dos RPPA e formas Resíduos Sólidos (PNRS) que visa o geren-
de revalorização proposta na Literatura. O ciamento ambientalmente adequado de
método de pesquisa utilizado no desenvol- resíduos, a partir de um conjunto de princí-
vimento do trabalho foi apresentado na pios, instrumentos, objetivos, metas, ações
Seção 3. Nas Seções 4 e 5 foram, respectiva- e diretrizes, adotadas de forma isolada
mente, apresentados e discutidos os resul- ou em cooperação pelo governo federal
tados alcançados, e expostas as conclusões (VEIGA, 2013). Esta Lei utiliza como base
e propostas de pesquisas futuras. e instrumento os preceitos da LR, definin-
do-a como (BRASIL, 2016):

48
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

...instrumento de desenvolvimento e ambientais, considerando os conceitos


econômico e social caracterizado por de desenvolvimento sustentável.
um conjunto de ações, procedimentos e
meios destinados a viabilizar a coleta e a
2.2. GERAÇÃO DOS RESÍ-
restituição dos resíduos sólidos ao setor
DUOS DA PRODUÇÃO DE
empresarial, para reaproveitamento,
POLPA DO AÇAÍ E FORMAS
em seu ciclo ou em outros ciclos produ-
DE REVALORIZAÇÃO
tivos, ou outra destinação final ambien-
talmente adequada. O Estado do Pará é o maior produtor
(fruto) e consumidor de açaí (polpa). Entre
Além disso, de acordo com Mattosinho e os municípios com a maior produção
Martins (2013), a PNRS institui o princípio da de polpa, no ano de 2014, destacam-se
Responsabilidade Compartilhada que inclui o município de Castanhal-PA, na Região
a participação efetiva de todos os agentes Metropolitana de Belém (RMB), com uma
geradores de resíduos no processo de quantidade produzida de 24.258.839 kg de
descarte e na LR a este processo associada. polpa, seguido de Belém, com 5.773.123
kg (VEDOVETO, 2008; TAVARES e HOMMA,
De acordo com Sobotka e Czaja (2015) e 2015). Rogez (2000) e Rodrigues et al. (2006)
Dias e Braga Junior (2016), a minimização afirmam que tais resíduos são compostos
e reciclagem de resíduos é um dos princi- principalmente por caroços e fibras que
pais conceitos do desenvolvimento susten- geram uma preocupante questão de
tável e está mundialmente inserida nos limpeza pública por conta da elevada
processos de produção. Ainda segundo escala produtiva. Na Figura 1, relaciona-se
esses autores, a LR, em certos setores, pode a composição do resíduo às possíveis
ser aplicada em larga escala com propósito formas atuais de reaproveitamento.
de atingir os objetivos econômicos, sociais

Figura 1 - Fluxograma de aproveitamento do açaí.

Fonte: Sagri (2011)

49
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Em relação aos geradores de RPPA, em localizadas próximas (Ilha das Onças, Ilha
Belém, observou-se maior concentração do Combú etc.) a este grande mercado,
de pequenos processadores de polpa como apresentado na Figura 2. Já os
(batedores artesanais) de açaí em bairros grandes processadores de polpa estão
como Umarizal, Pedreira e Marco. Ressal- localizados, em especial, em Castanhal-PA
ta-se que próximo a esses bairros encon- e, em geral, recebem o fruto de cidades da
tra-se o Mercado do Ver-o-Peso, onde região nordeste do Pará e, na entressafra,
fornecedores (produtores ou atravessa- dos estados do Amapá e Maranhão (LIMA
dores) vendem o açaí produzido nas ilhas & SANTOS, 2014; SOUSA & SILVA, 2015).

Figura 2 -Fluxos de açaí entre fornecedores e Batedores de polpa de açaí em Belém.

Fonte: Autores (2017)

Ressalta-se a importância de levantar infor- e entrevistas não estruturadas com seus


mações precisas (localização, capacidade participantes, com vistas a captar visões
de produção etc.) sobre pontos de proces- e interpretações das atuais operações
samento de polpa (pequenos e grande reversas desenvolvidas nessa importante
processadores), já que é nestas instalações cadeia produtiva do Pará (GIL, 2010).
onde ocorre a geração de RPPA e, assim, o
início do CR mapeado. Na pesquisa documental (fontes secundá-
rias), foram analisados dados disponibi-
lizados por órgãos do governo (estado e
3. MÉTODO município) e associações de classe vincu-

Esta pesquisa considerou um estudo ladas à cadeia produtiva do açaí no Pará.

focado na caracterização dos atuais CR Assim, para o pleno alcance dos objetivos

dos resíduos de um importante produto propostos, esta pesquisa foi estruturada

do agronegócio paraense (a polpa do açaí), nas duas etapas, descritas mais detalhada-

desenvolvido a partir de pesquisa docu- mente a seguir e sintetizadas na Figura 3.

mental, observação direta das atividades


50
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Figura 3 - Síntese das etapas da pesquisa.

Fonte: Autores (2017)

Como apresentado na Figura 3, na etapa tados na etapa anterior, este CR foi caracte-
de Identificação e análise da atual cadeia rizado, definindo-se então um diagnóstico
reversa da produção de polpa de açaí no dos processos nele atualmente desenvol-
Pará foram identificadas as principais vidos, considerando os pontos de geração
organizações envolvidas na operação dos de resíduos localizados nas cidades de
CR desses resíduos, a partir de pesquisa Belém (cadastrados na AVABEL) e Castanhal.
documental em órgãos oficiais e entre- Suas principais limitações foram o acesso às
vistas não estruturadas com pessoal direta informações sobre atividades específicas e
e indiretamente envolvido nas etapas a estudos ou pesquisas que tratassem espe-
consideradas, sendo estes técnicos e bate- cificamente este tema, já que os estudos
dores artesanais de açaí da AVABEL (Asso- identificados na literatura tratam apenas
ciação dos Vendedores Artesanais de Açaí do canal direto de produção deste fruto, no
de Belém e Região Metropolitana), a fim de máximo, até a produção de polpa.
identificar quais os atuais “caminhos” que
os RPPA têm seguido após sua geração.
As entrevistas visaram ainda avaliar quali-
4. RESULTADOS E
tativamente o nível de conhecimento dos
DISCUSSÕES
stakeholders acerca de aspectos gerais da Por meio de revisão bibliográfica e docu-
PNRS, a saber: PNRS e sua influência na mental, bem como de entrevistas não
gestão de resíduos; LR; Responsabilidade estruturadas com funcionários da Asso-
Compartilhada; Coleta Seletiva; Acordo ciação dos Vendedores Artesanais de Açaí
Setorial; e Educação Ambiental. Ademais, de Belém e Região Metropolitana (AVABEL)
verificou-se as atuais atividades e respon- e processadores de polpa de açaí vincu-
sabilidades de fornecedores, processa- lados a tal associação, foi possível gerar os
dores, clientes e reguladores atuantes resultados que convergem com o alcance
na cadeia direta do açaí, potencializando, dos objetivos propostos nesta pesquisa.
assim, mais entendimento sobre o funcio- Tais resultados são apresentados e deta-
namento dessa cadeia, apesar deste não lhados a seguir.
ter sido objeto dessa pesquisa.

Na segunda etapa da pesquisa, Caracteri-


zação dos CR de RPPA, com os dados cole-

51
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

4.1. NÍVEIS DE contido no Quadro 1. Pode-se afirmar que,


CONHECIMENTO DE dos 7 tópicos levantados, 4 (PNRS, Desti-
STAKEHOLDERS DA CADEIA nação Ambientalmente Adequada, Respon-
SO AÇAÍ SOBRE A PNRS sabilidade Compartilhada e Destinação do
resíduo gerado) são de conhecimento dos
As entrevistas não estruturadas com funcio- stakeholders, mas não são aplicados corre-
nários e processadores de polpa associados tamente. Ademais, 3 tópicos (Coleta Sele-
da AVABEL, visando avaliar qualitativamente tiva, Acordo Setorial e Educação Ambiental)
o nível de conhecimento sobre a PNRS por são totalmente desconhecidos pelos entre-
partes destes stakeholders da cadeia produ- vistados e, portanto, não são aplicados
tiva do açaí no Pará, resultaram no resumo atualmente pelos stakeholders.

Quadro 1 - Nível de conhecimento na cadeia produtiva da polpa do açaí no Pará


Tópico Nível de conhecimento

Política Nacional de Resíduos


Conhecem o assunto, mas não aplicam ou desconhecem parcialmente
Sólidos
Destinação Ambientalmente
Conhecem o assunto, mas não aplicam ou desconhecem parcialmente
Adequada
Responsabilidade Comparti-
Conhecem o assunto, mas não aplicam ou desconhecem parcialmente
lhada
Logística Reversa Desconhecem o assunto
Coleta Seletiva Desconhecem o assunto
Acordo Setorial Desconhecem o assunto
Educação Ambiental Desconhecem o assunto
Destinação do resíduo gerado Despejado em locais impróprios, lixões ou aterros e olarias

Fonte: Autores (2017)

Quanto ao cumprimento das atividades de da AVABEL e dos batedores artesanais


forma adequada à PNRS, constatou-se que (pequenos processadores) de polpa de açaí
é de conhecimento sua existência e devida do Pará. Assim, nesta pesquisa não foram
importância, por parte dos batedores consideradas na amostra informações
artesanais de açaí porém nem todos eles de entrevistas de médios e grandes
dominam o assunto e, por isso, acabam, na processadores de polpa de açaí, que muito
maioria das vezes, descartando de forma provavelmente devem ter um nível de
inadequada os RPPA por eles gerados. conhecimento sobre a PNRS diferente da
amostra levantada nesta pesquisa.
É importante ressaltar que tais resultados
refletem apenas a avaliação de um
contexto pontual da cadeia do açaí, uma
vez que a amostra, considerada nesta
etapa da pesquisa, reflete de forma mais
aderente a realidade dos funcionários

52
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

4.2. CARACTERÍSTICAS Em Belém, o mercado predominante de


GERAIS DA LR ASSOCIADA produção de polpa é mais “pulverizado”,
AOS RPPA sendo representado por muitos pontos
dispersos dotados de pequena capacidade
Ainda como resultado das entrevistas, de produção, configurando uma rede de LR
foram identificados os elos que atualmente composta por muitos pontos de geração
compõem os CR dos RPPA. Referente aos de RPPA, com poucas quantidades diárias
pontos de geração de resíduos, foram desses resíduos, exigindo uma infraes-
identificadas diferentes especificidades trutura de LR composta por veículos com
entre os principais municípios produtores. menores capacidades de carregamento,
em virtude de restrições de tráfego, e
Em Castanhal, apesar de pequenos proces- muitos pontos de coleta a serem visitados
sadores, há grande concentração de por viagem, dotados de pouca ou nenhuma
médios e grandes produtores de polpa, infraestrutura para armazenagem dos resí-
caracterizando, na essência, uma rede de duos, configurando assim um transporte
LR com poucos pontos de geração com do tipo “1 (origem) para muitos (destinos)”
capacidades de produção de grandes quan- (Less Than Truckload - LTL).
tidades diárias de RPPA. Assim, a LR asso-
ciada à destinação desses resíduos, apre- No Quadro 2 são apresentadas
senta veículos com grandes capacidades características e diferenças entre os
de carregamento, visitando por viagem 1 modelos FTL e LTL que direcionam, os
ou poucos pontos de coleta, dotados de atuais processos de LR desenvolvidos nos
infraestrutura para armazenagem compa- CR voltados a revalorização e disposição
tível com grandes quantidades de resí- adequada dos RPPA, respectivamente, das
duos geradas, configurando-se, em geral, cidades de Castanhal-PA e Belém-PA.
um transporte do tipo “1 (origem) para 1
(destino)” (Full Truckload - FTL).

Quadro2 - Sistemas de coleta FTL e LTL

Característica FTL (Castanhal) LTL (Belém)

Origem (O) 1 1

Destino (Ponto de coleta – PC) 1 Muitos

Distância entre pontos (O-PC) e (PC-PC) Longa / - Longa ou Curta / Curta

Volume de carga gerado por PC Igual ou próx. capac. veículo << que a capac. veículo

Capacidade de armazenagem por PC Grande/Média Pequena/Nenhuma

Paradas e Coleta durante a viagem 1 (Carga Fechada) Muitas (Carga fracionada dos PC)

Consolidação de cargas por viagem Não Sim

Fonte: Autores (2017, adaptado de NOVAES, 2015)

53
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Nas Figuras 4 e 5, a partir de ilustrações Belém (LTL), respectivamente. Nestas confi-


representativas, são apresentadas as atuais guram-se como possíveis “Destinos” insta-
redes de LR desenvolvidas para os principais lações de consolidação, processamento,
fluxos de RPPA, gerados em Castanhal (FTL) e reaproveitamento ou disposição final.

Figura 4 - Rede de LR principal da cadeia produtiva da polpa do açaí em Castanhal-PA.

Fonte: Autores (2017)

Figura 5 - Rede de LR principal da cadeia produtiva de polpa do açaí em Belém-PA.

Fonte: Autores (2017)

4.3. ATUAIS CANAIS bem como os atuais destinos desses resí-


REVERSOS DOS RPPA duos, conforme apresentado na Figura 6.
De acordo com esta figura, compõem os
Após a coleta de informações, foi possível atuais elos dos CR de RPPA no Pará:
identificar os atuais elos dos CR asso-
ciados à destinação dos RPPA no Pará,

54
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Figura 6 - CR atuais de RPPA no Pará.

Fonte: Autores (2017)

_ Geraçã o: são representados por a responsabilidade de dar um destino,


grande, médios e pequenos processadores adequado ou não, aos resíduos. Houve
de polpa de açaí, estes últimos também relatos também que os RPPA gerados por
conhecidos como empreendedores de muitos batedores artesanais têm sido ainda
micro ou pequeno porte em termos de coletados por caminhões da Companhia
quantidade diária produzida de polpa de de Limpeza Pública do município, sendo
açaí, constituindo em alguns casos o penúl- assim tratato como lixo comum (Resíduo
timo elo da cadeia direta (antes do consu- Sólido Urbano - RSU) e, por isso, tratado
midor final) e o elo inicial do CR dessa de forma inadequada. Em muitos casos,
cadeia produtiva. Em Belém, é composto os batedores artesanais de açaí desco-
por todos os batedores artesanais de açaí, nhecem quem de fato executa esta etapa,
associados ou não à AVABEL, de pequeno nem os destinos dados aos RPPA, havendo
e médio porte. Neste grupo também grande risco destes serem depositados em
estão incluídos os grandes processadores rios, córregos, ou outros locais impróprios
de polpa, representados pelas médias e (depósitos informais) à disposição final.
grandes indústrias localizadas na RMB Nos médios e grandes processadores, loca-
(Castanhal) que abastecem os varejistas do lizados em Castanhal-PA, esta atividade,
Pará, outros estados e outros países que, geralmente, é executada ou por Transpor-
por sua vez, abastecem o consumidor final; tadores autônomos, contratados ou não
por empresas interessadas nos RPPA, ou
_ Trans porte: no CR da produção de por Transportadores que compõem a frota
polpa de açaí de Belém-PA, em geral, destas próprias empresas;
constituem pequenos transportadores,
chamados Carroceiros, contratados ou _Reva loriz a çã o: de acordo com entre-
não por batedores artesanais de açaí, com vistas com funcionários e batedores arte-

55
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

sanais vinculados à AVABEL, atualmente, o cita e certifica os pequenos processadores


único reaproveitamento dado aos RPPA é de polpa ou batedores artesanais (selo de
feito por Olarias que o utilizam como fonte qualidade “Açaí Bom”), de acordo com a
de geração de energia térmica, a partir legislação sanitária;
da sua queima e uso do calor gerado na
produção de telhas e tijolos cerâmicos, no _Re g u la çã o: elo composto por repre-
município de São Miguel do Guamá-PA. sentantes tanto do Governo do Estado
Ademais, pelas respostas levantadas nas do Pará como de Prefeituras dos municí-
entrevistas, é possível afirmar que uma pios, que tem por função fornecer suporte
outra parcela dos RPPA gerados são descar- regulatório, propondo e executando
tados como lixo comum (RSU). Também a leis voltadas à produção e destinação
partir das entrevistas, é possível destacar adequada de RPPA, por exemplo, apoiando
que AVABEL possui um projeto para reuti- o desenvolvimento e ações da AVABEL ou
lizar os RPPA na geração de energia térmica outras instituições voltadas a sustenta-
(calor), a partir da sua revalorização e bilidade e a melhoria da qualidade e do
transformação em carvão vegetal; desempenho dos processos nos canais
diretos e reversos da cadeia do açaí. Além
_ Di s pos i ç ão: a partir dos dados levan- disso, a partir de ações da vigilância sani-
tados, foram identificados, como possíveis tária, o governo oferece acompanhamento
pontos de disposição final: Lixões ou Aterros para que processadores sejam capazes de
(controlados ou sanitários), quando estes produzir e ofertar produtos de qualidade
são coletados pelas empresas municipais aos consumidores finais. No Pará, este
de limpeza pública, e Depósitos informais, elo ainda atua indiretamente no CR da
quando são transportados por carroceiros, produção de polpa do açaí, pois vem ofere-
com grandes chances de serem deposi- cendo apenas suporte ao cumprimento
tados em rios, córregos, canais ou outros regulatório (divulgação sobre PNRS), sem
locais impróprios; prestar suporte operacional (capacitação
às ações de Educação ambiental e LR) ao
_ I ntegração e qu alif icaçã o: cumprimento legal.
AVABEL, organização vinculada aos inte-
resses dos manipuladores de açaí locali- Com base na Figura 6, as atuais formas de
zados no município de Belém e RMB que destinação dos RPPA no Pará constituem o
busca o aumento da qualidade na produção seu encaminhamento a locais inadequados
de polpa do fruto, por meio da pres- para disposição e sem tratamento, por meio
tação de serviços, atuando como um elo de carroceiros, acabando muitas vezes em
promotor da integração entre o Governo e rios, córregos ou outros locais impróprios à
os processadores. Como exemplo de ação disposição final e, muitas vezes, pelo serviço
integradora é possível citar o Programa de limpeza pública, parar em lixões (locais
Estadual de Qualidade do Açaí que capa- impróprios) ou aterros controlados/sanitá-

56
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

rios (locais inadequados) ou ainda, a partir de entrevistas de representantes de médios e


transportadores, autônomos ou não, para grandes processadores de polpa de açaí,
olarias, para reaproveitá-lo como biomassa importantes stakeholders dessa cadeia,
(geração de energia térmica) em fornos não contemplados nesta pesquisa.
voltados à fabricação de telhas e tijolos cerâ-
micos, esta última a única alternativa de Com base ainda nas entrevistas não estru-
destinação adequada, mas ainda informal, turadas aplicadas, foi possível identificar
de revalorização (reaproveitamento) desse as atuais redes de LR desenvolvidas para
resíduo, identificada nesta pesquisa. os principais fluxos de RPPA, gerados em
Castanhal (FTL) e Belém (LTL), respectiva-
mente; identificar e caracterizar os atuais
5. CONSIDERAÇÕES elos (Geração, Transporte, Revalorização,
FINAIS Disposição, Integração e qualificação,

Verificou-se que os objetivos do trabalho Regulação) que compõem os CR asso-

foram alcançados, pois foi possível ciados aos RPPA no Pará, identificando os

observar, por meio de entrevistas não principais municípios produtores de polpa

estruturadas, que o nível de conhecimento (geradores de RPPA) no estado, os pontos

acerca de tópicos gerais da PNRS por parte de geração desses resíduos, tanto em

dos stakeholders dos canais reversos (CR) Belém-PA quanto em Castanhal-PA, as prin-

associados aos resíduos da produção de cipais alternativas de transporte empre-

polpa do açaí (RPPA) no Pará, considerados gadas, as atuais formas de destinação e

na amostra, ainda é baixo, uma vez que, disposição final utilizadas, e as atuais insti-

apesar de muitos batedores artesanais tuições envolvidas em atividades tanto de

saberem de suas existências e devidas integração e qualificação de elos quanto

importâncias, poucos dominam tais de regulação de atividades associadas à

conceito e/ou os aplicam, fazendo com que destinação e disposição ambientalmente

muitas vezes os RPPA sejam descartados adequadas para os RPPA.

de forma legalmente irregular. Ainda sob


esta questão, tópicos como Coleta Sele- Por fim, sugeriu-se a realização de novas

tiva, Acordo Setorial e Educação Ambiental pesquisas voltadas à caracterização dos

são totalmente desconhecidos por muitos atuais processos de LR envolvidos no

batedores artesanais, ressaltando a neces- suporte às atividades desenvolvidas nos

sidade de ampliar o conhecimento relacio- CR dos RPPA, em especial na definição

nado à PNRS, por parte dos stakeholders. de possíveis alternativas e caracterização

Ressalta-se que, no sentido de garantir das etapas associadas, necessárias à

maior aderência com a realidade da cadeia revalorização e, consequente, reaprovei-

do açaí, seria importante considerar em tamento desses resíduos como insumos;

tal avaliação uma abordagem quantita- o desenvolvimento de estudos que faci-

tiva, além de informações provenientes de litem a avaliação e a estruturação mais

57
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

adequada dos CR já existentes, bem como [ 5] . CARRERA, M. A. A logística empre-


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estruturação e implantação de novos CR tiva: um estudo de caso sobre a logís-
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61
O USO DA
ROTEIRIZAÇÃO
NA BUSCA PELA
EFICIÊNCIA LOGÍSTICA
NA DISTRIBUIÇÃO
DE COMBUSTÍVEIS
LÍQUIDOS

Carlos Aurélio Valeretto


Rafaella Loschi Grant Pavan

RESUMO
A logística vem sendo utilizada como instrumento que possibilita o desenvolvimento de
diferenciais competitivos, pois visa identificar as oportunidades de melhoria dos processos,
bem como a redução dos custos das atividades que compõem a cadeia de valor e a maxi-
mização dos resultados. A Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management –
SCM) tem se expandido como um novo modelo gerencial no ambiente empresarial. Tendo
em vista toda essa ascensão da SCM as empresas identificaram que as atividades logísticas
tinham potencial gerador de vantagens em relação à concorrência. O objetivo principal
deste trabalho visa identificar se a implantação da roteirização por uma empresa transpor-
tadora atuante na distribuição de combustíveis líquidos possibilitará o aumento da efici-
ência operacional e redução de custos.Este estudo demonstra as dificuldades encontradas
por uma empresa transportadora atuante na região metropolitana de Campinas, quanto
ao escoamento dos combustíveis líquidos por volume demandado e distância percorrida.
Com a implantação do sistema de roteirização espera-se identificar oportunidades de
melhoria para a distribuição, adequando a frota à necessidade de escoamento.

Palavras-chave

Distribuição de Combustíveis; Roteirização; Eficiência logística.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1 INTRODUÇÃO vantagem em relação aos seus concor-


rentes, em termos de preferência dos
A globalização trouxe o acirramento clientes, e ser considerado um diferen-
da concorrência e a necessidade das cial competitivo importante em mercados
empresas estabelecerem novas estraté- cada vez mais abrangentes.
gias para garantir sua sobrevivência em
um mercado cada vez mais competitivo. Dentro da cadeia de suprimentos temos a
distribuição de combustíveis que está divi-
Isso tem exigido das empresas decisões dida em três grandes ramificações: as refina-
mais rápidas e precisas em relação aos rias, as distribuidoras e os transportadores.
negócios. Neste novo cenário o foco é Para manter essa cadeia em harmonia o
tornar as empresas mais dinâmicas e gerenciamento logístico é fundamental.
menos complexas em relação a processos
administrativos e operacionais. O gerenciamento logístico deve ser reali-
zado de modo a fornecer informações que
Desta forma a logística ganha destaque, possibilitem o controle da frota, quanto
pois desempenha papel fundamental para ao seu deslocamento, desde a coleta dos
a sobrevivência das organizações, uma produtos na base de distribuição até o
vez que tem como objetivo promover as abastecimento no consumidor final.
premissas de disponibilizar o produto
certo, no lugar certo, no tempo solicitado, Por isso é fundamental o gerenciamento
com o menor custo possível por meio da dos pedidos de vendas por região, por meio
eliminação de atividades que não agregam de agrupamento das entregas. Essa ativi-
valor. Entretanto, para que essas premissas dade se torna uma facilitadora no plane-
sejam atendidas existe a necessidade de jamento de rotas e, consequentemente,
um gerenciamento eficaz dos processos ajuda na redução do tempo de entrega.
operacionais da empresa.
A roteirização é caracterizada, segundo Ballou
De acordo com Camargo Jr. (2010) este (2009), como o processo onde serão defi-
conceito de gerenciar processos é marcado nidos os roteiros e itinerários, determinando
pela necessidade da inclusão de organiza- o melhor caminho, reduzindo as distâncias e
ções externas à cadeia de suprimentos e o tempo despendido nas rotas e, consequen-
a necessidade de gerenciamento do fluxo temente, os custos dessa operação.
de materiais e informações advindos da
operação conjunta, com foco em uma maior Nesta mesma linha de raciocínio Camargo Jr.
agilidade e um menor tempo de resposta (2010) afirma que a roteirização não pode ser
aos desafios internos das empresas. pensada somente nos seus aspectos geográ-
ficos e de custos, mas também no sentido
A gestão da cadeia de suprimentos (GCS) temporal, ou seja, devem ser consideradas
pode se transformar em uma significativa

63
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

restrições de horários de atendimento nos mercado cada vez mais competitivo, onde
pontos a serem visitados. Entretanto se os recursos disponíveis podem ser adqui-
buscarmos o sentido mais amplo, Cunha ridos em curto espaço de tempo. Sendo
(2000) mostra que a roteirização é a otimi- assim, uma melhor utilização dos meios
zação da programação operacional da frota. de transporte, baseada em rotas de menor
custo e tempo, aparece como solução
Desta forma, este trabalho analisou a para as empresas atenderem melhor as
aplicação prática de roteirização em uma necessidades e expectativas dos clientes e
empresa de distribuição de combustíveis consumidores finais. Isso evidencia
líquidos. Visando atender aos requisitos a necessidade de estudos relacionados
do cliente, (distribuidora de combustíveis) à roteirização, em vários setores econô-
quanto a volume transportado e entregas micos, e na distribuição de combustíveis
no prazo. este fato é ainda mais relevante.

Na literatura pesquisada, segundo Cittadin


1.1 PROBLEMA
et al. (2010), geralmente é apresentado o

A distribuição de combustíveis visa uma conceito de roteirização mais ampla e não

estratégia de atendimento a clientes com específica para entrega de cargas perigosas

consumo variados e situados em várias (como é a dos combustíveis). A indústria de

localidades. O sistema de roteirização combustíveis representa atualmente um

permite a análise destas variáveis possi- importante setor da economia brasileira

bilitando a empresa transportadora de e trabalha, cada vez mais, sobre critérios

combustíveis líquidos, minimizar tempo de competitivos globais.

entrega e deslocamento para atender aos


clientes de maneira mais eficiente.
1.4 METODOLOGIA

Com o objetivo de propor um diagnós-


1.2 OBJETIVOS DA
tico organizacional e plano de ação, este
PESQUISA
trabalho baseando-se em Leme (2013),

Diante da dificuldade operacional ao aten- busca identificar e investigar o problema

dimento do cliente, este trabalho tem de roteirização e distribuição, para atender

o objetivo de fornecer alternativas de a todos os clientes da empresa. Desde os

melhoria na operação de distribuição. que demandam baixo volume a até os


maiores consumidores em volume.

1.3 JUSTIFICATIVA Segundo Oliveira (2006), para a execução


de um diagnóstico é necessário seguir
A logística apresenta o seu grande diferen-
quatro passos básicos: formular o
cial na racionalização de suas operações e
problema, juntar informações sobre o
redução de custos dos processos em um

64
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

possível problema, analisar a informação São destaque deste capítulo, aspectos


e fazer o diagnóstico organizacional, que fundamentais indispensáveis para a
permite tomar decisões sobre os resul- compreensão deste estudo, incluindo a
tados alcançados. apresentação dos conceitos e benefícios
do Gerenciamento da Cadeia de Supri-
Quanto maior o número de dados cole- mento, as características da cadeia logís-
tados, maior será o número de informa- tica da distribuição de combustíveis no
ções obtidas e maiores as chances de varejo e os conceitos de roteirização.
alcançar um diagnóstico mais profundo e
mais completo.
2.1.1 CONCEITUAÇÃO
O estudo foi efetuado em uma empresa O conceito de Gerenciamento da Cadeia
de distribuição de combustíveis, localizada de Suprimento (Supply Chain Manage-
no município de Paulínia no Estado de São ment) – SCM surgiu como uma evolução
Paulo. Por questão de confidencialidade o do conceito de Logística, mas tem sido
nome da empresa será mantido em sigilo. interpretado de várias maneiras diferentes
pelas empresas e acadêmicos.
A metodologia utilizada foi de teor quan-
titativo, através de pesquisa documental A gestão da cadeia de suprimentos é
comprobatória e observação. A pesquisa composta por uma rede que engloba o
documental foi obtida a partir de fontes fornecedor, manufatura, distribuição e seus
secundárias, isto é, registros próprios da clientes, a qual gerencia estrategicamente os
empresa: planilha de roteirização atual, fluxos de bens, serviços, finanças e informa-
fluxos de entrega e distribuição. ções entre seus elos, bem como as relações
entre as empresas, objetivando alcançar e
Este artigo caracteriza-se como um estudo
apoiar os objetivos organizacionais.
de caso, com o intuito de diagnosticar os
problemas descritos nos objetivos, por Para Nogueira Neto e Sacomano (2010, p.4)
meio de interpretação de revisão da lite- a gestão da cadeia de suprimentos é a coor-
ratura, apresentação e análise, para iden- denação da produção, estoques, localização
tificação de alternativas de otimização e e transporte entre participantes de uma
melhoria na roteirização da distribuição de cadeia de suprimento, de forma a atingir o
combustíveis líquidos. melhor mix de responsividade e eficiência
para o mercado que está sendo servido.

2 REFERENCIAL
Esses parceiros constituem um conjunto
TEÓRICO
de métodos que são utilizados para
uma melhor integração dessa rede, que
2.1 GESTÃO DA CADEIA DE
compõem o transporte, estoques, custos,
SUPRIMENTOS
65
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

otimização de tempo, fluxo de informa- modalidade no transporte de petróleo e seus


ções e sistemas de gerenciamento através derivados desde os anos 1950.
da integração dos processos de negócios,
desde o consumidor final até o forne- O transporte de combustível via modal
cedor primário, sendo a logística parte rodoviário é o mais utilizado devido à sua
dos processos da cadeia que liga clientes e abrangência, podendo chegar aos locais
fornecedores (LAMBERT, 2006, p.13). mais remotos.

Segundo Araújo e Gomes (2005), o caráter


2.2 CANAIS DE altamente competitivo e a importância do
DISTRIBUIÇÃO DO mercado de combustíveis pode prognos-
PETRÓLEO ticar a futura diversificação gradativa das

Segundo Cotta (2010) os canais de distri- operações das distribuidoras, aprovei-

buição estruturam a rede de comércio através tando, inclusive, os canais de distribuição

da qual fluem os produtos manufaturados e já montados para a comercialização de

caracterizam-se pelo conjunto de entidades outros produtos e serviços. É o caso, por

que compõem um caminho de acesso dos exemplo, das lojas de conveniência locali-

bens ou serviços aos consumidores. zadas nos postos de combustíveis.

Com maior rigor, Kotler (2003) define canal


2.2.1 AS BASES DE
de distribuição como o conjunto de orga-
DISTRIBUIÇÃO
nizações interdependentes envolvidas no
processo de oferecimento de um produto As bases de distribuição de combustíveis
ou serviço para uso ou consumo de um são equivalentes a um centro de distri-
cliente final ou usuário empresarial. buição de bens de consumo (CD) e podem
receber combustíveis e óleos vegetais,
Intermediários são utilizados em grande sempre visando minimizar os custos.
parte, devido à maior eficiência provida,
quando o serviço de distribuição é execu- Para Ribas (2008) cada base é adequada
tado. Em função da rede de contatos, da conforme sua demanda e tem como obje-
especialização e da escala operacional tivo específico diminuir a distância entre
obtida os intermediários promovem ganhos a produção e os centros consumidores.
para a indústria, quando comparados com As bases estão equipadas com área de
a realização das tarefas diretamente. contenção, caixas separadoras, bacias de
contenção e sistema contra incêndio. A
A distribuição é feita das bases para os postos fiscalização e vistoria são feitas por vários
e consumidores finais pelo modal rodoviário. órgãos ambientais, Corpo de Bombeiros,
Schoenherr (2010) relata que o transporte Associação Brasileira de Normas Técnicas
rodoviário é peça fundamental para a inter- (ABNT) e ANP.

66
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

As bases secundárias recebem os combus- O mercado de combustíveis é dinâmico


tíveis das bases primárias (refinarias) e exigente, o que obriga as companhias
através de transferência, que pode ser distribuidoras a realizar constantes melho-
feita pelos modais rodoviário, hidroviário, rias e ajustes na gestão logística. A ANP
ferroviário ou dutoviário. declara que no ano de 2015 a comerciali-
zação de combustíveis no país totalizou a
Segundo Maligo (2005), as bases secundá- quantidade de 648 bilhões de litros.
rias têm como finalidade estocar e distri-
buir os combustíveis para as distribuidoras A Figura 1 apresenta um modelo da cadeia
e transportadoras. A partir desse momento, de distribuição de combustíveis, desde o
com estoque em seus tanques ou carre- seu refino, passando pela base de distri-
gados em Caminhões Tanques (CT), os quais buição de onde segue por meio de trans-
tem capacidade entre 15m³ e 62m³ (15 a 62 portadores para os postos de abasteci-
mil litros), poderá vender e entregar para mento e consumidores finais.
pessoas jurídicas que tenham interesse em
comprar pequenos ou grandes volumes
fracionados ou a granel.

Figura 1 - Cadeia de suprimentos de combustível

Fonte: IBP (2016) – Adaptado pelo autor

Segundo informações disponibilizadas pelo a região do país. Esta regulamentação é


IBP (2016), atualmente a distribuição está efetuada pela Agência Nacional do Petróleo
caracterizada pela instalação e operação (ANP), que é uma autarquia integrante da
de depósitos bases de distribuição prin- administração pública federal vinculada ao
cipal, com o objetivo de garantir o produto Ministério de Minas e Energia.
ao consumidor.
A ANP tem por finalidade promover a regu-
No atacado, as vendas são efetuadas para lação, contratação e fiscalização das ativi-
grandes revendedores como postos de dades econômicas integrantes da indústria
serviço e a grandes consumidores como, do petróleo, de acordo com o estabelecido
por exemplo, indústrias, frotas de trans- na Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997,
porte, linhas de navegação e ferrovias, a regulamentada pelo Decreto n º 2.455, de
preços liberados ou tabelados, conforme 14 de janeiro de 1998. Dentre suas compe-

67
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

tências se destacam as atividades rela- dos sistemas que são executados por eles
tivas às políticas de preço dos derivados e (AGNDAL e NILSSON, 2008).
tudo que diz respeito à normatização das
características dos derivados colocados Corroborando para o entendimento da
no mercado, e ressalta que um sistema logística recorremos aos autores Bowersox
de distribuição eficiente é necessário para e Closs (2010), que afirmam que a logística
que se consiga atender as demandas. integra informações e materiais, desde
a matéria-prima até o produto acabado,
na busca de agregar valor ao produto e
2.3 LOGÍSTICA gerar satisfação dos clientes. Além disso,

A logística é o desejo de compra e entrega a logística integra a produção e o marke-

efetiva dos produtos e/ou serviços e, junta- ting, sendo seu objetivo fornecer produtos

mente com a qualidade e o custo, tende a e serviços no lugar onde são necessários,

levar qualquer empresa a ter um diferen- no tempo em que são desejados, com o

cial competitivo perante os clientes. menor custo possível.

Uma logística bem estruturada oferece uma


2.3.1 CONCEITUAÇÃO série de vantagens para as empresas. Inega-
velmente, essa é uma ferramenta impor-
Iniciando pela compreensão do que vem a
tante para as estratégias da empresa, pois
ser logística, Pires (2010, p.14) afirma que
reflete nos resultados de custos, permite
ela é “o trabalho requerido para remover
aumentar a quantidade de vendas e oferece
e posicionar estoque na extensão de uma
diferentes níveis de serviços aos clientes.
cadeia de suprimentos”.

Segundo Novaes (2007), é possível concei-


Percebida como um processo, ela agrega
tuar logística adotando a definição do
valor pelo correto posicionamento dos esto-
Council of Supply Chain Management,
ques no espaço e no tempo (CAI et al., 2009).
que define a logística como o processo
É, também, uma combinação de gestão de
de planejar, implementar e controlar de
pedidos, estoques, transporte, armazena-
maneira eficiente o fluxo e a armazenagem
mento, manuseio de materiais e embala-
de produtos, bem como os serviços e infor-
gens dispostos em uma rede de utilidades.
mações associados, cobrindo desde o
Embora o propósito da logística perma-
ponto de origem até o ponto de consumo,
neça essencialmente o mesmo ao longo de
como o objetivo de atender aos requisitos
décadas, a forma como é executada tem
do consumidor.
mudado radicalmente (PIRES, 2009).

Para Bowersox e Closs (2010), em termos


Em uma perspectiva genérica, grande parte
de projeto e gerenciamento de sistemas
dos créditos por estas mudanças pode ser
logísticos, cada empresa deve atingir,
associada ao emprego de computadores e

68
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

simultaneamente, pelo menos seis obje- 2.3.2 LOGÍSTICA E


tivos diferentes: TRANSPORTE DE
COMBUSTÍVEIS
A. Res posta R ápida: Atendimento
Para Leal Jr. (2006) o transporte de combus-
breve e cumprimento de prazos pré-esta-
tíveis feito pelas rodovias apresenta
belecidos;
grandes riscos de ocorrência de acidentes
e contaminações ao meio ambiente.
B. Va ri ân c ia Mín ima: Cultura do
Também nessa perspectiva Lieggio Jr.
produto/serviço padronizado ou sem
(2008) pontua que, mesmo com a rigorosa
variações;
legislação existente para o transporte dos
produtos perigosos e as leis que visam
C. Esto que Mín imo: Uso de estoques proteção do meio ambiente, os acidentes
apenas em situações de emergência; ainda continuam ocorrendo.

D. Co ns olidação da Movime n - A ocorrência de acidentes envolvendo


taçã o: Aperfeiçoar os processo e torna- produtos perigosos revela a necessidade
-los sólidos e competitivos; do envolvimento das empresas e dos
órgãos públicos para o seu enfrentamento.
E. Qua l idade: Preocupação se o Leal Jr. (2006) destaca o comprometimento
produto/serviço atende os parâmetros das empresas no transporte de cargas peri-
exigidos e encomendados pelo cliente; gosas, pois 60% dessa frota possui menos
de cinco anos.

F. Apoi o ao Cic lo de Vida: Estender


Lieggio Jr.(2008) e Transpetro (2010)
o ciclo de vida do produto/serviço.
salientam que o transporte da produção de
produtos petroquímicos das refinarias de
A vantagem competitiva que a logística
petróleo é feito, principalmente, pelo modal
adiciona a este contexto resulta da melhora
rodoviário. Com esse cenário os acidentes
do desempenho das transações relacionadas
e desastres ambientais em rodovias estão
às atividades de transporte, operações,
no topo das estatísticas, e o estado de São
estoque, informações e atividades especiais,
Paulo é o que apresenta o maior índice de
como a logística reversa (SARI, 2008).
sinistros ambientais no país com 53,7% das
ocorrências (CETESB, 2009).
Pires (2009) afirma que na logística algumas
atividades são consideradas primárias
Afirma Leal Jr. (2006) que vários fatores,
porque, ou elas contribuem com a maior
como as péssimas condições das estradas,
parcela do custo total ou elas são essen-
fatores climáticos, roubos de cargas e a falta
ciais para a coordenação e o cumprimento
de conhecimento sobre os riscos que as
da tarefa Logística.
cargas perigosas representam, tanto para

69
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

os motoristas como para os demais veículos maior a complexidade logística dos


que trafegam nas estradas, contribuem clientes, maior a necessidade de aplicações
para aumentar o número de acidentes. da tecnologia da Informação. (BOWERSOX;
CLOSS, 2010).
Outro motivo destacado é a falta de
conhecimento, por parte dos usuários das Atualmente uma ferramenta que ganha
estradas, sobre as placas de identificação destaque nas empresas transportadoras
que servem para diferenciar os produtos que buscam aumento de eficiência opera-
transportados pelos caminhões e orientar cional e redução de custos é a roteirização.
quanto ao grau de risco.
Visualizando estas oportunidades de
negócio, a transportadora de combustíveis
2.4 ROTEIRIZAÇÃO líquidos adota estratégias com o proposito

A roteirização de veículos consiste em de reduzir custos e assegurar a eficiência

definir rotas para os veículos que mini- no processo de distribuição.

mizem o custo e tempo total de atendi-


mento, cada uma iniciando e terminando No mundo competitivo a qualidade da

no depósito ou na base dos veículos, asse- prestação de serviços é cada vez mais

gurando que cada ponto seja visitado e elevada e, dentro do contexto de trans-

que a rota não exceda a capacidade do porte, representa um grande desafio de

veículo que a atende. eficiência. Por sua natureza de distribuição


espacial, que gera dificuldades de planeja-
mento e controle, a área tem sido relegada
2.4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO a um segundo plano.

O sistema de gestão é uma definição ampla


Roteirização de veículos, cujo termo equi-
em um centro articulador de decisões de
valente em inglês é routing, segundo
diferente amplitude (estratégia, mercados,
Cunha (2000) é utilizado para mencionar o
estrutura, organização do trabalho e tecno-
processo de determinação de um ou mais
logia) e contempla desde a visão de futuro
roteiros ou sequências de paradas a serem
da empresa e seu planejamento estraté-
cumpridos por veículos de uma frota
gico até decisões de caráter operacional.
tendo como objetivo visitar um conjunto
de pontos geograficamente dispersos, em
O uso de novas tecnologias de análise e
locais pré-determinados, que necessitam
gerenciamento de informações se mostra
de atendimento.
uma opção viável do ponto de vista estra-
tégico e econômico da empresa. N a
A roteirização, para Ballou (2009), pode
perspectiva do mercado atendido trata-se
ser definida como o processo logístico que
de analisar o papel da (TI) no atendimento
tem por fim buscar a melhoria nos trajetos
das necessidades dos clientes. Quanto

70
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

que um veículo deve percorrer, geralmente 3 A REGIÃO


com o objetivo de minimizar o tempo ou METROPOLITANA DE
à distância, um dos mais eficientes meios CAMPINAS – RMC
para reduzir os custos e proporcionar
melhorias na prestação dos serviços de De acordo com a Fundação Sistema Esta-
forma a reduzir o tempo de transporte e dual de Análise de Dados – SEADE (2016), a
cumprir as metas previstas no processo. Região Metropolitana de Campinas – RMC
foi criada pela lei complementar estadual,
Dentro de uma visão mais restrita, Novaes número 870 datada de 19 de junho de
(2007) conceitua a roteirização como o 2000. A RMC é constituída por 20 municí-
processo de definição de roteiros, ou itine- pios paulistas. Sendo eles: Artur Nogueira,
rários, onde a determinação do melhor Engenheiro Coelho, Santo Antonio de
caminho é matematicamente exata, obje- Posse, Holambra, Jaguariúna, Pedreira, Vali-
tivando a minimização das distâncias nhos, Vinhedo, Itatiba, Morungaba, Paulínia,
percorridas, do tempo despendido e do Cosmópolis, Campinas, Indaiatuba, Ameri-
custo das operações, onde a metodologia cana, Nova Odessa, Sumaré, Hortolândia,
consiste na avaliação de roteamento e na Monte Mor e Santa Bárbara d’ Oeste.
análise da frota. E enfatiza que a roteiri-
zação de veículos é uma ferramenta de A região é uma das mais dinâmicas no
apoio para a decisão na solução da distri- cenário econômico brasileiro e repre-
buição de carga, de uma ou mais bases de senta 1,8% do PIB (produto interno bruto)
apoio, para um conjunto de clientes. nacional e 7,81% do PIB paulista, concen-
trando 105,3 bilhões de reais, para uma
Ela tem como principal característica população de 3.132.000 habitantes, repre-
gerenciar essas operações eficientemente, sentando uma renda per capita superior a
com o propósito de reduzir os custos das R$ 33.620,00. Sendo superior à média esta-
operações, minimizar o tempo despen- dual e nacional, fato que contribui para
dido entre os pontos e assim assegurar as que o Índice de Desenvolvimento Humano
coletas e entregas. na região ser o melhor entre as regiões
metropolitanas do Brasil.
De acordo com o IBP (2016), um fator que
compromete a distribuição de combustíveis Ainda de acordo com o SEADE (2016), a região
líquidos quanto ao prazo de entrega são os metropolitana de Campinas vem consoli-
congestionamentos, comum em grandes dando em uma importante posição econô-
centros urbanos. Como observa-se na mica nos níveis estadual e nacional. Pois
região Metropolitana de Campinas – RMC. comporta um parque industrial abrangente,
diversificado e composto por segmentos de
natureza complementar. Possui uma estru-
tura agrícola e agroindustrial bastante signi-

71
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

ficativa e desempenha atividades terciárias enxofre) foi o marco deste processo, vindo
de expressiva especialização. de encontro com a perspectiva ambiental
adotada pela empresa (PETROBRAS, 2016).
Destaca-se ainda pela presença de centros
inovadores no campo das pesquisas cientí- Ainda de acordo com a Petrobras (2016), a
fica e tecnológica, bem como do Aeroporto Replan escoa sua produção para diversos
de Viracopos – o segundo maior terminal pontos do País, abastecendo as regiões
aéreo de cargas do País, localizado no muni- Centro-Oeste, nos Estados de Mato Grosso,
cípio de Campinas. A RMC concentra o Polo Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito
Têxtil nacional, sendo responsável por 85% Federal. Na região Norte, atendendo os
da produção de tecidos no país, e conta Estados de Rondônia, Acre e Tocantins. E
com a REPLAN, maior refinaria da Petrobras na Região Sudeste onde concentra 55% de
em produção de combustíveis líquidos. seu mercado atendendo todo o Estado de
São Paulo e o triângulo Mineiro. Destaca-se
A  Refinaria de Paulínia  (REPLAN) é loca- o abastecimento de toda a Região Metro-
lizada na cidade de Paulínia/SP, em uma politana de Campinas e demais cidades
localização estratégica rodeada por rodo- próximas à Refinaria, o sistema de distri-
vias com boa ou excelente pavimentação o buição por meio de caminhões tanque.
que facilita o escoamento da produção por
modal rodoviário.
3.1 CONSUMO DE
A Replan tem capacidade de processa-
COMBUSTÍVEIS NA RMC
mento de 66 mil m³/dia de petróleo, o Dados da Secretária de Energia do Estado
equivalente a 415 mil barris. Sua produção de São Paulo (2016) relatam que o consumo
corresponde a 20% de todo o refino de de combustíveis na região metropolitana
petróleo no Brasil, processando 80% de de Campinas compreende 8% de todo o
petróleo nacional. A refinaria produz volume nacional. Este montante repre-
diversos produtos, como aguarrás, asfalto, sentou no ano de 2015, um volume comer-
coque, querosene e principalmente cializado nos munícipios da região supe-
combustíveis fósseis (gasolina e diesel). rior a 52 bilhões de litros.

Devido ao crescimento contínuo do Para atender esse volume o processo de


mercado nacional de combustíveis distribuição, se inicia com a coleta dos
líquidos nos anos de 2000 a 2013, houve combustíveis líquidos no pool de distri-
neste período forte investimento em buição localizada na Replan na cidade de
novas tecnologias, o que possibilitou Paulínia/SP, e termina com a entrega dos
aumento da produção, e a introdução de combustíveis líquidos nos postos da rede
novos produtos menos poluentes. O diesel de abastecimento situados na RMC.
S10 (com 10 PPM - partes por milhão - de

72
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Segundo a ANP, em junho de 2016, do total A unidade localizada em Paulinia/SP é


de 944 postos de combustíveis instalados entre todas as unidades do grupo a que
na RMC, a distribuidora “Y” atende com apresenta maior faturamento, e volume
exclusivade193 estabelecimentos. Ou seja, transportado, e por essa razão esta filial,
20,44% do total de postos da região, o que será utilizado no presente estudo de caso.
corresponde ao volume de 14,22 bilhões
de litros de combustíveis somente no ano A empresa transportadora utiliza-se de
de 2015. uma frota que desde o final de Dezembro
de 2013, se mantém inalterada, (embora
Ainda segundo a ANP, devido à crise econô- observa-se a substituição de veículos),
mica e politica que o país atravessa nos sendo composta de 102 equipamentos,
últimos anos (2014, 2015 e 2016), nota-se sendo eles:
uma retração no mercado de combustíveis
na região de 5,03%. Para atender a demanda _ 21 Caminhões-tanque: (Com capaci-
de escoamento a distribuidora “Y”, mantêm dade de 15 a 22 mil litros).
contrato com quatro empresas transporta-
doras. E dentre estas, a transportadora “X” _ 57 Bitrem: (Com capacidade de 38 a 44
objeto da presente pesquisa. mil litros).

4 ESTUDO DE _ 24 Super Bitrem: (Com capacidade de

CASO: EMPRESA 62 mil litros).

TRANSPORTADORA
DE COMBUSTÍVEIS Com o intuito de aumentar sua partici-
LÍQUIDOS pação no transporte de combustíveis
líquidos, a transportadora “X”, investiu no
É oportuno ressaltar que as informações ano de 2013, em um sistema de roteiri-
aqui disponibilizadas, foram fornecidas zação integrando as cidades da RMC aten-
por um dos diretores da empresa, que didas por seu principal cliente (distribui-
solicitou que seu nome assim como o dora “Y”). A cidade de Artur Nogueira, não
nome da empresa e seu cliente, fosse possui postos revendedores atendidos
mantido em sigilo. pela distribuidora “Y”.

A transportadora “X” pertence a um grupo Assim, a empresa transportadora “X” definiu


empresarial atuante no transporte e distri- um rotograma subdividindo as dezenove
buição de combustíveis líquidos, que é cidades restantes que compõem a região
composto por unidades, espalhadas pelas metropolitana de campinas em quatro
regiões Sudeste, e na Região Centro-Oeste áreas de atendimento, denominadas de
do país. A1, A2, A3 e A4. Sendo estas compostas
respectivamente pelas cidades:

73
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

_ A1: Engenheiro Coelho, Santo Antonio de Assim sendo para verificar se a adoção
Posse, Holambra, Jaguariúna e Pedreira. da roteirização por esta transportadora
resultou em melhorias serão avaliados
_ A2: Valinhos, Vinhedo, Itatiba e Morun- os indicadores de volume médio mensal
gaba. transportado, após a implantação da
roteirização. O período compreendido de
análise será restrito aos meses de Janeiro
_ A3: Paulínia, Cosmópolis, Campinas e
de 2014 à Junho de 2016.
Indaiatuba.

Levantamento realizado no banco de


_ A4: Americana, Nova Odessa, Sumaré,
dados da empresa indica uma evolução na
Hortolândia, Monte Mor e Santa Bárbara d’
distância percorrida pela frota da empresa,
Oeste.
sendo observado que a distância mensal
média percorrida no ano de 2014 foi de
Por se tratar de uma operação de prestação 548.841 km, em 2015 foi de 565.602 km e
de serviço, os rendimentos da transporta- nos seis primeiros meses de 2016 foi de
dora são proporcionais à quantidade de 590.274 km. Representando uma evolução
entregas realizadas e a distância total percor- de 7,54%. Como pode ser observado na
rida no período por volume transportado. figura 2.

Figura 2 - Distância média mensal percorrida pela frota em milhares de Quilômetros

Fonte: Empresa Transportadora “X” – Adaptado pelo autor

Outro fato que pode ser observado em Fato este que foi reduzido em mais de 90%,
análise documental no banco de dados da após a implantação da roteirização.
empresa que em períodos anteriores ao
ano de 2014, que em um mesmo dia a trans- A seguir temos a representação dos custos
portadora realiza mais de uma visita ao de uma viagem de Paulínia a Itatiba que
mesmo cliente o que elevava seus custos. a distância de deslocamento no percurso

74
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

de ida e volta é de 124 km. O veículo utili- O volume de escoamento registrou


zado é modelo bitrem com capacidade de aumento significativo no volume médio
45.000 litros. Figura 3. mensal transportado em metros cúbicos.
No ano de 2014 o volume médio mensal
Figura 3 - Custos de viagem Paulínia X Itatiba transportado foi de 290.23, em 2015 foi
com equipamento: Bitrem 42.000 litros de 299.71, e nos seis primeiros meses de
2016 foi de 312.27. Representando um
aumento de 7,6% na efetividade do uso do
equipamento. Como pode ser observado
na figura 4.

Fonte: Empresa Transportadora “X” –


Adaptado pelo autor

Figura 4 - Média de volume mensal transportado em mil m3

Fonte: Empresa Transportadora “X” – Adaptado pelo autor

Nos anos de 2014, 2015, 2016 e no primeiro 5. CONSIDERAÇÕES


semestre de 2017, dentre as quatros trans- FINAIS
portadoras que prestam serviço à distri-
buidora “Y”, a transportadora “X”, foi que Este trabalho evidenciou que a roteirização,
apresentou maior evolução no período. é uma ferramenta eficaz, proporcionando a
Comprovando que o benefício da implan- melhoria na eficiência operacional, de uma
tação da roteirização é evidente. transportadora de combustíveis líquidos.
Observa-se que a adoção da roteirização

75
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

nas entregas possibilitou a empresa rial: transporte, administração de mate-


transportadora expandir seus negócios e riais e distribuição física. São Paulo: Atlas,
aumentar a sua participação junto à distri- 2009.
buidora “Y”.
[ 5] . ________. Gerenciamento da cadeia
A distância percorrida e o volume transpor- de suprimentos/ logística empresarial .
tado apresentam ganhos de 7,54% e 7,6% 5 ed (reimpressão). São Paulo: Bookman,
respectivamente. O resultado ainda é mais 2010.
expressivo se considerarmos que neste
período, o país atravessa uma crise politica [ 6 ] . BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logís-
e econômica, e que a retração no mercado tica empresarial, o processo de inte-
de combustíveis nos anos de 2015 e 2016 gração da cadeia de suprimentos. São
na RMC, superam 5%. Paulo: Atlas, 2010.

A implantação da roteirização possibilitou [ 7] . CAI, J., LIU X., XIAO Z., LIU J. Improving
a adequação das atividades de modo a supply chain performance management: a
reduzir custos sem comprometer o atendi- systematic approach to analyzing iterative
mento ao cliente. E auxiliou na economia da KPI accomplishment. Decision Support
empresa, evitando viagens desnecessárias. Systems, 2009, v. 46, p.512-521.

[ 8] . CAMARGO JR., João B. de. Sistema-


6. REFERÊNCIAS tização de projetos de implementação

[1 ]. AGNDAL, Henrik; NILSSON, Ulf . de outsourcing de processos logísticos.

Supply chain decision-making supported Dissertação (Mestrado). Programa de

by an open books policy. Int. J. Produc- Pós-graduação em Administração de

tion Economics, Elsevier, v.116, p.154-167, Empresas, Universidade Metodista de Pira-

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78
PROCESSO OPERACIONAL
DE COLETAS E
ENTREGAS DE CARGAS
FRACIONADAS EM
UMA EMPRESA DE
TRANSPORTES
LOCALIZADA NA CIDADE
DE CRICIÚMA-SC.

Maiara Prudêncio Costa


Michele Domingos Schneider
Julio César Zilli
Adriana Carvalho Pinto Vieira
Patricia de Sá Freire

RESUMO
O ramo do transporte tem sido assolado, nesse período de crise em que o país se encontra.
No transporte de cargas rodoviárias, que é o ramo da empresa em estudo, houve muitos casos
de demissões, principalmente o desligamento de trabalhadores autônomos. Por esse motivo
o transporte de cargas apresentou declínio nos últimos anos, no Brasil. Esse estudo tem como
principal objetivo descrever o processo operacional de coletas e entregas de uma empresa de
transporte de cargas fracionadas localizada em Criciúma SC. A empresa possui uma própria
identidade e conta com 21 colaboradores e 14 filiais espalhadas pelo Brasil. A metodologia
utilizada para obtenção dos resultados, fez uso de análise documental, pesquisa descritiva,
bibliográfica e estudo de caso, com observação participante. Utilizou-se de dados primários e
secundários. A pesquisa é essencialmente qualitativa. Após análise dos dados obtidos, foram
identificadas algumas restrições no processo operacional envolvendo os processos de recebi-
mento, armazenagem, expedição e organização dos arquivos. As restrições encontradas foram
à falta de colaboradores para desenvolver as atividades, espaço para a armazenagem inade-
quado para a realização das operações e movimentação da empresa e a ineficiência na organi-
zação dos arquivos e documentos da empresa. Por meio desse estudo foram sinalizados esses
problemas e apresentados sugestões de melhorias, para um melhor desenvolvimento de todo
esse processo operacional implantado da empresa.

Palavras-chave

Organização, Armazenagem, Processos logísticos.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO cargas fechadas e TLL (less than truck


load) que são conhecidas como cargas
Logística é a parte do processo da cadeia fracionadas. Quando se trata de carga
de suprimentos que projeta, programa e fracionada, existe toda uma operação até
controla o eficiente fluxo de estocagem de chegar ao consumidor final, que se inicia
bens, serviços e informações, que estão com a coleta do material, passando pelos
ligadas desde o ponto de origem até o processos de descarga, transferência do
ponto de consumo, procurando sempre material até a cidade destino. Posterior-
seguir com o solicitado pelos consumi- mente, tem-se a triagem do material e pôr
dores (CAVANHA FILHO, 2001). fim a distribuição local com a entrega da
mercadoria ao cliente final (NOVAES, 2007).
Para Novaes (2007), a logística assume
um papel muito importante no processo Diante desse contexto a pesquisa apre-
de disseminação da informação. Se bem senta o processo operacional em uma
estruturada e equacionada pode ajudar a empresa do ramo de transporte, locali-
organização, quando mal formulada pode zada em Criciúma- SC, com objetivo de
prejudicar todos os esforços investidos. A descrever o processo operacional da coleta
logística significa para as organizações, o e entrega de uma empresa de transportes
setor que concede condições práticas para de cargas fracionadas localizada na cidade
a realização das metas definidas. de Criciúma-SC.

No que se refere ao setor de transporte O estudo realizado é importante para


no Brasil, uma das limitações obser- a empresa, pois irá contribuir para o
vadas é a sua estrutura organizacional. seu desenvolvimento provendo a orga-
De acordo com a CNT (Confederação nização com melhorias na parte logís-
Nacional do Transporte) somente o trans- tica, de forma que a empresa forneça
porte terrestre perdeu 20,8 mil trabalha- melhores serviços aos clientes e se torne
dores nos dois primeiros meses de 2015, mais conhecida no mercado.
resultado direto do enfraquecimento da
atividade econômica. A demanda pelos Com essa pesquisa a empresa terá condições
serviços do segmento caiu 9,6% nesse de perceber as oportunidades e dificuldades
período. No acumulado de 12 meses, a em sua logística interna, e logo elaborar
diminuição chega a 10,4%. Em 2015, foram estratégias para melhorar todo o processo
53,4 mil demissões (CNT, 2015). operacional dentro da organização.

As formas mais utilizadas nos transportes


foram definidas pelas siglas FTL (full 2. ADMINISTRAÇÃO DE
truck load) que são chamadas de lotação DEPÓSITOS
completa, ou melhor, entendida como
Rodrigues (2003) apresenta em seu artigo

80
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

que a definição de CD (Centro de Distri- 2.1 RECEPÇÃO


buição) é uma configuração regional, que
armazena todas as cargas recebidas até Moura (2012) menciona que o processa-
a expedição da mesma. Neste centro de mento de recepção envolve o controle
distribuição há vários materiais, de vários e programação de entregas, estocagem
fornecedores. A definição de CD é um especial, avaliação e proteção do mate-
conceito moderno na qual substituiu o rial, se o mesmo está em perfeito estado
termo de galpão ou almoxarifados, estes e a localização do estoque existente, evitar
termos não são mais usados dentro do demoras, planejar a localização para faci-
sistema logístico. litar a descarga.

Cada organização possui uma definição A avaliação e proteção do material contra


diferenciada sobre canais de distribuição. avarias é fundamental e deve ser obser-
Porém todas as empresas precisam vada na recepção de todas as mercadorias,
compreender que alguns fatores são o primeiro item a que precisa ser obser-
essenciais na organização desses canais. vado são as embalagens. (MOURA,2012).
A rápida disponibilidade das mercadorias,
garantir um nível de serviço qualificado Para Campos (2009) e Martins (2009) o

com informações rápidas (NOVAES, 2007). setor de recebimento de uma empresa


deve ser envolvido por alguns elementos
A distribuição é a última fase dentro de na qual são primordiais para o andamento
todo o processo logístico existente de uma positivo do setor. O espaço físico, que
organização. É nesta etapa que o produto envolve a parte relacionado ao espaço. A
se encontra pronto para ser entregue ao disponibilidade do espaço precisa existir
cliente final. A distribuição representa para para melhor movimentação. Recursos de
as organizações um impacto significativo em informática, que são ferramentas de que
relação os custos. Esta etapa é ligada dire- envolve toda a comunicação que a orga-
tamente ao prazo de entrega e o controle, nização precisa apresentar. Equipamento
bem como a velocidade de todo esse de carga e descarga para melhorar o anda-
processo (CAMPOS, 2009; MARTINS,2009). mento das atividades dentro do depósito,
diminuindo os atrasos. Pessoas na qual
O que antecede esta etapa serão explanadas são qualificadas que exerçam mais de uma
na sequência, pois também são operações função dentro da empresa. Procedimentos
que estão envolvidas em todo o processo na qual possibilita os colaboradores uma
operacional da empresa, tais como: recepção, certa autonomia em alguma decisão
armazenagem, estoque e expedição. quando necessário.

81
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

2.2 ARMAZENAGEM movimentação dos materiais nas organi-


zações. Esses equipamentos são usados
A armazenagem é a designação que inclui para facilitar todo o processo de armaze-
todas as atividades de um local em um nagem. Os equipamentos mais usados são
determinado tempo até o material ser os paletes, caçambas que servem como reci-
distribuído. É uma atividade que também pientes de coletas, paleteiras elétrica que são
se diz respeito à estocagem e a distribuição usadas para calcular corretamente os pesos
dos produtos acabados, onde ficam arma- dos volumes, empilhadeiras que servem
zenados dentro das fábricas ou armazém, para movimentar os produtos nas alturas.
para na sequência seguir com o procedi-
mento de entrega (MOURA 2012).
2.3 EXPEDIÇÃO
A finalidade da armazenagem é guardar as
A expedição é a última fase dentro de
matérias primas e os produtos acabados
um clico operacional, é nessa parte que
e funciona como um ciclo produtivo e
os produtos são direcionados e embar-
distributivo. Suas funções não se limitam
cados aos consumidores ou a fábrica que
ao simples recebimento a conservação e
usará o material. Todo esse procedimento
logo a expedição do material, elas também
relacionado a expedição precisa ser bem
incluí tarefas do tipo administrativo e
eficiente, pois se for desenvolvido de forma
contábil. Os objetivos da armazenagem
incorreta gera ineficiência, tendo em vista
são de maximizar o espaço, equipamentos
a consequência o aumento dos custos.
e pessoas. Ela consiste em receber, estocá-
Para desenvolver a atividade de expe-
-las e logo retirá-las para expedir ao cliente
dição é necessário um planejamento que
(MOURA, 2012).
envolva a quantidade certo do material
a ser expedido, peso e volume, distância
Martins (2009) menciona que a armaze-
a ser percorrida, e o mais importante, a
nagem apresenta em sua forma a orga-
data que a entrega precisa ser finalizada
nização dos espaços, com objetivo de
(MOURA,2012).
facilitar os acessos de entrada e saída de
equipamentos e a movimentação de carga
Moura (2012) afirma que dentro de um
para o transporte. E possibilita uma melhor
processo de expedição o planejamento de
organização nas operações logísticas. Este
todo esse processo precisa estar presente,
método de organização é voltado para uma
tendo em vista que o mais importante
melhor condição de trabalho, com vistas a
desse processo é a entrega ao cliente ou ao
acelerar o ritmo das atividades, além disso,
consumidor final. Para isso é importante
diminui os riscos de acidentes e desgastes
definirmos um roteiro na qual proporcio-
dos equipamentos (AURÉLIO, 1993).
nará agilidade no procedimento final.

Russo (2013) destaca a importância da


Barreto, Juliana (2005) comenta que o setor
seleção de equipamentos usados para a

82
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

da logistica considera a realização de qual- desse processo. Esse processo antecede


quer atividade envolvida dentro de um o transporte, portanto a responsabilidade
processo operacional sem nenhum erro ou no transporte dos produtos acabados
divergência. O cuidado com a mercadoria também é de extrema importância.
desde a origem até o a expedição para
o cliente final devem ser realizadas sem
2.4 DIAGRAMA DE CAUSA E
nenhum erro, isso para garantir a satisfação
EFEITO
do cliente. Ao expedir o material ao cliente,
é necessário atenção, pois quaisquer danos Essa técnica do Diagrama de Causa – Efeito
causado a empresa terá prejuízo. foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa no
Japão em 1950. Uma ferramenta seme-
Pereira (2013) afirma que a expedição lhante a de uma espinha de peixe como
dentro de uma organização é um dos mostra na figura 1 que presenta um fluxo
últimos processos no âmbito operacional. logístico. Com essa ferramenta é possível
É nesse setor que os problemas são identificar restrições nos processos
melhores identificados, bem como a faci- (ISHIKAWA, 1993).
lidade de apontar os pontos fracos dentro

Figura 1 - Espinha de Peixe

A relação entre as causas e efeitos deve O Diagrama de Causa e Efeito tem o envol-
existir, por meio desses é possível iden- vimento de 6 Ms. Os mesmos são chamado
tificar fatores negativos dentro de uma de medição, materiais, mão-de-obra,
organização, bem como estabelecer máquinas, métodos e meio ambiente
métodos para mudanças. Quando uma (ISHIKAWA. 1993):
empresa é apta dessa ferramenta espinha
de peixe as mudanças ficam claras dentro a ) Medição é o caminho na qual se avalia
da organização. Essa ferramenta é conhe- o processo, dentro do diagrama de causa
cida mundialmente pelos relacionamentos e efeito ele tem como principal função a
diretos que se tem em uma empresa medição dos materiais identificando os
(FERROLI, LIBRELOTTO E FERROLI, 2010). processos inadequados.

83
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

b) Materiais são quaisquer materiais fica, documental e estudo de caso. Foram


que fazem parte do processo, dentro da envolvimentos esses procedimentos no
espinha de peixe o mesmo serve para presente trabalho, pois são meios de
especificar os mesmos, identificando os pesquisa mais rápida e econômica, os
materiais inadequados para o uso. resultados da pesquisa são imediatos. É
documental, pois os dados serão coletados
c) Mão-de-obra é o envolvimento de material a partir de documentos arquivados que
humano no desenvolvimento dos processos, a empresa possui, estudando a empresa
o mesmo serve para identificar se há treina- conhecendo a situação problema e anali-
mento entre os colaboradores, se há domínio sando os objetivos a serem implantados
nas atividades fiscalizando e monitorando a na empresa.
atenção desses colaboradores.
A pesquisa utilizou como objeto de estudo
d) Máquinas são equipamentos que uma empresa do ramo de transportes de
precisam fazer parte do processo. O carga fracionada, a mesma está localizada
mesmo tem como principal função dentro na cidade de Criciúma-SC. A organização
da espinha de peixe identificar quais são conta 21 colaboradores incluindo a parte
inadequados, com mal funcionamento administrativa e operacional da empresa.
para o processo. Sua frota é composta por três veículos
próprios e um terceirizado. A empresa está
e) Métodos são etapas dentro de um inserida no mercado a cinco anos, em Março
processo tanto de fabricação de um de 2011 foi inaugurado a filial em Criciúma.
produto quanto na prestação de um
serviço, dentro da espinha de peixe o A fim de atender aos objetivos da pesquisa
método existe para especificar as opera- para este estudo de caso utilizou o público
ções incorretas. alvo do setor da expedição e recebi-
mento de mercadoria, juntamente com os
f ) Meio ambiente é a caracterização do gestores da empresa.
local onde se realiza o processo. Dentro da
espinha de peixe ela tem como principal
tarefa identificar se o ambiente está limpo,
4. APRESENTAÇÃO E
organizado, com uma ventilação boa ou
ANÁLISE DOS DADOS
seja, identificar se o mesmo está propicio
para o desenvolvimento do processo. 4.1 DESCRIÇÃO DO
PROCESSO INTERNO DA
3. PROCEDIMENTOS EMPRESA
METODOLÓGICOS
A empresa em estudo conta com 21 cola-
boradores, o processo atual da empresa
A pesquisa realizada é descritiva, bibliográ-
com relação ao processo interno funciona

84
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

por meio dos turnos que foram progra- pallets que tem como principais volumes
mados, esses turnos foram divididos em a serem transportados, pois o ramo maior
diurno e noturno. São dois colaboradores da empresa é o químico e o metalúrgico.
que exercem a função operacional noturna
e que trabalham na carga e descarga Outro equipamento de movimentação e
dos veículos recebidos de outras filiais. armazenagem, que a empresa possui são
Durante e após os descarregamentos e as gaiolas. As gaiolas são utilizadas para
carregamentos, os dois colaboradores proteger os produtos frágeis. A gaiola
operacional desse turno organizam todo possui 2,4 m² para armazenar os materiais
o depósito, de acordo com o possível, que precisa de maiores cuidados. Dessa
pois o local de descarga não apresenta forma a empresa evita que ocorra danos
uma disponibilidade e espaço condizente e avarias com o material recebido ou cole-
com as mercadorias recebidas e o tempo tado, que a partir desse momento está
é curto e impede um melhor acondiciona- sobre responsabilidade da transportadora.
mento desses volumes.

4.1.2 DOCUMENTOS
4.1.1 EQUIPAMENTOS DE DE RECEBIMENTO E
MOVIMENTAÇÃO EXPEDIÇÃO

A equipe que desenvolve a atividade de Faz parte de todo o processo interno da


movimentação conta com equipamentos empresa, a organização de todos os docu-
para poder movimentar os volumes, mentos recebidos e expedidos. Os mesmos
os mesmos passam manutenção com são chamados de romaneios de entregas e
frequência, pois são muitos utilizados manifestos de cargas.
pela empresa. A empresa possui duas
paleteiras, um carrinho para a carga e O romaneio de entregas que são relações
descarga de tambores químicos, uma pale- expedidas diariamente, o mesmo permite
teira balança, cinco gaiolas para a armaze- que fiquem armazenados em sistema e
nagem de materiais frágeis. quando necessário em arquivos impressos.
Esses romaneios são divididos por rotas e
Os equipamentos usados para realizar veículos, e cada rota possui um motorista
toda a operação de carga e descarga da e um ajudante. Portanto é de fácil identi-
empresa são duas paleteiras normais ficação, quando solicitado pelos clientes à
que suportam até 1.500 Kg, além dessa informação de sua entrega, pois através da
uma paleteira balança que é usada para cidade de entrega podemos localizar com
a conferência dos pesos das mercadorias facilidade e no mesmo momento passar a
coletadas e recebidas e também o carrinho informação ao cliente, sempre atualizada.
de carga e descarga de tambores químicos,
os tambores com produtos químicos e Estes romaneios são de extrema impor-

85
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

tância, pois por meio dele é possível com determinada quantidade de mate-
controlar todo o retorno que cada veículo rial, assim que descarregado, o veículo é
concede a empresa, bem como sua produ- carregado novamente com o material que
tividade. Por meio destes romaneios a a empresa em estudo coletou, ou seja, a
empresa controla todas as entregas que expedição da mesma.
estão em rotas, sobre responsabilidade da
empresa em estudo e de cada motorista Durante a descarga do material acon-
para serem finalizadas durante o expe- tece toda a organização desses materiais
diente que se iniciam as 07h30min até as na parte interna da empresa, o deposito.
18h00min, com intervalo das 11h30min O local onde as cargas são armazenadas
até as 13h00min. possui aproximadamente 350 m². O depo-
sito não possuem divisórias ou lugares
Os manifestos de carga servem para exatos para colocarem as mercadorias,
controlar todos os volumes expedidos na medida em que são liberadas e confe-
pela empresa em estudo. Esse documento ridas pelos colaboradores da empresa são
armazena todas as notas fiscais coletadas. acomodadas no lugar onde se torna mais
O mesmo permite que esse controle seja fácil o manuseio para o próximo processo
realizado por filais separadas, ou seja, por que é o carregamento para a entrega final.
meio desse manifesto, os profissionais da
empresa conseguem identificar de forma Após a descarga, conferência e armaze-
fácil e com praticidade os destinos de cada nagem do material recebido, acontece
uma, bem como as informações de quem todo o processo de carregamento dos
está levando, horário de saída e horário de volumes coletados.
chegada a filial destino.
A conferência destes volumes recebidos e
coletados acontece por meio de etiquetas
4.2 DESCRIÇÃO DO que são coladas por cada volume, estas
PROCESSO DE RECEPÇÃO etiquetas funcionam como códigos de
E EXPEDIÇÃO barras, a empresa possui um aparelho

O recebimento desses materiais acontece chamado de coletor, que permite coletar

no período noturno. A empresa conta qualquer informação do volume

com dois colaboradores para exercerem


Após as carretas serem descarregadas,
a função de toda a carga e descarga que
carregadas e todo o material conferido e
acontece nesse período noturno. O rece-
separado acontece todo processo de docu-
bimento é programado, existindo horários
mentação e liberação das mesmas. Este
iniciais e finais para a carga e a descarga
procedimento de conferência é realizado
acontecer, não podendo ultrapassar a
diariamente pela empresa.
liberação do veículo para seguir a outras
unidades. Cada unidade libera um veículo

86
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Com esse procedimento de conferência, seguem para os destinos no mesmo dia


o número de mercadorias extraviadas, ou em que coletado. Ou seja, esses volumes
perdidas passa a. permanecem no deposito por oito horas
apenas. No momento em que as coletas
são realizadas, todo aquele processo de
4.3 ARMAZENAGENS DOS
etiquetagem acontece. Os volumes já
PRODUTOS RECEBIDOS E
chegam ao depósito pronto, já identificado.
EXPEDIDOS

O procedimento de armazenagem dos Assim que os veículos chegam à base já

volumes recebidos acontece após todo o são descarregados e todos esses volumes

material ser conferido e separado. permanecem no centro do depósito. Não


possui ordem de armazenagem, aqueles

Na medida em quem os volumes são descar- que foram descarregados primeiro é que

regados e conferidos, pela manhã antes são acomodados primeiro.

de ser relacionado para a entrega o setor


operacional diurno separa as notas por Após o processo de descarga desses

rotas e coloca-as na sequência da entrega. volumes coletados, as notas seguem ao


setor de faturamento. Esse setor é respon-

O setor operacional diurno já faz todo o sável pela emissão do conhecimento de

procedimento de carregamento pracista transporte, assim que emitido todos os

para a entrega no cliente final. O material documentos, os mesmo são separados

é organizado em fila, sendo que os últimos por cidade e estados e fica disponível ao

volumes serão os primeiros a serem entre- operacional noturno para fazer todo o

gues. Esse carregamento acontece de processo operacional de carregamento

acordo com a rota que o motorista deve e conferência dos volumes antes de

fazer, sempre levando em consideração as carregar, procedimentos esses já mencio-

solicitações dos clientes. nados acima.

Portanto a empresa não dispõe de ferra-


4.4 RESTRIÇÕES NO
mentas e frota para concluir todas as
PROCESSO OPERACIONAL
entregas, todos os dias. As mercadorias
que não forem relacionadas para a entrega Ishikawa (1993) afirma que todo o processo
ficam armazenadas em um canto do depo- operacional deve ser controlado correta-
sito, não tem um lugar fixo, apenas ficam mente para que sejam transformados em
onde não há muito trânsito de pessoas e resultados bons e com efeito positivo para
que não dificulte o acesso dos funcionários. a empresa.

A armazenagem dos volumes coletados No quadro abaixo serão apresentadas


trata-se de algo mais simples, pois estes as restrições no processo operacional da

87
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

empresa em estudo. Estas restrições estão dos volumes recebidos e coletados e distri-
presentes no processo de armazenagem buição até a entrega no cliente final.

Quadro 1- Restrições no processo operacional

Setor Restrições Encontradas Classificação Desperdício Observado

Local de armazenagem para


Recebimento os volumes recebidos sem Meio Ambiente Tempo e mão-de-obra.
identificação.

Espaço de armazenagem pe-


Recebimento queno para a quantidade de Meio Ambiente Tempo e mão-de-obra.
volumes recebidos.

Espaço para a descarga, doca,


Recebimento inferior ao tamanho do veícu- Meio Ambiente Equipamentos e mão-de-obra.
lo.

Volumes de várias regiões mis-


Recebimento Medida Tempo e mão-de-obra.
turados

Local de armazenagem dos


Expedição volumes coletados sem identi- Meio Ambiente Tempo e mão-de-obra.
ficação

Espaço insuficiente para o con-


Expedição dicionamento das mercadorias Meio Ambiente Tempo e mão- de- obra.
coletadas.

Volumes de várias filiais e esta-


Expedição Medida Tempo e mão-de-obra
dos misturados.

Recebimen- Dois colaboradores apenas


to/ Expedi- para exercerem toda a função Mão-de-obra Tempo e desgaste humano.
ção operacional.

Pouco equipamento para exe-


Distribuição Método Tempo e entregas finalizadas.
cutar o carregamento.

Espaço físico pequeno para a


Distribuição movimentação de colaborados Meio Ambiente Tempo
com os materiais.

Falta de treinamento para os


Distribuição colaboradores em relação ao Mão-de-obra Tempo
manuseio das mercadorias

Fonte: Dados da Pesquisa (2017).

88
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

No quadro apresentado acima mostra 11 Primeiro ponto positivo da empresa em


problemas na qual foram identificados na estudo, os equipamentos que a mesma
empresa. Esses problemas são voltados possui são de qualidade e os mesmos estão
ao setor operacional envolvendo as princi- em manutenção sempre que necessário,
pais funções da empresa em estudo que é ou seja, estão sempre em bom estado para
o recebimento, expedição e a distribuição o uso e execução das atividades, porém
para a entrega final no cliente. a quantidade é inferior à necessidade da
empresa. Russo (2013) comenta que esses
É possível observar além das descrições equipamentos servem para aperfeiçoar
dos setores e o problema identificado, e facilitar todo o andamento do processo
também o desperdício ocasionado dentro da empresa.
por esses problemas. Todo o processo
operacional de recepção, armazenagem, A operação da empresa é o envolvimento
expedição e documentos de movimentação do recebimento e a expedição de merca-
de mercadorias são realizados somente dorias dentro de uma programação
por dois colaboradores. Esse processo formulada e organizada pelos superiores
funciona, porém precisa ser executado da empresa. Toda essa programação
com mais agilidade. Portanto todo o acontece e funciona dentro dessa progra-
processo interno é prejudicado devido à mação. Todo o procedimento de confe-
demora na execução dessas atividades rência é diferenciado, a empresa possui
e a falta de espaço para a armazenagem ferramentas e materiais disponíveis
desses volumes. O autor Moura (2012) que diminui o número de mercadorias
comenta que todo o processo de recepção perdidas. Esse é o segundo ponto positivo
e armazenagem precisa ter o envolvimento para a empresa, pois a organização que
de equipamentos, uma equipe de pessoas visa diminuir ou excluir qualquer custo
e espaço na qual proporcionará um serviço adicional mantem-se no mercado.
mais eficiente. Porém a empresa não é
apta disso na qual dificulta toda a operação Além de uma elevada organização na progra-
interna da empresa. mação, o sistema apto pela empresa é de
extrema relevância. O sistema abrange infor-
Voltado também ao processo operacional mações na qual proporcionam aos clientes
interno da empresa, pode- se citar sobre esclarecimentos atualizados sobre suas
o sistema de organização dos documentos mercadorias. O autor Ballou (2006) comenta
que não existe na empresa. A falta de que é importante existir na empresa essas
organização neste quesito desfavorece a informações e as mesmas serem passadas
empresa e os superiores da mesma, pois aos clientes, garantindo o reconhecimento
a dificuldade para localizar algum docu- dos clientes para com a empresa.
mento se torna evidente e desnecessário
quando isso acontece.

89
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

CONSIDERAÇÕES processo da empresa em estudo. Portanto

FINAIS problemas foram detectados durante a


pesquisa que podem alterar o grau de satis-
O setor de transporte rodoviário vem sendo fação nos serviços prestados da empresa
afetado durante esses últimos anos. Nos para com os clientes. Sendo assim, foi
anos de 2015 e 2016 houve uma redução viável a descrição desses problemas. O
muito grande de agregados e autônomos mesmo inicia-se pelo processo de recebi-
nesse setor. Espera-se que nesse ano de mento, armazenagem e expedição, bem
2017 o crescimento se retome e esse setor como a organização dos documentos. A
passe a apresentar crescimento. falta de mão-de-obra e a falta de espaço
torna-se o andamento das atividades de
A empresa em estudo apresenta oportuni- forma mais lenta, muitas vezes ocasio-
dades de crescimento, e por ser localizada nando atraso nas entregas para os clientes.
em uma região mais afastada dentro da
cidade de Criciúma, oferece oportunidades Os problemas citados são encontrados em
de empregos para as pessoas que residem muitas organizações, de forma que faz-se
próximo dela. A empresa é bem conso- necessário ajustes de imediato para não
lidada e no ciclo de vida está em maturi- alavancar os prejuízos e problemas. Para
dade neste segmento. A mesma possui uma empresa que busca a satisfação dos
inúmeras filiais que estão espalhadas clientes, precisa ir a busca de métodos e
pela Brasil oferecendo oportunidades de ferramentas para facilitar todo o anda-
empregos diretos. mento do processo operacional.

Por meio de estudos realizados foi possível Desta forma, após a identificação desses
identificar no processo operacional da problemas, propostas de melhorias foram
empresa algumas falhas que podem apresentadas para todo o processo opera-
ser otimizadas e aperfeiçoadas na qual cional, tais como: Melhor organização
poderão trazer melhores resultados para no depósito onde ficam armazenados os
a empresa. materiais, bem como o espaço com iden-
tificações e divisões que facilitam o anda-
Foi possível analisar todo o processo opera- mento do processo. Além disso, melhorar
cional desde a chegada da mercadoria até a organização relacionada aos documentos
o cliente final. Por meio da descrição de de transportes da empresa, aquisição de
todo esse processo identificaram-se falhas novos equipamentos e mão-de-obra.
em cada processo executado, bem como
os pontos positivos que são desenvolvidos A descrição do processo operacional bem
nesse processo. como o detalhamento desse processo foi
realizado pela pesquisadora. Apresentar
A busca incessante pelo bom atendimento como funciona o atual processo de arma-
e satisfação dos clientes faz parte de todo o

90
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

zenagem dos volumes recebidos e cole- Paulo: Saraiva, 2009.


tados e descrever o conceito de todas
ferramentas utilizadas pela pesquisadora [ 3] . CAVANHA Armando Oscar. Logís-
fez com que a mesma chegasse a um tica: novos modelos. Rio de Janeiro: Quali-
ponto onde tornou-se fácil a visibilidade tymark, 2001.
dos problemas, bem como apresentar
sugestões de melhorias que podem ser [ 4] . CNT- Confederação Nacional Do
implantadas na organização em estudo, Transporte, 2016. Disponível Em: http://
www.cnt.org.br/imprensa/noticia/mais-
Os resultados obtidos por meio da pesquisa -de-25-mil-postos-de-trabalho-sao-fecha-
foram satisfatórios para o estudo ter um dos-no-setor-de-transporte-em-2016-cnt
início e um término muito proveitoso. (Acesso em: 02 de setembro 2016).
Porém dificuldades foram encontradas
durante o desenvolvimento do trabalho, [ 5] . DIAS, Marco Aurélio P. Adminis-
bem como identificar esses problemas já tração de materiais: uma abordagem
que os gestores que há tanto tempo admi- logística. São Paulo: Atlas, 1993.
nistram o negócio não identificaram. Esses
[ 6 ] .FERROLI, Paulo Cesar Machado;
dados coletados por meio de observação
LIBRELOTTO, Lisiane Ilha; FERROLI, Régis
durante todo o processo fez com que a
Heitor Discussão Conceitual dos possí-
pesquisadora pudesse identificar esses
veis desdobramentos dos processos de
problema em muitos casos de fácil identi-
fabricação de produtos. Disponível em:
ficação. Porém a parte mais difícil encon-
<http://www.abepro.org.br/biblioteca/
trada e que limitou a pesquisadora foi no
ENEGEP2002_TR52_0059.pdf>. Acesso em:
ato de apresentar sugestões e mostrar o
25 Maio.2017.
problema que a empresa estava passando
e que se de imediato não tomassem ação o
[ 7] . ISHIKAWA, Kaoru. Controle de
problema se agravaria ainda mais.
Qualidade Total: à maneira japonesa. Rio
de Janeiro: Campos, 1993.
REFERÊNCIAS BIBLIO-
GRÁFICAS [ 8] . MARTINS, Garcia Petrônio. Adminis-
tração de Materiais e Recursos Patri-
[1 ]. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento moniais- 3 Ed, São Paulo: Saraiva,2009.
da cadeia de suprimentos: Logística
empresarial.5. ed. Porto Alegre: Bookman, [ 9 ] . MOURA, Reinaldo Aparecido.
2006. Sistemas e técnicas e armazenagem de
materiais. São Paulo: Ed IMAM, 2012.
[2]. CAMPOS, Garcia Petrônio; CAMPOS,
Renato Paulo: Administração de Mate- [ 1 0 ] . NOVAES, Antônio Galvão; Logística
riais e Recursos Patrimoniais 3.ed.São E Gerenciamento Da Cadeia De Distri-

91
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

buição. Rio De Janeiro: Elsevier, 2007

[1 1 ]. RODRIGUES, Gisela Gonzaga; Pizzo-


lato, Nélio Domingues. Centros De Distri-
buição: Armazenagem Estratégica. XXIII
Encontro Nac. De Eng. De Produção, V. 23,
2003. Disponivel:http://www.abepro.org.
br/biblioteca/enegep2003_tr0112_0473.
pdf Acesso Em 18 De Outubro,2016.

[1 2]. RUSSO, Pires Clovis. Armaze-


nagem, Controle e Distribuição.1 Ed.São
Paulo: Intersaberes, 2013.

92
PROPOSTA DE ESTUDO
DO LAYOUT PARA UMA
INDÚSTRIA DE PEÇAS
AUTOMOTIVAS

Ana Carla Fernandes Gasques


Caroline M. Peres
Marcelo T. Figueiredo
Marcos V. Boscariol
Tamires Soares Ferreira

RESUMO
A estratégia logística das indústrias é fundamental para que esta se mantenha estável
no mercado frente aos avanços tecnológicos e a alta competitividade observada. Nesse
contexto, um dos pontos principais é a capacidade que a organização tem para responder
com mais rapidez às necessidades dos seus clientes, a qual pode ser obtida a partir da
correta organização de seu layout. Assim, diante do exposto, o presente artigo baseia-se
em um estudo de caso para readequação de layout interno de uma indústria de peças
automotivas. A metodologia é classificada em pesquisa exploratória, revisão bibliográfica
e estudo de caso a partir da coleta de dados e observação do layout. Foi possível cons-
tatar que a logística interna é muito importante pois é responsável por toda a cadeia de
valor e por isso precisa ser cuidadosamente trabalhada dentro das empresas, visto que tem
impacto no resultado total das organizações por se tratar dos processos de movimentação,
armazenagem, layout da empresa buscando a otimização dos processos e sistema de infor-
mações. Esse gerenciamento da logística possibilita o atendimento ao cliente com custos
reduzidos. Com um estudo feito com o auxílio do software AutoCad, confeccionou-se uma
nova planta baixa da indústria, viabilizando uma melhor logística interna para a empresa.

Palavras-chave

Logística interna, Readequação de Layout, Indústria de peças de automóveis.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO layout é desenvolvida, tem-se economias


em diversos aspectos, seja devido à distri-
O contexto atual da logística vem passando buição dos equipamentos de trabalho, dos
por grandes transformações. Até há pouco postos de armazenamento ou do recurso
tempo, era considerada como um suporte humano envolvido (HUDSON; HADDAD,
operacional, com suas funções de trans- 2014).
portar, armazenar e disponibilizar bens
para os processos de transformação e Diante do exposto, o objetivo do trabalho

consumo. Tendo como o principal objetivo consiste em propor a readequação do

prover ao cliente os níveis de satisfação por layout de uma indústria de peças auto-

ele requeridos, com a entrega do produto motivas de reposição para caminhões a

certo, no lugar certo, no tempo certo, nas fim de melhorar o trânsito de materiais e

condições certas ao menor custo possível também aproveitar o espaço disponível

(BALLOU, 2010). do local. Dentre as áreas da Engenharia de


Produção, esta pesquisa tem por agrupa-
A logística interna vem como um processo mento na grande área Logística e subárea
– chave por contribuir significativamente Logística Empresarial.
com os resultados operacionais da
empresa (SILVA, 2012) sendo prioritário O artigo está organizado da seguinte forma:

para o alinhamento com as estratégias na próxima seção encontra-se um breve

alcançando a competitividade desejada. referencial teórico sobre logística, logística


interna e layout. Na seção 3 encontra-se
Nesse contexto, ao analisar a logística a metodologia adotada, enquanto que
interna sob a perspectiva da implantação na seção 4 encontram-se os resultados
do layout correto pode auxiliar a organi- obtidos com a aplicação da metodologia
zação a ter economia em diversos aspectos proposta. Por fim, as considerações finais
dentro da cadeia produtiva. Mantovani e as referências utilizadas.
et al. (2016) afirma que otimizar o layout
de um armazém pode gerar diferen-
2. REFERENCIAL
ciais competitivos e fazer disso um modo
TEÓRICO
de se ter vantagens de mercado. Essa
correta estrutura aumenta a eficiência das
entregas dos materiais tanto para clientes
2.1 LOGÍSTICA
internos e externos. As constantes oscilações na economia
provocadas por efeitos da globalização
Além disso, analisar o layout nas organi-
ocasionam um aumento na competitivi-
zações vem ganhando destaque e apre-
dade entre as empresas. Com esse efeito
senta importância similar à estratégia de
as empresas tendem a se aprimorar a fim
vendas utilizada. Isto deve-se ao fato de
de se manter no mercado (ARAUJO, 2016).
que quando a implantação adequada de

94
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Nessa conjuntura a logística vem se seguintes condições: na qualidade espe-


mostrando uma alternativa para as rada pelo cliente; com a forma desejada
empresas manter-se competitivas e ativas. pelo cliente; no custo adequado; com o
Essa área se mostra uma poderosa ferra- preço esperado pelo cliente; no local espe-
menta de gestão, visto que possibilita rado pelo cliente; com prazo correto.
agilidade nos processos, gerenciamento,
Neste contexto, Ballou (2004) descreve que
armazenamento, movimentação e entrega
as atividades logísticas consideradas primá-
de produtos acabados e semiacabados, e
rias, direcionadas para os objetivos logísticos
também na redução de custos de processos
são: Transportes: movimenta os produtos
e entregas. Assim quando bem aplicada e
por meio dos modais aeroviários, aqua-
monitorada, a logística se torna uma ferra-
viário, dutoviário, ferroviário, rodoviário e
menta muito útil para alcançar vantagem
serviço intermodal; Manutenção de esto-
competitiva aumentando a capacidade
ques: responsável por dois terços dos custos
operacional (ARAUJO, 2016).
logísticos; Processamento de pedidos: um
Conforme Ballou (2004) o sistema da elemento crítico do tempo necessário para
logística é formado por um conjunto de levar bens e serviços aos clientes.
macro atividades que podem ser desmem-
Dentre vários objetivos da empresa “o
bradas em micro atividades, tratando-se
profissional de logística empresarial busca
da: logística interna; logística reversa;
sua própria meta funcional que move a
suprimento físico; e distribuição física. A
empresa em direção a seu objetivo maior.
logística é um método de planejar, imple-
Especificamente, deseja desenvolver um
mentar e controlar de forma eficiente o
conjunto de atividades logísticas que resul-
fluxo e armazenagem de produtos e mate-
tará no maior retorno possível sobre o
riais, seguido dos serviços e informações,
investimento ao longo do tempo. Há duas
também o objetivo fundamental da logís-
dimensões dessa meta: (1) o impacto do
tica é atender corretamente o consumidor
projeto do sistema logístico na contri-
final (MOURA, 2016).
buição para a receita e (2) o custo do
Conforme Mantovani et al. (2016), existem projeto do sistema logístico. De forma
fatores que evidenciam a estratégia logís- ideal o profissional de logística deveria
tica das indústrias e a capacidade que saber perfeitamente o quanto de receita
a organização tem para responder com adicional deveria ser gerada através de
mais rapidez do que seus concorrentes em melhorias incrementais na qualidade dos
relação às necessidades dos seus clientes serviços prestados ao cliente. Entretanto,
é uma delas. Moura (2016) diz que logística essa receita geralmente não é conhecida
pode ser as necessidades da empresa e de com muita exatidão” (BALLOU, 2004)
seus clientes com relação a sua lucrativi-
Para se realizar um planejamento eficaz,
dade e rentabilidade, considerando que os
é de grande utilidade que se tenha uma
produtos e materiais sejam entregues nas

95
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

visão dos objetivos da empresa, ter conhe- da melhor alocação dos produtos, usando
cimentos e convicções para mostrar como os espaços disponíveis da melhor forma
a empresa pode busca-los, e ter ferra- otimizada possível, facilitando a localização
mentas que auxiliem a escolher caminhos e acesso dos mesmos, reduzindo dessa
alternativos de ação. (BALLOU, 2004) forma, o tempo gasto com esta atividade
(D’ANDREA; CEZAR; SILVA, 2015).
Pode-se dividir a logística em interna e
externa. De acordo com Porter (1989) Segundo D’Andrea, Cezar e Silva (2015) a
logística interna se define como sendo logística interna tem extrema importância
um conjunto de atividades que abrangem dentro das empresas, responsável por causar
o recebimento, armazenagem, controle um grande impacto nos resultados, sendo
de estoques, o manuseio de produtos e uma das áreas mais propícias a melhorias,
a programação de rotas. Ainda segundo pelo fato de propor o atendimento direto às
Porter (1989), a logística externa aborda expectativas dos clientes, seguindo o cumpri-
atividades de coleta, estocagem e distri- mento de prazos estipulados, conseguindo
buição física para clientes. dessa forma realizar a entrega do produto
sem danos ou problemas.
Já para Barbosa (2015) a logística pode
ser formada por três grandes divisões: 1) A logística interna tem grande influência
Suprimentos: abrange relações entre o nos lucros de uma organização, pois é com
fornecedor e a empresa; 2) Produção: é a sua eficiência que ocorre a minimização
executada inteiramente pela organização dos custos e a melhoria de resultados.
em todas as áreas de produção, e seu foco (RIBEIRO, 2001). Ela é um fator funda-
é coordenar as demandas dos clientes; e mental para a busca do aumento nas
3) Distribuição: implica em atividades entre quantidades produzidas dentro de uma
a empresa e o cliente. Uma atividade de indústria (SOUSA, 2012).
apoio é a armazenagem e tem o objetivo
A movimentação de materiais insere valor
de proteger os produtos.
aos produtos, dado que os torna disponí-
veis quando e onde se fizerem necessá-
2.2 LOGÍSTICA INTERNA rios, sendo associadas às atividades de:

Para Ballou (2004) a movimentação interna recebimento, identificação e classificação,

dos produtos e de materiais indica o conferência, estocagem, separação de

transporte de pequenas quantidades por pedidos, embalagem, expedição e docu-

espaços tidos como pequenos quando em mento das operações. Assim sendo é

comparação as movimentações de longo necessário pesquisar sistemas de armaze-

curso executadas por transportadoras. nagem que produzam eficiência no abas-


tecimento da produção a um custo menor
Dentre as várias funções da logística (CASTILHO,2013).
interna, uma que se ressalta é a seleção
Segundo Moura (2016), a movimentação

96
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

pode ser notada em qualquer lugar, porém sição dos executivos para que os quais
constantemente depende de pequenos possam ser modificados de acordo com
esforços. Em muitos casos, e principal- suas necessidades.
mente em indústrias metalúrgicas, a
A logística interna no que se refere a mate-
atenção se concentra apenas na máquina
riais e pessoas, está intimamente relacio-
que executa a operação. Os esforços para
nada com a disposição do arranjo físico. O
aprimorá-la, dotá-la de dispositivos e requi-
layout é a disposição de homens, máquinas
sitos que aumentam seu desempenho é
e materiais que concede ao fluxo adição de
umas das formas de melhora-las. Também
materiais e a operação dos equipamentos
é notado que de todo material movimen-
de circulação maior eficiência para que
tado, de 3% a 5% é danificado. Outro fator
o deposito de materiais se processe da
exposto é o esforço pelos equipamentos
melhor forma possível (ARAUJO, 2016).
mecânicos, que introduz transportadores
contínuos, esteiras transportadoras, empi-
lhadeiras, guindastes e contentores. 2.3 LAYOUT

Neste âmbito, o valor dos itens avariados Paulino (2015) define o layout como a inte-
por uma movimentação inadequada, pode gração do fluxo de materiais, da operação
explicar o planejamento e a utilização de dos equipamentos de movimentação,
sistemas nos equipamentos mecânicos reunido com características que concede
que consigam diminuir esse déficit no maior produtividade humana, realizado
processo e controlar melhor a operação dentro do padrão de economia e rendi-
logística (CASTILHO,2013). mento ou apenas o arranjo de homens,
máquinas e materiais.
No que diz respeito a movimentação
interna, Castilho (2013) relata que é um O layout envolve essencialmente as rela-
sistema conjunto por rotas circulares e ções entre diversas atividades, o tipo e a
serviço de apoio exclusivo. O transporte quantidade de espaço para cada função e
interno, efeito deste sistema, tem por obje- a harmonia destas nele. Para encontrar o
tivo distribuir materiais no recebimento e layout adequado e o mais eficiente deve-se
no processo produtivo, assim como suprir incluir todas as atividades do setor de esto-
as matérias-primas para os fabricantes cagem e minimizar o fluxo dos produtos e
afim de que cumpram o transporte durante seus manuseios. (CAMPAROTTI, 2013).
o processo de produção do produto.
Ainda Camparotti (2013) coloca como
Para Castilho (2013) o sistema logístico foco crucial do arranjo físico a integração
interno precisa estar em boas condições entre as áreas produtivas no ambiente
para que o suporte ao cliente não seja interno da organização. Não é apenas uma
implicado. Assim, é preciso que os relató- organização racional dos equipamentos,
rios dinâmicos logísticos estejam a dispo- mas sim, o estudo das circunstâncias de

97
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

trabalho do operário, do espaço planejado O trabalho é uma pesquisa fundamentada


corretamente, de como evitar movimentos em livros, artigos e trabalhos acadêmicos
desnecessários, de como a movimentação como também revistas acadêmicas. A
dos materiais ocorre. pesquisa bibliográfica se apoia em conhe-
cimentos e informações na literatura sobre
Em resumo, realizando uma correta
o assunto em questão (logística interna,
adequação do layout físico confere-se
layout, normas regulamentadoras). Com
diversas vantagens para as empresas,
o objetivo exploratório de evidenciar a
redução da movimentação interna de
importância do gerenciamento da logís-
materiais e do manuseio dos mesmos,
tica e melhorar o fluxo de produção no
otimização da áreas físicas disponíveis,
transporte e também na movimentação
promove o uso eficiente de mão de obra,
(WICTOR, 2015).
otimiza a comunicação, reduz o tempo de
ciclo de produção, otimiza os fluxos de A revisão bibliográfica de modo siste-
entradas e saídas de materiais e pessoas; mático e metodológico, colabora para o
além de facilitar a inspeção visual nas desenvolvimento de uma base sólida de
operações, contribuindo para o atendi- conhecimento, sintetizando a construção
mento de exigências de segurança no de teorias em áreas de pesquisas já exis-
trabalho (LIMA, 2015). tentes ou com necessidade de pesquisas
inéditas (WEBSTER e WATSON, 2002).
Portanto, Lima (2015), recomenda que
qualquer empresa, independentemente O estudo de caso apresentado abaixo
de seu ramo ou porte, realize um profundo foi realizado por meio de uma coleta de
planejamento do arranjo físico para que dados realizada nas empresas que faziam
assim consiga alcançar resultados posi- parte do grupo empresarial, coletando as
tivos de produtividade, eficiência e custos dimensões de máquinas e dos espaços
de operação. físicos. Desta forma, com os dados em
mãos, e com a ajuda do software AutoCad,

3. METODOLOGIA foram desenvolvidas os cenários possíveis

ADOTADA da planta baixa para a alocação do novo


layout com todos os processos produtivos
Para análise da metodologia, foi utilizada agrupados em um único complexo manu-
a classificação a seguir: (I) Exploratória fatureiro.
(estudo com o intuito de localizar as infor-
mações, uma vez que já tem o conhe-
4. RESULTADOS
cimento da sua existência); (II) Revisão
OBTIDOS
bibliográfica (estudo baseado em consulta
bibliográfica); (III) Observação do layout em Realizadas as análises in loco constatou-se
estudo, coleta de dados (D’ANDREA, 2015). que o ambiente fabril do grupo empresa-
rial, formado por três empresas, tem sua

98
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

produção dividida em três plantas indus- plantas diferentes e em cidades diferentes,


triais, cada qual com sua especialidade. sendo elas: Sarandi, Maringá e Paiçandu,
Dessa forma, o layout era dividido em três todas no estado do Paraná (Figura 1).

Figura 1 - Localização das três sedes da organização

A primeira delas, localizada na cidade de usinagem finalizando o processo de manu-


Sarandi-PR possuía os setores de corte e fatura. Por fim, a terceira empresa, insta-
dobra, responsável portanto pela primeira lada na cidade de Paiçandu-PR, possuía
fase da manufatura. Na segunda empresa uma linha de produtos de borracha, porém
do grupo, situada na cidade de Marin- sua produção ainda era alimentada pelo
gá-PR, realizam-se os processos de solda e setor de corte (Figura 2).

Figura 2 - Fluxograma do processo produtivo subdividido de acordo com a localização


das unidades

99
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Devido aos conceitos de logística interna a readequação do layout de uma indústria


despertou-se o interesse em se desenvolver de peças automotivas de reposição para
um layout único que pudesse compactar as caminhões a fim de melhorar o trânsito de
atividades das três empresas em apenas materiais e também aproveitar o espaço
uma planta industrial, buscando dessa disponível do local.
forma a redução de custos com transporte,
Foi possível constatar que os conceitos
a otimização da logística interna de infor-
de logística interna, quando aplicados no
mações e a dinamização dos processos
desenvolvimento de um novo layout, são
correlacionados, causando dessa forma
de suma importância para que se consiga
um aumento significante na produtividade.
obter um fluxo de processo otimizado,
Buscando a otimização da linha produtiva, resultando em uma menor movimentação
o novo layout (Apêndice A) foi proposto de interna dos produtos, propiciando dessa
forma em que houvesse um melhor fluxo forma uma redução de custos do produto
de materiais, considerando a distância final, bem como um processo produtivo
percorrida pelo produto, desde a entrada da mais enxuto e eficiente.
matéria prima até a saída do produto final.
A fim de concluir o presente estudo suge-
Foi possível constatar que o novo layout re-se a realização de novos estudos na
auxiliaria na gestão da produção da empresa a fim de implantar o novo layout
organização, tendo em vista que todas proposto e verificar sua real eficácia para
as etapas do processo produtivo estão tornar mais dinâmico o processo fabril.
concentradas em um único barracão e os
departamentos seguem o fluxo para fabri- REFERÊNCIAS
cação dos produtos. Por possuir a maior
planta industrial, a primeira empresa, [ 1 ] . ARAUJO A. V.; ROCHA F. P.; OLIVEIRA A. L.
localizada em Sarandi-PR, foi selecionada G.. Analise da logística interna e de indi-
para agregar a linha produtiva das demais cadores de desempenho de uma fábrica
empresas do grupo. Definido o local, foi produtora de fios e cabos elétricos. Anais
proposto o estudo para um novo layout, do XXXVI Encontro Nacional de Engenharia
o qual consistiu da coleta das informações de Produção (ENEGEP) 2016.
dimensionais de cada componente das
[ 2 ] . BALLOU, R. H. Gerenciamento da
plantas, seguido da inserção destas infor-
cadeia de suprimentos: Planejamento,
mações no software AutoCad, possibili-
Organização e Logística empresarial. 4ªed.
tando a simulação de vários cenários.
Porto Alegre: Bookman, 2004.

5. CONSIDERAÇÕES [ 3] . BARBOSA L.W.G.; SANTIAGO R. E. F.;


FINAIS CARVALHO A.D.; MAPA S. M. S.. Aplicação
logisitca na otimização do processo de
O presente estudo teve por objetivo propor distribuição de materiais no setor de

100
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

serviços de instalação de tv por assina- Produção (SIMPEP) 2015.


tura. Anais do XXII Simpósio de Engenharia
[ 9 ] . MANTOVANI F. P.; LAIATE J. LUCHE J.
de Produção (SIMPEP) 2015.
R. D.... Proposta de melhoria do layout
[4 ]. CAMAROTTI C. E. S.; ROTTA I. S.. de um armazém de vidros automotivos.
Análise da armazenagem de uma usina Anais do XXXVI Encontro Nacional de Enge-
sucroalcooleira com proposição de nharia de Produção (ENEGEP) 2016.
melhorias no layout do armazém. Anais
[ 1 0 ] . MOURA C. R.; VALENTINA L. V. O. D..
do XXXIII Encontro Nacional de Engenharia
Aplicação de conceitos de logística em
de Produção (ENEGEP) 2013.
uma empresa da área têxtil. Anais do
[5 ]. CASTILHO U.R.; BORELLA I. L.; BORELLA XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de
M. R. C.. Análise da implementação do Produção (ENEGEP) 2016.
sistema de rastreamento de equipa-
[ 1 1 ] . PAULINO J. R.; NETO A.A. Gestão de
mentos de movimentação interna. Anais
estoque em uma indústria de lubrifi-
do XXXIII Encontro Nacional de Engenharia
cantes norte – americana. Anais do XXII
de Produção (ENEGEP) 2013.
Simpósio de Engenharia de Produção
[6 ]. D’ANDREA, F. M.; CEZAR, A. P.; SILVA, (SIMPEP) 2015.
E. T. da. Logística Interna dos Grandes
[ 1 2 ] . PORTER, M. E. Vantagem competi-
Varejistas de materiais de Construção
tiva. 24. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
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Administração de Roraima (RARR), v. 5, n. [ 1 3] . RIBEIRO, J. C. P. Logística de Estoque.
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escolar: proposta para otimizar a utili- na administração dos recursos materiais
zação de recursos em uma escola pública e patrimoniais (ARMP). Revista Científica
localizada no município de marabá – pa. FacMais, Goiás, v. 2, n. 1, 2012.
Anais do XXII Simpósio de Engenharia de

101
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

[1 6 ]. WEBSTER, J.; WATSON, R. Analyzing


the Past to Prepare for the Future:
Writing a Literature Review. MIS Quarterly,
2002. 13-23.

[1 7]. WICTOR. I. C.; STEFF D. R.. Geren-


ciamento logístico para otimização dos
processos e redução de custos. Anais do
V Congresso Brasileiro de Engenharia de
Produção (ConBRepro) 2015.

102
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

APÊNDICE A – LAYOUT PROPOSTO

103
CANAIS REVERSOS DOS
RESÍDUOS DA PRODUÇÃO
DE POLPA DE AÇAÍ NA
CIDADE DE CASTANHAL-
PA: UMA ABORDAGEM
ORIENTADA POR
PROCESSOS

Lana Karoline Pinheiro do


Nascimento
Iury Rocha Alvim
Thais Martins Souza
Denilson Ricardo de Lucena Nunes
André Cristiano Silva Melo

RESUMO
O açaí tornou-se muito popular nos últimos anos, sendo hoje a sua polpa congelada comerciali-
zada em todo Brasil, inclusive como produto de exportação. O estado maior produtor de polpa
de açaí é o Pará, algo em torno de 216.071 toneladas apenas em 2015. A problemática deste
estudo gira em torno dos resíduos gerados na extração da polpa de açaí, já que apenas 15%
do peso do fruto é convertido em polpa, com os outros 85% compondo os resíduos. Seguindo
a tendência mundial, o Brasil sancionou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que
aponta a Logística Reversa (LR) como uma das ferramentas para destinação adequada de resí-
duos. Há muito pouco na literatura sobre a destinação dos Resíduos da Produção de Polpa
de Açaí (RPPA), tão pouco se sabe como se organizam os Canais Reversos (CR) para esses
resíduos. Sendo assim, como contexto de pesquisa, escolheu-se o município de Castanhal,
no Pará, maior produtor de polpa de açaí do estado, para caracterizar o funcionamento dos
CR e expor a destinação adequada dos RPPA como geração de energia em outro processo de
produção. A partir de dados coletados por meio de entrevistas e pesquisa documental, foram
identificados os principais agentes atuantes nos CR dos RPPA, bem como a forma como se
relacionam. Para tal, utilizou-se ainda uma abordagem orientada por processos de negócios,
por meio de mapeamento de processos com a notação BMPN para a construção e evidência
das relações recorrentes nesses canais. Por fim, o mapa de processos elaborado passou por
validação com alguns agentes do CR dos RPPA entrevistados.

Palavras-chave

Resíduos Sólidos, Logística Reversa, Mapa de Processo.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1 . INTR O DUÇÃO um conjunto de ações, procedimentos e


meios destinados a viabilizar a coleta e a
A geração de resíduos é observada em restituição dos resíduos sólidos ao setor
todas as atividades humanas, nota-se empresarial, para reaproveitamento,
também que essa geração vem aumen- em seu ciclo ou em outros ciclos produ-
tando ao longo do tempo, o que estimulou tivos, ou outra destinação final ambien-
também a preocupação em diminuir os talmente adequada.
impactos do acúmulo desses resíduos.
Muitos países já criaram legislações espe- A partir da sua publicação e definição, cada

cíficas sobre esse tema. A exemplo disso, estado e município do Brasil tornaram-se

segundo Matos et al. (2016), os repre- encarregados de adaptar a sua realidade

sentantes do BRICS (grupo formado por de resíduos produzidos à PNRS. Dentre

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) as atividades econômicas desenvolvidas

entendem que a gestão adequada dos no Estado do Pará, a cadeia produtiva do

resíduos é de suma importância, dado o açaí apresenta-se em crescente desen-

crescimento das populações, o aumento volvimento. O açaí (Euterpe Oleracea) está

dos níveis produtivos e do poder aquisitivo presente em toda a extensão do estuário

das populações dos países integrantes do amazônico, com maior concentração

grupo. Consequentemente, o Brasil, sendo nos estados do Pará, Amapá e Maranhão

um membro, não poderia abster-se desse (NOGUEIRA et al., 2005). Segundo IBGE

cenário e então, em 2010, sancionou e (2015), a produção de açaí atingiu a marca

regulamentou a Política Nacional de Resí- de 216.071 toneladas/ano, represen-

duos Sólidos (PNRS), legislação específica tando um acréscimo de 9,0% em relação

que versa sobre as principais diretrizes à à produção de 2014, sendo o Pará líder

gestão dos resíduos sólidos. nacional na produção deste fruto, com


58,3% do desse total.
Em 2012, foi publicado a 2° edição da PNRS
que teve o intuito de facilitar o acesso da Até o momento, apenas a polpa do açaí

sociedade às leis do país, como importante tem sido extraída do fruto para fins de

passo para que o Brasil atinja novos pata- atividade econômica, alguns autores como

mares de consciência ambiental, de tecno- Almeida et al. (2017) afirmam que o fruto

logia limpa e de crescimento sustentável. possui 15% de polpa e 85% de carroço,

Na pretensão de alcançar tais objetivos, outros acreditam que a polpa representa

a Logística Reversa (LR) é citada na lei Nº aproximadamente 30% da sua composição

12.3051 (PNRS), de 2 de Agosto de 2010, enquanto os outros 70% resultam em resí-

artigo 3, inciso XII, onde foi definida como duos: caroço e fibras (MATOS et al., 2006;

(BRASIL, 2010): SEYE et al., 2008). A pesar de boa parte


dessa produção ser enviada para outras
Instrumento de desenvolvimento regiões e até mesmo para outros países,
econômico e social caracterizado por o grande volume de resíduo, gerado a

105
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

partir da extração da polpa do açaí, acaba nhal-PA, o qual permitiu compreender


se tornando um problema ambiental local, quem são os agentes desses canais e por
onde ocorre a extração da polpa. Portanto quais processos são responsáveis e assim
é essencial compreender como ocorre o evidenciar qual e como ocorre a destinação
processo de gestão desse resíduo voltada dos RPPA no município. Tal ferramenta é
à sua destinação mais adequada, tema essencial como ponto de partida para uma
pouco abordado na literatura, que tem se futura avaliação da gestão dos resíduos
concretado em pesquisas de reaprovei- estudados a luz da PNRS.
tamento. Assim, este estudo teve como
objetivo auxiliar na compreensão do que 2 . CADEIA P RO DU T IVA
ocorre atualmente com os Resíduos da DO AÇAÍ
Produção de Polpa de Açaí (RPPA), uma vez
que a produção de polpa de açaí tem sido De acordo com Brandão et al. (2015), a valo-
progressivamente crescente e já vem ocor- rização do fruto do açaizeiro contribuiu,
rendo há muito tempo. nos últimos anos, para manter crescente
a produção no Pará, sendo este o maior
Na busca pelo entendimento do que produtor da região norte, contribuindo
ocorre com o resíduo estudado, optou-se significativamente para a produção do
por realizar um estudo na cidade de Casta- Brasil. Tavares & Hommer (2016) afirmam
nhal-PA, em virtude da maioria das fábricas que o crescimento do mercado de polpa
de produção de polpa do estado se concen- de açaí, induzido pelo processo de bene-
trarem nessa cidade. O estudo recolheu ficiamento e congelamento, quadruplicou
uma série de informações via pesquisa o consumo local, antes restrito ao período
bibliográfica e de campo, bem como de da safra. O beneficiamento efetuado
entrevistas com os agentes da cadeia pelas amassadeiras de açaí (mulheres que
produtiva do açaí atuantes nesse município. usavam utensílios artesanais na extração
De posse dessas informações, foi possível da polpa) foi substituído por batedeiras
descrever os Canais Reversos dos RPPA, os elétricas e, atualmente ganharam aliados,
quais foram, por meio de uma abordagem modernas máquinas industriais de proces-
orientada por processos, analisados e ilus- samento (despolpamento).
trados em um mapa de processos, que
segundo Oliveira et al. (2011) se apresenta Atualmente, a cadeia produtiva direta do
como ferramenta que permite entender açaí engloba as atividades de produção,
como funcionam seus componentes, além extração, transporte, despolpamento e
de facilitar a análise de sua eficácia e locali- distribuição. Dessa forma, caracterizam-se
zação de suas deficiências. Produtores, responsáveis pelas plantações
(açaizais); Extrativistas, encarregados de
Assim, o objetivo deste estudo foi a elabo- colher o fruto das palmeiras; “Atravessa-
ração do mapa de processos que ocorrem dores”, elo transportador dos frutos (via
nos CR dos RPPA na cidade de Casta- fluvial ou rodoviário) até as feiras onde são

106
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

comercializados; Processadores artesanais direta da polpa do açaí com a atuação de


(batedores), que transformam o fruto em produtores, extrativistas, apanhadores,
polpa para posterior distribuição. A cadeia carregadores, transportadores, interme-
de produção de polpa do açaí possui ainda diários e batedores de açaí (consumo
uma vertente de exportação, onde os bate- interno), além de cooperativas, agroindús-
dores são substituídos por Indústrias, que trias, atacadistas, varejistas, exportadores
processam, comercializam e distribuem a (exportação) e, fi nalmente, consumidores
polpa para fora do estado ou do país. Na (ver Figura 1).
Figura 1, apresenta-se a cadeia produtiva

Figura 1 - Cadeia produtiva direta do açaí no Estado do Pará.

Fonte: Conab (2013).

Percebe-se, de acordo com Sales (2014) o cultura regional, e que pode ser gerado em
qual estudou a cadeia produtiva do açaí, escala industrial, é extremamente favo-
que esta inicia-se com o extrativismo do rável o seu uso como fonte alternativa de
fruto do açaí de suas palmeiras e vai até a geração de energia, trazendo benefícios
produção e entrega da polpa do fruto ao econômicos, sociais e ambientais.
consumidor fi nal. Contudo ao longo dessa
cadeia há uma grande geração de resíduos 3 . LO G ÍST ICA
que até então não se tinha tanta preocu- REVERSA E RESÍDU OS
pação pela ausência de legislação, porém SÓ L IDOS
tal realidade tem passado por mudanças.
Acrescentado da iniciativa legal, SILVA A Logística Reversa (LR) pode ser defi nida
(2013) ainda conclui que devido a abun- como o conjunto de atividades de plane-
dância do caroço nessa cadeia, que cons- jamento, controle e decisões voltadas ao
titui uma biomassa nativa, que faz parte da fl uxo de bens, resíduos, materiais ou peças,

107
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

a montante nas redes de suprimento, ou Contudo para Brito e Dekker (2003) há uma
seja, do consumidor (pontos de uso) ao terceira possibilidade que eles denominam
produtor. Tendo como objetivos a revalo- como Retorno de fabricação que são aqueles
rização, para ampliação de ciclos de vida e casos em que há sobras de produtos não
redução de descartes, ou a definição dos usados na manufatura, reutilizados na fase
locais de descarte adequados para estes da produção. Estes autores afirmam ainda
materiais; dessa forma agregando-lhes que esses produtos podem ser matérias-
valores de diversas naturezas: econômico, -primas remanescentes, produtos inter-
de prestação de serviços, ecológico, legal, médios ou finais que podem não ter sido
dentre outros (LEITE, 2009). aceitos nos controles de qualidade, e terem
de ser reformulados, e os produtos podem
Com o passar dos anos, as atividades rela-
ser deixados durante a produção, ou os
tivas à logística de retorno dos produtos,
subprodutos podem resultar da produção.
redução de recursos, reciclagem, ações
O excedente de matéria-prima e as sobras
para substituição de materiais, reutilização
de produção representam a categoria:
de materiais e disposição final dos resíduos
“produto não necessário”.
também foram atributos introduzidos à LR
(SOMBRIO et al., 2014). Por consequência, as Ainda segundo Brito e Dekker (2003), na
empresas passaram adotar o processo de literatura de LR, autores têm apontado
LR com o objetivo de reaproveitar e reciclar fatores de condução para a estruturação
bens e materiais, permitindo desta forma, da LR como a economia, as leis ambien-
um descarte correto (MOREIRA, 2017). tais e a consciência ambiental dos consu-
midores. Geralmente, pode-se dizer que
Atualmente a LR está dividida em duas
as empresas estruturam CR ou porque
grandes áreas, que são: LR de pós-venda e
podem lucrar com isso ou porque são obri-
LR de pós-consumo. Essa diferenciação se
gadas ou porque “sentem-se” socialmente
faz necessária porque os produtos apre-
motivadas para fazê-lo.
sentam ciclos de vida útil, exigindo técnicas
ou formas de revalorização diferenciadas Moreira & Guarnieri (2017) perceberam que
e, portanto, Canais Reversos (CR) também as empresas observaram essa mudança e
distintos e, muitas vezes, específicos. Leite estão buscando se adequar para atender
(2009) e Guarnieri (2011) caracterizam a LR as legislações e as novas preferências do
de pós-consumo como aquela que é posta consumidor. Logo, com a PNRS, a LR tem
em prática somente após a finalização do sido usada como um instrumento para
ciclo de vida útil do bem, enquanto a LR de viabilizar a melhor destinação para os mais
pós-venda é efetivada após o material ser variados tipos de resíduos seja através da
definido com pouco ou nenhum uso, o qual, reinserção deste em uma determinada
por diferentes motivos, retorna aos dife- cadeia produtiva ou simplesmente com o
rentes elos da cadeia de distribuição direta. descarte adequado (BRASIL, 2010), por isso
a importância do avanço de estudos relacio-

108
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

nados ao tema em questão. McDougall et material, por sua natureza ou por suas
al. (2008) define Resíduos Sólidos (RS) como origens.
materiais inevitáveis p
ara os quais existe
atualmente ou não uma procura econômica 4. MAPEAMENTO DE
e para os quais seja necessário tratamento PROCESSOS
e/ou eliminação. Além dessa definição, a
PNRS traz uma definição mais ampla: O mapeamento de processos se inicia pelo
próprio conceito de processo. Para Campos
Material, substância, objeto ou bem (2014), um processo é uma sequência de
descartado resultante de atividades atividades com um objetivo específico, ou
humanas em sociedade, a cuja destinação seja, ao realizar todos os passos de um
final se procede, se propõe proceder ou processo, tem-se um resultado específico.
se está obrigado a proceder, nos estados Complementando, o processo é uma agre-
sólido ou semissólido, bem como gases gação de atividades e comportamentos
contidos em recipientes e líquidos cujas executados por humanos ou máquinas,
particularidades tornem inviável o seu para alcançar um ou mais resultados (CBOK,
lançamento na rede pública de esgotos BPM, 2013). Alvarenga (2013), afirma que
ou em corpos d’água, ou exijam para isso a técnica indicada para a compreensão e
soluções técnica ou economicamente otimização dos processos organizacionais
inviáveis em face da melhor tecnologia é o Mapeamento de Processos (MP).
disponível (BRASIL, 2010).
Segundo Pavani Júnior e Scucuglia (2011),
Outra definição é dada por Zago & Oliveira o MP de um sistema consiste em duas
(2014) ao afirmarem que todos os restos atividades: estudo do trabalho (processo
sólidos ou semi-sólidos das atividades de observação e levantamento de infor-
humanas ou não-humanas, que embora mações ligadas à cadeia de execução do
possam não apresentar utilidade para trabalho realizado) e entendimento do
a atividade fim de onde foram gerados, trabalho (a partir das informações levan-
podem virar insumos para outras ativi- tadas, busca-se compreender suas parti-
dades. A partir dessa amplitude de defi- cularidades e entender sua existência).
nições buscou-se classificar e dividir os Na atividade de MP, levanta-se o fluxo de
resíduos sólidos. Tais definições ocorrem atividades que permeia a organização,
pela complexidade e variedades de resí- seguindo a sua passagem por diversos
duos que podem ser gerados, por isso departamentos, áreas e funções, na teoria
que Martínez & Merary (2008) afirmam agregadoras de valor ao produto (bem
que há muitas definições de resíduos com e/ou serviço), onde gargalos podem ser
diferentes perspectivas como: legislativa, identificados e duplicidades de atividades
econômica, social. Por isso atualmente os são levantadas. O interessante do MP é
resíduos são organizados, classificados e perceber o desenho sistêmico das ativi-
distinguidos um dos outros por seu estado dades e descobrir que áreas ou funções

109
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

participam do processo, agregando ou 4.1 NOTAÇÃO BPMN


não valor, incluindo o trajeto físico (MIYA-
MOTO, 2009). O Business Process Model and Notation -
BPMN é uma notação gráfica que tem
Atualmente, são diversos os conjuntos de por objetivo prover uma gramática de
símbolos padronizados para representar símbolos para mapear, de maneira padrão,
processos, como as simbologias BPMN todos os processos de negócios de uma
(Business Process Model and Notation), EPC organização (SGANDERLA, 2012). Lacerda
(Event-Driven Process Chain), IDEF (Inte- (2016), alega que o BPMN tem por finali-
grated Definition), e UML (Unified Modeling dade mapear os processos de negócios da
Language) (SOUZA, 2014), para o presente organização, de forma simplificada, sendo
estudo foi designada a notação BPMN. uma técnica composta por dois objetivos
principais: eliminar as lacunas do processo
e ser de fácil compreensão e visualização.
No Quadro 1 apresenta-se os principais
elementos que compõem a notação BPMN.

Quadro 1 – Elementos BPMN

Elementos de Fluxo
Eventos: É algo que “acontece” durante o
curso de um processo. Esses eventos afetam o
fluxo do modelo e geralmente têm uma causa
Início Intermediário Final
(gatilho) ou um impacto (resultado). São três
os tipos de eventos, baseados em quando eles
afetam o fluxo: Início, Intermediário e Final

Atividades: um trabalho que é realizado dentro


de um processo de negócios

Gateways: Usado para controlar a divergência


e convergência de sequências

Elementos Conectores

Fluxo de sequência: Representado por uma


linha contínua com uma seta sólida e é usado
para mostrar a ordem (a sequência) em que as
atividades serão realizadas em um processo.

Fluxo de Mensagem: Representado por uma


linha tracejada com uma seta e é usado para
mostrar o fluxo de mensagens entre dois parti-
cipantes de processos separados.
Conector de associação: Representado por
uma linha pontilhada usada para associar texto
e outros artefatos com elementos de fluxo.

110
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Elementos organizacionais (Swimlanes)


Mecanismo para organizar atividades em
categorias visuais distintas, a fim de ilustrar
POOL Lane diferentes capacidades funcionais ou respon-
sabilidade. Esses elementos são divididos
Lane nos chamados, pool e lane, onde os lane são
inseridos no pool para uma melhor divisão, se
necessário.
Fonte: Autores 2017

No Quadro 1, através de um conjunto de suas ações e interações. Após a coleta de


definições encontrados na literatura (VON dados, o mapa de processos foi elabo-
ROSING, 2015; MODEL, 2013; XAVIER, 2009; rado, utilizando-se o software MS Visio. A
NOTATION, 2008; WHITE, 2006), expla- validação do mapa de processos proposto
nou-se que a notação BPMN detém ícones se deu pelo método face a face, onde este
organizados em conjunto que permitem foi apresentado para os agentes entrevis-
indicar eventos de início, intermediário e tados, confirmando assim suas atividades
fim, fluxos de atividades e mensagens de dentro do processo.
processos diversos (CBOK, BPM, 2013).

6. RESULTADOS
5. MÉTODO DE ANÁLISES
PESQUISA
De posse dos dados de campo foi possível
Sobre a caracterização do método de agrupar os processos existentes nos CR de
pesquisa, esta é considerada exploratória, RPPA em 4 macroprocessos: Geração do
já que, segundo Severino (2014), nesta são Resíduo, Disposição do Resíduo, Transfe-
levantadas informações sobre um determi- rência do Resíduo e Destinação do Resíduo.
nado objeto, delimitando assim um campo Nesses macroprocessos foi possível iden-
de trabalho, mapeando as condições de tificar 5 agentes, que participam em dife-
manifestação desse objeto. Nesse caso, rentes processos, são eles: Pequenos
utilizou-se um objeto de estudo, os CR de Produtores (PP), Grandes Produtores (GP),
RPPA na cidade de Castanhal-PA, os quais Caminhoneiros Autônomos, Cerâmicas e
tiveram suas etapas representadas em um Caminhoneiros que trabalham nas cerâ-
mapa de processos. micas. Na Figura 2 apresenta-se a relação
entre os agentes e os processos.
Inicialmente foram realizadas pesquisa
bibliográficas na literatura sobre os temas: O macroprocesso Geração de Resíduo
Cadeia produtiva do açaí, Resíduos sólidos, inicia o CR de RPPA, existem dois agentes
Logística reversa e Mapeamento de em comum nessa etapa: pequeno produtor
processos. Em seguida, foram realizadas e grande produtor. Ambos executam o
entrevistas não estruturadas com alguns despolpamento do fruto, onde o que os
agentes da cadeia, de modo a entender difere é o tamanho da escala de produção,

111
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

que no caso do GP chega a toneladas por a) Caminhoneiros autônomos que


dia, enquanto que nos PP gira em torno de recebem a informação para coletar os
100 quilos por dia. RPPA quando os silos se encontram cheios
e traçam rotas para cerâmicas, localizadas
O macroprocesso de Disposição do
em Castanhal ou em municípios vizinhos,
Resíduo ocorre em seguida da Geração do
interessadas na compra desses resíduos;
Resíduo e os utensílios de despolpamento
e de armazenagem também são diferentes b) Cerâmicas diretamente interessadas
para o PP (sacos com 50kg de capacidade) na reutilização dos RPPA que utilizam a sua
e o GP (silos). Quanto à armazenagem, os própria frota de caminhões para recolher
sacos com RPPA são depositados pelos PP os RPPA em posse do GP.
quase sempre abertos, sem proteção e em
Dependendo do volume de RPPA gerado, os
frente aos estabelecimentos de produção e
GP podem fazer contato com os dois agentes
comercialização da polpa de açaí, já os GP
(Caminhoneiros autônomos e Cerâmicas),
mantém seus silos dentro de suas instala-
pois muitas vezes um deste não consegue
ções. O tipo de armazenagem usada pelo
consumir toda a quantidade de RPPA dispo-
PP acarreta diversos problemas ambien-
nibilizada para destinação adequada.
tais urbanos, onde a disposição dessas
sacas ao redor do estabelecimento pode As Cerâmicas, assim como os GP, nesse
se tornar acumulativa, pois o sistema de fluxo reverso utilizam os RPPA como
coleta de lixo da cidade não recolhe esse biomassa para a queima em suas caldeiras,
tipo resíduo, e a frequência de coleta por já que os RPPA constituem um material de
parte dos caminhoneiros autônomos considerável abundância na cidade, com
ocorre conforme sua conveniência, não custo de aquisição relativamente baixo,
sendo necessariamente regular. Durante já que na maioria dos casos são tratados
o período chuvoso põem agravar-se os como doações por parte dos GP, e poder
problemas ambientais, pois os caroços calorífico comprovadamente superior,
podem ser levados por águas pluviais e quando comparado com a alternativa tradi-
acabar acumulando-se em esgotos, dificul- cional usada para geração de calor (lenha).
tando o escoamento dessa água.
O mapa de processo proposto foi apresen-
O macroprocesso de Transferência do tado a cada um dos agentes que compõem
Resíduo ocorre quando o próprio respon- o CR de RPPA em Castanhal, para assim ser
sável pela geração providência a retirada validado. Cada agente confirmou as ativi-
do RPPA de sua posse, nesse caso, apenas dades desempenhadas por ele e assim,
o GP atua, pois quando não se utiliza do obteve-se a confirmação de aderência da
próprio resíduo, para a queima, como representação com a realidade apresen-
biomassa em suas caldeiras de pasteuri- tada pelo mapa proposto.
zação da polpa de açaí, comunica-se com
um dos dois dos agentes:

112
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Figura 2 - Mapa de Processo da Cadeia Reversa do Açaí da Cidade de Castanhal.

Fonte: Autores (2017).

7. CONSIDERAÇÕES existente e assim pode evidenciar o modelo

FINAIS proposto pela pesquisa, a Figura 2. Este


estudo se propôs a criar e validar um mapa
Um dos objetivos da utilização do mapea- de processo que permitisse compreender
mento de processos consiste em buscar quais são os agentes, atividades e subpro-
um melhor entendimento em relação à cessos que ocorrem no canal reverso (CR)
dinâmica de um determinado processo associado aos resíduos para produção de

113
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

polpa do açaí (RPPA) na cidade de Casta- resíduo, como no Estado do Pará.


nhal-PA, uma vez que entre os agentes
atuantes no dia a dia das atividades que AGRADECIMENTOS
compõem este CR, nem todos detêm pleno
conhecimento sobre todas etapas que Este estudo recebeu apoio financeiro da
ocorrem, a montante ou a jusante da etapa Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
a qual são responsáveis no CR considerado de Pará – FAPESPA e da Universidade do
na pesquisa. Estado do Pará- UEPA.

Dessa forma, entende-se que o objetivo


REFERÊNCIAS
do estudo fora alcançado, afinal o mapea-
mento do processo foi realizado e o modelo [ 1 ] . ALMEIDA, A. V. C.; MELO, I. M.; PINHEIRO,
que representa os atuais processos desen- I. S.; FREITAS, J. F.; MELO, A. C. S.; Revalori-
volvidos no CR dos RPPA no município de zação do caroço de açaí em uma bene-
Castanhal-PA devidamente validado pelos ficiadora de polpas do município de
seus agentes diretamente atuantes, apre- Ananindeua/PA: proposta de estrutu-
sentando-se como resultado do estudo. As ração de um canal reverso orientado
limitações da pesquisa concentraram-se pela PNRS e logística reversa. GEPROS.
principalmente na fase inicial do estudo, no Gestão da Produção, Operações e Sistemas,
acesso à informação com alguns agentes Bauru, Ano 12, nº 3, jul-set/2017, p. 59-83.
diretamente envolvidos nos processos, para
compreender a forma como as atividades [ 2 ] . ALVARENGA, T. H. D. P., PIEKARSKI, C.
de fato ocorrem na cadeia, pois estes, por M., DOS SANTOS, B. S., BITTENCOURT, J. V.
vezes, se mostraram resistentes em divulgar M., DE MATOS, E. A. S. Á., & DE FRANCISCO,
como de fato executavam suas atividades. A. C. Aspectos relevantes sobre mapea-
Dessa maneira, o primeiro momento de mento de processos. Revista de Enge-
coleta de dados foi baseado com ênfase na nharia e Tecnologia, v. 5, n. 2, p. Páginas
observação em campo ao invés do contato 87-98, 2013.
direto com os participantes.
[ 3] . BRANDÃO, C. R. F., BARROS, A. L.,
Por fim, sugere-se a realização de novas LAMEIRA, C. C., PALHETA, F. C., GALVÃO, J. R.
pesquisas que abordem esta temática, O açaí no estado do pará e seu potencial
uma vez que existem poucos estudos em para o desenvolvimento sustentável da
relação aos CR dos RPPA e, sobretudo, região. CONTEC. Fortaleza-CE, 2015.
muitas oportunidades de contribuições
[ 4] . BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto
tanto acadêmicas quanto diretamente
de 2010. Política Nacional dos Resíduos
voltadas para aplicação prática, conside-
Sólidos. 2010. Disponível em: <http://
rando ganhos econômicos, ambientais e
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
sociais principalmente em uma região com
2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 08
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set. 2017.

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117
PROPOSTA DE MELHORIAS
LOGÍSTICAS EM UMA
EMPRESA PRODUTORA DE
EMBALAGENS PLÁSTICAS
POR MEIO DE ANÁLISE
DE COMPONENTES
LOGÍSTICOS

Monica Silveira
Nayara Góes Reis
Luiz Thiago Monteiro de Oliveira
André Cristiano Silva Melo
Denilson Ricardo de Lucena Nunes

RESUMO
A indústria de plásticos se faz importante na sociedade em diversos aspectos, mostran-
do-se necessária no cotidiano dos cidadãos e das empresas no geral. Esse artigo procura
analisar a logística de uma empresa de fabricação de embalagens plásticas, por inter-
médio da avaliação dos componentes logísticos com o intuíto de identificar e propor solu-
ções para os problemas existentes. Em um primeiro momento, buscou-se elaborar uma
estrutura teórica baseada na literatura específica sobre os aspectos logísticos presentes
na empresa e em seguida, pôde-se analisar e caracterizar os componentes logísticos ali
existente, para que, por fim, as propostas de melhoria fossem acrescentadas ao trabalho.
O presente trabalho proporcionou a geração de maior conhecimento, que poderá ser
aplicado no suporte a decisões logísticas, fornecendo benefícios e melhorias potenciais à
empresa estudada.

Palavras-chave

Componentes logísticos; Logística; Embalagens plásticas.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO como as indústrias de alimentos, produtos


de limpeza e higiene, apresentaram em
Nos últimos anos, o plástico esteve 2015 retração maior que em 2014. Mas,
presente em muitos projetos inovadores, segundo a ABIPLAST (2015), mesmo com
como nos campos aeroespacial, cons- essa queda, a indústria fatura cerca de 62
trução civil e automobilística, destinada bilhões de reais, com uma produção de
a: redução de pesos, melhoria no desem- 6,59 milhões de toneladas, empregando
penho mecânico, isolamento térmico etc. mais de 300 mil pessoas. Surge, então a
Assim, os plásticos são importantes ao necessidade de oferecer alternativas bené-
desenvolvimento da sociedade, ao viabi- ficas a toda essa cadeia produtiva.
lizar inovações destinadas a melhoria da
qualidade de vida das pessoas e eficiência Assim, este artigo objetivou estabelecer um

no uso de recursos naturais (BNDES, 2013). diagnóstico logístico, propondo possíveis


melhorias e, por meio da análise dos compo-
Considerando a extensa gama de varie- nentes logísticos, caracterizar o arranjo
dades de plástico, este artigo foi voltado logístico de uma empresa produtora de
para um setor específico da indústria embalagens plásticas. Por conseguinte, para
da transformação de plásticos em uma que houvesse alinhamento entre a pesquisa
empresa: as embalagens plásticas. A e a realidade estratégica da empresa, iden-
empresa estudada fornece algumas tificaram-se informações mais recentes e
variedades de embalagens plásticas flexí- detalhadas sobre o contexto da setor indus-
veis para clientes que atuam em áreas trial e da própria empresa objeto de estudo,
de alimentícios coextrudados, higiene a fim de traçar ações consentâneas com as
e limpeza, sacolas de supermercados e restrições consideradas.
sacolas diferenciadas.
Desta forma, a artigo foi dividido em 5
A produção da indústria de embalagem seções, considerando a primeira delas
está ligada ao consumo, e assim pode-se composta pela introdução ao tema abor-
dizer que há um forte movimento no setor dado, seguida pela Seção 2, na qual
para se adequar ao momento no Brasil. foi apresentada a revisão bibliográfica,
Os dados da ABRE (2015) apontam que a descrevendo uma revisão sobre a princi-
produção nacional de embalagens teve o pais pesquisas e teorias disponíveis para
plástico com a maior participação no valor suporte e adequado entendimento da
da produção, correspondente a 40,17% pesquisa. Na Seção 3 foi descrito o método
em 2015, mas a indústria de embalagem empregado ao desenvolvimento desta
apresentou uma retração na produção pesquisa. Na Seção 4, caracterizou-se a
de -4,31%, influenciada pelo atual desem- logística desenvolvida na empresa objeto
penho econômico do país. de estudo, por meio da análise e caracte-
rização dos componentes logísticos opera-
Com isso, grandes usuários de embalagens,
cionais, a partir das quais foram propostas

119
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

potenciais melhorias ao sistema logístico gens competitivas, agregando valor por


considerado. Por fim, na Seção 5 foram meio dos serviços prestados.
expostas as considerações finais acerca
Com as mudanças e avanços tecnológicos
dos resultados alcançados e propostas
ocorridos nas últimas décadas, Ballou
pesquisas adicionais para dar continui-
(2010) aborda a logística como uma ferra-
dade às discussões levantadas.
menta corporativa, eficaz para controle dos
fluxos e componentes de competitividade
2. REFERENCIAL das empresas, territórios e regiões que se
TEÓRICO utiliza de diversas técnicas e ferramentas
para aperfeiçoar sistemas logísticos.
2.1 LOGÍSTICA E
COMPONENTES Segundo Simchi-Levi (2009), o planejamento

LOGÍSTICOS da rede logística é o processo por meio do

OPERACIONAIS qual a empresa estrutura e administra a


sua cadeia de suprimentos, a fim de obter
Logística é o processo de planejar, imple- menores custos logísticos e de produção,
mentar e controlar de maneira eficiente o equilibrar incertezas, promovendo a gestão
fluxo e armazenagem de produtos, bem de estoques de maneira eficaz e um ótimo
como os serviços e informações associados, aproveitamento de recursos.
cobrindo desde o ponto de origem até o
de consumo, com o objetivo de atender os Para análise e caracterização de operações

requisitos do consumidor (NOVAES, 2007). logísticas, Melo e Alencar (2010), propu-

Bowersox et al. (2014) apontam também que seram uma classificação dos componentes

a logística se responsabiliza em projetar e logísticos sob o ponto de vista opera-

administrar sistemas para controlar o trans- cional, definindo os componentes instala-

porte e a localização geográfica dos esto- ções, estoques, transportes e informação

ques de matérias-primas, de produtos em (componentes operacionais), e sob o ponto

processo e acabados pelo custo mínimo total. de vista estratégico, onde foram definidos

Este objetivo de minimização alcança ativos custos e nível de serviço (componentes

financeiros e humanos aplicados na logística, operacionais). Tal proposição é bastante

assim como em despesas operacionais. alinhada com as abordagem de Chopra


e Meindl (2003) e Fleury et al. (2000) que
Com uma visão mais estratégica, Fleury definiram os fatores-chave da cadeia de
et al. (2000) incorporam o termo Logística suprimentos como sendo: estoques, trans-
Integrada e a entendem como mais que portes, instalações e informações. A seguir
uma atividade operacional, um centro de serão descritos aspectos os componentes
custos, evoluindo como ferramenta geren- logísticos operacionais que contribuem
cial, de um instrumento de marketing para com mais notável importância para o
uma fonte potencial de obtenção de vanta- desenvolvimento desta pesquisa.

120
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Para Novaes (2007), as Instalações físicas disponibilizando a quantidade desejada, a


fornecem os espaços destinados a manter fim de superar a concorrência, é o grande
as mercadorias até que sejam transferidas objetivo para uma boa gestão de estoques.
para lojas ou entregues aos clientes, sendo Para Bowersox (2014), as necessidades de
providas de facilidades para descarga dos estoque de uma empresa estão ligados
produtos, transporte interno e carrega- à rede de instalações e ao nível desejado
mento dos veículos de distribuição. Ballou para o serviço ao cliente.
(2007) diz que a determinação do número,
Schimi-Levi Kaminski e Simchi-levi (2009),
localizações e tamanho dessas instalações
ainda comentam que os estoques devem
e pela a atribuição de uma fatia de demanda
ser mantidos devido a mudanças inespe-
a cada uma delas é que se definem
radas na demanda do cliente, incertezas,
caminhos pelos quais os produtos são
os lead times e economias de escalas. Para
direcionados aos mercados. Esta questão
basear as tomadas de decisão e atender às
se adequa de acordo com os custos de
demandas de forma constante, a gestão de
toda movimentação dos produtos ao longo
estoques deve fazer previsão da demanda,
da cadeia produtiva. Estrategicamente, a
monitoramento do sistema e da quali-
escolha das instalações deve atender as
dade/capacidade do armazém.
demandas das atividades dos agentes da
cadeia produtiva de modo a alocar custos De modo a tornar esse componente
logísticos os mais baixos possíveis. mais otimizado para empresa, busca-se
adotar, de acordo com Fleury et al. (2000)
Em concordância, para Schimi-Levi
as seguintes questões básicas: quanto
Kaminski e Simchi-levi (2009), a localização
pedir?; quando pedir?; quanto manter
da instalação apresenta impacto direto
em estoques de segurança? e onde loca-
sobre a capacidade e os custos de serviço
lizar?, sendo necessário, para completar
ao cliente, já que uma instalação mais
essas indagações, considerar o valor agre-
próxima ao cliente reduz o tempo médio
gado dos produtos, a previsibilidade das
de trânsito, agregando valor de tempo e
demandas, as exigências dos consumi-
melhorando o nível de serviço.
dores finais, os prazo de entrega e a dispo-
Já os Estoques constituem o acúmulo de nibilidade do produto.
recursos materiais entre etapas de um
O Transporte é uma atividade necessária
processo de transformação, apresentan-
para a movimentação dos produtos de
do-se sob quatro tipos básicos: Estoques
uma fase a outra do processo, ou do local
de matérias-primas e suprimentos, esto-
de distribuição até o cliente. Porém, a
ques em processo, estoque de produto
forma como material ou bem será trans-
acabados e estoque de materiais para
portado depende das vantagens e desvan-
manutenção, reparo, consumo e movimen-
tagens relacionadas à infraestrutura de
tação (CORRÊA, 2004). Atender os clientes
transporte, do volume a ser transportado,
imediatamente, ou no menor tempo,

121
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

dos canais logísticos disponíveis, da confia- os diversos estágios de uma empresa ou


bilidade da entrega e dos custos de movi- da cadeia de suprimentos, acarretando a
mentação, além de poderem ser acrescidas possibilidade de colocar em prática bene-
outras variáveis (BERTAGLIA, 2009). Para fícios de maximização da lucratividade
se realizar o transporte, Novaes (2007) total da cadeia. Porém ainda é necessário
propõe que se conheçam as localizações o processamento dessas informações para
precisas dos clientes e, em alguns casos, definição de sua importância (quanto são
dos fornecedores. Com isso, executa-se a valiosas) para redução de custos.
roteirização dos veículos, definida por três
Ballou (2010) aponta que os custos com
fatores fundamentais: decisões relacio-
provisão da informação precisa e atuali-
nadas a alocação dos clientes e veículos;
zada ao longo da cadeia reduziram-se, ao
objetivos da roteirização, a fim de elevar os
contrário dos crescentes custos de mão de
níveis de serviço aos clientes; e restrições
obra e dos materiais. Implicando, assim,
do contexto, buscando sempre minimizar
em esforços para trocar recursos por infor-
os custos operacionais, respeitar tanto as
mações, os chamados Trade offs. A infor-
rotas eficientes quanto a capacidade dos
mação vem sendo usada para substituição
veículos utilizados.
de estoques, gerenciando processamentos
Devido a esses fatores é de extrema impor- de pedidos, com potencial redução de
tância que a análise deste componente custos logísticos para a empresa.
acarrete a melhor contribuição para a
empresa, pois, em muitos casos, a relação 2.2 CADEIA PRODUTIVA DO
com custo total em uma cadeia é maior PLÁSTICO
neste aspecto, necessitando de um geren-
ciamento eficiente para que sempre haja A Cadeia Produtiva de Materiais Plásticos
a maximização de agregação de valor de está presente em praticamente todos os
lugar ao cliente (BARBOSA JR. et al. 2009). setores da economia, sendo uma expres-
siva geradora de empregos para o país e,
A Informação sempre foi um elemento de consequentemente, contribuinte para a
vital importância ao desempenho logís- geração de renda. É interessante verificar
tico, porém seu papel atualmente tem sido que, atualmente, os plásticos constituem a
muito mais evidente na melhoria da estra- maioria dos bens de consumo, quer na sua
tégia competitiva das empresas. A transfe- totalidade, apenas em algumas partes ou
rência e o tratamento das informações hoje mesmo como embalagem (FIEPR, 2016).
em dia, permitem melhor gerenciamento
das organizações, além da prestação de A cadeia produtiva do plástico envolve as
um serviço de maior qualidade (SALLES indústrias geradoras de matérias primas
et al. , 2016). Dessa maneira, Chopra e básicas – 1º geração da indústria petro-
Meindl (2003) afirmam que a informação química, a indústria produtora de resinas
serve como mecanismo de conexão entre termoplásticas que representa a 2º geração

122
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

da indústria petroquímica e a indústria de com esse perfil que direcionam os movi-


transformação, fabricantes de produtos mentos tecnológicos e o crescimento do
plásticos para o consumidor final, repre- setor (ABIPLAST, 2015).
sentando a 3º geração na indústria petro-
A indústria de transformação de materiais
química. A indústria de transformação de
plásticos é composta por empresas que
plásticos, dentre todas as indústrias petro-
utilizam principalmente resinas plásticas
químicas, é a que possui a maior hetero-
como suas matérias-primas e fabricam
geneidade em relação às empresas que
produtos semiacabados ou acabados de
compõe o setor, em relação a tamanho,
diferentes formatos, cores e finalidades,
capacidade produtiva, ramos de atuação
para um amplo número de mercados de
etc. (BNDES, 2013).
indústrias e de consumo, tais como: agrí-
O setor de transformados plásticos reúne cola, alimentício, automobilístico, cosmé-
cerca de 11,6 mil empresas distribuídas em ticos, construção civil, eletroeletrônico,
todo o Brasil. Tais empresas são, em sua embalagens, farmacêutico e médico-hos-
maioria, micro e pequenas (93%), sendo pitalar (PADILHA E BOMTEMPO, 1999). A
apenas aproximadamente 760 os grandes empresa objeto de estudo neste artigo
players desse setor, que fazem parte de apresenta-se inserida na terceira geração
setores produtores em escala mundial, da cadeia produtiva do plástico, onde está
como o automotivo, alimentos e bebidas destacada na Figura 1, ilustrando-se como
que atendem padrões de qualidade segue o fluxo de transformação do produto
exigidos mundialmente. São empresas desde a matéria prima até a reciclagem.

Figura 1 - Terceira geração da cadeia produtiva do plástico.

Fonte: BNDES (2013)

123
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

É exatamente o segmento dos transforma- de produção de plástico), com o objetivo


dores plásticos que, a partir de processos de dar apoio teórico/técnico ao escopo do
industriais variados, utilizando-se de trabalho. Esta busca resultou no encontro
diferentes tecnologias (extrusão, sopro, de fontes como livros, órgãos do setor,
injeção, termoformagem, compressão, dissertações, teses, sites institucionais e
imersão), transformam os produtos artigos. Com a clara noção dos objetivos
da segunda geração petroquímica em propostos, em seguida, foram prospec-
produtos a serem consumidos e utilizados tadas informações dos principais envol-
pela população (SILVA, 2011). vidos no processo, por meio de entrevistas
não estruturados e visitas, para observa-

3. METODOLOGIA ções in loco, acompanhadas por funcionário


da empresa objeto de estudo de caso.
O presente trabalho adotou uma pesquisa
exploratória, devido a necessidade de Para este estudo, buscaram-se dados e

identificar fatores que determinam ou informações com intuito de analisar todos

contribuem para a ocorrência dos fenô- os recursos envolvidos nos processos

menos e, para tal, utilizou-se como proce- produtivos e alocação destes recursos

dimento técnico um estudo de caso de aos componentes logísticos operacionais.

caráter qualitativo (GIL,2008). Assim, analisando-se todas as atividades


do processo produtivo, foi feita a avaliação
Essa metodologia se fez necessária pelo e proposição de um diagnóstico atual,
objetivo de se caracterizar os componentes sob o ponto de vista logístico, da situação
logísticos e, com isso, avaliar os seus atuais na qual a empresa estudada se encontra
desempenhos, de forma a propor potenciais e, também, foram propostas possíveis
melhorias capazes de resultar em diminui- melhorias, por meio da promoção de alte-
ções de custos para a organização. Para tal, rações no arranjo logístico atual.
esta pesquisa foi dividida em duas etapas:
(1) elaboração de uma estrutura de referen-
4. RESULTADOS E
cial teórico sobre aspectos logísticos opera-
DISCUSSÕES
cionais, para que fosse possível (2) analisar
e caracterizar os componentes logísticos,
com intuito de identificar problemas (diag-
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA
nóstico) e direcionar potenciais soluções
EMPRESA
(proposição de melhorias). No setor das embalagens plásticas flexíveis,
a empresa em estudo atua no ramo cerca
O início da pesquisa teve a preocupação de
de 20 anos e surgiu para verticalizar outra
identificar na literatura disponível os princi-
atividade realizada por ela: a produção de
pais trabalhos/pesquisas já desenvolvidos
papel. As demandas no mercado da região
referentes aos temas relacionados (Logís-
metropolitana de Belém do Pará, na qual
tica, Componentes logísticos e Indústria

124
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

a indústria atua, cresceram. A oportuni- da chegada dos insumos no armazém


dade de desenvolver a produção de uma da empresa o qual é movimentado dos
linha de produtos na área de alimentícios armazéns de matérias primas para a linha
coextrudados, higiene e limpeza, sacolas de produção de acordo com a demanda
de supermercados e sacolas diferenciadas de cada cliente. O produto acabado é
consolidou-se e a empresa hoje conta com distribuído ao cliente a montante, sendo
clientes fi xos e sazonais. possível ser esse uma outra indústria ou
um varejista.
Analisando a empresa, identifi cou-se que
esta se benefi cia de uma economia de Já o fl uxo de informações é identifi cado pelo
escopo, com a utilização de uma mesma processamento de pedidos a jusante, soli-
matéria prima e parte da linha de produção citando matéria prima para o fornecedor,
se mantendo única até ponto os produtos conforme as especifi cações da demanda
se diferenciam, conforme especifi cações a montante, que é composta por clientes
do cliente. fi xos e sazonais. Logo, o fl uxo fi nanceiro
acontece em ambos os sentidos, jusante e
O fl uxo logístico interno abrange as
montante. Seguindo a linha de raciocínio
atividades dos setores de suprimentos,
abordada anteriormente, na Figura 2 foi
produção e distribuição conduzidos por
proposto um diagrama de fl uxos esque-
fl uxos de informações, materiais e fi nan-
mático para ilustrar todos fl uxos conside-
ceiro. O fl uxo dos materiais inicia-se a partir
rados na pesquisa.

Figura 2 - O fl uxo logístico interno da empresa.

Fonte: Autores (2017)

4.2 ANÁLISE DE A partir da análise do atual ambiente


COMPONENTES produtivo da empresa, foram identifi cados
LOGÍSTICOS E os recursos e componentes logísticos, e
PROPOSIÇÃO DE caracterizado o arranjo logístico desenvol-
MELHORIAS vido, conforme a confi guração atual destes
recursos no processo produtivo.

125
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

No que diz respeito a atual instalação, de ressuprimento, a empresa desenvolve


em nenhum momento foi realizado espe- entregas diárias com uma frota de dois
cificamente o estudo de localização, veículos (1 Kombi com capacidade de trans-
buscando-se vantagens competitivas, portar de 600 kg e 1 caminhão truck 3x4
pois o objetivo principal era se instalar o com capacidade de transportar 3500 kg).
mais próximo possível de uma indúdtria A partir dessa análise e de entrevistas não
de papel (pertencente ao mesmo grupo estruturadas com os colaboradores envol-
empresarial), vinculada a esta organi- vidos no processo de entrega do produto
zação. Apesar de não ter realizado um acabado, constatou-se que, nesta empresa
estudo prévio para definir o melhor lugar se adota um sistema de distribuição “um
para suas operações, a localização atual para muitos”
da instalação objeto de estudo propor-
A empresa possuiu uma plataforma de
ciona custos reduzidos relacionados ao
software desenvolvida para integrar os
transporte de produto acabado aos atuais
diversos departamentos (tipo ERP), imple-
clientes. A organização possui apenas uma
mentada com a proposta de possibilitar
instalação, na qual ocorre todo o processo
o controle e armazenamento de todas as
de fabricação das embalagens plásticas e
informações de negócios, resultando em
estocagem de matéria prima (polietileno).
um fluxo de informações único, contínuo
Como a produção de embalagens plásticas
e consistente. O investimento nessa plata-
é puxada, não há estoques de produtos
forma de tecnologia de informação (TI)
acabados, entretanto, existe os estoques
ocorreu em 2014, com os departamentos
referentes a matéria prima.
ainda se adaptando a essa tecnologia de
A matéria prima é transportada pelos informação e proporcionando feedbacks
fornecedores até a instalação pelo modais para proposição de melhorias dessa tecno-
rodoviários e fluvial. O modal rodoviário logia, objetivando aumentar o seu aprovei-
tem o objetivo de abastecer os estoques tamento. A organização possui um setor
de insumos com suprimentos rápidos e exclusivo para promover a comunicação
em quantidades baixas (13 a 25 toneladas) entre fábrica e fornecedor, como os forne-
para atender a necessidade da produção cedores não estão integrados com a mesma
após os estoques atingirem o ponto de TI da empresa em estudo, os pedidos são
pedido, apresentando um prazo de repo- feitos através de emails e por telefone, sob
sição de 4 a 7 dias. Já o modal fluvial é utili- supervisão do gerente de suprimentos. No
zado para ressuprimentos de quantidades Quadro 1 é apresentado o arranjo logístico
elevadas (200 toneladas) para concretizar atualmente desenvolvido pela empresa,
um pedido baseado em lote econômico, por meio da caracterização de seus compo-
embora o tempo de entrega seja maior nentes logísticos operacionais.
(20 a 25 dias), sendo acionado a partir da
chegada dos estoques no ponto de pedido.
Tendo clientes que exigem um curto tempo

126
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Quadro 1 - Caracterização do arranjo logístico atualmente desenvolvido pela empresa


objeto de pesquisa
Componentes opera-
Arranjo logístico atual
cionais
Instalação única, próxima a outra empresa do grupo e aos clientes,
Instalações
e com grande capacidade de armazenagem

Elevados, centralizados e compostos apenas por matérias primas


Estoques
(sistema empurrado para suprimento e puxado para distribuição)
Suprimento - Rodoviário (+ rápido e + frequentes) para pequenas
quantidades ou Fluvial (+ lentos e - frequentes) para grandes quan-
Transportes tidades;

Distribuição - Diárias, tipo “um para muitos”, apenas 2 veículos


TI tipo ERP, com integração interna, mas ainda em evolução; Se-
tor exclusivo para integração com fornecedores, mas ainda com
Informações
pouca integração; Pedidos ainda executados por email ou telefone
(gerente de suprimentos)
Fonte: Autores (2017)

A análise detalhada dos componentes da frequência de viagens para ressupri-


operacionais proporcionou a identificação mento, ambas ligadas diretamente aos
de potenciais melhorias, em especial, iden- custos de fretes. Entretanto, para viabilizar
tificou-se a necessidade de utilização de tal proposta, faz-se necessária ainda maior
apenas um modal e redução da frequência atenção com a capacidade de armaze-
para ressuprimento de insumos, visto que nagem, para suportar possíveis aumentos
a utilização do modal rodoviário ocorre nas quantidades de matérias primas por
basicamente por falhas em previsões de entrega, uma vez que, atualmente, uma
ressuprimentos e que o uso deste modal parte dos estoques já tem sido armaze-
proporciona atualmente custos logísticos nada em instalação anexa, gerando ainda
que podem ser evitados. Mas, para tal, será custos adicionais com a movimentação de
necessário maior envolvimento com forne- materiais. O alto mix de produtos e o curto
cedores e clientes a partir da melhor gestão período de entregas (1 dia), exige ainda
de relacionamentos com estes, com o intuito maior integração com clientes, também
de reter informações mais detalhadas de para um planejamento de entregas rápidas,
suprimentos e demandas, resultando em com cargas consolidadas, e a execução de
previsões potencialmente mais precisas. rotas potencialmente capazes de propor-
cionar reduções de custos de transporte
A melhor qualidade dessas informa-
associados. No Quadro 2, novamente por
ções viabilizará o recálculo de pontos de
meio dos componentes logístico opera-
pedidos e níveis de estoques, bem como
cionais, são apresentadas as sugestões de
a maior sincronização entre suprimentos
melhorias baseadas no contexto atual das
e produção, viabilizando apenas os ressu-
atividades logísticas.
primentos por modal fluvial e a diminuição

127
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Quadro 2 – Melhorias propostas ao arranjo logístico atualmente desenvolvido pela


empresa objeto de pesquisa
Componentes opera-
Melhorias propostas ao arranjo logístico atual
cionais
Maior atenção com a capacidade de armazenagem para suprimen-
Instalações tos potencialmente de maiores quantidades (suprimento apenas
via fluvial)
Maior atenção com os níveis potencialmente mais elevados (supri-
Estoques
mento apenas via fluvial)
Suprimentos apenas por fluvial (+ lentos e - frequentes) e com
Transportes maiores volumes de insumos; Distribuição consolidada e com ro-
teirização
Mais integração interna (suprimentos e produção) e externa (com
clentes e fornecedores), para manutenção de capacidade de arma-
Informações
zenagem e de níveis de estoques de insumos e para viabilizar tan-
to a consolidação de cargas quanto a roteirização nas entregas
Fonte: Autores (2017)

As informações levantadas sobre o arranjo arranjo logístico entre os componentes


logístico atual (Quadro 1), combinadas com logísticos operacionais. No Quadro 3 é apre-
sugestões de alterações propostas para sentado um comparativo entre os arranjos
melhorias (Quadros 2), se implementadas, logísticos atual e proposto, caso as melho-
resultariam na proposição de um novo rias sugeridas fossem implementadas.

Quadro 3 – Comparação entre os arranjos logísticos atual e proposto

Componentes
Arranjo logístico atual Arranjo logístico proposto
operacionais
Instalação única, próxima a outra Maior atenção com a capacidade de
empresa do grupo e aos clientes, e armazenagem para suprimentos po-
Instalações
com grande capacidade de armaze- tencialmente de maiores quantidades
nagem (suprimento apenas via fluvial)
Elevados, centralizados e compostos
Maior atenção com os níveis poten-
apenas por matérias primas (sistema
Estoques cialmente mais elevados (suprimento
empurrado para suprimento e puxa-
apenas via fluvial)
do para distribuição)
Suprimento - Rodoviário (+ rápido e
+ frequentes) para pequenas quan- Suprimentos apenas por fluvial (+
tidades ou Fluvial (+ lentos e - fre- lentos e - frequentes) e com maiores
Transportes quentes) para grandes quantidades; volumes de insumos; Distribuição
consolidada e com roteirização
Distribuição - Diárias, tipo “um para
muitos”, apenas 2 veículos
Mais integração interna (suprimentos
TI tipo ERP, com integração interna,
e produção) e externa (com clentes
mas ainda em evolução; Setor ex-
e fornecedores), para manutenção
clusivo para integração com forne-
de capacidade de armazenagem e
Informações cedores, mas ainda com pouca in-
de níveis de estoques de insumos e
tegração; Pedidos ainda executados
para viabilizar tanto a consolidação
por email ou telefone (gerente de
de cargas quanto a roteirização nas
suprimentos)
entregas
Fonte: Autores (2017)

128
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

5. CONSIDERAÇÕES FI- nentes logísticos, quando se propõe solu-

NAIS ções para um componente logístico, uma


das consequências são possíveis impactos
Com as observações in loco da rotina na e mudanças nos comportamentos dos
fábrica de embalagens plásticas, objeto demais componentes.
desta pesquisa, foi possível analisar os
componentes logísticos associados ao Para os problemas levantados, a proposta

seu processo produtivo e isso possbilitou de melhoria perpassou pela busca por

também propor melhorias nas práticas aumento da integração entre os elos

logísticas atualmente desenvolvidas. internos (suprimentos e produção) e

Observou-se claramente a necessidade externos (fornecedores e clientes) da

de se realizar um processo constante de cadeia, por meio do auxílio da tecnologia

aprimoramento em seus componentes, da informação (TI) já instalada, uma vez

para que as atividades-chave desta orga- que, com essa maior integração, será

nização se realizem com maior eficiência. possível alcançar vantagens competitivas

É importante enfatizar que, a partir dos recíprocas (ganha-ganha) e baseadas

dados levantados, alguns componentes em redução de incertezas que potencia-

logísticos tiveram suas modificações prio- lizam melhor aproveitamento de recursos

rizadas devido aos potenciais níveis (altos) (tempos, veículos, instalações etc.) e

de agregação de valor proporcionados por redução de custos logísticos.

tais mudanças.
Com esta pesquisa foi possível identificar

No que diz respeito a instalação, apesar que, como a empresa objeto de estudo

de não ter ocorrido um estudo de loca- atua com produção puxada e consolidação

lização, tal empresa conseguiu se posi- de cargas nas entregas, as demandas

cionar estrategicamente e, por conse- da fábrica e dos clientes precisam estar

quência, ter acesso ao mercado da Região mais sincronizadas, para reduzir riscos de

Metropolitana de Belém. Algumas ques- rupturas e, consequentemente, de atrasos

tões foram mais preocupantes, de acordo nas entregas; visto que, é essencial um

com a análise estabelecida, como: a utili- planejamento bem estruturado, para não

zação de um espaço anexo, ou seja, fora haver viagens além do necessário, acarre-

das instalações principais, para armazenar tando em aumentos dos custos de trans-

e estocar matérias primas excedentes; e a porte. A consolidação e a consequente

utilização do modal rodoviário para ressu- roteirização nas entregas depende de

primento de estoques de segurança. Tais informações e da colaboração de muitas

atividades geram custos logísticos (trans- áreas da empresa e também de clientes,

portes e instalações) adicionais para a para estar de acordo com os níveis de

empresa, sem, entretanto, agregar valor serviço estabelecidos.

significativo ao processo. Mas, como há


relações de dependência entre os compo-

129
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Assim, o presente trabalho proporcionou [ 4] . BALLOU, Ronald H. Logística empre-


a geração de conhecimento capaz de auxi- sarial, transportes, administração de
liar o suporte a decisões, com benefícios materiais, distribuição física. 1. Ed. São
potenciais à empresa estudada por meio Paulo: Atlas, 2010.
da proposição de melhorias ao seu arranjo
[ 5] . BARBOSA JR, I. O.; LEITAO, D. R. C. &
logístico e potencialização de desempenho
MELO, A. C. S. Análise da Cadeia Produ-
das atividades logísticas envolvidas. A
tiva do Setor de Carnes Bovinas do
caracterização dos componentes logísticos
Estado do Pará: um estudo focado no
operacionais se mostrou importante para
desempenho logístico a luz da etapa de
a análise dos arranjos logísticos praticados
abate. XXIX ENEGEP - Encontro Nacional de
e para proposição de melhorias logísticas
Engenharia de Produção. Salvador. 2009.
voltadas a proposição de alternativas para
melhorar o desempenho das atividades [ 6 ] . BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística
primordiais ao cumprimento dos objetivos e gerenciamento de cadeia de abasteci-
de produção da empresa, criando oportu- mento. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
nidades para estudos futuros, como a defi-
nição de um novo ponto de pedido, baseado [ 7] . BNDES – Banco Nacional de Desenvol-
em informações de demandas reais ou vimento. A indústria de transformação de
um sistema de planejamento de entregas, plásticos e seu desempenho recente. 2013.
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Paulo: Prentice Hall, 2003.
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materiais, distribuição física. São Paulo: [ 1 1 ] . FIEPR – Federação das Industrias do
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130
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

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4, p. 86-91, 1999. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/po/v9n4/6187.pdf>.
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da informação (telemetria) na gestão
de frota: um estudo de caso em uma
empresa de transportes de médio porte
do interior do Estado de São Paulo.
ABEPRO, 2016.

131
ANÁLISE
MULTICRITÉRIO
EM GESTÃO DE
ESTOQUES APLICADA
AOS PRINCIPAIS
SETORES PRODUTIVOS
BRASILEIROS

Társila Micaela Oliveira de Moura


Leandro Reis Muniz

RESUMO
A decisão de estocar ou não, envolve escolha entre ter baixos valores imobilizados em estoque e
oportunidade de investir o capital ou arriscar não possuir o estoque para atendimento imediato
ao cliente. Através de revisão de literatura, com mais de 30 publicações, foram identificados
importantes critérios para auxílio na tomada de decisão de quais itens estocar e porquê esto-
ca-los. O estudo reuniu 50 critérios, que tiveram sua aplicabilidade analisada em cinco setores
produtivos brasileiros. Sendo 20 critérios aplicáveis na agricultura (soja, maior produção em
toneladas), 21 na pecuária (abate bovino, maior valor de venda da produção), 23 na indústria
extrativa mineral (minério de ferro, maior arrecadação no CFEM), 22 na construção civil, destaque
na economia durante vários anos, e 25 na indústria de transformação (alimentos, maior parti-
cipação no setor). Entretanto, 25 critérios selecionados não são adequados a nenhum desses
setores. Por fim, apresentou-se as técnicas VED e Cut Off Point que são usadas para escolha
dos critérios e redução dos números dos mesmos para a decisão de estocagem. A primeira
utiliza-se da classificação vital, essencial e desejável, sendo possível adotá-la em apenas 23
dos critérios pesquisados, enquanto a outra considera as necessidades da empresa por meio
de médias ponderadas, portanto aplicada em qualquer critério em um primeiro momento. A
análise multicritério para tomada de decisão mostra-se uma importante e viável alternativa na
gestão de estoque por considerar as várias perspectivas internas e externas à empresa que
afetam o processo no momento de optar ou não pela estocagem.

Palavras-chave

Estoques, Decisão, Multicritérios.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1. INTRODUÇÃO cionais, diversos estudos da literatura vêm


explorando o uso de técnicas multicritério
O cenário empresarial tem se mostrado de natureza matemática, estatística ou de
cada vez mais competitivo, seja em âmbi- inteligência artificial, para apoiar as decisões
to local, nacional ou internacional, devido para classificação de estoques e agregar no-
à enorme quantidade e diversidade de vas características aos modelos existentes.
produtos ofertados, agregado à demanda Exemplos dessas técnicas incluem AHP, fuz-
instável, exigindo das empresas uma cons- zy AHP, DEA (Data Envelopment Analysis), al-
tante busca por vantagens competitivas goritmo genético, VED, Cut off Point e redes
para se manter e destacar nesse mercado neurais artificiais.
de incertezas.
Segundo Roda et al. (2014) não existe na li-
Nesse cenário, o cuidado com a gestão de teratura um acordo sobre quais os critérios
estoque tem se destacado, visto que envolve mais adequados a serem utilizados na to-
altas quantias financeiras, além de, segundo mada de decisão de estoques. Assim, este
Dias (2012), apud Alves (2017), ser indispen- estudo assinalou os critérios mais importan-
sável para que o processo de produção e tes, fundamentado na literatura publicada,
vendas das organizações operem com nú- bem como analisou a aplicabilidade desses
mero mínimo de preocupações possíveis. critérios nos principais setores produtivos
brasileiros e nos métodos multicritérios VED
Vendrame (2008), apud De Oliveira (2011), e Cut off point.
afirma que gestão de estoque consiste em
uma série de ações que possibilitam ao
2. METODOLOGIA
administrador apurar se os estoques es-
tão sendo bem utilizados, bem localizados O trabalho foi desenvolvido por meio de
em relação aos setores que deles utilizam, uma pesquisa bibliográfica, revisão críti-
bem manuseados e bem controlados. ca e aplicação dos conceitos. As principais
etapas foram:
Para realizar uma gestão eficiente, deve-se
conhecer os motivos pelos quais forma-se a) Pesquisa bibliográfica a respeito das me-
o estoque, isto é, quais os critérios que tor- lhores práticas concernentes aos procedi-
nam válida a armazenagem de determina- mentos e técnicas para a tomada de deci-
do material. Um vez que, caso a decisão de sões relacionadas a critérios de estocagem;
estocagem seja realizada de forma errada,
o nível de serviços ao cliente pode ser im- b) Revisão crítica acompanhada da sele-
pactado negativamente. ção e exclusão de critérios redundantes;

Segundo Lima Jr. et. al (2014), objetivando c) Classificação dos critérios nos setores
alcançar melhores resultados que os mé- produtivos selecionados conforme resulta-
todos de classificação de estoques tradi- do da pesquisa;

133
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

d) Pesquisa do conceito e aplicabilidade acordo com um particular “eixo de signifi-


dos métodos multicritérios VED e Cut off cância” ou com um “ponto de vista”.
Point;
As publicações selecionadas e analisadas
e) Análise dos resultados. mostram o resultado de mais de uma dé-
cada de pesquisas e retratam a aplicabili-

3. REVISÃO DE dade dos critérios em diversos cenários

LITERATURA e setores: peças sobressalentes e de re-


posição, construção civil, indústria farma-
Segundo Roy (1996), apud Szajubok et al. cêutica, fábrica de azulejos, hospital, entre
(2006), chama-se critério uma “ferramen- outros. Os resultados alcançados estão ex-
ta” que permite comparar alternativas de postos na Tabela 1:

Tabela 1 - Critérios de decisão

C r i té r ios de estoc agem


Custos de adição do item ao sistema
1 Problema de qualidade 26
de gestão
2 Perda de Produção 27 Disponibilidade
3 Efeito dominó 28 Substituibilidade
Aspectos ambientais e de segu-
4 29 Capacidade de ser estocado
rança
Número de componentes
5 30 Processo de compra
idênticos na planta
Taxa de utilização / valor de
6 31 Acuracidade dos pedidos
uso
Frequência / probabilidade de Número de pedidos para o item em
7 32
falha um ano
Volume de demanda / previsi-
8 33 Segurança do abastecimento
bilidade
9 Data de validade 34 Capacidade do estoque
10 Redundância 35 Custo de ordenação
11 Preço / custo unitário médio 36 Custo de manutenção do inventário
12 Taxa de obsolescência 37 Seguros
13 Problemas de deteriorização 38 Colocação de capital
14 Lead time 39 Grau de relação ao core business
Possibilidade de reparação in-
15 40 Fornecedor
terna / custo
16 Tempo mascarado 41 Custo de reposição
17 Peças padrão 42 Custo de oportunidade de capital
18 Criticidade / impacto da falta 43 Seguros
19 Confiabilidade do material 44 Custo de Frete

134
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

C r i té r ios de estoc agem


20 Ciclo de vida 45 Custo do Recebimento e inspeção
21 Peso 46 Custo de preparação de máquinas
22 Reparabilidade 47 Localização geográfica do fornecedor
23 Última data de utilização 48 Tempo de permanência em estoque
24 Durabilidade 49 Status atual do item
Custo de armazenagem do
25 50 Uso de dólar anual
item
Fonte: Elaboração própria

A Tabela 2 expõe os critérios conforme pu- Fonte: Elaboração própria


blicações em que são citados:

Tabela 2 - Citação de critérios de decisão em publicações científicas

P u bl i ca çõ e s Critérios c itados
BACCHETTI et al. (2012) [8], [11], [17], [18], [19], [20], [21], [22]
BOTTER et al. (2000) [6], [11], [14], [18], [20], [22]
CHEN (2011) [8], [11], [14], [18], [24], [28], [50]
CHEN et al. (2008) [12], [14], [18], [22], [28], [50]
CHU et al. (2008) [6], [12], [14], [18], [28], [49]
DOS SANTOS et al. (2006) [8], [12], [14], [24], [28]
FIRMO (2015) [6], [8], [11], [14], [18], [19], [48]
GUVENIR et al. (1998) [11], [14], [22], [24], [28], [29], [32]
HADI-VENCHEH et al. (2011) [6], [8], [9], [11], [12], [14], [18], [22], [24], [29], [50]
KABIR et al. (2012) [8], [11], [14], [18], [22], [23], [24], [27], [28], [35], [40]
KABIR et al. (2011) [8], [11], [18], [23], [24]
LADHARI et al. (2015) [8], [14], [18], [19], [22], [24], [28], [29], [32]
LIMA JR, et al. (2014) [12], [14], [22], [24], [25], [27], [28], [29], [30], [31]
LIU et al. (2006) [8], [11], [14]
NG et al. (2007) [8], [12], [18], [22], [24], [25], [28], [32], [34], [50]
PARK et al. (2011) [11], [14], [18], [25], [28], [32], [50]
PARTOVI et al. (2002) [8], [11], [14], [35]
POVOA (2013) [9], [12], [18], [34], [42], [43], [44], [45], [46]
RAMANATHAN (2006) [8], [12], [14], [18], [22], [24], [25], [28], [29], [32], [50]
REGO et al. (2011) [8], [14], [25], [26], [41]
[8], [11], [12], [14], [18], [22], [24], [25], [27], [28], [29], [32], [33],
REZAEI (2007)
[34]
[1], [2], [3], [4], [5] , [6], [7], [8], [9], [10], [11], [12], [13], [14], [15],
RODA et al. (2014)
[16], [17]
SOYLU et al. (2014) [11], [14], [18], [22], [24]
STOLL et al. (2015) [27], [36], [47]
SURYADI (2003) [6], [8], [9], [11], [14], [18], [27], [28], [37], [38], [39]
SURYADI (2007) [6], [9], [14], [18], [25], [27], [33], [36]
SZAJUBOK et al. (2006) [11], [14], [18]

135
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

P u b l i ca çõ e s Critérios c itados
TORABI et al. (2012) [11], [24], [28]
YU (2011) [8], [11], [12], [14], [24], [25], [35]
ZHOU et al. (2007) [8], [11], [14], [18]
Fonte: Elaboração própria

Entre os 50 critérios estabelecidos, os que preço / custo médio unitário e volume de de-
foram citados com maior frequência fo- manda / previsibilidade, conforme ilustrado
ram: lead time, criticidade / impacto da falta, na imagem abaixo:

Figura 1 - Quantidade de vezes que cada critério foi citado

Fonte: Informe mineral 2º/2015

Os critérios que não aparecem no gráfico da.  Porém, o destaque é a Soja [A], que
foram citados apenas uma vez. possui participação de 48,4% da produção
de cereais, leguminosas e oleaginosas na
Para posteriormente avaliar a aplicação safra de 2017, entre 14 variedades (IBGE,
dos critérios selecionados em setores pro- 2017), como é ilustrado na tabela 3:
dutivos, foram escolhidos destaques na
economia brasileira:

_ Agricultura: Entende-se como agricultu-


ra o conjunto de técnicas concebidas para
cultivar a terra, a fim de obter produtos do
mesmo. No Brasil, devido a extensão do
território com ampla diversidade climáti-
ca, apresenta-se produção agrícola varia-

136
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Tabela 3 - Produção agrícola

Área %Par- Produç ão ( t) %Par-


Prod uto s a g r í co l a s
( há) tic . tic .
Algodão herbáceo (caroço de algo-
dão) 964.073 1,6 2.271.861 1,0
Amendoim (em casca) - Total 136.050 0,2 438.033 0,2
Amendoim (em casca) 1ª safra 122.501 0,2 411.178 0,2
Amendoim (em casca) 2ª safra 12.549 0,0 26.855 0,0
Arroz (em casca) 1.963.019 3,3 11.639.426 5,3
Aveia (em grão) 335.778 0,6 688.142 0,3
Centeio (em grão) 3.376 0,0 5.933 0,0
Cevada (em grão) 99.388 0,2 325.727 0,1
Feijão (em grão) - Total 3.078.236 5,1 3.387.228 1,5
Feijão (em grão) 1ª safra 1.744.010 2,9 1.583.352 0,7
Feijão (em grão) 2ª safra 1.143.250 1,9 1.332.429 0,6
Feijão (em grão) 3ª safra 190.976 0,3 471.447 0,2
Girassol (em grão) 58.161 0,1 82.355 0,0
Mamona (baga) 39.446 0,1 19.883 0,0
Milho (em grão) - Total 16.630.460 27,8 88.014.130 39,8
Milho (em grão) 1ª safra 5.631.245 9,4 29.662.612 13,4
Milho (em grão) 2ª safra 10.999.215 18,4 58.351.518 26,4
Soja (em grão) 33.708.401 56,3 107.039.408 48,4
Sorgo (em grão) 657.888 1,1 1.893.862 0,9
Trigo (em grão) 2.158.826 3,6 5.487.087 2,5
Triticale (em grão) 22.815 0,0 58.336 0,0
Total 59.855.017 100,0 221.351.411 100,0
Fonte: Indicadores IBGE – Estatística da Produção Agrícola (janeiro de 2017)

_ Pecuária: A produção pecuária corres-


ponde ao conjunto de técnicas utilizadas
e destinadas à criação e reprodução de
animais domésticos com fins econômicos.
Produz importantes matérias-primas que
abastecem as agroindústrias, como carnes
para frigoríficos, peles na indústria de cou-
ro, leite para laticínios e muitos outros. Con-
forme a tabela 4, o abate bovino [B], foi a
atividade que apresentou maior valor mo-
netário no ano de 2016. (IBGE, 2017)

137
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Tabela 4 – Produção da pecuária

P re ço (Co-
At i vi da d e t a çã o e m Quantidade Valor total
23/02/2016)
Leite 23.170.000.000
R$ 1,30 - (R$/litro) litros R$ 30.023.686.000,00
Ovos de galinha 3.100.000.000 dú-
R$ 3,13 - (R$/dúzia) zias R$ 9.703.000.000,00
Abate bovino R$ 140,28 - (R$/@) 7.350.000 t R$ 70.192.525.018,72
Abate suíno R$ 4,62 - (R$/Kg) 3.710.000 t R$ 17.140.200.000,00
Abate de frango R$ 3,12 – (R$/Kg) 13.250.000 t R$ 41.340.000.000,00
Fonte: Adaptado de Indicadores IBGE – Estatística da Produção Pecuária (março de 2017)

_ Indústria extrativa mineral: O extrativis- da CFEM (Compensação Financeira pela


mo mineral, ou mineração, é a atividade Exploração de Recursos Minerais) no 2º
econômica que consiste na obtenção dos semestre de 2015, uma contraprestação,
minérios em seu estado natural. No Bra- proporcional, paga à União pelo aprovei-
sil, as vendas do Minério de Ferro [C] fo- tamento econômico dos recursos minerais
ram responsáveis por 53,5% das receitas (DNPM, 2015)

Figura 2 - Participação das principais substâncias na arrecadação de CFEM no 2º


semestre de 2015

Fonte: Informe mineral 2º/2015

138
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

_ Indústria de transformação: como o lugar entre os cinco setores mais repre-


nome indica, transforma matéria-prima sentativos quanto a participação no valor
em um produto final ou intermediário da transformação industrial em 2014 (ima-
para outra indústria de transformação. Ali- gem 3). (CNI, 2017)
mentos e bebidas [D], ocupou o primeiro

Figura 3 - Setores da indústria de transformação

Fonte: A indústria em números (2017)

_ Construção Civil [E]: abrange toda e qual- restauração. Destaque na indústria nos úl-
quer atividade relacionada à produção de timos anos pela sua participação na classe,
obras, incluindo as funções de planeja- conforme números ilustrados na tabela 5.
mento, projetos, execução, manutenção e (IBGE, 2016)

Tabela 5 – Participação das classes no PIB


Esp e ci fi ca çã o 2010 2011 2012 2013 2014 201 5
Agropecuária 4,8 5,1 4,9 5,3 5 5
Indústria 27,4 27,2 26 24,9 23,8 22,3
Extrativa mineral 3,3 4,4 4,5 4,2 3,7 2
Transformação 15 13,9 12,6 12,3 12 11,8
Prod. e distrib, de eletricidade, gás,
2,8 2,7 2,4 2 1,9 2,7
água e esgoto
Construção 6,3 6,3 6,5 6,4 6,2 5,9
Serviços 67,8 67,7 69,1 69,9 71,2 72,7
Comércio 12,6 12,9 13,4 13,5 13,6 12,8
Transporte, armazenagem e correio 4,3 4,4 4,5 4,5 4,6 4,5
Serviços de informação 3,8 3,7 3,6 3,5 3,4 3,2

139
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Tabela 5 – Participação das classes no PIB


Internet, financeira, seguros, prev-
6,8 6,4 6,4 6 6,4 7,3
complem. e ser. rel.
Atividades imobiliárias 8,3 8,4 8,8 9,2 9,3 9,7
Outros serviços 15,7 15,9 16,5 16,9 17,4 17,7
Adm., saúde e educação públicas 16,3 16,1 15,9 16,4 16,4 17,4
Valor adicionado a preços básicos 100 100 100 100 100 100
Impostos sobre produtos 17,7 17,6 17,8 17,1 16,2 16,4
PIB e preços de mercado 117,7 117,6 117,8 117,1 116,2 116,4
Fonte: Indicadores do IBGE – Contas Nacionais Trimestrais (2016)
Métodos de decisão multicritério (ou méto- blemática de referência (Gomes et al. 2002,
dos MCDM – Multicriteria Decision Making), apud Szajubok et. al 2006). Nessa pesquisa
segundo Lima Jr et. al. (2014), são técnicas os métodos que tiveram sua aplicabilidade
quantitativas que permitem realizar a ava- verificada foram Cut off Point e VED.
liação de diversas alternativas considerando
múltiplos critérios simultaneamente. Os mo- O método Cut off Point, abordado por Hi-
delos multicritério de apoio a decisão têm dayat et. al 2007, é usado para a redução do
sido aplicados a uma grande quantidade número de critérios relacionados à decisão
de problemas de planejamento de produ- de estocagem. O processo consiste em lis-
ção, tais como: planejamento agregado da tar todos os critérios a serem classificados
produção, balanceamento da linha de mon- e reunir um grupo de steakeholders para
tagem (Malakooti, 1989; Yang et al. 1988, combinar as necessidades da empresa. Os
apud Szajubok et. al (2006)), problemas de envolvidos devem categorizar os critérios
layout, produtos e planejamento de pro- em: “não importante - 1”, “pouco importan-
cesso (Agrell, 1994; Yoshimura et al. 1989, te - 2” e “muito importante - 3”.
apud Szajubok et. al (2006)) e controle de
Em seguida analisa-se a proporção das res-
inventário. (SZAJUBOK et. al 2006)
postas, ou seja, é multiplicado o percentual
Roy (1996) distinguiu quatro problemáti- de pessoas que optaram por cada classi-
cas básicas que podem ser consideradas ficação pelo respectivo peso, para obter a
quando um problema de decisão multicri- pontuação final. O valor alvo (mínimo) que
tério é modelado: escolha, classificação, definirá quais critérios serão considerados,
ordenação e descrição. Neste estudo as será a média entre os critérios com maior
problemáticas em análise foram escolha e e menor valor.
classificação. (SZAJUBOK et. al 2006)
(1)
A escolha do método empregado depende
Onde:
do tipo de problema em análise, do con-
texto estudado, dos atores envolvidos, da
Critério n = critério analisado
estrutura de preferências e do tipo de res-
posta que se deseja alcançar, ou seja, a pro- P = Categoria do critério

140
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

p = proporção das respostas dos steakehol- selecionados. Por se tratar de um método


ders de classificação qualitativo, o mesmo de-
pende diretamente das ponderações subje-
tivas do responsável pela classificação.
(2)

Onde:
4.DESENVOLVIMENTO

Entre os 50 critérios pesquisados, 20 crité-


Mcritério: maior resultado encontrado
rios são aplicáveis no plantio de soja, 21 no
para a equação anterior
abate bovino, 23 na indústria extrativa de
mcritério: menor resultado encontrado minério de ferro, 22 na construção civil e
para a equação anterior 25 na indústria de alimentos e bebidas.

O modelo mais aceito para análise de cri- No quadro abaixo estão apontados quais
ticidade é a classificação VED, sendo os critérios são aplicáveis em cada setor sele-
materiais catalogados como Vitais, Essen- cionado:
ciais ou Desejáveis. Os materiais Vitais são
Tabela 6 – Aplicação dos critérios nos
aqueles cuja falha/falta provoca elevados
setores
custos de paragem, graves danos na efi-
ciência de todo o processo produtivo e na
Crité-
qualidade dos produtos. Os materiais Es- rios de Aplic abilidade nos
senciais conduzem a uma perda significa- estoc a- setores
tiva da produção, contudo não obrigam à gem
paragem de todo o processo produtivo. Os [1] [C], [D], [E]
[2] [B], [C], [D], [E]
materiais Desejáveis são aqueles cuja falta
[3] [C], [D], [E]
não tem impacto significativo na quantida-
[4] [A], [B], [C], [D], [E]
de ou qualidade dos produtos (Bošnjako- [5] [A], [B], [C], [D], [E]
vic 2010, apud Oliveira 2015). Porém, esta [7] [A], [B], [C], [D], [E]
é uma análise que requer alguns inputs [8] [A], [B], [C], [D], [E]
qualitativos por parte dos gestores. Cavalieri [9] [D]
[11] [A], [B], [C], [D], [E]
et al. (2008) aleram que pode ser uma tare-
[12] [D], [E]
fa de difícil execução pela subjetividade que
[13] [A], [B], [D], [E]
lhe está inerente. (SANTOS, 2014) [14] [A], [B], [C], [D], [E]
[17] [A], [B], [C], [D], [E]
O método VED, utilizado por Botter e Fortuin [18] [A], [B], [C], [D], [E]
(2000), Bošnjaković (2010) e Stoll et al (2015), [19] [A], [B], [C], [D], [E]
apud Stoll et. al. 2015), é aplicado para a ade- [22] [A], [B], [C], [D], [E]
quada utilização do modelo de classificação [25] [A], [B], [C], [D], [E]
[27] [A], [B], [C], [D], [E]
sendo necessário construir uma escala de
[28] [C], [D], [E]
classificação entre os critérios e subcritérios

141
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Tabela 6 – Aplicação dos critérios nos d ) Demanda especialidades divergentes


setores da atividade fim da empresa, ou seja, um
[29] [A], [B], [C], [D], [E] setor de manutenção muito grande: crité-
[33] [A], [B], [C], [D], [E] rio [15];
[34] [A], [B], [C], [D], [E]
[38] [A], [B], [C], [D], [E] e) Caso o material seja realmente impor-
[40] [A], [B], [C], [D], [E] tante o mesmo será estocado indepen-
[47] [A], [B], [C], [D], [E] dentemente do peso. Neste caso pode se
Fonte: Elaboração própria utilizar a brocagem (estocagem no solo).
O peso influencia no local de estocagem,
Justificativa para os critérios que não fo-
mas não pode ser fator primordial de deci-
ram aplicáveis nos setores selecionados:
são se estoca ou não: critério [21];

a ) Precisa de dados que são disponibiliza-


f ) O processo é de responsabilidade de
dos apenas após a formação de estoque:
outro setor: critério [30];
critérios [16], [20], [23], [24], [26], [31], [32],
[33], [36], [37], [38], [42], [43], [44], [45], g ) Para melhor análise e aplicação deve
[46], [48], [49] e [50]; ser adaptado para número de fornecedo-
res ou tempo de resposta do fornecedor:
b) Grande utilização não determina gran-
critério [40];
de consumo: critério [6];

c) Em caso de falha outro caminho é utili-


zado: critério [10];

Figura 4 - Aplicabilidade dos critérios nos setores

Fonte: Elaboração própria

142
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Pelo fato do método Cut off Point depender Na Tabela 7 estão as aberturas dos crité-
apenas da atribuição de importância con- rios em que foi possível aplicar o método
forme realidade da empresa, este pode ser VED. As aberturas dos critérios são flexí-
aplicado, em um primeiro momento, na se- veis e devem ser adaptadas a realidade
leção de todos os critérios listados na pes- organizacional (nesse exemplo foram ado-
quisa relacionados à decisão de estocagem. tados dados arbitrários):

Tabela 7 – Aplicação VED nos critérios

C ri té ri o s d e e s -
VE D Abertura
to ca g e m
Vital Problemas > 5%
[1] Essencial Problemas <= 5%
Desejável Sem problema
Vital Perda > 5%
[2] Essencial Perda <= 5%
Desejável Sem perda
Vital Equipamentos afetados > 20%
[3] Essencial Equipamentos afetados <= 20%
Desejável Sem efeito dominó
Vital Impacto Irreparável
[4] Essencial Impacto reparável
Desejável Sem impacto
Vital Falhas/dia > 3
[7] Essencial Falhas/dia <= 3
Desejável Sem falha
Vital Previsibilidade < 50%
[8] Essencial Previsibilidade > 50%
Desejável Demanda 100% previsível
Vital Validade < 90 dias
[9] Essencial Validade >= 90 dias
Desejável Sem data de validade
Vital Taxa de obsolescência < 2 anos
[12] Essencial Taxa de obsolescência >= 2 anos
Desejável Sem taxa de obsolescência
Vital Taxa de obsolescência < 2 anos
[13] Essencial Taxa de obsolescência >= 2 anos
Desejável Sem taxa de obsolescência
Vital Taxa de obsolescência < 2 anos
[14] Essencial Taxa de obsolescência >= 2 anos
Desejável Sem taxa de obsolescência
Vital Taxa de obsolescência < 2 anos
[15] Essencial Taxa de obsolescência >= 2 anos
Desejável Sem taxa de obsolescência

143
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

C ri té ri o s d e e s -
VE D Abertura
to ca g e m
Vital Tempo mascarado > 2h
[16] Essencial Tempo mascarado <= 2h
Desejável Sem tempo mascarado
Vital Horas paradas >2h
[18] Essencial Horas paradas <=2h
Desejável Sem impacto
Vital Falha imprevisível
[19] Essencial Falha previsível
Desejável Sem falha
Vital > 95%
[27] Essencial >= 90% e >=95%
Desejável < 90%
Vital Segurança <=70%
[33] Essencial Segurança >= 70%
Desejável Segurança = 100%
Vital Estocar itens vitais
[34] Essencial Estocar itens com criticidade média e alta
Desejável Estocar todo material necessário
Vital Seguro < 50% do valor do produto
[37] Essencial 50% <= Seguro > 100% do valor do produto
Desejável Seguro 100% do valor do produto
Vital Nº fornecedores = 1
[40] Essencial 1 < Nº fornecedores <= 5
Desejável Nº fornecedores > 5
Fonte: Elaboração própria

5. CONCLUSÃO rios citados são apenas uma parcela dos que


podem ser adotados na classificação, sendo
A decisão de estocagem tem sido um gran- selecionados e especificados conforme rea-
de gargalo na realidade das empresas. lidade da empresa e setor em questão.
Quando opta-se por estocar, faltam técni-
cas para tornar a tomada de decisão mais Para trabalhos futuros, fica a sugestão da

consistente e menos empírica. A análise aplicação dos critérios em amostras de

multicritério aparece como uma opção ex- empresas dos setores mais relevante, bem

tremamente viável ao conseguir agrupar como a eliminação de critérios que não

os mais diversos fatores que influenciam atinjam a nota de corte conforme o méto-

no processo. do Cut off point ou não permita a abertura


da classificação VED. Pode-se ainda explo-
Os resultados alcançados por essa pesquisa rar pesquisas que objetivem a busca de pa-
servem de direcionadores para os tomado- dronização destes critérios em empresas
res de decisão. Ressalta-se que os 50 crité- do mesmo setor, atividade e porte.

144
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

A pesquisa ilustra a importância da análi- ry by combining ABC analysis and fuzzy


se multicritério e o quanto o assunto ainda classification. Computers & Industrial En-
pode ser explorado, além da grande va- gineering, v. 55, n. 4, p. 841-851, 2008.
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147
SERVIÇO AO CLIENTE:
UM ESTUDO EM UMA
EMPRESA DE PEQUENO
PORTE DO SETOR
DE SIDERURGIA E
USINAGEM

Thairone Ezequiel de Almeida


Matheus Moreira Marques

RESUMO
O presente artigo apresenta um estudo do nível de serviço ofertado ao cliente de uma
empresa de pequeno porte do setor de siderurgia e usinagem. Para realizar o estudo,
foi desenvolvido um questionário com base no quadro de referência de indicadores de
desempenho logístico relativos ao serviço ao cliente desenvolvido por Almeida e Norato
(2016). Posteriormente, foi realizada uma entrevista semiestruturada com o proprietário
da empresa e feita a observação das atividades. Através do diagnóstico dos dados obtidos,
foram expostos os aspectos positivos e negativos do nível de serviço ao cliente prestado
pela empresa e apresentadas algumas propostas de melhoria. Por fim, foram feitas as
considerações finais acerca do tema.

Palavras-chave

Micro e pequena empresa (MPE), desempenho logístico, serviço ao cliente.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1 . INTR O DUÇÃO implementar e controlar de maneira


eficiente o fluxo e a armazenagem de
As micro e pequenas empresas (MPE’s) produtos, bem como os serviços e infor-
desempenham um importante papel na mações associados, cobrindo desde o
economia nacional. A redução do ritmo de ponto de origem até o ponto de consumo,
crescimento econômico não representa com o objetivo de atender aos requisitos
fortes barreiras para a continuidade do do cliente” (COUNCIL OF SUPPLY CHAIN
desenvolvimento das empresas desses MANAGEMENT PROFESSIONALS, 2013, p.
segmentos. Elas correspondem a 99% das 117). Mas quem é o cliente na perspectiva
empresas brasileiras; 52% dos empregos da logística? Para Bowersox e Closs (2010),
formais de estabelecimentos privados não o cliente pode ser considerado como o
agrícolas do país e são responsáveis por destino de entrega, que abrange desde o
mais de 40% da massa de salários pagas simples usuário de bens e serviços até as
aos trabalhadores destes estabelecimentos, empresas de varejo e atacado.
segundo o Anuário do Trabalho na Micro e
Pequena Empresa 2014, do Serviço Brasi- Como a logística envolve uma variedade

leiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de atividades, torna-se necessário avaliar o

(SEBRAE) e Departamento Intersindical desempenho de uma empresa ao longo de

de Estatística e Estudos Socioeconômicos sua cadeia de abastecimento. O resultado

(DIEESE) (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS dessa avaliação poderá indicar os pontos

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS; DEPARTA- positivos e negativos da gestão logística e,

MENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E a partir deles, poderão ser traçadas novas

ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS, 2015). estratégias para potencializar os níveis de


serviços ofertados aos compradores. Para
Nesse aspecto, a logística também repre- Chopra e Meindl (2011), a cadeia de abas-
senta um tema de considerável importância tecimento pode ser entendida como todas
no Brasil. Antigamente, o termo “logística” as partes envolvidas na entrega do pedido
era utilizado apenas para conceituar as ativi- do cliente, o que abrange fabricante, forne-
dades de transporte, armazenagem e venda. cedores, transportadoras, armazéns, vare-
Hoje, grande parte das empresas brasileiras jistas e clientes.
reconhecem a potencialidade das diferentes
atividades coordenadas de um sistema logís- O estudo a ser apresentado foi realizado

tico e o tema começa a ser utilizado com em uma empresa de pequeno porte do

maior frequência nas estruturas organiza- setor de siderurgia e usinagem locali-

cionais como ferramenta de competitividade zada no Médio Piracicaba, Região Central

(WANKE; MAGALHÃES, 2012). do estado de Minas Gerais. Buscou-se


responder a seguinte questão problema:
O norte-americano Council of Supply Chain qual o nível de serviço ofertado aos clientes
Management Professionals (CSCMP) define de uma pequena empresa mineira do setor
a logística como “o processo de planejar, de siderurgia e usinagem?

149
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Dado o contexto exposto, o presente artigo local, com o objetivo de criar identidade e
destaca como objetivo geral identificar o diferenciação na região em que estiverem
nível de serviço prestado aos clientes de inseridas (CAVALCANTI; MARTINELLI, 2007;
uma empresa de pequeno porte do setor de LEONE, 1999; LIMA, 2001; MARTINS, 2014;
siderurgia e usinagem através do quadro de MORAES et al., 2007; UHLMANN et al. 2006;
referência de indicadores de desempenho WANKE; MAGALHÃES, 2012).
logístico relativos ao serviço ao cliente
Para Cavalcanti e Martinelli (2007), existem
desenvolvido por Almeida e Norato (2016).
algumas dificuldades na definição de uma
Para atingir tal objetivo, faz-se necessário
MPE. Essas dificuldades estão ligadas à
neste estudo os seguintes objetivos espe-
escassez de informações e à baixa acuraci-
cíficos: (i) levantar dados e informações
dade dos dados referentes a esses tipos de
para identificar o atual nível de serviço da
empresas, pois seu alcance pode englobar
empresa, (ii) realizar a análise do serviço ao
desde pequenas empresas formais e com
cliente prestado pela empresa através do
tecnologia de ponta até mesmo profissio-
quadro de referência de Almeida e Norato
nais liberais, o que dificulta as pesquisas
(2016) e (iii) sugerir recomendações para
voltadas para esse segmento (CAVAL-
futuras melhorias.
CANTI; MARTINELLI, 2007).
Acredita-se que essa pesquisa levará a uma
Leone (1999) delimitou algumas especifi-
melhor compreensão sobre a influência
cidades para caracterizar as MPE’s. Para
da logística no nível de serviço ofertado
a autora, as empresas de pequeno porte
ao cliente de uma empresa de pequeno
apresentam uma estrutura centralizada
porte do setor de siderurgia e usinagem.
e com uma baixa quantidade de níveis
Para alcançar os objetivos geral e espe-
gerenciais, o que faz depender fortemente
cíficos propostos, a próxima seção deste
da atuação direta do seu proprietário
artigo apresenta uma breve revisão de
no contato com os clientes, tanto para
literatura que contempla o conceito de
conhecer suas necessidades quanto para
MPE, desempenho logístico e serviço ao
explicar os diferentes aspectos dos seus
cliente. Em seguida, apresenta-se a meto-
bens ou serviços. A tomada de decisão é
dologia de pesquisa, os resultados obtidos
baseada na experiência do dirigente e,
e a discussão acerca do tema. Por fim, são
na maior parte do tempo, realizada na
expostas as considerações finais do artigo.
operação de curto prazo (LEONE, 1999).

2 . RE VISÃO DE Na dinâmica logística, são comuns às


L ITE RATURA micro, pequenas, médias e grandes
empresas as decisões relacionadas ao
As MPE’s têm exercido um importante papel
planejamento, compra, serviço ao cliente,
no contexto socioeconômico brasileiro
transporte, gestão de estoques, processa-
com relação à geração de empregos,
mento de pedidos, armazenagem, dentre
oportunidades e no desenvolvimento

150
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

outras. Dessa maneira, tais atividades são cadeia de abastecimento é um importante


essenciais para o atingimento dos obje- mecanismo de apoio à busca por coorde-
tivos logísticos de custo e nível de serviço nação, integração, vantagem competitiva
(BALLOU, 1993). e oferecimento de um aceitável nível de
serviço ao cliente.
Para Wanke e Magalhães (2012), a diferença
entre empresas de pequeno e grande porte O propósito das atividades logísticas
está no investimento que cada uma faz em exercidas pelos agentes envolvidos em
sua administração. Em grandes empresas, uma cadeia de abastecimento é adicionar
há pelo menos um funcionário treinado valor em termos de “tempo” e “lugar” aos
e focado na área logística, enquanto nas produtos e serviços ofertados ao longo
MPE’s, a logística, na maioria das vezes, da cadeia. Assim, os objetivos da logística
fica a cargo de funcionários de outras são constituídos em torno da assertivi-
áreas e que possuem nenhum ou pouco dade das ações que garantem fluxos de
treinamento em logística. Dessa forma, produtos, serviços e informações do ponto
para pequenas empresas tornarem-se de origem até o consumo. Essas ações
mais competitivas no mercado brasileiro, podem se resumir a fornecer o produto
é preciso, além da utilização eficiente da correto, na quantidade correta, para o
logística, que o pequeno empresário se cliente correto, no local correto, no tempo
qualifique o suficiente para acompanhar correto, ao custo correto (BALLOU, 1993,
novas tendências gerenciais, determinar 2006; BERTAGLIA, 2009; CHOPRA; MEINDL,
os rumos da empresa, ser criativo e inovar 2011; CHRISTOPHER, 2009; CORRÊA, 2010).
(WANKE; MAGALHÃES, 2012).
Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010)
Diversos autores concordam que para ponderam que o valor para o cliente é
garantir o desenvolvimento das atividades baseado nas percepções que ele desen-
logísticas em condições corretas é essencial volve acerca dos bens e serviços ofertados
que as unidades de negócio que compõe pelas empresas. Para os autores, os indi-
a cadeia de abastecimento da empresa cadores mais comuns abrangem o nível
atuem de forma coordenada e inte- de serviço, que está relacionado à capaci-
grada (BALLOU, 2006; BERTAGLIA, 2009; dade da empresa em entregar o produto
BOWERSOX; CLOSS, 2010; CHING, 2010; dentro do prazo estipulado com o cliente,
CHOPRA; MEINDL, 2011; CHRISTOPHER, e a satisfação do cliente, que está conexa
2009; CORRÊA, 2010; LAMBERT; POHLEN, ao grau de satisfação que o comprador
2001; LARRAÑAGA, 2008; MENTZER et al., percebe com relação ao serviço prestado.
2001; NOVAES, 2007; PIRES, 2010; SIMCHI-
Nesse sentido, Almeida e Norato (2016)
-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010;
desenvolveram um quadro de referência
STANK; DAVIS; FUGATE, 2005; STANK;
para sistematizar indicadores de desem-
KELLER; DAUGHERTY, 2001). Dessa forma,
penho logístico relacionados aos níveis de
a análise do desempenho logístico na

151
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

serviços ofertados aos clientes. Tal levan- forma breve, os 37 indicadores de desem-
tamento é capaz de contribuir na avaliação penho logístico relacionados ao serviço ao
e manutenção de serviços logísticos das cliente classifi cados pelos autores. Os indi-
empresas para diferenciá-las perante a cadores estão divididos nas categorias de
concorrência. A fi gura 1 apresenta, de pré-transação, transação e pós-transação.

Figura 1 - Indicadores de desempenho logístico relacionados ao nível de serviço ao


cliente

Fonte: Adaptado de Almeida e Norato (2016)

152
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Com o propósito de promover este nível primeiro momento foi desenvolvido um


de compreensão, foi possível identificar, questionário com base no quadro de refe-
através da revisão de literatura, qual a rência desenvolvido por Almeida e Norato
importância da logística para micro e (2016). Em uma segunda etapa, foi reali-
pequenas empresas e como os indicadores zada uma entrevista semiestruturada com
de desempenho poderão auxiliar o estudo o proprietário da empresa e feita observa-
na empresa citada, em termos de manu- ções das atividades.
tenção do nível de serviço ofertado ao
Na análise dos dados, as informações
cliente. O próximo tópico irá tratar da meto-
recolhidas através da entrevista foram
dologia de pesquisa utilizada neste estudo.
confrontadas com o quadro de referência,
o que possibilitou a comparação entre os
3 . ME TO DOLOGIA DE indicadores que o quadro destaca como
PE SQU ISA relevantes, e a maneira como a empresa

O método escolhido para a realização gerencia estes indicadores. A partir desse

desse estudo foi o estudo de caso com passo foram desenvolvidas análises que

base no quadro de indicadores de desem- permitiram indicar pontos fortes e fracos,

penho logístico relacionados ao serviço ao o que poderá contribuir para o desenvol-

cliente desenvolvido por Almeida e Norato vimento da estrutura logística da empresa

(2016). Utilizou-se a abordagem qualitativa estudada e elaborar ações em prol de

para a análise do serviço ao cliente de uma manutenção da vantagem competitiva. A

empresa de pequeno porte, do setor de seguir serão demonstrados os resultados

siderurgia e usinagem, situada no interior e as discussões acerca deste estudo.

do Estado de Minas Gerais.


4 . RESU LTADOS E
O estudo de caso é uma investigação de
DISCU SSÃO
caráter empírico que averigua um fenô-
meno contemporâneo no contexto da vida
real, sobretudo quando as fronteiras entre
4.1. A EM PR ESA
o fenômeno e a conjuntura onde ele se A empresa é uma organização de pequeno
insere não são claramente definidos (YIN, porte e aproximadamente 30 empregados.
2001). A abordagem qualitativa descobre Fundada em 2004 e localizada no Médio
ou aperfeiçoa questões de pesquisa para Piracicaba, Região Central do estado de
provar ou não hipóteses em seu processo Minas Gerais, a empresa tem como prin-
de interpretação sem a medição numé- cipal cliente uma usina siderúrgica locali-
rica, além de comparar os dados cole- zada na mesma região. O estabelecimento
tados à bibliografia estudada (SAMPIERI; também atua no mercado nacional nos
COLLADO; LUCIO, 2006). setores de usinagem e caldeiraria e na
produção de peças sob encomenda para
Para a obtenção dos dados, em um

153
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

empresas de siderurgia e mineração. Entre empresa pesquisada, pode-se detectar os


as peças fabricadas pela empresa, estão: indicadores que mais recebem atenção
algaravizes, anéis de pressão, buchas, por parte da empresa (aspectos positivos)
carros para panela, coifas refrigerada, e os indicadores mais negligenciados
dutos, juntas de expansão, quebradores (aspectos negativos). Essas informações
de sínter, tirantes, tubos, dentre outros. são descritas no quadro 1, que evidencia
tais aspectos percebidos na empresa

4 . 2. EST U D O D E CAS O pesquisada, em relação aos indicadores de


avaliação de desempenho propostos por
Com base nos dados coletados do desem- Almeida e Norato (2016).
penho logístico do serviço ao cliente da

Quadro 1 – Aspectos percebidos na empresa em relação ao quadro proposto por


Almeida e Norato (2016)

Aspectos Aspectos
Indicadores
positivos negativos
Pré-transação
Acessibilidade X
Ativos/utilização X
Bens tangíveis X
Confiabilidade na segurança X
Confidencialidade, cortesia, competência e responsividade X
Estrutura da organização X
Flexibilidade de área e pontos de venda X
Flexibilidade de produtos X
Flexibilidade do sistema X
Flexibilidade no mix de produtos X
Flexibilidade no volume de produção X
Pedido perfeito X
Política formal de serviço ao cliente e conhecer o cliente X
Preço/custo X
Restrições ao tamanho do pedido X
Transação
Acurácia na documentação dos pedidos X
Capacidade de resposta X
Comunicação e manutenção de informações X
Confiabilidade, flexibilidade e pontualidade na entrega do produto X
Informações sobre a situação do pedido X
Manuseio de materiais X
Pedido entregues completos X

154
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Quadro 1 – Aspectos percebidos na empresa em relação ao quadro proposto por


Almeida e Norato (2016)
Política de estoques e disponibilidade do produto X
Processamento de pedidos X
Tempo de espera e tempo de ciclo do pedido X
Transbordo X
Transporte X
Pós-transação
Acompanhamento de entrega X
Apoio pós-entrega X
Atendimento ao usuário e tempo de resposta para solução das
X
reclamações
Avarias e produtos danificados X
Conformidade, consistência e qualidade do produto X
Disponibilidade de peças e reposição X
Embalagem de proteção X
Garantia, suporte técnico e rastreabilidade do produto X
Nível de reclamações dos clientes X
Substituição do pedido X
Fonte: Elaborado pelos autores do artigo a partir de dados coletados em entrevista
4 . 2.1 . FASE D E P R É - adotados de forma a oferecer um efetivo
T RA N SAÇÃO nível de serviço aos clientes.

Na fase de pré-transação, de acordo com O indicador ativos/utilização foi negligen-


os dados da pesquisa, a maioria dos indi- ciado pela empresa. Assim, é recomen-
cadores recebem devida atenção para um dável incrementar os instrumentos físicos
efetivo desempenho logístico. Se compa- e meios de operação existentes para aper-
rado com os indicadores das fases de feiçoar a movimentação, armazenagem e
transação e pós-transação analisado na transportes dos insumos e peças acabadas.
empresa estudada, os indicadores da fase
de pré-transação são os que traduzem um 4.2 .2 . FAS E D E
melhor desempenho logístico. Os indica- TRANSAÇÃO
dores acessibilidade; bens tangíveis; confia-
bilidade na segurança; confidencialidade, Na fase de transação, os dados da pesquisa

cortesia, competência e responsividade; estru- revelaram que nove dos doze indicadores

tura da organização; flexibilidade de área e recebem devida atenção no desempenho

pontos de venda; flexibilidade de produtos; logístico por parte da empresa pesqui-

flexibilidade do sistema; flexibilidade no sada. Os indicadores acurácia na documen-

mix de produtos; flexibilidade no volume de tação dos pedidos; capacidade de resposta;

produção; pedido perfeito; política formal de comunicação e manutenção de informações;

serviço ao cliente e conhecer o cliente; preço/ confiabilidade, flexibilidade e pontualidade

custo e restrições do tamanho do pedido, são na entrega do produto; informações sobre a

155
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

situação do pedido; manuseio de materiais; de maior carência quanto a gestão desses


processamento de pedidos; tempo de espera indicadores para melhoria do desempenho
e tempo de ciclo do pedido; transbordo e logístico relacionado ao serviço ao cliente.
transporte, são utilizados de forma a esta- Assim, os indicadores acompanhamento de
belecer um efetivo processamento dos entrega; apoio pós-entrega; conformidade,
pedidos e, por consequência, entregar os consistência e qualidade do produto; disponi-
produtos dentro do prazo estabelecido e bilidade de peças e reposição; nível de recla-
no local que o cliente desejar. mações dos clientes e substituição do pedido,
são utilizados de forma a apoiar o cliente
Os indicadores pedidos entregues completos
após a compra das peças.
e política de estoques e disponibilidade
do produto foram negligenciados pela Os demais indicadores foram negligen-
empresa. A empresa costuma embarcar ciados pela empresa. Apesar do indicador
de forma fracionada alguns lotes de peças apoio pós-entrega mostrar que a empresa
para os clientes e não trabalha com estoque consegue solucionar problemas, como por
de nenhum tipo de peça. Para que o nível exemplo, defeito nas peças ou extravios na
de serviço oferecido ao cliente seja efetivo, entrega; o indicador atendimento ao usuário
é necessário que o estabelecimento poten- e tempo de resposta para solução das recla-
cialize a capacidade de entregar o pedido mações detectou que a quantidade das
de forma completa e pontual, sem embar- reclamações atendidas na primeira soli-
ques parciais. O atraso no envio de uma citação é baixa. Isso pode fazer com que
parte do lote de peças pode comprometer o cliente escolha outros fornecedores no
gravemente a produção dos seus clientes. momento da compra de peças. Assim, é
Além disso, a empresa precisa trabalhar recomendável estabelecer uma estrutura
com pelo menos o estoque mínimo das capaz de oferecer um pronto gerencia-
peças mais solicitadas pelos seus clientes, mento do serviço ao cliente no que tange
caso os mesmos necessitem das peças o tratamento efetivo das reclamações e
de forma imediata. Isso poderá gerar uma maior velocidade na correção dos
vantagem competitiva da empresa perante problemas de pós-venda.
a concorrência.
O indicador avarias e produtos danificados
indicou que a empresa já apresentou
4 . 2. 3. FASE D E P ÓS - problemas durante as operações de carga
T RA N SAÇÃO e descarga. Um treinamento efetivo dos

Na fase de pós-transação, de acordo com os funcionários responsáveis por essa atividade

dados da pesquisa, seis dos dez indicadores poderá amenizar os desperdícios gerados.

de desempenho recebem devida atenção


O indicador embalagem de proteção
para um efetivo desempenho logístico.
detectou que a empresa não utiliza de
Se comparados com os indicadores das
tecnologias, como por exemplo, códigos de
fases de pré-transação e transação, são o

156
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

barras e etiquetas para o monitoramento satisfatória para realizar os diagnósticos


adequado das peças durante o transporte necessários e a literatura examinada para
para a entrega ao cliente. Isso impede o concretizar as atividades de análise satisfez
usuário rastrear o seu pedido e identificar às expectativas. Pode-se assegurar que
se poderá haver algum atraso na entrega os resultados deste estudo são válidos,
do pedido. A empresa poderá investir em apesar de não serem universais, uma vez
tais tecnologias de modo a efetivar o apoio que a pesquisa foi realizada somente em
pós-entrega ao comprador. uma empresa do segmento.

O indicador garantia, suporte técnico e Através do estudo de caso na empresa


rastreabilidade do produto indicou que as pesquisada, foi possível perceber que o
condições de garantia e a capacidade da estabelecimento tem consciência quanto
empresa em oferecer assistência técnica à importância dos indicadores utilizados.
durante o ciclo de vida do produto não A fase de pré-transação, que antecede
são suficientes para seus clientes. O esta- a entrega do pedido ao cliente, é a que
belecimento poderá ampliar o prazo de recebe uma maior dedicação por parte da
garantia das peças vendidas e expandir o empresa. Porém, para oferecer um alto
relacionamento com os clientes através da nível de serviço para o cliente, é necessário
oferta de facilidades que podem diferen- por parte da empresa a atenção tanto
ciar a empresa em relação a concorrência. a fase de transação (processamento do
pedido), quanto à fase de pós-transação

5. CON S IDERAÇÕES (sucede a entrega ao cliente).

F INAIS Para manter uma relação equilibrada

O objetivo deste artigo foi identificar o nível entre responsividade e geração de valor,

de serviço prestado aos clientes de uma é essencial para as empresas de pequeno

empresa de pequeno porte do setor de porte estruturar de forma adequada os

siderurgia e usinagem através do quadro principais fatores de decisão relacionados

de referência de indicadores de desem- à gestão logística, como processamento

penho logístico relativos ao serviço ao de pedidos, transportes e manutenção

cliente desenvolvido por Almeida e Norato de estoques. Acredita-se que o estabe-

(2016). Dessa forma, pode-se considerar que lecimento deve continuar a investir na

o objetivo geral foi atingido, uma vez que melhoria do seu desempenho, de modo a

as recomendações propostas foram bem aperfeiçoar o atendimento e alcançar seus

aceitas pelo proprietário da empresa. Cabe a objetivos frente as suas atividades logís-

empresa atuar para potencializar o nível de ticas. Pesquisas futuras poderão ser desen-

serviço ofertado ao cliente e obter vantagem volvidas acerca do desempenho logístico

competitiva perante a concorrência. relacionado ao serviço ao cliente, com o


intuito de desenvolver outros modelos de
A metodologia de pesquisa utilizada foi avaliação de desempenho, alcançar uma

157
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

quantidade maior de empresas e ampliar cadeia de logística integrada – Supply


a coleta de dados para comprovar a legiti- chain. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
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158
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

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Ladeira. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, jamento e métodos. Tradução por Daniel
2006. Grassi. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

159
CADEIA LOGÍSTICA DO
ÓLEO DIESEL UTILIZADO
NA AGRICULTURA NO
MÉDIO NORTE DE MATO
GROSSO: EXTRAÇÃO,
REFINO E TRANSPORTE
DO ÓLEO DIESEL

Anderson Ricardo Silvestro


Leonir Goulart de Oliveira
Marcelo Ribeiro Rosa

RESUMO
Com o desenvolvimento do capitalismo mundial, sobre tudo a partir da revolução indus-
trial, o gerenciamento da cadeia de abastecimento tem se tornado fonte segura de compe-
titividade. Deste modo, especialistas veem na logística um elo entre o mix de atividades que
a compõe, fundamental para o sucesso rentável de uma organização. O presente trabalho
tem como objetivo, estudar a cadeia logística do óleo diesel utilizado na agricultura no médio
norte de Mato Grosso, com foque nos processos de extração, refino e transporte. Para
sua realização no que tange a metodologia, utilizou-se de pesquisa bibliográfica, qualitativa
descritiva, histórica e documental. A pesquisa levou em conta informações fornecidas por
empresas, públicas e privadas, associações e entidades ligada ao setor de distribuição de
combustíveis, bem como a utilização de materiais publicados em livros e artigos. Baseado
no lema “integrar para não entregar” iniciou-se a política de ocupação da Amazônia legal,
no qual se engloba a região norte e médio norte de Mato Grosso. Com a pesquisa, identi-
ficou-se que o óleo diesel é o principal produto utilizado na agricultura na movimentação
das maquinas e caminhões na colheita e transporte de grãos. O estudo também apontou
que para a disponibilidade desse produto na região o mesmo percorre um longo trajeto em
sua cadeia, tendo inicio na sua extração na Bacia de Campos nos estados do ES e RJ, sendo
utilizado vários modais de transporte com custo variados entre eles.

Palavras-chave

Cadeia logística, custo logístico, distribuição, óleo diesel e agricultura.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1 INTR O DUÇÃO logística consiga retirar proveito de todas


as fontes que a atividades oferece, faz-se
Para a sobrevivência no mercado, onde a necessário uma visão de futuro com obser-
propagação de novos produtos e princi- vação nos acontecimentos de momento,
palmente as exigências dos clientes com pois alguns conceitos como: econômico,
relação à satisfação do serviço prestado através da globalização com incertezas
pelos fornecedores, as empresas neces- econômicas, e/ou até mesmo tecnológico,
sitam de um continuo processo de reno- com sistemas ou Software podem influen-
vação. Onde, sejam capazes de extrair ciar no nível de serviço da empresa.
mecanismos estratégicos inovadores para
torna-las diferenciadas no negócio em que Desta forma, o médio norte de Mato Grosso

atuam. Nessa busca por estratégia, a logís- com sua economia voltada para o agrone-

tica vem se tornando cada dia mais como gócio, torna a logística como um todo, o

um dos processos mais eficaz na obtenção principal meio capaz de acelerar o desen-

de vantagens competitivas. Podendo volvimento, agregando valor à produção da

então, abranger todo o ciclo operacional de região. Contudo, todo o fluxo de movimen-

uma organização como: controle de custos, tação para a geração da economia local,

fluxo de armazenagens e distribuição seja tanto os insumos utilizados na produção,

de matérias primas ou produtos acabados, vindo das indústrias localizadas nos grandes

além de todos os elementos relativos a centros, quanto aos grãos in natura prove-

essas atividades, desde o ponto de origem, niente deste setor, onde têm como destino

ate atingir o local correto para os devidos os mesmos grandes centros, locais onde

fins com eficácia. são industrializados ou transformados em


alimentos, percorrem um longo trajeto até
Seguindo essa visão, o principal objetivo chegarem aos destinos finais.
da logística é percorrer o menor espaço
possível, em curto tempo, atendendo e Logo, diante da necessidade da distri-

satisfazendo os desejos e as necessidades buição do óleo diesel frente a sua impor-

de uma maior quantidade possível de tância na agricultura e o modal de trans-

cliente. Onde, a competência da empresa porte utilizado, sendo o único corredor

em gerir as atividades envolvendo o de acesso por onde também é retirada a

fornecimento desses serviços vai medir a produção da região, faz com que existam

lucratividade da empresa. Nesse sentido, algumas dificuldades de abastecimento.

Bowersox e Closs (2010, p. 23) afirma que Sendo assim, em determinada época do

“quando uma empresa decide diferen- ano, como período de safra, a exemplo do

ciar-se com base na competência logística, primeiro trimestre de 2016 o óleo diesel

ela procura superar a concorrência em deve um aumenta significativo puxado

todos os aspectos das operações”. pelo aumento do consumo. Elevando


assim os custos logísticos, fazendo com
No entanto, para que o gestor da área de que as transportadoras e revendedores

161
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

repassem ao consumidor esses valores 2 M ETO DO LO G IA


(ALVES, 2016). Por isso, na medida em que
avançam os estágios da cadeia logística, os A metodologia utilizada para esta pesquisa
custos são absolvidos ao valor do produto. será a, bibliográfica, qualitativa descritiva,
histórica e documental. De acordo com Silva
Diante desse contexto, o presente estudo (2010) a pesquisa bibliográfica é desenvol-
abrange a seguinte problemática: Como se vida a partir de materiais publicadas em
aplica a Cadeia Logística do óleo diesel na livros, artigos, dissertações e teses. Já a
agricultura do Médio Norte de Mato Grosso? pesquisa qualitativa descritiva esta relacio-
nado com o levantamento de dados do que
Assim sendo, o objetivo deste artigo é
se pretende estudar a fim de compreendê-
proporcionar aos agricultores da região
-los, correlacionando os fatos ou fenômenos
do Médio Norte de Mato Grosso bem
sem manipula-los. Quanto à pesquisa histó-
como aos leitores interessados, quais são
rica e documental faz-se necessário uma
os processos na Cadeia Logística do óleo
investigação por meio de documentos onde
diesel, que lhes são abastecidos. Para
comparações das características, entre o
tanto, o mesmo esta estruturado em 4
passado e o presente são realizadas.
partes. A primeira abordará a metodo-
logia utilizada para analise dos estudos
alcançados na pesquisa. Em segundo lugar 3 REF EREN CIAL
o referencial teórico, dividido em tópico T EÓ RICO
como: extração e produção, custo logístico,
Quando se diz cadeia logística referem-se a
transporte e modais de transporte, onde
todas as atividades relacionadas ao atendi-
consiste em considerar alguns trabalhos já
mento das necessidades de sobrevivência
realizados sobre o assunto. O terceiro será
de vida do homem moderno, quer seja na
uma descrição da logística no cenário Mato
produção, armazenamento ou distribuição
Grosso. E por ultimo um fechamento com
(BALLOU, 2006). Sendo assim, para a
as considerações sobre o tema abordado.
realização dessa pesquisa torna-se neces-
A pesquisa apresenta uma relevante contri- sário um estudo onde deva elencar alguns
buição para os produtores, empresários, temas dentro da cadeia logística do óleo
acadêmicos e sociedade da região, uma diesel utilizado no médio norte de Mato
vez que, conhecendo a cadeia logística do Grosso, como: extração e produção, custo
óleo diesel possibilitara aos produtores logístico, transporte, modais de transporte
e empresários um planejamento mais e logística do óleo.
adequado para a aquisição desse produto
e uma fonte de pesquisa aos estudantes, 3.1 EX TRAÇÃO E
tornando uma sociedade mais informada. PR OD UÇÃO D E ÓLEO
D I ES EL

Para que ocorra um processo de produção

162
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

é necessário que vários elementos dentro através de óleo duto, conhecido como meio
de um sistema, relacionam entre si de de transporte dutoviário, ou por meio de
forma dinâmica com o intuito de chegarem grandes navios petroleiros, ou seja, hidro-
ao mesmo objetivo. Nesse sentindo, viário (FOGAÇA, 2016).
Oliveira (2005, p.23) afirma que sistema é
um conjunto de partes interagentes e inter- 3.2 CUSTO LOGÍ STI CO
dependente que, conjuntamente, formam
um todo unitário com determinado obje- O surgimento da logística se
tivo e efetuam determinada função. confunde com a origem do comércio, onde
as mercadorias eram diretamente inter-
Sendo assim, a formação de um sistema cambiadas nos postos de troca por meio
produtivo, geralmente são compostos por de caixeiros viajantes e estocadas em
dois momentos, entrada dos insumos ou armazéns gerais, para então, serem comer-
matéria prima e saída dos produtos. Deste cializadas nas pequenas vilas por meio de
modo, os recursos como tecnológicos, escambo (NOVAES, 2007). Contudo, foi na
humanos, financeiros e materiais são utili- segunda guerra mundial, que a logística
zados visando transformar recursos natu- tomou forma, já que era necessário aplicar
rais em produto adequado à necessidade práticas de planejamento indispensáveis
do cliente, agregando valor aos agentes para o sucesso das batalhas.
envolvidos (COSTA, 2010).
Tratando-se da logística no Brasil, o trans-
Seguindo esse contexto, a atividade petro- porte de cargas é o principal componente
lífera não é diferente, onde o inicio para do sistema de distribuição, represen-
um poço de extração começa com estudos tando em média 64% dos custos logísticos
preliminares em busca da localização e 4,3% do faturamento, sendo que em
exata de jazidas. De acordo com Gil (2007), alguns casos mais do que o dobro do lucro
após a confirmação da qualidade e quan- (WANKE, 2010).
tidade do petróleo encontrado é montado
um painel de informações identificando Ressalta-se que o crescimento das ativi-
quais os mecanismos a ser utilizados. dades de transporte não foi acompa-
Onde, conhecer a qualidade do petróleo é nhado pelos investimentos necessários de
de suma importância, pois facilita o refino, manutenção e expansão da infraestrutura,
já que dependendo da densidade do mate- ocasionando certa ineficiência na distri-
rial é extraído um produto diferente. buição da cadeia de suprimentos. Outro
fator indispensável refere-se ao principal
O transporte do petróleo para os centros modal utilizado no país, pois de acordo
de armazenamento ou refinaria constitui com Bertaglia (2009, p. 297) “no Brasil mais
em uma importante etapa para o processo de 60% do volume é transportado pelo
de produção. Assim, após ser extraído modal rodoviário”.
o transporte se da na maioria das vezes

163
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Nesse sentido a logística é uma área que rias primas ou seus produtos de alguma
pode ser atribuída de varias maneiras, forma. Sua importância se da devido o
onde estão relativamente à adminis- grande valor agregado, perdendo apenas
tração de pessoal, material e instalações. para o valor do produto (BALLOU, 2006).
Pois segundo Bowersox e Closs (2007, p.
De acordo com Figueredo, Fleury e Wenke,
19) a logística é um verdadeiro paradoxo,
(2009) o custo do transporte no Brasil, está
onde ao mesmo é tempo, uma das ativi-
diretamente ligada ao tipo de modal utili-
dades econômicas mais antigas e um dos
zado, estima-se que o país esteja em pelo
conceitos gerenciais mais modernos.
menos a 50 anos de atraso, no que diz
Estudos mostram que os custos logísticos respeito ao meio de transporte e a quali-
estão presentes desde a entrada da matéria dade oferecida.
prima na indústria, até o produto acabado
Com esses dados, especialistas da área
nas mãos do consumidor final, pois, de
enfatizam que o modal mais utilizado no
acordo com Novais (2007, p 32) mesmo que
Brasil trata se de uma improvisação, ou
o sistema logístico seja o mais primitivo,
seja, paliativa, foi criada para resolver
agrega então um valor de lugar ao produto.
um problema imediato, levando-se em
Desta forma, os custos de transporte podem conta um menor custo na sua construção.
influenciar indiretamente o bem estar de Seguindo esse contexto, mesmo sendo
uma população, já que o valor de um produto um valor baixo em sua construção o Brasil
esta relacionado com o custo do transporte, ainda apresenta se como um dos países
sendo que quanto menor o valor do frete com uma das menores malhas viários,
menor será o custo de um produto. levando-se em conta sua extensão territo-
rial (WANKE, 2010).
Nos últimos anos a concorrência se tornou
enorme, já que as empresas veem no Em regiões que possui um transporte defi-
transporte como o ultimo estagio para que ciente normalmente estão nas áreas mais
possam reduzir custos, portanto o setor afastadas dos grandes centros, pois muitas
vem passando por dificuldades (CAIXE- vezes ocorre à produção, por conta disso
TA-FILHO E MARTINS 2001). No entanto, um transporte eficiente eleva a compe-
quando a os gestores passa a reconhecer titividade desses produtos de maneira a
que logística esta diretamente ligada os beneficiar toda a sociedade que ali habita.
custos da empresa certamente aumentara Nesse sentido, quando o sistema de trans-
sua fatia no mercado ( BALLOU, 2006). porte é precário, a comercialização do
produto se limita nas proximidades, da

3. 3 T RA NS P O R T E produção, pois a retirada desse produto


acaba de certa forma gerando mais
Trata-se de uma atividade que permite à despesas do que ganho (BALLOU, 2006).
empresa a movimentação de suas maté-

164
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

3. 4 M O DA I S D E Esse modal de transporte pode ser divi-


T RA N S PO R T E dido em três tipos de navegação: a cabo-
tagem, quando é realizada entre portos do
Os modais de transporte mais utilizados mesmo país, a de longo curso, entre portos
variam em cinco modalidades: hidrovi- de países diferentes, a interior, realizada
ário, ferroviário, rodoviário, aeroviário e em hidrovias interiores nacionais ou inter-
dutoviário. Existem vários os motivos pelo nacionais, a de apoio marítimo, no apoio
qual determina a escolha de um modal de logístico a embarcações e instalações e a
cargas, podendo ser desde a disponibili- navegação de apoio portuário, exclusiva
dade do modal no momento, até mesmo nos portos para atendimento a instalações
o nível de satisfação que a empresa espera portuárias (ANTAQ, 2010).
atingir na prestação do serviço oferecido
ao cliente. Outro fator importante para a Apesar da lentidão esse modal de transporte
escolha do modal é o tipo do produto a é mais utilizado em longos trajetos princi-
ser transportado, devido seu condiciona- palmente no transporte de petróleo e grãos
mento ou conservação. para exportação. Segundo a ANTAQ (Agencia
Nacional de Transporte Aquaviário), a nave-
gação interior é a mais utilizada no Brasil com
3. 4 .1 H I D R OVI Á R I O
sete corredores sendo, o Solimões-Amazonas,
Se a escolha do serviço de transporte for Madeiras, Tocantins-Araguaia, Paraguai, Para-
pelo modal hidroviário, o mesmo apresenta ná-Tietê, Hidrovias do Sul e São Francisco.
dois vieses, pós e contra. Pós, pelo baixo
custo de transporte e contra, alem do alto 3.4.2 FER R OV I ÁR I O
valor de implantação, também deve levar
em conta questões ambientais podendo O modal ferroviário embora seja no solo
comprometer a sobrevivência das pessoas percorrendo trilhos, existem algumas seme-
de animais e plantas que ali habita. lhanças com o hidroviário, onde tem um
custo de transporte pequeno, mas uma difícil
Deste modo, entre as preocupações dos acessibilidade, devido aos altos custos de
envolvidos, é necessário que aja uma implantação (BALLOU, 2006). Caracteriza-se
analise ambiental voltada para a conso- especialmente, pela capacidade de trans-
lidação de informações e estudos onde portar enormes quantidades, mas principal-
permitem o real dimensionamento dos mente por ser adequado ao deslocamento
efeitos causado pelo o empreendimento. de muito peso, próprio para médias e longas
Ate mesmo porque, para fluir a navegabili- distancias. Também se destaca na questão
dade em um rio ou lago alem da construção de segurança em relação a outros modais,
de portos e pontos de apoio, faz-se neces- onde é bem menor o índice de acidentes e
sário a limpeza da vegetação, sinalização roubos. As cargas típicas desse modal são:
dos canais, dragagens e derrocamentos do produto siderúrgico, grãos, derivados de
leito do rio (SANTANA & TACHIBANA, 2004). petróleo, cimento e adubos (ANTT, 2013).

165
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Figura 1 - Comparativo modais ferroviário e hidroviário

Fonte: ANTAQ (2015)

Ainda com relação aos custos, o seu alto investimento na infraestrutura, tornou as
valor fixo tanto na implantação quanto ferrovias tal como se conhece hoje.
na manutenção dos equipamentos, termi-
Embora esse modal apresentar números
nais e vias férreas etc., pode ser compen-
relevantes ao transporte brasileiro, de
sado nos custos variáveis devido ao grande
acordo a (ANTF, 2014) Associação Nacional
volume transportado. Apesar do custo do
dos Transportadores Ferroviários, toda a
transporte ferroviário ser bem inferior ao
malha ferroviária não ultrapassa a 30 mil
rodoviário, essa atividade esta longe de ser
km. Mesmo sem grandes investimentos no
a mais utilizada no Brasil. Fatores como falta
setor, algumas informações ainda são favo-
de planejamento a médio e longo prazo e
ráveis como observa na figura 2 abaixo.

Figura 2 - Evolução do transporte ferroviário

Fonte: ANTF (2013)

166
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

3. 4 . 3 RO D OV I Á R I O além do grande aumento no custo de


manutenção e combustíveis dos veículos.
O modal de transporte rodoviário é o mais
utilizado devido à facilidade de implan-
3.4.4 A ER OV I Á R I O
tação, já que dependendo da região a estru-
tura oferecida ao usuário não tem a menor O transporte aeroviário, apesar de estar em
condição de trafegabilidade. Mas, por constante crescimento devido apresentar o
se tratar do único modal onde consegue modal mais rápido que se conhece, possui
atender de porta em porta, acaba de certa a taxa mais cara entre todas as formas de
forma utilizado em diversas localidades locomoção conhecida, ou seja, esse meio é
com diferentes tipos de veículos, onde utilizado principalmente para o transporte
mesmo que o produto tenha percorrido de pessoas, com utilização para mercado-
longas distancias em outros modais, faz se rias apenas nas principais cidades. O trans-
necessário à utilização do rodoviário para porte aéreo também pode ser útil para
que o produto chegue até o consumidor. mercadoria de pouco volume e alto valor
agregado, como computadores, celulares
Mesmo com tantos problemas que envolvem
softwares, medicamentos entre outros etc.
o modal rodoviário, no Brasil ainda é o prin-
cipal meio de escoamento da produção O grande salto da utilização desse modal
onde deveria ser apenas como coletas ou destaca após os anos 70 onde de fato
entregas acaba que realizando todo o trajeto iniciou a revolução da tecnologia, com
do país com demissões continentais. esses avanços no setor de informática
proporcionaram que a aviação como toda
De acordo com o boletim informativo da
melhorarem a questão de segurança com
Confederação Nacional do Transporte
sistemas moderno de prevenção e comu-
(CNT, 2015), publicado na revista Sindipe-
nicação (SILVA, 2008)
tróleo o grande problema desse modal
não esta na extensão das rodovias, onde Desta forma, o grande crescimento da
apresenta em sua totalidade 1.720.755,7 indústria aeronáutica após a segunda
km, mas sim na manutenção das mesmas. guerra mundial, ajudou também a
Nessa mesma pesquisa foi capaz de mostra economia mundial, já que facilitou a inte-
que pelo menos 57% tem algum tipo de gração entre os países. Apenas esse modal
deficiência. Onde, entre as piores rodovias de transporte a capaz de fazer com que
do país estão alguns importantes como é o países com cultura totalmente diferente
caso das BR-070, BR-158, BR-414 e GO-060. compartilham seus produtos (SILVA, 2008).
A mesma pesquisa apontou também que
as rodovias estaduais MT-130, 240 e 108
3.4.5 D UTOV I ÁR I O
estão classificados como ruim ou regular.
Para a CNT essas rodovias com deficiên- Já o transporte feito pelo modal dutovi-
cias diminuem a segurança dos usuários, ário é o menos utilizado, contudo tem o

167
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

menor risco, tanto para o cliente quanto uma estação de carregamento de vagões.
ao meio ambiente. O modal dutoviário é Já no Brasil tem registro do inicio das
o que transporta a menor quantidade de operações no ano de 1942 no estado da
espécie de produto, pois é utilizado apenas Bahia, com uma linha de extensão de 1 km
para transporte de petróleo seja bruto ou ligando a refinaria experimental de Aratu e
refinado, com cerca de 96% de utilização o porto de Santa Lucia. (COSTA 2009).
no produto bruto, ou seja, dos campos de
Destaca-se no Brasil como entre os maiores
extração até as refinarias (BALLOU, 2006).
dutos vias, a Óleo duto que liga Paulínia
Apenas 4% do combustível refinado em em SP a Brasília, com aproximadamente
todo território é transportado nesse modal, uma extensão de 995 km e a mineroduto
onde 13% e pelo hidroviário, 20% ferro- que liga Mariana MG a Ponta Ubu ES com
viário e 63% pelo rodoviário (CARDOSO, 395 km. Não podendo esquecer do gaso-
2004). Embora seja pouco utilizado no duto Brasil/Bolívia entre Canoas, no Rio
Brasil, o modal dutoviário possui particu- Grande do Sul, no Brasil e Santa Cruz de La
laridades próprias que leva vantagens aos Sierra, Bolívia, o maior da América Latina,
demais, é o caso de ter a disponibilidade com 3.150 km (COSTA 2009).
de operar 24 horas sete dias por semanas,
a não ser em caso de manutenção. 3.5 LOGÍ STI CA M ATO-
Com relação a implantação da dutovia
GR OSS ENS E
exigem grande quantidade de mão de obra Baseado no lema “integrar para não
talvez seja um dos motivos pelo alto valor entregar” iniciou-se a política de ocupação
necessário para instalação, principalmente da Amazônia legal, no qual se engloba a
em se tratando de terrenos acidentados. região norte e médio norte de Mato Grosso.
Outro aspecto importante quando se fala Para tanto, o Governo Federal no inicio dos
em valores, recai sobre a manutenção e anos 70 incentivou a abertura de novas
monitoramento das linhas, trabalho funda- áreas, onde estão hoje localizadas varias
mental para garantir a segurança tanto cidades, algumas conhecidas mundial-
das pessoas quanto de contaminação do mente pela produção de grãos, madeiras,
ambiente já que em sua grande maioria carnes e outros, (SANTOS 2011). De acordo
são transportados produtos perigosos com Picoli (2005) essa invasão pode ter
(COSTA 2009). relação direta com a riqueza encontrada
na Amazônia, no que diz respeito aos
Esse tipo de modal é utilizado na maioria
recursos naturais como, hídrico, flora,
das vezes no transporte e coleta de
fauna e minerais.
petróleo, tendo noticia dos primeiros trans-
portes por volta do ano de 1865 na região A Agilidade na construção e o baixo custo
da Pensilvânia (EUA) com apenas 8 km de de implantação fizeram com que o governo
extensão ligando um campo de extração a Federal, optasse por modal rodoviário, pois

168
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

a economia da época não oferecia condição produtos sejam industrializados, com isso
para a utilização ou implantação de outro dependendo do caso é indispensável à
modal. Deste modo, poucos eram os volta de parte desses mesmos produtos
produtos que supriam a região, sendo que a na forma industrializada, já que a região
produção inicial se limitava em poucas tone- conta com poucos parques industriais.
ladas de grãos e alguns m³ de madeiras, Portanto, é utilizado o mesmo modal que
processo esses que não trariam retornos antes percorreram longas distâncias até as
suficientes para grandes investimentos. indústrias dos grandes centros, tornando
quase que intrafegável, causando sérios
Em meados dos anos 80 com um grande
prejuízos aos setores público e privado
crescimento do segmento madeireiro e
(CORREA & RAMOS 2010).
um sinal positivo do setor do agronegócio,
iniciam-se então as dificuldades frente ao
setor de transporte. Fator determinante
3.6 D I STR I B UI ÇÃO D E
para o projeto de asfaltamento da rodovia
ÓLEO D I ES EL NO B RAS I L
BR Cuiabá-Santarém de Sinop até ao Posto No Brasil em 1910 iniciou-se a distribuição
Gil (SANTOS, 2011). do óleo diesel, através da Anglo-Mexican
Petroleum Products Company, primeira-
Por se tratar do setor primário, é necessário
mente seu transporte se dava nos lombos
que em algum momento da cadeia, esses
de burros, conforme observa na figura 3.

Figura 3 - Transporte de óleo diesel em lombos de burros no inicio da década de 1910

Fonte: portal Shell Brasil Ltda

Somente uma decada mais tarde foram Ainda em relação ao inicio da distribuição
inagurados os primeiros postos de serviços de combustíveis no Brasil pode se observar
na cidade do Rio de Janeiro pela mesma na figura a seguir figura 4 o que de acordo
empresa e em 1952, recebe o nome Shell com a Shell Brasil é a imagem do primeiro
Brazil Ltda. trem, o qual transportava combustível de

169
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

uma cidade para outra no estado do Rio de


Janeiro no inicio da década de 30.

Figura 4 - Primeiro trem de combustível da Anglo-Mexican no Brasil na década de 1930

Fonte: portal Shell Brasil Ltda

Após a Segunda Guerra Mundial iniciou Transamazônica (SANTOS, 2011).


então no Brasil uma longa discussão com
A fim de compreender um pouco mais a
relação à extração de petróleo em terras
relação do desenvolvimento da região do
brasileiras, pois o país tinha a necessi-
Médio Norte de MT e a distribuição do óleo
dade de mostrar sua soberania nacional.
diesel a figura 5, uma fotografia da década
Com uma grande manifestação popular,
de 70 o qual demonstra a realidade de um
conhecida como “o petróleo é nosso” o
dos primeiros postos de combustíveis da
Congresso Nacional aprovou a lei nº 2004
região, localizada na cidade de Sinop-MT.
em 3 de dezembro de 1953, que estabe-
leceu o monopólio estatal do petróleo e Em busca de abastecer a região, no final
instituiu a Petrobrás (PETROBRAS, 2016). dos anos 70, uma parceria entre o publico
e o privado instalou uma usina de álcool
3.7 DIST R I B U I ÇÃO D O em Sinop. Esse projeto tinha como foco a
Ó L EO D I E S E L NA R EG I ÃO distribuição do álcool nas cidades vizinhas
D O MÉD I O NOR TE D E M T e o óleo diesel para a produção, visto que
deu início as primeiras grandes fazendas
Com a abertura da BR 163 (Cuiabá-San-
produtoras na época, juntamente com
tarém) acelerou a vinda dos primeiros
a exploração do ouro na região norte
agricultores para a região, portanto devido
(SANTOS, 2011).
o crescimento no movimento de veículos,
caminhões e máquinas, os combustíveis se
tornaram indispensáveis para o projeto da

170
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Figura 5 - Primeiro posto de combustível em Sinop no inicio da década 1970

Fonte: Museu histórico de Sinop

Visto a demanda em crescimento de 3.8 R EFI NA R I AS ,


combustível e o desenvolvimento regional TER M I NAI S E B AS ES
em vários setores, algumas distribuidoras D E D I STR I B UI ÇÃO
como Shell, Petrobras, Ipiranga, Atlantic, R ES PONSÁV EI S NO
Esso e Agip iniciassem por volta dos aos AB ASTEC I M ENTO
79 e 80 suas instalações nas proximidades D O ÓLEO D I ES EL D E
da usina agroquímica, onde tinham como UTI LI Z A D O EM M T.
principal objetivo além da facilidade de
distribuição, pela a proximidade com a Com 15 refinarias da Petrobras no Brasil, 1
usina, construir um duto que ligassem à em sociedade com Terceiros, e 2 de inicia-
usina as distribuidoras cruzando a BR 163 tiva privada, e aproximadamente 254 distri-
(SANTOS, 2011). buidoras, 565 TRR’s e 29.739 postos reven-
dedores é distribuído todo o consumo de
Por se tratar de um produto de extrema combustíveis no Brasil. O grande destaque
importância para o setor do agronegócio, de venda é o óleo diesel, dividido em três
à maneira que a demanda por óleo diesel grandes setores responsáveis por 96% do
crescia, também surgia outras necessi- seu destino, sendo o transporte com apro-
dades, como o abastecimento de imple- ximadamente 75%, seguida pela agricul-
mentos e o transporte e armazenamento tura com 16%, e por fim a transformação,
dos grãos, fator importante para o aumento o qual utiliza o óleo diesel para geração de
constante da demanda do óleo diesel. energia com 5% (BIODIESELBR, 2015).

O óleo diesel utilizado na região Centro


Oeste em aproximadamente 80% de sua
totalidade é extraído na Bacia de Campos,
localizada na costa brasileira nas imedia-

171
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

ções da cidade de Vitória (ES) até Arraial do produtos normalmente de um terminal


Cabo (RJ). Através do sistema de bombe- mais próximo onde repassa para suas
amento do modal dutoviário o petróleo e bases secundárias, para assim atender
transportado para refinaria REPLAN (Refi- a demanda local, como postos revende-
naria do Planalto), localizada na cidade de dores e TRRs. (Transporte Revendedor
Paulínia SP onde é realizado o refino, trans- Retalhista) além do consumidor final.
formando em diversos combustíveis apro-
Para atender a demanda do óleo diesel
priados para o uso (PETROBRAS, 2016).
em Mato Grosso existem diversas compa-
Para a distribuição da região do Médio Norte nhias com suas bases primárias e secun-
de Mato Grosso, a Petrobras maior forne- dárias em Cuiabá e Sinop como: Petrobras,
cedora de combustíveis do Brasil coloca a Shell, Ipiranga, Simarelli, Fic, Ismall, Petro
disposição alguns terminais e bases como Luz, Idasa e outras, a maioria delas em Alto
a TEPLAN (Terminal de Paulínia) em anexo Taquari, Cuiabá e Sinop.
a refinaria de Paulínia, a TEGON (Terminal
Conforme mostra a figura 6 a distribuição
de Goiânia) em Goiânia GO, a BATAQ (Base
de óleo diesel não necessariamente segue
de Alto Taquari) em Alto Taquari MT, onde
uma ordem, pois dependendo da movi-
atende também como terminal e a TEVEL
mentação e poder de compra de uma
(Terminal de porto Velho) em Porto Velho RO.
distribuidora a mesma pode ter a opção
Segundo Cardoso (2004), base primária é de onde deseja retirar seus produtos,
uma empresa que atua no ramo de distri- até mesmo diretamente do terminal de
buição de combustíveis, adquirindo seus Paulínia anexo refinaria REPLAN.

Figura 6 - Esquema de logística simplificado do setor de distribuição de combustível

Fonte: Google imagens, adaptadas Oliveira 2016

172
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Apesar da utilização do modal ferroviário pois à distância a percorrer em sua tota-


em boa parte do percurso, os mesmos trilos lidade da refinaria até o destino final,
são divididos com outros vagões carre- dependendo do trajeto escolhido pode ser
gados de grãos que faz o sentido contrario de aproximadamente 2.200 quilômetros.
prejudicando assim toda a logística.
Sendo assim, ao observar a figura 7 pode
Os terminais e as bases com uma menor se entender que ao se deslocar do Médio
capacidade de operação o qual atua na Norte de Mato Grosso com destino a
região estudada, não tem capacidade sufi- Paulínia o único corredor disponível para
ciente para atender a demanda. Portanto, tal destino em aproximadamente 750 quilô-
ao fazer o transporte do óleo diesel dos metros, passa a ser pela Rodovia BR 163.
terminais de Alto Taquari e Rondonópolis, Portanto, apenas em Rondonópolis MT o
local onde finaliza a ferrovia, até a região do usuário ou transportador tem outra opção
Médio Norte de Mato Grosso pelo modal de escolher o trajeto, sendo pela continui-
rodoviário o trajeto pode chegar a 1.200 dade da BR 163 ou pela rodovia BR 364.
km, tornando um tanto quanto oneroso,

Figura 7 - Rota de acesso a TEPLAN (Terminal de Paulínia)

Fonte: Google Maps, adaptando por Oliveira (2016)

Desta forma, quando a opção das compa- km, sendo assim, mesmo com a diminuição
nhias por fazer as retiradas no terminal de da distância faz-se necessário realizar esse
Goiânia, faz se necessário um planejamento transporte por veículos maiores.
de no mínimo cinco dias para poder atender
No entanto, há de se levar em conta os
o cliente, já que a rota a percorrer é de apro-
riscos já que as condições das rodovias não
ximadamente 1.700 quilômetros. Já optando
oferecem segurança de trafegabilidade. A
por Alto Taquari pode chegar a ser de 1.200
BR 163 concebida como parte do programa

173
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

da ditadura militar com o escopo de inte- buição de combustível. Fato se ocorre, por
grar a Amazônia ao território brasileiro se encontrar em franco desenvolvimento,
tinha como principal objetivo promover a tornando o combustível mais precisa-
expansão do agronegócio em Mato Grosso, mente o óleo diesel, um dos produtos mais
porém há quase 50 anos atrás o governo e utilizados para a geração de energia nas
sua equipe não tinha noção do que viria a fazendas e indústrias da região, quer seja
ser essa região (RODOVIA & CIA, 2014). para motores estacionários ou movimen-
tação de maquinários.

4 CONS IDERAÇÕES Faz se necessário salientar que por se tratar


F INAIS de um país com dimensões continentais e

Este estudo teve como objetivo o Mato Grosso se encontrar, distantes das

principal descrever a cadeia logística do refinarias e indústrias, fica evidente que

óleo diesel utilizado na região do médio os custos aumentam e tem que ser absor-

norte do estado de Mato Grosso. Primeira- vidos pelos consumidores.

mente a pesquisada buscou entender qual


Assim, o estudo enfatiza que, apenas o
a importância desse produto para a região
investimento pesado tanto por parte do
e conseguintemente sua origem, e todo
Governo quanto a parceria com iniciativa
processo logístico com extração, refino,
privada, será capaz de tornar a logística a
armazenagens e transporte, visando quais
principal ferramenta geradora de vanta-
os modais são utilizados, desde a extração
gens competitivas de ambos os envolvidos
até a distribuição final do produto.
na distribuição do óleo diesel utilizado na

Visto a competitividade enfrentada pelas agricultura do médio norte de mato grosso.

organizações no mercado atual é neces-


Por fim, deixasse aberto esta fonte de
sário que as mesmas intensifiquem seus
pesquisa para o desenvolvimento de
conhecimentos em estratégias, onde sejam
futuros trabalhos, com intuito de agregar
capazes de diferencia-las de seus concor-
informações para o crescimento acadê-
rentes. Portanto, a logística vem mostrando
mico e expansão profissional destas linhas
que, quando bem gerida, tratando a como
de logística, afim de promover o desenvolvi-
uma tática importante nas atividades,
mento desta região, ao qual tem-se poucos
torna a empresa, solida nas tomadas de
investimentos instaurados, uma vez que
decisões já que facilita os processos, pois
sem infra logística não se tem crescimento.
os mesmos estão como um elo na cadeia
de suplemento elevando assim o nível de
serviços, oferecido pela a empresa.
REF EREN CIAS
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Portanto, a região do médio norte de Mato
Consumo de combustíveis. Disponivél
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177
TECNOLOGIAS
LOGISTICAS APLICADAS
NO ATENDIMENTO AO
CLIENTE DO SEGMENTO
VAREJISTA

Filipe de Castro Quelhas

RESUMO
O varejo é essencialmente um operador logístico, ou seja, um elo entre o consumidor
final e o fornecedor. Em decorrência disso, as relações com os fornecedores e com o
mercado consumidor representam, ao mesmo tempo, problemas e oportunidades para
a melhoria das operações comerciais varejistas. Todo este encadeamento tem como elo
inicial o próprio consumidor, cuja disposição de compra constitui-se no fato gerador das
ações produtivas e comerciais. O setor varejista, ao atuar junto ao consumidor, possui
papel preponderante, definindo a direção das cadeias produtivas. Os conceitos logísticos
modernos aplicados ao sistema produtivo são bastante abrangentes, envolvendo diversas
áreas e foco de atuação. Absorver estes conceitos requer elevado nível de conhecimento
e competência dos agentes envolvidos, bem como o uso de modernos recursos de infra-
-estrutura. Dentre as diversas áreas englobadas na logística da cadeia de suprimentos,
podem-se citar aquelas mais relevantes: transporte, armazenagem e gestão de estoques.
Devido à vasta literatura sobre logística e tecnologia da informação, o trabalho aqui apre-
sentado faz uma abordagem do tema no âmbito da logística integrada e da cadeia de
suprimentos dentro dos hipermercados. A fundamentação teórica qualitativa segue a
bibliografia tradicional bem como fontes secundárias como teses, dissertações, Internet,
textos periódicos e jornais.

Palavras-chave

Logística; Tecnologia da Informação; Hipermercados.


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1 . INTR O DUÇÃO mento de um supermercado como técnica


para fidelizar seus clientes e verificar como
A Estratégia do Serviço orienta a atenção as marcas próprias podem contribuir para
dos membros da organização no sentido a fidelização.
das verdadeiras prioridades dos clientes
e transforma-se no núcleo da mensagem Este trabalho contribui para o conheci-

a ser transmitida para o cliente. O Pessoal mento do varejo. Na atualidade, esta neces-

da linha de frente, se for eficaz, é capaz de sidade emerge com grande importância em

manter uma concentração, sintonizando a função da crescente valorização do tempo

situação, o pensamento e a necessidade do e do aumento do nível de serviço exigido

cliente no momento relevante, o que leva a do varejista, movimentos que reduzem os

prestação do serviço a um nível elevado e gastos de tempo e esforço que o consu-

desperta a atenção do cliente para a quali- midor necessita despender no processo

dade do serviço prestado, induzindo-o a de compra. Sendo assim, é necessário

falar para outras pessoas sobre isso. Os compreender o conceito de marketing,

Sistemas devem apoiar a linha de frente, que muitas vezes é confundido com propa-

de modo a atender à necessidade e à ganda ou vendas devido a exposição publi-

conveniência do cliente, e não à conveni- citária e a venda pessoal. Adianta-se que os

ência da organização. Esses três fatores – dois itens são ferramentas de marketing e

estratégia, pessoal e sistema – são básicos não o contrário (GUBIANI, 2006).

na formulação da qualidade do serviço, de


O setor do comércio varejista teve um
acordo com Queiroz (2005).
crescimento em 2005 de 1,3% em relação

A prestação de serviço é composta por ao ano anterior. Para este ano, a expecta-

momentos ou hora da verdade; cada um tivas da ABRAS (Associação Brasileira de

desses momentos é definido no encontro Supermercados) é de crescimento similar.

do cliente com qualquer aspecto da Oliveira, presidente da ABRAS ressaltou

empresa fornecedora de serviços. A todos que as lojas menores, com até 250m2, deve

esses momentos dá-se o nome de Ciclo crescer no ano de 2006/2007 aproximada-

de Serviços, que deve ser entendido como mente 7%. Em 2005 o tamanho do mercado

a cadeia contínua de eventos pelo qual o foi R$ 106,4 bilhões (CASTRO, 2012).

cliente passa, à medida que experimenta


Segundo dados de 2006 da Associação
o serviço prestado. A excelência no serviço
Brasileira de Atacadistas e Distribuidores –
se dá quando o prestador consegue, em
(ABAD), o setor de supermercados faturou
todos esses momentos, atender às expec-
no ano de 2005, R$ 86,5 bilhões e teve uma
tativas do cliente, agregando valor ao
participação de 58% no mercado varejista,
serviço prestado (LIKES, 2004).
com 900 mil pontos-de-venda atendidos

O objetivo principal do presente estudo é por 14 mil vendedores diretos e 65 mil

analisar a influência de um bom atendi- vendedores autônomos (CASTRO, 2012).

179
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Profissionais preparados podem manter problema do péssimo atendimento são:


uma empresa em evidência aos olhos do funcionários desatenciosos; treinamento
consumidor. É notório que atualmente as deficiente dos funcionários; atitudes nega-
empresas estão operando com margens tivas de funcionários; percepções dife-
de lucro cada vez mais reduzidas, a concor- rentes; mau atendimento e resolução insa-
rência está cada vez mais acirrada e os tisfatória de reclamações; e funcionário
clientes estão muito mais exigentes do sem autonomia e responsabilidade.
que antigamente. Por isso, as organizações
Vê-se, portanto que o atendimento ao
devem a todo instante buscar aumentar
cliente de forma satisfatória poderá apre-
sua competitividade no mercado, a fim
sentar vantagens competitivas das orga-
de garantirem sua sobrevivência. Umas
nizações. É através dele que os clientes
das estratégias adotadas pelas empresas
medem o desempenho da empresa. Para
nesse mercado de alta competição é o
Pilares (1989) o atendimento ao cliente é
aprimoramento e a inclusão de caracte-
constituído pela relação entre o funcio-
rísticas adicionais ao que era comumente
nário da organização e a pessoa a quem
comercializado. Essas características, em
ele irá vender produtos, prestar serviços
sua maioria, não fazem parte do objeto
ou oferecer idéias, onde o cliente será
central e tangível do que é consumido, mas
encaminhado e acompanhado.
podem fazer a diferença na decisão de
compra do consumidor (GUBIANI, 2006). Os funcionários de diversos setores e níveis
hierárquicos devem ser considerados
2 . ATE NDIMENTO AO envolvidos no processo de atendimento,
C L IE NT E independente se há contato direto ou da
duração do contato, conforme aponta

2.1. CO N C E I TOS Marietto et al (2012).

IN IC IA IS Segundo Marietto et al (2002) os dez manda-

Marin e Moretti (2009, p.25) cita uma mentos do atendimento ao cliente são:

estatística que trata dos motivos que


1 ) Dar sempre aos clientes aquilo que eles
levam cliente a parar de fazer negócios
querem.
com a empresa: 1% morre; 3% mudam;
5% buscam alternativas ou desenvolvem 2 ) Fazer sempre certo.
outros relacionamentos de negócios; 9%
3) Prometer menos e cumprir mais:
começam a negociar com os concorrentes;
exceder aquilo que prometer ao cliente
14% estão insatisfeitos com o produto ou
e jamais prometer o que não pode ser
atendimento; e 68% estão desgostosos
cumprido.
com o tratamento recebido.

4) Quando um cliente pede, a resposta


E segundo Teixeira (2010) as causas do
deve ser sempre assim.

180
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

5 ) Todos os funcionários devem ter auto- tiva quanto de Marketing. Ele incrementa
ridade para lidar com as reclamações dos o marketing porque motiva os clientes
clientes. a difundir bons comentários sobre seus
serviços e negócios a outros compradores.
6 ) Estimular os clientes a dizer o que está
A maneira mais barata de adquirir novos
sendo feito de errado.
clientes é através de reclamação verbal.

7) Tudo deve ser registrado. Bons serviços tornar o gerenciamento mais


fácil porque todos estão comprometidos
8 ) As remunerações dos salários devem com a satisfação do cliente. Os resultados
ser justas. serão maior produtividade e maiores lucros
simplesmente porque a gerência e seus
9 ) Demonstrar respeito ao próximo e ser
funcionários estão trabalhando para atingir
cortês.
o melhor objetivo (MARIETTO et al., 2002).
1 0) Aprender como os melhores fazer e
Desenvolver um, bem sucedido sistema de
fazer melhor.
atendimento a clientes pode ser um dos
O atendimento a clientes se paga, ele não mais recompensadores objetivos a serem
custa. Ele se paga de várias maneiras, a atingidos pela empresa. Assim como muitos
primeira das quais é a manutenção do outros objetivos, ele necessita de planeja-
cliente em longo prazo. Muitas empresas mento e trabalho (MARIETTO et al., 2002).
compreende o custo de obter um cliente,
Os programas de atendimento a clientes
mas não entendem o custo de perder
não terão sucesso em uma empresa a
um cliente. De fato, custa de cinco a seis
não ser que sua alta administração esteja
vezes mais conseguir um cliente novo do
comprometida com este conceito. É tarefa
que fazer negócios com um cliente antigo
do presidente, administrados ou proprie-
(MARIETTO et al., 2002).
tário desenvolver uma visão clara e concisa
Nenhuma empresa, qualquer que seja seu de serviços para a empresa. Os gerentes
tamanho, pode suportar perder e buscar devem comunicar essa visão, como a
clientes continuamente. Esses resul- missão da empresa, a todos os funcionários.
tados devem motivá-lo a melhorar seus
O atendimento a clientes não é um conceito
programas de atendimento a clientes, a
tão intangível quanto possa parecer. Cada
fim de se tornarem programas ele manu-
ramo de negócios tem práticas que podem
tenção de clientes (MARIETTO et al., 2002).
ser melhoradas. Por exemplo, quantas
Um atendimento deficiente a clientes vezes o telefone toca antes que alguém o
é muito caro. Um bom atendimento a atenda? Quantas transferências de liga-
clientes não tem preço. Primeiro é preciso ções são necessárias antes de se encontrar
reconhecer que atendimento é, para o alguém que responda à pergunta do cliente?
negócio, tanto uma ferramenta administra- Quanto tempo é necessário para processar

181
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

um pedido ou embarcar Uma peça de repo- cliente antigo é fundamental para a sobre-
sição? Quando padrões são estabelecidos vivência da organização. Conquistar novos
para práticas normais, você pode assegu- clientes é muito mais custoso e difícil,
rar-se do alto desempenho de seus funcio- principalmente a partir das premissas de
nários. Lembre-se, o que pode ser medido consumo em queda e clientes cada vez
pode ser feito (MARIETTO et al., 2002). mais exigentes. A qualidade percebida nos
produtos e, principalmente, nos serviços
O atendimento a clientes se paga, ele não
pós-venda torna-se ferramenta ou arma
custa. Deve-se trabalhar constantemente
fundamental de negociação.
para ter o melhor serviço de todos os
tempos. O único objetivo para estar nos Competir em tal mercado para conquistar
negócios deverá ser satisfazer os clientes. novos clientes (a preocupação aparente
Uma vez feito isso, o crescimento, a da maioria dos profissionais de marketing
expansão e os lucros ocorrerão de forma contemporâneos) pode ser fácil, porque os
natural (MARIETTO et al., 2002). clientes demonstram lealdade de marca,
muito pequena. Eles poderiam comprar

2. 2. SAT I S FAÇÃO E mais uma ou duas vezes. É consideravel-

FID E L IZ AÇÃO D OS mente mais difícil, em tal dinâmica de

C L IE N T E S mercado, manter os clientes comprando


regularmente uma marca ou serviço. Dados
Segundo Bogmann (2005), a cada dia os custos decorrentes de conquistar novos
o consumidor descobre e insere novos clientes, a única maneira de lucrar em
e diferentes produtos em sua vida. Há tal situação é aumentar o tempo de vida
excesso de informação, de apelos e de de compra dos clientes atuais. Portanto,
novas ofertas inundando os mercados. A a retenção de clientes é, de longe, mais
manutenção de uma clientela fiel, tarefa importante que sua atração.
essencial à sobrevivência das empresas,
vem se tornando cada vez mais complexa. Conforme Bogmann (2005), o Marketing

Além disso, atrair um novo cliente custa de Relacionamento procura respostas

muito mais do que a manutenção de um para as seguintes questões pertinentes

cliente antigo. Um estudo da American ao processo de fidelização do cliente e à

Management Association, por exemplo, implantação de programas de fidelização:

indica que angariar novos clientes custa


_ Como conscientizar os gerentes, funcio-
cinco vezes mais do que conservar clientes
nários e parceiros, da importância da
já existentes.
retenção dos clientes? O que significa “fide-

Conforme afirma Bogmann (2005), os lizar”?

mercados globalizados exigem readap-


_ O que constitui o “processo de fideli-
tação por parte das organizações e atenção
zação?”
redobrada ao consumidor. Manter o

182
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

_ Quais seriam as possíveis implicações um por si”, os negócios quase sempre


financeiras do processo de fidelização? envolvem grandes grupos cooperativos
e mutuamente confiantes, não apenas
_ Como implantar um “processo de fide- corporações, mas redes de fornece-
lização?” dores, pessoal de serviço, clientes e
investidores (GRONROOS, 2004, p.14).
_ Quais são os mecanismos, as tecnologias
e os processos facilitadores do processo De acordo com Porter (1989), a reorgani-
de fidelização? zação empresarial processa-se em dois
pólos: o da tecnologia da informação e o do
Segundo Bogmann (2005) cliente fiel é
marketing. A informação tem-se tornado
o cliente que, por estar satisfeito, volta
um bem capital, com valor similar a mão-de-
sempre à organização por ocasião de uma
-obra, matéria-prima e recursos finan-
nova compra ou transação; já, fidelização é
ceiros. A empresa information – driven (de
o processo de tornar fiel.
informação intensiva) – não apenas sobe a
concorrência, a economia e o ambiente de
2. 3. MA R K E TI NG D E
negócios, mas também, e principalmente,
RE L AC I O N A M E NTO
pelo conhecimento profundo que acumula
Estamos vivendo uma nova era de sobre cada cliente em sua individuali-
concorrência e competição dentro de um dade e em seus motivos de preferência,
ambiente globalizado. A concorrência acir- processo de compra, necessidade e expec-
rada não só entre adversários tradicionais tativas não atendidas – possui a chave para
em mercados tradicionais, mas também o ganho de posicionamento e de vantagem
com novas personagens em nichos ou competitiva no mercado.
setores específicos de negócios.
O desafio do marketing é decodificar o
O quão competitiva uma indústria em modo de pensar, de compreender e lidar
particular possa ser, ela sempre se com a realidade, oferecendo as infor-
fundamenta em interesses comparti- mações necessárias para que os execu-
lhados e regras de conduta mutuamente tivos possam tomar decisões, com base
aceitas, e a competição ocorre não em no conhecimento do ponto de vista do
uma selva, mas numa sociedade que ela cliente. O diálogo e a construção de rela-
presumivelmente tanto serve quanto cionamento estáveis e duradouros com os
depende. A vida de negócios, diferen- clientes surgem como resposta ao desafio
temente da vida na selva mitológica, é imposto ao marketing pelas mudanças no
antes de mais nada fundamentalmente ambiente competitivo, no comportamento
cooperativa. É apenas com os limites do consumidor e, principalmente pela
dos interesses mutuamente compar- expectativa de como deseja ser “atendido”
tilhados que a competição é possível, (BRETZKE, 2000, p. 20).
e bem ao contrário da metáfora “cada

183
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

O marketing, além de sua característica namento não têm um cliente como um


funcional, é também uma filosofia orga- dos participantes da troca. Mais especifi-
nizacional. Kotler, Armstrong (2003, p. 15) camente, em alianças estratégicas entre
afirmam que: “o marketing é muito mais competidores, parcerias entre firmas e
do que uma função isolada – é uma filosofia governo, arranjos de canais distribuição, e
que orienta toda a organização. A meta do em marketing interno, não existem compra-
marketing é satisfazer o consumidor de dores, vendedores, clientes, ou contas-chave
forma lucrativa, através da criação de rela- - apenas parceiros trocando recursos.
cionamentos de valor”.
Para McKenna (1993, p. 33), que tem uma
Porém, nenhum departamento de marke- visão mais ampla, Marketing de Relacio-
ting atinge essa meta sozinho. namento é a resposta para as empresas
enfrentarem esse desafio, pois se baseia
Precisa relacionar-se com os outros depar-
na experiência e exige o domínio do conhe-
tamentos da empresa e mesmo associasse
cimento sobre:
a outras organizações para proporcionar
um valor superior aos seus consumidores. _A tecnologia inerente a sua atividade;

Outro autor, Regis McKenna, em seu livro _Seus concorrentes;


“Marketing de Relacionamento” reforça os
_Seus clientes;
conceitos expostos acima afirmando que
“hoje o marketing não é uma função; é _Novas tecnologias que podem modificar o
uma forma de fazer negócios” (MCKENNA, ambiente competitivo; e
1993, p.6) e “na década de 1990, as dimen-
sões críticas da organização – incluindo _Sua própria organização, capacidades,
todos os atributos que definem como a recursos, planos e formas de negociar.
empresa faz negócios – acabam sendo as
funções de marketing: por isso, o marke-
ting é trabalho de todos dentro da organi- Já para Bretzke (2000, p. 31): “O Marketing
zação” (MCKENNA, 1993, p. 20). de Relacionamento é o processo contínuo
de identificação e criação de novos valores
[...] marketing de relacionamento se refere
com clientes individuais e o compartilha-
a todas atividades e esforços de marketing
mento de seus benefícios durante uma
direcionadas para estabelecer, desenvolver
vida toda de parceria”.
e manter trocas relacionais bem-sucedidas
(GRONROOS, 2004, p. 22). A conceituali- A quantidade e a complexidade dos rela-
zação adequada de marketing de relaciona- cionamentos nos negócios geraram
mento exige uma definição que acomode um crescimento exponencial de dados
todos os tipos de trocas relacionais. sobre o cliente e o mercado. Portanto, no
processo de analisar e interpretar os rela-
Diversas formas de marketing de relacio-
cionamentos de milhões de indivíduos ou

184
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

de um processo pequeno de um grupo a organização e seus principais partici-


de clientes, esses dados põem fazer uma pantes, incluindo fornecedores, canais de
grande diferença na posição competitiva e distribuição intermediários e acionistas.
nos lucros, para quem estiver mais apto a
A Ciência de Marketing é a ciência compor-
usa-los ativamente no processo de atendi-
tamental que procura explicar relaciona-
mento e vendas, independentemente de a
mentos de troca.
empresa do setor na qual a empresa atua.

Isso significa que os profissionais de


O marketing de relacionamento deriva
marketing devem reconhecer que as
dos princípios do marketing tradicional,
trocas com os clientes são a vida das
ainda que seja bem diferente. “O marke-
organizações. A empresa deve compre-
ting pode ser definido como processo de
ender os seus clientes, saber o que eles
identificação e satisfação das necessidades
pensam, o que sentem e como compram
do cliente de um modo competitivamente
e usam produtos e serviços (CHURCHILL
superior de forma a atingir os objetivos da
e PETER, 2000, p. 10).
organização” (BRETZKE, 2000, p. 32).

O marketing de relacionamento é funda-


As principais atuações do marketing de
mentalmente diferente das abordagens de
relacionamento são (BRETZKE, 2000, p. 32):
administração existentes porque convida
Procura criar novo valor para os clientes e
o cliente para dentro da empresa por
compartilhar esse valor entre o produtor e
meio da cadeia de valor. Ele apaga a linha
o consumidor; Reconhece o papel funda-
que limita onde começa o cliente e onde
mental que os clientes individuais têm não
a empresa termina. Bretzke (2000, p. 41)
apenas como compradores, mas na defi-
afirma que:
nição de valor que desejam; Exige que uma
empresa, em consequência de sua estra- Ele apaga a linha que limita onde começa
tégia de marketing e de seu foco sobre o o cliente e onde a empresa termina.
cliente, planeje e alinhe seus processos Organiza a empresa diferentemente,
de negócios, suas comunicações, sua muda o sistema de incentivo e busca
tecnologia e seu pessoal para manter o transformar virtualmente todos os
valor que o cliente individual deseja; É demais aspectos existentes da empresa
um esforço contínuo e colaborativo entre para capacita-la a tornar-se mais inten-
o comprador e o vendedor; Reconhece o samente ligada a seus clientes.
valor dos clientes por seu período de vida
de consumo e não como clientes ou orga- Continuando, Bretzke (2000) ainda afirma
nizações individuais que devem ser abor- que o marketing de relacionamento não
dados a cada ocasião de compra; Procura é simplesmente uma parte superficial do
construir uma cadeia de relacionamento marketing. É uma disciplina inteiramente
dentro da organização para criar o valor nova que oferece aos profissionais de
desejado pelos clientes, assim como entre marketing oportunidades para romper

185
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

limites e criar novos valores para sua vendo uma “lealdade artificial”.
empresa, seus clientes e acionistas.
Assim sendo, sempre é importante
Existem muitas diferenças, uma delas é a observar que nenhuma publicidade,
noção de que o marketing geral tem como promoção ou slogan, podem impedir que
objetivo atingir os segmentos, ao passo uma empresa perca a sua posição de
que o marketing de relacionamento cria mercado. As atitudes e não as palavras e
valores com os clientes individuais. A outra as promessas, fazem as coisas acontecer.
diferença concentra-se nos concorrentes,
Além disso, somente benefícios genu-
não nos clientes (BRETZKE, 2000).
ínos, baseados na total compreensão das
Um dos maiores desafios para o profissional necessidades dos seus melhores clientes,
de marketing é desenvolver um amplo apoio desenvolverão a tão almejada lealdade.
para a revisão dos processos que afetarão Bons programas de fidelidade possuem
praticamente tudo o que a empresa faz ao em comum prêmios úteis e atrativos,
longo de sua cadeia de valor. recompensas alcançáveis, regras bem
divulgadas, claras e raramente mutáveis.

2. 4 . M A R K E T I NG D E Talvez uma função mais ilustre dos


FID E L IDA D E programas de lealdade seria a de capacitar

A prática de recompensar usuários as empresas a estar mais perto dos seus

frequentes, conhecida como Programa clientes, através da coleta de informações

de Fidelidade, tem surgido sob as mais sobre seu comportamento de compra.

diversas formas e nos mais variados setores.


Um exemplo brasileiro seria o dos Super-
Empresas aéreas, hotéis, locadoras de auto-
mercados Pão de Açúcar, onde um cartão
móveis, varejistas, cartões de crédito, cabe-
fidelidade (que dá direito a algumas
leireiros e companhias telefônicas buscam o
promoções mensais) possui um objetivo
regresso de seus clientes oferecendo incre-
maior: consolidar todas as informações
mentos de categorias, descontos, serviços
de compras de cada cliente, gerando,
gratuitos ou ainda uma série de benefícios
em médio prazo, massa crítica suficiente
através do acúmulo de “pontos”.
para o tratamento e ofertas customizados

Infelizmente, o que se encontra na prática (BRETZKE, 2000).

é a oferta de vantagens, prêmios, bônus,


Essa evolução na forma de compreender
créditos ou outros artifícios para criar
o consumidor está sendo intitulada de
a “lealdade”, objetivando aumentar os
Customer Relationship Management e
custos de mudança ou a frequência de
fundamenta-se nos conceitos de relacio-
compra, sem haver necessariamente a
namento com o cliente, segmentação indi-
preocupação da satisfação do cliente.
vidual e recompensas personalizadas.
Essas empresas estariam, assim, promo-

186
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

As empresas que criam parcerias com atividades varejistas podem ser realizadas
clientes, fornecedores, canais inter- também pelo telefone, pelo correio, pela
mediários ou concorrentes frequente- internet, e também na casa do consu-
mente praticam os princípios de marke- midor. Quando fabricantes e atacadistas
ting de relacionamento em uma série de vendem diretamente para o consumidor
dimensões fundamentais. Elas podem final, estão também desempenhando ativi-
alinhar seu pessoal, processos e tecno- dades de varejo, porem não são conside-
logia de informação e, talvez, suas estra- rados como varejo, pois essa não é sua
tégias, mas raramente os quatros simul- principal fonte de receita. O varejista difere
taneamente (BRETZKE, 2000, p.44). do atacadista, pois o atacado consiste no
processo de venda para clientes institu-

3 . SEG MENTO DE cionais que compram produtos e serviços

SUPE RMERCADOS E O para revendê-los ou como insumo para

ATE NDIMENTO suas atividades empresariais.

De acordo com Parente (2000) o varejista


3.1. VA R E JO faz parte dos sistemas de distribuição
entre o produtor e o consumidor, desem-
Cobra (1997) afirma que varejo é uma
penhando um papel de intermediário,
unidade de negócio que compra merca-
funcionando como um elo de ligação entre
dorias de fabricantes, atacadistas e outros
o nível do consumo e o nível do atacado
distribuidores e vende diretamente a
ou da produção. Os varejistas compram,
consumidores finais e eventualmente aos
recebem e estocam produtos de fabri-
outros consumidores. Consideram-se esta-
cantes ou atacadistas para oferecer aos
belecimentos varejistas aquelas empresas
consumidores a conveniência de tempo e
em que mais de 50% de suas operações
lugar para a aquisição de produtos. Apesar
são decorrentes de vendas a varejo.
de exercerem uma função de intermedi-
De acordo com Parente (2000, p.22): ários, assumem cada vez mais um papel
pró-ativo na identificação das necessi-
Varejo consiste em todas as atividades dades do consumidor e na definição do
que englobam o processo de venda de que deverá ser produzido para atender as
produtos e serviços para atender a uma expectativas do mercado.
necessidade pessoal do consumidor
final. O varejista é qualquer instituição Parente (2000) ainda aponta que as orga-
cuja atividade principal consiste no nizações varejistas são variadas e novas
varejo, isto é, na venda de produtos e formas continuam surgindo. Hoje os
serviços para o consumidor final. consumidores podem comprar bens e
serviços em uma ampla variedade de lojas.
Quando se fala em varejo, logo surge na Os tipos de lojas de varejo mais impor-
mente a imagem de uma loja; porém, as tantes classificam-se em oito categorias,

187
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

conforme o autor: porque trabalham com pequenas margens


e grande volume;
1. Lojas de Especialidade – vendem
uma linha de produtos estreita com um 6 . Varejos de Liquidação – compram a
profundo sortimento dentro dessa linha; preços baixos no atacado e transferem
parte da vantagem aos consumidores.
2 . Lojas de Departamentos – vendem
Trabalham com sortimento variável e
várias linhas de produtos, tipicamente
mutante de produtos de alta qualidade,
roupas, móveis e utilidades domésticas;
frequentemente, pontas de estoque,

3. Supermercados – operam com custo números e modelos esparsos obtidos a

baixo, margem de lucro pequena, volume preços reduzidos de fabricantes ou de

elevado de vendas, auto-serviço projetado outros varejistas;

para atender às necessidades totais dos


7. Superlojas – o espaço de venda médio
consumidores em termos de alimentos,
das superlojas é de aproximadamente
produtos de higiene pessoal e de limpeza e
11.000 m2. Visam atender à necessidade
produtos para a manutenção do lar; a essa
total dos consumidores para compras roti-
definição de Parente (2000) acrescenta-se
neiras de alimentos e de itens não-alimen-
os hipermercados que de acordo com
tícios;
Goulart et al. (2004) é:
8. Showrooms de Catálogos – vendem
Modelo de loja, importado de França,
uma seleção ampla de bens de marcas
que funciona com cinco departamentos:
conhecidas que permitem markup alto,
mercearia, perecíveis, têxtil, bazar e
giro rápido e desconto nos preços. Os
eletrodomésticos. Possui dimensões
consumidores escolhem os bens em catá-
acima de 5 000 m². A área destinada à
logos, que depois são retirados na área de
alimentação ocupa mais de metade da
expedição do showroom.
loja. Opera com cerca de 35 000 artigos,
com a linha completa de alimentação e Segundo Parente (2000, p.15) “o Varejo vem
quase completa de não-alimentos. assumindo uma importância crescente
no panorama empresarial no Brasil e no
4. Lojas de Conveniência – são lojas relati-
mundo”. Noticias sobre varejo aparecem
vamente pequenas, localizadas próximo às
quase diariamente nos cadernos econô-
áreas residenciais, permanecendo abertas
micos dos principais jornais brasileiros.
além do horário normal e sete dias por
Com o acelerado ritmo de consolidação
semana. Vendem uma linha limitada de
que vem caracterizando as atividades
produtos de conveniência de alta rotativi-
varejistas brasileiras, um número cres-
dade;
cente de varejistas aparece na relação das

5 . Lojas de Descontos – vendem merca- maiores empresas do Brasil. À medida

dorias padronizadas a preços mais baixos que as empresas varejistas se expandem,


passam a adotar avançadas tecnologias de

188
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

informação e de gestão, e desempenham de transporte e vias de acesso às cidades.


papel cada vez mais importante na moder-
Atualmente, segundo Cobra (1997), o
nização do sistema de distribuição e da
comércio varejista pode apresentar
economia brasileira.
algumas características interessantes no
Brasil como a existência de vários tipos de
3.1.1 D E SE NVO LV I M E NTO lojas e centros de compra. A grande maioria
E S U RG I M E N TO D O dos comércios varejistas no país é consti-
VA RE J O N O B RASI L tuída de pequenas lojas, como bazar, arma-

Conforme define Las Casas (1992), o rinhos, tecidos, papelaria, tapeçaria, vestu-

comercio existe desde a antiguidade, ário, farmácia, armazém, vendas, artigos

descobertas em antigas ruínas evidenciam diversos, além de pequenos prestadores de

a existência de atacadistas e varejistas. serviços como sapateiros, chaveiros, borra-


cheiros, etc. Esses pequenos negócios são
O inicio do varejo como elemento caracterizados pelo pequeno volume de
intermediário dos sistemas produtivos negócios que fazem e pela maneira pecu-
ocorreu no século XIX, nos Estados liar de administração, geralmente geridos
Unidos e Inglaterra, com o apareci- por um ou dois proprietários.
mento das chamadas general stores
(lojas de mercadorias diversas), nas
3.2 . M APEA M ENTO DA TI
quais se comercializava praticamente
NO S EGM ENTO
de tudo: alimentos, tecidos, utilidades
domesticas, armas e munições, ferra- A atividade de Inteligência Competitiva
mentas e diversos outros. (HOFFMANN, exige das empresas na implantação, um
2006, p.25 apud LAS CASAS, 1992, p. 18) esforço muito grande no que tange a infra-
-estrutura, suporte e ter pessoas quali-
O varejo no Brasil se iniciou com os
ficadas para tal atividade. Por isso que a
tropeiros, portanto vários estudos
Inteligência Competitiva é mais acessível
apontam a figura do tropeiro como um
para as grandes organizações e torna-se
agente mercantilista de muita importância
um entrave para as pequenas e médias
nos primórdios da atividade varejista no
empresas, por se tratar de uma ferra-
país, uma vez que eram responsáveis pelo
menta financeiramente inviável. Contudo,
transporte e comercialização de alimentos
a Inteligência Competitiva segundo Berger
e demais mercadorias do litoral até as
(apud Prescott & Miller, 2002, p. 198), pode
regiões interioranas (LAS CASAS, 1992).
ser bem sucedida validando o seguinte

O sistema atual do varejo começou a ser adágio: “o importante não é o que você

estruturado no Brasil no final do século conhece, mas, sim, quem você é”. Suge-

XIX, paralelamente ao inicio do processo de rindo as empresas de menor porte seis

industrialização e do surgimento dos meios passos para a condução da implantação,


como segue abaixo:

189
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

_ Criar e usar uma planilha de entrada – tição, na guerra por participação de


por meio desta planilha, é possível acom- mercado, relacionar sua organização ao
panhar dados do concorrente, como seu meio ambiente. Essa relação tem uma
preços e outras informações, para análise influência significativa na determinação da
de tendências do segmento, medindo e sua configuração diante da competitivi-
avaliando o seu desempenho; dade do seu mercado (SUPERHIPER FATU-
RAMA, 2007b).
_ Fazer uma rede de relacionamento inter-
pessoal na organização – as informações Estabelecer um teto para os preços que
dos colegas são muito importantes para o possa praticar ou substituir produtos ou
êxito do processo; serviços limita o potencial de um setor,
ou poderiam atualizar a qualidade de um
_ Criar um clube de IC – troca de idéias produto ou diferenciá-lo de alguma forma,
entre profissionais de como aprender o setor sofrerá em termos de receitas
novas técnicas, sistemas e processos sobre e possivelmente em seu crescimento.
IC, ferramentas analíticas e palestras; Quanto mais atrativo for o trade-off preço/
desempenho oferecido pelo produto subs-
_ Conhecer sua força de vendas – montar
tituto, mais firmemente colocado estará
uma matriz de contas, através de sues
à tampa sobre seu potencial de lucros
representantes de vendas, contendo infor-
do setor. Os produtos substitutos que
mações sobre as principais características
merecem maior atenção estrategicamente
dos seus concorrentes, novos produtos,
são aqueles que: São sujeitos a tendências
preços e ramo em geral;
de melhoria de seu trade-off preço/desem-
_ Saber agradecer a sua equipe de vendas penho visando o produto do setor, ou
– agradecer sempre as pessoas que contri- Sejam produzidos por setores com altos
buíram para a obtenção das informações; lucros. Os substitutos aumentam a compe-
tição em seus setores e provocam redução
_ Ficar de olho aberto – pesquisar infor-
de custos ou melhoria de desempenho.
mações de mercado pode ser cansativo e
frustrante. Por isso receber qualquer tipo A rivalidade entre concorrentes existentes
de informação de colegas é de extrema toma uma forma familiar à de uma corrida
importância para o sucesso. pela posição, com o uso de táticas como
as de competição de preços, lançamento
4. E ST RATÉGIAS DOS de produtos e golpes de publicidade. A
HIPE RMERCADOS rivalidade intensa é relacionada com a
PARA M ELH ORA NO presença de uma variedade de fatores:

ATE NDIMENTO Os concorrentes são numerosos ou apro-


ximadamente iguais em porte e poder;
O imo da formulação da estratégia dos Crescimento do setor é lento, precipitando
hipermercados é saber lidar com a compe- lutas por participação de mercado que

190
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

envolva membros com idéias de expansão; Conforme as redes de supermercados


Produto ou serviço não tem diferenciação perceberam o limite da transmissão de
ou custos repassáveis, o que prende os dados através de meios magnéticos (fitas,
compradores e protege um combatente discos), e também devido à velocidade que
contra incursões na área de seus clientes as empresas necessitavam de informação,
por outro competidor; Os custos fixos são foi exigido uma modificação na forma de
altos ou o produto é perecível, criando transmissão que proporcionou a comuni-
uma forte tentação para reduzir preços; cação das empresas através de uma linha
A capacidade é normalmente aumentada telefônica. Porém, com o aumento das
por grandes incrementos; As barreiras de relações comerciais com vários parceiros,
saída são elevadas. As barreiras de saída, não era viável o uso destas linhas.
como ativos muito especializados ou leal-
Conforme citado acima, o sucesso da
dade à gerência para um negócio em
implantação do EDI está associado aos
particular, mantêm as empresas compe-
processos de negócio da empresa e recurso
tindo mesmo quando elas possam estar
tecnológicos. Deve-se também salientar
ganhando pouco ou estejam incorrendo
aos usuários que participam do processo,
em retornos negativos sobre investi-
a importância deste na empresa e como
mentos; Os rivais são divergentes quanto
realizarem as funções corretas, visto que
às estratégias, origens e “personalidades”.
um pequeno erro encontrado cadeia pode
Eles têm diferentes idéias acerca de como
prejudicar a todos os envolvidos.
os demais no processo.

Este sistema está intimamente ligado com


4 .1 A N Á L I SE DA a troca de informações entre parceiros
T I IN T EG RA DA comerciais. Num hipermercado, é possível
N A LO G Í ST I CA D E a logística usufruir da EDI, ligando a sua
H IP E RM E R CA D OS base de dados diretamente à do forne-
cedor. Esta é uma forma de satisfazer as
O EDI é um resultado das aplicações de
necessidades dos níveis dos stocks.
TIC (Tecnologias de Informação e Comu-
nicação) 1 sendo um diferencial para A EDI funciona sem interação humana e de
conquista de vários mercados. O EDI é uma forma rápida, visto que está ligada ao
considerado uma ferramenta estratégica sistema informático da cadeia, interligando e
em vários setores, onde a rapidez na troca interagindo com as áreas do hipermercado,
de informação é questão crítica no relacio- tais como as caixas registradoras, os produtos
namento comercial. nas prateleiras e no armazém, entre outros. A
informação é transmitida ao mesmo tempo
1 TIC refere-se a tecnologias de em que o processo é realizado.
informação e comunicação, incluindo
computadores, telefones fixos e móveis, faxes As grandes vantagens da utilização da
e redes locais e outras, como a Internet.
EDI, em cadeias de hipermercados, são: a

191
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

grande diminuição dos stocks nos arma- processo comercial (cotação, orçamento,
zéns. Como a compra de novo stock ao fechamento do pedido, emissão de ordem
fornecedor é feita na altura da requisição, de compra e envio de nota fiscal) entre
visto sair logo à nota de encomenda, o supermercados e fornecedores é reali-
tempo de reabastecimento diminui signi- zado de forma eletrônica. A adoção desta
ficativamente, implicando uma diminuição estratégia garante um maior dinamismo
dos stocks armazenados e dos próprios e eficiência no processo de compra, o que
armazéns; contribui para operações do impacta diretamente na diminuição dos
tipo Just in time no hipermercado. Toda a níveis de estoque nas lojas e das faltas dos
informação é transmitida ao mesmo tempo produtos nos pontos de vendas, permi-
em que o processo é realizado; diminuição tindo uma reposição contínua. Para isto os
de erros no processamento dos docu- principais fornecedores devem estar inte-
mentos, visto que é tudo informatizado; grados com os principais varejistas e de
diminuição do lead-time, visto que o tempo forma direta ou indireta controlar os esto-
que decorre desde o processamento de ques nas lojas.
uma encomenda até a sua colocação na
O Supply Chain com o uso de EDI tem sua
prateleira para venda diminui (SANTOS,
expansão dificultada pelos altos investi-
2006 apud MACHADO, 2006).
mentos que devem fazer fornecedores e
O Supply Chain (gerenciamento da cadeia varejistas. A saída que está sendo montada
de abastecimento) tem a função de tornar para ultrapassar esta barreira é a intro-
a cadeia de suprimento eficiente, reduzir dução da chamada Web EDI. Esta tecno-
perdas, evitar a burocracia, garantir o logia mescla o conceito original de EDI e
abastecimento e diminuir o preço final do a Internet. O uso de EDI está concentrado
produto. O uso de tecnologias de infor- nos grandes fornecedores como Gessy
mação é fator primordial para a eficácia Lever, Panamco (engarrafadora da Coca-
deste novo conceito de administração de -Cola), Nabisco, Nestlé e outros gigantes
compras, estoques e de distribuição. O da indústria. O desenvolvimento do uso
EDI (Eletronic Data Interchange) é ainda a de Web EDI seria uma solução para que
ferramenta mais importante e mais utili- pequenos e médios fornecedores e vare-
zada na relação entre o supermercado, jistas se integrem dentro de uma estrutura
os principais fornecedores, o Centro de que aumente a abrangência do forneci-
Distribuição (CD) do grupo e as empresas mento e de compras por meio eletrônica
de transportes. Este conjunto de agentes (web/Internet).
pode ser caracterizado como a estrutura
logística da organização. 4.2 R FI D
O uso de EDI é utilizado no processo de A RFID (Radio Frequency Identification) faz
compras das empresas (comércio eletrô- uso de etiquetas eletrônicas ou de RFID que
nico B2B - business to business). Todo o emitem um Código Eletrônico do Produto

192
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

(EPC, Eletronic Product Code) (SUDRÉ, 2005). nacional; não se detectar a passagem de
Esta tecnologia vem sendo utilizada cada mercadoria cuja informação não foi lida; o
vez mais em diversos ramos, mas o que a efeito da exposição humana às ondas de
torna realmente interessante é o fato de rádio (BRAZÃO, 2005); e a utilização em
ser cada vez mais apontada como uma produtos metálicos ou com componentes
substituição do código de barras, permi- metálicos (DÂMASO, 2005).
tindo um maior controle logístico numa
cadeia de hipermercados. 4.3 ECR
As vantagens das etiquetas eletrônicas são, O ECR é uma ferramenta estratégica de
por exemplo: codificação em ambientes gestão que tem o objetivo de identificar
hostis; codificação de produtos em que o perfil dos clientes e suas necessidades.
o código de barras não é eficiente; colo- Tem como foco montar o mix ideal de
cação no interior do produto; colocação linhas de produtos para cada loja, onda se
em superfícies posteriormente pintadas possa conhecer quais são os produtos mais
ou com outro tipo de acabamento; leitura vendidos por dia de semana e por período do
sem contacto; leitura sem abertura da dia (manhã, tarde e noite). Esta ferramenta
embalagem; baixo tempo de resposta; e não só indica o mix de produtos adquiridos
captação da informação com a etiqueta pelos clientes como também as relações de
em movimento (BRAZÃO, 2005). categorias vendidas em conjunto.

Entre as utilizações correntes desta tecno- Na definição de Ching (1999), o consu-


logia contam-se o controle de segurança midor final dá início à cadeia de distri-
das saídas de estabelecimentos e nas «vias buição no momento em que suas merca-
verdes». Para além da utilização pelas dorias passam pelo check out. As informa-
cadeias de hipermercados para identificar ções relativas a essas compras são então
os produtos na recepção, as etiquetas compartilhadas com todos os compo-
Eletrônicas permitem, também: o controle nentes da cadeia em tempo real. Quando
das existências em tempo real; a determi- o estoque do supermercado é baixado por
nação e identificação dos pontos de perdas leitores de códigos de barra, o fornecedor
de mercadoria; e o controle das paletes começa o processo de reabastecimento.
(BRAZÃO, 2005). Em suma, as mercadorias somente serão
demandadas pelo supermercado e produ-
Uma das grandes desvantagens das
zidas pelo fornecedor quando o consu-
etiquetas Eletrônicas é o seu custo elevado
midor passar a mercadoria no check out.
em relação às de código de barras (SUDRÉ,
2005). Há ainda o problema das faixas O conceito de ECR está sendo difundido
de frequência para leitura das etiquetas, no Brasil, mais efetivamente a partir de
estarem a ser definidas para cada região, 1997, pela Associação ECR Brasil, grupo
o que é uma dificuldade no comércio inter- composto de varejistas, atacadistas, indús-

193
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

trias do ramo de varejo, bancos, consulto- de âmbito estrutural, e das tecnologias


rias e empresas de hardware e software. que manifestam, as quais mudam de
organização para organização, influen-
A Associação busca implantar uma filo-
ciando de forma marcante as decisões
sofia/estratégia entre os supermercados, os
nas empresas. A necessidade de conhecer
distribuidores e os fornecedores para que,
o ambiente organizacional passa a ser
em conjunto, desenvolvam um trabalho
elemento importante para uma melhor
de parceria, proporcionando maior valor
compreensão dos problemas e das deci-
ao consumidor. O objetivo é garantir uma
sões no sistema empresa.
eficiência na cadeia de suprimento como
um todo, e não na eficiência individual das A humanidade está vivendo num mundo
partes. Portanto, reduzem-se os custos totais em constante evolução. Com isso, as neces-
de sistema, dos estoques e bens físicos, ao sidades, tratamento e acesso de informa-
mesmo tempo em que o consumidor tem ções pelo homem também crescem em
a possibilidade de escolher produtos mais grande velocidade. As informações têm
frescos, de maior qualidade e com uma adquirido tal complexidade que para o
maior opção de produtos ofertados. seu domínio e obtenção de resultados,
torna-se indispensável o uso dos recursos
É importante considerar que o conceito
criados pelas Tecnologias de Informação.
ECR necessita para a sua efetiva implan-
A informação dentro deste contexto é,
tação que se desenvolva uma cultura de
sem dúvida, o combustível para mudanças
parceria entre os principais agentes, isto
estratégicas, necessárias à evolução
é: indústria e varejo devem trabalhar em
natural das organizações. As tecnologias de
conjunto trocando informações estraté-
informação são os meios para a realização
gicas sobre o mercado, sobre o compor-
dessas mudanças, sendo uma das mais
tamento dos clientes e de custo/preço dos
importantes interfaces com os ambientes,
seus produtos e serviços. Assim, deixa-se
transformando informação em conheci-
de lado a filosofia de quando um ganha o
mento, contribuindo eficientemente para o
outro perde; para a filosofia de quando um
processo decisório organizacional.
ganha o outro também ganha; e quando
um perde o outro também perde. O planejamento e o controle de estoques
constituem atualmente um grande desafio

5. CON CLUSÃO para os administradores de materiais.


Devido às variações de fatores influenciam
A conclusão que se atinge é que os hiper- os custos relativos, a busca continua por
mercados estão inseridos num ambiente solução que visam à redução dos custos e
tumultuado, em constante alteração. Por as eficiências dos controles criam-se adap-
sua vez, se inter-relacionam com uma tações de métodos que satisfaçam as polí-
grande quantidade de entidades, sofrendo ticas atuais da empresa. Assim, nenhuma
influência do poder/políticas, de mudança organização pode planejar detalhada-

194
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

mente todos os aspectos de suas ações a organização está inserida, estar atenta às
atuais ou futuras, mas todas podem e novas tecnologias e assessorar aos toma-
devem ter noção para onde estão dirigin- dores de decisão de forma estratégica.
do-se e determinar como podem chegar lá,
REFERÊNCIAS
ou seja, precisa de uma visão estratégica
de todo o complexo produtivo. Neste posi- [ 1 ] . BALLOU, Ronald H. Gerenciamento
cionamento, todas as empresas devem da cadeia de suprimentos. Porto Alegre:
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relacionamento e competição em tempo
poder, crescimento de mercado e, acima
real: com CRM (Customer relationship
de tudo, garantia de rentabilidade.
management). São Paulo: Atlas, 2000.
Por se tratar de uma área do conheci-
[6]. BRETZKE, Miriam. Marketing de
mento pouco explorada e emergente, prin-
relacionamento e competição em
cipalmente pelos ambientes acadêmicos
tempo real com CRM (Customer Rela-
e empresariais, a Inteligência Competi-
tioship Management). 1a. ed, São Paulo,
tiva é tratada com diferenças conceituais,
Atlas, 2000.
porque ainda não possui uma teoria sufi-
cientemente concretizada à seu respeito. [ 7] . CASTELLS, Manuel. A Sociedade em
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sempre se convergem para a análise da
concorrência, monitorar o ambiente onde [ 8] . CASTRO, José Áureo do Carmo. Aten-
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195
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

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199
A LOGÍSTICA REVERSA:
CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO
EMPRESARIAL DOS
CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
REVERSOS E AS
DIFERENTES ETAPAS
QUE CARACTERIZAM O
RETORNO DE BENS DE PÓS-
CONSUMO E PÓS-VENDA

Filipe de Castro Quelhas

RESUMO
O presente artigo baseia-se em apresentar e sistematizar os principais conceitos de logís-
tica reversa envolvidos no retorno e revalorização de bens produzidos, examinar a orga-
nização empresarial dos canais de distribuição reversos e as diferentes etapas que carac-
terizam o retorno de bens de pós-consumo e de pós-venda. Dessa maneira, analisam-se
também fatores econômicos, ecológicos e legislativos que influenciam no potencial da
cadeia reversa.

Palavras-chave

logística reversa, custo, meio ambiente, competitividade


L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1 . INTR O DUÇÃO seu ponto de consumo. Entretanto, existe


também um fluxo logístico reverso, do
A globalização dos mercados, o comércio ponto de consumo até o ponto de origem,
eletrônico e as exigências dos níveis de que precisa ser gerenciado.
serviço cada vez maiores que agitam o
mundo dos negócios, tem nos mostrado Por exemplo, fabricantes de bebidas têm

que o caminho do sucesso empresarial que gerenciar todo o retorno de embala-

desde hoje e para as próximas décadas, gens(garrafas) dos pontos de venda até

passa por um forte processo de integração seus centros de distribuição. A indústria de

com as modernas técnicas de gerencia- latas de alumínio é notável no seu grande

mento e operação, buscando meios de aproveitamento de matéria prima reci-

reagir à intensa pressão competitiva e clada, tendo desenvolvido meios inova-

obter excelência em todos os níveis de dores na coleta de latas descartadas.

qualquer empresa. As siderúrgicas usam como insumo de


produção em grande parte a sucata gerada
Para sobreviverem nesse mercado de acir- por seus clientes e para isso usam centros
rada competição, e serem bem-sucedidas, coletores de carga. Existem ainda outros
as organizações precisam desenvolver setores da indústria onde o processo de
“vantagens competitivas”. Uma dessas gerenciamento da logística reversa é mais
vantagens é a capacidade de gerenciar recente como na indústria de eletrônicos,
recursos logísticos, onde o processo está varejo e automobilística. Estes setores
diretamente ligado ao trinômio qualidade/ também têm que lidar com o fluxo de
produtividade/custos. retorno de embalagens, de devoluções de
clientes ou do reaproveitamento de mate-
A logística, até então restrita ao seu papel
riais para produção. Outro exemplo que
clássico de transportar, armazenar e
pode ser dado para a Gestão da Logística
disponibilizar bens para transformação
Reversa é a utilização de paletes, onde,
e consumo, assumiu novo papel, o de
incentivados pelas políticas de estoque
logística empresarial, tornando-se uma
just-in-time (JIT), em que a rotatividade dos
atividade vital para o sucesso dos negó-
produtos é grande, os paletes tendem a se
cios de qualquer empresa. Seu objetivo
movimentar por toda a cadeia, e a sua má
central é atingir um nível desejado de
utilização poderá fazer com que possa ser
serviço ao cliente pelo menor custo total
eliminado do ciclo produtivo.
possível, tornando disponíveis produtos e
serviços no local onde são necessários, no A logística reversa concentra-se no exame
momento em que são desejados. dos fluxos reversos, ou seja naqueles que
fluem no sentido inverso ao da cadeia
Tradicionalmente, pensa-se em logística
direta, a partir dos produtos descartados
como o gerenciamento do fluxo de mate-
como pós-consumo ou dos produtos de
riais desde seu ponto de aquisição até o
pós-venda, visando agregar-lhes valor de

201
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

diversas naturezas, por meio da reinte- trabalho justificam o interesse crescente


gração deles, de seus componentes ou pelas oportunidades e riscos dos canais de
materiais constituintes ao ciclo produtivo e distribuição reversos de pós-consumo.
de negócios.
O número de novos produtos lançados
Tem-se observado que o escopo e a escala aumenta no mundo, a cada ano que passa.
das atividades de reciclagem e reapro- Em1970 foram lançados nos Estados
veitamento de produtos e embalagens Unidos 1365 novos produtos; já em 1994
tem aumentado consideravelmente nos este número ficou em 20076. A produção
últimos anos. Pouco a pouco, passou a ser mundial de plásticos em 1960 foi de 6
discutida nos diversos níveis das empresas. milhões de toneladas. Já em 2000, esta
Hoje, ela ocupa um espaço importante na produção atingiu 120 milhões de tone-
operação logística das organizações, quer ladas. Todo esse resíduo gerado pela
pelo seu potencial econômico, quer pela humanidade para onde irá? Os aterros
sua importância para a preservação de sanitários em sua grande maioria já estão
recursos e do meio ambiente. esgotados.Um dos maiores problemas da
atualidade é a dificuldade de disposição do
Este trabalho se propõe a analisar o papel
lixo urbano. (Leite, 2003)
da logística reversa nas organizações,
não apenas na movimentação física, mas Essa nova vertente de preocupação - a
incluindo também aspectos ambientais conscientização ecológica relativa aos
e a responsabilidade social das organiza- impactos que os produtos e os materiais
ções, analisando como esse conceito se provocam no meio ambiente - está modifi-
enquadra nos novos padrões de competi- cando as relações de mercado em geral e
tividade empresarial. justificando de maneira crescente as preo-
cupações estratégicas de empresas, do

1 .1 FO RM U L AÇÃO DA governo e da sociedade com relação aos

S IT UAÇÃO- P R O B L E M A canais de distribuição reversos.

Nas últimas décadas, os impactos As leis, cada vez mais rigorosas quanto

causados sobre o meio ambiente pelos ao descarte de embalagens e inservíveis,

produtos e processos industriais, acres- fazem com que as empresas tenham de

cidos dos grandes desastres ecológicos desenvolver estratégias reversas que

cada vez mais próximos e que fazem parte dêem destinação adequada as embala-

da vida moderna, tornaram-se mais visí- gens , insumos e até mesmo partes de seus

veis à sociedade em geral, modificando produtos, como pilhas, baterias e outros.

hábitos de consumo em alguns países.


“O grande e grave problema para
Regulamentações expressas de proteção
o reaproveitamento dos produtos
contra esses impactos e outras modifi-
descartados ou de seus materiais
cações evidenciadas no decorrer deste
constituintes, (...) ‘é a logística de

202
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

captação’ dos mesmos, ou seja o terizam o retorno dos bens de pós-con-


domínio das fontes e o equacio- sumo de pós-venda.
namento dos sistemas logísticos
O presente trabalho não pretende tornar
adequados, de forma a disponibili-
ninguém um “expert” em logística reversa,
zá-los para o elo seguinte da cadeia
mas apenas dar conhecimentos básicos
logística reversa”. (Leite, 1998)
sobre o tema, permitindo o entendimento
Dessa forma, torna-se importante estudar de sua importância e seu papel na compe-
e analisar a crescente importância do titividade das empresas.
papel da logística reversa em estratégias
Em função do curto tempo para realização
competitivas globalizadas. É fundamental
do trabalho, resolvemos dar mais foco
possuir uma visão sistêmica para planejar
a logística reversa de pós-consumo sem
a utilização dos recursos logísticos de
deixar de comentar sobre a outra grande
forma contemplar todas as etapas do ciclo
área da logística reversa, a de pós-venda.
de vida dos produtos.

Tendo em vista o referencial biblio-


1 . 2 O BJ E T I VOS , gráfico nesse campo de atividade ser
D E L IM ITAÇÕ E S E escasso e disperso, esperamos que este
IMP O RTÂ NC I A D O documento contribua para uma melhor
EST U DO compreensão desta área e que seja uma
ferramenta de grande valia a todos,
Dentro desse contexto, este trabalho tem a
executivos, ONGs, órgãos públicos
finalidade de mostrar a extensão e a impor-
professores e alunos universitários.
tância da logística reversa na economia
atual e seu potencial, analisando-se os
principais fatores que influem nessa orga-
1.3 R EFER ENCI A L
nização reversa, tais como os econômicos,
TEÓR I CO OU
os ecológicos e os legislativos, bem como
CONCEI TUAL
o importante impacto dos fatores tecno- Para dar suporte ao estudo proposto foi
lógicos e logísticos nessas organizações, necessário a fundamentação teórica em
por meio da exploração da revalorização diversos assuntos, entre eles:
desses bens sob diferentes perspectivas e
suas interações. _ Investigação sobre diversos materiais e a
composição de alguns produtos;
Procuramos apresentar os principais
conceitos de logística reversa envolvidos _ Tecnologias atuais e futuras de descon-
no retorno e na revalorização dos diversos taminação - para um devido retorno
tipos de bens, examinar a organização das embalagens ao processo, deve-se
empresarial dos canais de distribuição pesquisar e aprofundar-se nos modos exis-
reversos e as diferentes etapas que carac- tentes e sua logística de descontaminação

203
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

destas embalagens, pois para garantir a ções, definições e uma visão abrangente e
qualidade dos produtos agora nela colo- didática dos principais conceitos de logís-
cados, precisa-se possuir processos bem tica reversa e dos canais de distribuição
controlados de limpeza destes frascos; reversos. Além disso, todas as demais rela-
ções com outras áreas como o marketing
_ Projeto de viabilidade técnica e econô-
ambiental, a gestão ambiental, as estra-
mica - praticamente todas as decisões de
tégias, a ética e a tecnologia de materiais
realização de um projeto estão baseadas
carecem de maiores estudos e publicações
no fator custo, portanto este referencial
principalmente no Brasil.
teórico se fará amplamente necessário.
Este tópico estará englobando também “Essa carência bibliográfica
os estudos de valor presente líquido, taxa mundial, e em particular no Brasil,
interna de retorno e payback das novas nos animou a realizar uma série de
cadeias logísticas reversas a serem imple- pesquisas acadêmicas – incluindo a
mentadas. Além disso, este referencial investigação extensa e diversificada
também será muito útil para as conclusões de uma variedade de materiais e
finais do trabalho onde faremos o saldo de produtos – em associações de
entre as entradas e saídas de recursos classe, sindicatos, empresas da
neste projeto; cadeia direta e reversa, entidades
de reciclagem de materiais, serviços
_ Impactos ambientais - foi neces-
públicos e ONGs, coletando infor-
sário conhecer mais profundamente os
mações provenientes de suas
impactos ambientais relevantes na dimi-
publicações e anais, entrevistando
nuição da demanda de novos insumos
diretamente os diversos agentes
para o processo e os ganhos em termos de
envolvidos, empresários e execu-
desenvolvimento sustentável para a socie-
tivos de empresas produtoras,
dade;
distribuidoras, operadores logís-

_ Impactos corporativos - como conse- ticos, prefeituras, processadores de

qüência da implantação deste modelo, sucatas, indústrias de reciclagem,

poderá ser gerado impactos positivos entre outros.” (Leite, 2002)

futuros na imagem corporativa e gerar


Assim sendo, esta obra do autor acima
pontos substanciais em termos de respon-
passa ser de importância fundamental
sabilidade ambiental, portanto deverá
em nossos estudos pois trata-se de uma
ser melhor compreendido o conceito de
das poucas obras com relação direta ao
impactos corporativos;
assunto e com uma abordagem muito mais

O referencial teórico ou conceitual nesse ampla dos demais processos envolvidos.

campo de atividade é ainda raro e disperso,


não apresentando, portanto, grande siste-
matização de conhecimentos, classifica-

204
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

1 . 4 Q U E STÕ E S E /OU da estruturação destes canais. Estes elos


H IP ÓT E SE S compreendem:

Há uma multiplicidade de fatores que podem “...fontes primárias de captação,


ser essenciais para uma adequada estrutu- centros de consolidação e aden-
ração e conseqüente organização de canais samento de cargas dos materiais
reversos de distribuição, sendo que atuam de pós-consumo, processadores
de forma simultânea e interdependente: intermediários, centros de proces-
samento de reciclagem e utiliza-
_ Tecnologia – as tecnologias utilizadas dores finais destes materiais reci-
atualmente para captação de materiais clados.” (ibid.)
de pós-consumo em suas fontes, para
desmontagem e separação dos diversos A transportabilidade dos produtos, que é
materiais constituintes, bem como para uma característica logística destes, é algo
a reciclagem propriamente dita, não têm que deve ser levado em consideração
um nível satisfatório de eficiência. Isto quando falamos em desenvolvimento de
sugere que muitas pesquisas ainda devem canais reversos;
ser feitas nesta área, para que haja um
_ Custos - o possível resultado de um bom
aprimoramento contínuo de softwares,
sistema logístico e de tecnologias apro-
hardwares e métodos de trabalho;
priadas é a redução dos custos da maté-
_ Projeto dos produtos - a preocupação ria-prima reciclada em relação à matéria-
com o projeto do produto original, que deve -prima de primeira geração, que poderá
prever o descarte do mesmo. A evolução também “(...) propiciar economias de
técnica de alguns produtos tem tornado consumo de energia no processo de fabri-
mais altos os custos de reciclagem, que cação” (ibid.);
quando somados àqueles não menos altos
_ Oferta - a oferta de materiais reciclados
de coleta e transporte podem tornar alguns
(matéria-prima secundária) em quanti-
canais reversos inviáveis. (Leite, 1999a).
dade suficiente e de forma constante deve
Desta forma, o mercado de pós-consumo
permitir um nível de trabalho em escalas
parece só existir para produtos que se
econômicas adequadas e com a continui-
apresentem mais convenientes, gerando
dade industrial necessária. Este fator está
uma grande questão: até que ponto um
ligado à oferta de produtos de pós-con-
produto deve ser melhorado tecnicamente
sumo aptos a serem utilizados como fontes
de modo a não aumentar significativa-
do material de interesse. Quantidade e
mente seus custos de reciclagem?
teor do material no produto são dados que
_ Logística - a localização dos diversos caracterizam esta oferta;
elos da cadeia de distribuição reversa e o
_ Qualidade - é difícil separar todos os
sistema de transporte entre eles podem
aspectos anteriores da qualidade resul-
ter importância fundamental na questão

205
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

tante, mas esta deve ser adequada ao tornam mais objetivas classificações como
processo industrial e constante no tempo “reciclável”, “biodegradável” e outras rotu-
de forma a garantir rendimentos operacio- lações ambientais, que causam divergên-
nais economicamente competitivos com a cias no mercado destes produtos.
matéria-prima que irá substituir. “(...) Todo
_ Governo - o nível de intervenção ou
o processo de reciclagem de um material
omissão dos governos, pela legislação
envolve fases de separação ou extração de
correspondente, poderá influir nessa orga-
um produto de pós-consumo, o que gera
nização dos canais reversos. O subsídio
impurezas que normalmente a matéria-
dado às matérias-primas ou à energia
-prima nova não possui” (ibid.).
elétrica por exemplo, fatos relativamente
_ Mercado - é necessário que haja quan- comuns, deve reduzir o interesse no mate-
titativa e qualitativamente mercado para rial reciclado por baixar os preços destes;
os produtos fabricados com materiais reci- a responsabilização dos níveis de recicla-
clados, que refletirá evidentemente nas gens aos empresários de um determinado
demandas de reciclado. Usualmente “... setor de bens deverá intensificar a organi-
existem restrições técnicas no processa- zação dos canais reversos de distribuição;
mento e na performance final dos produtos a coleta seletiva obrigatória certamente
fabricados com materiais reciclados” (ibid.), melhora a eficiência dos canais reversos
que estão ligadas ao aspecto de especifi- dos plásticos descartáveis;
cações e qualidade diferentes da matéria-
Supõe-se que os governos devam intervir
-prima nova. “(...) Isto faz com que a maté-
e regular atividades na medida em que
ria-prima secundária entre em proporções
não existam condições de auto-regulação
diferentes, variando em função do tipo de
do mercado.
aplicação do produto final.” (ibid.)

_ Responsabilidade Ambiental - alguns


Sacos de lixo no Brasil são feitos com
setores industriais já introduzem estes
produtos 100% reciclados; vários tipos
aspectos no projeto dos produtos. Existem
de papéis reciclados são misturados em
empresas desenvolvendo “linhas reversas”,
proporções distintas; garrafas de PET para
ou seja, linhas de desmontagens experi-
a indústria alimentícia não podem ser
mentais de forma a aumentar a eficiência
feitas com material reciclado. Evidente-
das mesmas e ao mesmo tempo modificar
mente essas restrições não têm ajudado no
o projeto do produto para este fim. Há
desenvolvimento dos mercados para esses
também quem adote sistemas de nume-
produtos e, portanto, nos respectivos canais
ração na base de seus produtos, de forma
reversos de grande parte dos materiais.
a identificar o tipo de material constituinte,
A análise do Ciclo de Vida dos produtos, facilitando a separação visual para a reci-
normalizada pelas normas ISO 14000, é clagem. Outros eliminam partes de seus
uma ferramenta de caráter técnico que produtos as quais oneram ou dificultam o

206
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

processo de reciclagem. mento destes materiais para a confecção de


produtos de natureza diferente do original.
Esta preocupação poderá influir significa-
tivamente nas quantidades dos materiais _ Ciclo Reverso Fechado – aquele que é
reciclados. percorrido por um produto ou material de
pós-consumo, com o objetivo de se reuti-
_ Ecologia - as pressões ecológicas se
lizar ou reciclar, visando o aproveitamento
farão sentir com a regulamentação gover-
destes materiais para a confecção de
namental ou os hábitos dos consumidores
produtos da mesma natureza do original.
ligados aos fatores ecológicos.
_ Controle de Entrada - sistema de
“(...) Estes novos comportamentos,
captação de materiais de pós-consumo.
principalmente em países mais
desenvolvidos, onde se tornaram _ Descarte de Produtos - destinação
mais visíveis nos últimos 20 anos, adequada (ambientalmente correta) dada
passam a exigir novas posições a produtos após um consumo.
estratégicas das empresas sobre
_ Desembaraço de produtos de pós-con-
os impactos de seus produtos e
sumo – fazer com que produtos de pós-con-
processos industriais, de forma a
sumo sejam previamente extraídos de sua
manter-se competitivas.” (ibid.)
fonte, separados e selecionados, antes de
entrarem no primeiro elo reverso.
1 . 5 D E F I NI ÇÃO D E
T E RM OS _ Economia Reversa – ganhos financeiros
e remuneração de toda a cadeia reversa,
Esta seção tem como finalidade a definição
obtidos com a implementação de um
de alguns termos usados na área da logís-
sistema reverso de distribuição.
tica reversa cujos conceitos ainda não são
de uso comum: _ Elos da Cadeia Reversa -diferentes esta-
ções de trabalho, as quais incluem centros
_ Canais Reversos de Distribuição - são
de captação de materiais, centros de aden-
aqueles os quais são estruturados com
samento, de processamento (reciclagem),
o objetivo de fazer com que produtos de
e todas as unidades que compõem a cadeia
pós-consumo e de pós-venda retornem ao
reversa de distribuição.
ciclo de produção e de negócios, ou ainda
que sejam encaminhados para uma desti- _ Fluxo Direto – fluxo que é percor-
nação final adequada. rido pelos produtos e materiais após a
produção dos mesmos, sendo eles levados
_ Ciclo Reverso Aberto – aquele que é
até o seu ponto de consumo.
percorrido por um produto ou material de
pós-consumo, com o objetivo de se reuti- _ Fluxo Reverso - fluxo que é percorrido
lizar ou reciclar, porém visando o aproveita- pelos produtos e materiais que entram na

207
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

cadeia reversa, sendo estes levados até Em Council of Logistics Management (1993):
suas empresas de origem. “Logística reversa é um amplo termo rela-
cionado às habilidades e atividades envol-
_ Logística Reversa – é a área da logística
vidas no gerenciamento de redução , movi-
que estuda o fluxo reverso dos bens de
mentação e disposição de resíduos de
pós-consumo e de pós-venda, sistemas de
produtos e embalagens...”
transporte envolvidos, localização e dimen-
sionamento de depósitos e tudo o que está Em Stock (1998) encontra-se a definição:
envolvido na volta desses produtos para o “Logística reversa: em uma perspectiva de
ponto de origem. logística de negócios, o termo refere-se ao
papel da logística no retorno de produtos,
_ Matéria-prima de primeira geração -
redução na fonte, reciclagem, substituição
aquela que é produzida pela primeira vez,
de materiais, disposição de resíduos,
não utilizando processos de reciclagem.
reforma, reparação e remanufatura...”

_ Matéria-prima secundária - aquela a qual


Rogers e Tibben-Lembke (1992) definem
passou por um processo de reciclagem.
a logística reversa como: “ o processo de

_ Produtos de pós-consumo - resíduos, planejamento, implementação e controle

embalagens e toda e qualquer forma de da eficiência, do custo efetivo do fluxo de

produto de um consumo que é descartado. matérias-primas, estoques de processo,


produtos acabados e as respectivas infor-
_ Produtos de pós-venda - aqueles os mações, desde o ponto de consumo ate
quais necessitam voltar ao ciclo de negó- o ponto de origem, com o propósito de
cios, sendo estes devolvidos por diversos recapturar valor ou adequar o seu destino.”
motivos, entre eles o término de validade
de produtos, remanejamento de estoque, A definição de logística apresentada por

produtos em consignação, problemas de Dornier et al (2000) abrange áreas de

qualidade e defeito, etc. Estes produtos atuação novas incluindo o gerenciamento

diferem dos de pós-consumo pelo tempo dos fluxos reversos: “Logística é a gestão de

que levam para retornar ao ponto de fluxos entre funções de negócio. A definição

origem, que em geral é menor. atual de logística engloba maior amplitude


de fluxos que no passado. Tradicionalmente,
as companhias incluíam a simples entrada
2. REVISÃO DA
de matérias-primas ou o fluxo de saída de
LITERATURA
produtos acabados em sua definição de
logística. Hoje, no entanto, essa definição
2.1 DEFINIÇÕES DE expandiu-se e inclui todas as formas de
LOGÍSTICA REVERSA movimentos de produtos e informações...”.

Descrevemos abaixo de uma forma sintética Bowersox e Closs (2001) apresentam a


a evolução de definições de logística reversa: idéia de “apoio ao ciclo da vida” como um

208
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

dos objetivos operacionais da logística imagem corporativa, entre outros”.


moderna, referindo-se ao prolongamento
As diversas definições e citações de logís-
da logística além do fluxo direto dos mate-
tica reversa até então revelam que o
riais e a necessidade de considerar os
conceito ainda está em evolução, face as
fluxos reversos de produtos em geral.
novas possibilidades de negócios relacio-
Para Leite (2003) a logística reversa seria: nados ao crescente interesse empresarial e
de pesquisas nesta área na última década.
“a área da logística empresarial que
planeja, opera, e controla o fluxo e as
informações logísticas correspondentes,
2.2 ÁREAS DE ATUAÇÃO
do retorno dos bens de pós-venda e de Existem duas grandes áreas de atuação da
pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao logística reversa (figura 1), a de pós-venda
ciclo produtivo, por meio dos canais de e a de pós-consumo, que são diferenciadas
distribuição reversos , agregando-lhes pelo estágio ou fase de ciclo de vida útil do
valores de diversas naturezas: econô- produto retornado.
mico , ecológico, legal, logístico, de

Figura 1 - Logística Reversa - área de atuação e etapas reversas

Fonte: Leite (2002)

O produto logístico e os canais de distri- do equacionamento e operacionalização


buição reversos pelos quais fluem, os obje- do fluxo físico e das informações logísticas
tivos estratégicos e as técnicas operacio- correspondentes de bens de pós-venda,
nais utilizadas em cada área de atuação sem uso ou com pouco uso, os quais,
são distintos. por diferentes motivos, retornam aos
diferentes elos da cadeia de distribuição
A logística reversa de pós-venda se ocupa

209
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

direta, que se constituem de uma parte em geral que retornam ao ciclo de negó-
dos canais reversos pelos quais fl uem cios ou ao ciclo produtivo por meio dos
esses produtos. Seu objetivo estratégico é canais de distribuição reversos específi cos.
agregar valor a um produto logístico que Seu objetivo estratégico é agregar valor a
é devolvido por razões comerciais, erros um produto logístico constituído por bens
no processamento de pedidos, garantia inservíveis ao proprietário original ou que
dada pelo fabricante, defeitos ou falhas ainda possuam condições de utilização,
de funcionamento, avarias no transporte, por produtos descartados pelo fato de
entre outros motivos. terem atingido o fi m de vida útil e por resí-
duos industriais.
A logística reversa de pós-consumo se
ocupa do equacionamento e operaciona- Na fi gura 2 estão representadas as principais
lização do fl uxo físico e das informações etapas dos fl uxos reversos nas duas áreas de
logísticas correspondentes de bens de atuação citadas e suas interdependências.
pós-consumo descartados pela sociedade

Figura 2 - Foco de atuação da Logística Reversa

Fonte: Leite (2002)

210
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

A logística reversa de pós-venda deve camente possível, e retornam ao mercado


planejar, operar e controlar o fluxo de primário ou secundário, ou são enviados
retorno dos produtos de pós-venda por à reciclagem ou para um destino final, na
motivos agrupados nas classificações: impossibilidade de reaproveitamento.
“Garantia/Qualidade”, “Comerciais” e de
A logística reversa de pós-consumo deverá
“Substituição de Componentes.”
planejar , operar e controlar o fluxo de
Classificam-se como devoluções por retorno dos produtos de pós-consumo
“garantia/qualidade “, aquelas nas quais ou de seus materiais constituintes, classi-
os produtos apresentam defeitos de ficados em função de seu estado de vida
fabricação ou de funcionamento (verda- e origem: “em condições de uso”, “fim de
deiros ou não), avarias no produto ou na vida útil”, e “resíduos industriais”.
embalagem, etc. Esses produtos poderão
A classificação “em condições de uso” refe-
ser submetidos a consertos ou reformas
re-se às atividades em que o bem durável
que permitam que retornem ao mercado
e semidurável apresentam interesse de
primário ou a mercados diferenciados que
reutilização, sendo sua vida útil estendida,
denominamos secundários, agregando-
adentrando no canal reverso de “reuso”
-lhes valor comercial novamente.
em mercado de segunda mão até atingir
Na classificação “comerciais”, são desta- o “fim de vida útil”, constituindo o looping
cados a categoria “estoques”, caracteri- apresentado na figura 2.
zada pelo retorno de produtos devido a
Nas atividades de classificação “fim de vida
erros de expedição, excesso de estoques
útil”, a logística reversa poderá atuar em
no canal de distribuição, mercadorias em
duas áreas não destacadas no esquema:
consignação, liquidação de estação de
dos bens duráveis ou dos descartáveis.
vendas, pontas de estoque, etc., que serão
Na áreas de atuação de duráveis ou
retornados ao ciclo de negócios pela redis-
semiduráveis, os bens entrarão no canal
tribuição em outros canais de vendas.
reverso de desmontagem e reciclagem
Devido ao término de validade de produtos industrial, sendo desmontados na etapa
ou a problemas observados após a venda, o de “desmanche” e seus componentes
denominado recall, os produtos serão devol- poderão ser aproveitados ou remanufatu-
vidos por motivos legais ou por diferenciação rados, retornando ao mercado secundário
de serviço ao cliente e se constituirão na ou à própria indústria, que os reutilizará,
classificação “validade” em nosso esquema. sendo uma parcela destinada ao canal
reverso de “reciclagem”. No caso de bens
A classificação “substituição de componentes”
de pós-consumo descartáveis, havendo
decorre da substituição de componentes de
condições logísticas, tecnológicas e econô-
bens duráveis e semiduráveis em manuten-
micas, os produtos de pós-consumo
ções e consertos ao longo de sua vida útil
retornam por meio do canal reverso de
e que são remanufaturados, quando tecni-

211
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

“reciclagem industrial”, no qual os mate- apresentam características e objetivos


riais constituintes são reaproveitados e distintos, envolvendo relações entre enti-
se constituem em matérias-primas secun- dades diferentes.
dárias, que voltam ao ciclo produtivo pelo
mercado correspondente ou, no caso de 2.3.1 CANAIS DE
não haver as condições mencionadas, DISTRIBUIÇÃO REVERSOS
encontram a “disposição final”: os aterros DE BENS DE PÓS-
sanitários, os lixões e a incineração com CONSUMO
recuperação energética.
Segundo Leite (2003), “os canais de distri-
buição reversos de pós-consumo são cons-
2.3 OS CANAIS DE
tituídos pelo fluxo reverso de uma parcela
DISTRIBUIÇÃO REVERSOS
de produtos e de materiais constituintes
Os canais de distribuição reversos são cons- originados no descarte dos produtos após
tituídos pelas etapas, pela formas ou pelos finalizada sua utilidade original e que
meios em que uma parcela dos produtos, retornam ao ciclo produtivo de alguma
com pouco uso após a venda, com ciclo de maneira”. Distinguem-se dois subsistemas
vida útil ampliado ou após extinta a sua reversos: os canais reversos de reciclagem
vida útil, retorna ao ciclo produtivo ou de e os canais reversos de reuso. Existe,
negócios, readquirindo valor em mercados ainda, a possibilidade de uma parcela
secundários pelo uso ou pela reciclagem desses produtos ser destinada a disposi-
de seus materiais constituintes. ções finais seguras ou não seguras. São
considerados “disposições finais seguras”
Até o momento, os canais reversos têm
os aterros sanitários tecnicamente contro-
sido muito pouco estudados, seja do
lados, e “disposições não seguras”os lixões
ponto de vista acadêmico ou da literatura
não controlados, e o despejo dos resíduos
em geral, O motivo desse pouco interesse
em rios, terrenos, córregos, etc.
é em sua pouca importância econômica,
quando comparada com os canais de Nos casos em que os bens industrias clas-
distribuição diretos. Em geral, os volumes sificados como duráveis ou semiduráveis,
transacionados nos canais reversos são após tornarem-se produtos de pós-con-
uma fração daqueles dos canais diretos sumo, ainda apresentarem condições de
dos bens produzidos. utilização podem destinar-se ao mercado
de segunda mão, sendo comercializados
Os canais de distribuição reversos podem
diversas vezes até atingir seu fim de vida
ser divididos em duas categorias: de
útil. O caso mais comum desse tio de canal
pós-consumo e de pós-venda. Embora
reverso é o dos veículos em geral.
existam inúmeras interdependências
entre essas duas categorias, é necessário Portanto, os canais reversos de reuso
que se faça uma distinção entre elas, pois são definidos como aqueles em que se

212
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

tem a extensão do uso de um produto de 2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS


pós-consumo ou de seu componente, com BENS DE PÓS-CONSUMO
a mesma função para a qual foi original-
mente concebido, ou seja, sem nenhum A classificação dos bens de utilidade
tipo de remanufatura. refere-se à duração de sua vida útil. A
vida útil de um bem é entendida como o
O fluxo reverso dos bens que já atingiram tempo decorrido desde a sua produção
o fim da sua vida útil pode ser realizado original até o momento em que o primeiro
por meio de dois grandes sistemas de possuidor se desembaraça dele. Esse
canais reversos de revalorização: o canal desembaraço pode se dar pela extensão
reverso de ‘desmanche’ e o de ‘reciclagem’. de sua vida útil, com novos possuidores,
Na impossibilidade dessas revalorizações, quando existe o interesse ou a possibili-
os bens de pós-consumo encontram a dade de prolongar sua utilização, ou pela
‘disposição final’ em aterros sanitários ou sua disponibilização por outras vias, como
são incinerados. a coleta de lixo urbano, as coletas seletivas,
as coletas informais, entre outras, passan-
2.3.2 CANAIS DE do-o à condição de bem de pós-consu-
DISTRIBUIÇÃO REVERSOS mo(Leite,2003).
DE BENS DE PÓS-VENDA
Dentro desse contexto, pode-se considerar
Os bens industriais de pós-venda que por três categorias de bens produzidos:
diversos motivos retornam à cadeia de
_ Bens descartáveis – são aqueles que
suprimentos, sendo reintegrados ao ciclo
apresentam duração de vida útil médias
de negócios, por meio de uma diversidade
de algumas semanas, raramente superior
de formas de comercialização e de proces-
a seis meses. Ex: produtos de embalagens,
samentos – constituem outra categoria
brinquedos,jornais, etc.
de fluxo reverso denominada ‘canais de
distribuição reversos de pós-venda’. Esses _ Bens duráveis – são aqueles que apre-
produtos são devolvidos por uma série de sentam duração de vida útil média variando
motivos, como: por terminar a validade de alguns anos a alguma décadas. Ex: auto-
deles, por haver estoques excessivos no móveis, construções civis, etc.
canal de distribuição, por apresentarem
problemas de qualidade e defeitos, etc. _ Bens semiduráveis - são aqueles que
apresentam duração média de vida de
Esses canais reversos apresentam impor- alguns meses, raramente superior a dois
tância crescente, tanto do ponto de vista anos. Ex: Baterias de celulares, óleos lubri-
estratégico empresarial como do ponto ficantes, etc.
de vista econômico, para alguns setores
empresariais.

213
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

2.5 ANÁLISE DE ARTIGOS básicos para a implementação de tal logís-


PUBLICADOS NA REVISTA tica não garantirá o retorno necessário
TECNOLOGÍSTICA para a continuação do processo. Mais uma
vez o prof. da UFRJ chama a atenção para
Alguns autores de artigos relacionados a importância da questão da quantidade
à Logística Reversa abordam diferentes (oferta) dos produtos que deverão entrar
aspectos como sendo de extrema impor- na cadeia reversa, quando diz “ Instalações
tância para a estruturação dos canais centralizadas dedicadas ao recebimento,
reversos de distribuição. Por vezes, os separação, armazenagem, processamento,
aspectos citados são similares, porém os embalagem e expedição de materiais
enfoques dados a estes são diferenciados. retornados podem ser uma boa solução,
desde que haja escala suficiente.”
O autor Leonardo Lacerda (CEL Coppead –
UFRJ, 2002) concorda com a visão de outro O primeiro aspecto a ser citado por Paulo Leite
autor de artigos (Revista Tecnologística), (2002) como de importância fundamental
Paulo Roberto Leite (2002), que diz que: para a organização dos canais reversos, é o
uso de tecnologias adequadas para
“A oferta de materiais reciclados (maté-
ria-prima secundária) em quantidade “...o tratamento econômico dos resíduos
suficiente e de forma constante, permite no seu descarte, em sua captação como
um nível de trabalho em escalas econô- pós-consumo, na desmontagem, na
micas adequadas e com a continuidade separação dos diversos materiais cons-
industrial necessária. Este fator está tituintes, na reciclagem propriamente
ligado à oferta de produtos de pós-con- dita ou no processo de transformação
sumo aptos a serem utilizados como dos resíduos em matérias-primas reci-
fontes do material de interesse”. cladas que substituirão as novas em sua
reintegração no ciclo produtivo,...”.
Leonardo Lacerda (2002) diz “Uma das
maiores dificuldades na Logística Reversa Ainda sem sair do enfoque tecnológico,
é que ela é tratada como um processo é sugerido pelo mesmo autor que “um
esporádico, contingencial, e não como aspecto que pode ser também conside-
um processo regular.” Nota-se que este é rado de responsabilidade empresarial
um dos grandes desafios a serem enfren- face ao meio ambiente é a preocupação
tados na busca do bom funcionamento na concepção técnica do produto original,
de processos logísticos reversos, ou seja, que deve prever o descarte do mesmo”.
é necessário que um grande volume de
produtos de pós-consumo consigam entrar Analisando-se por este lado, nota-se que
neste fluxo reverso de forma constante. existe um entrave à este tipo de preo-
Caso contrário, o investimento em tecnolo- cupação, já que geralmente os produtos
gias, em transportes, em treinamentos de quanto mais sofisticados tecnicamente,
pessoal, em Marketing e outros quesitos mais dificultam todo o processo que

214
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

terminará na reciclagem dos seus mate- vido na busca da implementação de uma


riais constituintes. Como as empresas, em eficiente logística reversa.
um ambiente de extrema competição,
Existe um grande problema citado por
deixarão de lado melhorias técnicas as
Paulo Leite (2002):
quais agregam valor aos seus produtos?

“Todo o processo de reciclagem de um


O autor Leonardo Lacerda (2002) fala da
material envolve fases de separação ou
necessidade de um eficiente processo de
extração de um produto de pós-con-
captação dos materiais de pós-consumo (o
sumo, o que gera impurezas que normal-
que chama de “bons controles de entrada”),
mente a matéria-prima nova não possui.
que na realidade é o primeiro elo da cadeia
Isto faz com que muitas empresas
reversa, quando diz
prefiram comprar matérias-primas de
“ No início do processo de logística primeira geração com o objetivo de não
reversa é preciso identificar corre- comprometer a qualidade final de seus
tamente o estado dos materiais que produtos, o que desestimula o desen-
retornam para que estes possam seguir volvimento de canais reversos de distri-
o fluxo reverso correto ou mesmo buição para muitos produtos”.
impedir que materiais que não devam
Outro aspecto abordado pelos dois autores
entrar no fluxo o façam.”
é a necessidade de um adequado sistema
O autor enfoca o treinamento de pessoal logístico, que envolve transporte, arma-
como de extrema importância para um zenagem, localização dos diversos elos
bom sistema de captação destes materiais, da cadeia reversa (fontes primárias de
o que pode ser complementado com a visão captação, centros de consolidação e aden-
do outro autor, que fala da relevância de samento de cargas, processadores interme-
tecnologias apropriadas para tal processo. diários, centros de processamento de reci-
clagem e utilizadores finais destes materiais
O tempo de ciclo, segundo Lacerda (2002)
reciclados), etc. Paulo Leite (2002) vai mais
aquele que se refere ao tempo entre a identi-
além e diz “a característica logística dos
ficação da necessidade de reciclagem, dispo-
materiais de pós-consumo (...), em parti-
sição ou retorno de produtos e seu efetivo
cular a transportabilidade dos mesmos,
processamento, quando longo pode trazer
revela-se de enorme importância na estru-
custos desnecessários devido ao atraso na
turação e eficiência dos canais reversos”,
geração de caixa. Estes longos tempos de
reforçando a necessidade de uma preo-
ciclo podem ser evitados através de “bons
cupação com o produto no momento do
controles de entrada”, ou seja, pessoas trei-
projeto, de forma a facilitar sua destinação
nadas utilizando equipamentos adequados
final ambientalmente correta.
visando a otimização do processo de
captação. Nota-se até agora que este é um Com relação aos sistemas de informação
dos pontos mais críticos, difícil de ser resol- com capacidade de rastreamento de

215
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

retornos, medição dos tempos de ciclo, Aqueles fatores que não dependem tanto
medição do desempenho de fornecedores das empresas, mas que têm de ser levados
e outras funções complementares, prati- em consideração por estimular direta-
camente inexistem no mercado sistemas mente o desenvolvimento destes canais,
capazes de lidar com o nível de variações são abordados por Paulo Roberto Leite
e flexibilidade exigida pelo processo de (2002), como por exemplo o nível de inter-
logística reversa, segundo Lacerda (2002). venção ou omissão dos Governos, a preo-
cupação ambiental necessária por parte
Nota-se que a visão de Paulo Roberto Leite
das empresas com o fim de sustentar suas
(2002) sem sombra de dúvida é mais macro
imagens perante um mercado cada vez
do que a de Leonardo Lacerda (2002).
mais exigente no que se refere a preser-
Isto porque este cita somente fatores de
vação ambiental, e fatores ecológicos
caráter operacional como exercendo influ-
que se farão sentir com regulamentações
ência no processo de organização e estru-
governamentais ou os hábitos dos consu-
turação dos canais logísticos reversos.
midores ligados a estes.

Quadro 1 - Empresas e capacidade de produção do setor

Cap a c i da de de
Lo ca l i z a çã o Ce nt ro s de
Em presa produç ã o ( bi l hõ e s
da s fá bri ca s re c i cl a ge m
d e l at a s)
Latas de Alumínio S/A
6,5 SP, RJ, MG, PE SP
(Latasa)
Crown Cork Embalagens S/A 1,5 SP, SE -
ANC - American National
1,5 MG -
Can Brasil Ltda.
Latapack-Ball Embalagens
1,5 SP, BA -
Ltda.
TOTAL 11 - -
Fonte: Abal (1999) apud Leite (2003).

Fonte: Abal (1999) apud Leite (2003).


216
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Perfil do Setor Reverso Índice de Reciclagem

As fontes de suprimentos desses canais são O índice oficial de reciclagem do setor é a


consideradas “informais”, e se constituem relação entre a quantidade reciclada e a
de captações porta a porta, em praias, e quantidade produzida de latas. Esse índice
em locais de grande afluência do público. tem apresentado expressivo crescimento
São realizadas por chamados “catadores” e desde o lançamento do produto no mercado
outras denominações locais. Sabiamente, brasileiro, conforme podemos observar
a lata de alumínio é um dos materiais com no histórico do índice no Gráfico 2, onde é
maior valor de revenda e com a relação feita uma comparação dos equivalentes em
preço/peso mais adequada. O destino outros países. O Brasil apresenta índices
deste material é o sucateiro, que se cons- próximos dos do Japão e dos Estados Unidos,
titui no primeiro elo dos sistemas reversos, considerados os melhores mundialmente.
e que é responsável pela separação, aden-
Há uma grande expectativa de crescimento
samento logístico para transporte e venda
desses índices no Brasil nos próximos
para o elo seguinte da cadeia.
anos, de acordo com os especialistas do
Constata-se que, no Brasil, um número setor, pois ainda existem dificuldades na
superior a duas mil empresas trabalha no obtenção de informações e desvios de
setor reverso desse produto. O processo certas quantidades para a fabricação de
industrial de reciclagem é um processo de outros utensílios de alumínio.
limpeza e fundição das latas, obtendo-se
A Figura 1 mostra o fluxo físico dos bens
os lingotes, que entram na etapa de rein-
simultaneamente nas cadeias direta e
tegração ao ciclo produtivo, nesse caso, a
reversa do alumínio. Os quadros sombre-
fabricação da chapa de alumínio que será
ados representam as principais etapas
utilizada na fabricação de uma nova lata.
desse fluxo, enquanto seus quadros corres-
Trata-se, portanto, de um exemplo típico do
pondentes, não sombreados, contêm
denominado ‘ciclo fechado’ de canal reverso.
informações adicionais, fruto de informa-
No Brasil existem sete empresas que ções apresentadas ao longo do texto.
fabricam alumínio primário, das quais
somente uma, a Alcan, produz chapas espe-
cíficas para a fabricação de latas. A empresa
também é a única que processa a sucata de
latas de maneira integrada para transfor-
ma-la em nova chapa. Das 32 empresas de
reciclagem industrial de alumínio relacio-
nadas pela Abal (Associação Brasileira do
Alumínio), 12 possuem condições de traba-
lhar com as latas de pós-consumo.

217
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

(*) Média da Europa.

Fonte: Abal (2002) / The Aluminum Association / Aluminum Can Recycling Europe / Japan
Aluminum Federation / Cámara Argentina Del Aluminio y Metales. Apud Leite (2003).

Figura 1 – Cadeia de distribuição das latas de alumínio (1998)

218
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Cadeia Direta e Reversa do Setor - rido para latas, mas também pelo ‘ciclo de
Objetivos estratégicos da logística vida’ do produto, que permite um rápido
reversa do setor e outros fatores de giro do material, economizando esto-
influência ques na cadeia direta e reversa). O valor
da sucata do produto permite remunerar
A Figura 1 mostra que, no Brasil, existe
toda a cadeia reversa, desde o catador de
uma única empresa fabricante de chapas
latas até a indústria.
de alumínio para latas e que toda a
produção de reciclagem é retornada para O objetivo ecológico deste caso consiste
essa empresa para ser reintegrada ao ciclo no aumento de competitividade empre-
produtivo. Essa característica revela que o sarial, pela imagem de marca corpora-
setor de reciclagem de latas de alumínio é tiva demonstrada aos consumidores.
constituído por empresas de grande porte São empresas que se revelam ‘amigáveis’
também nos seus canais reversos, fato com relação ao meio ambiente, traba-
considerado pouco comum. lhando com materiais de alta reciclabili-
dade, demonstrando responsabilidade
O caso das latas de alumínio para emba-
pelo fabricado mesmo após seu descarte
lagem revela característica de alta efici-
pelo consumidor e equacionando sua
ência nas quantidades recicladas de
rede reversa para garantir o equilíbrio dos
pós-consumo sobre as quantidades produ-
fluxos logísticos.
zidas (equilíbrio entre os fluxos direto e
reverso), podendo ser classificado como o A implementação da logística reversa de
melhor exemplo de alta reciclabilidade, em ‘ciclo fechado’ e em particular a montagem
seu sentido amplo. da rede reversa do retorno das latas
de alumínio de pós-consumo, desde os
Os objetivos estratégicos, econômicos e
diversos tipos de coleta, a localização das
ecológicos da logística reversa desse setor,
fontes, o destino dos pontos de coleta e
suportados por questões tecnológicas e
de tratamento industrial de reciclagem
logísticas fundamentais, garantem a este
das latas de pós-consumo, bem como pelo
caso alta eficiência em equilíbrio entre
fator econômico já comentado, pode ser
seus fluxos logísticos.
entendida como uma das principais causas

Os objetivos econômicos estão relacio- de sucesso deste caso.

nados à matéria-prima constituinte, uma


O setor tem se organizado em todos os
liga de alumínio reaproveitada integral-
elos da cadeia produtiva (usinas siderúr-
mente em sua cadeia reversa fechada, que
gicas, fabricantes de latas, coletores e
garante economias ainda maiores que o
processadores de latas, indústrias de reci-
alumínio puro (lucratividade auferida pelos
clagem de latas), a fim de encontrarem
diversos elos da cadeia reversa, economia
soluções para melhorar a eficiência de
de investimento em reciclagem, economia
reciclagem da cadeia reversa, contraria-
na reciclagem do tipo de alumínio reque-

219
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

mente a outros setores como o de garrafas complexos ou ligas de materiais.


PET e de plásticos, em que a organização
_ Embalagens secundárias: são emba-
da logística reversa ainda não foi adotada,
lagens de reunião de certo número de
evidenciando uma contribuição restritiva
embalagens primárias, visando adaptação
do fator logístico na eficiência de suas
à comercialização de quantidades múlti-
cadeias reversas.
plas, ao transporte e à distribuição física
Conclui-se uma capacidade de reciclagem dos produtos. São as caixas de papelão, os
de 170 mil toneladas para as três maiores envoltórios de plástico retráteis ou enco-
empresas do setor, o que indica uma lhíveis, entre outros.
concentração de capacidade, pois a quan-
_ Embalagens de unitização: são embala-
tidade reciclada em 1998 foi de cerca de 80
gens de reunião de embalagens secundá-
mil toneladas. Pela sua capacidade, essas
rias, visando principalmente à movimen-
empresas estarão em condições de faturar
tação, a armazenagem e ao transporte na
cerca de 250 milhões de dólares, ou seja,
distribuição dos produtos. São os paletes
80 milhões de dólares, em média, entre as
ou estrados que agrupam embalagens
três citadas.
secundárias, contêineres de transporte,
racks especiais, caixas de diversos mate-
3. LOGÍSTICA REVERSA riais, entre outros.
DE EMBALAGENS
RETORNÁVEIS Embora existam vários critérios de clas-
sificação das embalagens industriais e
Do ponto de vista logístico e sua função, as
comerciais e seus acessórios, sob o ponto
embalagens de produtos podem ser classi-
de vista da logística reversa a classificação
ficadas em três tipos principais:
mais adequada refere-se ao seu tempo

_ Embalagens primárias ou de contenção: de vida útil, destacando-se, portanto, as

são as embalagens que estão em contato embalagens descartáveis e retornáveis.

direto com o produto e que definem o tipo


Existe atualmente uma tendência a descar-
de material constituinte, as dimensões
tabilidade dos bens que leva muitas emba-
adequadas compatíveis com as fases logís-
lagens a deixarem de ser retornáveis
ticas seguintes, os aspectos estéticos e
para se transformar em descartáveis. Isto
mercadológicos, os aspectos e a tecnologia
ocorre porque há inconvenientes com
de utilização, entre outros cuidados. São os
relação às embalagens retornáveis, como
recipientes rígidos e as embalagens flexí-
os custos de transporte, normalmente
veis de diversos materiais, com conteúdo
maiores devido ao peso delas; os custos do
tecnológico crescente, visando a redução
transporte de retorno; o custo da adminis-
de custos e a diferenciação mercadoló-
tração desses fluxos; o custo da recepção
gica, normalmente constituídos de mate-
e limpeza eventual; o custo dos reparos
riais como vidro, alumínio, plásticos, papel,
eventuais; e os custos de armazenagem

220
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

e de capital investido. Todos esses custos sido introduzidos no segmento de emba-


são comparados em geral com os custos lagens para torna-las leves, transparentes,
equivalentes das embalagens descartá- seguras e baratas, melhorando as condi-
veis, sem levar em consideração os custos ções promocionais dos produtos, adaptan-
ecológicos calculados pelas técnicas da do-as às novas condições de vida da socie-
análise do ciclo de vida útil dos produtos, dade moderna e facilitando as condições
que revelarão os verdadeiros custos de distribuição física.
inerentes à vida do produto.
No segmento de embalagens descartáveis
As embalagens comerciais e industriais, é notório o enorme desequilíbrio entre os
tanto quanto os produtos que embalam, fluxos diretos de produção e reversos de
têm demonstrado nítida ‘tendência à retorno ao ciclo produtivo, originando-se
descartabilidade’, gerada principalmente excessos visíveis em locais inadequados,
pela substituição de materiais tradicionais ocasionando o que tem sido chamado de
por materiais de natureza plástica, visando ‘poluição ambiental por excesso’.
à redução de custos de manufatura, às
Tornaram-se famosas as legislações sobre
possibilidades de conformação e adap-
as embalagens descartáveis na Alemanha
tação às necessidades modernas desses
Ocidental, em 1993, logo após a reunifi-
produtos e, talvez, um dos aspectos mais
cação com a Alemanha Oriental, que esta-
importantes, propiciando apreciáveis redu-
beleceram cronograma gradativo para
ções em custos de transporte, devido à
os índices de reciclagem das embalagens
redução de peso e inexistência dos diversos
descartáveis e responsabilizaram a cadeia
custos incorridos no retorno das mesmas.
de distribuição direta pelo equaciona-
Importantes conteúdos tecnológicos têm mento de suas cadeias reversas.

Quadro 1 - Logística Reversa na Prática

Legis la çã o A l e m ã de 1 9 93
A legislação alemã de 1991 sobre embalagens notabilizou-se pela forte intervenção gover-
namental, como conseqüência das condições encontradas após a unificação entre as
duas Alemanhas, e estabeleceu a responsabilidade das indústrias sobre o retorno e a reci-
clagem das embalagens. Em grandes linhas, a responsabilidade envolvia todos os fabri-
cantes e demais participantes da cadeia de distribuição direta, exigindo que os fabricantes
aceitassem o retorno das embalagens de transporte, tais como os paletes e as caixas de
papelão; os distribuidores deviam aceitar as embalagens secundárias, ou seja, aquelas
que embalam a embalagem de contenção do produto ou primárias; os varejistas deviam
aceitar as embalagens primárias de seus clientes e, como todos os outros, providenciar a
rede reversa correspondente.

221
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Legis la çã o A l e m ã de 1 9 93
Para a revalorização legal, foi criado o DSD (Duales System Deutschland) por 400 compa-
nhias a fim de organizar a rede logística reversa. Um selo colocado na embalagem pelo
fabricante e previamente pago, variando de acordo com o ‘princípio do poluidor pagador’,
permitia que seu produto fosse incluído na coleta e reciclagem contratada a terceiros
especialistas em coleta de resíduos e recicladores.

Legislações em curso no Congresso brasi- montagem, à alta de freqüência de entregas e


leiro aumentarão significativamente a aos lead-times extremamente curtos exigidos
responsabilidade dos produtores sobre por esses sistemas, que favorecem a indi-
os impactos de suas embalagens no meio cação de embalagens retornáveis.
ambiente e obrigarão empresas nacionais
As embalagens retornáveis têm sido indi-
a reavaliar os custos correspondentes.
cadas, por outro lado, em função dos
Tradicionalmente, a decisão de adoção de ‘custos ambientais’ que começam a ser
embalagem e seus acessórios, descartáveis considerados pelas empresas, devido à
ou retornáveis, baseia-se na comparação obediência à legislação, pela necessidade
de custos totais incorridos pelo uso de cada de aplicação de normas ambientais do tipo
tipo. Essa análise considera, por via de regra, ISO 14000 ou pela necessidade de preser-
os custos do investimento inicial em cada vação de imagem corporativa.
tipo de embalagem, o número de viagens
A esses argumentos favoráveis às emba-
possíveis, o peso das embalagens; os custos
lagens retornáveis e seus acessórios, os
de transporte por viagem, os custos de
paletes, por exemplo, acrescenta-se o
transporte e operacionais de administração
desenvolvimento de técnicas construtivas
do retorno das retornáveis etc.
engenhosas, que permitem reduções de
Podemos destacar pelo menos três novos custo de transporte de retorno e de controle
aspectos que devem ser considerados operacional, bem como o desenvolvimento
nessas decisões sobre embalagens: os de empresas prestadoras de serviços de
sistemas de produção de alta velocidade locação de embalagens e acessórios, que
de resposta (just-in-time); a crescente permitem aos utilizadores reduções de
conscientização ecológica empresarial, custos e de energia administrativa.
pelo impacto de seus produtos, embala-
A logística reversa de embalagens e seus
gens e acessórios no meio ambiente; o
acessórios, portanto, evidencia excelentes
aparecimento de empresas especializadas
perspectivas de crescimento no mercado
na prestação de serviços de locação de
nacional, na medida em que os riscos e
embalagens retornáveis e seus acessórios.
as oportunidades desses aspectos aqui
Os argumentos favoráveis no caso de sistemas comentados forem devidamente anali-
just-in-time estão relacionados à necessi- sados pelas empresas interessadas.
dade de rápida alimentação de linhas de

222
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

No que tange ao retorno dos bens de pouco conhecimento sobre os fatores que
pós-venda, quando o produto é devol- implicam no processo logístico resultaram
vido pelo consumidor final, a embalagem em recursos desperdiçados e o foco prin-
precisa ser refeita para ser enviada ao cipal da empresa foi descaracterizado.
mercado secundário. Por via de regra,
Paralelamente as empresas que obtiveram
é necessário refazer a embalagem de
sucesso com a logística passaram a aper-
unitização de transporte e a embalagem
feiçoa-la chegando a um nível de qualifi-
primária dos produtos originais a fim de
cação e capacitação que alavancaram de
permitir o manuseio e o transporte. Em
forma considerável seus negócios.
alguns casos, a empresa não deseja enviar
ao mercado secundário com a mesma No caso da logística reversa, verifica-se
marca ou com as mesmas especificações, que diante das ações que visam a preser-
exigindo que se refaçam as embalagens, vação do meio ambiente, visando o desen-
as etiquetas etc. volvimento sustentável, o planejamento
eficiente da mesma tornou-se fundamental
4. CONCLUSÕES não só para as empresas, mas também
para a sociedade como um todo.
Na tentativa de aprimorar as empresas
para enfrentar o novo contexto merca- Alguns dados econômicos sobre logística
dológico globalizado e encontrar novas reversa apresentados abaixo, baseiam-se
estratégias de ganho de mercado, muitas em estimativas projetadas por algumas
empresas acabaram por implantar uma pesquisas realizadas nos Estados Unidos e
gama de teorias administrativas que encontradas na Internet. Podemos assim
vinham surgindo. Muitas destas imple- inferir o potencial de ganho e as oportuni-
mentações provocaram um desgaste dades de desenvolvimento nesta nova área.
dentro da empresa e com seus clientes e,
Nos Estados Unidos, pesquisas estimam
muitas vezes, as novas teorias fracassaram
em cerca de US$ 35 bilhões os custos de
por falta de conhecimento ou por pouco
retorno de bens em 1997, ou, cerca de
comprometimento de todos os setores
0,5% do PNB do país, ou 4% dos custos
da empresa. Dentre as teorias surgidas,
logísticos totais (US$ 862 bilhões em 1997).
a logística foi ganhando importância
Somente o mercado de peças de automó-
crescente tornando-se atualmente fator
veis remanufaturadas naquele país foi de
decisivo para a empresa manter-se no
US$ 36 bilhões em 1997, de acordo com
mercado e muitas delas tem como diferen-
a Automobile Parts Rebuilders Associa-
cial competitivo e uma ligação muito forte
tion. Pesquisa em setores compreendendo
com a marca a sua excelência em logística.
computadores, equipamentos de rede,
No sucesso comprovado de algumas equipamentos de automação, embalagens
empresas, outras tentaram implantar retornáveis e eletrodomésticos da “linha
a logística mas, no entanto, a falta ou branca”, ainda nos Estados Unidos, estimou

223
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

que o custo total da logística reversa foi de veis por 50% do suprimento de sucata
US$4,7 bilhões em 1996, com uma previsão de alumínio à indústria. O mercado
de atingir US$ 7,7 bilhões no ano 2000. brasileiro de sucata de latas de alumínio
movimenta US$ 129 milhões por ano.
O instituto de pesquisa em informática
As latas corresponderam a 82,3 mil das
Gartner Group prevê um valor de US$11
182 mil toneladas de sucata de alumínio
bilhões de retorno de bens no segmento
disponíveis para reciclagem em 1999.
do e-commerce nos Estados Unidos, um
Com liga metálica mais pura, essa sucata
dos setores de maior potencial para a
volta em forma de lâminas à produção
logística reversa.
de latas ou é repassada para fundição de

Acrescentando a estes dados do segmento autopeças. 78% da produção nacional de

de pós-venda outros exemplos na área da latas é reciclada. Em 1999, o índice foi de

logística reversa de pós-consumo, tal como 73%. Os números brasileiros superam

a indústria de ferro/aço – que consome países industrializados como Inglaterra

mais de 30% de matérias-primas secun- e Alemanha” (Reciclagem, 2002).

dárias, a industria do alumínio (cerca de


Pelo contexto acima, é possível concluir
20%), a do plástico (cerca de 20%), pode-se
que a qualificação da logística reversa
avaliar a importância para estes setores
pode vir a contribuir de forma significativa
do fluxo de matérias-primas secundá-
para o incremento da reutilização de mate-
rias garantidas pela logística reversa na
riais recicláveis.
mesma proporção com que compõem o
produto de venda destes setores. Ou seja, A logística reversa é ainda, de maneira
que o valor econômico movimentado pela geral, uma área com baixa prioridade.
logística reversa na cadeia do ferro/aço, Isto se reflete no pequeno número de
por exemplo, é de mais de 30% do valor empresas que tem gerências dedicadas ao
de venda do produto do setor (no Brasil, assunto. Pode-se dizer que estamos em
mais de US$ 2 bilhões / ano). Sendo áreas um estado inicial no que diz respeito ao
de longa tradição, muitas vezes os valores desenvolvimento das práticas de logística
econômicos envolvidos na atividade são reversa. Esta realidade já está mudando
considerados parte integrante do negócio em resposta a pressões externas como um
do setor. maior rigor da legislação ambiental, alinha-
mento com normas ambientais, a necessi-
“Como exemplo da relevância da logís-
dade de reduzir custos e a necessidade de
tica reversa, tem-se que no ano de 2000
oferecer mais serviço através de políticas
o Brasil reciclou mais de 7,4 bilhões de
de devolução mais liberais.
latas de alumínio, que representa 111
mil toneladas. O material é recolhido e Este paradigma já está gerando um
armazenado por uma rede de aproxi- aumento do fluxo de carga reverso e, por
madamente 2 mil sucateiros, responsá- conseqüência, de seu custo. Como reco-

224
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

mendação serão necessários esforços para [ 2] . BALLOU, Ronald H. Logística Empre-


aumento de eficiência, com iniciativas para sarial: Transportes, Administração de
melhor estruturar os sistemas de logística Materiais e Distribuição Física. São
reversa. Deverão ser aplicados os mesmos Paulo: Atlas, 1995. 387 p.
conceitos de planejamento que no fluxo
logístico direto tais como estudos de loca- [ 3] . BARBIERI, José Carlos; DIAS, Márcio.
lização de instalações e aplicações de Logística Reversa como instrumento

sistemas de apoio à decisão (roteirização, de programas de produção e consumo

programação de entregas etc.). sustentáveis. Revista Tecnologística.


Abril/2002.
A falta de padronização para a atividade
de logística reversa será mais um desafio [ 4 ] . BLUMBERG, Donald F. Strategic
a ser vencido principalmente quando nos Examination of Reverse Logistics &

referimos à relação indústria – varejo onde Repair Service Requirements, Needs,

notamos que este é um sistema caracteri- Market Size and Opportunities. Journal

zado predominantemente pelas exceções, of Business Logístics, Oak Brook, 1999.

mais do que pela regra. Um dos sintomas


[ 5] . BOWERSOX , Donald J.; CLOSS, David
desta situação é a praticamente inexis-
J. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas,
tência de sistemas de informação voltados
2001.
para o processo de logística reversa.
[ 6] . CALDWELL, Bruce. April 12, 1999
Um novo fato a ser explorado diz respeito
CLM – Council of Logistics Management.
à utilização de prestadores de serviço no
Reuse and Recycling Reverse Logistics
processo de logística reversa. Como esta é
Opportunities. Illinois: Council of Logis-
uma atividade onde temos a necessidade de
tics Management, 1993.
economia de escala e os volumes do fluxo
reverso ainda são pequenos, uma opção [ 7] . CEL – CENTRO DE ESTUDOS EM LOGÍ-
recomendável se dá através da terceirização. SITICA. Logística Empresarial: a perspec-
tiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.
Por todos os argumentos e exemplos apre-
Coleção Harvard de Administração, 15 ,
sentados neste trabalho, é de se esperar
Nova Cultura, 1986.
um expressivo crescimento da adoção da
logística reversa , criando massa crítica [ 8] . DORNIER, Philippe-Pierre; ERNST,
para soluções mais definitivas, gerando Ricardo; FENDER, Michel; KOUVELIS, Panos.
novas oportunidades de negócio. Logística e operações globais. São Paulo:
Atlas, 2000.

5. REFERÊNCIAS [ 9] . LACERDA, Leonardo. Logística

[1]. BALLOU, Ronald H. Business Logistics Reversa - uma visão sobre conceitos

Management. 4. ed. Prentic Hall, 1998. básicos e as práticas operacionais.


Revista Tecnologística. Janeiro/2002.

225
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

[ 10] . LEITE, Paulo Roberto. Canais de


Distribuição reversos. Revista Tecnologís-
tica. Agosto/1998.

[ 11 ] . LEITE, Paulo Roberto. Canais de


Distribuição reversos. Revista Tecnologís-
tica. Novembro/1998.

[ 12 ] . LEITE, Paulo Roberto. Canais de


Distribuição reversos. Revista Tecnologís-
tica. Agosto/2000.

[ 13 ] . LEITE, Paulo Roberto. Canais de


Distribuição reversos. Revista Tecnologís-
tica. Dezembro/2000.

[ 14 ] . LEITE, Paulo Roberto. Logística


reversa – Meio Ambiente e Competitivi-
dade. Ed. Prentice Hall, 2003.

[ 15 ] . MARTINI JUNIOR, Luiz Carlos de;


GUSMÃO, Antônio Carlos Freitas de –
Gestão Ambiental na Indústria. Ed.
Destaque, 2003.

226
PLATAFORMA
LOGÍSTICA
MULTIMODAL: UM
ESTUDO PARA O CASO
DO ESTADO DE GOIÁS

Vinicius Oliva
Fernando Taques

RESUMO
A abordagem keynesiana revela que o investimento é um dos propulsores da demanda
agregada e que, por sua vez, pode ser um importante instrumento para o crescimento
econômico de uma região. Nessa perspectiva, a proposta deste trabalho é analisar o
funcionamento de uma Plataforma Logística Multimodal no município de Anápolis e iden-
tificar os efeitos da inserção deste empreendimento na região. Partindo de dados sobre a
projeção de demanda da plataforma, bem como a capacidade total da mesma, é possível
verificar que a implantação da plataforma é viável do ponto de vista logístico e em termos
de viabilidade de projeto, cenário esse que poderia contribuir no crescimento econômico
da região de sua implantação e demais beneficiadas por sua estrutura.
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

I NTRODUÇÃO ambiente potencial para o investidor alocar


seus recursos para este projeto. Para tanto,
O investimento produtivo, no que tange emprega metodologia embasada em
a teoria econômica keynesiana, é um dos pesquisas bibliográficas para devida carac-
principais fatores que impulsionam o terização e divulgação do dinamismo que
crescimento econômico. Nesse sentido, cerca o objeto deste estudo, inclusive com
para atração de investimentos é neces- dados relativos à projeção de demanda da
sário obter estratégias que possibilitem plataforma e capacidade total da mesma,
ganhos aos investidores, conciliando cuja fonte é a Secretaria de Estado de
ambiente propício para o agente alocar Gestão e Planejamento (SEGPLAN).
seus recursos.
Além desta introdução e da conclusão, este
Em meio à definição de ambientes e expec- artigo está estruturado em três seções. A
tativas para os agentes, a eficiência na primeira descreve o papel do investimento
produção e na distribuição pelas empresas na economia com o arcabouço da teoria
assume um importante papel em termos clássica e keynesiana. A segunda, apre-
de organização da cadeia logística senta o conceito de plataforma logística,
(produção até o consumidor final) em um tal como seu funcionamento e as possibi-
contexto com extensão geográfica diversi- lidades de integração dos mercados com
ficada que requer a organização de instala- diversos modais. E, por fim, a terceira e
ções e a busca incessante pela redução de última seção busca compreender o motivo
custos (DUARTE, 2009a). da inserção da plataforma logística multi-
modal no estado de Goiás e analisar os
Um dos resultados da junção entre busca
indicadores para conciliar uma análise em
de eficiência na produção e distribuição
relação aos efeitos sócio-econômico da
se dá por meio da criação de plataformas
região contemplada com o projeto, neste
logísticas que, por sua vez visam, segundo
caso, a região Centro Oeste.
Rodrigues (2004), o estabelecimento da
redução do fluxo de mercadorias de forma
desorganizada e consequente redefinição 1. O PAP EL DO
dos custos logísticos. IN VEST IM EN TO N A
ECO N O M IA
A partir deste contexto, o objetivo deste
trabalho é analisar o funcionamento de
1.1I NV ESTI M ENTO NA
uma PLM e identificar os possíveis efeitos
A B OR DAGEM CLÁSS I CA
de sua inserção na região Centro Oeste,
mais precisamente o estado de Goiás, que O pensamento econômico neoclássico,
conta com um projeto em andamento no segundo Gennari e Oliveira (2009), baseado
município de Anápolis, além de buscar no laissez faire1, na Lei de Say e na mão invi-
compreender os motivos e identificar o
1. Liberdade de produção.

228
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

sível – crença na auto-regulação do mercado demanda agregada não é um fator deter-


a pleno emprego dos fatores de produção minante para definição do produto na
– vinha se abalando conforme a cres- economia. São as condições de oferta que
cente alta na prosperidade do capitalismo determinam o produto na teoria clássica,
e no aumento impulsivo na acumulação uma vez que a válida a mão invisível.
de capital. Para esta corrente de pensa-
Por outra frente, a teoria quantitativa
mento, o equilíbrio na economia se daria
da moeda, pressupõe que os agentes
na igualdade entre Oferta Agregada (OA)
desejam a moeda como meio de troca, não
e Demanda Agregada (DA) – relação entre
afetando as variáveis reais da economia –
quantidade demandada de bens e serviços
produto, nível de emprego, salário real e
e o nível geral de preços, porém como enfa-
preços relativos. Então, quando introdu-
tiza a lei de Say, a DA não é um fator deter-
zida a taxa de juros, como componente da
minante para o nível do produto. Portanto,
DA, o Investimento é uma função depen-
como ressalta Lopes e Vasconcellos (2008),
dente negativamente da taxa de juros real
o produto (Y) gira em torno da OA, sendo
esperada (r). Lopes e Vasconcellos (2008)
ela definida como o produto total em que
comentam que os agentes determinam a
as famílias e empresas oferecem em um
opção pelo investimento dado o seu custo
determinado nível de preços a um determi-
(taxa de juros). Então, quanto maior a taxa
nado período de tempo.
de juros menos atrativo é o investimento.
Prosseguindo com o raciocínio de Lopes
Em síntese, De Carvalho (1987) aborda que
e Vasconcellos (2008), como a produção
o investimento e a poupança são influen-
(Y) depende da alocação dos fatores de
ciados exclusivamente pela taxa de juros,
produção - tal como o capital (K) -, o produto
incorrendo ao equilíbrio entre as duas
é função dos bens de capital utilizados
variáveis. Entretanto, para Keynes, na
(tais como maquinários e equipamentos
poupança esta influência é negligenciável.
que concebam bens de consumos), ao N
(trabalho e horas trabalhadas) incorpo-
rado e ao nível tecnológico (T), em deter- 1.2 I M POR TÂ NCI A ,
minado período de tempo. I NC ENTI VOS E
CARACTER Í STI CAS D O
Entretanto, como Bielschowsky e Custodio I NV ESTI M ENTO S OB R E O
(2011) abordam, haverá um viés em relação AS PECTO KEYNES I ANO
à determinação do produto via investi-
mento. Como S (Poupança) é idêntico a I No aspecto keynesiano, o investimento não
(Investimento), então um aumento em I é determinado pela poupança. A poupança
acarretará em uma queda no consumo, é determinada pelas decisões de consumir
que nada mais é do que a renda do agente e investir. Portanto, poupança é função de
(Y) subtraindo de sua poupança gerada (S). renda e renda é função do investimento
Conforme Lopes e Vasconcellos (2008), a (POSSAS, 2001).

229
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Para Keynes (1982) o investimento é função derando os prognósticos sobre o mercado


da eficiência marginal do capital, EMgK , e 2
é preciso que haja o complemento de um
o preço de oferta do bem de capital - preço estado de confiança. O estado de confiança
em que induz ao fabricante a produzir retorna para uma análise extremamente
uma nova unidade deste bem, ou seja, o cautelosa com desvelada atenção dos
preço de oferta será o custo de reposição agentes econômicos, a fim de compor seu
ao fabricante. Em outros termos, a EMgK é estado psicológico de expectativas quanto
a razão entre expectativa da renda espe- à renda esperada (KEYNES, 1982).
rada e do preço da oferta do bem a ser
Complementando a análise, a importância
adquirido, dependendo exclusivamente da
quanto ao fato do conhecimento sobre o
taxa de retorno sobre o capital investido.
investimento e cálculo sobre a renda espe-
Portanto, nada mais é do que a taxa de
rada é de grande valia, porém a precarie-
lucro prevista para seus investimentos.
dade dos agentes econômicos em relação
à mínima parcela que possuem o know-how
1 . 2.1 EX P EC TATI VA E necessário para o emprego dos cálculos,
TAXA D E J U R OS maquia a mínima parcela que possuem

Segundo Keynes (1982), o estado de expec- esse conhecimento (KEYNES, 1982).

tativa psicológico se encontra ao longo


Bresser Pereira (1973) analisa o investi-
prazo, pois no curto prazo, o produtor
mento como algo lógico em comparação
já tem em mente o quanto produzir do
à taxa de juros, complementando que os
produto acabado em instalações exis-
agentes econômicos investirão ao ponto
tentes. Aqueles agentes que possuem
em que a EMgK igualasse a taxa de juros. A
expectativas quanto ao longo prazo conse-
análise de que o investimento é viável será
guem manter as variáveis de tipo e quan-
apenas quando for superior ou igual à taxa
tidade de estoque ao longo do tempo,
de juros praticada no mercado. Enquanto
conseguindo se adequar às exigências e
a taxa de juros for menor, maior será a
preferências do consumidor em diversos
adesão ao investimento, pois o retorno
períodos da vida do investimento.
será mais rápido em relação a cenários

Contudo, o estado de expectativa não se com taxa de juros mais altas. Logo, em

restringe ao trade-off entre a opção por cenários com taxa de juros alta a adesão

investimento a longo ou a curto prazo. Consi- de projetos produtivos será menor.

2. Para Keynes (1982) a EMgK é determinada Segundo Keynes (1982), a taxa de juros é a
pela renda esperada do investimento - sendo renúncia pela liquidez. O agente deve ter
aquilo em que o indivíduo terá, após a aqui- suas preferências psicológicas claras, tendo
sição de um bem de capital, o direito ao fluxo em mente qual deverá ser o montante de
de rendas futuras, descontando o dispêndio sua renda designado ao consumo futuro.
pelo usufruto deste bem, assim, obtendo uma Após deduzir aquilo em que há a propensão
série de anuidades

230
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

a consumir, o agente deve identificar qual 2 . PL ATAF O RM A


será a melhor opção entre a liquidez ou LO G ÍST ICA E A
a alienação em um ativo, rendendo anui- IN T ERM O DAL IDADE,
dades em períodos determinados ou inde- O POT EN CIAL Q U E
terminados, após a criação de sua renda CERN E A REG IÃO DE
corrente – ou poupança futura. G O IÁS
A teoria keynesiana ressalta que a moeda
pode ser tratada como oportunidade para 2 .1 LOGÍ STI CA
especulação. Keynes (1982) enfatiza que a
Sendo a globalização um propulsor para o
taxa de juros é o preço em que o agente
aumento da produção com consequente
prefere manter a riqueza em forma líquida
aumento da concorrência, é necessária a
conciliando com o estoque de moeda
organização das mercadorias com o intuito
disponível. Portanto, em momentos de alta
de proporcionar agilidade para devida
na taxa de juros, a opção pela liquidez será
distribuição (FOLLMAN E HORNER, 2007).
mais onerosa, mas se a taxa de juros sofrer
Entretanto, é imprescindível a avaliação
sucessivas baixas, o dispêndio cairá, até
dos custos para tais manobras, portanto
ser encontrado o preço em que seja atin-
a Logística possui papel fundamental na
gido o ponto de equilíbrio entre oferta e
hora de maximizar a redução de custos,
demanda no mercado monetário, ou seja,
com consequente aumento de lucro.
seria um preço menor para sua retenção.
Desse modo, o agente irá entender que a Tendo em vista o conceito de Logística
preferência por moeda, em certas circuns- Integrada – integração externa entre
tâncias, pode acarretar na alteração da empresas e consumidores/clientes finais,
taxa de juros corrente. Duarte (2004a) confronta o interesse das
empresas em atender as necessidades
Em síntese, para a melhor definição de seu
dos clientes com a integração dos compo-
investimento, o agente econômico deve-se
nentes de uma cadeia de suprimentos3 e os
fundamentar em expectativas tendendo ao
envolvidos dentro de uma cadeia logística,
longo prazo, pois, conforme Keynes, esta
deixando a entender que “as empresas
situação é favorável quanto ao posiciona-
se organizam baseadas nas funções de
mento às preferências do mercado e suas
produção, venda e distribuição, voltan-
flutuações; na aplicabilidade de cálculos
do-se para o interior das mesmas, apenas
para manter-se em estado de confiança, e
com a preocupação de satisfazer o cliente
para isto é necessário a certeza quanto a
com um lucro para o fornecedor” (DUARTE,
renda esperada do ativo.
2004a, pg. 32)

3. Processo de movimentação de mercadorias,


desde o fornecedor, passando por todas as
etapas, até a distribuição ao consumidor final.

231
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

2. 2 P L ATA F OR M A Logística receberá, em suas zonas logís-


LO GÍST I CA E A ticas, empreendimentos e infraestruturas
M U LT IM O DA L I DA D E : dos mais variados tipos de transportes que
CO N C E I TOS E contribuirão com a economia da região.
EST RU T U RA Ao aparecer empresas dos mais variados
tipos de setores de atividades econômicas,
Em busca da diversificação da produção, a plataforma terá que ter um estudo de
Silva (2008), destaca que para reduzir os pré-viabilização em relação as relações
custos, o transporte intermodal se tornou comerciais em que a região possuirá
extremamente necessário para integrar com as demais regiões, sua importância
as localizações logísticas. As plataformas ao comércio nacional e internacional, a
logísticas (PL), segundo Rodrigues (2004), conjuntura econômica e, principalmente,
visavam estabelecer a redução do fluxo a estrutura no que cerne aos meios de
de mercadorias de forma desorgani- transporte para escoamento futuro – tanto
zada, ou seja, buscavam estabelecer um ligações terrestres (via modal ferroviário
padrão em um quadro de otimização para e rodoviário), ligações marítimas, possibi-
a distribuição, com consequente redução litando o escoamento via cabotagem, liga-
de custos. Tal modelo é responsável por, ções fluviais e/ou aéreas.
aproximadamente, 12% na redução de
custos logísticos e 40% de acréscimo na As principais vantagens para a utilização
produção para as empresas que usufruem de uma PL, além da diversificação econô-
de plataformas logísticas. mica, segundo Boudouin4 (1996, apud
Silva, 2008, pg.13) tangem a produtividade
Conceitualmente, Rodrigues (2004, pg. do espaço, já que são aproveitados locais
20) define PL como uma “concentração não urbanos, propícios para o desenvol-
geográfica de organismos e empresas vimento; a limitação do tráfego, corro-
independentes, relacionadas com trans- borando com a queda de consequências
porte de mercadorias e serviços auxiliares, negativas que eles podem provocar; e a
possuindo, pelo menos, um terminal”. Para eficiência econômica, já que a Plataforma
complementar, Duarte (2009a) define a fará com que haja a aproximação entre
Plataforma Logística como aquilo em que fornecedores e transportadores.
traz a eficiência logística, incluindo a desbu-
rocratização e agilização das operações
aduaneiras em detrimento aos empreen-
dimentos de infraestrutura concebidos.

4 BOUDOUIN, D. Logística – Território - Desen-


Para Duarte (2009b), para viabilizar o desen-
volvimento: o caso europeu. In: Seminário
volvimento de uma PL em uma determi-
Internacional: Logística, Transportes e
nada região, deve-se analisar sua situação
Desenvolvimento, Fortaleza, Ceará: UFC/CT/
geográfica, dado ao fato que a Plataforma
DET, 1996.

232
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

2. 2.1 ESTA B E L EC I M E NTO Conforme Follmann e Horner (2007), uma


D E U M A P L ATA F OR M A Plataforma Logística deve ser gerida por
LO GÍST I CA uma entidade única:

Figura 2 – Funcionamento de uma Plataforma Logística

Fonte: Follmann e Horner (2007)

Os autores destacam que fornecedores e visando os serviços das etapas que cernem
os mercados de destino, influenciam dire- uma operação logística, como: produção
tamente no funcionamento da Plataforma final, gestão de estoques, distribuição,
Logística. Duarte (2009b) cita que, para acondicionamento e etiquetagem; ii) Inves-
o bom funcionamento, o Governo deve timentos de caráter cinético, investimento
condicionar um ambiente propício para a destinado à infraestrutura que corrobora
instalação das empresas, condicionando com o fluxo de transporte e na localização
subsídios e incentivos fiscais. Entretanto, geográfica dos terminais.
Collin5 (1996,apud Duarte, 2004b, pg.8) cita
Da Silva et al (2013) abordam que para a
que para a viabilização da plataforma são
implantação de uma plataforma há os
requeridos investimentos segregados em
investimentos públicos – caráter cinético,
dois tipos: i) Investimentos de caráter logís-
que compreende as obras de infraestrutura
tico, caracterizado como o investimento
no entorno da plataforma logística, consis-
tindo em obras de urbanização, implan-
5. COLIN, J..Lesevolution de La Logistique em
tação de infraestruturas de concebimento
Europe: vers La Polarisationdes Espaces. In:
de modais e os investimentos privados –
Seminário Internacional: Logística, Trans-
caráter logístico, atuando no interior dos
portes e Desenvolvimento. Fortaleza, Ceará:
empreendimentos, tratando todo o opera-
UFC/CT/DET, 1996.
cional que concerne as mercadorias tran-

233
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

sacionadas como os serviços prestados. segurança; xi) definição de distribuição;


Complementando, Da Silva et al (2013) xii) determinação de critérios de proteção
citam que a escassez de recursos públicos ambiental.
para os empreendimentos de tamanha
A composição de uma PL é constituída,
magnitude, assim como as limitações
segundo Duarte (2004a), em três subzonas:
financeiras que o estado pode apresentar
i) Subzona de serviços gerais, destinado
durante a execução de um projeto se faz
aos serviços de recepção e acomodação,
necessária uma parceria público-privada
serviços alfandegários, administração e
(PPP), que vem se expandindo e sendo
comunicação; ii) Subzona de transporte,
empregada em diferentes países em
zona em que compreende os modais
diversos tipos de empreendimentos.
que interligam a plataforma as demais
Contudo, além do Governo proporcionar regiões; iii) Subzona destinada aos opera-
o ambiente para a instalação da plata- dores logísticos, estabelecida como a zona
forma, para Duarte (2009b) é necessário em que é feita a atividade logística, como
o cumprimento de 12 etapas que, assim, corretagem, assessoria comercial e adua-
viabilizariam a inserção da Plataforma neira, serviços de fretamento, estocagem,
Logística em determinada região: i) análise distribuição. Assim, Duarte (2004a), cita
geográfica, como explica Spricigo e Silva que, com base nessa estrutura, a plata-
(2008), na Europa as plataformas são forma deve possuir um eficiente sistema
concebidas próximas aos portos marí- de transporte multimodal em paralelo a
timos, dada a importância dos portos uma rede informatizada, capacitada em
europeus ao comércio internacional; ii) conectar todos os organismos internos e
definição de suprimentos, ou seja, esta- externos da plataforma.
belecer os fornecedores de determinadas
atividades econômicas; iii) determinação 2 .2 .2 ESTA B ELECI M ENTO
dos modais de transportes para o relacio- D E M ODAI S
namento entre fornecedor e plataforma
e plataforma e mercado consumidor O desenvolvimento estrutural se faz neces-
final; iv) definição o modelo de armaze- sário para a inserção de uma PL. Porém,
nagem para cada tipo de carga; v) defi- a vantagem comparativa para os desti-
nição das subzonas do terminal (serviços natários deste empreendimento se dará
gerais, transportes e operador logístico); quando esta for conectada com os diversos
vi) definição do transporte multimodal, tal mercados. Para isso, se torna necessário o
como seu único operador; vii) definição investimento na diversificação de modais,
dos serviços logísticos; viii) definição dos tornando-a uma Plataforma Logística Multi-
serviços alfandegários, tal como a auto- modal. Como Duarte (2009b) aborda, a
ridade alfandegária e suas respectivas Plataforma Logística passa a ser um macros-
áreas de atuação; ix) definição do sistema sistema, integrando, e interligando, vários
de informação; x) definição de critérios de microssistemas, como os diversos tipos de

234
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

modais de transporte, portos e centros de de mais de um tipo de modal, porém com


distribuição (CD’s). Como Ribeiro e Ferreira responsabilidade do serviço apenas ao OTM.
(2002) apontam, os modais de transporte
Como Scandolara (2010) aborda, a inte-
são bastante importantes quanto ao custo
gração de mais de um modal tem como
logístico. Portanto, se faz necessária a defi-
objetivo aproveitar a máxima eficiência
nição, caracterização e classificação de
de cada modal utilizado, visando reduzir
forma correta para usufruto, acarreando
custos e corroborar com o tempo de
em benefícios intangíveis.
escoamento até o destino final. Para faci-
litar o transporte multimodal, recorre-se
2. 2. 3 IN T E R M O DA L I DAD E a conteneirização. O autor ratifica que o
E MU LT I M ODA L I DA D E Transporte Multimodal está se demons-

A intermodalidade é o transporte que trando, nos últimos anos, uma importante

mesclará mais de um tipo de modal, porém ferramenta logística, que corrobora com

com responsabilidade do serviço transfe- o atendimento ao canal de venda com a

rida para cara organismo de cada modal distribuição física de produtos, contando a

utilizado. Já na multimodalidade há a fusão diminuição de custos.

Tabela 2 – Características operacionais quanto ao modal escolhido (quanto menor a


pontuação melhor será o serviço)
C aract
Ferroviário Ro dovi á ri o Aquavi á ri o D utovi á ri o Aé reo
O p e racio nal
Velocidade 3 2 4 5 1
Disponibilidade 2 1 4 5 3
Confiablidade 3 2 4 1 5
Capacidade 2 3 1 5 4
Frequencia 4 2 5 1 3
Resultado 14 10 18 17 16
Fonte: Nazário1 (2000, apud Scandolara, 2010, pg.31)

1 NAZÁRIO, Paulo. Papel do Transporte na Estratégia Logística in Logística empresarial. Organi-


zação: FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. São Paulo: Atlas, 2000b.

Com base na Tabela 2, caberá a empresa, aéreo); ii) Disponibilidade, refere-se a


ou no caso o OTM, definir a utilização da capacidade em atender determinada rota,
integração multimodal. Segundo Scando- da origem até o destino, do modal referido
lara (2010), na tabela é possível justificar para o escoamento (no caso, o modal rodo-
o melhor método pela característica de viário é o mais justificado, dada a possibili-
cada modal: i) velocidade, que refere-se ao dade do serviço “porta a porta”); iii) Confia-
tempo de escoamento até o mercado, ou bilidade, refere-se o histórico de entregas,
consumidor, final (no caso, seria o modal ao contínuo serviço e a impossibilidade

235
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

(quase nula) de externalidades (no caso, tamanho e tipo, de cargas diversas(no


o modal dutoviário é o mais justificado, já caso, o modal aquaviário é o mais justifi-
que este não sofrerá interferências climá- cado). Portanto, como evidenciado, cada
ticas, nem quanto a congestionamentos); modal se justifica em determinada carac-
iv) Capacidade, refere-se a disponibili- terística operacional.
dade do modal em relação à capacidade,

Tabela 3 – Tipo de Carga x Modal adequado


Ti po d e C a rg a Distânc ia Modal Recom endado
De moderado a alto valor
Até 1.200 km Rodoviário
Até 25 toneladas
De moderado a baixo valor
De 800 a 1.200 km Ferroviário
Múltiplos tamanho de carga
De moderado a baixo valor Intermodal, utilizando o ro-
De 1.200 a 2.500 km doviário nas pontas (coletas
Múltiplos tamanho de carga e entregas)
Alto valor, pequenos volumes Mais de 2.000 km Aéreo
De moderado a baixo, volumes
Entre 500 e 2.500 km Hidroviário ou ferroviário
diversos
De alto a baixo valor, diferen-
Mais de 4.000 km Marítimo
tes tipos de cargas
Líquido e gases Variável Dutoviário
Fonte: Santos (2008)

Corroborando com a tabela 2, a tabela 3 objetivo aproveitar a grande vantagem


mostra a possibilidade de integração de comparativa, em relação a sua posição
alguns modais, que para se chegar em uma geográfica, com os demais estados brasi-
maximização de eficiência, quanto ao serviço leiros. O estado de Goiás, mais precisa-
logístico de transporte, para cada tipo de mente a cidade de Anápolis, alcança em
combinação de tipos de carga e distância, há um raio de, aproximadamente, 1.200 km
um, ou mais de um, modal recomendado. cerca de 75% do mercado consumidor
brasileiro, conforme dados da SEGPLAN

3 . D IV ERS IFICAÇÃO do Estado de Goiás (2013). Tendo em vista

ECONÔ MICA, ANÁLI SE os grandes empreendimentos que o muni-

SOB RE A INS ERÇÃO cípio de Anápolis compreende – tais como

DA PL M o Distrito Agro-Industrial6 de Anápolis,


o Porto Seco Centro-Oeste e meios de
transportes que ligam a região, segundo
3.1 P L ATA F OR M A
a SEGPLAN do estado de Goiás, (2013, pg.
LO GÍST I CA M U LT I M O DAL
8), o projeto que envolve a PLM, será um
DE ANÁPOLIS
6. A DAIA abriga o maior pólo farmoquímico
O projeto iniciado em 1998 tem como

236
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

projeto que consistirá “uma rede de faci- maior agilidade, eficiência e menor custo
lidades com o objetivo de promover, com à movimentação de materiais, produtos
da América Latina, além de outras indústrias, e prestação de serviços relacionados com
como alimentícias, têxteis e automobilísticas. seus objetivos”.

Mapa 1 – Principais fluxos de Cargas

Fonte: SEGPLAN (2013)


Com exceção das rotas Norte – Nordeste, – com o Aeroporto de Anápolis - que está
Nordeste – Sul e Sul – Sudeste, os fluxos que sendo ampliando para proporcionar o
cernem o escoamento de mercadorias inter- escoamento de cargas de grande porte
-regionais, praticamente, todos passam pelo via escoamento aéreo -, com as ferrovias
estado de Goiás, assim como todas as impor- Centro Atlântica (malha ferroviária que
tações e exportações relacionadas ao mercado conta com 685 km no estado de Goiás) e
do Centro-Oeste para o mercado externo. ferrovia Norte-Sul (malha ferroviária que
liga Anápolis as regiões Norte e Nordeste),
Com base no relatório de audiência pública,
além das integrações com as rodovias
elaborado pela SEGPLAN (2013), a PLM de
BR-153 (ligando o estado do Pará com o
Anápolis será implantada em uma área de
estado do Rio Grande do Sul) e BR-060 (que
sete milhões de metros quadrados e consistirá
liga o estado de mato Grosso do Sul com o
com os seguintes organismos: i) Terminal de
Distrito Federal) e a hidrovia Tietê-Paraná
frete Aéreo; ii) Aeroporto de Anápolis; iii) Pólo
(hidrovia que serve de rota para o trans-
de serviços e administração; iv) Centro de carga
porte de grãos para o Porto de Santos).
rodoviária; v) Terminal de carga rodoviária.
As informações transmitidas pela Empresa
Segundo Braga (2009), além das possíveis
de Planejamento S.A. (EPL), ao lançar o
realizações de armazenagem, distribuição,
Programa de Investimento em Logística7,
despachos aduaneiros, concentração e
em 2012, a cidade de Anápolis, confir-
desconcentração de cargas, a PLM inte-
grará os eixos logísticos Porto Seco Centro-
7 A Empresa de Planejamento S.A. (2009)
-Oeste – Porto Seco localizado na cidade
informa que o programa, cujo valor beira os R$
de Anápolis, responsável pelos trâmites
133 bilhões em investimentos para os próximos
de aduanas para a Região Centro-Oeste
25 anos, visa duplicar os principais eixos rodo-
viários do país, reestruturando o modelo de
237
exploração de rodovias e ferrovias nacionais
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

mará sua posição de trevo logístico, já Dourados - Mato Grosso Do Sul e Uruaçu –
que esta estará situada estrategicamente Goiás à cidade de Campos – Rio de Janeiro)
dentro do Programa. Após sua conclusão, e novos ramais rodoviários (ramais que
fará com que a cidade usufrua de novos ligarão Anápolis à Palmas – Tocantins e
ramais ferroviários (como os eixos que Belo Horizonte – Minas Gerais à Anápolis).
ligarão Lucas do Rio Verde - Mato Grosso à
Com a previsão de término das obras que
cidade de Palmas – Tocantins, Anápolis até

Gráfico 10 – Demanda de Mercado x Quantidade Movimentada na Plataforma Logística


Multimodal do Estado de Goiás (PLMG)

Fonte: SEGPLAN (2013)

envolvem a PLMG para 2023, a SEGPLAN em seu entorno.


(2013) divulgou que a PLMG alcançará a
Dada as características sociais, territoriais
capacidade de movimentar 7,8 milhões de
da região, além da produção que deve ser
toneladas de cargas anualmente. Entre-
movimentada na PLMG, a SEGPLAN (2013)
tanto, o estudo mostra que a demanda do
estudou e fez a previsão de segmentação
mercado cresce a taxas superiores, deixando
das mercadorias a serem movimentadas.
a PLMG como um organismo essencial, já
Portanto, a SEGPLAN já sinaliza as ativi-
que haverá mais gargalos com o não supri-
dades relacionadas à estocagem, armaze-
mento de suas necessidades demandadas.
nagem e distribuição das mercadorias a
A consultoria Deloitte (2012), ao elaborar serem feitas dentro dos organismos que
um relatório em relação à previsão de compõe a PLMG. Já no início das atividades
demanda para a PLMG, cita que o empreen- da plataforma, prevista para 2015, a esti-
dimento deverá se posicionar como um mativa da quantidade movimentada, por
organismo essencial para os setores forma de armazenagem, é de aproximada-
agroalimentar, automotivo, eletroele- mente 1,5 milhões de toneladas, podendo
trônico, farmaco-químico e higiene-lim- citar a movimentação dos grãos produ-
peza que prevalecem nesta região, já que zidos na região como Soja e Milho, em
a PLMG, primeiramente, se prepara para formato granel ou quando processadas e
armazenar e propiciar a movimentação transformadas em cargas com valor agre-
eficiente das empresas que já se situam gado superior, estocados e transacionados

238
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

Gráfico 11 – Quantidade movimentada por forma de armazenagem

Fonte: SEGPLAN (2013)

em silos e contêineres como os grandes seria uma parceria público-privada (PPP)


destaques. Durante os investimentos
A PLMG, como concebida por uma PPP, onde
para consolidação do empreendimento, a
o Governo do estado de Goiás fará a viabili-
quantidade transacionada aumentará até
zação econômica do Projeto, além do finan-
chegar a sua capacidade máxima, prevista
ciamento, com longa carência e com taxa
em 2023, com potencial para movimen-
de juros de longo prazo baixa, a SEGPLAN
tação de 8 milhões de toneladas por ano.
orça os investimentos para as obras em um
Com isto, a expectativa do investidor tende valor próximo a R$ 650 milhões, estimando
a se perpetuar, com desvelada atenção uma Taxa Interna de Retorno (TIR)8 de 9,5%
ao mercado já condizente com o conce- ao ano. Deixando assim, os futuros investi-
bimento da PLMG, pois as características dores cientes e confiantes de seus retornos,
retiras dos estudos dos órgãos respon- já que a concessão desta plataforma será
sáveis absorvem um estado de confiança em 33 anos.
quanto ao investimento produtivo
Da Silva et al (2013) complementam, que
ao optar por uma PPP, o governo possibi-
3.1.1 V IA B I L I Z AÇÃO DA lita os interesses de ambas as partes. De
P L ATA F O R M A LO G Í ST I CA um lado a parte pública, com o intuito do
M U LT IM O DA L D E desenvolvimento regional econômico, polí-
A N Á P OL I S tico e social, e do outro a parte privada,

Em pesquisa elaborada com o intuito de alocando o capital onde lhe proporcione os

definir as diretrizes tomadas para viabilizar melhores retornos com maior segurança.

os investimentos capazes da implantação


Como Keynes (1982) aborda, o investi-
de um PLM, Da Silva et al (2013), abordam
que a necessidade de capital é enorme, 8. Segundo a SEGPLAN (2013) é a taxa em que
dado ao fato que para viabilizar um PLM remunera o investidor, em média, em cada
há um alto custo de capital. Com isto, os ano sobre os capitais investidos no início do
autores afirmam que o melhor método projeto.

239
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

mento produtivo se dá por meio da expec- um estado de confiança, e uma EMgk


tativa quanto a EMgK que o empreendi- condizente, os agentes estarão assegu-
mento pode gerar, além da análise do custo rados quanto ao desenvolvimento do
de oportunidade gerado pela retenção da empreendimento, criando assim expecta-
moeda. Após a análise das taxas de juros tivas de longo prazo. Consequentemente,
geradas pelo mercado, o investidor que os agentes que alocarão seus recursos
possuir o know-how suficiente para analisar a este tipo de empreendimento conse-
a escolha entre a retenção da moeda (para guirão adaptar seus tipos e quantidades
alocá-la ao mercado financeiro), estará em de estoques de acordo com as exigências
frente com um empreendimento que, com do consumidor. Dada a importância deste
a inclusão dos benefícios gerados pela empreendimento para o desenvolvimento
PPP, principalmente pelo apoio motivado sócio-econômico desta região, o(s) investi-
do Governo, criará condições que corro- dor(es), que conceberem a concessionária,
borem quanto a um possível incremento estarão sendo observados pelo governo
quanto ao estado de confiança. local a todo instante com especificações
mínimas exigidas para a exploração.
Como Keynes (1982) aborda, ao assegurar

Figura 4 – Contrato/Plano de Exploração

Fonte: SEGPLAN (2013)

Segundo a SEGPLAN (2013), o plano para cargas movimentas pela PLMG, adequação
a PLMG se dá em alguns elementos obri- das instalações em serviços básicos como
gatórios, onde a concessionária, ao assinar sanitários, segurança, e agilidade nos
o termo de compromisso deverá arcar processos de movimentação e armaze-
ao cumprimento de algumas metas, tais nagem; ii) Serviços Acessórios, em que
como: i) Serviços de Armazenagem e Esto- consiste na disposição da diversificada
cagem, onde a concessionária precisará praça de lojas e alimentações a serem
adequar o empreendimento em ques- inseridas no empreendimento, a disponi-
tões como divulgação das informações bilidade de vagas de estacionamento para
sobre movimentação e armazenagens das os carros de passeio, a disponibilidade de

240
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

serviços hoteleiros na PLMG; iii) Geral, em maiores na contabilização das empresas –


que os indivíduos que acionem a PLMG conseguirá obter uma grande queda.
devem ter a percepção geral de um ótimo
Ao analisar a importância econômica da
serviço prestado.
região Centro-Oeste perante o estado
Segundo estudo elaborado pela consul- brasileiro, principalmente devido a sua
toria Deloitte (2012) de viabilização econô- atividade econômica baseada na agrope-
mica da PLMG, o estado de Goiás possui cuária, o escoamento eficiente se faz neces-
algumas particularidades que corroboram sário. E, como Duarte (2004b) enfatiza, o
com a atratividade do empreendimento em concebimento de uma PLM cria vantagens
que consiste a PLMG. Além de sua posição comparativas, aumentando a eficiência
geográfica extremamente significativa, logística, otimizando o escoamento e inte-
o estado sinaliza um grande interesse e grando mercados, podendo corroborar
coloca grandes incentivos fiscais, como ainda mais em acordos comerciais.
o incentivo financeiro para a instalação
Ao relatar a relação entre EMgk e taxa de juros
de fabricantes da indústria de produtos
orientando a tomada de decisão do agente
de informática, telecomunicações e auto-
com base no trade-off entre preferência pela
mação móvel. O estado auxilia com apoio
liquidez e ao investimento produtivo, Biels-
as operações de comércio exterior e na
chowsky e Custodio (2011), citam que o nível
expansão de empresas logísticas, por
de investimento, como um componente da
concessão de crédito outorgado9 de 50%
Demanda Agregada, afeta na determinação
a 80% do saldo de ICMS (Imposto sobre
do produto. Com isso, criam-se expectativas
Operações relativas à circulação de Merca-
ao longo prazo e, para perpetuar as decisões
dorias e Serviços). Ainda segundo o estudo,
ao investimento produtivo, deve-se alocar o
a inclusão da plataforma obterá grandes
estado de confiança dos empreendimentos
retornos à região, principalmente no que
aos agentes.
tange a sinergia entre as empresas situadas
na região, criação de novos postos de Em paralelo a condição demográfica, a
trabalho, aumento na integração logística demanda quanto ao empreendimento da
(tanto horizontal quanto vertical), propor- PLMG e a importância sócia econômica que
cionará um desenvolvimento e embasa- o investimento possui para a economia
mento na multimodalidade, haverá uma da região, como Keynes (2002) enfatiza,
queda em relação aos investimentos em deve ser gerado um ambiente para que
CD’s e aumento no faturamento dos envol- o empreendimento seja concebido. No
vidos, já que o custo logístico – um dos caso, o estado de Goiás possui o dever de

9. Segundo a Secretaria da Fazenda do Estado proporcionar um ambiente propício para

de São Paulo, crédito outorgado é a opção em atração dos investimentos.

que o proponente tem de creditar um valor


presumido em substituição ao aproveitamento
de quaisquer outros créditos
241
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

CONC LU SÃO tração de dependência a um único tipo


de modal – no caso o rodoviário, que se
O presente trabalho teve como objetivo mantém há anos como o principal em
analisar o funcionamento e identificar termos de transações de mercadorias
efeitos, sob o ponto de vista econômico, no país, mesmo com uma infraestrutura
da inserção de uma plataforma logística arcaica em certas regiões, o projeto obtém
multimodal no estado de Goiás. Verifi- ícones para se espelhar mundo afora.
cou-se também a aplicabilidade da teoria
keynesiana para entender como leva um Além de contar com desvelada atenção

investidor a alocar seus recursos ao inves- dada pelo estado brasileiro a este projeto,

timento produtivo, como no caso da Plata- é grande a possibilidade de frear aqueles

forma Logística Multimodal do Estado de investidores que entram no investimento

Goiás (PLMG). por espontaneidade, derivando de uma


expectativa entusiasta já que o governo vem
Tendo em vista que o investimento produ- proporcionando um estado de confiança
tivo acarreta positivamente ao Produto elevado. Como o projeto da PLMG é de
Interno Bruto (PIB), com a criação de longo prazo, a concessionária que abrigará
empregos, geração de renda e desenvolvi- os investidores poderá se adequar ao longo
mento social. Segundo a teoria keynesiana, do tempo às variáveis tipo e quantidade de
o investimento produtivo só será efetuado estoque para adaptá-las aos futuros consu-
caso a expectativa psicológica do agente midores, dada a expectativa de altas remu-
seja atendida e, principalmente a expecta- nerações prospectadas.
tiva quanto a Eficiência Marginal do Capital
(EMgK). Nesse sentido, ao observar que A demanda pela redução dos custos logís-

o investidor só aplicará seus recursos ao ticos é elevada, principalmente pelo de fato

investimento produtivo, se a conjuntura de serem, em certos casos, fatores que

do mercado lhe proporcionar isto, este potencializam o custo das mercadorias.

projeto que conta com uma TIR elevada Com o concebimento da PLM, e condu-

(9,5% a.a.), condicionada a uma PPP, os zindo o escoamento a um único operador

investidores tenderão a alocar recursos logístico, o empreendimento irá se carac-

no projeto, já que este é fator preponde- terizar como um organismo claro para as

rante a condicionar a renda esperada pelo futuras estratégias logísticas.

capital inicial investido, ou seja, o agente


poderá condicionar uma EMgK condizente REF ERÊ N CIAS
com o porte do empreendimento que
[ 1] . BACOVIS, M.M.C.. Estudo compara-
compreende a Plataforma Logística Multi-
tivo das plataformas logísticas europeias x
modal do Estado de Goiás, localizada no
brasileiras, como forma de identificar um
município de Anápolis.
modelo que atenda as empresas do IPM.
Apesar de haver gargalos como a concen- II Congresso de Pesquisa e Inovação

242
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

da Rede Norte Nordeste de Educação [ 7] . _____________Projeto básico do


Tecnológica, 2007, João Pessoa. Disponível complexo da plataforma logística
em: http://www.redenet.edu.br/publica- multimodal de Goiás no município de
coes/arquivos/20080227_100057_TRAN- Anapólis. São Paulo, 2013. Disponível
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de Produção) – Universidade Federal do
das plataformas logísticas no território
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Disponível em: <http://ferroviaesociedade. forma logística in: Opinio – Revista de
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pdf> Acesso em: 15 out. 2014. – Especial Logística. Canoas, Ed.12, 2004b.

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neoclássica à redescoberta de Keynes.
Revista Análise Econômica, Porto Alegre, [ 11] . _____________ Plataforma Logística:
n.9, pg. 3-21, nov./mar. 1987/1988 Desenvolvimento de um Mapa Estratégico
para medir os benefícios com sua implan-
[ 6 ] . DELOITTE. Relatório de diagnós-
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tico da plataforma logística multi-
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243
L o g í s t i c a - Vo l u m e 1

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[ 16 ] . LOPES, M.L.M.; VASCONCELLOS, GESTÃO E PLANEJAMENTO (SEGPLAN/GO).
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[ 17 ] . POSSAS, MARIO L. Demanda
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porâneo: Homenagem a M. Kalecki. São plataforma logística regional: caracte-
Paulo: Edusp, 2001. rísticas e tendências para o desenvol-
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nica. Tese (Doutorado em Ciências em
tica e Transportes: Uma discussão sobre os
engenharia de transportes – Universidade
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244
Autores
AUTORES
Adriana Carvalho Pinto Vieira
Possui graduação em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (1993), mestrado
em Direito pela Universidade Metodista de Piracicaba (1999) e doutorado em
Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (2009) e fez parte do
doutorado com Bolsa Santander, na Universidad Politécnica de Madrid / Escuela UPM, com
orientação dos professores Prof. Ignácio Trueba, Julián Briz e Isabel de Felipe. Realizou o
Pós-Doutorado em Política Científica e Tecnológica pelo Instituto de Geociências pela
Universidade Estadual de Campinas (2012), com Bolsa da Capes. É líder do Grupo de
Pesquisa: Propriedade Intelectual, Desenvolvimento e Inovação (PIDI). Atualmente é
pesquisador colaborador da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro pelo projeto
INCT/PPED. É líder do Grupo de Pesquisa cadastrado no CNPq denominado Propriedade
Intelectual, Desenvolvimento e Inovação (PIDI). É colaboradora do Grupo de Pesquisa Gestão
e Estratégia em Negócios Internacionais (GENINT) e colaboradora do Grupo Interdisciplinar
de Pesquisa em Propriedade Intelectual ? GIPPI, que tem como líder a prof. Dra. Kelly
Lissandra Bruch / UFRGS. É membro da Sociedade Brasileira de Economia, Sociologia e
Administração Rural (SOBER). Tem experiência na área de Direito e Administração, atuando
principalmente nos seguintes temas: sistema de propriedade intelectual, indicação
geográfica, estudos jurídicos (direito consumidor), gestão da inovação, sucessão familiar,
agronegócio, cadeias alimentares e biotecnologia, comércio exterior e negócios
internacionais. Integra o conselho consultivo e conselho editorial dos seguintes periódicos:
Anais Workshop de Comércio Exterior, Revista Desenvolvimento Socioeconômico em Debate
e Editora da Universidade Estadual de Goiás. Membro da Comissão de Estudos Especiais de
AUTORES

Indicações Geográficas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ? ABNT/SEBRAE.


Membro do Conselho Regulador da Indicação de Procedência dos Vales da Uva Goethe.
Orcid - http://orcid.org/0000-0002-9408-721X

Aldérico Silvio Gulini


Possui formação em Sistemas de Informação pela ETT (Escola Técnica Tupy), Graduação em
Ciências Econômicas pela Universidade da Região de Joinville - (UNIVILLE), Especialização
em Engenharia de Produção pela Universidade do Estado de Santa Catarina(UDESC) e
Mestre em Engenharia de Produção pela UNISOCIESC. É professor de Graduação e Pós
Graduação nas áreas de Sistemas de Informação, Segurança da Informação, Gestão de
Materiais e Patrimônio, Planejamento Logístico, Gestão de Transportes, Gestão de Escopo de
Projetos e Estratégia de TI. Também atua como analista de sistemas e Negócio em uma
grande Companhia de Tecnologia a empresas de Médio e Grande Porte.

Alice Kazumi Shigetomo Ishii


Graduanda de Engenharia de Produção na Universidade do Estado do Pará (UEPA) com
início no ano de 2014. Realiza estágio na Chamma da Amazônia com vínculo ao Instituto
SENAI de Inovação em Tecnologias Minerais e participa de forma voluntária do Laboratório de
Logística (Núcleo Integrado de Logística e Operações- NILO), UEPA, e participou do Núcleo
Integrado de Empreendedorismo Juniores (NIEJ), do Centro Universitário do Pará (CESUPA),
atuando no projeto Ilhas Legais. Possui interesses em áreas do Controle da Qualidade,
Logística e Planejamento e Controle da Produção.

Ana Carla Fernandes Gasques


Professora Colaboradora do Departamento de Engenharia de Produção, UEM, Campus Sede.
Graduada em Engenharia Ambiental pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná
(UTFPR), Campus de Campo Mourão/PR (2013). Mestre em Engenharia Urbana pela
Universidade Estadual de Maringá (UEM) (2015), na área de Concentração Planejamento e
Gestão de Sistemas Urbanos. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, pela
Universidade Estadual de Maringá (UEM) (2015). Especialista em Docência e Metodologia do
Ensino Superior pela Faculdade Eficaz (2016).
Anderson Ricardo Silvestro
Mestre em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento, pela Fundação Mineira de
Educação e Cultura - FUMEC/Belo Horizonte-MG, Pós-graduação em Auditoria e Perícia
Contábil pela Universidade de Sorriso UNIC-MT e Pós-graduado em Docência do Ensino
Superior pela Faculdade Pitágoras, campus Sinop/MT, é Graduado em Ciências Contábeis
pela Universidade de Sorriso UNIC-MT. Atualmente é Coordenador do Curso Técnico em
Comércio, Professor e Pesquisador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Mato Grosso (IFMT), Campus Barra do Garças/MT. Possui experiência na área de gestão
empresarial e no agronegócio, com ênfase em Sistema de Informação Gerencial e suas
Tecnologias. Seu interesse de pesquisa é aplicado a vantagem estratégica e competitiva,
aliada aos Sistemas de Informação e Tecnologia da Gestão Empresarial e no Agronegócio,
como insumo para a tomada de decisão.

André Cristiano Silva Melo


Professor Titular da área de Suprimentos e Coordenador dos Programas de Pós-Graduação
Stricto Sensu do CCNT/UEPA. Engenheiro Mecânico pela UFPA, Mestre e Doutor em
Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ. Atualmente professor de disciplinas da área de
logística em cursos de graduação e pós-graduação da UEPA. Atuou, em Belém, como
Coordenador do curso de graduação em Engenharia de Produção da Unama e como
Coordenador na Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e, no Rio de
AUTORES

Janeiro, como Consultor pela Fundação COPPETEC em projetos junto às empresas Bunge
Alimentos - Divisão Santista e Furnas Centrais Elétricas S. A. Como Professor de Logística,
atuou na Unama (PA), UERJ (RJ), UGF/RJ e UFRJ. Atuou como instrutor de cursos de
Logística no PIEBT/UFPA, no E-MBSIG/UFRJ e em empresas, como Petrobrás e Schlumberger
e prestou consultoria em Furnas Centrais Elétricas S. A..

Carlos Aurélio Valeretto


Mestrando em Engenharia de Produção, na Universidade Metodista de Piracicaba - Unimep.
Graduado em Administração pelo Centro Universitário Salesiano São Paulo (2010), e MBA em
Gestão Estratégica de Negócios, pelo Centro Universitário Salesiano São Paulo (2014).
Atualmente é supervisor de segurança em uma transportadora filiada a Raízen Combustíveis.
Sendo o Coordenador do SASSMAQ - Sistema de Gestão Integrada em Saúde, Segurança,
Meio Ambiente e Qualidade, desenvolvendo projetos visando maior produtividade, redução
de custos e aumento da lucratividade; Formação Técnica em Segurança do Trabalho pelo
centro Paula Souza, e Especialista em Qualidade e Produtividade pela Unicamp. Atua como
consultor empresarial e possui ampla experiência em diversas áreas e segmentos.

Caroline Maldonado Peres


Engenheira de Produção pela Universidade Estadual de Maringá

Claudio Roberto Silva Junior


Graduando em Engenharia de Produção pela Faculdade Pitágoras São Luis, 10º Período.
Integrante do grupo de estudos sobre economia e administração de serviços (GEEAS);Possui
trabalhos publicados nas áreas de Lean Manufacturing, Planejamento Estratégico, Logística,
Gestão de Serviços e Gestão da Qualidade.
Denilson Ricardo de Lucena Nunes
Possui graduação em Engenharia Civil pela Universidade da Amazônia (1999) e mestrado em
Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2002) e doutorado
em Engenharia de Produção (2014) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É
professor assistente II da Universidade do Estado do Pará no curso de Engenharia de
Produção. Tem experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em Estruturas de
Concreto e metálica. Na Engenharia de Produção atua principalmente nas seguintes áreas:
planejamento e modelagem de estoques, logística e modelagem matemática.

Edilange Moreira da Costa


Graduando em Engenharia de Produção pela Faculdade Pitágoras São Luis, 10º Período.
Integrante do Projeto Especial AeroDesign Brasil há 3 anos. Profissional com experiência na
área de Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão da Qualidade, Gestão de Serviços,
Gestão de Projetos, atuando principalmente nos seguintes temas: gerenciamento e
planejamento de em projetos, elaboração de procedimentos. Hoje atuando em uma empresa
de Engenharia elétrica e uma empresa de Distribuição de Confecções, ambas localizadas na
Cidade de São Luis-MA. Possui trabalhos publicados nas áreas de Lean Manufacturing,
Planejamento Estratégico, Logística, Gestão de Serviços e Gestão da Qualidade.
AUTORES

Evandro Segundo Soares Pereira


Formado em Administração com enfase em industria e logística pela Univille e pos-graduação
em Gestão de operações logísticas pela Univille, atua no seguimento de Manufatura e
logística inbound apoiando empresas no desenvolvimento de seus processos. Aplicando
conhecimento e experiência em gestão de movimentação de produtos e matérias primas, com
ênfase em arquitetura de soluções, desenvolvimentos e melhoria de novos processos e
tecnologias. Interligando processos físicos com softwares e hardwares, atuando em projetos
em áreas de conhecimento como industria 4.0, lean manufacturing, Armazéns (expedição e
almoxarifados), tecnologias de coleta de dados, WMS, RFID.

Fernando Taques
Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e
Mestrado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Doutorando em
Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e graduando em
Engenharia de Produção pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Atualmente é
professor do Centro Universitário Senac/SP e do Centro Universitário Faculdades
Metropolitanas Unidas. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia dos
Programas de Bem-Estar Social, Economia Regional e Urbana e também na área de Inovação.

Filipe de Castro Quelhas


Doutorando em Sistemas de Gestão Sustentáveis pelo Laboratório de Tecnologia, Gestão de
Negócios e Meio Ambiente (LATEC) da Escola de Engenharia da Universidade Federal
Fluminense (UFF), Mestre em Administração pelo programa de pós-graduação stricto sensu
de mestrado em administração do IBMEC-RJ, participou como avaliador de artigos para o XX
SEMEAD da FEA-USP em 2017. Autor em diversos artigos científicos publicados em
periódicos e congressos. Possui MBA em Gestão pela Qualidade Total concluído pelo
LATEC/UFF, MBA em desenvolvimento gerencial avançado com ênfase em gestão de
pessoas também pelo LATEC / UFF, todos os créditos concluídos do mestrado em Engenharia
de Transportes da COPPE / UFRJ, pós-graduação em Administração de Empresas completa
em parceria da escola de pós - graduação em Administração Pública e de Empresas com a
Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). É pós-graduado
MBA em Administração da Produção e Logística, pós-graduado em Gestão de Recursos
Humanos, pós-graduado em Gestão Empresarial, pós-graduado em Docência do Ensino
Superior, pós-graduado em Administração Escolar e Planejamento, pós-graduado em Gestão
Competitiva no Varejo, pós-graduado em direito do trabalho e pós-graduado em Direito
Administrativo, todos pela Universidade Cândido Mendes (UCAM). Possui curso de
graduação sequencial em Empreendedorismo e Inovação concluído pelo Departamento de
Empreendedorismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), pós-graduação em políticas e
gestão em segurança pública pela FACIBRA e graduado em administração. Foi oficial da área
de administração na Marinha do Brasil, tendo sido chefe da divisão de pessoal e presidente
do comitê de gestão organizacional. Foi oficial da área de administração do Instituto Militar de
Engenharia (IME). Atualmente é oficial da área de administração no comando do exército e
tutor no curso de pós-graduação em Gestão em Administração Pública do Cead / UFF.

Gustavo Henrique Andrade Sousa


Graduando em Engenharia de Produção pela Faculdade Pitágoras São Luis, 9º Período.
Capitão do Projeto Especial AeroDesign Brasil. Profissional com experiência na área de
Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão da Qualidade, Gestão de Serviços, Gestão
de Projetos, gestão de estoques e logística empresarial, atuando principalmente nos
seguintes temas: gerenciamento e planejamento de projetos, controle de estoque e rotas de
suprimentos. Proprietário do Comercial Sousa Ltda.

Ingrid Santos Furtado


AUTORES

Técnico em Tecnologia da Informação pela Escola Alcides Maya (2015). Graduação em


Logística pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
(2016). Atuou como estagiária na Diretoria de Compras e Licitações da Prefeitura Municipal
de Canoas (2013-2015). Estagiária na QBBS Desenvolvimento de Sistemas como suporte
técnico, tester e manutenção de banco de dados (2015). Atualmente é Auxiliar de Compras na
Bodipasa Bombas Diesel Paulista.

Iury Rocha Alvim


Engenheiro de Produção graduada pela Universidade do Estado do Pará (2017), publicou
artigos em principais congressos nacionais voltados à Engenharia de Produção. Trabalho no
projeto de pesquisa com Logística Reversa do resíduo do açaí, utilizando dinâmica de
sistemas.

Jaqueline Terezinha Martins Corrêa Rodrigues


Graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1998) e
Licenciatura em Matemática pela Unisul virtual (2012) , MBA em Gestão Empresarial pela
FGV-Decision (2002), Mestrado (2009) e Doutorado (2016) em Engenharia de Produção na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é professora do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) - Campus Canoas. Atua
principalmente nos seguintes temas: Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos, Qualidade,
Logística, Logística Reversa e Gestão da Produção.

José Ribamar Santos Moraes Filho


Mestre em Energia e Ambiente pelo Programa de Pós-Graduação em Energia e Ambiente da
Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Pós-Graduado a nível de Especialização em
Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).
Pós-Graduado a nível de Especialização em Engenharia de Produção pelo Centro
Universitário Internacional UNINTER. Pós-Graduado a nível de Especialização em
Administração e Gestão da Qualidade pelo Centro Universitário Internacional UNINTER.
Graduado em Engenharia de Produção Bacharelado pela Universidade do CEUMA.
Coordenador Acadêmico dos Cursos de Engenharia de Produção, Engenharia Civil e
Engenharia Ambiental e Sanitária da Faculdade Internacional São Luís Wyden. Professor de
Graduação e Pós-Graduação, Presidente do Núcleo Docente Estruturante (NDE) dos cursos e
Presidente do Centro de Empreendedorismo e Internacionalização (CEI) da Faculdade
Internacional São Luís Wyden. Professor Substituto do EBTT e Graduação do Departamento
de Higiene e Segurança do Trabalho (DHST) do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Maranhão - Campus Monte Castelo.

Julio César Zilli


Doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), Mestre em Desenvolvimento Socioeconômico (2015), MBA em Gestão
Empresarial (2003), Especialização para o Magistério Superior (2007) pela Universidade do
Extremo Sul Catarinense (UNESC) e Graduado em Ciências Contábeis (1997) pela
Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Autor de capítulos de livro, artigos científicos
publicados em revistas e anais de congressos/seminários/simpósios nacionais e
internacionais. Como professor, experiência nos Cursos de Graduação em Administração e
Comércio Exterior da UNESC e Escola Superior de Criciúma (ESUCRI) envolvendo as
disciplinas de Legislação Aduaneira, Logística Internacional, Transportes e Seguros
Internacionais, Práticas Gerenciais de Exportação e Importação, Negociações Internacionais,
Administração Estratégica, Introdução ao Comércio Exterior, Projeto de Pesquisa e Trabalho
de Curso (TCC). Na pós-graduação, professor do MBA em Comércio Exterior e Negócios
Internacionais/UNESC, Logística Empresarial /UNESC e Gestão da Produção/UNOCHAPECÓ.
Organizador do Ebook Perspectivas Contemporâneas em Administração e Comércio
AUTORES

Exterior/UNESC. Coordenador e Editor da Revista que comporta os Anais do Congresso Sul


Catarinense de Administração e Comércio Exterior/UNESC e do Programa SICAD (Simulado
Integrado de Conhecimentos de Administração) / UNESC. Membro do Núcleo Docente
Estrutura (NDE) do Curso de Administração-Comércio Exterior/UNESC. Líder do Grupo de
Pesquisa Gestão e Estratégia em Negócios Internacionais - GENINT / UNESC e professor
colaborador dos Grupos de Pesquisa Engenharia da Integração e Governança do
Conhecimento (UFSC) e do Grupo de Estudos Propriedade Intelectual em perspectiva
interdisciplinar (UFRGS). Na gestão empresarial de empresas do ramo cerâmico e
agroindustrial, profissional com experiência em todas as áreas relacionadas ao comércio
internacional (comercial, logística, financeiro e documental) com destaque para os mercados
da Europa, Ásia e África. Tem experiência na área de Administração, com ênfase no Comércio
Exterior, atuando principalmente nos seguintes temas: comércio exterior, negócios
internacionais, gestão portuária, estratégia, competitividade, inovação, desenvolvimento,
políticas governamentais e governança.

Lana Karoline Pinheiro do Nascimento


Possui graduação em Engenharia de Produção pela Universidade do Estado do Pará (2017).
Proativa, comunicativa e organizada. Experiência com comunicação com clientes e
fornecedores, em licitações, pregões eletrônicos e como estagiária na área administrativa de
uma distribuidora de alimentos.

Leandro Reis Muniz


Engenheiro de Produção (UFOP), especialista em Gestão de Pessoas e Organizações
(Newton Paiva e CEPEMG) e mestre em Engenharia de Produção (UFMG). Experiência em
empresas do ramo de construção civil, siderurgia, mineração, comércio e importação. Atua
como docente de magistério superior na UFSJ. Experiência na área de Engenharia de
Produção, com ênfase em Pesquisa Operacional, Planejamento da Produção, Suprimentos,
Gestão de contratos, Manutenção e Docência.
Leonir Goulart de Oliveira
Formado em Administração de Empresa pela UNEMAT (Universidade Estadual de Mato
Grosso). Pós-Graduado em Logística e Comercio Exterior pela UNIC - Universidade de Cuiabá
- Sorriso-MT Atuando como Gestor de Logística: Transporte, armazenagens, vendas e
distribuição de Combustíveis.

Luiz Thiago Monteiro de Oliveira


Possui graduação em Engenharia de Produção pela Universidade do Estado do Pará(2017) e
ensino médio-segundo-grau pelo Colégio Ideal(2012). Tem experiência na área de Engenharia
de Produção.

Maiara Prudêncio Costa


Graduanda em Administração de Empresas pela Universidade do Extremo Sul Catarinense -
UNESC, com experiência profissional em logística e transporte de cargas.

Marcelo Ribeiro Rosa


Mestre em Administração Profissional pela FEAD - MG, Especialista em Gestão de Recursos
Humanos, está concluindo a especialização de Pedagogia empresarial e Bacharel em
AUTORES

Administração de Empresas Atualmente é Professor efetivo da UNEMAT - Universidade doo


Estado do Mato Grosso Possui experiência no ensino superior a mais de seis anos em
instituições como FACIMED, SENAI - Departamento Regional de Rondônia, FAROL, FAP e
IFRO (Instituto Federal de Rondônia). Já atuou Como Coordenador de Cursos Superiores
Gestão de Recursos Humanos, Agronegócio, Gestão em Cooperativas. Como docente na
educação superior nos cursos superior Administração Empresas, Ciências Contábeis, Sistema
de Informação, Medicina Veterinária (Gestão em Agronegócio), Odontologia (Gestão em
consultórios odontológicos), Pedagogia (empreendedorismo na educação). Também leciona
em cursos de especialização e MBA disciplinas ligadas as áreas de Gestão de Pessoas,
Logística, Marketing e Gestão da Produção. Além de disciplinas de especialização de
didática do ensino superior com disciplinas como Relação Aluno x Professor,
Interdisciplinaridade, gestão de pessoas na educação. Possui experiência profissional de
mais de 10 anos em empresas de grande porte como JBS, Bertin e Independência além de
atuar como consultor empresarial.

Marcelo Tamaoki Figueiredo


Engenheiro de Produção pela Universidade Estadual de Maringá

Marcos Vinicius Boscariol


Engenheiro de Produção pela Universidade Estadual de Maringá

Mario Fernando Mello


Professor Universitário na Universidade Federal de Santa Maria, na Universidade Luterana do
Brasil e Antonio Meneghetti Faculdade. Professor de Pós-Graduação na Fundação Getúlio
Vargas, na UNIFRA e na URI. Professor nos cursos de Engenharia de Produção, Engenharia
Química, Engenharia Civil, Engenharia Mecânica, Administração e Arquitetura. Graduado em
Engenharia Op. Mecânica e Ciências Contábeis é Especialista em Gestão Financeira, Mestre
em Engenharia de Produção e Doutorando em Engenharia Agrícola. É também consultor
associado da Madre Consultoria.
Mateus de Camargo
Atuou como bolsista de iniciação científica do Centro Universitário de Maringá, participando
também do Grupo de Análises de Função de Transferência em Sistemas Controlados
(GRAFTSC). Tem conhecimento dos fundamentos das áreas de: Controle, Automação,
Eletônica e Elétrica.

Matheus Moreira Marques


Aluno de Graduação em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP).

Michele Domingos Schneider


Possui graduação em Administração de empresas pela Universidade do Extremo Sul
Catarinense (2003) e mestrado em DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO pela
Universidade do Extremo Sul Catarinense (2016). Atualmente é professor titular da
Universidade do Extremo Sul Catarinense. Tem experiência na área de Administração, com
ênfase em Logística empresarial, atuando principalmente nos seguintes temas: educação a
distância, logística, educação, gestão e competitividade.
AUTORES

Michele Mendes da Silva Dias


Cursando o quinto ano de graduação em Engenharia de Produção pela Universidade do
Estado do Pará - UEPA. Membro do Núcleo Integrado de Logística e Operações (NILO) -
UEPA. Membro da Empresa Júnior de Engenharia e Tecnologia (Holística) - UEPA.

Monica Silveira
Bacharel em Engenharia de Produção pela Universidade do Estado do Pará - UEPA. Foi
estagiária de Ensino Superior em 20162017 na Rede de Incubadoras de Tecnologias da
UEPA – RITU. Atualmente, realiza trabalho voluntário no Pré-núcleo do Engenheiros Sem
Fornteiras – ESF, na cidade de Belém-Pa

Nayara Góes Reis


Bacharel em Engenharia de Produção pela Universidade do Estado do Pará - UEPA. Foi
estagiária no Fundo de Saúde da Polícia Militar do Pará - FUNSAU, no setor de auditoria, em
2014. Em 2015, realizou seu projeto de Iniciação Científica com enfoque em critérios para a
caracterização de um Product-Service System (PSS). Foi estagiária do setor de logística na
empresa Eletrobrás Eletronorte, durante os anos de 2016-2017. Realizou intercâmbio social
com um projeto educacional para crianças em Bahía Blanca, Argentina, em 2016. Atualmente,
é Consultora Jr na Valfredo de Farias Consultoria.

Patricia de Sá Freire
Durante mais de 30 anos foi consultora de gestão de mudanças e pessoas para a inovação
para grandes empresas brasileiras. Hoje é professora do Departamento de Engenharia do
Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina. Doutora em Engenharia e Gestão
do Conhecimento pelo Programa de Pós Graduação em Engenharia e Gestão do
Conhecimento/ UFSC (2013). Mestre em EGC/UFSC (2010). Autora de três livros e mais de 80
artigos científicos publicados em congressos nacionais e internacionais, periódicos e
capítulos de livros, destacando a coautoria de capítulos da obra Interdisciplinaridade em
Ciência Tecnologia & Inovação contemplada com 2º lugar no Prêmio Jabuti no ano de 2011.
Por dois anos seguidos 2011 e 2012 foi escolhida como um dos cinco executivos de
excelência em Gestão do Conhecimento no Brasil pelo MAKE Award Brasil. Ganhou o primeiro
lugar geral do Prêmio de Mérito Acadêmico do Programa de Pós Graduação EGC/UFSC em
2009 e o primeiro prêmio para a área de gestão do conhecimento em 2010. Possui graduação
em Pedagogia, com habilitação em Tecnologias da Educação, pela PUC/RJ (1986). É
especialista em Marketing pela ESPM/RJ(1987) e em Psicopedagogia pela UCB/RJ (2006).
Atualmente é líder do Grupo de Pesquisa ENGIN Núcleo de Engenharia da Integração e
Governança do Conhecimento para a Inovação e pertence aos Grupos IGTI (Núcleo de
Inteligência, Gestão e Tecnologia para a Inovação/UFSC) e, do KLOM(Interdisciplinar em
Conhecimento, Aprendizagem e Memória Organizacional/UFSC). É editor do International
Journal of Knowledge and Management (IJKEM). O foco das pesquisas, ensino e extensão
tem sido o Modelo Universidade Corporativa em Rede; Engenharia da Integração de ativos do
conhecimento; Práticas, técnicas e ferramentas de Gestão Colaborativa; Governança do
Conhecimento e da Aprendizagem Organizacional; Governança Multinível; Centro de Memória
e Comunicação Organizacional; Gestão de Mudanças Estratégicas e Pessoas para a
Inovação. Estes estudos envolvem constructos como a cultura, liderança e tecnologias
interativas; aprendizagem e memória organizacional; planejamento e gestão estratégica;
ativos intangíveis/capital intelectual, capacidade absortiva, entre outros. Para as
Universidades, especificamente, percebendo-a como importantes parceiras da tríplice hélice
da inovação, o foco tem sido a inter e transdisciplinaridade; a otimização do processo de
produções científicas de qualidade e os programas de extensão para a cocriação e
coprodução entre universidade-empresa.

Patrício Moreira de Araújo Filho


AUTORES

Físico, Mestre e Doutor em Engenharia Mecânica. Docente da Universidade Ceuma


(UNICEUMA) em São Luís - Ma, onde desenvolve atividades de iniciação científica e leciona
para os Cursos de Engenharia: Mecânica, Produção, Ambiental, Elétrica, Civil e Computação.
Foi pesquisador e membro do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e Bacias
Hidrográficas do Estado do Maranhão (CONERH-Ma). É membro da Associação Brasileira de
Editores Científicos (ABEC) e editor chefe da revista eletrônica Acta Brazilian Science.

Rafaella Loschi Grant Pavan


Graduada na Florida Internacional University (FIU) em comércio internacional 2001,
especializou-se MBA em comércio exterior e relações internacionais pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV) 2003, mestre em logística, com ênfase na área de logística internacional,
comércio exterior e distribuição pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) 2013. É
coordenadora e professora do curso de tecnologia em logística pela Faculdade de Tecnologia
de Piracicaba – FATEP e professora convidada da Universidade Metodista de Piracicaba -
Unimep da disciplina de logística internacional. Atua na área profissional, especificamente em
logística internacional, relações internacionais, sistemática de comércio exterior e gestão de
pessoas. Atua nas áreas de sistemas de transporte, multimodalidade, armazenamento,
compras de suprimentos, distribuição, sistemática de comércio exterior.

Tamires Soares Ferreira


Possui graduação em Engenharia de Produção pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras
de Campo Mourão (2010). Mestre em Engenharia Urbana pelo Programa de Pós-graduação
em Engenharia Urbana da Universidade Estadual de Maringá. Atualmente é docente da
Universidade Estadual de Maringá.

Társila Micaela Oliveira de Moura


Engenheira de Produção (UFSJ). Participação no Movimento Empresa Júnior e experiência em
empresas do ramo de construção civil e calçados.
Thairone Ezequiel de Almeida
Aluno de Especialização em Logística Empresarial e especialista em Docência no Ensino
Superior pelo Centro Universitário Senac (SENAC/SP). Graduado em Engenharia de Produção
pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Thais Martins Souza


Engenheira de Produção graduada pela Universidade do Estado do Pará (2017), publicou
artigos em principais congressos nacionais voltados à Engenharia de Produção nas áreas de
Gestão da Qualidade, com foco em Qualidade em serviços; Logística; Gestão da Produção; e
Gestão de custos. Também possui experiência profissional em Gestão de Processos, e
atualmente atua como Analista de Inteligência de Vendas em uma grande empresa
distribuidora de produtos no Estado do Pará.

Vinicius Oliva
Graduação em Economia pelas Faculdades Metropolitanas Unidas

Vitor William Batista Martins


Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade da Amazônia - UNAMA (2010),
AUTORES

Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Pará - UFPA (2013) e Doutorando
em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, na área de
Materiais e Processos de Fabricação e na linha de pesquisa Sistemas de Engenharia de
Produção, atuando no Laboratório de Pesquisa em Ensino de Engenharia e Gestão - LaPE²G.
Campos de estudo e pesquisa: Logística e Green Supply Chain Management, Lean
Production e Gestão de Projetos. É Professor Assistente III da Universidade do Estado do
Pará, lotado no Departamento de Engenharia de Produção. Nesta mesma instituição,
coordenou o Curso de Graduação em Engenharia de Produção no período de 23/03/2015 à
25/02/2018. Participa como pesquisador do grupo de Gestão de Sistemas Logísticos e de
Sistemas Produtivos para o Desenvolvimento Regional do Centro de Ciências Naturais e
Tecnologia - CCNT / UEPA. É membro colaborador do corpo docente do Mestrado Profissional
em Processos Construtivos e Saneamento Urbano do Instituto de Tecnologia da Universidade
Federal do Pará - UFPA. Foi Conselheiro Titular do CREA-Pa (2015-2017) aonde coordenou a
Câmara Especializada de Engenharia Industrial, Comissão de Educação e Atribuição
Profissional e a Comissão de Estudos e Normas.

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