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NOTÍCIAS DA PGE/SP

1. SUPREMO REAFIRMA JURISPRUDÊNCIA PLEITEADA EM RE APRESENTADO PELA PGE


(28.05.2018). O STF, no julgamento do Recurso Especial 594.435 (afetado no Tema 149 de
repercussão geral) para fixar a tese de que "[c]ompete à Justiça Comum o julgamento do conflito a
envolver a incidência de contribuição previdenciária sobre complementação de proventos", consignando-
se a natureza tributária dessa contribuição. Na origem, mais de dois mil recursos aguardavam
a definição desse tema.

2. PGE OBTÉM VITÓRIA EM DEMANDA SOBRE POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE DO ESTADO SP


(28.05.2018). A Procuradoria Geral do Estado (PGE) obteve êxito em Ação Civil Pública
(ACP) ajuizada pela Defensoria Pública do Estado (DPE) contra o Estado de São Paulo e o
Município de Barretos, objetivando a condenação ao pagamento de indenização por danos
morais, em favor de 42 autores, ante o descumprimento de ordem judicial para o fornecimento
de medicamentos. A DPE requereu também o pagamento de indenização por dano moral
difuso (população de Barretos) a ser destinada à Santa Casa daquele município.

Em primeiro grau, foi proferida sentença que julgou improcedentes os pedidos, por
entender que a indenização pleiteada somente serviria para desfalcar o já combalido patrimônio público,
em total consonância com a defesa fazendária apresentada em juízo pelo procurador do
Estado Thiago Pucci Bego, da Procuradoria Regional de Ribeirão Preto (PR-6).

A decisão levou em conta que, diante da grave crise econômica pela qual passa o país,
de fato, é admissível que os entes públicos envolvidos passam por dificuldades no atendimento de
demandas da área da saúde, que afastam qualquer dolo em sua atuação, menos ainda para retardar o
cumprimento das decisões judiciais, nos prazos assinalados.

E finaliza: “... não se pode acreditar que o Estado, que tem por finalidade o bem comum, tenha
atuado ao arrepio do ordenamento jurídico, de valores e direitos fundamentais, com espírito meramente
emulativo ou com intuito de lucro predatório, em detrimento de seus cidadãos que necessitavam de serviços
de saúde”.

Inconformada, a DPE interpôs recurso de apelação contra a sentença, o qual não foi
provido por acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (6ª Câmara de Direito
Público), que, ao manter a sentença proferida em primeiro grau, confirmou a tese fazendária,
quanto à inexistência de nexo causal a fundamentar a responsabilidade civil do Estado de São Paulo.
3. PGE OBTÉM VITÓRIA EM AÇÃO QUE QUESTIONAVA A ANULAÇÃO DE TAM (23.05.2018).
A Procuradoria Geral do Estado (PGE) obteve mais uma vitória na ação promovida pela
CONCESSIONÁRIA VIANORTE S/A em face da AGÊNCIA DE TRANSPORTE DO ESTADO DE SÃO
PAULO (ARTESP) e do próprio Estado, com a finalidade de questionar a anulação de Termo
Aditivo Modificativo (TAM) que havia celebrado e que implicava uma indevida majoração do
seu faturamento.

O TAM em questão havia sido celebrado em dezembro de 2006 e foi anulado porque se
constatou que a metodologia adotada para apurar o desequilíbrio econômico-financeiro
ocorrido à época se mostrava equivocada, na medida em que levou em consideração as
projeções de tráfego, em vez de analisar o fluxo real de veículos, causando graves prejuízos ao
Estado.

Na ação proposta (processo nº 1014891-25.2015.8.26.0053), a Vianorte S/A sustenta a


legalidade do TAM e defende a impossibilidade de sua anulação unilateral pela via
administrativa, alegando, entre outras coisas, a ocorrência de decadência do direito da
Administração de questionar a legalidade do termo celebrado.

Após o Juízo da 3ª Vara de Fazenda Pública da Comarca de São Paulo julgar


improcedente o pedido formulado pela concessionária, esta apresentou recurso de apelação.
Contudo, em razão de profícua atuação dos procuradores do Estado Geraldo Horikawa, que
despachou pessoalmente com os desembargadores integrantes da 10ª Câmara de Direito
Público, e Romualdo Baptista dos Santos, que realizou sustentação oral na sessão de
julgamento, foi negado provimento ao recurso da concessionária.

4. PGE OBTÉM INDISPONIBILIDADE DE BENS DO GRUPO DOLLY (11.05.2018). A


Procuradoria Geral do Estado (PGE) obteve ordem judicial de indisponibilidade de todo
patrimônio pertencente às pessoas físicas e jurídicas que integram o Grupo Dolly. A decisão
foi proferida em ação cautelar fiscal ajuizada pelo Estado de São Paulo, por intermédio do
Grupo de Atuação Especial para Recuperação Fiscal (Gaerfis), da PGE, e inclui, entre outros
bens, a casa onde reside Laerte Codonho, presidente da empresa, diversos outros imóveis do
grupo, helicópteros, embarcações, dinheiro em espécie, além da própria marca “Dolly”.

A ação ajuizada pelo Estado ocorre paralelamente às medidas de natureza criminal


adotadas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), que culminaram com o
sequestro de bens e a prisão de Codonho, operação deflagrada na data da última quinta-feira
(10.05), amplamente divulgada pela imprensa.

Essa atuação interinstitucional entre a PGE e o MPSP advém do Termo de Cooperação


Técnica nº 52/17, o qual prevê, inclusive, a formação de “forças tarefas” para combate a
fraudes fiscais. A ação contou com o apoio da ROTA – Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar,
que é uma tropa do Comando de Policiamento de Choque da Polícia Militar do Estado de São
Paulo (PMSP).
5. STF SUSPENDE DECISÃO QUE IMPACTARIA MAIS DE R$ 1,6 BI AOS COFRES PÚBLICOS
(04.05.2018). Por meio de Pedido de Suspensão apresentado perante o Supremo Tribunal
Federal (STF), a Procuradoria Geral do Estado (PGE) obteve a suspensão dos efeitos de
decisão proferida pela 7ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo (FPSP) nos autos da Ação
Civil Pública nº 1012025-73.2017.8.26.00053, confirmada pela 2ª Câmara de Direito Público
do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), que implicaria aumento superior a R$
1,6 bilhão nos gastos de pessoal do Estado de São Paulo.

A ação civil pública proposta, ajuizada pela Apeoesp – Sindicato dos Professores do
Ensino Oficial do Estado de São Paulo, tinha por finalidade estender a todos os professores da
rede estadual de ensino o percentual de reajuste fixado por Portaria do Ministério da Educação
para o Piso Nacional do Magistério, estabelecido pela Lei Federal nº 11.738/08.

A pretensão da Apeoesp foi julgada procedente pelo Juízo da 7ª Vara da FPSP,


mediante decisão posteriormente confirmada pelo TJSP. Em face desse acórdão restaram
interpostos recursos, especial e extraordinário.

Tais recursos, no entanto, por não serem dotados de efeito suspensivo, não impediam a
execução da decisão proferida, que traria prejuízos significativos ao erário, uma vez que
resultaria em um acréscimo de R$ 1,6 bilhão nos gastos de pessoal do Estado, elevando o valor
total da despesa com pessoal para aproximadamente R$ 72 bilhões, o equivalente a 46,73% da
receita corrente líquida, percentual superior ao limite imposto pela Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF).

Ante a gravidade da situação, objetivando evitar lesão à ordem e economia públicas, a


PGE apresentou Pedido de Suspensão perante o STF, que restou acolhido pela ministra
Carmén Lúcia, presidente daquela Corte, que determinou a suspensão dos efeitos da decisão
em questão até o exame do recurso extraordinário.

O Pedido de Suspensão apresentado recebeu o código SL 1149, bem como o número


único 0066918-67.2018.1.00.0000, tendo sido elaborado pelos procuradores do Estado Carlos
José Teixeira de Toledo e Rosana Martins Kirschke, com acompanhamento da procuradora
do Estado chefe da Procuradoria do Estado de São Paulo em Brasília (PESPB), Camila
Pintarelli.

7. PGE OBTÉM LIMINAR EM AÇÃO RESCISÓRIA SOBRE CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. Em


decisão proferida na terça-feira (24.04), o desembargador Paulo Dimas Mascaretti concedeu
tutela de urgência em Ação Rescisória para suspender o cumprimento de acórdão da 9.ª
Câmara de Direito Público do TJSP transitado em julgado no início de abril deste ano.

Além da incompetência da justiça comum (a competência para julgamento de ações


relativas às contribuições especiais pertence à Justiça do Trabalho), as questões relativas à
comprovação de legitimidade dos sindicatos que reclamam a retenção da contribuição anual
foram os temas agitados na decisão, e que foram objeto de intensas discussões envolvendo as
áreas da Consultoria, Contencioso Geral e Contencioso Tributário-Fiscal.

Transitada em julgado a ação em desfavor dos servidores do Tribunal de Contas do


Estado (TCE), a Procuradoria Fiscal teve sucesso em impedir o desconto imediato dos valores
relativos aos anos de 2009 em diante e também conseguiu sustar o pedido de prisão de diretor
daquela casa, por descumprimento da decisão rescindenda.

Os procuradores do Estado Frederico Bendzius e Rafael de Oliveira Rodrigues


elaboraram a peça e despacharam pessoalmente o pedido. Eles acompanharam o caso desde o
início e participaram de todas as reuniões no TCE sobre o assunto, o que foi destacado pelo
presidente daquela instituição na abertura de sessão de da última quinta-feira (26.04).

8. PGE OBTÉM VITÓRIA NO TJSP E MANTÉM REGIME ESPECIAL DE FISCALIZAÇÃO. Em


julgamento realizado no último dia 21.03.2018, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
(TJSP) manteve o regime especial de apuração e recolhimento de ICMS – Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços – imposto pela Delegacia Regional Tributária de Osasco
(DRT-14) à empresa Argon Chemical Comércio e Distribuição de Produtos Químicos LTDA.,
que possui débito inscrito em dívida ativa superior R$ 11 milhões.

A empresa impetrou mandado de segurança alegando, dentre outros argumentos, que


tal regime especial é um impedimento à livre iniciativa, garantida constitucionalmente.

O feito foi julgado improcedente tendo sido denegada a ordem, mas a devedora interpôs
apelação.

O caso está sob acompanhamento do Grupo de Atuação para Recuperação Fiscal


(Gaerfis) da Procuradoria Geral do Estado (PGE), que apresentou memoriais a todos os
desembargadores da 9ª Câmara de Direito Público do TJSP e realizou sustentação oral
durante o julgamento.

O relator do recurso, desembargador Moreira de Carvalho, afirmou em seu voto que “a


iniciativa empresarial assegurada pela Constituição é aquela que se processa nos quadros da ordem
econômica, desenhada pelas regras do Direito e nesse plano não há espaço para que se reivindique margem
para seguidas infrações à legislação fiscal cuja observância há de ser obrigatória e universal. Assim, ao
assinalar para infrator contumaz o regime especial, a Fazenda não coíbe o direito à livre iniciativa, mas o
reiterado abuso desse direito e não age apenas em defesa de suas prerrogativas fiscais, mas também de
forma a assegurar que a competição econômica se mantenha adstrita ao campo das boas práticas
comerciais, sem margem para que a sonegação se torne meio de conquista predatória de mercado”.
Moreira de Carvalho foi seguido pelos demais componentes da turma julgadora, que,
por unanimidade de votos, negaram provimento ao recurso da empresa devedora.

Trata-se de mais um importante precedente favorável ao Estado de São Paulo no


combate aos devedores contumazes de tributos.

9. NA ALESP, PROCURADOR GERAL DEFENDE AUTOTUTELA ADMINISTRATIVA. O


procurador geral do Estado, Elival da Silva Ramos, participou na tarde da última terça-feira
(19.09.2017), de reunião da Comissão de Educação e Cultura (CEC) da Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) onde defendeu o Parecer AJG 193/2016, de 10 de
maio de 2016, que trata da utilização da autotutela administrativa para retomada da posse de
bens públicos.

Em resumo, o parecer afirma que “à Administração Pública é facultado manter ou


retomar a posse de seus bens em caso, respectivamente, de turbação ou esbulho,
independentemente de ordem judicial”.

A presença de Ramos naquela Comissão foi solicitada em face das retomadas


administrativas (sem que houvesse a necessidade de pedidos judiciais de reintegrações de
posse, conforme orienta o parecer 193/2016) de escolas públicas estaduais que vinham sendo
invadidas desde o final do ano de 2015 (após o anúncio, por parte do Governo do Estado, da
então reestruturação escolar que iria acontecer em 2016), até, posteriormente, já no início de
2016, também com as ocupações de escolas técnicas estaduais, por reivindicações diversas.

Já em sua fala inicial, o procurador geral explicou que “pareceres não criam direito,
quem cria direito é a legislação”. Ele alertou que não agir dessa forma em situações
semelhantes seria prevaricar. E que tal ação não está isenta de, uma vez que alguém entenda a
legislação de forma diferente, ser questionada judicialmente.

Ramos lembrou que não se poderia deixar de levar em conta o sucesso da chamada
“autotutela”, uma vez que, com ela, foram suprimidos os confrontos típicos das reintegrações
de posse, que acontecem sempre com dia e hora marcados, inclusive tornando-se eventos
midiáticos. Isso sem contar o benefício de evitar o enfrentamento entre privados, ocupantes e
demais membros da própria comunidade que gostariam de ver respeitados seus direitos de
frequentarem regularmente os estabelecimentos de ensino.

Como exemplo final, o procurador geral lembrou que durante a aplicação do ENEM
(Exame Nacional do Ensino Médio) no ano passado, o Estado de São Paulo foi o único
membro da Federação a participar com todas as unidades escolares solicitadas, uma vez que
não havia mais uma única escola ocupada na oportunidade.
Presidida pela deputada Beth Sahão (PT), a reunião da CEC contou ainda com as
presenças dos deputados Adilson Rossi (PSB), Carlos Giannazi (PSOL), Davi Zaia (PPS), Leci
Brandão (PC do B), Luiz Turco (PT), Marcos Vinholi (PSDB), Pedro Tobias (PSDB) e Rita
Passos (PSD).

10. PGE OBTÉM REVOGAÇÃO DAS TABELAS DE HONORÁRIOS PERICIAIS DO CAJUFA. Desde
2012, os procuradores do Estado da Procuradoria do Contencioso Ambiental e Imobiliário
(PCAI) realizam trabalho de extrema relevância para a liberação das áreas necessárias às obras
de construção do Rodoanel – Trecho Norte.

Na medida em que os processos avançavam, entretanto, os procuradores depararam-se,


em diversos casos, com superavaliações em perícias judiciais, fazendo com que o valor
apurado a título de indenização superasse, em muito, as avaliações administrativas que foram
utilizadas para oferta inicial nos autos das ações expropriatórias.

Paralelamente à ofensiva judicial travada pelos procuradores do Estado da PCAI e de


irregularidades constatadas em casos que tramitam perante a 1ª Vara da Fazenda Pública de
Guarulhos e que foram levadas pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) ao conhecimento do
Ministério Público Estadual (MPE) e da Corregedoria Geral da Justiça (CGJ), e que levaram,
inclusive, ao afastamento de seu juiz titular pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça,
constatou-se que a origem do problema dizia respeito à forma de cálculo dos honorários
periciais.

Nos termos do então vigente Regulamento do Centro de Apoio aos Juízes das Varas da
Fazenda Pública de São Paulo (Cajufa) – publicado no Diário Oficial de 4 de novembro de
2004, que disciplinava a forma de cálculo dos honorários dos peritos nas avaliações de imóveis
em ações judiciais, a base de cálculo dos honorários levava em consideração, em regra, o
valor do próprio imóvel avaliado, nos termos do respectivo item 2º: “2º) Nas perícias que têm
por objetivo a apuração do valor de mercado de um imóvel, parcial ou total, os honorários serão estimados
em função do valor desse bem, segundo a tabela que este acompanha”.

Tendo em vista que tal vinculação entre a avaliação dos imóveis e a remuneração de
peritos judiciais vislumbrava-se, em tese, colidente com o interesse público, já que atribuía um
total arbítrio nas mãos do beneficiário da norma, colocando em cheque o nível de
impessoalidade indispensável ao desempenho desta relevantíssima função, pois o cálculo com
base no valor do imóvel representava incentivo a que o imóvel fosse sempre superavaliado, já
que, quanto maior o valor avaliado, maior seria a remuneração do perito responsável pela
avaliação, o procurador geral do Estado, Elival da Silva Ramos, em junho/2014, oficiou ao
então presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), José Renato Nalini,
expondo o problema e solicitando providências no sentido de se rever a forma de cálculo dos
honorários periciais.
Por determinação de Nalini, foi formada comissão pela Portaria nº 9.044/2014, voltada
à formalização de proposta de regulamentação de parâmetros a orientar o arbitramento de
honorários periciais nos processos de desapropriação no âmbito desse Egrégio Tribunal. A
PGE foi representada no referido colegiado pelo procurador do Estado assessor da
Subprocuradoria Geral do Contencioso Geral, Fábio Trabold Gastaldo.

No relatório final dos trabalhos encaminhado ao então presidente do TJSP constou a


necessidade de não se vincular o valor dos honorários periciais ao valor do imóvel avaliando, como
previstos nas tabelas elaboradas pelos próprios Cajufa e Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias
de Engenharia de São Paulo (Ibape-SP).

Nas discussões, houve, ainda, sinalização clara no sentido da revogação da norma


vigente do CAJUFA, a qual vinculava o valor dos honorários periciais ao valor do imóvel
avaliando.

Tendo em conta as conclusões de grupo de trabalho, em abril/2016, o IBAPE-SP


alterou sua Tabela de Honorários para excluir o valor do imóvel da base de cálculo dos
honorários periciais. Essa vinculação, como dito, gerava as superavaliações nas
desapropriações o que elevou significativamente o custo com as indenizações no trecho Norte
do Rodoanel, por exemplo.

Mais recentemente, após nova provocação da PGE, o Cajufa revogou expressamente


suas tabelas de peritos, conforme informação transmitida por seu juiz de Direito coordenador,
Marcelo Sérgio, ao subprocurador geral do Contencioso Geral, Fernando Franco (ofício
anexo).

Trata-se da consolidação da atuação corajosa e propositiva da PGE para desfazer base


normativa que dava ensejo às desproporcionais avaliações judiciais em desapropriações em
nosso Estado, através de trabalho conjunto com envolvimento de procuradores do Estado da
PCAI, da Assistência de Gestão de Imóveis (AGI), da Subprocuradoria Geral do Contencioso
Geral e do procurador geral do Estado.

11. DUAS IMPORTANTES VITÓRIAS CONTRA O USO INDEVIDO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. O


primeiro caso refere-se a um litígio envolvendo a devedora Refinaria de Petróleo de
Manguinhos S/A, situada no Rio de Janeiro. Com dívida acumulada de quase dois bilhões de
reais, a refinaria estabeleceu para si uma situação de vantagem indevida em relação a seus
concorrentes, em decorrência direta da ausência deliberada de pagamento de ICMS. Em razão
disso, e da inadimplência contumaz da refinaria, a administração tributária paulista cassou a
sua Inscrição Estadual de Substituta Tributária (IE-ST) no Estado de São Paulo, de modo que
a empresa passaria a operar não mais em regime de apuração mensal, mas mediante o
recolhimento do tributo a cada operação realizada.
A fim de se desvencilhar do procedimento fiscal conduzido pelo fisco paulista, a
Manguinhos postulou, nos autos de seu processo de recuperação judicial, fosse mantida a IE-
ST, alegando que a medida traria sérios problemas de fluxo de caixa e a impediria de fornecer
combustíveis no Estado de São Paulo, pleito acolhido em primeiro grau.

Em histórica decisão, proferida no último dia 07 de junho, o Tribunal de Justiça do


Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), ao julgar o recurso interposto pelo Estado de São Paulo,
sustentado oralmente pelo procurador do Estado Alexandre Aboud, integrante do Grupo de
Atuação Especial para Recuperação Fiscal (Gaerfis), manteve o direito de São Paulo promover
a cassação da inscrição estadual da refinaria, reconhecendo que o princípio da preservação da
empresa não pode ser utilizado sob qualquer pretexto, nem invocado a qualquer custo.

O segundo caso, julgado no dia 12 de junho pelo Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo (TJSP), também envolveu empresa que se vale do instituto da recuperação judicial para,
à margem do cumprimento de suas obrigações tributárias, manter-se no mercado. Nesse caso,
a devedora Smar Equipamentos Industriais Ltda., cujo débito com o Estado de São Paulo
supera 250 milhões de reais, questionou judicialmente o regime especial de tributação imposto
pelo fisco paulista. Dias após o TJSP negar-lhe razão, a empresa novamente acionou a Poder
Judiciário, desta vez por meio de um pedido de recuperação judicial, através do qual postulou
exatamente suspender a atuação fiscal outrora confirmada pelo Poder Judiciário. O
deferimento desse pedido, em sede de recuperação judicial, fez com que a empresa, mais uma
vez, deixasse de recolher os tributos devidos, chegando sua inadimplência a quase 100%.

Em sede de agravo de instrumento, minutado pelo procurador do Estado Luciano Alves


Rossato, da Procuradoria Regional de Ribeirão Preto (PR-6) e sustentado oralmente pelo
procurador do Estado Thiago Oliveira de Matos, o TJSP, através de sua 2ª Câmara Reservada
de Direito Empresarial, restaurou e convalidou em sua integralidade o regime especial de
tributação atribuído pelo fisco estadual.

Em ambos os casos, o trabalho realizado pela PGE, por meio do Gaerfis, com a
apresentação de memoriais aos desembargadores que julgaram as causas, foi determinante
para as vitórias do Estado de São Paulo.

Essas decisões têm o potencial de estancar um inadimplemento estimado em mais de 40


milhões de reais por mês.

12. VITÓRIA EM AÇÃO RESCISÓRIA FAZ ESTADO ECONOMIZAR MAIS DE R$ 44 MILHÕES. Em


mais uma bem sucedida atuação da Procuradoria Geral do Estado (PGE), o Estado de São
Paulo obteve importante vitória junto ao 2º Grupo de Câmaras de Direito Público do Tribunal
de Justiça de São Paulo (TJSP), que julgou procedente a ação rescisória nº 9051872-
23.2008.8.26.0000 e, por conseguinte, reduziu substancialmente a indenização fixada em
desapropriação direta de imóvel para a criação da Estação Ecológica Jureia-Itatins.
No caso em questão, a Fazenda Pública Estadual ingressou com a ação rescisória
questionando o valor da indenização arbitrada na desapropriação direta, fixada em torno de
R$ 45 milhões reais, sendo que 98,78% desse montante equivaliam ao valor pago à cobertura
vegetal.

Alegou que a prova pericial produzida na ação de desapropriação não condizia com a
realidade do imóvel, diante das inconsistências dos métodos e parâmetros utilizados, que não
observaram as características de inacessibilidade do local, inviabilidade da exploração
econômica, da duplicidade na valoração da cobertura vegetal e sua hipervalorização, o que
redundava em nítida violação aos dispositivos legais e constitucionais da justa e prévia
indenização e defesa ao meio ambiente.

A ação foi então julgada procedente reconhecendo a impropriedade do método


involuntivo de avaliação, e reconheceu a duplicidade da valoração da cobertura vegetal (já que
o valor da cobertura já estava incluída no valor da terra nua) e a hipervalorização da
propriedade, uma vez que, pelas condições físicas do imóvel, seria impossível a exploração da
madeira ali existente.

Constou do acórdão proferido que "o valor da mata atribuído ao imóvel corresponde a nada
menos do que 98,78% do valor total do imóvel compreendidos o valor das construções e benfeitorias,
conforme se depreende da tabela apresentada (fl. 2017). Em que pese a extensa discussão travada nos autos
quanto à determinação do valor da cobertura florestal, com base nas espécies encontradas no local e no
diâmetro considerado hábil para a extração, forçoso reconhecer não ser este elemento da propriedade
passível de indenização. E isso justamente porque a própria condição do terreno constituído de 59% de
terreno montanhoso e 41% de área plana somente acessível por barco inviabiliza a atividade
econômica de extração de madeira. A propósito, é exatamente esta realidade do imóvel que impede a
exploração do local, tanto assim, que todas as perícias realizadas no imóvel não verificaram nenhuma
atividade econômica voltada ao extrativismo florestal. Inserida a propriedade em área montanhosa,
compreendida na região da Serra de Itatins e com área de planície somente acessível por barco, o alto
custo empregado no corte, retirada e transporte até a região consumidora mais próxima, distante a
140 km do local tornam absolutamente inviável a extração como atividade econômica. Deste modo, a
atribuição do valor do imóvel, preponderantemente, com base no valor atribuído a cobertura vegetal,
apenas e tão somente, com base no método de aplicação do volume médio da floresta, incluindo-se os
valores médios de tora, lenha e palmito, entretanto, sem considerar a viabilidade econômica do imóvel,
acabaram por tornar os laudos periciais produzidos incorretos (...) Desta forma, escorreito o valor do
imóvel inicialmente atribuído pela Fazenda Pública em janeiro de 1992, nos autos da desapropriação,
porquanto o valor de Cr$ 128.857.135,96 (cento e vinte e oito milhões, oitocentos e cinquenta e sete mil,
cento e trinta e cinco Cruzeiros Reais e noventa e seis centavos), o que equivale ao montante devidamente
atualizado pela tabela prática para cálculo de atualização monetária IPCA-E deste E. Tribunal de
Justiça corresponde a R$ 686.333,21 (seiscentos e oitenta e seis mil, trezentos e trinta e três Reais e
vinte e um centavos), atualizado até outubro de 2016, data da entrega do laudo."
Assim, a indenização que girava em torno de R$ 45 milhões foi reduzida para pouco
mais de R$ 686 mil.

13. ATUAÇÃO CONJUNTA DA PGE E DA CESP IMPEDE CONDENAÇÃO DE QUASE R$ 1


BILHÃO. Em atuação conjunta, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) e a Companhia
Energética de São Paulo (CESP) obtiveram importante vitória no Superior Tribunal de Justiça
(STJ), que evitou condenação de cerca de R$ 970 milhões.

No ano de 1999, a CESP iniciou procedimento para desapropriar imóveis com o


objetivo de alagar uma região onde seria construído o lago da Usina Hidrelétrica Engenheiro
Sérgio Motta, entre os municípios de Rosana (SP) e Batayporã (MS).

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)


alterou, posteriormente, o limite de alagamento do local, de 259 para 257 metros. Com a
decisão, a CESP constatou que não precisava mais desapropriar alguns dos imóveis, como o
questionado no recurso, e pleiteou a desistência das desapropriações.

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), porém, entendeu não haver
provas de que o imóvel não foi afetado, já que era uma área destinada à mineração. Sob esse
argumento, indeferiu o pedido de desistência, mantendo o dever de indenizar os proprietários.

Contra referido acórdão foi interposto recurso especial. Iniciado o julgamento, em


21.09.15, o relator, ministro Og Fernandes, votou pelo não conhecimento do recurso, tendo o
ministro Herman Benjamin pedido vista dos autos.

Antevendo uma possível derrota bilionária, a CESP solicitou o auxílio da PGE, que
interveio nos autos, o que veio a ser admitido em 17.11.2016.

Na sequência do julgamento, após o voto-vista do ministro Herman Benjamin


conhecendo em parte do recurso e, nessa parte, dando-lhe provimento, acompanhado pelo
ministro Mauro Campbell Marques, tendo a ministra Assusete Magalhães acompanhado o
voto do relator pelo não conhecimento do recurso, verificou-se empate.

Assim, decidiu-se renovar o julgamento para permitir a participação do ministro


Francisco Falcão, nos termos do artigo 162, § 5º, do Regimento Interno do Superior Tribunal
de Justiça (RISTJ).

Finalmente, em julgamento ocorrido em 06.12.2016, após voto do ministro Francisco


Falcão acompanhando a divergência inaugurada pelo ministro Herman Benjamin, a Segunda
Turma, por maioria de votos, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, deu-lhe provimento
para homologar o pedido de desistência de desapropriação e definir que cabe ao expropriado o
ônus da prova quanto à impossibilidade da desistência, facultada a possibilidade da proposição
de ação de perdas e danos no caso de prejuízo sofrido durante o processo de desapropriação.

O acórdão atesta que a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de permitir a


desistência da desapropriação por parte do poder público, desde que ainda não tenha havido o
pagamento integral do preço e o imóvel possa ser devolvido sem alteração substancial que o
impeça de ser utilizado como antes.

No caso analisado, o acórdão recorrido havia imputado indevidamente à CESP o ônus


de comprovar que o imóvel não sofreu danos que impedissem sua utilização: “Como a regra é a
possibilidade de desistência da desapropriação, o desistente não tem de provar nada para desistir, cabendo
ao expropriado requerer as perdas e danos a que tiver direito por ação própria”, concluiu o relator do
voto vencedor.

Benjamin acrescentou que obrigar o poder público a ficar com o imóvel é uma decisão
que não atende à supremacia do interesse público e beneficia apenas o interesse do particular
expropriado. O acolhimento do pedido de desistência impede “prosseguir com a expropriação de
uma área de que o poder público não precisará, evitando o indevido gasto de dinheiro público”.

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