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Artigo Estudo de Aplicação Da Técnica Pianística de Richerme (1996) Ao Mikrokosmos de Bartok - Sabrina Laurelee Schulz e André de Oliveira PDF
Artigo Estudo de Aplicação Da Técnica Pianística de Richerme (1996) Ao Mikrokosmos de Bartok - Sabrina Laurelee Schulz e André de Oliveira PDF
Resumo. Atualmente conhecemos inúmeros livros com exercícios progressivos para o aperfeiçoamento da
ação motora ao piano, no entanto tais obras não indicam uma metodologia para a aplicação de uma técnica
precisa e consistente nessas atividades. Para tanto utilizaremos a técnica pianística descrita por Cláudio
Richerme em seu livro A técnica pianística – uma abordagem científica (1996), aplicando-a ao exercício 133
do quinto volume do livro de peças progressivas para piano intitulado Mikrokosmos de Béla Bartók. O
presente estudo tem por objetivo propor uma mostra de como a técnica de Richerme pode ser usada no ensino
do piano para desenvolvimento de uma técnica pianística eficiente. Portanto apresentaremos algumas soluções
técnicas para a execução clara e precisa de tal peça de Bartók.
Introdução
Podemos dizer que, quando o aluno toca em grupo, suas habilidades de execução e
de percepção têm espaço propício para se desenvolver. Tal fato pode ser facilmente
observado ao submetermos um aluno, que somente toca peças solo, à prática em conjunto,
seja em uma peça a dois pianos ou mesmo acompanhando um cantor. Geralmente tais
alunos mostram consideráveis dificuldades de sincronia métrica-temporal.
Ao começar o quarto livro, podemos dizer que o aluno está apto para iniciar o
Pequeno livro de Anna Magdalena Bach, de J. S. Bach, e até mesmo algumas sonatinas
clássicas. Tal volume introduz estudos com passagem de polegar, sons harmônicos1,
politonalidades, mudanças na fórmula de compasso e toque staccato. Os dois últimos livros
apresentam lições com as dificuldades técnicas anteriormente apresentadas, mescladas em
um mesmo exercício.
1
Entendemos por sons harmônicos o ato do pianista abaixar uma ou mais teclas do piano sem que produzam
sons e, ao tocar outras teclas, as cordas percutidas fazem com que as cordas que estão com os abafadores
liberados vibrem por simpatia.
qualidade tímbrica com o menor gasto de energia possível em menor tempo de estudo,
como podemos ver na citação abaixo:
Richerme propõe que o aluno com a ajuda de seu professor, ou mesmo um pianista
que já tenha alguma experiência, o qual esteja insatisfeito com sua técnica, faça uma análise
detalhada de seus próprios movimentos e coordenações musculares usada enquanto toca
uma peça musical; pois, em um trecho de determinada peça musical executada com um
mesmo movimento e velocidade. podem ser utilizadas coordenações musculares diferentes.
Esse estudo de coordenações musculares e movimentos, bem como o relaxamento,
mostra-nos pistas de como utilizar a força dos braços e das mãos ao abaixar as teclas do
piano. A escolha dessa força deve levar em conta também a variação de som da nota, ou
seja, a qualidade tímbrica, a intensidade e a duração de cada nota a ser tocada no instante
preciso da execução. Depois de decidir quais movimentos e coordenações serão usados é
preciso adquiri-las, dominá-las e automatizá-las (Richerme, 1996 p. 95). Assim podemos
investigar possibilidades de expressão individual por meio da interpretação musical.
2
O toque percussivo ocorre quando levantamos o dedo afastando-o da tecla antes de abaixá-la. Tal toque
acrescenta ao som da nota o ruídos das peças que constituem o mecanismo do piano, causando uma certa
sujeira no timbre do piano. Para maiores esclarecimentos ver o experimento de Inouye no capítulo 2 de
Richerme, 1996.
energia excessivo e desnecessário, é melhor que a posição da mão fique um pouco esticada
do que se faça o movimento do pulso rapidamente.
Há um salto na mão esquerda de décima melódica descendente (compasso 28 para
29), que deve ser tocado aproveitando o movimento do pulso para cima enquanto leva a
mão até o mi, sem que os dedos desencostem das teclas do piano.
Toda indicação de dinâmica que vai do mf ao sff (no início da peça), e depois do mf
ao pp, deve ser tocada sem que os dedos desencostem das teclas, usando o toque
popularmente conhecido como toque de contato. A diferença de toque na produção do som
em p ou do som em ff será a velocidade e a força da descida da tecla dosada pelo
abaixamento da mesma pelo dedo. O leve levantamento do pulso será responsável por todas
as respirações fraseológicas indicadas pelas ligaduras de três notas, por exemplo no
compasso 18 a 24, na mão esquerda.
Esperamos que com todas as observações feitas anteriormente possamos contribuir
para esclarecer o modo de executar uma peça musical, utilizando os fundamentos da técnica
pianística de Cláudio Richerme. O presente estudo buscou apresentar um exemplo de
aplicação da técnica pianística de Richerme (1996) a uma peça do livro Mikrokosmos de
Bártok, acreditando que tal proposta técnica é fundamental para o desenvolvimento de uma
educação musical (instrumental em nosso caso) adequada e eficiente.
Referencias bibliográficas
BARTÓK, B. Mikrokosmos – 153 progressive piano pieces (volume 5). New York:
Boosey & Hawkes, 1987.
GROUT/PALISCA, Donald J., Claude V..História da música ocidental. Lisboa: Gradiva,
1988.
GRIFFiTHS, Paul. A música moderna: uma história concisa e ilustrada de Debussy a
Boulez. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1978.
JANKÉLÉVITCH, Vladimir. Primeiras e últimas páginas. Campinas-SP: Papirus, 1995.
RICHERME, Cláudio. A técnica pianística – uma abordagem científica. São João da Boa
Vista-SP: AIR Musical Editora, 1996.