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Universidade Federal de Goiás

Instituto de Química
Laboratório de Preparações

Recristalização
Ponto de fusão e Ponto de ebulição
Orientador: Prof. Dr. Luciano Morais Lião
Acadêmicos: Eli Silveira Alves Júnior
Bruna Ferreira Silva
Larissa Carvalho Silva

Goiânia, 13 de abril de 2009.


Apresentação

O presente trabalho visa relatar os experimentos de purificação do ácido benzóico


através do método de recristalização e sua posterior determinação do ponto de ebulição no tubo de
Thiele. Será também relatado o experimento da determinação do ponto de ebulição para o etanol
realizado em tubo de Thiele.

Introdução

A matéria pode ser caracterizada por suas propriedades, que podem ser classificadas
como propriedades extensivas e intensivas. Define-se por propriedade extensivas de uma substancia
aquelas que dependem da quantidade de matéria: estas são, por exemplo, volume, massa,
temperatura; as propriedades intensivas são aquelas inerentes a própria substância, elas são o ponto
de fusão, ebulição, energia de ionização, etc.
As moléculas de um líquido tendem a escapar da superfície, tornando-se gasosas,
mesmo a temperaturas inferiores ao ponto de ebulição. Quando o líquido é colocado em um
recipiente fechado, a pressão exercida pelas moléculas na fase gasosa sobe até atingir o
equilíbrio, a uma determinada temperatura. Esta pressão de equilíbrio é conhecida como
pressão de vapor e é uma constante característica do material para uma dada temperatura.
Usualmente a pressão de vapor é expressa em termos da altura de uma coluna de mercúrio que
produz uma pressão equivalente. Quando um líquido é aquecido, sua pressão de vapor aumenta até
atingir o ponto onde se iguala à pressão externa. Quando atinge este ponto de equilíbrio o líquido
entra em ebulição. Este fenômeno é importante como método de caracterizar uma amostra líquida
(ponto de ebulição) e/ou como técnica de purificação de misturas (destilação).
Chama-se ponto de ebulição a temperatura na qual a pressão do vapor se iguala à
pressão atmosférica. O ponto de ebulição é uma das propriedades físicas dos líquidos e é
extremamente variável com a pressão atmosférica. Se a pressão aplicada abaixar, a pressão de vapor
também abaixará e o líquido entrará em ebulição a uma temperatura mais baixa. O ponto de
ebulição normal é a temperatura na qual um líquido entra em ebulição à pressão de 760 mmHg (1
atm).
O ponto de fusão por sua vez é a temperatura em que um sólido, puro ou impuro, passa
para o estado líquido. Se tratar de um sólido puro o intervalo de fusão, desde o aparecimento de
uma fase liquida inicial até sua completa fusão, é relativamente pequeno(aproximadamente 0,5°C),
comportamento que não é observado quando há impurezas na amostra, o intervalo de fusão, em
alguns casos chega até mesmo a uma taxa de 10°C.
A recristalização é um método de purificação de compostos orgânicos que são sólidos a
temperatura ambiente. O princípio deste método consiste em dissolver o sólido em um solvente
quente e logo esfriar lentamente. Na baixa temperatura, o material dissolvido tem menor
solubilidade, ocorrendo o crescimento de cristais. Se o processo for lento ocorre a formação de
cristais então chamamos de cristalização, se for rápida chamamos de precipitação. O crescimento
lento dos cristais, camada por camada, produz um produto puro, assim as impurezas ficam na
solução. Quando o esfriamento é rápido as impurezas são arrastadas junto com o precipitado,
produzindo um produto impuro.
O primeiro problema em uma cristalização é escolher um solvente no qual o material a
ser cristalizado mostre o comportamento da solubilidade desejado. No caso ideal, o material deve
ser moderadamente solúvel a temperatura ambiente e ainda quase completamente solúvel no ponto
de ebulição do solvente escolhido e praticamente insolúvel a baixas temperaturas; ou seja, um bom
solvente para recristalização deve dissolver grande quantidade da substância em temperatura
elevada e pequenas quantidades em temperaturas mais baixas. O solvente deve dissolver as
impurezas mesmo a frio ou, então, não dissolvê-las mesmo a quente. Às vezes, uma mistura de dois
solventes é mais conveniente. Isto é feito quando um dos solventes dissolve bem a substância a frio
e o outro não, mesmo a quente. A técnica consiste em aquecer o material a purificar como melhor
solvente até a ebulição da solução da solução, e adicionar lentamente o pior solvente, até aparecer
uma ligeira turvação. Adiciona-se, então, pequena quantidade do melhor solvente, de modo a obter
uma solução límpida e quente. Geralmente adicionou-se também uma dada quantidade de carvão
ativado, para que impurezas resinosas e “coloridas” sejam extraídas.

Materiais e Métodos

Materiais

Béqueres, vidro de relógio, espátula, proveta, papel de filtro, funil, bastão de vidro,
manta aquecedora, suporte universal, kitassato, funil de Buchner, bomba de vácuo, ácido benzóico
impuro, carvão ativado, Thiele, gral, pistilo, termômetro, capilares, elástico, bico de bunsen,
glicerina, etanol 96%.

Métodos

Os experimentos de recristalização do ácido benzóico e a sua determinação do seu


ponto de fusão, juntamente com a determinação do ponto de ebulição do etanol forma realizados
em dois dias(30/03/2009 e 06/04/2009, respectivamente).

• Recristalização do acido benzóico:

Foram medidos 5,06g da amostra de acido benzóico contendo impurezas. Esta amostra
tinha aspecto visual de salmão(cor róseo-alaranjada), polifásico, impurezas brancas. O ácido
benzóico foi adicionado à 250mL de água destilada em um béquer e levado ao aquecimento em
chapa de aquecimento, sendo logo adicionado uma dada quantidade de carvão ativado. Após a
solução entrar no processo de ebulição esta foi filtrada a quente, em funil no qual continha um papel
de filtro circulado(previamente dobrado no formato conveniente) com o auxilio de uma manta
aquecedora de formato específico para alocação de um funil simples. O filtrado resultante desta
solução é límpido e transparente. Após à filtragem a solução foi deixada em repouso para um
resfriamento lento ou induzido em uma imersão de banho de gelo.
Depois do resfriamento, os cristais já estão formados (ou precipitados no caso do
resfriamento induzido). A solução foi filtrada a vácuo, com o auxílio de uma bomba de vácuo, para
a separação dos cristais. Depois de separados os cristais eles forma reservados para posterior
determinação de seu ponto de fusão.
As imagens abaixo mostram cristais de ácido benzóico puro e o equipamento utilizado
durante a realização do procedimento experimental.
• Determinação do Ponto de fusão do ácido benzóico:

Em um capilar de calibre de 1mm foram


colocados 2mm de volume do acido benzóico obtido
através da recristalização, que fora pulverizado com o
auxilio de um gral com pistilo. O capilar com a amostra
foi acoplado a um termômetro e depois introduzido no
tubo de Thiele contendo glicerina; o formato do tubo de
Thiele proporciona a convecção do calor e a glicerina
além de possuir ponto de ebulição alto, proporciona um
aquecimento homogêneo e prolongado do bulbo do
termômetro.
Após o inicio do aquecimento, a temperatura e
a amostra foram rigorosamente monitorados, e o intervalo
de fusão de todos os grupos foram anotados para posterior
comparação com a bibliografia.

• Determinação do ponto de ebulição de álcool etílico


no tubo de Thiele:

Em um tubo de ensaio foi acionada a amostra


de álcool etílico e dentro deste tubo colocou-se um
capilar com o bocal de entrado virado para baixo, e depois
acoplou-se um termômetro e o sistema tubo de
ensaio/termômetro foram imersos no tubo de Thiele com
glicerina.
Iniciou-se o processo de aquecimento, no qual a
temperatura é elevada, gradualmente, até a observação de
uma rápida corrente de bolsões de ar saírem do capilar; a
temperatura em que esta corrente se inicia é anotada para
posterior comparação com a literatura.
Resultados e Discussão

Durante o processo de recristalização do ácido benzóico verificou-se que a formação


dos cristais por resfriamento natural resulta em cristais grandes, diferentemente da forma induzida
com banho de gelo, pois os cristais puderam naturalmente adquirir maior rede cristalina, ficando,
portanto, maiores do que aqueles formados de forma induzida. Observou-se que a quantidade de
carvão ativado adicionado na mistura de ácido e água altera a cor do ácido benzóico formado:
quanto maior a quantidade de carvão, mais puro e transparente ficam os cristais; pouco carvão faz
com que o ácido benzóico continue rosado e impuro, alterando também o tamanho dos cristais
formados e o tempo de precipitação.
Para determinar a temperatura de fusão do ácido benzóico foram feitas quatro repetições
nas quais se encontraram as seguintes faixas de fusão: 118ºC~121ºC, 121ºC~123ºC, 122ºC~124ºC e
120ºC~124ºC, além da medição feita em aparelho microscópio que apresentou a faixa de
109ºC~110ºC. Como sabemos que o ponto de fusão do ácido benzóico é de 121ºC, pois é o que se
encontra na literatura, podemos dizer que a faixa de fusão que mais se aproximou do valor
verdadeiro foi 121ºC~123ºC, pois apresentou a menor variação de temperatura e o valor foi mais
próximo do encontrado nos handbooks. A faixa 122ºC~124ºC é imprecisa pois foi realizada com um
aquecimento muito intenso, quando o esperado era um aquecimento lento de no máximo 2ºC/min. A
faixa 120ºC~124ºC é resultado da amostra de ácido benzóico mais impuro, pois ele ainda estava
parcialmente rosado; logo essa longa faixa de fusão representa a interferência das impurezas.
Para determinar a temperatura de ebulição do etanol 96% g/L foram feitas 4 repetições,
da mesma forma que a determinação da temperatura de fusão do ácido benzóico, e foram
encontrados apenas dois valores: 77ºC e 81ºC. O ponto de ebulição do etanol anidro encontrado na
literatura é de 79ºC. Comparando os resultados obtidos com os valores conhecidos podemos atribuir
a diferença de valores ao tipo de álcool utilizado no experimento, pois ele continha outra substância
na sua composição, o que altera a pressão de vapor exercida pelo etanol e, portanto, altera a
temperatura de ebulição. A diferença dos resultados obtidos experimentalmente pode ter sido
ocasionada por diferentes taxas de aquecimento do Thiele.

Conclusão

A técnica de recristalização é bastante útil para a purificação tanto do ácido benzóico


como também de outras substâncias sólidas além de ser simples, rápida e barata dependendo do
solvente utilizado.
Em relação à pratica sobre ponto de fusão e ponto de ebulição foi observado que para
determinarmos uma temperatura de fusão ou de ebulição deve-se repetir o experimento várias
vezes, buscando sempre minimizar a faixa de temperatura encontrada, pois isso aumentará a
precisão do resultado obtido e poderá determinar futuramente um ponto de fusão ou de ebulição de
uma substância com propriedades intrínsecas ainda desconhecidas.
Bibliografia

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para o Aluno. Trad. de Edilson Clemente da Silva, Márcio José Estillac de Mello Cardoso. 6.a ed.
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SOARES, Bluma. Et al. Química Orgânica: Teoria e Técnicas de Preparação, Purificação e


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DIAS, Ayres Guimarães; COSTA, M. A. da. GUIMARÃES, P. I. C. Guia Pratico de Química


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em: 9 abril 2009.

LISBOA, Universidade de. Disponível em: <http://www.ff.ul.pt/paginas/constant/tecnicas/pontodef


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