Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
RENOUVIN, Pierre; DUROSELLE, Jen-Baptiste. Introdução a História das Relações Internacionais. São
Paulo: Difusão Européia do Livro, 1967.
2
“(...) não se pode fazer uma distinção entre política interna e política externa. O
que um Estado faz em seu território ou o que faz no exterior será
invariavelmente ditado pelo interesse supremo de seus objetivos internos.” 3
2
GONÇALVES, Wiliams da Silva, História das Relações Internacionais in LESSA, Mônica Leite,
GONÇALVES, Wiliams da Silva (Org.), História das Relações Internacionais: teorias e processos. Rio de
Janeiro: EdUERJ, 2007, p.27.
3
RODRIGUES, José Honório; SEITENFUS, Ricardo A S., Uma História Diplomática do Brasil (1531-
1945). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995, p. 27.
3
dos rios platinos e o acesso a Mato Grosso”, para tanto o emprego da Marinha era
necessário.4
“Tinha, pois, o Império um imenso flanco aberto, que se estendia desde o Rio
Javari até o Rio Paraná –, flanco que abrangia dilatada faixa de fronteira até então
inexistente, que cumpria fosse estabelecida com a Bolívia, Paraguai e Argentina.
Ademais, a Província do Mato Grosso encontrava-se, por assim dizer, ilhada, isto é,
seus contatos se faziam por via fluvial de preferência à via terrestre”.5
A livre navegação no Rio Paraguai suscitou freqüentes debates, mesmo com o apoio
brasileiro à independência do Paraguai. Em sua obra Uma História da Diplomacia do
Brasil, José Honório Rodrigues afirmou:
9
SOARES, Teixeira, Historia da Formação das Fronteiras do Brasil. Rio de Janeiro: Conquista, 1975, p.
164.
10
Ibidem, p. 165.
11
Ibidem.
12
BARROS, Orlando de. Sinopse da História das Relações Externas Brasileiras, op. cit., p.52.
13
Ibidem.
14
SOARES, Teixeira, A Marinha e a Política Externa no Segundo Reinado. Navigator: subsídios para a
história marítima do Brasil, Jul/79 a Dez/80, p. 26.
5
Outro fator é importante para a compreensão das relações entre o Brasil e os Estados
platinos. Segundo o Almirante Vidigal, após a guerra houve um equilíbrio de poder no cone
sul. Este equilíbrio fez com que a atuação do Império no Prata, à partir daquele momento,
tivesse a oposição de países mais “(...) conscientes de suas respectivas nacionalidades,
15
DORATIOTO, Francisco Fernando Monteoliva, De aliados a rivais: o fracasso da primeira cooperação entre
Brasil e Argentina (1865-1876). Revista Múltipla, Brasília, 4(6), julho de 1999, p. 33.
16
ALONSO, Ângela. Idéias em Movimento: a geração 1870 na crise do Brasil-Império. São Paulo: Paz e
Terra, 2002, p. 51.
6
melhor organizados e mais ricos”,17 já que antes da guerra os únicos países que gozavam de
estabilidade política eram o Brasil e o Paraguai.
17
VIDIGAL, Armando A F. Evolução do pensamento estratégico naval brasileiro. 3º ed. Rio de Janeiro:
Biblioteca do Exército Editora, 1985, P 46.
18
Ibidem.
19
Zacarias de Goes e Vasconcellos (1862), Pedro de Araujo Lima, Marques de Olinda (1862 – 1864), Zacarias
de Goes e Vasconcellos (1864), Francisco José Furtado (1864-1865), Marquês de Olinda (1865-1866) e
Zacarias de Goes e Vasconcellos (1866-1868)
20
DORATIOTO, Francisco Fernando Monteoliva, A ocupação político-militar do Paraguai (1869-1876 in
Nova História Militar Brasileira. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004, p. 209-235.
21
Gabinete liderado Joaquim José Rodrigues Torres, Visconde de Itaboraí, em 16 de julho de 1868.
22
Idem, De aliados a rivais: o fracasso da primeira cooperação entre Brasil e Argentina (1865-1876). Revista
Múltipla, Brasília, 4(6), julho de 1999, p. 27.
23
BARROS, Orlando de. Sinopse da História das Relações Externas Brasileiras, op. cit., p.57.
7
24
BANDEIRA, Moniz, O Expansionismo Brasileiro e a formação dos Estados na Bacia do Prata, op. cit., p.
272-273.
25
DORATITO, Francisco. De aliados a rivais: o fracasso da primeira cooperação entre Brasil e Argentina
(1865-1876), op. cit., p.22
26
Idem, As relações entre o Império do Brasil e a República do Paraguai (1822-1889), op. cit., 1989, p. 389.
27
Relatório da Repartição dos Negócios Estrangeiros de 1873, p. 22-30.
8
28
Idem, 1874, p. 6-10.
29
Idem, A ocupação político-militar do Paraguai (1869-1876), op. cit., p, p. 233.
30
BANDEIRA, Moniz. O Expansionismo brasileiro e a formação dos Estados na Bacia do Prata, op. cit., p.
273.
31
VIDIGAL, Armando Amorim F. O Emprego do Político do Poder Naval. Rio de Janeiro: Escola de Guerra
Naval, s/d., p. 7.
9
existência apenas destas formas de emprego, menos ainda implica dizer que uma elimina a
outra. Essas formas podem estar presentes em diferentes níveis numa mesma situação. Para
esta discussão nos ateremos à dissuasão e à sustentação.
O primeiro caso ocorre quando há o propósito de dissuadir um “partido de
empreender certas ações contra outro ou seus aliados (...)” 32. Quando o objetivo é apoiar
um aliado, contra “ameaças internas ou externas, trata-se de uma ação de Sustentação ou
Apoio”.33 Contudo, observamos que a apropriação destes conceitos justifica-se enquanto
uma estratégia explicativa em nossa análise. Não é nosso objetivo importar tais conceitos
para o objeto em questão.
Entendemos que o Poder Naval do Império do Brasil foi empregado no Paraguai nos
dois sentidos acima analisados. Trabalhando com o primeiro conceito podemos afirmar que
a Marinha Imperial foi um instrumento de dissuasão contra as pretensões argentinas quanto
à anexação de “todo território do Chaco, à margem direita do Rio Paraguai”.34 Em 1873, a
Força Naval do Paraguai e Mato Grosso representava a maior concentração naval do
Império.35
“Não podia, então, a Argentina utilizar a força para atingir tal objetivo, porque,
conforme informou o representante brasileiro em Buenos Aires, não tinha recursos
para enfrentar o Império. Isso era verdade em particular no aspecto naval, pois
praticamente inexistia uma Marinha de Guerra argentina”.36
Quando a missão Mitrè no Rio de Janeiro não logrou sucessos, a Argentina tornou-
se abertamente hostil ao Paraguai. Os argentinos declararam ao Paraguai que não
empregariam suas forças militares caso ocorresse uma sedição interna na república guarani.
Ao mesmo tempo, Rivarola e Caballero tramavam uma revolta contra o governo paraguaio
constituído partindo do território argentino. Araújo Gondim, plenipotenciário brasileiro no
Paraguai na ocasião, recebeu instruções para empregar as forças militares caso estivessem
32
Ibidem, p. 13.
33
Ibidem.
34
DORATIOTO, Francisco Fernando Monteoliva, As relações entre o Império do Brasil e a República do
Paraguai (1822-1889). Dissertação de Mestrado pela UnB, 1989, p. 264.
35
Relatório da Secretaria dos Negócios da Marinha, 1873, p. 20-21. Acervo da Diretoria do Patrimônio
Histórico e Documentação da Marinha.
36
Ibidem, p. 390.
10
Conclusão
A Marinha Imperial atuou enquanto instrumento de dissuasão na dinâmica
relacional entre o Brasil e Argentina e, ainda, dando sustentação ao frágil governo
paraguaio contra as disputas internas de poder. Entretanto, não significa dizer que as ações
militares e diplomáticas estiveram em todo momento convergentes. Os chefes navais e os
diplomatas brasileiros divergiram em diferentes momentos da ocupação político-militar,
resultando na retirada do Paraguai tanto de militares quanto de plenipotenciários.
Estes atritos poderiam estar ligados à sobreposição de papéis na dinâmica política
no Paraguai, ou mesmo à própria indefinição desses papéis. Como aponta Doratioto em sua
análise da ocupação político-militar no Paraguai, não havia “representante diplomático
imperial em Assunção” até 1872.37 Tais problemas estariam relacionados com a atmosfera
político-partidária no Brasil, ou apenas uma questão de relação de poder entre as
autoridades brasileiras no Paraguai? Havia homogeneidade de pensamento político-
estratégico? É possível pensar em uma cultura da guerra que possa ter criado uma série de
desentendimentos entre diferentes agentes políticos e militares no teatro de operações?
37
Seu artigo publicado na obra Nova História Militar Brasileira um dos poucos, senão o único, a dedicar uma
análise sobre a ocupação político-militar no Paraguai após a guerra.
11
Enfim, são questão que pretendemos responder com o presente projeto de pesquisa ainda
em andamento.
Referências Bibliográficas: