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BRASIL Prevenção Do Fracasso Escolar PDF
BRASIL Prevenção Do Fracasso Escolar PDF
Introdução
Considerações finais
Referências bibliográficas
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Fracasso escolar no Brasil: Políticas, programas e estratégias de
combate ao fracasso escolar.
Introdução
A discussão sobre o fracasso escolar tem sido objeto de várias análises, pesquisas,
proposições nos sistemas de ensino. Trata-se de temática complexa que não se resume
a uma única dimensão e não possui um único culpado. Nessa direção, buscar altenativas
para a compreensão e superação do fracasso escolar implica em apreender tal processo
em seus múltiplos aspectos envolvendo, portanto as dimensões histórica, cognitiva,
social, afetiva e cultural. Vários estudos destacam a importância das reformas da
educação implementadas na região 1, sobretudo a partir da década de 1990, para o
processo de busca de alternativas e melhoria dos indicadores da educação básica.
Maria Helena Souza Patto (1990), ao abordar as teorias que buscam explicar o fracasso
escolar destaca que estas análises, quase sempre, associam esse processo aos alunos.
Buscando compreender a temática a partir dos seus nexos constitutivos, a autora é
enfática ao ratificar a complexidade do fracasso escolar na medida em que envolve as
dimensões políticas, históricas, sócio-econômicas, ideológicas e institucionais, bem como
dimensões pedagógicas em estreita articulação com as concepções que caracterizam os
processos e as dinâmicas em que se efetivam as práticas escolares.
1
A respeito ver, entre outros, GAJARDO (1999), CORRALES (1999),WINKLER & GERSHBERG (2000),
WOLF, SCHIEFELBEIN (s/data),
2
formação inicial e continuada voltadas aos professores por meio das políticas, programas
e ações desenvolvidas pelo Ministério da Educação.
A centralidade conferida à melhoria dos processos de formação não negligencia em
absoluto a implementação de outras políticas, programas e ações pelo MEC mas
evidencia a necessidade de maior organicidade entre estas e destaca, ainda, a busca de
otimização dos processos de formação de professores visando, dentre outras, romper
com a feição pragmática e instrumental que tem caracterizado, em sua maioria, tais
processos no país.
O presente texto busca, portanto, situar as políticas, programas e estratégias de combate
ao fracasso escolar no Brasil. Nesse sentido, situa quais são as principais medidas
adotadas pelo Estado Brasileiro para enfrentar o problema do fracasso escolar
ressaltando, especialmente a política de formação continuada de professores como
medida efetiva priorizada e implementada, sobretudo, nos dois últimos anos. Trata-se de
documento analítico que visa subsidiar as ações de avaliação do Mercosul.
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O Plano Nacional de Educação foi aprovado pela Lei nº 10.172, de 09 de janeiro de 2001, com vigência
no período de 2001 a 2010. Este plano de Estado foi aprovado pelo Poder Legislativo (Câmara dos
Deputados e Senado Federal), é resultado de um mandato constitucional e legal e abrange os diferentes
níveis e modalidades da educação nacional. A elaboração de Planos decenais correspondentes pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios é determinada pela Lei que instituiu o PNE.
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O Ministério da Educação, em sua estrutura regimental, conta com as seguintes secretarias: Secretaria de
Educação Básica (SEB), Secretaria de Educação profissional e Tecnológica (Setec), Secretaria da
Educação Superior(Sesu), Secretaria de Educação à Distância (Seed), Secretaria de Educação Especial
(Seesp), Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) e, ainda, com
Coordenação de Aperfeiçoamento de pessoal de Nível Superior (Capes), O Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação-
FNDE.
3
cidadania e sua qualificação para o trabalho. A Constituição de 1988 estabelece,
portanto, a base da organização educacional do País ao firmar direitos e deveres,
delimitar competências e atribuições, regular o financiamento e definir princípios como:
pluralismo, liberdade e gestão democrática.
O Governo Federal tem como prioridade de suas políticas e gestão a garantia do
envolvimento e da participação da sociedade civil na formulação, implementação das
ações e programas voltados para a universalização da educação básica como também a
melhoria da educação nos diferentes níveis e modalidades. Nessa direção, vários
encontros, seminários, audiências e outros espaços de participação e democratização
têm sido estabelecidos como canais de discussão coletivas no encaminhamento de
proposições, estratégias e soluções para a garantia da educação para todos em sintonia
com os dispositivos legais e, especialmente, com as metas do Plano Nacional de
Educação.
Essas ações tiveram como conseqüências uma conquista histórica na área da educação
no Brasil, a democratização do acesso ao ensino fundamental, tendo em vista que
atualmente 97,2% das crianças com idade entre 7 e 14 anos estão na escola. No entanto
há muito que fazer, na medida em que é necessário garantir a melhoria dos processos
ensino e aprendizagem e, desse modo, otimizar a permanência desses estudantes no
sistema escolar rompendo, desse modo, com a cultura do fracasso escolar. Aliado a esta
questão, o País vem adotado ações efetivas no combate às altas taxas de analfabetismo
e de ampliação do acesso a Educação Infantil, a Educação de Adolescentes Jovens e
Adultos e ao Ensino Médio regular.
Mas os avanços se fazem necessários não só na questão do acesso, mas também da
permanência com qualidade social, da superação do fracasso escolar por meio da
melhoria da qualidade na educação em todos os níveis.
O desempenho dos estudantes brasileiros aferido por meio dos exames de avaliação do
Ministério da Educação demonstra que a aprendizagem dos alunos ainda está abaixo de
padrões adequados. Esse baixo desempenho dos alunos possui várias causas internas e
externas à escola. Nesse cenário, aliado às questões sociais e econômicas, estruturais
em um país continental como o Brasil, é necessário ressaltar os processos de
organização e de gestão pedagógicas que interferem na produção do fracasso escolar,
tais como: deficiência do processo ensino-aprendizagem, estrutura inadequada de parte
dos sistemas educacionais para dar conta do aumento de demanda dos últimos anos,
carência de professores qualificados, especialmente no Ensino Médio, oferta de recursos
pedagógicos e bibliotecas adequados aos processos formativos emancipatórios.
Todas essas questões se articulam às condições objetivas da população, em um país
historicamente demarcado por forte desigualdade social, que se caracteriza pela
apresentação de indicadores sociais preocupantes e, que nesse sentido, carece de
amplas políticas públicas incluindo, nesse processo, a garantia de otimização nas
políticas de acesso, permanência e gestão com qualidade social na educação básica.
Nessa direção, apresentaremos abaixo algumas das características sociodemográficas
do País, a partir de dados e indicadores produzidos pelo IBGE, que permitem a
identificação da dinâmica social desigual e combinada que o caracteriza.
O Brasil possui, atualmente, cento e oitenta e três milhões, seiscentos e trinta e três mil,
duzentos e quarenta e três habitantes (183.633.243) sendo que em 2003, 43,5% da
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população do Brasil encontrava-se na região Sudeste5 o que revela um processo de
concentração regional. De acordo com o IBGE as projeções populacionais baseadas nas
informações do Censo Demográfico 2000, indicam que nos próximo 30 anos o Brasil terá
um crescimento absoluto de mais de 67 milhões de habitantes, ou seja, um incremento
relativo da ordem de 39,6%. Isso significa que em 2030, se as projeções se confirmarem,
o País contará com uma população total de 237,7 milhões de habitantes.
O número de habitantes no País não será ainda maior dentro de trinta anos porque,
segundo o IBGE, o crescimento relativo da população brasileira vem declinando desde os
anos 70. Essa queda se justifica pela significativa diminuição das taxas de fecundidade e
natalidade. A projeção de população do Brasil (Revisão 2004), aponta que entre 1993 e
2003, a taxa bruta de natalidade, que mede o número de nascidos vivos por 1000
habitantes em determinado ano, passou de 22,6‰ para 20,9‰, enquanto a taxa de
fecundidade total, por sua vez, declinou de 2,6 para 2,3 filhos por mulher, na última
década (IBGE, 2005)
No que refere à população urbana no Brasil, os dados, segundo o IBGE, apontam para
crescimento acelerado do processo de urbanização ao longo das últimas décadas. Neste
contexto, a proporção de pessoas residentes em áreas urbanas passou de 78,4%, em
1993, para 84,3%, em 2003, confirmando o processo sistemático de urbanização do País.
Só a região Metropolitana de São Paulo concentrava 10,7% da população (ou 18,7
milhões de habitantes), contingente maior que o de qualquer uma das Unidades da
Federação, exceto São Paulo (IBGE, 2005)
De acordo com os últimos censos, o percentual de domicílios urbanos, em 1970, era de
58,3% do total de domicílios brasileiros. No ano de 2000, esta taxa subiu para 83,3%,
sendo que metade destes domicílios está localizada na Região Sudeste. O crescimento
dos domicílios urbanos durante a década de 1990 foi da ordem de 47,7%. O crescimento
mais intenso, no entanto, se deu entre as décadas de 1970 e 1980, período em que a
taxa subiu 72.9% .
De acordo com os dados da PNAD, o número de domicílios totais apresentou em 2003
um aumento de 3,3% em relação ao ano anterior. A densidade populacional por domicílio
manteve-se na média de 3,5 pessoas, praticamente a mesma de 2002. (IBGE, 2005). No
tocante às classes de rendimento médio mensal per capita, por domicílio os dados
demonstram que 20,7% dos domicílios particulares permanentes no Brasil, eram
ocupados por pessoas com rendimento familiar de até 1/2 salário mínimo.
Esses dados, no entanto, variam de acordo com as Grandes Regiões e respectivas
Unidades da Federação, com destaque para a diferença entre as Regiões Norte em que
o percentual é de 32,6% e Nordeste que passa dos 40%. As outras regiões apresentam
percentuais menores que o registrado nacionalmente. Assim, na Região Sudeste esse
percentual foi de 13,6%, na Sul foi de 12,2% e na Centro-Oeste 19,0%. Esse dado revela
que o rendimento familiar nessa última região se aproxima do registrado nacionalmente.
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O Brasil é uma república federativa formada por 26 estados e um Distrito Federal organizados em cinco
regiões: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul.
5
no País 10,5% da população não têm acesso a esse serviço, situação que acompanha o
processo desigual entre as diferentes regiões e unidades da federação.
Segundo o Censo, na Região Norte apenas 57.5% da população tinha acesso à água por
rede geral de abastecimento. Essa situação agrava-se, ainda mais, nos Estados do Acre
e Rondônia que apresentaram as menores taxas de acesso nesta região, respondendo,
respectivamente, por 41,7% e 45,8% no quesito cobertura desses serviços. Já aos
Estados do Tocantins e de Roraima apresentaram as maiores proporções da região norte
tendo em vista que no primeiro 85,9% tem acesso ao serviço e no segundo 83,7%.
Em contrapartida, a Região Sudeste apresentou a melhor situação do País, com 95,5%
dos domicílios atendidos por rede geral. Dentre as regiões metropolitanas, Belém
ocupava a situação mais desfavorável dos serviços, com apenas 58,3% dos domicílios,
enquanto São Paulo (98,4%) e Belo Horizonte (98,3%) apresentavam uma melhor
situação (IBGE, 2005).
Com relação ao esgotamento sanitário, a situação é mais precária, tendo em vista que
apenas um pouco mais da metade das moradias urbanas brasileiras (55,3%) afirmaram
utilizar o serviço de esgotamento sanitário por rede geral. Isso significa que 44.7% do
esgotamento sanitário dos domicílios brasileiros são feitos por meio de fossas sépticas,
fossas rudimentares dentre outras formas. Isso evidencia que o serviço de esgotamento
sanitário das moradias urbanas brasileiras não acompanhou a expansão dos serviços de
abastecimento de água (89,6%), embora para a eficiência do sistema geral de
saneamento seja fundamental a estruturação de um serviço integrado.
As diferenças regionais no quesito esgotamento são bem acentuadas. Enquanto na
Região Norte, apenas 4,5% dos domicílios utilizavam redes coletoras, na Região Sudeste
esse percentual chegou 80,8%. O caso mais crítico da Região Norte foi o Estado do Pará
em que apenas 2,2% dos domicílios utilizavam rede coletora, e o mais favorável o do
Estado do Acre, pois 20,7% tinha acesso a esse serviço. Na Região Sudeste, o Estado
de São Paulo atingiu a condição mais privilegiada do País, com 89,8% dos domicílios
utilizando rede coletora, e o Estado do Rio de Janeiro a mais precária da região com
58,7%. Dentre as regiões metropolitanas, Belém acompanhou o contexto da Região
Norte, com apenas 5,2% dos domicílios utilizando rede coletora, enquanto Belo Horizonte
se destacou com o maior percentual, 85,2%, dentre as outras regiões metropolitanas
(IBGE, 2005)
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condições de habitação, especialmente ao aumento do número de domicílios com
saneamento básico adequado. Contudo, o País ainda apresenta grandes desafios a
serem vencidos em vários aspectos, particularmente na área de infra-estrutura social,
uma vez que de acordo com os dados uma parcela significativa das mortes de menores
de 1 ano de idade ainda ocorrem devido às condições de vida da população.
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Paraíba verificou-se o menor nível de desigualdade de rendimento: cerca de 14%. A
queda no rendimento-hora foi de 4,8% no para as mulheres e de 2% para os homens.
Isso evidencia que as desigualdades no mercado de trabalho persistem entre as regiões
e também entre os gêneros. Os trabalhadores do Nordeste recebiam por hora, em 2002
53% do rendimento auferido pelos trabalhadores no Sudeste e, em 2003, esse percentual
passou para 50%. No caso das mulheres, em 2002 elas recebiam por hora cerca de 86%
do rendimento dos homens, enquanto, em 2003, a proporção era de 83% (IBGE, 2005).
Houve queda também em relação ao rendimento médio dos 40% com menores
rendimentos do trabalho. A queda foi 3% em relação ao ano anterior, enquanto que para
os 10% com maiores rendimentos do trabalho a redução foi de 9%. O rendimento médio
dos 10% mais ricos era, em 2002, 18 vezes o rendimento médio dos 40% mais pobres,
passando para 16,9, em 2003. As Regiões Norte e Centro-Oeste foram as que mais
reduziram essa relação. Em que pese o rendimento médio dos 10% com maiores
rendimentos do trabalho fosse maior no Sudeste, foi no Nordeste que se observou o
maior grau de desigualdade por esse indicador (18,2). Já a apropriação do rendimento
total dos 50% mais pobres aumentou ligeiramente em relação a 2002, o que se confirmou
na redução do índice de Gini, de 0,56 para 0,55 (IBGE, 2005).
O valor do Produto Interno Bruto - PIB no Brasil em 2004 chegou a R$ 1,769 trilhão (1
trilhão e 769 bilhões de reais) o que corresponde a US$ 605 bilhões (dólares),
considerando o valor médio do dólar de R$ 2,9257 no ano passado. Tendo como base a
população residente do país em 2004 que somou 181.586 mil habitantes, o PIB per capita
atingiu R$ 9.743, o equivalente a US$ 3,3 mil (três mil e trezentos dólares) em valores
correntes.
Como vimos, as políticas e gestão para a educação básica no País precisam considerar
os indicadores elencados objetivando efetivar-se, por meio de programas e ações, de
modo mais orgânico e sintonizado com as necessidades sociais e educacionais da
população. Esse contexto nos remete a necessidade de compreensão dos marcos legais
na área de educação e sua interface com a organização e avaliação da educação básica
em seus diferentes níveis e modalidades.
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De acordo com a legislação vigente é competência dos municípios atuarem
prioritariamente na educação infantil e ensino fundamental, enquanto que cabe aos
estados assegurar o ensino fundamental e oferecer, prioritariamente, o ensino médio. No
caso do Distrito Federal, a lei define que este deverá desenvolver as competências
referentes aos Estados e Municípios, ou seja, oferecer toda a Educação Básica. A União
se incumbe da organização do sistema de educação superior e do apoio técnico e
financeiro aos demais entes federados
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Quadro2: Matrículas por nível e rede de ensino - 2004
Matrículas 20041
Taxa de
Níveis e Modalidades escolarização
líquida2 Total Estadual Federal Municipal Privada
10
educação brasileira. Incrementar esse cenário avaliativo buscando retratar, mais
pormenorizadamente, as especificidades de municípios e escolas e, desse modo,
contribuir para a melhor compreensão dos fatores condicionantes do processo de ensino
e aprendizagem é um dos desafios com os quais se depara o Ministério da Educação.
Nos estudos desenvolvidos, tem assumido grande centralidade a instituição de uma rede
nacional de avaliação da educação básica envolvendo, no campo da avaliação, os
esforços da União, dos Estados e dos Municípios. Esta rede propiciaria uma maior
articulação entre as diretrizes gerais da educação nacional, as especificidades e o
acompanhamento do processo ensino-aprendizagem dos entes federativos.
A educação básica no Brasil tem sido objeto de várias ações, programas e políticas
visando consolidar dinâmicas e processos de gestão nos vários níveis político -
administrativo, procurando cumprir as metas estipuladas pela Constituição Federal de
1988 (Artigo 60 e seu § 6º), que determinam a universalização do ensino fundamental e a
“erradicação” do analfabetismo.
A análise sobre o funcionamento do sistema educacional vigente no País é igualmente
importante para o entendimento das características de formação e escolarização da
sociedade brasileira.
O Brasil apresenta estrutura educacional descentralizada e fortemente marcada por
disparidades entre as cinco regiões que o compõe (norte, nordeste, centro-oeste, sul e
sudeste). Desse modo, os indicadores educacionais retratam esse processo desigual e
combinado e requerem políticas e gestões para a educação que considerem esse cenário
na busca de alternativas e proposições educativas.
Segundo Documento do INEP (2004) as alterações legais na educação brasileira, na
última década, caracterizaram-se por uma retomada de processos ditos de
descentralização, que em muitos casos significou apenas a implementação de processos
de desconcentração dessas políticas. Ou seja, as mudanças nos atuais processos de
gestão e de regulação da educação no País não se fizeram acompanhar suficientemente,
no período, de políticas de financiamento que respaldassem efetivamente a
universalização da educação básica. Houve um avanço significativo no que concerne à
garantia do acesso ao ensino fundamental a todos por meio da implementação de
políticas focalizadas, rompendo, assim, o princípio da universalização da educação em
todos os níveis.
A concepção ampla de processos formativos possibilitada pela LDB/96 incentivou os
sistemas de ensino a desenvolverem e adotarem diferentes propostas político-
pedagógicas como medidas para a correção do fluxo escolar, como as classes de
aceleração da aprendizagem, o regime de ciclos, a promoção automática e outras
experiências que se encontram em fase de implantação e avaliação. Esses programas,
em vigor nas redes de ensino fundamental público do País, têm como objetivo o
enfrentamento do problema da defasagem idade/série, presente nas escolas brasileiras,
que é considerada, junto com a repetência, uma das faces do fracasso escolar no Brasil.
Ao abordar a questão do fracasso escolar tão destacado pelas estátisticas educacionais e
objeto de problematização pelas políticas governamentais, em nível local, regional e
mundial, no entanto, é preciso que se tenha em mente que esta problemática, resulta de
processos sociais mais amplos e que têm sido reforçados no cotidiano escolar por meio
de práticas e ações pedagógicas e pelas formas de organização e gestão da educação
básica. Nesse sentido, é fundamental salientar que outras causas externas à realidade
11
escolar contribuem, sobremaneira, para o fracasso escolar tais como renda per capita,
desigualdades sociais econômicas e culturais.
Aliado à análise dos indicadores estatísticos é fundamental apreender a lógica de
funcionamento e gestão das políticas, dos sistemas e das unidades escolares
destacando-se, nesse processo, o projeto pedagógico, a dinâmica de avaliação e os
processos de participação e sua relação com a melhoria das condições objetivas e,
consequentemente, das ações em prol do sucesso escolar dos estudantes. Nessa ótica,
mais importante do que identificar os indicadores educacionais, em sua aparência
imediata, é analisá-los à luz das condições culturais, econômicas e sociais e sua relação
e/ou articulação com as políticas educacionais, programas e ações implementadas pelos
sistemas de ensino.
Nesse sentido, as discussões e proposições frente às evidências de fracasso escolar
implicam em considerar as diversas causas de sua produção como elementos analíticos
importantes à proposição de alterantivas políticas e pedagógicas. Ou seja, pensar
alternativas pedagógicas para a superação do fracasso escolar deve envolver a
compreensão dos processos de regulação, gestão e financiamento da escola e dos
processos a ela inerentes. Nessa perspectiva, passa pela discussão dos processos de
autonomia da a escola, dos processos formativos e da dinâmica curricular, da otimização
do tempo, da garantia de participação aos diversos segmentos, da garantia de formação,
profissionalização docente, entre outros.
Um dos parâmetros para se discutir a questão do fracasso escolar no Brasil são os dados
sobre fluxo, que consideram a repetência, a evasão, o abandono e a distorção idade-
série. Partindo desses parâmetros e articulando-o às ações e programas de formação é
fundamental identificar os processos pedagógicos, sociais e culturais que contribuem
para a naturalização do fracasso escolar. Nessa perspectiva, a discussão sobre as
formas de acesso e permanência com sucesso escolar articula-se à discussão sobre o
papel social da educação e dimensões a serem asseguradas visando a garantia da
qualidade social de processo formativo, bem como, a articulação da escola a dinâmica
social vigente.
Uma análise dos indicadores do SAEB de 2003 já permite alguns dados reveladores dos
processos de exclusão vivenciados nas escolas brasileiras na medida em que estes
apontam que 24.8% dos alunos do ensino fundamental são reprovados, sendo 13.3% na
1ª a 4ª séries e 11.5% na 5 a 8ª. Assim, a cultura da reprovação tem sido internalizada no
sistema educativo, tanto por alunos quanto por professores. Outro dado relevante refere-
se às taxas de abandono que nas quatro primeiras séries é de 7,5% e nas séries finais
do ensino fundamental atinge os 12%. Analisar esses indicadores objetivando deslindar
que condições e processos, internos e externos, favorecem a manutenção desses indíces
de abandono é tarefa complexa para aqueles que buscam alternativas consequentes
para a superação do fracasso escolar. A distorção idade série, é outro dado alarmante,
atingindo o patamar de 36.2% e de 44.7% na 1a a 4ªséries e na 5ª a 8ª respectivamente,
No ensino médio essa situação se agrava, pois 9.5% são reprovados, 17% abandonam a
escola antes de concluir e 51.8% dos alunos do ultimo ano do ensino médio estão acima
da idade adequada para a série. A busca de ações planejadas objetivando a melhoria
dos processos ensino-aprendizagem certamente teria impacto nos indicadores
educacionais. O estabelecimento de processos de formação mais amplos que
considerem a clientela real das unidades escolares, bem como a identificação dos pontos
de estrangulamento dos sistemas, parece ser um caminho complexo a ser percorrido.
Nessa direção, o Brasil vem adotando, no plano do governo federal, alguns balizamentos
às suas políticas.
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Quadro – 3: Dados sobre reprovação, o abandono e distorção idade-série
Reprovação Abandono Distorção Idade-Série
1ª a 4ª - EF 13,3% 7,5% 4ª EF 36,2%
5ª a 8ª - EF 11,5% 12% 8ª EF 44,7%
1ª a 3ª - EM 9,5% 17% 3ª EM 51,8%
Fonte: SAEB/2003 – MEC-INEP
Uma grande parte dos estudantes matriculados na 4ª série se encontra nos níveis
intermediário e crítico. Esses dados ratificam a necessidade de busca de alternativas
visando contribuir com a melhoria dos processos ensino-aprendizagem visando o
desenvolvimento de habilidades de leitura apropriadas a esse nível de ensino.
Ao final do ensino fundamental, 8ª série, os alunos apresentam uma melhoria significativa
no desempenho em lingua portuguesa na medida em que 63,8% apresentam-se em
estágio intermediário e 9,3% em estágio adequado, o que requer, nesse caso, a busca de
otimização dos processos formativos.
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Ao final do ensino médio, o desempenho dos alunos se concentra no estágio
intermediário (55,2%) tendo, ainda, forte incidência no estágio crítico (39,9%). Outro
indicador importante refere-se à diferença entre os dados quanto ao desempenho dos
alunos da escola pública e da escola privada. Vários fatores contribuem para esse quadro
destacando, dentre outros, os valores agregados que dispõem os alunos ao ingressarem
na escola, as condições objetivas para o desenvolvimento do processo ensino-
aprendizagem na escola e em casa, a participação dos pais na escola, a otimização do
tempo. É fundamental destacar, ainda, que o setor privado no Brasil é bastante
heterogêneo e que, em muitos casos, não apresenta logística organizacional adequada.
14
médias superiores nos processos avaliativos do que aqueles que foram reprovados
apenas uma vez. Essa diferença aumenta a medida em que o estudante é reprovado ou
abandona a escola por mais de uma vez.
15
Da população rural 55,5% têm menos de quatro anos de estudo contra 25,9% da
população da zona urbana, enquanto que, 88,1% e 60,6% da zona rural e urbana
respectivamente têm menos de oito anos de escolaridade.
Segundo dados do MEC (MEC/SEB, 2005) há uma grande associação entre
vulnerabilidade econômica e social e o baixo desempenho dos alunos o que interfere,
sobremaneira, nos indicadores de aprovação e conclusão dos níveis de ensino, bem
como, nas taxas de abandono. Outro dado relevante refere-se à reprodução da
desigualdade social no interior da escolas na medida em que a ”grande maioria das
crianças e jovens com baixo rendimento escolar é pobre, mora em estados
desfavorecidos economicamente e freqüenta as escolas menos equipadas e com
professores menos preparados”. (MEC/SEB, 2005). Ou seja, pensar alternativas para a
superação do fracasso escolar implica no estabelecimento de políticas sociais articuladas
que se direcionem para a melhoria das condições de vida da população, bem como, a
implementação de políticas educacionais voltadas para a melhoria dos equipamentos
educacionais públicos, para suas formas de gestão e organização e, ainda, pelo
estabelecimento de uma sólida política de formação e valorização dos professores.
O nível de rendimento familiar é apontado pelo IBGE (2005) como um dos fatores que
exercem forte interferência na escolarização. Os dados revelam que, com exceção do
grupo em idade escolar obrigatória (7 a 14 anos), a taxa de escolarização influenciou os
demais grupos etários - educação infantil ( 0 a 6 anos) e o ensino médio (15 a 17 anos).
Um outro dado relevante refere-se à relação entre o fracasso escolar, evidenciado por
meio do baixo desempenho ou evasão/repetência, e as condições sócio-econômicas. Tal
dinâmica pode ser constatada nos dados do SAEB (2003) que indicam que os
estudantes do ensino médio que tiveram desempenho muito crítico estão, em sua
maioria, matriculados no ensino noturno, em escolas públicas. São alunos trabalhadores
que por uma questão de sobrevivência conciliam trabalho e estudo, e a maioria apresenta
idade superior à considerada adequada para a série que cursam.
O perfil dos estudantes que obtiveram os melhores resultados nos processos avaliativos
é quase o oposto. A maioria estuda na rede privada de ensino, freqüenta aulas no
período diurno, dedicam seu tempo somente ao estudo, pois não precisam trabalhar e
mais de 80% dos estudantes, não apresentam distorção na relação idade-série. São
alunos que têm mães com um nível maior de escolaridade, mais de 75% delas cursaram
no mínimo o ensino médio. Esses indicadores revelam como essas variáveis interferem
no processo ensino-aprendizagem. Portanto, pensar políticas que venham a se contrapor
ao fracasso escolar implica em considerar essas variáveis nos processos de avaliação e,
sobretudo, nos processos de proposição e implementação de políticas.
As desigualdades regionais se colocam como importante questão a ser tratada no âmbito
das políticas voltadas para a superação do fracasso escolar. O caso brasileiro é marcado
por forte desigualdade entre as cinco regiões. Nesse cenário, as regiões que
historicamente apresentam níveis mais elevados de pobreza são aquelas que também
obtém os piores resultados nos processos de avaliação7.
Aliado ao analfabetismo, que atinge 16,2 milhões de pessoas entre a população de 15
anos e mais, encontram-se cerca de 33 milhões de jovens e adultos que possuem menos
de quatro anos de estudos, e 65,9 milhões de jovens que não concluíram o ensino
fundamental. Nos últimos anos, ocorreu um crescimento significativo do número de
7
No Nordeste, por exemplo, a soma dos estágios muito crítico e crítico, em leitura, totaliza 71% das
crianças da 4ª série, já na região Sul, elas compreendem 47% e, no Sudeste, 44%. Em Matemática, o
Nordeste tem 69% dos estudantes nesses mesmos estágios, o Sul tem 41% e o Sudeste, 39%.
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jovens e adultos matriculados no ensino fundamental, avançando de 3.770.230
estudantes, em 2000, para 6.968.531 estudantes em 2003, o que certamente resulta de
políticas adotadas com o objetivo de sanear essa distorção que deve ser intensificada
buscando assegurar a articulação entre as políticas de acesso e de permanência.
No que diz respeito à Educação Especial, apesar dos avanços alcançados, com 118 mil
novas matrículas nos últimos dois anos, é necessário ressaltar as desigualdades nas
condições de acesso. Dados do INEP/MEC/2004 mostram que 36% das pessoas com
deficiência, de até 17 anos de idade, estão fora da escola.
Ressalte-se ainda a desigualdade nas políticas de acesso e de permanência de alunos
negros em relação aos brancos no sistema de ensino nacional. Tal desigualdade é
expressa nas possibilidades de ingresso e, sobretudo, nos indicadores de exclusão
prematura da escola. Dados do SAEB (2003) indicam que a participação dos estudantes
negros é de 11% na 4ª série do ensino fundamental e 8% no último ano do ensino médio,
enquanto os brancos, que somam 39% dos alunos ao final do primeiro ciclo do
fundamental, totalizam 48% no 3º ano do ensino médio.
Em que pese os dados demonstrarem que a taxa de escolarização entre os pretos e
pardos vem subindo e que entre os anos 1993 e 2003, a taxa de analfabetismo de pretos
e pardos (32%) caiu mais que a dos brancos (29%), o quantitativo de analfabetos pretos
e pardos (16,9%) é mais que o dobro da dos brancos (7,1%)
Os dados do IBGE revelam que no início da década de 1990 , as taxas de analfabetismo
funcional eram de 26,8% para brancos; 49,2% para pretos e 47,1% para pardos. Em
2003 essas taxas chegaram a 18,4% para brancos; 32,1% para pretos e 32,5% para
pardos. Os dados do IBGE revelam ainda, que no período de 1993 a 2003, a população
brasileira de 10 anos ou mais teve ampliou em 1.4 pontos percentuais a média de anos
de estudo, passando de 5,0 para 6,4. Nesse ano, contudo, a média de anos de estudo de
brancos foi de 7,3 anos; de pretos de 5,6 e de pardos, 5,4 anos (IBGE, 2005).
Nessa óptica, o estabelecimento de políticas e ações concretas para enfrentar o fracasso
escolar implica em considerar esse processo e, desse modo, estabelecer programas
direcionados às especificidades regionais e que, articulado a outras políticas públicas,
possam propiciar condições que contribua efetivamente para a construção de uma
sociedade mais justa. Ou seja, a superação do fracasso escolar envolve questões
pedagógicas e políticas públicas mais amplas.
O fracasso escolar se coloca, no entanto, como um dos limites à melhoria dos
indicadores educacionais não só no Brasil, mas também em toda região da América
Latina. Neste contexto, o analfabetismo, a distorção idade / série, a evasão e a repetência
contribuem substantivamente para a naturalização dos processos de exclusão e
marginalidade social. Aliado à redução das taxas de analfabetismo na América Latina os
sistemas de ensino têm buscado otimizar o ingresso na educação básica. Nesse cenário,
é oportuno situar que o analfabetismo é ainda uma realidade a ser enfrentada na região.
17
Gráfico -1: Taxa de analfabetismo da população de15 anos ou mais. 1990-2000
Os dados acima revelam que apesar de o Brasil se situar entre os cinco países com o
mais alto índice de analfabetismo na América Latina, especialmente entre a população
entre com mais de 15 anos, o País vem desenvolvendo um considerável esforço no
sentido de minorar esse problema. Nessa direção, políticas vêm sendo desenvolvidas
pelo Ministério da Educação, consoante ao atendimento das metas do Plano Nacional de
Educação, visando a erradicação do analfabetismo. Entre estas políticas destacam-se o
Programa Brasil Alfabetizado.
Outro dado a ser considerado nas análises sobre os indicadores educacionais brasileiros
refere-se à grande disparidade entre as áreas urbanas e rurais, o que enseja o
18
estabelecimento de políticas que considerem a especificidade das ações e das gestões
voltadas para a superação do analfabetismo, especialmente, na zona rural.
19
2.2 Políticas e estratégias do Ministério da Educação no combate ao fracasso
escolar
Visando romper com a desigualdade social, bem como com os mecanismos internos à
escola que concorrem para o fracasso escolar, o Ministério da Educação (MEC) vem
desenvolvendo ações no sentido de implementação de políticas amplas que contribuam
para a melhoria dos processos de organização e gestão da educação básica, bem como
pela adequação das condições de infra-estrutura das unidades escolares e pelo
fortalecimento de mecanismos de participação da comunidade local e escolar e, ainda
pela proposição de políticas de formação, valorização e profissionalização docente por
meio da articulação entre formação inicial e formação continuada.
O Ministério da Educação, nos dois últimos anos, adotou como estratégia de suas
políticas a busca da articulação entre os mecanismos de estímulo ao aumento da
escolaridade com ênfase na melhoria da qualidade de ensino, buscando, entre outras, a
adoção de uma política de valorização e de formação permanente dos profissionais da
educação objetivando, desse modo, a disseminação da educação como prática social
voltada para um processo de mudança no Brasil.
A Secretaria da Educação Básica, órgão do Ministério responsável pela implementação
de diferentes políticas para os ensinos infantil, fundamental e médio, em parceria com as
secretarias estaduais e municipais, tem buscado construir, por meio de assistência
técnica e financeira, um padrão de referência da educação básica pautada pela qualidade
social. Nessa direção, tem enfatizado políticas comprometidas com concepções
filosóficas e político-pedagógicas que valorizam o professor e buscam promover a
aprendizagem efetiva dos alunos. Essas políticas, segundo documento da SEB (2005),
consideram que a melhoria do processo de ensino-aprendizagem requer ações e
programas atinados à natureza do trabalho pedagógico que deve assegurar nos
processos formativos (inicial e continuado) o domínio de saberes específicos das diversas
áreas do conhecimento, bem como, os conhecimentos relativos às metodologias e a
compreensão dos processos de palnejamento, organização curricular, avaliação e gestão
da educação escolar. Nesse cenário, enfatizam também a necessária autonomia e
democratização das unidades escolares.
Nesse processo, a democratização das unidades escolares, articulado à implementação
de melhorias no processo ensino-aprendizagem deve considerar o importante papel
desenvolvido pelo profissional educação. Por essa razão, uma política voltada para a
mudança nos processos educativos não pode secundarizar o professor e suas condições
de trabalho, o que significa estabelecer políticas que tenham por norte a garantia de um
salário digno, de novos incentivos à carreira docente e, ao mesmo tempo, a busca de
uma permanente melhoria no processo de qualificação e, portanto, no desempenho
profissional. Ora, a escola que pretende constituir um espaço de inclusão necessita ter
profissionais qualificados, preparados para orientar, por meio de suas competências e
habilidades humanas, o processo formativo do aluno.
Para o MEC a garantia da inclusão no processo educativo se consolida com uma escola
de qualidade, espaço onde todos tenham acesso ao mundo letrado, aos bens culturais,
ao desenvolvimento tecnológico e à cidadania. O maior desafio dessa escola é garantir
condições para que o aluno possa aprender.
Nessa direção, as políticas do MEC buscam estabelecer condições que favoreçam uma
maior articulação entre os diferentes níveis e modalidades educacionais, ao enfatizar a
necessária sintonia entre as políticas de gestão e de organização da educação básica.
Questões como a garantia do financiamento público para a educação básica, ampliação
do ensino fundamental, otimização e ampliação da oferta da educação infantil e do ensino
20
médio, fortalecimento dos conselhos escolares, devem se efetivar articulados às políticas
de formação e valorização dos profissionais da educação.
Para a implementação dessas políticas, o MEC trabalha sempre em regime de
colaboração com os estados e municípios, a quem compete a coordenação das ações
educativas por meio dos seus sistemas de ensino. Nesse processo de organização
descentralizada da educação nacional compete a Secretaria da Educação Básica, cuja
abrangência de atuação contempla ações voltadas para a educação infantil, fundamental
e média, a responsabilidade pela formulação de políticas e a articulação com os entes
federados visando a otimização das políticas de acesso e de permanência na educação
básica. Nesse sentido, desenvolve programas e ações voltadas para a superação do
fracasso escolar. Esses programas se desenvolvem em articulação com demais
secretarias do MEC e com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
21
Escolas, Transporte e Saúde do Escolar e outros que visam à inclusão educacional. Há,
ainda, o atendimento ao ensino médio, por meio de outras fontes de recurso. A aplicação
dos recursos é direcionada à qualificação de docentes; aquisição e impressão de material
didático-pedagógico de alta qualidade; aquisição de equipamentos e adaptação de
escolas com classes de ensino especial.
A seguir serão apresentadas algumas políticas, programas e ações desenvolvidas pelo
Governo federal visando melhorar o processo ensino-aprendizagem e,
consequentemente, contrapor-se a lógica política do fracasso escolar nos diferentes
níveis de modalidades da educação básica.
Esse programa tem por objetivo contribuir com a discussão sobre a importância da
criação de conselhos escolares nas instituições e visa, ainda, ao fortalecimento dos
conselhos existentes. Os conselhos escolares se configuram, historicamente, como
espaços de participação de professores, funcionários, pais, alunos, diretores e
comunidade nas unidades escolares e, desse modo, em alguns casos, se constituem em
espaços coletivos de deliberação assumindo, desse modo, o papel de órgão co-
responsável pela gestão administrativa e pedagógica das escolas.
Esse programa cumpre, portanto, importante papel ao contribuir com os processos de
democratização da gestão nas escolas públicas e, dessa forma, oportunizar decisões
coletivas sobre os processos e problemas relativos ao fracasso e sucesso escolar dos
estudantes.
c) FUNDESCOLA
22
O Fundescola, por meio de processos formativos e de apoio à gestão educacional tem
como meta a busca da eficácia, eficiência e eqüidade no ensino fundamental público, ao
focalizar o ensino-aprendizagem e as práticas de gestão das escolas e secretarias de
educação. As estratégias do programa são desenvolvidas no sentido de aperfeiçoar o
trabalho, elevar o grau de conhecimento e o compromisso de diretores, professores e
outros funcionários da escola com os resultados educacionais, visando a melhoria das
condições de ensino. Este programa, na busca de se articular efetivamente às políticas
para o ensino fundamental, vem sendo reestruturado.
O PNSE foi criado em 1984 e, na sua atual concepção, concede aos municípios apoio
financeiro, em caráter suplementar, para a realização de consultas oftalmológicas,
aquisição e distribuição de óculos para os alunos com problemas visuais matriculados na
1ª série do ensino fundamental público das redes municipais e estaduais.
Seu objetivo é a identificação e a correção precoces de problemas visuais que possam
comprometer o processo de aprendizagem, visando à diminuição dos índices de
repetência e evasão escolar. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde - OMS,
10% dos alunos da 1ª série do ensino fundamental público apresentam deficiências
visuais, necessitando de medidas corretivas. O programa atende os municípios que
apresentam o maior número de alunos triados em exames de acuidade visual, sendo um
por estado.
23
urbano. Visando contribuir com os municípios na locomoção desses alunos o Governo
Federal dispõe de dois programas voltados ao transporte dos estudantes: o Programa
Nacional de Transporte Escolar (PNTE) e o Programa Nacional de Apoio ao Transporte
do Escolar (Pnate).
24
b. Programa de apoio a política de ampliação do Ensino Fundamental para 9
Anos
O programa Brasil Alfabetizado foi criado no ano de 2003 pelo governo federal com o
objetivo de erradicar o analfabetismo no país. O programa é coordenado pelo Ministério
da Educação e atua por meio de convênios com instituições alfabetizadoras de jovens e
adultos, responsáveis pela capacitação dos alfabetizadores, inscrição dos alfabetizandos
e organização de todo o processo de alfabetização. O papel do MEC nesse programa é o
de viabilizar, por meio do repasse de recursos e por meio de assessoria técnica, as
condições para que as instituições possam desenvolver a tarefa de ensinar a ler e
escrever, além de acompanhar e avaliar as ações dos conveniados. Considerando os
indicadores nacionais de analfabetismo, o programa tem como público alvo as pessoas
com 15 anos ou mais que ainda não tiveram a oportunidade de aprender a ler e escrever.
A mudança no repasse verbas implementada em 2004 vem possibilitando a efetivação
de políticas por parte dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios que, ao
apresentarem propostas para execução de ações de formação de alfabetizadores e de
alfabetização de jovens e adultos, se constituem nos principais interlocutores do
Ministério da Educação.
25
Com o Fazendo Escola, o governo busca atender ao direito, assegurado pela
Constituição e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de acesso e
continuidade do ensino fundamental regular a todos os brasileiros.
O programa é desenvolvido pelo Ministério da Educação em conjunto com os governos
estaduais e municipais, por meio da transferência, em caráter suplementar, de recursos
administrados pelo FNDE.
26
O Projeto de Manutenção do Ensino Médio (PMEM), criado em março de 2004, consiste
no repasse de recursos às secretarias estaduais de Educação para atendimento às
escolas públicas estaduais de ensino médio situadas em municípios atingidos por
desastre natural.
Esses recursos destinam-se à aquisição de material permanente; manutenção,
conservação e pequenos reparos da unidade escolar; aquisição de material didático e de
consumo necessários ao funcionamento da escola; e desenvolvimento de atividades
educacionais. Trata-se de programa que visa garantir recursos para a manutenção de
condições adequadas ao processo ensino aprendizagem e, desse modo, contribuir com a
permanência de alunos nas escolas mesmo em situações de desastres naturais.
.
2.3.5 Programa Nacional do Livro Didático –PNLD
O Programa Nacional do Livro Didático foi criado com a finalidade de prover aos
estudantes das escolas públicas das redes federal, estaduais, municipais e do Distrito
Federal obras didáticas, paradidáticas e dicionários. Este programa tem por objetivo o
cumprimento do preceito constitucional de assegurar adequadas condições de
aprendizagem para o aluno do ensino fundamental, por meio da oferta gratuita do livro
didático.
27
pessoal e de propriedade do professor) e Casa da Leitura (distribuído para uso de toda a
comunidade do município).
28
b) Projeto 2: Apoio Técnico-Pedagógico às Unidades de Internação
Esse projeto visa oferecer apoio técnico-pedagógico aos professores em exercício nas
267 unidades de internação. Existem no Brasil cerca de 10 mil adolescentes internos em
instituições de privação de liberdade, assim distribuídos:
a) 90% são adolescentes do sexo masculino com idade ente 16 e 18 anos;
b) 76% pertencem à raça negra;
c) 51% não trabalham e vivem com a família;
d) 81% praticaram delito e quase 50% desses adolescentes não concluíram o ensino
fundamental;
e) de modo geral, usuários de drogas, perfazendo um percentual de 85%, dos quais
67,1% consomem maconha, 31,3%, cocaína/crack e 32,4%, álcool.
f) 99% das unidades oferecem o ensino fundamental e 63% o ensino médio.
A implementação de ações de apoio técnico e pedagógico visa a contribuir com a
melhoria do processo ensino-aprendizagem nessas unidades, bem como buscar
alternativas para a inadequação da escola às especificidades dessa população, para a
pouca articulação com as demais atividades desenvolvidas nas Unidades, para a
insuficiência de salas para desenvolvimento das atividades escolares, para a falta de
professores e para a qualificação profissional incompatível para atuação junto a esse
público.
Nesse sentido, o MEC na parceria proposta pela Secretaria Especial de Direitos
Humanos da Presidência da República assumiu a tarefa de investir, junto aos Sistemas
Estaduais de Educação, na formação de professores; na profissionalização dos jovens,
com o apoio da Secretaria de Educação Tecnológica;, bem como na melhoria das
condições físicas para o desenvolvimento das atividades escolares.
Esses dois projetos, guardadas as suas especificidades, visam contribuir para uma
política de inclusão educacional e, ao mesmo tempo, propiciar espaços de formação,
discussão e de prevenção.
29
deles existem “uma série de indicadores da ausência de uma autêntica política de
profissionalização, dentre os quais destacam: o aumento desproporcional das horas de
trabalho em sala de aula, as remunerações cada vez mais baixas e a perigosa confusão
entre os conceitos de formação, capacitação, aperfeiçoamento e atualização8”.
Salientar a importância que adquire os professores na melhoria da qualidade da
educação, não significa, no entanto torná-los os responsáveis pela implementação dos
projetos que visem essa melhoria, nem tampouco culpabilizá-los pelo fracasso das
reformas implementadas. Tal perspectiva implica em garantir condições para a
progressiva melhoria das condições de trabalho e de formação e, consequentemente, de
melhoria nos processos educativos que devem se efetivar em escolas com infraestrutura
adequada à clientela.
Segundo os dados do censo escolar de 2003, o Brasil conta atualmente com cerca de 2,5
milhões de funções docentes na educação básica. Dentre esses profissionais é possível
encontrar um grande número de professores em determinadas regiões, sobretudo nas
zonas rurais, exercendo a função docente sem a habilitação requerida por lei. A formação
mínima exigida pela LDB 9.394/96 de acordo com o art. 62 é o ensino médio, modalidade
normal para atuar na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino
fundamental. No entanto, as políticas oficiais têm enfatizado a importância de que essa
formação se dê em nível superior nos cursos de licenciatura.
O quadro que segue traz um panorama geral da formação docente no País
demonstrando o esforço que se faz necessário para otimizar os processos de formação
inicial em nível superior e a garantia da formação continuada. Esses dados revelam que a
educação básica no Brasil ainda conta com altos percentuais de professores com a
formação mínima e, em alguns casos, essa formação fica abaixo do mínimo estabelecido
por lei, tendo em vista que 32.5% dos profissionais que atuam nas séries finais do ensino
fundamental e no ensino médio ainda não têm formação em nível superior.
Educação Creche
Educação infantil Pré-escola 345.341 66,7 28,3
Básica Ensino Séries iniciais 811.112 62,1 36,1
Fundamental Séries finais 823.485 22,7 77,1
Educação Média 488.376 9,8 90,2
Fonte: INEP – Censo Escolar/2003
8
Documento síntese cujo título é “As reformas educacionais nos países do Cone Sul: Alguns resultados e
conclusões de uma pesquisa intersindical” desenvolvido pelos sindicatos dos profissionais da educação do
Brasil, Argentina, Chile e Uruguai e coordenada pelo Laboratório de Políticas Públicas (LPP) no Rio de
Janeiro e Buenos Aires.
30
não têm licenciatura. Em que pese os dados revelarem que 90% dos professores do
ensino médio têm formação em nível superior, dados do INEP demonstram que há
carência de 250.000 professores para as disciplinas de Física, Química, Biologia e
Matemática.
Como demonstra o quadro a seguir, na zona rural a questão da formação dos
professores é ainda mais precária o que enseja o estabelecimento de políticas voltadas a
esse público alvo.
Nível de formação em %
Funções Docentes Médio Superior
No Brasil compete aos Estados, Distrito Federal e Municípios, por meio dos seus
respectivos sistemas de ensino, assegurar a aprovação de estatutos e planos de carreira
do magistério público e, de acordo com a LDB (art.67), compete aos sistemas de ensino
promover a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes: ingresso
exclusivamente por concurso público de provas e títulos; aperfeiçoamento profissional
continuado; piso salarial profissional, progressão funcional baseada na titulação ou
habilitação, ou na avaliação do desempenho, período reservado a estudos, planejamento
e avaliação, incluídos na carga de trabalho e condições adequadas de trabalho.
Os planos de carreira do magistério público brasileiro apresentam algumas características
comuns a despeito de serem objeto de definição e aprovação por parte dos poderes
públicos estadual, do Distrito Federal e Municipal. Apresentam como exigência para
ingresso a realização de concurso público considerando a titulação mínima de ensino
médio (magistério) e preferencialmente a licenciatura plena (curso superior); estruturam
as formas de provimento e de promoção dos docentes, plano de qualificação, entre
outros.
Considerando essa lógica descentralizada compete à União, por meio do Ministério da
Educação, envidar esforços para a coordenação da política nacional e para a aprovação
de diretrizes que assegurem a implementação de planos de carreira para o magistério, a
discussão e o estabelecimento de piso nacional, entre outros. As definições quanto às
formas de ingresso e permanência, a política de alocação e transferência de docentes, a
escala de salários, a política salarial e as promoções na carreira docente são
prerrogativas dos Estados, Distrito Federal e Municípios observando os estatutos e
planos de carreira do magistério público e os percentuais de recursos constitucionalmente
vinculados e subvinculados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino. É
fundamental destacar a complexidade da situação docente por meio da análise da
diversidade dos planos de carreira em andamento em Estados e Municípios ou pela
ausência dos mesmos em alguns municípios.
31
Na direção de garantir padrões mínimos a todos os docentes da educação básica, vale
ressaltar que várias ações governamentais foram implementadas no sentido de se
garantir planos de ação nacionais voltados para a formação e profissionalização dos
trabalhadores em educação, articulados aos processos de democratização da gestão
escolar no País. Nesse sentido, ações e programas de assistência técnica e financeira
vêm sendo efetivados buscando garantir que os planos de carreira estaduais e municipais
contemplem as seguintes indicações:
• progressão na carreira baseada na titulação ou habilitação, ou seja, previsão de
níveis de titulação média e superior e a progressão entre eles, estimulando a busca da
licenciatura;
• progressão na carreira pautada na avaliação de desempenho e a melhoria da
prática docente;
• tempo reservado a estudos, planejamento e avaliação da carga de trabalho –
preparação de aulas e correção de tarefas (individual) e o coletivo, como reuniões
pedagógicas, com pais de alunos, e cursos de capacitação que devem estar previstos na
sua jornada semanal e ocupar parte das horas atividades;
• aperfeiçoamento profissional continuado - os profissionais de educação básica
devem ter acesso a programas de formação continuada visando o seu aprimoramento
profissional;
• valorização da profissão e da carreira do magistério pela recomposição do valor
dos vencimentos salariais em vez da concessão de vantagens (gratificações e
adicionais).
De maneira geral, os planos indicam, ainda que preliminarmente, mecanismos e
processos voltados para a garantia da formação profissional inicial, das condições de
trabalho, salário e carreira e da formação continuada, a serem atualizados e
aperfeiçoados.
Os indicadores referentes à situação docente, no Brasil, historicamente a caracterizavam
por insuficiente formação inicial, baixos salários, dupla jornada de trabalho, entre outros.
As mudanças implementadas nas políticas e gestão da educação superior, por meio da
diversificação e diferenciação institucional possibilitaram, entre outros, o aparecimento e
a expansão de espaços de formação docente alterando, desse modo, as estatísticas
referentes à oferta de formação inicial, sobretudo no setor privado, o que, no caso
brasileiro, não significou efetivamente uma expansão do acesso com a garantia de
qualidade social nesse nível de ensino.
Outra questão importante refere-se ao salário dos professores. Para o ano de 2003, em
termos nacionais, o salário médio dos professores foi da ordem de R$ 808,00 para os que
lecionam na 4ª série do ensino fundamental, de R$ 1.177,00 para os da 8ª série do
ensino fundamental e de R$ 1.396,00 para os docentes que trabalham com a 3ª série do
ensino médio. É fundamental salientar que, no Brasil, não existe um piso salarial
unificado para os professores o que tem resultado em disparidades salariais. Com
relação às médias salariais regionais, no sudeste estão os melhores salários e, no
nordeste e norte, os mais baixos, o que serve como um indicador de que mesmo com
todo o esforço para diminuir as desigualdades regionais, elas ainda persistem no Brasil.
Nesse cenário, é fundamental ressaltar que a análise e avaliação desses indicadores e
políticas vinculam-se, atualmente, ao constante repensar dos processos de formação e
profissionalização docente na busca, sobretudo, de implementação de uma política
nacional de formação, cujo eixo político-epistemológico considere: o conhecimento e a
experiência acumulados pelos docentes; a articulação entre a formação e as outras
dimensões do trabalho docente (salários, condições trabalhistas, aspectos
organizacionais, etc); as reais condições do magistério (motivações, conhecimento,
32
tempo e recursos disponíveis); a articulação entre gestão administrativa, pedagógica e
financeira, a relação entre conteúdos e métodos e, em igual medida, as necessidades e
possibilidades dos sistemas de ensino. Esse processo formativo implica considerar os
diferentes atores (União, Estados, Municípios, docentes) na implementação de uma
política nacional de formação e profissionalização docente.
Depreende-se, desse cenário, que repensar a educação no Brasil implica considerar
esses novos atores, os limites de intervenção da política educacional, o processo de
descentralização e a compreensão do Estado, entendido, como expressão da correlação
de forças compreendendo a articulação entre a sociedade civil e a sociedade política o
que remete á luta pela efetivação de uma política nacional que garanta uma formação
inicial e contínua sólida. A tarefa alocada aos diferentes espaços formativos é o de
responder às novas exigências econômico-político-histórico e culturais, redimensionando
o seu papel diante da diversidade ético-cultural, dos desafios colocados pelo setor
produtivo e da garantia de sua identidade institucional como espaço que não deve se
restringir à formação de profissionais stricto sensu.
33
O Sistema Nacional de Formação Continuada de Professores, aliado ao estímulo a
políticas e programas que visem fortalecer a formação inicial de qualidade, é uma das
principais bases institucionais da política de valorização do profissional docente. Sua
meta é garantir a todos os professores o acesso a processos de formação inicial e
continuada.
Nesse contexto, o poder público federal, por meio do Ministério da Educação, em sintonia
com Estados, Municípios, Distrito Federal e sociedade civil vêm desenvolvendo ações de
fortalecimento de um projeto nacional de formação e de apoio à melhoria das condições
dos docentes. É importante situar que, aliado à continuidade e redesenho de alguns
projetos sobre a formação docente que vinham sendo desenvolvidos a partir da década
de 1990, outros projetos vêm sendo implementados. A busca do estabelecimento de uma
política nacional de formação e profissionalização tem se pautado, portanto, em
processos de avaliação e proposição de projetos e experiências de formação visando
garantir uma sólida formação teórica nos conteúdos pedagógicos e específicos aos
profissionais da educação básica, sem descurar de uma ampla formação cultural, do
domínio das tecnologias da informação e comunicação. A seguir vamos apresentar
alguns desses projetos/experiências de formação que sinalizam para a otimização das
políticas de formação e profissionalização docente:
34
3.1.2 Programa de Formação de Professores em Exercício - Proformação
3.1.3 Proinfantil
9
Os professores devem ter, obrigatoriamente, formação em nível superior para lecionar nos quatro últimos
anos do ensino fundamental e no ensino médio. A atuação na educação infantil e nos quatro primeiros
anos do ensino fundamental pode ser exercida por profissionais com formação de nível médio (magistério).
10
O Proformação desenvolve-se em 3.200 horas, divididas em quatro módulos semestrais de 800 horas
cada, distribuídas ao longo de 20 semanas. Cada módulo começa no período de férias, com uma fase
presencial de aulas e oficinas (76h), e prossegue com o desenvolvimento de oito unidades – uma a cada
duas semanas – com 12 horas de estudo individual; encontros quinzenais (sábados alternados) de 8 horas;
20 horas de prática em sala de aula; 2 horas de produção do Memorial e 20h de reforço presencial, antes
das provas bimestrais. O curso também inclui 48 horas referentes ao Projeto de Trabalho e 32 horas de
língua estrangeira. Os materiais didáticos do Proformação incluem 32 Guias de Estudo, com seus
respectivos Cadernos de Verificação da Aprendizagem, e vídeos. Livros e apostilas de apoio aos gestores e
tutores também foram produzidos. Os professores-cursistas são acompanhados por tutores, em uma
relação média de 12-15 alunos por tutor, de modo a permitir um atendimento personalizado e constante. Os
tutores, em sua maioria, são professores que atuam em escolas de formação para o magistério e contam
com a orientação e apoio pedagógico de professores formadores - especialistas nas diferentes áreas
curriculares. Foi implantado um serviço de comunicação que permite o fluxo de informações entre tutores e
cursistas. O currículo é organizado em seis áreas temáticas, incluindo a base dos conteúdos trabalhados
nas escolas de ensino médio para a formação docente. Apresenta, ainda, quatro Eixos Integradores -
espaços de interdisciplinaridade que harmonizam todas as áreas de estudo. A esse núcleo comum,
acrescentam-se os Projetos de Trabalho e a Língua Estrangeira, que são definidos pelos Estados. Os
Projetos de Trabalho são norteados por temas regionais ou de interesse local, como cultura, história, meio
ambiente, saúde, etc.
35
programa direciona-se aos professores em exercício na educação infantil, que atuam em
creches e pré-escolas da rede pública, conveniadas, filantrópicas e comunitárias, e que
não possuem a formação exigida pela legislação. O programa tem como principal objetivo
elevar o nível de conhecimento e aprimorar a prática pedagógica dos docentes que
atuam nesse segmento da educação básica e contribuir para a qualidade social das
instituições de educação infantil.
3.1.4 Pró-Licenciatura
3.1.5 Pro-Ifem
36
Este processo formativo deverá abranger os conteúdos e a ação pedagógica na sala de
aula e, ainda, a compreensão da lógica de gestão e de organização da instituição escolar
visando uma educação de qualidade que se efetive por meio da participação dos diversos
segmentos que compõem a comunidade local e escolar.
O projeto prevê a incorporação dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs) do
Proinfo e das Agências Formadoras do Proformação (AGFs) como pólos de
implementação. Esses pólos estarão conectados em rede e equipados com a TV Escola
para permitir que os participantes explorem o potencial das tecnologias e descubram os
benefícios de uma prática pedagógica que integra variados recursos didáticos e
tecnológicos possíveis.
3.1.10 TV Escola: canal de TV via satélite que apresenta programas educativos aos
professores, estudantes do ensino fundamental e médio e às comunidades escolares.
Funciona ininterruptamente por 14 horas diárias, e serve, ainda, à formação continuada
dos docentes e como apoio didático para o desenvolvimento pedagógico das aulas.
37
3.1.12 Educação no campo: programas de formação de educadores, com proposta
pedagógica e curricular adequada às necessidades do campo. Esses programas
estimulam a ampla participação das comunidades agrárias no direcionamento das
atividades de gestão e no controle social da qualidade da educação;
38
patamar formativo que contribua efetivamente para a melhoria do processo ensino-
aprendizagem e, desse modo, para o enfrentamento concreto da complexa situação do
fracasso escolar no País.
Considerações finais:
Referências Bibliográficas:
39
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. SÍNTESE de indicadores sociais
2000, série Estudos e pesquisas. Informação demográfica e socioeconômica, n. 5, Rio de
Janeiro: IBGE, 2001.
______ & PARO, Vitor H. Políticas públicas e educação básica. São Paulo: Xamã, 2001.
Sites consultados:
www.inep.gov.br
www.mec.gov.br
www.fnde.gov.br
www.sesu.gov.br
www.ibge.gov.br
www.siteal.iipe-oei.org
40