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FOTOGRAFIA DIGITAL NA CLÍNICA DIÁRIA

Masioli, MA; Masioli, DLC; Damazio, WQ


FOTOGRAFIA DIGITAL NA CLÍNICA DIÁRIA
Masioli, MA; Masioli, DLC; Damazio, WQ

FOTOGRAFIA DIGITAL NA CLÍNICA DIÁRIA

Marco Antonio Masioli


⇒ Doutor em Clínica Odontológica- Universidade Federal do Rio do Janeiro (UFRJ)

⇒ Professor Coordenador das Disciplinas de Materiais Dentários e PPR-


Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Deise Lima Cunha Masioli


⇒ Especialista em Ortodontia- Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

⇒ Mestre em Ortodontia- Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Wagner Quaresma Damázio

⇒ Especialista em Dentística Restauradora - Universidade Vale do Rio Doce


(UNIVALE)

⇒ Professor de Dentística Restauradora da Graduação e Especialização-


Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE)

Este capítulo é parte integrante do eBook lançado durante o 25º Congresso


Internacional de Odontologia de São Paulo – 25º CIOSP (janeiro de 2007) e distribuído
gratuitamente pelo site www.ciosp.com.br, pertencente
à Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas – APCD.

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bem como as técnicas utilizadas no


A imagem, com seu poder de convencer decorrer do tratamento. A fotografia
e substituir palavras vem tornando-se odontológica tem características e
cada vez mais importante em todos os dificuldades próprias. Nessa modalidade
aspectos do cotidiano. Quando bem fotográfica em que o assunto geralmente
empregada, transmite informações e é pequeno (dentes) e se encontra em
desejos. Seu poder tem sido aproveitado uma cavidade de difícil acesso (boca), o
ao máximo pelo homem. Um mundo de enquadramento, composição, focalização
informações é apresentado através da e iluminação são difíceis de ser
visão por televisores, celulares, outdoors, conseguidos, mesmo com equipamentos
datashows, monitores de computador, especiais. Não basta “apontar e
talvez porque, enquanto as palavras fotografar”. A profundidade de campo
precisam ser reconhecidas e analisadas que, em fotografias normais, pode chegar
para serem entendidas, as imagens só a quilômetros, em macrofotografias
precisam ser reconhecidas, tornando-se restringe-se a alguns milímetros. Por isso,
assim uma arma a favor de quem souber o ideal é aumentar a iluminação com o
capturá-las e utilizá-las. flash apropriado, trabalhar com a menor
abertura de diafragma possível, além de
Nesse contesto a fotografia digital está
posicionar o eixo da fotografia
sendo cada vez mais utilizada e oferece
perpendicular ao assunto.
vantagens em relação a convencional, a
economia feita em cada tomada, já que Todas essas características fazem com
não há necessidade de filme nem, que seja essencial o conhecimento
conseqüentemente, de seu básico do assunto, antes mesmo de se
processamento, é uma delas. Mas sem adquirir o equipamento, para que este
dúvida a maior vantagem da captura satisfaça as necessidades. Existe uma
digital é a visualização imediata. Uma vez grande variedade de equipamentos
capturada, a fotografia pode ser digitais, com especificações diferentes,
visualizada e, dependendo do resultado, que podem ser utilizados em fotografia
pode-se repetir a tomada, excluir as clínica. A escolha vai depender do
imagens que não interessam e arquivar objetivo de cada profissional. Se houver
ou imprimir as de maior utilidade. Com necessidade de fotografias com um
isso cada vez mais cirurgiões dentistas maior grau de padronização e excelência,
tem utilizado a câmera digital como talvez o ideal seja investir um pouco mais
parte integrante de seu cotidiano e dessa e adquirir uma câmera profissional,
forma é importante a compreensão embora algumas câmeras compactas
dessa nova tecnologia. possam capturar fotografias clínicas com
excelente qualidade.
O principal objetivo da fotografia clínica é
documentar o estado pré e pós-
tratamento das regiões intra e periorais,

Aplicação da fotografia clínica


“Uma imagem vale mais do que mil de forma correta pode trazer grandes
benefícios aos cirurgiões-dentistas. O
palavras”. Usar uma imagem fotográfica
ensino da fotografia clínica e científica
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deveria ser introduzido e difundido nas finalidades na Odontologia, entre tais


universidades para que futuros clínicos, pode-se destacar: a documentação e
professores e conferencistas tivessem avaliação de trabalhos executados, o
mais facilidade no preparo e utilização do ensino, a comunicação entre
material visual. Quando capturadas de profissionais, a orientação aos pacientes,
forma correta, as imagens fotográficas o marketing e a elucidação de demandas
podem ser usadas para diversas legais.

Documentação e avaliação de trabalhos executados


como prova no caso de alguma demanda
legal.
Fotografias podem completar a ficha
clínica do paciente, servindo como Com cinco tomadas fotográficas (uma
documentação, ajudando a elucidar frontal, duas oclusais e duas laterais),
questões corriqueiras, ou completando tem-se todo o aspecto intra-oral do
arquivos forenses, podendo ser usadas paciente (Figs. 1A-E).

Figura 1A - Lateral direita

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Figura 1B - Frontal.

Figura 1C - Lateral esquerda.

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Figura 1D - Oclusal superior.

Figura 1E - Oclusal inferior.

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É possível ainda utilizar fotos de sorriso, podem ser alteradas devido a


do rosto e da face (frente e perfil) para tratamentos odontológicos (Figs. 2 A-C).
documentar as regiões periorais que

Figura 2 A-C - Fotografias extra-orais.


*As fotografias de sorriso, rosto e face podem completar a ficha clínica do paciente.

Figura 2 B e C

Como regra, o ideal seria fazer imagens


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prévias a qualquer procedimento, em o previsto. A fotografia ajuda na


especial antes de tratamentos que avaliação e no aprimoramento de
envolvam estética ou em trabalhos técnicas de trabalho, pois a imagem
longos, como reabilitação oral, geralmente tem proporções maiores que
implantodontia ou ortodontia. Nesses o natural, mostrando nitidamente
casos, as características da cavidade oral detalhes e defeitos que muitas vezes não
geralmente são muito modificadas e o são vistos clinicamente. Ajuda ainda na
investimento de tempo, dinheiro e descrição de cor, forma, textura e
desgaste de tecido é muito grande. Fotos tamanho das lesões. A descrição do
do “antes e depois” servem muitas vezes tamanho e da evolução das lesões pode
para mostrar que o tempo e o dinheiro ser auxiliada por inclusão de escalas ou
gastos não foram em vão e que o réguas milimetradas na composição da
tratamento caminha/caminhou conforme fotografia (Figs. 3 A-B).

Figura 3 A - Utilização de réguas ou escalas para Figura 3 B - Utilização de réguas ou escalas para
verificar a evolução das lesões orais. verificar a evolução das lesões orais.

Ensino

Mesmo um profissional com o mais Além de facilitar a compreensão, as


apurado comando da linguagem pode ter imagens encurtam o tempo das palestras
dificuldades na descrição da condição e as palavras das publicações. Aulas com
oral de um paciente ou de um um bom material didático tornam-se
tratamento. As técnicas podem ser mais atrativas e valorizam o trabalho de
compreendidas com mais facilidade pelo quem pretende transmitir seus
ouvinte ou leitor quando bem ilustradas. conhecimentos.

Comunicação entre profissionais

Em pesquisa, a troca de conhecimentos é necessidade da presença do paciente.


essencial. As fotografias complementam Graças à fotografia digital e à Internet,
os elementos de informação. A podem-se compartilhar casos raros e
demonstração visual pode contribuir para discutir diagnóstico e tratamento com
os esclarecimentos necessários e tornar outros profissionais em questão de
mais eficiente a discussão instantes, mesmo que eles estejam em
multiprofissional de casos clínicos, sem a países ou continentes diferentes (Figs. 4

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A-E).

Figura 4 A - Aspecto intra-oral de um paciente.


*Com estas tomadas fotográficas, uma equipe multidisciplinar pode discutir e planejar o caso, sem
estar junta ou sem a presença do paciente.

Figura 4 B - Aspecto intra-oral de um paciente.

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Figura 4 C - Aspecto intra-oral de um paciente.

Figura 4 D - Aspecto intra-oral de um paciente.

Figura 4 E - Aspecto intra-oral de um paciente.


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O envio de fotografias da área biopsiada face. Porém, a análise de cor por meio de
juntamente com tecidos a serem fotografias analógicas ou digitais ainda
analisados pode facilitar o diagnóstico não é um método seguro (Figs. 5 A-E). A
dos patologistas. Na comunicação com cor das fotografias em papel ou slides
laboratórios protéticos, principalmente depende da iluminação, da regulagem da
quando se necessita de um bom câmera e do processamento (revelação)
resultado estético, fotografias do sorriso, do filme e das cópias. Nas fotografias
dos dentes e de tecidos vizinhos digitais, a cor depende da iluminação, da
expressam melhor o aspecto oral do regulagem das câmeras fotográficas, das
paciente do que folhas de explicações, e impressoras, dos monitores de
auxiliam na caracterização das peças computador e dos projetores de
protéticas. multimídia onde as imagens são
observadas.
A fotografia, quando de boa qualidade,
pode expressar forma, textura, proporção
e interação dos dentes com o restante da

Figuras 5 A-C - A mesma foto com cores diferentes.


*Essa diversidade impede que fotografias possam ser usadas de forma
precisa para tomadas de cor.

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Figuras 5 D-E - A mesma foto com cores diferentes.


*Devido a essa diversidade de cor, as fotos de antes e depois não revelam com segurança a evolução do
clareamento. Nessas devemos incluir escalas de cor na composição da fotografia.

Comunicação com o pacienteErro! Indicador não definido.

O uso de imagens facilita a comunicação agradáveis e viáveis. Além disso,


profissional-paciente, pois permite ao imagens podem ajudar no incentivo e
paciente visualizar as opções possíveis orientação sobre higiene oral, assim
em cada caso, e assim opinar com mais como mostrar o que pode vir a acontecer
consciência a respeito dos caso essas orientações não sejam
procedimentos que lhe forem mais seguidas.

Marketing

Muitos dos tratamentos realizados por trabalhos executados deixadas na


dentistas são feitos em áreas de difícil recepção das clínicas podem fazer com
visualização. Fornecer imagens aos que tratamentos dentários se tornem
pacientes, permitindo que eles objeto de desejo dos clientes, além de
comparem o pré e o pós-operatório, pode aumentarem a confiança nos
transformá-los em defensores do profissionais que os executam. Mostrar
trabalho realizado, pois os próprios fotografias de trabalhos executados em
pacientes normalmente o mostram a conferências, aulas e publicações pode
familiares e amigos, fazendo um abrir novos horizontes à carreira
marketing de maneira simples, sutil e profissional, valendo indicações e
efetiva (Figs. 6 A-C). Fotografias de
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proporcionando novas oportunidades.

Figuras 6 A-C - Evolução de um tratamento restaurador.

A validade jurídica da fotografia digital

As fotografias, juntamente com as Diante do considerável aumento de


radiografias e o prontuário dos pacientes, processos questionando possíveis erros
são documentos importantes em profissionais, não se pode negligenciar na
Odontologia. E essa documentação, documentação dos pacientes. E, no caso
quando satisfatória, serve desde a específico, a fotografia, tanto analógica
identificação de cadáveres à defesa quanto digital, pode ser de grande valia
profissional. perante o Poder Judiciário.
É sabido que, para que uma fotografia negativos ou apresentá-la em slides. No
analógica seja incontroversa (no caso de caso de fotografia digital, esse negativo
prova documental), devem-se juntar aos não existe, nem por isso significa que não
autos do processo os respectivos tenha validade de prova. Ao revés, se a

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parte contrária nos autos de um processo informações digitais. As eleições


não contestar fotografias digitais brasileiras são feitas através de urnas
apresentadas pela outra parte, presume- eletrônicas, e, segundo a Justiça Eleitoral,
se aceitação. a possibilidade de fraude diminuiu com
essa nova tecnologia. O Senado Federal
Muito se discute a respeito da validade
faz uso de votação eletrônica e exibe
da fotografia digital quando comparada à
resultados em painel eletrônico.
dos slides ou das fotos em papel com
seus respectivos negativos. Tal As carteiras de motorista expedidas pelo
questionamento reside na facilidade com DETRAN, que valem como documento de
que as fotografias digitais podem ser identidade em todo o território nacional,
manipuladas. Nesse sentido, o fato de as contêm foto e assinatura do motorista,
imagens estarem em slides ou em que foram digitalizadas e impressas, e,
negativo não significa que também não por fim, o imposto de renda é feito no
podem ser contestadas, pois, caso se computador e enviado pela Internet, e o
queira usar de má-fé, pode-se manipular comprovante é impresso na própria
a imagem digitalmente, fazer uma impressora do contribuinte.
impressão com qualidade fotográfica e
O fato é que o cirurgião-dentista tem que,
fotografar essa imagem com filme
cada vez mais, documentar de forma
analógico para slide ou papel. Esse
correta todos os serviços efetuados em
processo pode passar despercebido ou
seus pacientes. A fotografia,
ser descoberto com o auxílio de peritos;
independente de o modo de captura ser
assim também a manipulação digital.
analógico ou digital, deve estar a seu
Além disso, depois de comprovada a
serviço. Para isso, deve ser capturada,
veracidade das imagens analógicas, não
processada, armazenada e arquivada
há como comprovar a data em que foram
corretamente, juntamente com os
capturadas. No caso de demandas
demais documentos dos pacientes.
judiciais, também não há como afirmar
com segurança que as fotografias foram Um outro dado importante é que a
feitas no início, no meio ou no final do maioria das câmeras fotográficas
tratamento. informa, juntamente com a fotografia, os
dados a ela pertinentes. Essas
As imagens tanto analógicas quanto
informações são perdidas se uma
digitais devem ser levadas em
mínima alteração for executada, sendo
consideração, mesmo podendo ser alvo
possível detectar se a imagem observada
de manipulação, a exemplo do que
foi ou não alterada. Por isso, é
ocorre com testemunhas que prestam
conveniente que as fotografias originais
depoimentos falsos ou mentem em juízo
sempre sejam arquivadas, mesmo que
e nem por isso são descartadas nos
apresentem qualidade ruim e tenha
processos judiciais. Assim, não é a forma
havido necessidade de otimizações para
como se documenta, e sim o caráter das
melhorá-las.
pessoas que pode gerar o mau uso das
possibilidades existentes. A favor do cirurgião-dentista há ainda
câmeras que gravam imagens em
O problema da documentação digital é
formato RAW, o qual, como já descrito,
que se trata de algo novo, e existem
não aceita modificações. Uma imagem
questões a serem elucidadas. Ainda não
em RAW pode ser modificada, mas, para
existe uma legislação que regulamente o
salvá-la, é necessário usar outro formato,
prontuário odontológico digital. Por outro
ficando o RAW intacto. Dessa forma,
lado, o próprio Estado legitima o uso das
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podem-se fazer diversas alterações e através de scanners antes de sua


salvamento, mas a imagem original inserção no restante do texto. Conclui-se,
funciona como um negativo inalterado. pois, que manipulação de resultados
sempre existiu, mesmo antes do advento
Se a questão jurídica ainda assim for
das câmeras digitais e, infelizmente, vai
motivo de preocupação, podem-se inserir
continuar existindo.
as imagens digitais do pré-operatório dos
pacientes em um documento impresso Ainda vale lembrar que, quando se trata
em papel fotográfico, que tem maior de aspectos legais, uma fotografia em
durabilidade, e pedir que o paciente o que uma pessoa pode ser reconhecida
assine, reconhecendo a veracidade do (por exemplo: fotos da face) só pode ser
documento (Anexo A). mostrada com o consentimento do
modelo ou paciente (Anexo B). Em caso
Quanto ao aspecto da confiabilidade no
de menores, o consentimento deve vir
mundo científico, revistas e livros
dos pais ou responsável. Na ausência de
impressos em papel ou divulgados
autorização, deve-se cobrir parte da
através de CD-ROM e Internet utilizam
fotografia (por exemplo: ocultar os olhos
imagens digitais, e, se as fotografias a
em fotografias de rosto). Em partes do
serem mostradas estiverem
corpo pelas quais o modelo não pode ser
originalmente em slides ou em papel,
reconhecido, o consentimento é
provavelmente serão digitalizadas
aconselhável, mas não obrigatório.

PLANEJAMENTO NESSESSARIO PARA TOMADA FOTOGRÁFICA

Para se obter excelência em fotografias Antes de iniciar a seqüência fotográfica


intra e extra-orais, é preciso saber com convém ter em mente as perguntas
que objetivo elas serão feitas, planejar a propostas: Por que e para que fotografar?
seqüência fotográfica e conhecer o Pretendem-se imagens analógicas ou
funcionamento, os recursos e as digitais? Quais os equipamentos e
limitações do equipamento fotográfico acessórios necessários? A iluminação
que irá ser utilizado para capturar das está adequada? Como será o
imagens. armazenamento da imagem? Existe
bateria, filme ou memória suficiente?
As fotografias clínicas devem ser o mais
padronizadas possível. Isso facilita o Planejam-se as imagens que serão
observador na comparação dos capturadas e se observa no visor se a
resultados. A utilização de um mesmo imagem visualizada está satisfatória.
equipamento (corpo, objetiva e fonte de Traça-se o esquema do que se vai
iluminação) facilita a padronização das fotografar. Se for necessário, deve-se
fotografias. Como visto nos capítulos treinar, focando um modelo de gesso ou
anteriores, objetivas com distâncias simulando a seqüência em uma outra
focais diferentes proporcionam pessoa antes de fazê-lo no paciente. O
perspectivas diferentes. A intensidade, a ideal é que a foto não seja feita pelo
direção, a temperatura de cor da luz, as cirurgião-dentista responsável pelo caso
regulagens do equipamento e o clínico, mas, se for, é recomendável que
direcionamento da tomada fotográfica se tomem medidas necessárias de
também alteram o resultado da biossegurança.
fotografia.
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A iluminação no momento da no momento da fotografia. Quando se


composição e focalização é outro ponto utilizam equipamentos com visor ótico
crítico. A boca é uma cavidade difícil de SLR, um dos olhos deve estar o mais
iluminar e a utilização do foco do equipo próximo possível do equipamento, os
odontológico se faz freqüentemente braços devem estar pressionados contra
necessária. Quando a iluminação da a parte superior do corpo e o
fotografia for feita com flash, a luz do equipamento deve ser segurado com a
foco pode trazer superexposição na mão direita no corpo da câmera e a
fotografia, bem como alterar a coloração, esquerda na objetiva. Os braços e pernas
uma vez que os flashes geralmente têm podem apoiar-se nas bordas externas da
temperatura de cor diferente. Alguns cadeira para proporcionar mais
flashes vêm equipados com luzes estabilidade e firmeza ao fotógrafo. Se a
contínuas, que podem ser ligadas para visualização for feita por visor LCD, a
facilitar a composição e a focalização. câmera deve estar mais afastada dos
Essas luzes se apagam no momento da olhos, tentando- se obter o máximo de
fotografia. Isso é o ideal. equilíbrio e firmeza.
Quando se opta por fotografar sem flash, Equipamentos, acessórios e pacientes
tem-se que iluminar bem o assunto a ser prontos iniciam-se então as tomadas
fotografado e regular o equipamento fotográficas, considerando-se sempre os
para a luz ambiente, já que a iluminação princípios básicos de enquadramento,
utilizada para compor a fotografia será iluminação e focalização, e o fato de que
também utilizada no momento da uma imagem é constituída de motivo
captura da imagem. principal e de diversas informações que
podem valorizar ou não a composição da
Algumas fotografias possivelmente serão
fotografia. O motivo principal deve estar
feitas na consulta inicial, e a confiança e
em evidência, ficando, dentro do possível,
cumplicidade tão importantes no
perpendicular à objetiva, de modo a
tratamento odontológico devem começar
evitar desníveis do plano a ser
no primeiro momento e se solidificar a
fotografado.
cada procedimento, inclusive no ato de
fotografar. A preparação psicológica do Uma forma simples de compor a imagem
paciente deve ser levada em é posicionar o assunto a ser fotografado
consideração. A cavidade oral faz parte no centro e as demais imagens
da intimidade do ser humano e nem perifericamente a ele. Para se padronizar
todos ficam à vontade para expô-la em as tomadas fotográficas, mantêm-se a
fotografias. mesma posição da câmera em relação
ao assunto, fazendo todas as fotografias
É preciso tentar manter o paciente
a uma mesma distância. Para isso, faz-se
tranqüilo e instruí-lo a respeito do porquê
a foto inicial e não se mexe nas
da fotografia: se a imagem vai ficar
regulagens ou na focalização da câmera
arquivada ou se vai ser exposta em
(se essa possuir foco manual, deve-se
palestras ou publicações. No caso de
utilizá-lo). Isso, além de padronizar a
possíveis exposições, principalmente se o
seqüência fotográfica, facilita e deixa
paciente puder ser reconhecido nas
mais dinâmico o ato de fotografar, pois
imagens, o ideal é obter autorização por
basta posicionar a câmera como na foto
escrito (Anexo B).
inicial e utilizar o visor com o intuito de
O posicionamento do fotógrafo deve ser refinar a composição e a focalização,
tal que lhe permita sentir-se confortável chegando a câmera para frente e para
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trás, para um lado e para o outro. Isso Placas bacterianas e cálculos salivares
propicia fotografar o assunto sempre da devem ser removidos, a não ser que
mesma distância, resultando em fotos sejam o objeto da fotografia. Por fim, é
com a mesma magnitude e exposição. importante manter-se tranqüilo e
pressionar o disparador de forma lenta e
Recomenda-se atenção para qualquer
suave
imperfeição, pois, por menor que seja, é
evidenciada nas fotografias (nariz, saliva,
dedos... dão um efeito ruim às imagens).
.

PADRONIZAÇÃO DAS TOMADAS EXTRA- ORAIS

As tomadas fotográficas extra-orais são aproximadamente 1x1.5 (4x6, 6x9,


de composição e técnica simples, 10x15...). Sua composição deve incluir o
contudo, se a iluminação, as objetivas e o rosto, a face, o pescoço e parte do tórax
posicionamento do fotógrafo e do do modelo. O fundo deve ser de uma
paciente não forem corretos, essas única cor e, de preferência clara.
tomadas podem ficar com seu resultado
Para estas tomadas fotográficas, o
final comprometido. O ideal é utilizar
paciente deve estar em posição
objetivas com distância focal em torno de
confortável, olhando para frente, em
100mm (ou equivalente). Caso se
máxima inter-cuspidação habitual (MIH).
utilizem objetivas zoom, o ideal é ficar a
Pode-se fazer tomadas da face (perfil) ou
uma distância de aproximadamente
do rosto (frente sorrindo, frente com o
1,50m do paciente a ser fotografado e
lábio em repouso, e com os lábios
enquadrar o assunto (rosto ou face),
tencionados para mantê-los fechados). A
ajustando-se o zoom. Objetivas com
cabeça deve estar posicionada de forma
distâncias focais curtas tendem a abaular
que o plano órbito-meático ou plano
as margens, causando distorções (Figs. 7-
horizontal de Frankfurt (que passa pelo
8-9); distâncias focais muito longas
trágus direito e esquerdo e pelo ponto
dificultam a fotografia, devido ao fato do
mais baixo na margem da órbita
fotógrafo ter que ficar muito longe do
esquerda) esteja paralelo ao solo e às
modelo.
margens superior e inferior da fotografia.
As fotografias de rosto e face devem ser As orelhas devem estar descobertas
exibidas na vertical, na proporção de (Figs. 10 A-C, 11 A-C e 12 A-D).

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Figuras 7-8-9 - Objetivas de diferentes distâncias focais capturando os mesmos assuntos


(foto frontal de um rosto e de uma arcada).
*Quanto menor a distância focal mais próximo deve-se estar do assunto
e maior a possibilidade de distorções.
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Figura 10 A - Posicionamento ideal da cabeça em relação ao solo e da câmera


fotográfica em relação ao paciente para foto frontal.

Figura 10 C - Relação da objetiva com os planos de


Figura 10 B - Fotografia frontal.
Frankfurt e Sagital Mediano

Figura 11 A - Posicionamento ideal da cabeça em relação ao solo e da câmera fotográfica em relação ao


paciente para foto de perfil.

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Figura 11 C - Relação da objetiva com o plano de


Figura 11 B - Fotografia de perfil.
Frankfurt.

Figuras 12 A-D - Diferentes posicionamentos da cabeça em relação ao solo, e as alterações provocadas no


padrão facial. *Note que, do ponto de vista estético, a figura 12 B - está melhor, mas o posicionamento da
cabeça da figura 12C é o que está correto, pois o plano de Frankfurt está na horizontal.

Nas fotografias de rosto (frente), o fotografia. A câmera deve estar situada


paciente deve fixar os olhos na porção de forma que, se o plano horizontal de
superior da câmera; o plano sagital Frankfurt e o plano sagital mediano
mediano deve ficar perpendicular ao solo forem estendidos, a objetiva seria
e paralelo às margens verticais da
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dividida em quatro (Figs. 10 A-C). cabeça não é necessária na composição


(Figs. 11 A-C).
Em fotografias de face (perfil), o paciente
deve estar de lado, levemente virado Nas fotografias extra-orais, pode-se
para a câmera, de maneira que se utilizar iluminação ambiente e diversos
visualizem os cílios do lado oposto ao que modos de exposição, mas, do ponto de
está sendo fotografado, o que vista da padronização, o melhor é utilizar
proporciona um melhor contorno da face. flash e o modo de exposição manual (M).
O plano sagital mediano deve estar A preferência é pelo flash de ponto,
perpendicular ao solo, e a câmera deve embutido ou externo. Os flashes
estar posicionada de modo que, se o circulares podem ser utilizados, mas não
plano de Frankfurt for estendido, chegará proporcionam um bom padrão de sombra
até ela. O foco deve ser feito em um dos (Fig. 13 A-C).
olhos do paciente. A região posterior da

Figuras 13 A-C- Fotografias com diferentes propostas de sombra.


Na fotografia 13 A, a iluminação obtida através de flash de ponto com a luz vindo de frente e do
lado do nariz do modelo, proporciona sombra suave na face e na parte posterior da cabeça. Na
fotografia 13B, a iluminação obtida através de flash de ponto, com a luz vinda de frente e do lado
da nuca do modelo, acarreta sombra na parte anterior da face. Na fotografia 13C, a iluminação
feita com flash circular acarreta sombras parciais ao redor de todo o modelo,
sem sombras aparentes na face.

Nas fotografias frontais, a luz do flash escondida atrás do modelo (Fig. 14 A).
deve vir logo acima da objetiva (posição Caso a iluminação venha de baixo,
12h). Essa luz propicia sombras suaves e ocorrerão sombras na porção superior da
uniformes na face do modelo, o que cabeça; se vier lateralmente, ocorrerão
ressalta os detalhes e deixa a sombra do sombras unilaterais na face e no fundo
fundo ficar quase que totalmente (Figs. 14 B-C).

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Figura 14 A - Fotografia frontal com flash de


ponto na posição 12h.

*Nesta a luz vem de cima, proporcionando


uma iluminação similar nos dois lados da
face, o que é o ideal para essa tomada. Em
caso de se utilizarem flashes embutidos,
muitas vezes para se obter essa iluminação
tem que se fotografar na posição horizontal
e fazer recortes das partes laterais.

Figuras 14 B-C - Fotos frontais com flash de ponto na posição 9h e 3h.


*Nestas a luz vem lateralmente, proporcionando uma iluminação não uniforme nos dois lados da face,
o que acarreta uma percepção de assimetria.

Nas fotografias laterais, a iluminação trás da cabeça e podem ser cortadas da


deve vir obliquamente, de frente, com o fotografia no momento da composição
flash voltado para o nariz. Isso gera uma (Fig. 15 A). Em fotografias digitais, o
fotografia com um contorno agradável, corte pode ser dado com o auxílio de
as sombras do fundo ficam do lado de programas de edição. Caso a iluminação
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venha lateralmente, mas do lado oposto 15 B). Caso a luz venha de cima, a
ao do nariz, o contorno anterior da face sombra aparecerá na porção inferior da
fica prejudicado, as sombras do fundo face (Fig. 15 C). Se vier de baixo, a
ficam na porção frontal do rosto e a linha sombra projeta-se na porção superior da
naso-labial fica muito pronunciada (Fig. cabeça (Figs. 15 D).

Para as fotos de rosto em 45 graus, a em uma posição intermediária entre a


técnica de iluminação é semelhante à da foto de frente e a de perfil, ressaltando o
fotografia de perfil, o que muda é o zigomático (Fig.16).
posicionamento do paciente. Esse fica

Figura 16 - Fotografia de face em 45 graus.

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Para todas as fotos de rosto e face, pode- elimina as sombras de fundo, mas as
se utilizar flash de pouca potência, ligado regras para a iluminação principal
à fotocélula, com o intuito de iluminar a continuam as mesmas (Esquema 1).
parede de fundo da fotografia, o que

Esquema 1 - Representação da utilização de flashes auxiliares, com fotocélula,


para eliminar as sombras do fundo.

Fotografias de sorriso

Com a valorização da estética, as fotos se lançar mão de diferentes composições


de sorriso têm sido largamente utilizadas e posicionamentos para essas tomadas
em quase todas as especialidades. Pode- fotográficas (Figs. 17-18).

Figura 17 - Sorriso frontal.

Figuras 18 A-E - Sorrisos laterais


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Masioli, MA; Masioli, DLC; Damazio, WQ

Uma tomada frontal é a forma mais posicionamento do paciente não precisa


clássica de se fotografar sorrisos (Fig. ser padronizado, desde que a câmera
17). Nessa tomada, o enquadramento esteja colocada de tal forma que, caso o
deve ser horizontal, e a iluminação pode plano sagital mediano e o plano oclusal
ser feita com flash circular ou de ponto, sejam estendidos, esses planos dividam
seguindo-se as mesmas regras que as a objetiva em quatro partes iguais (Fig.
das fotografias frontais. O 19).

Figura 19 - Posicionamento do fotógrafo para fotografia de sorriso frontal.

Pode-se ainda fazer tomadas fotográficas documentação fotográfica, facilitando


de sorriso lateral, sorriso oblíquo ou com comparações entre pré e pós-operatorio
outras composições e direcionamento, (Figs. 20 e 18 A-E).
ilustrando e enriquecendo a
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Figura 20 - Posicionamento do fotógrafo para fotografia de sorriso lateral.

Acessórios necessários para as tomadas intra-orais

Espelhos

Os espelhos intra-orais possibilitam qual devera ser corrigida no computador


fotografias indiretas, melhorando o durante a edição.
enquadramento e a profundidade de Os espelhos estão disponíveis em vidro
campo de algumas tomadas fotográficas, ou metal e em diversos formatos e
pois quando bem utilizados, permitem tamanhos, cada um específico para
que o assunto se posicione à objetiva determinada tomada fotográfica (Figs. 21
(paralela ao corpo). A-E). Os espelhos de metal são uma boa
Quando se utiliza o espelho, o assunto é opção. Espelhos de vidro têm o
fotografado de forma indireta. Apenas a inconveniente de fraturar-se e, se não
imagem refletida deve ser fotografada, e forem de boa qualidade, podem gerar
não o assunto propriamente dito. O ideal imagens duplas, dando a sensação de
é que a imagem refletida no espelho seja estarem tremidas. Espelhos clínicos
perpendicular a objetiva (paralela ao também podem ser utilizados, mas
corpo). A angulação e a posição do costumam gerar imagens duplas.
espelho devem ser mudadas até atingir a Para evitar embaçamento do espelho,
composição desejada. O espelho deve ser utilizam-se líquidos antiembaçantes,
seguro de tal forma que os dedos não instruindo-se o paciente a inspirar pela
apareçam na fotografia. A imagem boca e expirar pelo nariz. Fazer o uso de
formada no espelho estará invertida, a sugadores e jatos de ar também ajuda a
manter o espelho livre de embaçamento.
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Figuras 21 A-E - Espelhos para fotografias intra-orais.


*Os espelhos mostrados nas figuras 21A-C são usados para fotografias oclusais; os mostrados nas
figuras 21 D-E são usados para fotografias laterais, oclusais parciais e de assuntos aproximados.

Afastadores

Os afastadores são utilizados para retrair Podem ainda ser recortados, ajustando-
os lábios e bochechas, melhorando o se para determinadas tomadas. Cada
acesso à cavidade oral e permitindo modelo proporciona melhores resultados
melhor visualização e iluminação das em determinadas situações, dependendo
áreas a serem fotografadas. do tamanho e das características da boca
a ser fotografada. Devido a isso, o ideal é
Os afastadores podem ter formatos
possuir mais de um par de afastadores,
diversos. Podem ser únicos, duplos
de tamanho e forma variáveis (Figs. 22 A-
arredondados ou em forma de “V”.
E).

Figura 22 A - Afastadores unilaterais arredondados.

Figura 22 B - Afastadores em V, unilaterais, em diferentes tamanhos.

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Masioli, MA; Masioli, DLC; Damazio, WQ

Figura 22 C - Afastador colorido.

Figura 22 D - Afastadores duplos em Figura 22 E - Afastadores recortados.


diferentes tamanhos.

*Ideais para fotografias oclusais, pois o recorte facilita a sua utilização simultânea com o espelho.

Os afastadores devem ser posicionados, depende do tamanho da boca, da


inicialmente, no lábio inferior e, em tonicidade dos lábios, das bochechas e
seguida, no superior. Convém que os da área da cavidade oral a ser
lábios estejam relaxados e que se tome fotografada. Afastadores de tamanho
cuidado para não ferir o paciente ou reduzido não impedem que os lábios
causar-lhe desconforto. Uma opção é que caiam sobre os dentes, prejudicando a
o próprio paciente seja instruído a composição da fotografia. Afastadores
segurar os afastadores, dosando a força grandes demais podem trazer
para que esses permaneçam desconforto ao paciente.
confortáveis.
Os afastadores de plástico transparente
Na escolha dos afastadores, alguns são os mais indicados, pois não
fatores devem ser observados: a produzem reflexos e não contrastam com
dimensão, o material, a coloração e o a cor dos tecidos fotografados.
formato. A dimensão dos afastadores Afastadores auto-expansíveis de metal
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Masioli, MA; Masioli, DLC; Damazio, WQ

proporcionam bons resultados, porém, Espátulas ou espelhos clínicos são


alguns deles podem refletir a luz, utilizados com o intuito de afastar a
causando brilhos indesejáveis, que língua; gazes são usadas para segurar ou
prejudicam a imagem. limpar tecidos de interesse da fotografia.

Plano de fundo

Dispositivos de papel ou plástico podem em diversas formas e tamanhos,


funcionar como plano de fundo para devendo ser descartados logo após sua
fotografia clínica com o objetivo de utilização. Várias cores de fundo podem
enfatizar o motivo principal e eliminar ser utilizadas, embora o preto seja a que
estruturas indesejáveis. Esses proporciona os melhores resultados (Figs.
dispositivos podem ser confeccionados 23 A-E).
com cartolinas ou plásticos sem brilho e

Figuras 23 A-E - Diferentes cores de fundo.


*Estas proporcionam diferentes composições da fotografia e ressaltam o assunto principal.

Para todos os equipamentos e acessórios nas partes da câmera que são tocadas
utilizados, devem-se tomar precauções pelo fotógrafo, deixando livre a parte
para reduzir a possibilidade de infecção frontal da objetiva. Essa proteção deve
cruzada. Pode-se utilizar “filme” de PVC ser trocada a cada paciente (Figs.24 A-B).

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Figuras 24 A-B - Câmeras fotográficas envoltas com filmes de PVC


nos locais a serem tocados pelo fotógrafo.
*Essa manobra diminui a possibilidade de infecção cruzada.

PADRONIZAÇÃO DAS TOMADAS FOTOGRAFICAS INTRA-ORAIS

Fotografias Frontais

A tomada fotográfica intra–oral frontal fossem estendidos, cortariam a objetiva


abrange uma visão geral dos dentes de em quatro partes iguais. É preciso que o
ambas as arcadas. As bordas da centro da fotografia coincida com a
fotografia ficam situadas no vestíbulo, o interseção do plano sagital mediano com
fotógrafo deve posicionar-se a frente do o “plano oclusal” (Fig. 25). A iluminação
paciente, com a câmera posicionada de pode ser obtida com flash circular, mas o
tal forma que o plano sagital mediano ideal é utilizar um flash de ponto situado
esteja paralelo às bordas verticais da próximo à objetiva na posição 12h, ou
fotografia, e o “plano oclusal” esteja dois flashes de ponto, um de cada lado
paralelo às bordas horizontais da da objetiva (Figs. 26-27-28).
fotografia, de modo que, se esses planos
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Figura 25 - Posição da objetiva em relação aos planos oclusais e sagital mediano na fotografia frontal.

Figura 26 - Iluminação incorreta para tomada frontal (9 horas);


Figura 27 - Iluminação correta para tomada frontal (12 horas);
Figura 28 - Iluminação incorreta para tomada frontal (3 horas).

A não observação dos detalhes visto Um outro fator importante é sempre


acima pode acarretar falhas de observar a objetiva utilizada, pois, a
interpretação da imagem e utilização de grandes angulares pode
conseqüentemente do da anomalia acarretar distorções (Fig 7 A-C, 8 A-C, 9 A-
apresentada pelo paciente (Fig 29 A-D). C).
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Figuras 29 A-D - Fotografias com e sem sombra.


*Embora feitas no mesmo dia e hora, apresentam diferença de percepção
a respeito do overjet, devido à alteração no ângulo de incidência de luz.
A foto 29 A foi feita com flash circular, o que proporciona, para esta tomada,
uma sombra suave dos dentes da arcada superior sobre os da arcada inferior.
A foto 29 B foi feita com flash de ponto situado abaixo da objetiva (posição 6 h),
o que, para esta tomada, gera uma fotografia totalmente sem sombra.
A foto 29 C foi feita com flash de ponto situado acima (posição 12 h), mas bem
próximo da objetiva, o que, nesta tomada fotográfica, acarreta uma pequena linha
de sombra (a) dos dentes superiores sobre os dentes da arcada inferior.
A foto 29 D foi feita com flash de ponto situado acima (posição 12 h) e afastado da objetiva,
o que, nesta tomada fotográfica, acarreta uma linha de sombra (a) maior que na figura anterior.

Quanto maior o ângulo formado entre a direção da tomada fotográfica


e a da iluminação, maior será a linha de sombra.

Para as fotografias intra-orais frontais para a frente, permitindo o afastamento


utiliza-se um par de afastadores. Esses dos lábios e bochechas, o que possibilita
são puxados suavemente para a lateral e a visualização de todo o corredor bucal,
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além de manter a porção central do lábio afastadores podem ser seguros por um
tencionada para que a mesma não assistente ou pelo próprio paciente (Fig.
apareça na fotografia (Figs. 30 e 31). Os 32 A-B).

Figura 30 - Posicionamento incorreto dos afastadores


para fotografia frontal (para os lados e para trás).

Figura 31 - Posicionamento correto dos afastadores para fotografia frontal


(para os lados e para a frente).

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Figura 32 A - Posicionamento correto do fotógrafo e dos afastadores para fotografias frontais.

Figura 32 B - Esquema mostrando o posicionamento correto dos afastadores e da objetiva em relação


às arcadas.
*Em vermelho, uma projeção do plano oclusal. Em azul, uma projeção do plano sagital mediano.
Nessa tomada, esses planos imaginários devem cortar a objetiva em quatro partes iguais. Entre os
pontilhados brancos, está a área da cobertura fotográfica.

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Fotografias laterais

Existem duas técnicas para fazer lado fotografado e refletir a imagem de


tomadas fotográficas laterais: uma com forma tal que a tomada fotográfica seja
espelho, outra sem. Se a opção for facilitada. Para isso, o espelho deve ser
fotografar com espelho, convém que ele movimentado até que se consiga uma
seja apropriado e esteja posicionado boa composição. Para sustentar os lábios
distalmente ao último dente a ser e a bochecha do lado oposto, utiliza-se
fotografado. O espelho tem como um afastador arredondado, sem
objetivo afastar lábios e bochechas do tencionar os tecidos (Figs. 33 A-B).

Figura 33 A - Posição correta do fotógrafo, do espelho e do afastador para fotos laterais com espelho.
*Nessas tomadas o fotógrafo posiciona-se do lado oposto ao lado fotografado.
Figura 33 B - Esquema mostrando o posicionamento correto do afastador, do espelho e da objetiva em
relação às arcadas para a tomada lateral com espelho.

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É preciso que a imagem dos dentes lado fotografado, mais os incisivos


refletida no espelho esteja perpendicular centrais do lado oposto. O “plano oclusal”
à objetiva (paralela ao corpo da câmera) deve estar paralelo às margens
(Fig. 33 B). As margens horizontais da horizontais da fotografia, dividindo-a em
fotografia devem estar no vestíbulo. O dois lados (superior e inferior) do mesmo
posicionamento das margens verticais tamanho. A focalização pode ser feita no
vai depender da composição, mas o ideal centro da fotografia (Figs. 33 A-B e 34 A-
é que sejam incluídos todos os dentes do B).

Figura 34 A - Fotografia lateral com espelho.


*Nesta, a imagem capturada fica invertida.
Figura 34 B - Fotografia lateral com espelho após otimização (reinversão, giro e corte).

Na fotografia sem espelho, utilizam-se do lado oposto, embora dificilmente se


dois afastadores: um em forma de “V”, consiga com essa técnica fotografar a
situado no lado a ser fotografado, região do segundo e terceiro molares
tencionando-se cuidadosamente os (Fig. 36). Convém que o plano oclusal
lábios e as bochechas para trás; outro esteja paralelo às bordas horizontais da
arredondado, situado no lado oposto sem fotografia, dividindo-a em dois lados
exercer tensão. Os afastadores devem iguais. O ponto de focalização e o centro
suportar os lábios e bochechas. O da fotografia devem ser próximos ao
enquadramento deve abranger todos os canino (Figs. 35 A-B e 36).
dentes do lado fotografado e os incisivos

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Figura 35 A - Posição correta do fotógrafo e dos afastadores para fotos laterais sem espelho.
*Nessas tomadas o fotógrafo posiciona-se do lado a ser fotografado
Figura 35 B - Esquema mostrando o posicionamento correto dos afastadores e da objetiva em relação
às arcadas para a tomada lateral sem espelho.

Figura 36 - Fotografia lateral sem espelho

Para se conseguir uma boa iluminação, eletrônicos de ponto próximos da


pode-se utilizar flashes circulares ou objetiva. Quando a opção for por flashes
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de ponto, estes devem estar situados de forma, têm-se as seguintes posições do


forma que a luz penetre em todo o flash, em relação à objetiva: lateral
cenário fotografado. Para isso, é direita com espelhos 9h, sem espelho 3h;
necessário posicionar o flash sempre lateral esquerda sem espelho 9h, com
voltado para a abertura da cavidade oral espelho 3h.
ou para os incisivos centrais. Dessa

Vista lateral dos dentes anteriores

O objetivo da tomada lateral dos dentes oclusal deve estar paralelo às bordas
anteriores é documentar a quantidade de horizontais da fotografia. A iluminação
overbite e overjet (Fig. 37). Nessa pode ser feita com flash circular ou com
tomada, não há necessidade de flash eletrônico próximo à objetivas (lado
espelhos, e os afastadores são direito 3 h, lado esquerdo 9h), para que
tencionados para trás mantendo livre a não ocorram sombras das bochechas
região de pré-molares, canino e incisivos sobre os elementos dentais.
que vão compor a fotografia. O plano

Figura 37- Fotografia lateral dos anteriores.


*Útil para a avaliação de overjet.

Fotografias Oclusais

Essa tomada fotográfica consiste em fotografar apenas a imagem dos dentes


capturar imagem das oclusais dos refletida no espelho. A fotografia pode
elementos dentais. Para tal, devem-se ser composta por todo o arco superior,
utilizar afastadores e espelhos e por todo o arco inferior ou por apenas

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parte destes. se pedir ao paciente que mantenha a


língua no palato (Figs. 38 A-B e 39). Caso
Para tomada fotográfica oclusal do arco
a imagem direta dos últimos molares
inferior, o fotógrafo deve estar à frente do
esteja aparecendo, convém afastar
paciente. O espelho deve ser posicionado
levemente o espelho em direção à
distalmente aos últimos molares da
maxila. A iluminação pode ser feita com
mandíbula, com a porção utilizada para
flash circular ou de ponto. Ao se utilizar
reflexão voltada para o arco inferior. A
flash de ponto, este deve estar próximo à
face do espelho que não será utilizada
objetiva, de forma que a luz reflita no
para reflexão (parte superior) deve tocar
espelho e penetre na cavidade oral. Com
os incisivos centrais superiores. Para
isso o flash de ponto ficará na posição
melhorar a estética dessa tomada, pode-
12h.

Figura 38 A - Posicionamento correto do fotógrafo, dos afastadores e do espelho para fotografia


oclusal inferior.

Figura 38 B - Esquema mostrando o posicionamento correto dos afastadores, do espelho e da objetiva


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em relação às arcadas para a tomada oclusal inferior.


*Em preto e branco, a imagem real. Em cores, a imagem refletida a ser fotografada.

Figura 39 - Fotografia oclusal inferior.

Para tomada fotográfica oclusal do arco apareça na fotografia, convém afastar


superior, o fotógrafo pode posicionar-se levemente o espelho em direção à
atrás ou à frente do paciente. O espelho mandíbula. A iluminação pode ser feita
deve ser posicionado distalmente ao com flash circular ou de ponto. Ao se
último molar da maxila, com a porção utilizar flash de ponto, esse deve estar
utilizada para reflexão voltada para o próximo à objetiva, de forma que a luz
arco superior. A face do espelho que não reflita no espelho e penetre na cavidade
será utilizada para reflexão (parte oral. Com isso, o flash de ponto ficará na
inferior) deve tocar os incisivos centrais posição 12h, se o fotógrafo estiver atrás
inferiores (Figs. 40 A-B e 41). Caso a do paciente, e em posição 6h, se o
imagem direta dos últimos molares fotógrafo estiver à frente.

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Figura 40 A - Posicionamento correto do fotógrafo, dos afastadores e do espelho


para fotografia oclusal superior.
Figura 40 B - Esquema mostrando o posicionamento correto dos afastadores, do espelho e da objetiva
em relação às arcadas para a tomada oclusal superior.
*Em preto e branco, a imagem real. Em cores, a imagem refletida a ser fotografada.
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Figura 41 - Fotografia oclusal superior.

Em todas as tomadas oclusais, é preciso linha imaginária, que passa pelos


que a objetiva esteja o mais segundos pré-molares (Figs. 42 e 43). O
perpendicular possível à imagem do foco deve estar no plano oclusal. O
plano oclusal refletida no espelho (Figs. embasamento do espelho é evitado,
38 B e 40 B). No enquadramento, tenta- pedindo-se ao paciente que inspire pela
se incluir todos os dentes da arcada. boca e expire pelo nariz; jatos de ar da
Porém, nem sempre se consegue fazer seringa tríplice ou sugadores próximos ao
com que os últimos molares façam parte espelho também podem ser usados para
da composição. O ponto central da tal. As imagens devem ser reinvertidas,
imagem geralmente coincide com a pois o espelho as inverte (Figs. 42-43).
interseção do plano sagital com uma

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Figura 42 - Fotografia oclusal inferior após otimização (inversão e recorte).

Figura 43 - Fotografia oclusal superior após otimização (inversão e recorte).

REFERÊNCIAS

1 Bastos GK A fotografia digital na ortodontia. São Paulo: ED. Santos; 2004.


2 Brasil. Presidência da República. Medida provisória n.º 2.200-2, de 24 de agosto de 2001.
Institui a infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP – Brasil, transforma o Instituto
Nacional de Tecnologia da Informação em autarquia, e dá outras providências. Disponível em:
http://www.senado.gov.br Acesso em: 17 jul. 2004.
3 Leão JC. Porter, S. R. Telediagnosis de doença oral. Braz Dent J, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 1-60;
1999.
4 Masioli MA. Fotografia Odontológica. 1 rd ed. Vitoria; 2005.
5 Masioli MA. Fotografia clinica - parte I. Rev Dental Press Estet, v. 2, n. 3, p. 122-129; 2005.
6 Masioli MA; Cunha DL; Masioli M. Fotografia clinica - parte II. Rev Dental Press Estet, v. 2, n. 4,
p. 117-131; 2005.
7 Pereira CB; Correa MW. Conclusões: imagens na ortodontia padrão SPO. Ortodontia, São Paulo,
n. 61, jan. /abr. 2000. disponível em: http://www.pampanet.com.br/cleber/padrao.html.
Acesso em: 26 ago. 2003.
8 Thiago T. Equipamento fotográfico: teória e prática. 2 ed. ver. ampl. São Paulo: Senac São
Paulo; 2003.
9 The American Board Of Orthodontics. Padronização de imagens para a orthodontia. Disponível
em: http://www.pampanet.com.br/cleber/padrao.html. Acesso em: 10 ago.2003.
10 Rob Galbraith Digital Photography Insights. Photokina report: part 1. Disponivel em:
http://www.robgalbraith.com. Acesso em: 21 ago. 2003.

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