Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
org/active/37856
Uma das protagonistas dessa ação foi Gloria Muñoz Ramírez, jornalista que
acompanha o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN)desde seu
levante em 1994, no estado de Chiapas. Gloria segue militando na contra-
informação. Seu mais novo projeto é dirigir a revista mensal Desinformémonos.
Esse ciberespaço, ainda que criado pela elite, tem servido de ferramenta,
vínculo e ponte para os setores da base nos últimos quinze anos. As lutas e a
resistência dos povos campesinos e indígenas, dos migrantes, trabalhadores,
estudantes, jovens e um longo etcétera, transitam pela rede produzindo
identificações onde menos se esperava, isso apesar do acesso à internet ainda
estar longe de ser uma realidade, ao menos nos países do chamado Terceiro
Mundo. Mas isso não é necessariamente uma carência. Provavelmente não
necessitam dessa “conexão”. O que desejamos com Desinformémonos é
aproveitar esse espaço virtual, não apenas por falta de recursos para nascer
em papel, como gostaríamos, mas porque reconhecemos nesse meio uma
alternativa para conhecer o outro, a outra, suas histórias e tragédias, de um
lado ao outro do planeta. Desejamos, como diria o mestre do jornalismo [bielo-
russo] Ryszard Kapuscinski, “converter-nos imediatamente, desde o primeiro
momento, em parte de seus destinos”. Afinal, somos os mesmos, as mesmas.
E estamos na mesma situação. Entretanto, a internet, ao menos no México e
em muitos países da América Latina, não é um meio acessível para toda a
população. Nas áreas rurais e nos bairros de periferia, as pessoas não estão
conectadas à rede. Essa é a razão, creio, de que o principal meio de
comunicação popular, por excelência, continua sendo o rádio e de que, até
agora, não haja espaço para se substituir a comunicação alternativa em papel.
Insisto que estou falando do mundo dos de baixo.
Nas revoltas de Oaxaca, a tomada das rádios foi a primeira ação dos
movimentos mobilizados. O que isso pode significar?