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No entanto, a concepção de avaliação varia entre os autores mais influentes na área. Para
Hoffman (2015), avaliação refere-se a um conjunto de procedimentos didáticos que se
estendem por um longo tempo e em vários espaços escolares, de caráter processual e
visando, sempre, à melhoria do objeto avaliado.
A avaliação existe para que se conheça o que o aluno já aprendeu e o que ele ainda não
aprendeu, para que se providenciem os meios para que ele aprenda o necessário para a
continuidade dos estudos. Cada aluno tem o direito de aprender e de continuar seus estudos.
A avaliação é vista, então, como uma grande aliada do aluno e do professor. Não se avalia
para atribuir nota, conceito ou menção. Avalia-se para promover a aprendizagem do aluno.
Enquanto o trabalho se desenvolve, a avaliação também é feita. Aprendizagem e avaliação
andam de mãos dadas – a avaliação sempre ajudando a aprendizagem.
Freitas et al. (2014) concorda ao afirmar que um dos equívocos dos manuais de
didática é situar a avaliação como uma atividade formal que ocorre no final do processo
de ensino-aprendizagem. Para esse autor, essa trata-se de uma visão linear, onde ocorre
primeiro a aprendizagem e em seguida a verificação da mesma. No entanto, se no ponto
de vista das aparências ocorre dessa forma, do ponto de vista processual esta perspectiva
mostra-se incompleta.
Essa prática escolar sugere o que Luckesi (2005) chama de prática do exame.
Segundo o autor, por operar com recursos de aprovação/reprovação, essa prática conduz,
obrigatoriamente, à política da reprovação que tem se manifestado como o mais
consistente álibi para o fracasso escolar. Para o autor, trabalhar com avaliação requer uma
abordagem complexa da realidade, o que significa que a má qualidade de ensino implica
no educador e no seu papel; na escola com todos os seus determinantes econômicos,
físicos, culturais e administrativos; e nas políticas públicas oficiais sobre a educação no
país.
Diante das diversas concepções de avaliação, Hoffman (2015) destaca-se por dar
um olhar mais atento à avaliação no segmento da Educação Infantil. Para a autora:
Segundo Brandão (2010), um aspecto que deve ser ressaltado nesse artigo é
justamente a proibição do uso dos resultados de qualquer tipo de avaliação, mesmo as
baseadas no “acompanhamento e registro” da criança, que possam de alguma maneira
restringir o acesso da criança à primeira série do ensino fundamental, afirmando que tais
avaliações não possuem o objetivo de promoção. O autor lembra que o acesso a qualquer
série do ensino fundamental é, como afirma o caput do art. 5º da LDB, “direito público
subjetivo” ou, em outras palavras, um direito inalienável de toda e qualquer criança.
Essas medidas são louváveis uma vez que a partir dos anos 70, como forma de
responder às exigências de famílias que queriam um atendimento eficaz para os seus
filhos, o uso dos procedimentos avaliativos crescia nas instituições, principalmente nas
privadas. Não se pode negar que a concepção classificatória de avaliação, de controle e
julgamento, ainda está presente nos diversos níveis de ensino, no entanto, avanços
importantes foram alcançados por escolas e professores nos últimos anos, percebendo-se
os fortes indícios de um fazer intencional e reflexivo no sentido de um processo voltado
ao acompanhamento individual e à promoção de oportunidades significativas de
aprendizagens às crianças. (HOFFMAN, 2015)
Urge que se modifique o enfoque do que seja “educação”. Não se pode mais pensar em
Educação Infantil como sendo um adestramento no qual a criança fica no lugar de
depositário dos conteúdos didáticos pré-estabelecidos, sem a sua efetiva participação no
processo do seu próprio desenvolvimento. (AYRES, 2012, p. 14)
Na concepção de Ayres (2012), as práticas de educação e cuidado à criança
pequena destinam-se a possibilitar a integração entre os aspectos físicos, emocionais,
afetivos, cognitivos-linguísticos e sociais. Entende-se que a criança é um ser completo e
íntegro que aprende a conviver consigo mesmo, com os demais, e com o ambiente, por
meio de um processo gradativo e contínuo.
Hoffman (2015) defende em sua teoria sobre avaliação mediadora uma avaliação
que envolve procedimentos essenciais (não lineares, mas complementares). São eles: uma
observação atenta e individualizada das crianças; uma análise reflexiva das suas
manifestações, possibilidades e interesses; e um planejamento de ações visando oferecer
melhores e diferentes oportunidades de aprendizagem. Ayres (2012) já discutia a
mediação como imprescindível no desenvolvimento da criança, pois na visão da autora,
a criança não aprende por si só, ela aprende essencialmente dos outros e em sua relação
com eles.
Sendo assim, Ayres (2012) afirma que a qualidade dos estímulos a serem
oferecidos a cada criança tem de ser bem pensada para que possam ser estabelecidas
metas prioritárias para o trabalho na Educação Infantil, defendendo, inclusive, a utilização
de uma “Ficha de Avaliação bem elaborada”.
Segundo Ambrósio (2015, p.50) “as formas de registro planejadas pelo professor
permitem perceber sua concepção de ensino-aprendizagem, determinando o processo e o
produto”. Em contrapartida, Hoffman (2015) alerta que não se deve denominar o uso dos
instrumentos como a “avaliação” em si. Apesar de fazerem parte do acompanhamento
das crianças, os pareceres descritivos, fichas, relatórios, dossiês e outras formas de
registros e anotações são apenas instrumentos que integram o processo como ferramenta,
mas só adquirem sentido à medida que auxilia a tornar o próprio acompanhamento e o
fazer pedagógico mais significativos. Muitas instituições, ainda distantes da concepção
de uma avaliação mediadora, estão mais preocupadas em preencher formulários sobre
rotinas, controle de sono, de alimentação e de higiene da criança. Outras, por outro lado,
vivem o perigo do que Hoffman (2015) chama de “exagero” na formalização de processos
avaliativos em outras instituições, cujo objetivo é o de demonstrar às famílias e à
sociedade que o trabalho realizado com crianças é “sério, competente e de qualidade”, no
entanto, a formalização em excesso muitas vezes acaba por desvirtuar o significado
próprio da avaliação.
Diante disso, o uso do portfólio como instrumento de avaliação tem sido cada vez
mais defendido por autores da área de avaliação. (Vilas Boas, 2012; Ambrósio, 2015)
Segundo Villas Boas (2012), o portfólio é um dos procedimentos de avaliação
condizentes com a avaliação formativa.
Percebe-se então que o portfólio é então mais do que uma coleção de trabalhos do
aluno e não apenas uma pasta em que se arquivam os textos, pois a seleção dos trabalhos
é feita por meio de uma autoavaliação crítica e cuidadosa, que envolve julgamento da
qualidade da produção e das estratégias de aprendizagens utilizadas. (VILLAS BOAS,
2012)