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Quando todos já tinham saído do escritório e todos assuntos possíveis haviam sidos discutidos,
Isabele foi ate a adega e tirou de lá um *vinho, pegou também duas taças e ofereceu uma para
mim, eu aceitei e esperei em silencio por qualquer que fosse o assunto a ser tratado, minha irmã
fez questão de prolongar cada segundo antes de falar, mas quando começou só parou para
respirar.
- Eu sei que você ainda sente a morte dela, todos sentimos, mas Jace... não foi você quem
morreu. Você precisa superar.
Eu já tinha ouvido aquele discurso no prazo de *5 anos e não fizera exatamente o efeito
desejado.
- Izzi...
- Não, me deixa terminar. Eu to assistindo você definhar, sozinho. não deixa ninguem se
aproximar.
- Não quero ninguém.
- As pessoas não vivem sozinhas.
- Não estou sozinho, vocês ainda estão aqui, e qualquer coisa eu sempre posso adotar um gato...
gatos são bons, bom... melhores que patos...
- Jace! Você ta delirando.
- Izzi, eu entendo que você está preocupada, mas é sério, eu me sinto ótimo.
- Trancado aqui?
- E não foram você e Alec os responsáveis por essa proeza?
Minha irmã teve a dignidade de parecer culpada, mas logo em seguida desconsiderou meu
comentário com a mão.
- Nós fizemos isso pensando no seu bem estar.
- Me atolar de papelada e trâmites é pensar no meu bem estar?
- Antes você atrás de uma bancada, que se arriscando lá fora.
- Espera! Em que mundo eu vivia que eu achava que era exatamente isso que caçadores faziam?!
- Você me entendeu, sabe muito bem que você nao deixaria passar nenhuma oportunidade de
facilitar sua morte.
Então aí estava, a verdade que tinha sido reprimida por tanto tempo. Isabele me olhava com os
olhos arregalados e o rosto ruborizado, a tempos que eu não a via assim.
- Eu já perdi tanta gente, não queria te perder também.
Algo primitivo do fundo do meu peito, que eu mal lembrava existir se encolheu e eu reprimi a
vontade de abraçar a mulher a minha frente mesmo sabendo que ela odiaria isso.
E me surpreendi ao ser puxado para os braços dela. Sua face tinha trilhas molhadas deixadas
pelas lágrimas derramadas.
- Sinto tanta falta dela, não quero que você se vá.
- Eu também, Izzi, eu também.
***
Aquele dia tinha sido agitado como a muito tempo não era. Do lado de fora das grandes janelas
a luzes de Nova York acendiam a cidade em contraste com a escuridão da noite. A minha frente
ainda tinha uma quantidade infinita de papéis, dos quais eu não tinha mais a pretensão de
trabalhar, o ar antes quente agora esfriava a medida que as horas passavam. Talvez Isabele
estivesse certa, eu precisava de distração, mas eu teria uma?! Que o anjo me ajudasse. Levantei-
me da cadeira, esticando as articulações e músculos, um de cada vez. Caminhei até a porta e
antes de alcançar a maçaneta observei- a suar como um copo de vidro ao entrar em contato com
uma temperatura muito baixa. O frio que eu sentira antes nada tinha haver com a noite, o que
só podia significar uma única coisa. Atividade demoníaca. Coloquei a mão sobre a lâmina
Serafim, observando cada movimento inesperado, me virei devagar fingindo ter esquecido algo.
Olhei para todos os lugares visíveis a olho nu, mas aparentemente estava tudo calmo.
- Pelo Jeito, você é do tipo demônio que gosta de se esconder. Entendi.
E antes que eu pudesse impedir um jarro pequeno voou direto na minha direção, desviei a
centímetros do impacto.
- Ok, vocé quer do jeito difícil.
- Demônio?! Você já me tratou melhor.
Congelei, aquela voz... Aquela voz... não. Deveria ser estratégia da criatura para me
desconcertar, eu não duvidaria, muitos demônios se ultilizavao dos seus mais profundos desejos
para lhe enfraquecer. Meu corpo tremia de raiva, raiva por deixar a mulher que amei se tornar
minha fraqueza, logo ela que me ensinou o poder de amar.
- Jace.
Não, eu não deixaria ele vencer.
- Vou te mandar direto...
- Jace!
E mesmo involuntariamente eu enxerguei sua silhueta na mesa e virei com velocidade naquela
direção, o corpo espectral pulou para longe da minha lâmina. - Espera, corpo espectral? Tinha
algo errado, por quê espectros são....
- Fantasmas!
- Ora veja só, finalmente. Achei que teria que brigar com você até que você percebesse.
- Clary.
Seu corpo pequeno estava sentado nà mesa que a pouco eu quase atingirá, ao redor do seu
espectro tinha um brilho que identificava-a como um ser não pertencente à este mundo, e
iluminava o vermelho dos seus cabelos. Caminhei hesitante até onde ela estava, Clary sorria para
mim.
- É realmente você? - perguntei, ela assentiu. - Como... como é possível?
- Logo você me fazendo essa pergunta?! Você me disse uma vez que Isabele tinha namorado um
fantasma então me diga você a resposta.
Eu estava atônito, não sabia o que fazer, como fazer, quando fazer. Eu não entendia o que estava
acontecendo. Clary pareceu perceber o meu estado e se adiantou em tentar me explicar.
- Me desculpe... eu não deveria ter aparecido assim... eu..
- Você... morreu. Você morreu a anos.
- Jace.
- Mas você está aqui, agora.
E antes que eu pudesse me impedir me vi caminhando mais para perto dela, Clary tinha sua face
manchada com lágrimas. E eu me peguei querendo conforta-lá, dizer que estava tudo bem, mas
não estava. Ela ergueo as mãos na minha direção e eu toquei seus dedos, e logo em seguida
afastei-me assustado, como era possível.
- É possível, requer muito esforço e prática, mas ainda assim é possível de ser feito.
Voltei a toca-lá e era... Tão real, se não fosse aquela áurea amarelada não teria como saber que o
ser a minha frente estava morto. Clary segurou firme a minha mão entre as suas e puxou meu
corpo de encontro ao seu. E então era como se ela nunca tivesse ido, meus braços se encaixaram
no seu corpo pequeno, ela suspirou e se aconchegou ainda mais no meu abraço, e mais uma vez
eu tinha a mulher da minha vida. Clary ainda estava presa no meu aperto quando falou
finalmente, sua voz saiu abafada devido a posição em que se encontrava.
- Jace, eu não posso ficar muito tempo.
Apertei com mais força o seu pequeno corpo, ela tentou se afastar e eu relutante a soltei.
Clary me olhava melancolica.
- Eu ainda estou morta, mas você não. E foi por isso que eu vim até aqui. Jace, eu não planejei
isso, mas aconteceu. E nós não podemos mudar o passado, mas você pode transformar seu
futuro....
- Tem livros de auto-ajuda no céu?!
- Jace! É muito mais doloroso para mim falar isso, mas você precisa me ouvir. Auto-ajuda ou não,
é a realidade. Você precisa seguir em frente.
- Clary...
- Não, espera. Eu não terminei de falar... vamos por as coisas no seu termo. Acha justo que todo
esse pedaço de mal caminho, sejá desperdiçado?! Quantas mulheres não gostariam de ter um
pedacinho de você? Aquela garota mesmo, Mary.