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Adoecimento Psíquico em
Mulheres Portadoras do Vírus
HIV: Um Desafio para a Clínica
Contemporânea

Psychichological Illnes in HIV-infected women:


A challenge for contemporary practice

Joana
Finkelstein Veras

Escola de Saúde
Pública do Rio
Grande do Sul
Artigo

PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2007, 27 (2), 266-275


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PSICOLOGIA CIÊNCIA E
PROFISSÃO, 2007, 27 (2), 266-275

Resumo: Este artigo tem como objetivo aprofundar o entendimento e


promover a reflexão sobre o sofrimento psíquico de mulheres portadoras
do vírus HIV. Tomei como base minha vivência inicial de estagiária e
atual de profissional, atuando em instituições que atendem pacientes
com problemas clínicos infectológicos, entre eles, a infecção pelo vírus
HIV. Sustentei-me em textos psicanalíticos, em estudos recentes sobre a
problemática da Aids e no significado da morte real e simbólica,
considerando a representação social da epidemia e suas repercussões na
subjetividade. Destaquei o adoecimento psíquico das pacientes, expresso
através do sofrimento melancólico, cuja decorrência foi relacionada a
aspectos inconscientes da sexualidade, trazidos à tona frente ao
diagnóstico, à confrontação com o tema da morte e à forma de
subjetivação da sociedade contemporânea.
Palavras-chave: vírus HIV, adoecimento psíquico, melancolia, sexualidade
feminina.

Abstract:This article aims at deepening the understanding and at


promoting reflection on the psychological suffering of HIV-infected
women. As a basis for this work I took my previous experience as a
trainee and my current experience as a professional at institutions that
take care of patients with clinical infectious conditions – among them,
the infection due to HIV. Texts on psychoanalysis were my cornerstone,
as well as current studies on the issue of HIV and on the meaning of the
real and symbolic death. The social representation on the epidemic and
its effects on subjectiveness have also been considered. I underscored
the patients’ psychological illness expressed through melancholic suffering
– the last regarded - as related to the unconscious aspects of sexuality -
brought up by the confrontation with the diagnosis, with the subject of
death and with the subjective patterns of contemporary society.
Key words: HIV infection, psychological illness, melancholy, women’s
sexuality.

O interesse por escrever sobre este tema Embora cada pessoa tenha sua singularidade e
partiu de diversos questionamentos e reflexões dê significado à presença do vírus em seu corpo
que foram surgindo a partir da escuta de de acordo com a mesma, muitos dos conflitos
pacientes, principalmente mulheres, que manifestos nos relatos evidenciam questões em
convivem com o vírus HIV. Tenho contato com comum, principalmente no que se refere à
as mesmas desde a época em que realizei os confrontação com o tema da morte e aos
estágios curriculares da graduação, em sentimentos descritos pela vivência de ter o
Psicologia clínica e comunitária. Atualmente, vírus da Aids, muito freqüentemente
já formada, trabalho em outra instituição de relacionados a características de estados
saúde que também atende mulheres na melancólicos. Tristeza profunda, sentimentos
mesma condição. de vazio, auto-estima muito baixa,
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Adoecimento Psíquico em Mulheres Portadoras do Vírus HIV: Um Desafio para a Clínica Contemporânea

recriminações pessoais e relatos ligados à nesse sentido. Atualmente, 100% das pessoas
ambivalência em relação ao desejo de continuar que preenchem os critérios estabelecidos pelo
vivendo foram alguns dos conteúdos que mais Ministério da Saúde têm acesso ao tratamento
apareceram nos atendimentos, trazendo o (consultas e medicamentos necessários) através
levantamento de algumas questões. do capital destinado ao Sistema Único de Saúde
Pode-se dizer que a Aids é uma condição de (SUS). Isso possibilitou qualidade de vida aos
enfermidade crônica, uma síndrome controlável indivíduos portadores do HIV e aos doentes de
a partir de um tratamento de relativo fácil acesso Aids (COORDENAÇÃO NACIONAL DE DST/
por parte da população. Embora se saiba que AIDS, 2005).
toda doença vem acompanhada de perdas e
Sexo e drogas desperte angústias frente à condição a ser vivida A representação social da Aids ainda continua
continuam sendo
e aceita, chamou-me a atenção a intensidade muito carregada de preconceitos. Inicialmente,
temas tabus na
contemporaneidade com que apareceram os conteúdos trazidos falava-se na existência de grupos de risco (Lima,
e, psiquicamente, pelas mulheres atendidas, como se a vida se Kiffer, Uip, et al., 1996), em que seus supostos
o peso de
resumisse ao fato de ser soropositiva. componentes seriam “promíscuos ou doentes”,
carregar o estigma
de promíscuo é Considerando essa experiência de escuta, o que tornava a Aids uma doença do outro.
devastador, pois discuti, neste artigo, o sofrimento psíquico de Essa negação influenciou a dimensão que tomou
leva à mulheres portadoras do vírus HIV. Não tive a a epidemia, pois, ao invés de prevenção, o que
confrontação com
aspectos intenção de trazer respostas conclusivas. se fazia era segregação, como se os ditos grupos
inconscientes da Busquei aprofundar o entendimento e de risco não pudessem ter contato com os ditos
sexualidade, com promover a reflexão sobre alguns aspectos grupos sem risco. Atualmente, o peso dessas
a castração, a
proibição, inconscientes ligados a essa condição. Baseada crenças continua a repercutir, embora as
questões narcísicas na teoria psicanalítica, em estudos sobre a informações em relação ao tema estejam mais
que, se não forem morte, na representação social da Aids e da claras. Sexo e drogas continuam sendo temas
elaboradas,
poderão aprisionar
subjetividade feminina nos tempos atuais, tabus na contemporaneidade e, psiquicamente,
o sujeito num procurei destacar que a realidade do HIV se o peso de carregar o estigma de promíscuo é
sofrimento sem fim. coloca como um desafio na clínica devastador, pois leva à confrontação com
contemporânea. aspectos inconscientes da sexualidade, com a
castração, a proibição, questões narcísicas que,
Contextualização social da Aids se não forem elaboradas, poderão aprisionar o
sujeito num sofrimento sem fim.
Desde seu surgimento, a epidemia da Aids tem
passado por várias transformações. Deixando Sobre o HIV e suas
de lado o status de doença relacionada a repercussões psíquicas
determinados comportamentos de risco, a
relação heterossexual, atualmente, é uma das Em relação à questão da morte, parece evidente
formas mais importantes da transmissão do HIV. que um diagnóstico positivo para o vírus HIV
O número de mulheres em idade fértil evoque esse tipo de fantasias e pensamentos;
infectadas pelo vírus representou 85,5% dos afinal, além de a Aids ser uma epidemia
casos de Aids na população feminina no período mundial que já dizimou muita gente, seu
1980 - 2002 (COORDENAÇÃO NACIONAL significado passa por outro tipo de morte: a
DE DST/AIDS, 2005). psíquica. Os acontecimentos que marcaram a
história da epidemia evocam a morte, vivência
Ao mesmo tempo, houve também uma que o sujeito desconhece, ou conhece através
significativa mudança no tratamento oferecido da experiência do outro, não sendo um registro
à população portadora do vírus, tornando o do que se passou consigo mesmo. Freud (1915/
Brasil um dos países de referência mundial 1988), em seu texto sobre a morte, colocou

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que “é impossível imaginar nossa própria morte, que ocorrerá iminentemente, tirando-lhes a
e, sempre que tentamos fazê-lo, podemos possibilidade de cuidar dos filhos, os quais
perceber que ainda estamos presentes como aparecem como o maior motivo para a
espectadores” (p.327). Dessa forma, pode-se continuidade da vida: “eu só não tiro a vida por
dizer que a angústia presente nos pacientes causa deles, porque sei que ninguém vai cuidar
soropositivos também tem relação com essa deles melhor do que eu.” Uma gestante que
confrontação com o desconhecido, que se não se tratava antes da gravidez e tinha suas
mostra de forma antecipada durante a vida e defesas (CD4) num nível muito baixo, afirma:
que, quando for conhecido, não terá “foi com a gravidez que eu tive força para me
seguimento. Por isso é que Freud coloca que tratar, ela veio para me acordar.” Percebe-se
nunca estaremos suficientemente prontos para nisso uma complementar contradição, vida e
aceitar a morte. No inconsciente, estamos morte convivendo juntas. A morte, na presença
convencidos de nossa imortalidade, pois do HIV, e a vida, na capacidade de procriar e
vivemos na impossibilidade de pensar e de falar cuidar, aparecendo como a prova de que se
sobre uma experiência pela qual nunca pode viver e dar vida mesmo com a sombra da
passamos, colocando-nos frente a nossas morte. A esse respeito, Cotovio (1992) afirma
limitações, o que desafia nossa onipotência. que o paradoxo vida e morte que passa a fazer
“eu só não tiro a
parte da vivência das mulheres que convivem
Parece que surge aqui uma ironia, um impasse, vida por causa
com o HIV gera enorme angústia: “a deles, porque sei
já que, como terapeutas, supõe-se que
representação da mãe, enquanto mulher que que ninguém vai
devamos trabalhar as perdas dos pacientes, cuidar deles
dá a vida, opõe-se àquela de mulher perigosa”
independentemente de as termos vivido ou melhor do que
(p.260). Essas duas representações coabitam eu.” Uma
não. Entendo a afirmação do autor no sentido
no inconsciente, e a doadora de vida pode gestante que não
de que, em vida, nunca estaremos prontos o se tratava antes
transformar-se em doadora de morte.
suficiente para falar sobre a morte, já que não da gravidez e
temos registros pessoais dessa experiência, e, tinha suas defesas
Como já mencionado, sabe-se que um (CD4) num nível
no momento em que a vivenciarmos,
diagnóstico reagente para o vírus HIV e mesmo muito baixo,
estaremos na impossibilidade de falar sobre ela. afirma: “foi com a
o desenvolvimento da Aids não são mais
Porém, é possível trabalhar com as gravidez que eu
considerados condição física terminal, devido tive força para me
representações da morte, com as formas como, aos avanços médicos, principalmente em tratar, ela veio
na vida de cada pessoa que chega a nós, foi relação à medicação antiretroviral, que inibe para me acordar.”
possível agir e, posteriormente, colocar em significativamente a ação do vírus no corpo. Percebe-se nisso
palavras essas representações. uma
Pode-se dizer que, se uma pessoa adere bem complementar
ao tratamento médico, o que é facilitado, em contradição, vida
O preconceito social que perpassou as duas grande parte, pela elaboração psíquica da e morte
décadas da existência do HIV ainda perdura, convivendo juntas.
presença do HIV em sua vida, ela está frente a
aumentando o sofrimento de quem, além de uma doença crônica controlável, com uma
ser acometido por um vírus que mata o que expectativa de vida longa. Porém, o imaginário
mantém a vida em nossos corpos, as defesas, social e a simbologia que o HIV desperta tornam
sofre e sente-se humilhado por ser considerado plausível a exposição do entendimento de
promíscuo, sujo, descuidado. No entanto, é Kübler-Ross (1998), que dividiu em quatro
muito freqüente escutar, das mulheres que etapas, através de seus estudos, as reações
vivem com o HIV, que, mesmo tendo a família, típicas de pacientes que tomam conhecimento
companheiro e amigos como aliados que as de uma doença terminal, sendo essas vistas
aceitam sem preconceitos, elas se sentem como partes do processo natural de quem
“desprezíveis e nojentas”. recebe uma notícia de diagnóstico clínico grave.

Além disso, a presença da morte aparece, O primeiro estágio caracteriza-se pela negação
muitas vezes, em seus relatos como um fato e isolamento, no qual a pessoa tem a tendência
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de não aceitar que o diagnóstico seja real. Ela aceitar a novidade do diagnóstico, surge a
serve “como um pára-choque depois de pergunta: “Por que eu?” Segundo Kübler Ross
notícias inesperadas e chocantes, deixando (1998), a reação mais freqüente à falta de
que o paciente se recupere com o tempo, respostas para esse questionamento é a raiva,
mobilizando outras medidas menos radicais” segundo estágio do processo de aceitação da
(Kübler-Ross, 1998, p. 44). A negação, doença. Revolta, irritação, inveja e
geralmente, é uma defesa temporária, não ressentimento são manifestações muito
permanecendo por muito tempo e sendo logo comuns, e são direcionadas para os mais
substituída por uma aceitação parcial. É claro distintos objetos (família, profissionais de saúde,
que a intensidade da defesa e sua duração amigos, etc). Pode-se dizer que, quase
dependerão muito de cada paciente, de unanimemente, as pacientes, em algum
acordo com sua estrutura psíquica e com a momento, trouxeram esses sentimentos,
forma como lidou com as perdas ao longo da dizendo: “eu não consigo me controlar, é uma
vida. No contato com pacientes que convivem irritação constante”; “meu filho e meu marido
“eu não consigo
com o HIV, foram freqüentes os relatos de não têm nada a ver, e, quando vejo, estou
me controlar, é
uma irritação mulheres que não fizeram o pré-natal, mesmo descontando neles”; “me irrita até a voz das
constante”; “meu cientes de sua condição, “por medo dos efeitos
filho e meu marido
pessoas.” É como se fosse um extravasamento
dos remédios”, ou, mesmo tendo realizado o
não têm nada a da raiva por não poder continuar a vida em seu
ver, e, quando tratamento, não revelaram a quase ninguém
ritmo natural, por questionar se os planos feitos
vejo, estou o diagnóstico, trazendo a fantasia de que a
descontando
até então poderão ou não ser concretizados,
não-revelação evitaria o confronto com a
neles”; “me irrita por ter que passar a depender de
até a voz das
realidade de possuir o vírus. Houve situações,
acompanhamento médico e remédios para o
pessoas.” menos comuns em contatos com essas
resto da vida.
pacientes, em que uma aceitação parcial ficou
evidente. Uma gestante trouxe situações
Depois da revolta, é comum que surja um
conflituosas de sua vida que não se restringiam
conjunto de reações que caracterizam o estágio
ao HIV, fazendo um balanço de sua vida e de
da barganha. Há uma tentativa de negociação,
suas escolhas e reflexões, do tipo “a vida
seja com Deus, com os médicos ou com a
continua...” Observa-se que, em relação a um
diagnóstico de HIV, as pacientes tendem a família, para que o paciente possa se
demorar mais a aceitar a realidade do que “comportar” e fazer o tratamento à risca. É como
em relação a outras doenças, já que a se ele tentasse entrar em um acordo para não
contaminação está permeada por rígidas ser o único a perder.
construções sociais quanto ao que significa
uma pessoa ter o vírus da Aids, ou seja, elas O quarto estágio caracteriza-se por um estado
deparam-se com a vergonha, a humilhação e de depressão, que se desenvolve quando não
a discriminação relativas aos outros e a si há mais como negar a doença, seja pelo
mesmas, e são colocadas cara a cara, aparecimento de sintomas, pelo constante
principalmente, com sua vulnerabilidade contato com o tratamento ou por outros fatores
frente a suas atitudes sexuais, tema tão cheio que façam a pessoa confrontar a realidade factual
de tabus em nossa contemporaneidade. “Eu da situação. Assim, “seu alheamento ou
sempre fui certinha, tive poucos homens em estoicismo, sua revolta e raiva cederão lugar a
minha vida, não posso ter pegado isso”; “eu um sentimento de grande perda” (Kübler-Ross,
achava que quem tinha eram pessoas da vida 1998, p. 91). As perdas podem ser diversas,
ou que usavam drogas.” conscientes ou inconscientes, concretas ou
fantasiosas. Entre as trazidas pelas pacientes,
Geralmente, quando a negação não sustenta aparecem, principalmente em nível
mais a realidade do paciente e ele começa a inconsciente, a perda da possibilidade de obter

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prazer através do sexo, a da capacidade de diagnóstico, mesmo depois de anos: “desde que
cuidar dos filhos e de procriar, a da valorização eu soube, meus planos foram todos por água
social quanto à promiscuidade, ou seja, questões abaixo, nada tem um porquê”; “eu tenho tudo
ligadas ao feminino. Perdas conscientes para ser feliz, trabalho, um marido que gosta de
referem-se principalmente à dependência em mim, uma família que me apóia, mas eu não
relação aos remédios (perda da saúde). É consigo tirar essa irritação de dentro de mim,
comum que a expressão dessas perdas se essa angústia que dá.”
apresente em forma de auto-recriminações,
manifestações características de quadros Freud, em seu texto Luto e Melancolia (1917-
depressivos. A confrontação com a doença, ou 1988), traz uma importante definição e
seja, a tomada de consciência de que a negação diferenciação entre os significados de luto e
da realidade, a raiva e a barganha não se melancolia. Entre os traços principais desta
sustentam mais, podem levar ao última, aparece um intenso desânimo, ligado a
desenvolvimento desses quadros, inclusive, de uma considerável diminuição e até a uma
forma severa, a uma vivência de melancolia cessação de interesse pelo mundo, à perda da
profunda, na qual me deterei mais adiante. capacidade de amar, à inibição de atividades e
O quinto e último estágio proposto pela autora
à baixa da auto-estima, que se expressa em
é o da aceitação. Como ela trabalhava com
manifestações de auto-recriminação e
doentes terminais, declara que essa etapa é
freqüentes pensamentos delirantes de punição.
atingida por aqueles que tiveram tempo
suficiente para elaborar a situação, externando
A autopunição aparece de forma muito intensa
seus sentimentos e aceitando-os ao longo de
no depoimento das pacientes. Parece que elas
seu desenvolvimento, ou seja, aqueles que não
se punem constantemente por terem se
morreram antes da elaboração. No caso dos
infectado, o que se expressa através de suas
pacientes com o vírus da Aids, essa perspectiva
atitudes tomadas perante a vida após o
é mais otimista, pois, atualmente, quem
diagnóstico. “Entrei de cabeça nas drogas e
consegue aderir ao tratamento tem longa
comecei a trabalhar na noite, não tive cabeça
perspectiva de vida, o que possibilita uma
para me tratar.” “Soube durante a gestação e
elaboração gradual. Acredito que a escuta
tirei meu filho (...) noto que estou me afastando
psicanalítica nesse processo possa ser uma
brilhante possibilidade para ressignificar a cada vez mais do meu filho mais velho.” Cabe
convivência com o HIV, construindo, através ressaltar que a maioria das pacientes que atendi
da fala, da escuta e da relação transferencial, se encontrava em estado físico estável, muitas
novos sentidos para a vida através da vivência delas nem precisando tomar medicação
como portador do vírus HIV. antiretroviral, ou seja, a morte concreta não
estava próxima. No entanto, fica claro, através
Quanto à melancolia, Moreira (1998) ressalta de seus relatos, que o sentimento
que a reação a um diagnóstico positivo para o predominante é o de “morte em vida”, o qual
HIV costuma caracterizar-se por “um fundo leva a pensar em um gradual suicídio psíquico.
mergulho na depressão” (p.25), mesmo quando
a pessoa é assistida por profissionais preparados Em relação ao luto, Freud (1917/1988) o define
no manejo da comunicação de resultados. Sem como portador das mesmas manifestações
dúvida, a repercussão psíquica desse diagnóstico trazidas pela melancolia, a não ser pela
ainda é devastadora. Uma paciente em preservação da auto-estima. O luto é vivenciado
profundo estado melancólico afirma: “essa durante um período de tempo frente à perda
doença dá na cabeça”, depoimento esse que significativa de um objeto, sendo sentida de
vai ao encontro de muitos outros referentes a forma consciente pela pessoa, diferentemente
mudanças na vida após o conhecimento do da melancolia, na qual o objeto perdido é
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inconsciente. Certamente, qualquer notícia de Muitos relatos refletem esse funcionamento


doença gera um processo de luto, pois há aí inconsciente, nos quais fica clara uma auto-
uma perda concreta, a da saúde, da vitalidade, recriminação, porém sempre atribuída a alguém
além de o paciente passar a depender, para a ou a algo de fora delas, como se o mundo
vida toda, de cuidados médicos e de remédios. tivesse que gratificá-las por sofrerem tanto; não
Porém, a escuta de mulheres soropositivas para se sentem satisfeitas com nada que lhes é
o HIV mostrou que seu sofrimento, muito oferecido pelas pessoas ao seu redor: “eles
freqüentemente, vai além do luto pela perda dizem que eu não sou a mulher ideal para ele;
de um objeto concreto, pois, além de seus eles vão ver, quando o bebê nascer, eu não vou
relatos refletirem que a auto-estima sofreu deixar eles chegarem perto”; “eu não deixo meu
grandes prejuízos, o objeto perdido, o que falta, filho e meu marido usarem o mesmo sabonete
é nebuloso, não tem forma, porque é como que eu, nem os mesmos talheres, mesmo
se fosse tudo, como se toda a vida dessas sabendo que não passa e é uma coisa minha;
mulheres não tivesse mais sentido a não ser eu sei que meu marido não se importaria de
pelo fato de sofrer por sua condição, ou seja, usar as mesmas coisas que eu.”
seu sofrimento é também da ordem do
inconsciente. O processo psíquico que leva a um estado de
melancolia pode ser entendido através do tipo
No luto, verificamos que a inibição e a perda de escolha objetal realizada, que se deu através
de interesse são plenamente explicadas pelo da ligação da libido a uma pessoa. Um posterior
trabalho do luto no qual o ego é absorvido. Na desapontamento em relação a essa outra pessoa
melancolia, a perda desconhecida resultará amada destruiu a relação objetal, através da
num trabalho interno semelhante, e será, impossibilidade de deslocar a libido para outro
portanto, responsável pela inibição melancólica objeto, voltando-a para o próprio ego. Assim,
(...) No luto, é o mundo que se torna pobre e ocorre uma identificação do ego com o objeto
vazio; na melancolia, é o próprio ego. O
abandonado, havendo a transformação de uma
paciente nos representa seu ego como
perda objetal para a perda do ego.
desprovido de valor, incapaz de qualquer
Diferentemente do que acontece quando um
realização e moralmente desprezível; ele se
psiquismo consegue investir em diferentes
repreende e se envilece, esperando ser expulso
objetos depois de ter se frustrado com outros
e punido (Freud, 1917/1988, p.168).
anteriores, o melancólico não se viu possibilitado
de fazer isso, pois desenvolveu uma forte
Ainda nesse texto, Freud afirma que,
fixação em relação ao objeto amado, além de
freqüentemente, as mais violentas auto-
sua catexia objetal ter tido pouco poder de
acusações de um melancólico não se dirigem
resistência para seguir investindo. Daí decorre
somente a ele, mas sim, com modificações, a
a inibição melancólica (Freud, 1917/1988).
alguém que o paciente ama, amou ou deveria
amar, e, além disso, “derivam dos prós e dos
Sobre essa inibição depressiva pela perda do
contras do conflito amoroso que levou à perda
objeto, Bleichmar (1983) afirma que esta não
do amor” (Freud, 1917/1988, p.170). Assim,
se restringe ao objeto perdido, mas estende-se
Freud entende que o comportamento dos
a todos os demais, devido ao fato de que o
pacientes se torna mais claro. A forma queixosa
e maçante de os mesmos se colocarem desejo em relação ao primeiro acaba abarcando
evidencia que eles não se envergonham de todo o espaço psíquico do sujeito. Há uma
mostrar seu sofrimento, pois tudo o que dizem fixação a esse desejo, e, ao mesmo tempo, ele
é, na realidade, destinado a outra pessoa. Além é visto como irrealizável.
disso, não se mostram submissos e humildes
Ao falar em desejo, fixação, catexia libidinal,
frente aos outros, dando a impressão de se
não haveria como não nos remetermos ao
sentirem constantemente desconsiderados e
narcisismo. Parece que os estados melancólicos
injustiçados.

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estão estreitamente associados a um tipo transmissão através da gestação, do parto e da


narcisista de escolha objetal. Essa suposição de amamentação), ao ato do prazer genital sem
Freud continuou sendo revisada, e penso que correr o risco de prejudicar sua saúde e a saúde
é atual e coerente. Vemos, na escolha objetal do outro e ao ideal de mulher pudorosa. Essas
narcisista, uma regressão ao narcisismo, na qual perdas fazem a mulher reeditar, de forma
a perda do objeto amado constitui uma drástica, sua vivência edípica, na qual foram
proveitosa oportunidade para que a percebidas uma falta (a do falo) e uma proibição
ambivalência nas relações amorosas se faça (a de obtê-lo através de seu pai ou substituto
efetiva. É como se, na intensa autopunição do paterno). A repercussão dessa vivência foi
melancólico, haja uma vingança em relação ao recalcada por culpa da hostilidade sentida pela
objeto original, e essa tortura ao outro, através figura materna, que é seu objeto original, ou
de sua doença, expressa a hostilidade para com seja, o ideal. Agora, com a presença de um
ele, a qual não pôde ser expressa de outra vírus que mata, em seu corpo, a mulher tem o
maneira. Inicialmente, o objeto era visto como desafio de manter em equilíbrio tudo o que
ideal. Após a frustração em relação ao mesmo, retornar da vivência de castração.
seus atributos são tomados como pertencentes
ao próprio ego. Por que falar em reeditar a vivência edípica de
forma drástica? Esse processo psíquico
Ainda sobre as manifestações autopunitivas pressupõe uma re-vivência das experiências
trazidas pelas mulheres, destaco que estas vão anteriores ao Édipo, as quais impuseram perdas
ao encontro de características do que Kübler- que foram ressignificadas com o mesmo. Essas
Ross (1998), citada anteriormente, coloca como perdas (narcísicas), como o desmame, o
o quarto estágio no processo da aceitação de controle esfincteriano, a castração, enfim,
doenças, o da depressão. A autora ressalta que gradativas proibições, foram confrontando o
este é descrito por relatos de sentimentos de sujeito com suas fantasias de onipotência e
grandes perdas, concretas ou simbólicas. Pode- demandando, do mesmo, a necessidade de
se dizer que as auto-recriminações relatadas investir a libido em novos objetos (Falcão, Veras,
acima, a partir da abordagem freudiana da Macedo, 2002). Dessa forma, a presença do
melancolia, referem-se a essas perdas, no HIV traz à tona todas essas questões, porém,
sentido de que dizem respeito à forma como com um colorido mais intenso, pois confronta
foi possível lidar com elas, com o afastamento o sujeito com a sexualidade “mal praticada”. A
de entes queridos, a aproximação de situações dualidade feminina “puritana x promíscua”, com
de risco ou a limitação da proximidade nas a qual toda mulher convive e ressignifica a cada
relações interpessoais. momento, para a mulher soropositiva, passa a
ter uma outra conotação. É como se o HIV
Assim, tomando os depoimentos das pacientes simbolizasse a confirmação do pólo da mulher
que escutei e pensando no tipo de atributos promíscua, o que acaba sendo confirmado pela
culturais que dão a uma mulher sua valorização, representação social da feminilidade.
faço uma relação de seu sofrimento com os
estados melancólicos. O ideal feminino O desafio da maternidade também se apresenta
(subjetivo e social) está ligado ao papel com novos matizes quando a mulher tem o
materno, à beleza, ao cuidado, ao pudor, à sua vírus HIV. O desejo dessa de ter um filho pode
capacidade de ter prazer e dar prazer, apesar ficar encarcerado no olhar do outro, que taxa,
das dificuldades. No momento em que essas que segrega, que discrimina. Isso pode fazer
mulheres se vêem frente a um vírus de com que a mulher se sinta sem saída, tendo
transmissão sexual por falta de cuidados, vêem que escolher entre o papel de “pecadora ou
destruídas todas as possibilidades de ser uma culpada”: ou é muito má porque aborta e tira a
mulher completa. Impõem-se restrições ao vida de uma criança ou é má porque põe no
papel materno (pelo risco que se tem de mundo uma criança “com Aids”. As mulheres
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que estão diante desse impasse ficam frágeis objeto: “O medo da morte, que nos domina
e nem sempre têm consciência de seus com mais freqüência do que pensamos, é, por
desejos, o que dificulta a tomada de decisão outro lado, algo secundário e, via de regra, o
quanto ao fato de querer ou não manter uma resultado de um sentimento de culpa” (Freud,
gestação. Ao mesmo tempo, não existe um 1915/1988, p.336). Isso pode ser retratado
aparato social que apóie amplamente as através dos relatos das pacientes, que se sentem
decisões das mulheres: o aborto é proibido por “nojentas e sujas” e se afastam, muitas vezes,
lei, o que acaba fazendo com que se recorra a das pessoas de seu convívio. Pode-se dizer que
métodos clandestinos que podem colocar em elas se sentem culpadas e temerosas de destruir
risco a saúde e aumentar a culpabilidade. Nesse o outro com sua condição. Cotovio (1992) traz
sentido, os profissionais de saúde têm a uma analogia que faz pensar em outra vivência
responsabilidade de escutar e apoiar essas de desamparo: o corpo do bebê é protegido
mulheres, para que elas possam fazer uma durante o início da vida por anticorpos maternos,
escolha pessoal e responsável (Pamplona, e o portador do vírus da Aids acaba sendo levado
2002). a essa situação primeira, na qual suas defesas
imunológicas não reagem mais.
Tornar-se mulher, amadurecer, é ver-se como
uma pessoa com limitações, Birman (2000), ao afirmar que vivemos em uma
Tornar-se mulher, independentemente de que natureza estas cultura do narcisismo, destaca que, na
amadurecer, é forem e lidar com essas limitações, equilibrá- contemporaneidade, o eu encontra-se em
ver-se como uma las diante dos usufrutos da vida torna a pessoa posição privilegiada na construção da
pessoa com
limitações,
capaz de ser feliz sem acreditar que se é subjetividade, diferentemente dos primórdios
independentemente completa. Escolher a maternidade traz a da modernidade, em que noções de
de que natureza exigência de ser responsável por outra vida, interioridade eram mais valorizadas. Entra aí a
estas forem e lidar seja qual for a condição física da mulher. A questão do corpo, que é o lugar no qual são
com essas
limitações, escolha de ter um filho é um exercício de colocados os atributos ideais do que nos vende
equilibrá-las diante perder sem se perder. Perder a responsabilidade o mundo moderno. Esse corpo torna-se, então,
dos usufrutos da somente por si mesma, perder noites de sono, o maior símbolo do autocentramento em que
vida torna a
perder filas em hospitais e serviços de saúde, vivemos. O vírus HIV se instala no corpo e ataca
pessoa capaz de
ser feliz sem perder a atenção da família, direcionada ao o que nele tem de vida (as defesas), ou seja,
acreditar que se é bebê, perder a privacidade,... mas ganhar a não só as fantasias inconscientes da sexualidade
completa. possibilidade de criar, educar, amar são colocadas em questão, mas também o
incondicionalmente, de dar vida. imaginário social destinado ao corpo e sua
importância na construção da subjetividade.
Labaki (1998) destaca outra perda importante Pode-se pensar aí que o sujeito passa a ter que
a ser elaborada na vivência de ser soropositivo, conviver com um corpo desarmado frente a
que também tem relação com o narcisismo. A uma sociedade que coloca o mesmo como
autora coloca que a Aids resgata a condição fonte de força e poder. Dessa forma, o corpo
humana de desamparo, por evocar o tema da aparece, mais uma vez, na história do
morte e o medo da perda do amor do outro, adoecimento psíquico, como lugar que expressa
sem o qual não se é sujeito. Esse medo se as angústias e o sofrimento do ser humano.
refere às proibições impostas aos desejos
pulsionais da criança como condição de ter o Possíveis destinos...
amor de quem proíbe. O HIV pode simbolizar,
para o sujeito, a confirmação da não aceitação Considerando as repercussões psíquicas de um
dessas proibições, colocando em risco o apreço resultado reagente para o vírus da Aids, através
por parte do outro. Além disso, o suposto do contato com mulheres nessa situação e
desafio às proibições (ataque ao outro) traz levando em conta o imaginário social sobre a
culpa, decorrente dos impulsos mais primitivos construção da subjetividade feminina e sobre a
do sujeito, entre eles, o da própria morte do
PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, 2007, 27 (2), 266-275
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Joana Finkelstein Veras PSICOLOGIA CIÊNCIA E
PROFISSÃO, 2007, 27 (2), 266-275

morte ou tudo o que remeta a ela, fica mais em modalidades de atendimento mais focais,
claro entender o sofrimento melancólico como os que ocorrem dentro de serviços de
presente nos relatos das pacientes. saúde. Acredito também que o trabalho com
grupos é muito benéfico, pois possibilita a troca
Os pontos discutidos neste artigo apontam, de de experiências de pessoas que se sentem
forma resumida, algumas das questões que a marginalizadas pela sociedade e que
realidade do HIV traz como desafio para a freqüentemente trazem a dificuldade de se
prática clínica, sendo que muitos ficaram em sentirem entendidas por quem não está em
aberto, trazendo a possibilidade de se continuar sua situação. Essas trocas, a possibilidade de
ampliando o leque de reflexões e de re-pensar escutar depoimentos com preocupações
sobre o já pensado. semelhantes e a identificação que ocorre entre
os participantes do espaço grupal podem ser
O impacto da Aids na subjetividade é um dos muito terapêuticas, no momento em que
desafios da clínica contemporânea. A angústia ajudam a maior aceitação da realidade e de si.
presente nos pacientes soropositivos, que traz Enfim, destaco a importância da abertura de
claramente a reflexão pessoal sobre os temas espaços que permitam a fala sobre a dor vivida,
da morte, vulnerabilidade, onipotência..., pode para que, no “entre”, naquilo que liga/une as
ser ressignificada através da escuta psicanalítica partes envolvidas, possam ser construídas novas
e da transferência, seja ela em tratamentos possibilidades de se ver frente a uma condição
prolongados como a psicoterapia e análise, seja que envolve tantas perdas.

Joana Finkelstein Veras


Psicóloga graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Residente em Saúde
Coletiva pela Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul, em parceria com o Ambulatório de
Dermatologia Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES-RS)

Av. Cel. Lucas de Oliveira, nº 597, ap. 501, bairro Mont Serrat, Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
Cep: 90440-011.Tel.: 51-33327672 / 51-99167719. E-mail: verasjoana@yahoo.com.br

Recebido 03/03/06 Reformulado 14/06/06 Aprovado 10/08/06

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