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qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-208-3
Prefácio 7
2. Gerenciamento de Integração e
Gerenciamento de Escopo 51
7
Um programa de gerenciamento de projetos rigoroso pode proporcionar
os métodos, os processos e as qualidades necessárias para uma organização se
manter ativa e competitiva com as tendências e desafios do setor em que atua.
O gerenciamento de projetos, portanto, coincide, em parte, com o geren-
ciamento geral e com outras aplicações do conhecimento. O time responsável
pelo projeto deve entender sua relação com o ambiente de negócios, que envol-
ve meios maiores, como ciclos de vida, empreendedores, influência organiza-
cional, habilidades de gerenciamento e influências socioeconômicas. Muito do
conhecimento necessário para gerenciar projetos é exclusivo do gerenciamen-
to de projetos, e as técnicas se diferem das utilizadas para se gerenciar proje-
tos em curso ou operacionais. Um desafio para o gerenciamento de projetos e
para o gerente de projetos, portanto, é ajudar a organização a desenvolver uma
consciência dos temas globais e os mecanismos para responder efetivamente
a eles, assegurar que tecnologias facilitadoras são identificadas e usadas para
ir ao encontro das exigências para uma organização global e identificar meios
para o desenvolvimento e a disseminação dos produtos e serviços exigidos pelo
cliente global (VARGAS, 2009).
Bons estudos!
1
Introdução ao
Gerenciamento de
Projetos
Várias são as razões que levam as organizações a buscar qualidade em suas ati-
vidades e no gerenciamento de projetos essa realidade não é diferente. A qua-
lidade hoje é tida como uma das principais razões de sucesso nos projetos or-
ganizacionais. São inúmeras as expectativas tanto dos executivos das empresas
quanto seus clientes, passando pelos seus colaboradores, fornecedores, socieda-
de de modo geral, ou seja, todos os stakeholders que fazem parte do negócio,
esperam bons resultados e eficácia das empresas. Este cenário por si só já é de-
safiador. Implantar qualquer ação ou estratégia sem um profundo estudo de seu
êxito, já é uma falha na gestão de uma organização. Estamos falando de projeto,
que é a fase que antecede a execução de um processo, seja ele estratégico, tático
ou operacional.
De todos os stakeholders, sabemos que o mais importante para as empre-
sas são sem dúvida, os clientes. Toda organização enfrenta a difícil tarefa de
executar projetos que atendam ou superem as expectativas de seus clientes. No
entanto, globalmente, inúmeros projetos são mal sucedidos e concluídos fora
do orçamento e prazos estabelecidos. Eles não cumprem as normas de quali-
dade e os requisitos esperados pelo cliente. Uma das causas para o seu fracas-
so pode ser atribuída a processos desalinhados e ineficientes resultantes de
uma combinação de problemas, tais como uma gestão do projeto debilitada,
estimativa de custos pobres, mal planejamento e programação, gerenciamento
de requisitos inadequado, planejamento de contingência inapropriado, bem
como muitos outros.
Vamos conhecer os conceitos essenciais desse assunto tão importante para
o sucesso organizacional!
10 • capítulo 1
OBJETIVOS
Introdução ao Gerenciamento de Projetos
• Definição de Projeto & Gerenciamento de Projetos
• O PMI e a certificação PMP
• Fases e Ciclos de Vida de Projetos de TI
• Áreas de conhecimento do Gerenciamento de Projetos
capítulo 1 • 11
1.1 Introdução ao Gerenciamento de
Projetos
Para iniciar este capítulo, gostaríamos de colocar algumas questões para você
refletir. Mas não pense nessas questões de qualquer maneira, mas sim como
um gestor de negócios. É com esse olhar que deveremos encarar esta discipli-
na, como um executivo, administrador de uma corporação.
Vamos discutir um pouco as questões acima. Mas é importante lembrar que
aqui não há nenhum especialista em artes, esportes ou história japonesa e a
nossa discussão será superficial, apenas para introduzir a importância do estu-
do em gerenciamento de projetos.
Você consegue pintar quadros como Leonardo Da Vinci? Provavelmente
não, ele era um gênio e dominava a arte da pintura. Porém, com um bom curso
de pintura você poderá pintar bons quadros. Não é mesmo?
O que estamos tentando dizer é que a ciência pode desenvolver técnicas,
procedimentos e processos que servirão de meios (caminhos) para uma produ-
ção artística, e, em contrapartida, a arte pode servir de inspiração para o desen-
volvimento da ciência. (Borovik; Ramirez; Ramirez, 2010).
COMENTÁRIO
Reflita!!!
1. Qual é a diferença entre ciências e artes?
2. Por que o Japão conseguiu se reerguer tão rapidamente da Segunda Guerra Mundial?
12 • capítulo 1
especial: a implantação nas empresas japonesas, principalmente nas empresas
automobilísticas, da técnica da qualidade total.
Essa técnica busca atuar principalmente no processo de produção dos bens
e serviços para conseguir produtos mais baratos e com maior qualidade, ou
seja, busca melhorar a qualidade do processo para, consequentemente, con-
seguir uma melhora na qualidade do produto. De forma resumida, a técnica de
qualidade total é um conjunto de metodologias e ferramentas que devem ser
aplicadas ao processo produtivo de forma sistemática, para que este torne-se
maduro o suficiente para produzir sempre produtos de qualidade.
Portanto, podemos pensar que o sucesso das empresas japonesas no pós-guerra
pode ser atribuído à sistematização do processo de produção (principalmente), para
que a qualidade do produto pudesse se repetir a cada unidade produzida, indepen-
dentemente do “heroísmo” das pessoas que estão produzindo cada unidade dessas.
Após refletirmos sobre essas duas questões tão distintas e que mostram
como o contexto, as técnicas e processos são importantes para o sucesso de
uma ideia. Mas você deve estar pensando o que essas reflexões têm a ver com
nossa disciplina? E a resposta é simples, porém ela vem também como uma
nova pergunta: “como você quer gerenciar os seus projetos?”
Fazendo analogia com a discussão que tivemos até aqui, para gerenciar
um projeto nós podemos agir pelo lado da arte, dependendo única e exclusiva-
mente da competência e do heroísmo dos gerentes de projetos e torcer, a cada
projeto que for realizado, para que tudo dê certo e também torcer para que os
gerentes que “saibam” gerenciar um projeto nunca saiam da sua empresa, pois
se isto acontecer, juntamente com a saída do seu gerente também irão sair os
conhecimentos dele em gerenciamento de projetos.
Ou, então, podemos atuar no processo de gerenciamento dos projetos de
forma a sistematizá-lo e sempre buscar repetir no projeto presente os sucessos
de projetos anteriores, por meio da utilização das melhores práticas, ferramen-
tas e metodologias de gerenciamento de projetos.
Na primeira forma, o gerenciamento de projetos pode dar certo para alguns
projetos, mas dificilmente os sucessos anteriores serão repetidos em projetos
presentes, pois quase sempre não há uma sistematização que indique o motivo
pelo qual o projeto anterior deu certo.
Já na segunda forma de se gerenciar um projeto, a instituição (ou a equipe,
ou a organização...) define um processo sistemático e formalizado por meio do
qual todos os gerentes de projeto devem gerenciar os seus projetos.
capítulo 1 • 13
Dessa forma, é possível identificar nos projetos findados o que ocorreu de
errado, para que consertos no processo de gestão possam acontecer inibindo,
assim, a repetição da falha. E como todos os gerentes utilizam o mesmo proces-
so, todos eles irão usufruir desta melhoria.
Além do mais, utilizando a segunda forma, o conhecimento de “como ge-
renciar” fica também na instituição, tornando-se, assim, um ativo dela e não
somente um ativo da cabeça de cada gestor.
É óbvio que um gestor competente ainda é essencial para a boa execução
desse processo de gerenciamento. Contudo, o treinamento de gestores fica
mais facilitado, uma vez que o formalismo do processo de gestão permite a re-
produção deste conhecimento.
Esta facilidade de treinamento permite às empresas (instituições, organiza-
ções...) “produzir” ótimos gestores.
Então, pessoal, nesta disciplina iremos estudar o gerenciamento de proje-
tos de acordo com a segunda visão discutida, ou seja, iremos estudar as me-
lhores práticas, metodologias e habilidades de gerenciamento de projetos para
nos ajudar a estabelecer procedimentos que nos apoiem no gerenciamento dos
projetos das nossas empresas, instituições ou, por que não, de nossas vidas.
Mas, por que estudar gerenciamento de projetos?
Difícil encontrar projetos que tiveram total êxito, não é mesmo? Eles até
existem, mas são difíceis de serem encontrados. Isso porque são muitas as va-
riáveis que fazem com que um projeto tenha tanta complexidade.
Para confirmar essa dificuldade em encontrar projetos que terminaram
com sucesso, vamos analisar um exemplo simples, da área de tecnologia da in-
formação, de um relatório “Chaos Report”, realizado pelo Standish Group, em
1995, sobre projetos da área de TI e seus resultados.
PROJETOS DE TI
Terminam no prazo e no orçamento previstos 16,2%
Apresentam reinícios 94%
Aumento médio no custo 189%
Aumento médio do cronograma 239%
Perceba, na tabela 1.1, que apenas 16,2% dos projetos terminam dentro
do orçamento e prazo predeterminados. Na mesma tabela, ainda podemos
14 • capítulo 1
verificar que, na média, os projetos de TI apresentam um acréscimo de 189%
nos custos e de 239% no prazo.
O mesmo relatório do Standish Group ainda diz que o custo de oportunida-
de perdido é algo imensurável, podendo atingir trilhões de dólares.
Vocês podem estar pensando: “mas lógico, construir software deve ser algo
complexo, de forma que em outras áreas isso não deve acontecer”. Se vocês es-
tão pensando assim, já aviso que este pensamento não traduz a realidade.
Veja a tabela 1.2, que mostra os números de um estudo de Benchmark reali-
zado em 2009 pelo PMI (Project Management Institute, que é uma organização
que iremos estudar mais à frente) no Brasil, com empresas das mais variadas
áreas de atuação.
Por meio dos números, é possível perceber que os projetos nas empresas pes-
quisadas, assim como os projetos de TI vistos acima, em sua maioria, apresen-
tam problemas de prazo e custo. E também é possível perceber que grande parte
dos projetos apresentam problemas de qualidade e de satisfação do cliente.
capítulo 1 • 15
OS 10 PRINCIPAIS PROBLEMAS ENCONTRADOS NOS PROJETOS
1. Problemas de comunicação 76%
2. Não cumprimento dos prazos 71%
3. Mudanças de escopo constantes 70%
4. Escopo não definido adequadamente 61%
5. Concorrência entre o dia a dia e o projeto na utilização de recursos 52%
6. Estimativas incorretas e sem fundamentos 52%
7. Riscos não avaliados corretamente 50%
8. Não cumprimento do orçamento 50%
9. Problemas com fornecedores 37%
10. Retrabalho em função da falta de qualidade do produto 28%
Tabela 1.3 – Benchmarck PMI 2009 – problemas que ocorrem com mais frequência nos
projetos da organização. Fonte: www.pmi.org.br/benchmark.
16 • capítulo 1
A aplicação deste conjunto de técnicas é o que podemos chamar de geren-
ciamento de projetos e é por isso que é considerada um tema importante na
atualidade: para aprender algumas dessas técnicas em busca do melhor geren-
ciamento de projetos. Você com certeza precisará desse aprendizado um dia!
Portanto, estudando o gerenciamento de projetos você irá aprender técnicas,
procedimentos e habilidades que lhe permitirão gerenciar toda essa complexi-
dade de forma sistemática e repetível a ponto de aumentar as chances de imple-
mentar um projeto com sucesso e repetir este sucesso em outros projetos futuros.
Para fecharmos este tópico, gostaríamos que você fixasse que um projeto é
algo complexo e que no mundo há vários exemplos de projetos que não tiveram
um final feliz.
Contudo, há também projetos que foram finalizados com sucesso, entre-
gando produtos/serviços com qualidade, no tempo e no prazo corretos.
capítulo 1 • 17
CONCEITO
Um projeto é normalmente definido como um empreendimento colaborativo, frequentemen-
te envolvendo pesquisa ou desenho, que é cuidadosamente planejado para alcançar um
objetivo particular. Projetos podem ainda ser definidos como sistemas sociais tempo E uma
demanda de mercado, necessidade organizacional, solicitação de um cliente, avanço tecno-
lógico ou requisito legal.
A palavra projeto vem da palavra latina projectum do verbo em latim proicere, "antes de
uma ação", que por sua vez vem de pró-, que denota precedência, algo que vem antes de
qualquer outra coisa no tempo (em paralelo com o grego pró) e iacere, "fazer". Portanto, a
palavra "projeto", na verdade, significava originalmente "antes de uma ação".
Quando o idioma Português inicialmente adotou a palavra, ela se referia a um plano de
alguma coisa, não o ato de realmente levar esse plano a concretização. Algo realizado de
acordo com um projeto tornou-se conhecido como um "objetivo".
As principais características dos projetos são:
• temporários, possuem um início e um fim definidos.
• planejados, executado e controlado.
• entregam produtos, serviços ou resultados exclusivos.
• desenvolvidos em etapas e continuam por incremento com uma elaboração progressiva.
• realizados por pessoas.
• com recursos limitados.
Fonte: www.pmi.org.br
18 • capítulo 1
• Temporário1 : quer dizer que o projeto tem um tempo no qual ele exis-
te, iniciando-se em um determinado momento e tendo um fim determinado.
Temporário não quer dizer de curta duração (há projetos que duram décadas),
e sim que se trata de um esforço finito.
Temporário também não se aplica ao produto/serviço gerado pelo projeto em
questão, e sim aos esforços necessários para a geração desses produtos e servi-
ços. Temporário também pode ser relativo à janela de tempo na qual é possível a
implementação do projeto. Por último, temporário também se aplica à equipe do
projeto. Quando o projeto termina, a equipe é liberada daquele projeto.
• Produtos, serviços e resultados exclusivos2 : um produto/serviço gerado
por um projeto é diferente de um produto gerado por uma linha de montagem
em série. Os projetos geram produtos/serviços exclusivos e, por isso, diferentes
de outros produtos e serviços já gerados anteriormente.
Em uma organização, é importante diferenciar projetos do trabalho opera-
cional do dia a dia. Enquanto o primeiro trata de esforços correlacionados e
temporários para produzir algo único e exclusivo, o segundo trata da realização
de processos contínuos e repetitivos.
ATENÇÃO
Diferenciando: Projetos, Subprojetos, Programas e Portfólio
• Subprojetos: Diversas vezes um projeto precisa ser subdividido em partes, de fácil geren-
ciamento e controle, essas diversas partes são as denominadas subprojetos. Os mesmos são
braços de um mesmo projeto e nunca deve ser tratado isolado desse.
• Programa: Esse é um termo usado para identificar um grupo de projetos relacionados que
são gerenciados e coordenados de modo integrado, obtendo os benefícios e controles que
não existem ao gerenciá-los individualmente.
• Portfólio: É um conjunto de projetos, programas e outros esforços que são agrupados para
facilitar o atingimento dos objetivos estratégicos do negócio.
1 Um belo exemplo da importância do fator “tempo” em um projeto: imaginem um projeto para desenvolver uma
luneta específica para a visualização do cometa Halley: esse projeto só tem sentido se acontecer antes da passagem
desse cometa pelo planeta Terra. Posterior a isso, perde-se a janela de oportunidade do projeto.
2 Tomem como exemplo dois prédios idênticos em seu design arquitetônico. Eles são produtos exclusivos ou não?
A resposta é sim, eles são exclusivos, pois apesar de serem iguais em seu design, eles podem ter sido construídos
em lugares diferentes, exigindo cálculos estruturais diferentes, o que poderia resultar em entregas diferentes,
principalmente ligadas à estrutura e à fundação. Ou, então, em épocas diferentes, contando, assim, com fornecedores
diferentes e com um ambiente macro e microeconômico diferente, também culminado em entregas diferentes. Ou
seja, com resultados exclusivos.
capítulo 1 • 19
Todos esses objetos (Projetos, Programas e Outros esforços) são mensuráveis,
ordenáveis e priorizáveis.
CONCEITO
O Gerenciamento de Projetos é um conjunto de ferramentas gerenciais que permitem
que a empresa desenvolva um conjunto de habilidades, incluindo conhecimento e capaci-
dades individuais, destinados ao controle de eventos não repetitivos, únicos e complexos,
dentro de um cenário de tempo, custo e qualidade predeterminados.
20 • capítulo 1
Dentre os principais benefícios, podemos destacar:
• Evita surpresas durante a execução dos trabalhos;
• Permite desenvolver diferenciais competitivos e novas técnicas
• Antecipa as situações desfavoráveis e permite ações preventivas
e corretivas.
• Adapta os trabalhos ao mercado consumidor e ao cliente;
• Disponibiliza os orçamentos antes do início dos gastos;
• Agiliza a tomada de decisão já que as informações estão estruturadas
e disponibilizadas.
• Aumenta o controle gerencial de todas as fases a serem implementadas.
• Facilita e orienta as revisões de estrutura do projeto que forem decorrentes
de alterações do mercado, melhorando a capacidade de adaptação do projeto.
• Otimiza a alocação de recursos.
• Documenta e facilita as estimativas para futuros projetos.
Apesar de a resposta à questão parecer quase que intuitiva, pode ser que for-
malmente ela não seja tão simples.
Para provar o acima dito, desafiamos você a enumerar 3 grandes proje-
tos brasileiros que obtiveram sucesso e 3 grandes projetos brasileiros que fo-
ram fracassados.
Agora, você deve estar pensando em projetos que foram concluídos e dan-
do a eles o conceito de projetos bem-sucedidos, como, por exemplo, os Jogos
Panamericanos do Rio de Janeiro ou, então, o desfile de carnaval de São Paulo
de 2010.
Ou, então, você deve estar pensando em alguns projetos que não termina-
ram com a entrega do produto/serviço esperado e dando a eles o conceito de
projetos malsucedidos.
Mas será que é só isso mesmo? Ou seja, se o projeto entregou o produto
esperado, então ele e bem-sucedido e, se o projeto não entregou o produto/ser-
viço esperado, ele é malsucedido?
capítulo 1 • 21
Segundo Vargas (2005) não é assim que se mede o sucesso de um projeto.
Na verdade, ainda segundo Vargas (2005), as pessoas tendem a fazer algumas
perguntas para verificar se o projeto foi bem-sucedido, como, por exemplo:
• O projeto ficou abaixo do orçamento previsto?
• O projeto terminou mais rápido do que o previsto?
• O projeto consumiu menos materiais ou pessoas do que o previsto?
• O cliente foi surpreendido pela qualidade do resultado do projeto?
22 • capítulo 1
Na verdade, sobrar dinheiro é bom, mas não quer dizer que o projeto foi
bem-sucedido. A sobra de dinheiro no projeto nos leva a crer que este projeto
foi mal planejado.
Perceba como a situação deste projeto piora se você imaginar que no mo-
mento da aprovação deste projeto a diretoria da empresa tenha deixado de exe-
cutar um outro projeto importante por falta de recursos, e pelo motivo deste
segundo projeto não ter sido executado a empresa tenha perdido 50% de sua
participação no mercado.
Viu só como o projeto em questão não pode ser considerado bem-sucedido?
Por causa dele a empresa poderia ter falido e fechado suas portas.
Para ajudar você a identificar se um projeto foi bem sucedido, Vargas (2005)
sugere as seguintes questões:
• O projeto deve ter sido concluído dentro do prazo previsto;
• O projeto deve ter sido concluído dentro do orçamento previsto;
• O projeto deve ter utilizado os recursos, materiais e humanos, com efi-
ciência e sem desperdícios;
• O projeto deve ter sido concluído atingindo a qualidade e o desempe-
nho desejados;
• O projeto deve ter sido concluído com o menor número possível de alte-
ração em seu escopo;
• O projeto deve ter sido aceito sem restrições pelo contratante ou cliente;
• O projeto deve ter sido executado sem interrupções ou prejuízos às ativi-
dades normais da instituição;
• O projeto não pode ter agredido a cultura da organização.
COMENTÁRIO
Causas que levam o projeto ao fracasso
Em um de seus podcasts, Ricardo Vargas diz que para levar um projeto ao fracasso basta
não gerenciá-lo. Ou seja, de uma maneira bastante irônica, o normal de todo o projeto seria
o fracasso. Porém, para o projeto não fracassar, há o gerente de projetos tomando todas as
ações necessárias.
Mas às vezes, mesmo com todas as ações feitas, os projetos podem falhar ou, então, não
atingir o resultado esperado.
Vargas (2005) diz que projetos podem falhar por motivos que fogem do controle da or-
ganização (riscos do projeto) como, por exemplo:
capítulo 1 • 23
• Mudança na estrutura organizacional da empresa;
• Riscos elevados no meio ambiente;
• Mudanças tecnológicas;
• Evolução dos preços e prazos;
• Cenários político-econômicos desfavoráveis.
Mesmo esses fatores poderiam ser evitados por meio de uma gerência de riscos eficien-
te e eficaz. Contudo, estes não são os principais pontos de atenção, uma vez que não são
esses os motivos mais frequentes que levam um projeto ao fracasso.
Na verdade, os motivos mais frequentes que levam os projetos ao fracasso estão ligados
a falhas gerenciais. Vargas (2005) enumera alguma delas, a saber:
• As metas e os objetivos do projeto mal estabelecidos ou mal compreendidos.
• Subestimação da complexidade do projeto.
• Previsão de prazos e custos não realistas.
• Planejamento baseado em informações históricas não confiáveis.
• Projeto sem líder/gerente responsável ou com vários líderes/gerentes responsáveis, ge-
rando falta de liderança no projeto.
• Pouco tempo destinado ao planejamento do projeto.
• Expectativas do cliente referente à entrega do projeto foram mal-entendidas.
• Planejamento de recursos humanos e materiais mal-feito.
• Falta de experiência/conhecimento das pessoas envolvidas na execução do projeto.
Acima, enumeramos algumas das falhas gerenciais citadas por Vargas (2005) que levam
os projetos ao insucesso. Mas é bom lembrar que não são apenas estas acima citadas as
falhas gerenciais que levam os projetos ao insucesso.
Por isso, é sempre bom lembrar que o gerente de projetos deve definir e seguir uma
metodologia de gerenciamento de projetos que busque minimizar as chances desse tipo de
falha ocorrer.
24 • capítulo 1
1.3 O PMI e sua certificação
PMI – Project Management Institute (Instituto de Gerenciamento de Proje-
tos) – Fazendo o gerenciamento de projetos indispensável para os resultados
dos negócios.
O PMI é uma organização sem fins lucrativos, dedicada ao avanço do estado
da arte em gerenciamento de projetos, mantendo como compromisso promo-
ver o profissionalismo e a ética em gerenciamento de projetos.
Foi inicialmente criado na Pensilvânia (EUA), em 1969, por 5 voluntários e
hoje conta com uma comunidade de 265.000 associados e 140.000 certificados,
sendo considerada a maior e mais acreditada instituição de educação e desen-
volvimento de padrões em gerência de projetos.
Tente lembrar o que acontecia em 1969 no mundo e contextualize historica-
mente a criação do PMI e a sua importância para a época.
Para atingir esse número de pessoas, o PMI se internacionalizou e hoje está
presente em vários países por meio de seus capítulos (ou, em inglês: chapters),
que são filiais espalhadas geograficamente, e contribuem nas missões e obje-
tivos do PMI, promovendo o profissionalismo em gerência de projetos, sendo
que hoje o PMI está presente em mais de 170 países.
CURIOSIDADE
O PMI - Project Management Institute, juntamente com a Economist Intelligence Unit, realizou
uma pesquisa sobre o universo dos projetos e constatou que cerca de 12 trilhões de dólares
são hoje empregados em projetos. Isso significa aproximadamente 25% de toda a economia
mundial, empregando mais de 20 milhões de profissionais em atividades relacionadas à lide-
rança e ao gerenciamento de projetos. Isso confirma o que Tom Peters apresentou em seu
artigo “Você é o seu Projeto” em 1999. Ele afirmou que, nos próximos 20 anos, todo o traba-
lho será desenvolvido por meio de projetos. Pouco mais de 10 anos depois essa realidade é
evidentemente comprovada. David Cleland também afirma que, no futuro, o gerenciamento
de projetos será utilizado para gerenciar as mudanças em todas as infraestruturas sociais em
todos os países, desenvolvidos ou não (VARGAS, 2009), conforme figura a seguir.
capítulo 1 • 25
302.364
350.000
325.000
300.000
275.000
208.660
250.000
225.000
200.000
175.000
150.000
125.000
70.035
100.000
75.000
17.069
50.000
5.272
1.000
25.000
1970
1975
1980
1985
1990
1995
2000
2005
2009
Figura 1.1 – Evolução Mundial dos membros do PMI no mundo. Fonte: Vargas (2009)
26 • capítulo 1
• PMBOK
O PMBOK® Guide foi o primeiro padrão de práticas profissionais desenvol-
vido pelo PMI e abrange todo o conhecimento da profissão de gerenciamento
de projetos. Ele foi desenvolvido com a ajuda de praticantes e acadêmicos que
utilizam de fato essas práticas ou que as desenvolve. Ou seja, o que é apresenta-
do pelo PMBOK® Guide é amplamente testado pelos praticantes de gerência de
projetos e aprovado por eles, sendo consideradas boas práticas para a gerência
de projetos em muitos projetos na maior parte do tempo, sendo que existe um
consenso por parte dos praticantes sobre seus valores e aplicabilidade.
COMENTÁRIO
Seu histórico: Em 1983, na tentativa de documentar e padronizar as práticas que são normal-
mente aceitas na gerência de projetos, foi publicado o artigo "Ethics, Standards, and Accre-
ditation Committee Final Report". A primeira edição do "A Guide to the Project Management
Body of Knowledge (PMBOK Guide)" foi publicada pelo Project Management Institute (PMI)
foi publicada em 1996, seguida pela segunda edição em 2000.
Em 2004, o Guia PMBOK — Terceira Edição — foi publicado com maiores mudanças,
considerando as edições anteriores. A quarta edição (lançada em 2008) é normatizada pelas
normas ANSI/PMI 99-001-2008 e IEEE 1490-2011. A última versão do Guia PMBOK é a
quinta edição que foi publicada em 2013 em Inglês. Traduções estão disponíveis em Árabe,
Chinês, Francês, Alemão, Italiano, Japonês, Coreano, Português, Russo e Espanhol. (VAR-
GAS, 2009)
capítulo 1 • 27
Os processos descritos se relacionam e interagem durante a condução do
trabalho. A descrição de cada um deles é feita em termos de:
• Entradas (documentos, planos, desenhos etc.);
• Ferramentas e técnicas (que se aplicam às entradas);
• Saídas (documentos, produtos etc.)
Genérico para
FASES todos os projetos
MACROVISÃO
ESTÁGIOS Específicos da
natureza do projeto
MICROVISÃO
ATIVIDADES Específicos de
cada projeto
28 • capítulo 1
Conhecer as fases do ciclo de vida proporciona uma séria de benefícios para
quaisquer tipos de projetos. Dentre eles, podem ser destacados os seguintes:
• correta análise do ciclo de vida determina o que foi, ou não, feito
pelo projeto;
• o ciclo de vida avalia como o projeto está progredindo até o momento;
• o ciclo de vida permite que seja indicado que o ponto exato em que o pro-
jeto se encontra no momento.
100
Final lento
% COMPLETO
Momento de velocidade
Início lento
0
TEMPO
capítulo 1 • 29
Outra consideração a ser analisada no ciclo de vida do projeto é o nível de
esforço. O nível de esforço destinado ao projeto inicia-se em praticamente zero
e vai crescendo até atingir um máximo e, logo após esse ponto, reduz-se brusca-
mente até atingir o valor zero, representante do término do projeto.
Entende-se, segundo Vargas (2009), por esforço, a quantidade de pessoas
envolvidas no projeto, o dispêndio de trabalho e dinheiro com o projeto, as
preocupações, as complicações, as horas-extras, etc. A localização do valor má-
ximo do gráfico pode variar de projeto para projeto. A suavidade desse ponto de
esforço máximo está diretamente relacionada à qualidade com que o planeja-
mento foi realizado. Quanto melhor é o plano, mais suave é a transposição do
ponto de esforço máximo.
Máximo
ESFORÇO
Figura 1.4 – Variação do esforço com o tempo para o projeto. Fonte: Vargas (2009).
30 • capítulo 1
Potencial de adicionar valor
Baixo
Início Tempo Término
Figura 1.6 – Custo das mudanças / correções em função do desenrolar do projeto. Fonte:
Vargas (2009).
capítulo 1 • 31
início, caindo gradativamente com o passar do tempo. Quanto mais o projeto
se desenvolve, menor é a capacidade de adequação.
Alta
Capacidade de adequação
Baixa
Início Tempo Término
32 • capítulo 1
Incerte
za do
risco
impacto do risco
Região de maior
Intensidade
iscada
ade arr
Quantid
Início Tempo Término
Figura 1.8 – Análise comparativa da incerteza dos riscos com a quantidade arriscada. Fon-
te: Vargas (2009).
capítulo 1 • 33
Fase de encerramento
Fase de planejamento
Fase de iniciação
Fase de execução
Esforço
Fase de monitoramento
e controle
Tempo
Figura 1.9 – Figura: O ciclo de vida do projeto subdividido em fases. Fonte: Vargas (2009).
34 • capítulo 1
• Fase de Encerramento: É a fase quando a execução dos trabalhos é ava-
liada através de uma auditoria interna ou externa, os documentos do projeto
são encerrados e todas as falhas ocorridas durante o projeto são discutidas e
analisadas para eu erros similares não ocorram em novos projetos. Esta fase
portanto, também é conhecida como fase de aprendizado.
Execução
Planejamento
Iniciação
Intensidade
Encerramento
Controle
Tempo
Planejamento
Controle
Iniciação Encerramento
Execução
capítulo 1 • 35
Sob outro aspecto, pode-se considerar que a realização de uma fase do projeto
é também um projeto e, portanto, possui um determinado ciclo de vida e pode ser
subdividida em fases. Isso significa que existe uma iniciação da fase de iniciação, um
planejamento da fase de iniciação, uma execução e um controle da fase de iniciação e
uma finalização da fase de iniciação, partindo, então, para a fase de iniciação do pla-
nejamento, etc. Em outras palavras, vários subprojetos em um único projeto maior.
O PMBOK também evidencia esse inter-relacionamento entre as fases de
uma maneira bastante clara e intuitiva, representando, em um mesmo gráfico,
os ciclos de vida de todas as fases do projeto.
Ciclo de vida do
projeto
Execução
planejamento
Esforço
Iniciação Encerramento
Controle
Tempo
REFLEXÃO
Em todo projeto existe uma relação estreita entre os fatores de desempenho ou performance
(escopo e qualidade), custo e tempo. Isso quer dizer que é impossível predeterminar todos os
fatores simultaneamente. É preciso que, com base em dois fatores, se determine o terceiro
como uma função interna do projeto, ou seja, o máximo que se pode fazer é predeterminar
dois fatores e calcular o terceiro como uma função dos dois anteriores. Em geral, é neces-
sário que se conheçam, detalhadamente, dois fatores e o escopo do projeto para que se
determine o terceiro fator, fechando todo o cenário do projeto.
36 • capítulo 1
LEITURA
O guia Project Management Body of Knowledge (PMBOK) é um conjunto de práticas na
gestão de projetos organizado pelo instituto PMI e é considerado a base do conhecimento
sobre gestão de projetos por profissionais da área.
Histórico: Em 1983, na tentativa de documentar e padronizar as práticas que são normal-
mente aceitas na gerência de projetos, foi publicado o artigo "Ethics, Standards, and Accre-
ditation Committee Final Report". A primeira edição do "A Guide to the Project Management
Body of Knowledge (PMBOK Guide)" foi publicada pelo Project Management Institute (PMI)
foi publicada em 1996, seguida pela segunda edição em 2000.
Em 2004, o Guia PMBOK — Terceira Edição — foi publicado com maiores mudanças,
considerando as edições anteriores. A quarta edição (lançada em 2008) é normatizada pelas
normas ANSI/PMI 99-001-2008 e IEEE 1490-2011.
A última versão do Guia PMBOK é a quinta edição que foi publicada em 2013 em Inglês.
Traduções estão disponíveis em Árabe, Chinês, Francês, Alemão, Italiano, Japonês, Coreano,
Português, Russo e Espanhol.Houve um avanço nos processos e tópicos do guia PMBOK
de sua 4ª. Edição para sua última edição, como podemos observar no quadro a seguir. Esta
atualização se fez necessária para abarcar temas e atividades que passaram a ser importan-
tes nos projetos atuais.
Tabela 1.4 –
Extensões do PMBOK
O PMBOK atualmente define extensões ao Guia PMBOK. São elas:
Extensão para Construção - Construction Extension to the PMBOK Guide — 3a Edição
Extensão para Governo - Government Extension to the PMBOK Guide — 3a Edição
O PMBOK também define padrões específicos ao Guia PMBOK. São eles:
• Padrão para Gerenciamento de Programa - The Standard for Program Management — 2a
Edição (em inglês)
• Padrão para Gerenciamento de Portifólio - The Standard for Portfolio Management — 3a
Edição (em inglês)
capítulo 1 • 37
Modelo de Maturidade para Gerenciamento de Projetos Organizacionais - Organizational
Project Management Maturity Model (OPM3®) — 2a * Edição (em inglês)
Fonte: wikipedia.org/ Project_Management_Body_of_Knowledge.
38 • capítulo 1
As finalidades do Gerenciamento do Escopo, conhecido também como
Âmbito do Projeto, incluem a definição do trabalho necessário para concluir o
projeto, servir como guia (ou ponto de referência) para determinar que traba-
lho não está incluído (ou não é necessário) no projeto.
O escopo é o foco do projeto. O escopo do projeto difere-se do escopo do
produto na medida em que o escopo do projeto define o trabalho necessário
para fazer o produto, e o escopo do produto define os recursos (atributos e com-
portamentos) do produto que está sendo criado.
Os projetos não desviam frequentemente do foco de negócios da empresa, e
geralmente estão relacionados à sua atividade fim.
O projeto de um sistema de informação, por exemplo, sempre tem por fina-
lidade cobrir uma necessidade estratégica de negócio ou viabilizar a execução
automatizada de um processo operacional dentro da empresa.
capítulo 1 • 39
A gerência do tempo de projeto e a gerência do custo do projeto são as
áreas de maior exigência dentro de um projeto, pois são as mais visíveis em
sua gestão.
Algumas das ferramentas clássicas de Gestão de Tempo de Projeto são o
PERT/CPM e o Diagrama de Gantt. Veremos essas ferramentas mais adiante
nos capítulos sobre gerenciamento do tempo.
40 • capítulo 1
Isso significa que há uma crescente conscientização da sociedade
a esse respeito, o que impõe o surgimento de demandas e exerce pres-
sões complementares.
Há várias classificações para diversos períodos ou eras da qualidade. Garvin
(2002) estruturou-as assim:
• Inspeção;
• Controle estatístico da qualidade;
• Garantia da qualidade;
• Gestão estratégica da qualidade.
capítulo 1 • 41
partes interessadas do projeto, quer sejam internas (em todos os níveis da orga-
nização) ou externas à organização.
Uma comunicação eficaz cria uma ponte entre as diversas partes interessa-
das envolvidas no projeto.
Processos de gerenciamento das comunicações do projeto
• Identificar as partes interessadas:
O processo de identificação de todas as pessoas ou organizações que podem
ser afetadas pelo projeto e de documentação das informações relevantes rela-
cionadas aos seus interesses, envolvimento e impacto no sucesso do projeto.
• Planejar as comunicações: O processo de determinação das necessidades
de informação das partes interessadas no projeto e definição de uma aborda-
gem de comunicação.
• Distribuir as informações: O processo de colocar as informações necessá-
rias à disposição das partes interessadas no projeto, conforme planejado.
• Gerenciar as expectativas das partes interessadas: O processo de comuni-
cação e interação com as partes interessadas para atender às suas necessidades
e solucionar as questões à medida que ocorrerem.
• Reportar o desempenho: O processo de coleta e distribuição de informa-
ções sobre o desempenho, incluindo relatórios de andamento, medições do
progresso e previsões.
42 • capítulo 1
• Risco – evento ou condição incerta que, se ocorrer, terá um efeito positivo
ou negativo sobre pelo menos um objetivo do projeto, como tempo, custo, âm-
bito ou qualidade – PMI, PMBOK Guide 2004, pag. 238;
• Risco – determinado evento ou conjunto de circunstâncias que, ao ocorre-
rem, terão efeito sobre a concretização dos objetivos do projeto.
capítulo 1 • 43
A tabela a seguir resume as características de cada uma das 10 áreas
de conhecimento:
ÁREA CARACTERÍSTICAS
44 • capítulo 1
ÁREA CARACTERÍSTICAS
Nesta disciplina, iremos explicar cada uma dessas áreas de uma forma bas-
tante ampla, enfatizando a sua aplicação em projetos de qualquer contexto.
Dessa forma, pretendemos oferecer a vocês, futuros administradores de em-
presas, um ferramental bastante diversificado para ser aplicado nos projetos
que vocês virão a gerenciar.
capítulo 1 • 45
ATIVIDADES
Desenvolvemos, abaixo, um conjunto de perguntas para que você possa fixar o conteúdo
aprendido nesta unidade.
Responda às perguntas abaixo utilizando como base tudo aquilo que você estudou nesta
unidade, nas conexões apresentadas e utilizando o conhecimento que você já possui de vi-
vências profissionais ou de estudos de módulos passados referentes ao mundo coorporativo.
01. É possível gerenciar um projeto dentro de uma organização por meio de boas práticas
e metodologias cientificamente testadas ou só é possível gerenciar projetos fazendo uso de
profissionais experientes que utilizam métodos “artísticos” para alcançar o sucesso do proje-
to? Explique a sua resposta.
04. Abaixo, marque P para projetos ou TO para trabalhos operacionais do dia a dia de
uma instituição.
( ) Ações para o desfile de carnaval de um determinado ano.
( ) Construção de carros em série em uma linha de b) montagem.
( ) Ações para a criação de um novo modelo de carro de uma determinada montadora.
( ) Desenvolvimento de um novo d) software de ERP para uma determinada empresa.
( ) Ações do setor de RH para a emissão de pagamentos dos funcionários de uma
determinada empresa.
( ) Ações de uma empresa para determinar o processo de emissão de pagamentos
dos funcionários de uma determinada empresa.
( ) Tarefas associadas a um funcionário de uma lanchonete para a confecção de lan-
ches padrões desta lanchonete.
46 • capítulo 1
REFLEXÃO
No seu desempenho profissional de um executivo, de um administrador, gestor, analista de
sistemas etc., por vários momentos você irá se deparar com projetos e processos, isso por
que, entre outras coisas, administrar uma empresa ou liderar uma equipe, ser encarregado
de um setor ou gestor de uma célula produtiva, tudo isso consiste em administrar o dia a dia
dos profissionais em suas atividades diárias, ou seja, nos trabalhos operacionais, e também
em dar rumo a instituições por meio de um plano estratégico que será contemplado pela
execução de vários projetos.
É importante que neste momento você saiba diferenciar trabalhos operacionais de pro-
jetos e saiba que para tratar cada um desses há uma abordagem científica e sistematizada
para auxiliá-lo.
Neste sentido, aprendemos neste capítulo sobre o que é um projeto e sobre o PMI, que é
uma instituição que luta pela profissionalização do gerente de projetos por meio da sistema-
tização de boas práticas de abordagem ao gerenciamento de projetos.
Dessa forma, sempre que você se deparar com projetos na sua vida profissional, você
terá condição de identificá-los e gerenciá-los por meio das definições de uma metodologia/
processo apoiada nas boas práticas estudadas e abordadas no PMBOK. Sendo assim, o es-
tudo desse capítulo se fez importante, porém não suficiente. Por isso, vamos em frente, ainda
temos muito mais para aprender sobre gerenciamento de projetos!!
LEITURA
Você pode melhorar um pouco mais o seu entendimento de gerenciamento de projetos ou-
vindo um pouco do que diz um dos mais reconhecidos profissionais de gerenciamento de
projetos no Brasil e no mundo, o Sr. Ricardo Vargas.
Nesta unidade, vamos recomendar que você ouça dois podcasts interessantes do Ricar-
do Vargas.
O primeiro, é um podcast que fala sobre os desafios do gerenciamento de projetos.
Neste, Vargas aborda as dificuldades de um projeto e parte da máxima de que não existe
projeto fácil e que todos os projetos terão seus desafios e por isso que há a necessidade de
um gerente de projetos. Esse podcast pode ser ouvido em: http://www.ricardo-vargas.com/
pt/podcasts/projectchallenges/
O segundo, é um podcast que fala sobre as leis de Murphy no gerenciamento de pro-
jetos. Por meio de uma alusão cômica a Murphy, Vargas explica que não há lugar para o
capítulo 1 • 47
pessimismo em projetos. Esse podcast pode ser ouvido em: http://www.ricardo-vargas.com/
wp-content/uploads/podcasts/2009/ricardo_vargas_2009_04_20_murphy_pt.mp3
O gerente de projetos
O gerente do projeto é a pessoa designada pela organização responsável pela condução do
projeto, com a missão de zelar para que os objetivos do projeto sejam atingidos. O geren-
te de projetos tem sido caracterizado por um perfil profissional com domínio e experiência
especializados nos processos e nas áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos.
O trabalho do gerente de um projeto pode ser sintetizado em dois grandes elementos:
• Planejar (antes) e Controlar (durante) as atividades do projeto e seu gerenciamento, con-
forme se pode constatar pela concentração de processos de gerenciamento de um projeto
abrangendo todas os aspectos envolvidos.
• Comunicar: os gerentes de projetos passam a maior parte do seu tempo tratando com os
membros da equipe e outras partes interessadas do projeto.
48 • capítulo 1
• Negociação, influência e persuasão;
• Decisão, iniciativa e proatividade;
• Organização e disciplina;
• Autocontrole, equilíbrio e resiliência;
• Empreendedorismo;
• Eficácia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOROVIK,Cleide; RAMIREZ, Andrea; RAMIREZ, Fernanda. Tecnotopias: arte e ciências, imagens e contexto
Disponível em: <http://www.eca.usp.br/nucleos/njr/espiral/tecno34b.htm>. Acesso em: 16 mar. 2010.
CAVALIERI, Adriane. Como se tornar um profissional em gerenciamento de projetos. São Paulo:
QualityMark, 2007.
FREITAS, Carlos A. V. CAPM Credential Growing in Brazil. PMI Todays. Publicado em: mar. 2009.
PMBOK. Um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. Pennsylvania : s.n., 2004.
PMBOK. Um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. Pennsylvania : s.n., 2008.
PMI. Estudo de Benchmarking em Gerenciamento de projetos Brasil. Project Manager Institute. 2009.
PMI. Project Manager Institute. Disponível em: <www.pmi.org>. Acesso em: 1 jan. 2010.
SOUSA, Ciclo PDCA – Um instrumento para melhoria continua. Disponível em: <www.pmies.org.br/v2/
centraladm/artigos/arquivos/20-09_Ciclo_PDCA_-_Um_instrumento_para_melhoria_continua.pdf>.
Acesso em: 16 mar. 2009.
WIKIPEDIA. Ciclo PDCA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_PDCA>. Acesso em: 16
mar. 2010.
capítulo 1 • 49
50 • capítulo 1
2
Gerenciamento
de Integração e
Gerenciamento de
Escopo
Nas unidades anteriores, começamos falando sobre definição de projetos, ge-
renciamento de projetos e uma breve apresentação das áreas de conhecimento
de um projeto.
Vimos também, sobre os ciclos de vida de produto, projeto e de gerencia-
mento de projetos e a partir desta unidade começamos a tratar o gerenciamen-
to de projetos de forma mais prática, quero dizer, de forma mais aplicável, uma
vez que até então estávamos tratando de conceitos por meio dos quais cons-
truímos uma base sólida em cima da qual essa parte mais “prática” poderá
se sustentar.
A partir deste capítulo, vamos estudar um pouco sobre como os processos
dos grupos de processos já vistos anteriormente, que se dividem em 10 áreas de
conhecimento e vamos mostrar as principais técnicas de algumas dessas áreas.
Como visto anteriormente, o ciclo de vida de gerenciamento de projetos é
dividido em 5 grupos de processos, quais são:
1. Iniciação
2. Planejamento
3. Execução
4. Monitoramento e controle
5. Encerramento
52 • capítulo 2
A primeira área a ser abordada, abre a sequência do ciclo de vida de um pro-
jeto que é o gerenciamento da integração.
Vamos lá!
OBJETIVOS
Com o estudo deste capítulo, iniciaremos os conteúdos pertinentes às 10 áreas de conheci-
mento do gerenciamento de projetos. Este capítulo portanto, trará os conceitos e atividades
do gerenciamento da integração e do escopo, abrindo a lista de áreas do conhecimento
descritos no PMBOK.
Gerenciamento da Integração
1. Criação do Termo de Abertura
2. Ciclo padrão de planejamento e Integração do Plano de Projeto.
3. Controle e Monitoramento do Projeto
4. Controle de Mudanças
5. Encerramento de projetos
capítulo 2 • 53
2.1 Processo de Integração do Projeto
O processo de integração do projeto consiste em garantir que todas as demais
áreas estejam integradas em um todo único. Seu objetivo é estruturar todo o
projeto de modo a garantir que as necessidades dos envolvidos sejam atendi-
das pelo projeto.
Segundo o Guia PMBOK®, o gerenciamento da integração do projeto inclui
os processos e as atividades necessárias para identificar, definir, combinar,
unificar e coordenar os vários processos e atividades dos grupos de processos
de gerenciamento.
O gerente do projeto age como integrador dos processos e das pessoas.
Escopo
Partes
Tempo
Interessadas
Aquisições Custos
Integração
Riscos Qualidade
Comunica- Recursos
ções Humanos
54 • capítulo 2
• Gerente do projeto: gerenciar o projeto aplicando todas as boas práticas
reconhecidas e comprovadas no mercado profissional e acadêmico como prá-
ticas que funcionam na maioria dos projetos e na maior parte do tempo. No ge-
renciamento do projeto, o gerente de projetos também é responsável por reunir
todas as peças do projeto em uma unidade coesa.
capítulo 2 • 55
A gerência de integração é composta pelos seguintes processos:
1. Processos de iniciação:
Desenvolver o termo de abertura do projeto
2. Processos de planejamento:
Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto
3. Processos de execução:
Orientar e gerenciar a execução do projeto
4. Processos de monitoramento e controle:
Monitorar e controlar o trabalho do projeto
Controle integrado de mudanças
5. Processos de encerramento
Encerrar o projeto
Este processo faz parte do grupo de processos de iniciação (ou fase de iniciação).
Na verdade, este processo e o processo “desenvolver a declaração do escopo
preliminar do projeto” são os únicos que compõem a fase de iniciação do ciclo
de vida de gerenciamento de projetos. E ambos os processos estão sob respon-
sabilidade da área de gerenciamento de integração.
O processo “Desenvolver o termo de abertura do projeto” tem como objetivo
desenvolver um documento chamado “Termo de Abertura de Projeto” ou TAP
(ou, no inglês, Project Charter).
Este documento serve para autorizar formalmente a abertura de um projeto
e para garantir ao gerente de projetos a autoridade para aplicar os recursos da
empresa no empreendimento do projeto.
Portanto, este é um documento que não é escrito pelo gerente de projetos,
mesmo por que é neste documento que o gerente de projetos é escolhido pelo
patrocinador do projeto.
56 • capítulo 2
CONCEITO
Detalhamento desenvolvimento do termo de abertura do projeto.
Entradas
O processo de desenvolver o termo de abertura do projeto possui cinco entradas:
1. Declaração do trabalho do projeto: Esta entrada é uma descrição de todos os produtos e
serviços que serão fornecidos pelo projeto a ser criado. Nos projetos internos à organização
essa declaração pode ser feita pelo patrocinador com base nos requisitos das necessidades
dos negócios (por exemplo, uma demanda de mercado, avanço tecnológico, requisito legal
ou nova lei imposta pelo governo), produtos ou serviços. No entanto, para projetos externos
esta declaração pode ser concedida pelo cliente através de um documento de licitação, por
exemplo, solicitação de proposta, informações, preços, ou como parte de um contrato.
2. Business Case: Um business case é um documento que fornece informações necessá-
rias do ponto de vista de um negócio, para determinar se o projeto justifica ou não o inves-
timento. Neste documento temos a análise de custo benefício e necessidades de negócios
para justificar o projeto. O cliente é o responsável por escrever o business case. O business
case é criado devido a demanda de mercado onde uma empresa poderia ter verificado a
necessidade de um projeto para criar um produto melhor em resposta a alguma situação
imposta pelo mercado, ou devido a alguma necessidade organizacional, solicitação do cliente,
avanço tecnológico, etc.
3. Contrato: Neste caso um contrato será uma entrada apenas se o projeto estiver sendo
realizado por um cliente externo, assim normalmente a empresa cliente formaliza um contrato
contendo algumas restrições que devem ser aceitas pela organização executora do projeto.
4. Fatores Ambientais da empresa: Os fatores ambiente são situações que podem ocorrer
na organização interna ou externa que cercam ou influenciam o sucesso de um projeto. Estes
fatores ambientais podem aumentar ou restringir as opções de gerenciamento de projetos e
ainda podem influenciar positivamente ou negativamente no resultado deste projeto. Esses
fatores ambientais podem ser: padrões governamentais ou industriais, infraestrutura organi-
zacional, condições do mercado, entre outros.
5. Ativos de Processos Organizacionais: Os ativos de processos organizacionais são todos
os ativos relacionados a processos, de quaisquer ou todas as organizações envolvidas no
projeto que podem ser usados para influenciar o sucesso do projeto. Os ativos de processos
organizacionais que podem influenciar no termo de abertura podem ser: Processos organiza-
cionais padronizados, políticas e definições padronizadas de processos para uso na organiza-
ção, modelos (como modelos de termo de abertura previamente definidos pela organização),
informações históricas, base de conhecimento de lições aprendidas, etc.
capítulo 2 • 57
Ferramentas e Técnicas
Saídas
58 • capítulo 2
2.1.2 Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto
capítulo 2 • 59
2.1.4 Monitorar e controlar o trabalho do projeto
60 • capítulo 2
2.1.6 Encerrar o projeto ou fase
COMENTÁRIO
O processo de integração tem, portanto, o desafio de garantir que todas as demais áreas
estejam integradas em um todo único e deve estruturar todo o projeto de modo a garantir
que as necessidades dos envolvidos sejam atendidas pelo projeto.
capítulo 2 • 61
O gerenciamento de escopo trata dos limites do projeto, estabelecendo tudo
o que está dentro do projeto e tudo o que está fora do projeto (às vezes, especifi-
car o que está fora é quase tão importante do que especificar o que está dentro,
por causa dos requisitos de contexto e requisitos não funcionais dos softwares).
Definir corretamente o escopo é uma das partes mais importantes do ge-
renciamento de projeto, pois se pensarmos em qualidade como um conceito
relacionado com o atendimento dos requisitos dos stakeholder, então determi-
nar muito bem esses requisitos é o primeiro passo para entregar um produto/
serviço de qualidade e ter sucesso no projeto.
A determinação do que exatamente faz parte ou não faz parte do projeto e
a identificação das necessidades do cliente e tradução dessas necessidades em
requisitos é uma atividade complexa (e dependendo da área do projeto, essa
complexidade pode ser realmente muito alta e se transformar em ponto crítico
de sucesso do projeto).
Coletar os requisitos
Verificar o escopo
Definir o escopo
Controlar o escopo.
Criar EAP
62 • capítulo 2
No decorrer deste capítulo, detalharemos todos s processos de gerencia-
mento de escopo, a começar pela coleta de requisitos.
capítulo 2 • 63
Para resolver essas complexidades, a engenharia de software propõe o processo de
engenharia de requisitos, que, segundo Sommerville (2003), é composto por quatro
atividades básicas: estudo de viabilidade, obtenção e análise de requisitos, especifica-
ção de requisitos, validação de requisitos.
Neste processo de engenharia de requisitos, no momento de determinação do esco-
po do software, é necessário se atentar aos seguintes pontos:
1. Contexto:
a) Em qual contexto o software se encaixa? Há um sistema maior que o
engloba?
b) As restrições impostas pelo contexto do software.
2. Objetivos da informação:
a) Os dados serão produzidos como saída do software e visto pelos usuários
finais.
b) Os dados que serão a entrada do sistema.
3. unções e desempenho
a) As funções que o software deverá ter para transformar as entradas em saí-
das interessantes para o usuário final (processar os dados).
b) Requisitos não funcionais como desempenho, usabilidade, manutenibilidade
e etc. (PRESSMAN, 2006).
64 • capítulo 2
• Benchmarking com outros projetos (tomar por base requisitos que Foram
atendidos por outros projetos realizados anteriormente);
• Técnica Delphi (um grupo seleto de especialistas responde questionários
e debate sobre os requisitos);
• Opiniões técnicas especializadas.
capítulo 2 • 65
• Data da Criação do Requisito;
• Data da última alteração;
• Responsável pela última alteração;
• Motivo da última alteração;
• Situação do requisito.
AUTOR
Ricardo Viana Vargas é um especialista em gerenciamento de projetos, portfólio e riscos
com diversas certificações. Foi, nos últimos 18 anos, responsável por mais de 80 projetos de
grande porte em diversos países, nas áreas de petróleo, energia, infraestrutura, telecomuni-
66 • capítulo 2
cações, informática e finanças, com um portfólio de investimentos gerenciado superior a 20
bilhões de dólares. Atualmente, é diretor do Grupo de Práticas de Projetos Sustentáveis do
Escritório de Serviços de Projetos das Nações Unidas (UNOPS, na sigla em inglês) em Co-
penhagen, na Dinamarca. Seu trabalho tem como foco a melhoria da gestão dos projetos hu-
manitários, de construção da paz e de desenvolvimento de infraestrutura em dezenas de paí-
ses, como Haiti, Afeganistão, Iraque e Sudão do Sul. Site: http://www.ricardo-vargas.com/pt/
CONCEITO
Definição Licenciamento ambiental
Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localiza-
ção, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de re-
cursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e
regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
capítulo 2 • 67
CONCEITO
Definição EIA/RIMA
Segundo o art. 3º da Resolução CONAMA nº 237/97, a Licença Ambiental para em-
preendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significa-
tiva degradação do meio dependerá de prévio Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Re-
latório de Impacto sobre o Meio Ambiente (EIA/RIMA), ao qual se dará publicidade, garantida
a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação. Por
outro lado, o órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento
não é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os
estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.
ATENÇÃO
A área de conhecimento em gerenciamento ambiental do projeto inclui os processos internos
e externos e as consequentes atividades desses processos que são necessárias para que o
projeto cause o mínimo impacto possível ao Meio Ambiente onde ele será desenvolvido. O refe-
rencial teórico para a consolidação desse gerenciamento ambiental é o conceito de sustentabi-
lidade ambiental da Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Organização
das Nações Unidas – ONU), que no Relatório Brundtland de 1987 definiu o Desenvolvimento
Sustentável como sendo “O desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Deste
modo, o conceito de sustentabilidade ambiental é o foco desse gerenciamento, em que todas
as demais áreas do gerenciamento do projeto serão transversalmente afetadas.” (disponível em
http://www.ricardo-vargas.com/pt/articles/gerenciamento-ambiental)
Uma vez que a etapa de coleta de requisitos é encerrada, pode-se partir para a
etapa de definição de escopo.
Definir o escopo
A definição de escopo envolve a preparação de uma declaração de escopo
detalhada para o projeto, que envolve a identificação de qual o trabalho a ser
realizado e os responsáveis, o dimensionamento dos pacotes de trabalho, ou
68 • capítulo 2
work packages (WP) e a criação de um dicionário que explique os aspectos téc-
nicos da EAP. Entre os aspectos positivos da definição de escopo estão:
• obriga os stakeholders a concordarem com as fronteiras do projeto;
• durante a execução, permite identificar as mudanças que estão fora do
escopo do projeto e requerem renegociação do contrato original;
• ajuda a estabelecer critérios que mensurem o sucesso do projeto,
• de forma que todos os envolvidos os conheçam e estejam de acordo;
• auxilia a compreensão da equipe de projeto sobre as abordagens e méto-
dos utilizados no projeto.
É importante destacar que como o escopo de projeto serve de base para vá-
rias decisões no projeto, deve-se ter muito cuidado com o que está incluído e o
que não está antes de iniciar a execução. A definição correta sobre o que deve
estar incluído no escopo do projeto e também seu gerenciamento é ilustrado na
história representada na figura 2.2:
Como o projeto Que funcionalidades Como o cliente Como foi O que o cliente
foi documentado... foram instaladas... foi cobrado... mantido... realmete queria...
capítulo 2 • 69
No exemplo da figura 2.2 é possível perceber que o mau gerenciamento do
escopo leva o projeto a desperdiçar recursos e não atingir seus objetivos, tor-
nando o cliente insatisfeito. Isto acontece porque o escopo de trabalho é o “co-
ração” do gerenciamento de projetos, sendo que todas as outras áreas, em al-
gum ponto dependem de sua correta definição.
A declaração de escopo deve estar clara inclusive em termos contratuais,
pois o cliente pode esperar que o projeto apresente mais do que está sendo feito
ou a equipe pode estar trabalhando em algo que não agrega valor e que o cliente
não precisa, por isso torna-se fundamental definir corretamente o escopo.
A definição de um escopo deve conter os fatores mostrados na figura 2.3
Objetos do Projeto;
Premissas e Retrições;
70 • capítulo 2
restrição que na maioria das vezes limita as opções da equipe com relação a
escopo, pessoal e prazos.
Quando um projeto é desenvolvido sob contrato, as cláusulas contratuais
serão geralmente restrições. Outro exemplo é uma exigência de que o produto
do projeto seja sustentável do ponto de vista social, econômico e ambiental, o
que trará repercussões no escopo, na equipe e no prazo do projeto. Caso haja
quebra de contrato ou o projeto gaste mais que o orçamento previsto, há risco
de cancelamento do projeto.
Premissas ou suposições são fatores que, para os propósitos do planejamen-
to, são consideradas verdadeiros, reais, ou certos. As premissas afetam todos os
aspectos do planejamento do projeto e são parte da elaboração progressiva do
projeto. As equipes de projetos frequentemente identificam, documentam e
validam premissas como parte de seu processo de planejamento. Por exemplo,
se a data na qual uma pessoa chave estará disponível para o projeto é incerta, a
equipe pode assumir uma data de início específica. Podem ser organizacionais,
ambientais e externas.
Podem ser consideradas como as “cláusulas contratuais” que se não forem
cumpridas, comprometem o sucesso do projeto, ou aquilo que você quer exigir
das partes interessadas.
Por exemplo: Disponibilidade de 50% do tempo do cliente durante os testes.
Se o cliente não estiver disponível 50% do tempo, o prazo, provavelmente, não
será cumprido.
A lista das entregas e seus requisitos envolvem definição de subprodutos.
Subprodutos do projeto constituem uma lista de nível sumário dos subpro-
dutos que entregues total e satisfatoriamente indicam o término do projeto.
Por exemplo, os principais subprodutos para um projeto de desenvolvimento
de software devem conter o código de trabalho do computador, um manual
do usuário e um tutorial interativo. Quando conhecidas, exclusões devem
ser identificadas, mas alguma coisa não incluída explicitamente está excluí-
da implicitamente.
A estrutura analítica do projeto (EAP) será tratada detalhadamente
e separadamente.
Em projetos de tecnologia da informação, especificar o que está fora do es-
copo é quase tão importante quanto especificar o que está dentro, devido aos
requisitos de contexto e requisitos não funcionais dos softwares).
capítulo 2 • 71
Por último, dentro da definição ou declaração de escopo, temos a definição
de critérios, inclusive requisitos de desempenho e condições essenciais, que
devem ser atendidos antes que as entregas do projeto sejam aceitas
72 • capítulo 2
WBS é o termo em inglês referente a EAP e significa work breakdown struc-
ture, que quer dizer:
Work: esforço físico ou mental sustentável para transpor obstáculos e atin-
gir um objetivo;
Breakdown: divisão em partes ou categorias. Decompor em partes menores;
Structure: algo organizado de forma padronizada ou formalizada.
Assim fica mais fácil de entender que a EAP e a decomposição (breakdo-
wn) hierárquica (structure) orientada a entrega do trabalho (work) do escopo
do projeto.
Esses trabalhos devem ser executados pela equipe do projeto para atingir os
objetivos do projeto. A decomposição dos trabalhos em partes menores serve
para torná-los mais gerenciáveis.
A EAP é uma ferramenta gráfica, então a decomposição hierárquica do tra-
balho do projeto acontece por meio de retângulos e interligações desses retân-
gulos para formar a hierarquia de trabalho.
Para a criação de uma EAP é comum o uso da técnica de decomposição que
sugere a subdivisão das entregas de trabalhos em componentes menores e mais
facilmente gerenciáveis de forma que, em processos futuros do ciclo de vida de ge-
renciamento de projetos, o tempo e o custo possam ser estimados de forma con-
fiável. Este último nível de entrega de trabalho é chamado de pacote de trabalho.
Uma boa prática para se desenhar uma EAP é partir de um retângulo prin-
cipal que recebe o nome do projeto; em seguida, como filhos desse retângulo,
são desenhadas as fases do projeto, e, como filhos dessas fases, são desenhados
os pacotes de entregas intermediários e, por fim, como filhos dos pacotes in-
termediários, são desenhados os pacotes de trabalho que devem ser entregues,
como mostra a figura 2.2.
A decomposição do trabalho total do projeto normalmente envolve as se-
guintes atividades: identificar as entregas de trabalhos relacionadas; estrutu-
ração e organização da EAP; decomposição dos níveis mais altos da EAP em
níveis mais baixos; desenvolvimento e atribuição de códigos de identificação
aos componentes da EAP; verificar se o grau de decomposição é necessário
e suficiente.
capítulo 2 • 73
CONEXÃO
Este vídeo, de Ricardo Vargas, explica a construção da EAP de maneira bastante didáti-
ca. Endereço: https://www.youtube.com/watch?v=TS9eciG-Ddw
Produto
Software Versão 5.0
Ciclo de Vida do Projeto
Figura 2.4 – Exemplo simplificado de uma EAP organizada por fases de um projeto de de-
senvilvimento de software (adaptado de PMBOK, 2008).
74 • capítulo 2
CONEXÃO
Técnicas para geração da EAP - https://www.youtube.com/watch?v=qQQ5RHuDA6A
Para que não haja nenhum tipo de ambiguidade ou mais de uma interpre-
tação, quando da elaboração de uma EAP, é necessária a criação de um dicio-
nário, de forma que todos os termos descritos dentro das caixas da EAP sejam
claros. O dicionário da EAP pode servir como parte de um sistema de autoriza-
ção de trabalho descrevendo para os integrantes da equipe cada componente
da estrutura analítica do projeto e pode ser usado para controlar quando um
trabalho específico é realizado de modo a evitar aumento do escopo e aumento
da compreensão das partes interessadas sobre o esforço necessário para cada
pacote de trabalho. A figura 2.3 ilustra um exemplo de dicionário de EAP.
Tabela 2.7 –
capítulo 2 • 75
Verificação do escopo
REFLEXÃO
A verificação do escopo é um processo contínuo que visa garantir que todas as atividades
sejam realizadas corretamente e satisfatoriamente.
Controle do Escopo
76 • capítulo 2
deve se integrar aos demais processos de controle (controle de prazo, controle
de custo, controle de qualidade, e outros) (PMBOK, 2008).
O controle de escopo geralmente faz uso do sistema de controle de mudan-
ças, que define os procedimentos necessários para efetuar mudanças no esco-
po do projeto e inclui a documentação e os níveis de aprovação necessários em
cada caso. Para realizar este tipo de controle é preciso ter uma clara visão sobre
os detalhes do escopo do projeto (envolvendo o plano de gerenciamento de es-
copo), de forma a entender de forma inequívoca a origem da mudança e seus
efeitos (MULCAHY, 2007).
O “controle” em qualquer área de conhecimento nada mais é do que a cor-
reção de desvios, ou seja, sempre que o trabalho se distanciar daquilo que foi
planejado anteriormente (linha de base ou baseline). Assim, sempre que neces-
sário o trabalho é refeito ou redirecionado.
Um sistema de controle de mudanças do escopo:
• Define os procedimentos para efetuar mudanças no escopo do projeto e
no escopo do produto.
• Inclui a documentação, os sistemas de acompanhamento e os níveis de
aprovação necessários para autorizar mudanças
• Quando o projeto é gerenciado sob um contrato, o sistema de controle de
mudanças também fica de acordo com todas as cláusulas contratuais relevantes;
capítulo 2 • 77
• Um evento externo (por exemplo, uma mudança em uma regulamen-
tação governamental).
• Um erro ou omissão no detalhamento do escopo do produto (por
exemplo, não incluir uma característica necessária no projeto de um siste-
ma de telecomunicação).
• Um erro ou omissão no detalhamento do escopo do projeto (por
exemplo, usar uma lista de material (BOM) em vez de usar uma estrutura
analítica do projeto (EAP).
• Uma mudança no valor agregado (por exemplo, um projeto de recu-
peração ambiental é capaz de reduzir custos através do uso de uma tecno-
logia que não estava disponível quando o escopo do projeto foi original-
mente definido).
• Implementação de um plano de contingência, ou “workaround”, du-
rante a ocorrência de um evento de risco.
78 • capítulo 2
REFLEXÃO
É importante você ter em mente que um projeto gera um produto/serviço, e que depois que
esse produto/serviço é gerado, o projeto costuma findar (digo costuma, pois ainda pode
haver alguma fase de acompanhamento do produto/serviço antes do término).
Dessa forma, o ciclo de vida do projeto e o ciclo de vida de gerenciamento de projetos
também terminam, continuando, agora, o ciclo de vida do produto, o qual poderá gerar vários
outros projetos.
A confusão com o jogo de palavras acima já não deve mais ser problema para você
depois de tudo o que conversamos nesta unidade. Mas se ainda for, recomendamos que
você volte ao início da unidade e a leia novamente. E ainda recomendamos que você envie
mensagem ao professor e participe dos plantões para tirar suas dúvidas.
LEITURA
Desta vez, não iremos recomendar a você a leitura de um determinado texto ou recomendar
um determinado podcast. Vamos fazer um pouco diferente e um pouco mais divertido.
Gostaríamos, na verdade, de recomendar que você assista a dois filmes de grandes su-
cessos, a saber: Onze homens e um segredo e Vida de inseto.
Onze homens e um segredo é um filme de ação da Warner Bros. Estrelado por George
Clooney e Brad Pitt, que fazem papel de ladrões profissionais que empreendem, na ocasião,
u assalta a um casino em Las Vegas. O grande “barato” deste filme para nós, na disciplina
de gerenciamento de projetos, é que o assalto ao casino na verdade é um projeto muito bem
planejado e executado e vale a pena assistir com o olhar de um gerente de projetos.
Já o filme Vida de inseto é uma animação dos estúdios Disney e mostra o empreendi-
mento de uma pequena formiga contra grandes gafanhotos. Para nós, o filme é importante,
pois mostra como erros de comunicação podem trazer grandes prejuízos ao projeto.
Bom filme, pessoal!
ATIVIDADES
Desenvolvemos, a seguir, um conjunto de perguntas para que você possa fixar o conteúdo
aprendido neste capítulo. Responda às perguntas abaixo utilizando como base tudo aquilo
que você estudou neste capítulo, nas conexões apresentadas e utilizando o conhecimento
capítulo 2 • 79
que você já possui de vivências profissionais ou de estudos de módulos passados referentes
ao mundo coorporativo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PRESSMAN, R. S. Engenharia de software. USA: McGrawHill, 2006.
PMBOK. Um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. Pennsylvania:
s.n., 2004.
PMBOK. Um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. Pennsylvania:
s.n., 2008.
SOMMERVILLE, I. Engenharia de software. Rio de Janeiro: Addison Wesley, 2003.
VARGAS, Ricardo.. Site do Ricardo Vargas. <www.ricardovargas.com.br>. Acesso em: Agosto 2015.
VIEIRA, Marconi Fábio.. Gerenciamento de projetos de tecnologia da informação. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2007.
80 • capítulo 2
3
Gerenciamento de
Tempo, de Custo e
Gerenciamento de
Recursos Humanos
Normalmente, os processos de gerenciamento do tempo do projeto trabalham
baseando-se nas saídas dos processos de escopo, portanto geralmente são execu-
tados após esses processos.
Isso por que o gerenciamento do tempo é determinado com base nas atividades
necessárias para a realização do projeto, que são baseadas nos pacotes de traba-
lho definidos na EAP na área de conhecimento de gerenciamento de escopo.
Em projetos de TI, o gerenciamento de tempo também se configura como uma
atividade complexa, uma vez que estimar/planejar tempo em atividades abstra-
tas, como implantação ou desenvolvimento de software, não é algo tão trivial,
muito embora a engenharia de software nos ofereça algumas técnicas, como
vamos ver a seguir.
OBJETIVOS
• Conceituar gerenciamento de tempo, de custo e de recursos humanos
• Identificação das atividades de cada área
• Sequenciamento de atividades
• Estimativas de Duração
• Ferramentas e técnicas de refinamento e acompanhamento para elaboração do cronograma
82 • capítulo 3
3.1 Gerenciamento de Tempo
A grande demanda de projetos torna o mercado mais competitivo e complexo,
fazendo com que o gerenciamento de projetos seja uma ferramenta eficaz para
as organizações. Dentro dessa ferramenta, um dos conceitos mais importantes
é o Gerenciamento do Tempo, cuja função é controlá-lo eficientemente para
atingir os objetivos planejados pela organização. O tempo está diretamente li-
gado a três fatores: escopo, custo e qualidade. Dessa forma, qualquer mudança
em uma das variáveis citadas acima pode afetar as outras, i.e. qualquer atraso
em seu tempo de um projeto poderá influenciar na mudança de escopo.
Portanto, o gerenciamento do tempo, juntamente com o gerenciamento
de custos, segundo Vargas (2009), são as mais visíveis áreas do gerenciamento
de projeto. A grande maioria das pessoas que se interessam por projetos têm
como objetivo inicial controlar prazos, confeccionar cronogramas e redes, etc.
O principal objetivo dessa área é garantir que o projeto seja concluído dentro
do prazo determinado.
Como todos sabem, o tempo não espera! Especialmente por aquele gerente
que constrói cronogramas baseados em datas impossíveis. O cronograma do
projeto é sempre uma restrição, até mesmo quando a data de término não é crí-
tica. Se um projeto atrasa, na maioria das vezes ele irá consumir um capital que
ele não tinha provisionado, comprometendo, também, o seu custo, podendo
até mesmo causar consequências ao produto, serviço ou qualquer que seja o
resultado do projeto (VARGAS, 2009).
CURIOSIDADE
Cerca de 68% dos projetos de Tecnologia da Informação (TI) são entregues com atraso,
segundo o Standish Group. Na fase de Planejamento do Projeto são feitas as previsões,
que são baseadas em premissas, como visto no capítulo anterior. Premissas, dentro do ge-
renciamento de projetos são hipóteses admitidas como certas, sem fundamentação, para
fins de planejamento. Isso faz com que na prática o resultado não seja 100% exato. Assim,
a experiência auxiliada por melhores práticas são fatores que melhoram a proximidade da
estimativa com a realidade.
capítulo 3 • 83
Para Valeriano (1998), uma das áreas de conhecimento de projetos que deve
ter uma administração mais rígida, é o tempo; sua gestão está diretamente li-
gada ao sincronismo das atividades envolvidas no projeto. Portanto, para que
esse possa ser concluído no tempo previsto é necessário se fazer um minucio-
so controle e acompanhamento de todas essas atividades com a elaboração de
um cronograma.
Em suma, o gerenciamento do tempo em projetos inclui os processos ne-
cessários para realizar o término do projeto no prazo previsto, o que requer
disciplina e controle eficientes, permitindo corrigir em tempo hábil os pos-
síveis problemas com prazos, objetivando impedir sua gravidade no decorrer
da execução.
Standish Group
A missão do Standish group é mudar o mundo dos projetos de software, voltado para
a maneira de como esse projetos são gerenciados. A proposta de gestão de desen-
volvimento de software resultará em um desenvolvimento de software mais rápido e
mais seguro. A filosofia do grupo é baseada em reflexão de grupos, pesquisa intensiva
e feedback constante.
Relatório CHAOS
Há 16 anos, o Standish Group estuda projetos de TI. Ao longo desse tempo, a pesqui-
sa CHAOS já estudou mais de 70 mil projetos de TI realizados.
O CHAOS Report é frequentemente citado em artigos e apresentações sobre ge-
renciamento de projetos de TI. Essa pesquisa classifica o resultado de cada projeto
de TI , de acordo com pesquisa realizada com gerentes de projeto, em uma destas
três situações:
Bem sucedido: O projeto é concluído dentro do prazo e orçamento planejados, com
todos os recursos e resultados originalmente especificados.
Deficitário: O projeto é concluído e operacionalizado, mas com atraso, acima do custo
estimado ou com menos recursos e resultados que o especificado.
Falho: O projeto é cancelado antes de ser concluído ou nunca é implementado.
84 • capítulo 3
CONEXÃO
Consulte também a comunidade brasileira do Standish Group
Somos uma rede de informação que conecta profissionais que atuam na área de TI inte-
ressados no gerenciamento de projetos e no aprofundamento das questões práticas e teóri-
cas a ele relacionadas. O propósito dessa rede é proporcionar informações e permitir o dia-
logo sobre as pesquisas e serviços oferecidos pelo The Standish Group. The Standish Group
tem como missão apoiar você no desenvolvimento de conhecimentos e habilidades que au-
mentem suas chances de sucesso e proporcionem mais valor aos investimentos realizados
http://brazil.standishgroup.com/index.php?r=site/page&view=about
Tabela 3.1 – Tabela relacionando a causa das falhas de projetos em TI, de acordo com rela-
tório CHAOS, 2014. Tradução livre da autora.
CURIOSIDADE
Mas por que há uma taxa tão baixa de projeto consegue ser finalizado dentro do prazo previsto?
Atrasos na conclusão comprometem o custo, retardam a entrega e consequentemente,
a disponibilidade de iniciar a utilização dos mesmos e/ou entrarem em operação. Atrasos
podem causar também em quebras de cláusulas contratuais e consequente falha do projeto.
capítulo 3 • 85
Dessa forma, o gerenciamento do tempo se mostra um processo muito importante para que
o projeto seja bem sucedido.
• Definição de atividades
• Sequênciamento de atividades
• Desenvolvimento do cronograma
• Controle do crongrama
86 • capítulo 3
Definição de Atividades
capítulo 3 • 87
Uma vez definidas as atividades, deve-se ter como resultados:
• Lista de atividades. A lista de atividades deve incluir todas as atividades
que serão realizadas no projeto. Deve ser organizada como uma extensão da
EAP para assegurar que esta está completa e que não inclui qualquer atividade
que não seja requerida como parte do escopo do projeto. Assim como na EAP, a
lista de atividades deve incluir descrições de cada atividade para garantir que os
membros da equipe do projeto entenderão como o trabalho será feito
• Detalhamento do suporte. Os detalhes de suporte referentes à lista de ati-
vidades devem ser documentados e organizados de forma a facilitar seu uso por
outros processos da gerência do projeto. Os detalhes de suporte devem sem-
pre incluir a documentação de todas as premissas e restrições identificadas A
quantidade de detalhes adicionais varia de acordo com a área de aplicação.
• Atualizações na EAP. Ao utilizar a EAP para identificar quais atividades
são necessárias, a equipe do projeto pode identificar a falta de algum subpro-
duto ou pode ainda determinar que a descrição dos subprodutos precisa ser
clareada ou corrigida. Qualquer uma destas atualizações deve ser refletida na
EAP e na respectiva documentação, como por exemplo a estimativa dos custos.
Estas atualizações são muitas vezes chamadas de refinamentos (refinements) e
ocorrem mais frequentemente quando o projeto envolve uma tecnologia nova
ou em desenvolvimento.
Sequenciamento de Atividades
88 • capítulo 3
primeiramente. Já as dependências arbitrárias são baseadas em melhores prá-
ticas de mercado Exemplo: Devemos pintar a parede primeiramente e depois
instalar os carpetes, pois isso é o recomendável, uma vez que por qualquer des-
cuido poderíamos sujar os carpetes.
Por sua vez, a dependência externa depende de atividades fora do domínio
e controle do projeto. Exemplo: Contratação de quaisquer serviços de terceiros
que esteja relacionado a uma atividade do seu projeto. Uma dependência ex-
terna pode vir a provocar atrasos e problemas de qualidade no projeto se, por
exemplo, o fornecedor não for confiável e qualificado.
Uma vez definidos o planejamento de todas as atividades que deverão ser exe-
cutadas para o término do projeto e realizado o respectivo sequenciamento, os
recursos necessários para a execução das atividades estão prontos. O próximo
passo é planejar (estimar) a duração que cada atividade terá e depois colocar as
atividades dentro do calendário dos recursos montando, dessa forma, o cro-
nograma do projeto.
Estimar tempo em atividades planejadas é algo complexo em qualquer área,
mas na área de TI esta atividade é um pouco mais complicada pela característi-
ca abstrata das tarefas e seu cunho intelectual, em alguns casos quase “artísti-
cos” (por exemplo o desenvolvimento de um software científico como processa-
mento de imagem ou biotecnologia).
Por isso, é comum esse processo de estimativa de tempo das atividades seja
realizado por pessoas que estão mais acostumadas com o contexto e nature-
za do projeto (e que utilizam a experiência delas para realizar estimativas mais
confiáveis) e também é realizado em caráter progressivo, à medida que as infor-
mações necessárias para as estimativas vão ficando cada vez mais claras.
Mas, não só a “arte” e a experiência ou conhecimento tácito dos colaborado-
res são alternativas para este processo. Há técnicas sistematizadas como pontos
por função e pontos de caso de uso que podem ser utilizadas juntamente com
bases históricas para a determinação de estimativas de tamanho de software.
Para se realizar um planejamento das estimativas do projeto, deve-se: exa-
minar e consolidar bem o escopo antes de estimar os prazos do projeto; ser rea-
lista com a equipe quanto aos prazos; verificar lições aprendidas de projetos
capítulo 3 • 89
anteriores; envolver a equipe do projeto e também os clientes, se possível e con-
siderar riscos e planejar ações.
Para executar a estimativa das durações das atividades é necessário ter dis-
poníveis a lista de atividades, atributos das atividades, requisitos de ,recursos
das atividades, calendário do recurso e a declaração do Escopo do Projeto, fato-
res ambientais da empresa.
90 • capítulo 3
A quantidade desta reserva pode ser um número fixo por tarefa, uma por-
centagem por tarefa ou ainda pode ser adquirido por meio de uma análise utili-
zando métodos quantitativos.
O processo de estimativa das durações da atividades resulta em: estimativa
de duração das atividades e atualização dos documentos do projeto.
Desenvolvimento do cronograma
• Gráfico de Gantt
• Método do caminho crítico – por meio dessa técnica é possível descobrir
em um gráfico de redes qual é o caminho de atividades mais longo que será
feito no projeto e aquele que terminará mais cedo. Com essa análise é possível
gerenciar o tempo de entrega do projeto aplicando então técnicas de parale-
lismo e compressão às atividades do caminho mais longo, ou seja, o caminho
crítico do projeto!
• Aplicação de antecipações e esperas – durante o sequenciamento das ta-
refas antecipações e atrasos podem ocorrer e nesta técnica eles são ajustados.
• Compressão do cronograma – técnicas para a redução do cronograma sem
reduzir o escopo do projeto: são analisadas as compensações entre custo e cro-
nograma em busca da redução do tempo de execução de uma dada atividade.
• Paralelismo – descobrir no grafo de rede de atividades as atividades que
estão seriadas e tentar a execução das mesmas em paralelo para reduzir o tem-
po do caminho crítico.
capítulo 3 • 91
• Gráfico de Milestones
• Baseline
Gráfico de Gantt
Atividade Duração
5 10 15 20 25
A
92 • capítulo 3
Vantagens
- Visual/ Fácil construção
- Entendimento continuado
- Força um planejamento
Desvantagens
- Não são adequados para projetos
complexos de grande escala
- Não mostram claramente a
interdependência de atividades
- Não fornece indicador de prioridade
quando existem atividades que
concorrem por recursos
Este é um método de construção de diagrama de rede que utiliza setas para repre-
sentar as atividades e as conecta por meio de nós que representam as dependên-
capítulo 3 • 93
cias um diagrama simples de rede lógica utilizando o ADM. Esta técnica é tam-
bém chama de atividade no arco (AOA - Activity-on-arc) . O ADM utiliza apenas
relações de dependência do tipo fim/início e pode requerer o uso de atividades
fantasmas (também chamadas de fictícias ou dummy) para definir corretamente
o relacionamento lógico. O ADM pode ser feito manualmente ou no computador.
No Diagrama de Rede, cada atividade possui um início e um fim, que são
pontos no tempo. Esses pontos no tempo são conhecidos como eventos. As ati-
vidades são representadas por setas e os eventos — ponto inicial e final — por
círculos (chamados também de nós). A seta aponta para o círculo que repre-
senta o evento final, para dar a idéia de progressão no tempo. As atividades são
representadas por números ou letras e os círculos são numerados, em ordem
crescente, da esquerda para a direita.
A B C
10 30 50
D E
F
G
1 40 70
H
I J K
20 60
94 • capítulo 3
Tempo mais tarde de uma etapa: é o momento mais tarde em que ocorre a
conclusão de todas as atividades de que a etapa é Etapa Final ou é o momento
mais tarde em que pode ocorrer o início de qualquer das atividades de que a
etapa é Etapa Inicial. Utilizaremos a notação TL – time later. Para calcular o
tempo mais tarde de uma etapa “j”:
• Iniciar o cálculo partindo do Tempo Mais Tarde da etapa final do projeto;
• Percorrer, no sentido inverso, todos os arcos com extremo final em uma
ou mais etapas e extremo inicial na etapa “j”;
• Para cada um daqueles arcos, subtrair ao TL da etapa de chegada do arco
a duração da atividade associada ao arco;
• O TL da etapa “j” é igual à menor das diferenças calculadas.
TE TL 12 17
1 10 10
capítulo 3 • 95
A tabela 3.2 mostra as atividades descritas e a figura 3.5 ilustra o diagrama de
rede AOA correspondente:
ATIVIDADES
ATIVIDADES DESIGNAÇÃO
PRECEDENTES IMEDIATAS
Decidir oferecer o jantar A Nenhuma
Comprar ingredientes B A
Fazer lista de convidados C A
Fazer o jantar D B
Expedir os convites E C
Colocar casa em ordem F D
Recepcionar convidados G E.F
Servir o janta H G
D
3 5
A F
1 2
G H
4 6 7 8
96 • capítulo 3
atividades pode se atrasar, sem que o projeto também se atrase. Numa linguagem
típica, dizemos que essas atividades não têm folga ou, equivalentemente, que sua
folga é zero. Em outros caminhos que não o caminho crítico, as atividades podem
sofrer algum atraso sem que implicar em atraso do projeto.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
01. Dado o Diagrama de Rede abaixo, determine:
a) os caminhos possíveis e a duração de cada um;
b) o caminho crítico e a duração esperada do projeto;
c) a folga de cada caminho, ou seja, o tempo total que as atividades do caminho podem se
atrasar sem interferir na duração do projeto.
6
C
s
ana 10
em
2 6s se
ma
H
na
A s 4s D s
ana em
ana
em s
1 8s 4
G
7
10 semanas
4 s
se B
E a na I
m s
an sem na
as 6 e ma
F 5s
3 5
12 semanas
Solução:
a) Caminhos e sua duração
Note que existem apenas quatro caminhos, cujas durações são dadas pela soma das
durações das atividades que os constituem:
CAMINHO DURAÇÃO
A–C–H 24 semanas
A–D–G 22 semanas
B–E–G 20 semanas
B–F–I 21 semanas
capítulo 3 • 97
b) Caminho, crítico e duração esperada do projeto
O caminho crítico é o de maior duração, portanto:
A —— C ——— H com 24 semanas, que é a duração esperada do projeto.
CAMINHO DURAÇÃO
A–C–H 24 – 24 = 0
A–D–G 24 – 22 = 2 semanas
B–E–G 24 – 20 = 4 semanas
B–F–I 24 – 21 = 3 semanas
98 • capítulo 3
A representação abaixo da figura 3.7, que está incorreta para efeitos práti-
cos, mostra que a atividade C só pode começar depois que tanto A quanto B
tenham sido concluídas. A representação é inconveniente, pois A e B têm os
mesmos nós inicial e final.
1 2
Corrige-se tal situação criando uma atividade fantasma, com duração zero
e sem influência real no Diagrama de Rede. A atividade fantasma serve apenas
para auxiliar na individualização das atividades. Veja na figura 3.8 como a cria-
ção da atividade fantasma. C resolve o problema:
A
1 2
B 4
C
Note-se que C depende diretamente de A e de B, que por sua vez não pode se
iniciar antes que B esteja concluída. Logo, indiretamente, fica estabelecida a
relação de dependência entre C e B.
Dessa forma, a importância de se identificar o caminho crítico fundamenta-
se nos seguintes parâmetros: permitir saber, de imediato, se será possível ou
não cumprir o prazo anteriormente estabelecido para a conclusão do plano e
identificar as atividades críticas que não podem sofrer atrasos, permitindo um
controle mais eficaz das tarefas prioritárias.
Ainda, o método CPM permite priorizar as atividades cuja redução terá me-
nor impacto na antecipação da data final de término dos trabalhos, no caso de
ser necessária uma redução desta data final. Possibilita o estabelecimento da
primeira data do término da atividade e o estabelecimento da última data do
término da atividade.
capítulo 3 • 99
Gráfico de Milestones
Projeto Revisto
Subsistema Testado
Primeira Unidade Entregue
Plano de Produção Completado
Planejado Realizado
Baseline
100 • capítulo 3
Controle do cronograma
capítulo 3 • 101
1. Verificar qualidade das informações coletadas;
2. Determinar variações entre real x linha de base;
3. Usar equações específicas para quantificar as variações;
4. Determinar impacto das variações nos custos e no cronograma;
5. Analisar tendências das variações e documentar quaisquer desco-
bertas sobre fontes de variação e área de impacto.
$k
empreendimento
Lucro final do
$w
Retorno acumulado
$x
al
ion
rac
Ope
l
ona
eita
aci
Rec
Início da Comercialização
per
O
ro
Luc
Tempo
Breakeven
Inv
do Produto
en
to
noP
Investimento Total
roj
eto
no Projeto $x
$x
102 • capítulo 3
Na figura anterior, tem-se em um primeiro momento, o ciclo de investimen-
tos no projeto. O custo total do projeto é de $x e seu prazo de desenvolvimento é
de y meses. Após esse período, inicia-se, imediatamente, a comercialização, ob-
tendo uma receita conforme a curva superior do gráfico e um lucro operacional
dado pela segunda curva dos retornos acumulados. Quando o lucro operacio-
nal acumulado atinge $x, tem-se o Breakeven1 do projeto, ou seja, o tempo que
o projeto leva para se pagar, que é dado por z meses a partir do início do projeto,
ou z-y meses a partir do início da comercialização do produto (VARGAS, 2009).
Após esse período, o projeto passa a ter um lucro real, determinado pelo valor do
lucro operacional que superar $x. Porém o produto desenvolvido também tem um
ciclo de vida comercial e após um tempo t, o produto se deteriora comercialmente,
tendo alcançado uma receita operacional final de $k, um lucro operacional total de
$w e um lucro final do empreendimento (resultado) de $(w-x) (VARGAS, 2009).
Outro aspecto importante com relação ao gerenciamento de custos diz respeito
aos orçamentos. O orçamento não pode ser considerado simplesmente como uma
visão do plano. Ele é um mecanismo poderoso de controle. O orçamento serve como
parâmetro de comparação, uma linha de base da qual se extraem informações sobre
o desempenho financeiro do projeto. O orçamento precisa ser validado ao longo do
tempo, durante a execução do projeto (controle de custos), para que os eventuais pro-
blemas sejam identificados o mais cedo possível par que a solução possa ser anteci-
pada, evitando-se assim, danos mais graves ao orçamento (VARGAS, 2009).
Muitas vezes, o gerenciamento de custos propicia um processo de recom-
pensa para os envolvidos no projeto, através de participação nos seus resulta-
dos. Nesses casos, o controle de custos merece uma atenção especial, sendo
talvez alvo de um processo de orçamento paralelo, de modo a garantir que eles
reflitam o real resultado do projeto.
As maiores causas de falhas no gerenciamento de custos podem ser atribuí-
das a elementos externos ao processo isolado de custos, como por exemplo:
• interpretação errada do trabalho a ser realizado;
• omissão na definição do escopo do trabalho;
• cronograma pobremente definido ou excessivamente otimista;
• fracasso na avaliação de riscos;
• estrutura analítica do projeto (WBS) mal definida;
• parâmetros de qualidade mal estabelecidos;
• fracasso na estimativa dos custos indiretos e administrativos do projeto.
1 Break Even do projeto:
capítulo 3 • 103
3.3.1 Processos de Gerenciamento de Custos
104 • capítulo 3
Basicamente, a orçamentação é a soma dos custos das atividades indivi-
duais, já incluindo as reservas de contingências para formar a linha base de
custo do projeto.
Ainda, a orçamentação pode incluir as reservas de gerenciamento, que es-
tão fora da linha base do projeto e servem para contingenciar eventos “desco-
nhecidos, desconhecidos”.
capítulo 3 • 105
3.3.3 Plano de Gerenciamento de Custos
CONEXÃO
Conexão: Há um outro podcast do Ricardo Vargas chamado “Importância da Estrutura Ana-
lítica (EAP) no Gerenciamento de Custos do Projeto” e disponível em http://www.ricardo-
vargas.com/pt/podcasts/wbs_costmgmt/, que fala um pouco sobre a importância da EAP
na orçamentação do projeto. É uma conexão interessante a partir do momento que Ricardo
Vargas chama a atenção para a interligação de dois processos do PMBOK.
106 • capítulo 3
são o elo central dos projetos e seu recurso mais importante. Eles definem as me-
tas, os planos, organizam o trabalho, produzem os resultados, direcionam, coor-
denam e controlam as atividades do projeto, utilizando suas habilidades técnicas
e sociais. Todos os resultados do projeto podem ser vistos como fruto das relações
humanas e das habilidades interpessoais dos envolvidos, uma vez que a satisfação
pessoal e a qualidade de vida estão se tornando um dos fatores-chave da motivação
de qualquer profissional (VARGAS, 2009). No passado, a maioria dos projetos se
preocupou unicamente com aspectos técnicos, que foram altamente desenvolvi-
dos. Porém, os aspectos humanos, que poderiam conduzir o projeto aos mesmos
ganhos do desenvolvimento técnico, foram relegados a um segundo plano. Agora,
são eles o foco dos principais estudos e trabalhos na área, de modo a compensar
essa desproporcionalidade. O sucesso ou o fracasso do projeto dependem direta-
mente do gerenciamento dos recursos humanos. Isso porque são as pessoas que
podem mudar os rumos de um projeto, levando-o ao sucesso ou ao fracasso, de-
pendendo de seu grau de envolvimento, motivação e engajamento com a equipe.
Como os custos e o fluxo de caixa variam significativamente através do ciclo
de vida do projeto, os recursos humanos são necessários em vários níveis de es-
pecialidade e experiência, dependendo da natureza do trabalho a ser realizado,
do nível de maturidade do time do projeto e das restrições internas e externas.
Quanto ao conceito de equipe, segundo o PMBOK (2008), um projeto é com-
posto basicamente por dois tipos de equipes: a equipe do projeto, que é respon-
sável pela execução do projeto; e a equipe de gerenciamento de projeto (que tam-
bém pode ser chamada de equipe principal, executiva ou líder), que é responsável
pelo ciclo de vida de gerenciamento de projeto planejando-o e controlando-o.
Normalmente, essa separação de equipes é vista em grandes projetos, nos
quais os papéis são muito bem definidos e quase sempre vivenciados por indi-
víduos diferentes. Já nos pequenos projetos e em pequenas empresas, os vários
papéis dessas duas equipes podem ser executados pelas mesmas pessoas.
Nesta área de conhecimento, o gerente de projetos deverá:
• definir a hierarquia de comando do projeto;
• criar um plano de gerenciamento das equipes dizendo como os RH serão
contratados, desenvolvidos, motivados e outros;
• realizar a contratação e mobilização do RH;
• executar os treinamentos e desenvolvimentos dos RH; e
• acompanhamento de todos os RH do projeto.
capítulo 3 • 107
Essas atividades são realizadas por meio de 4 processos, que perfazem o ci-
clo de planejamento, de execução e de monitoramento e controle, a saber:
1. Desenvolver o plano de recursos humanos.
2. Mobilizar a equipe do projeto;
3. Desenvolver a equipe do projeto.
4. Gerenciar a equipe do projeto.
108 • capítulo 3
Melhorar as competências e a interação de membros da equipe para apri-
morar o desempenho do projeto. (VARGAS, 2009). Os principais objetivos desse
processo é aumentar a capacidade dos membros da equipe do projeto e termi-
nar as atividades por meio do aprimoramento de suas competências, aumento
da coesão dos membros e melhoria do trabalho em equipe.
ATIVIDADES
01. De que forma o gerenciamento de tempo é importante para o sucesso de projetos?
capítulo 3 • 109
04. Porque é mais difícil estimar os tempos das atividades planejadas na área de TI?
ATIVIDADE DEPENDÊNCIA
A –
B A,D
C B,F
D –
E A,D
F E,G,I
G –
H E,G,I
I –
J I
K H,J
07. Qual é o elemento chave para controle do tempo, dentro do processo de monitoramento
e controle?
REFLEXÃO
Podemos notar até este ponto do nosso material, que todos os tipos de gerenciamento, seja
de pessoas, de custos, de escopo – como vimos no capítulo anterior – são importantes, inter-
dependentes e interdisciplinares, de modo que uma área mal planejada, pode comprometer
todo um projeto, de modo que um olhar especial em todos os gerenciamentos e na sua eficaz
gestão, pode ser o caminho para o sucesso!
110 • capítulo 3
LEITURA
Gestão de Custos em Projetos da Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais, de
Luiza Hermeto Coutinho Campos. Disponível em:
Resumo do artigo: Este artigo dispõe sobre o gerenciamento de projetos no âmbito da
Administração Pública, tendo em vista a escassez de material científico acerca desta meto-
dologia gerencial sob a perspectiva não privada. Assim, o cerne do trabalho é o programa
governamental Choque de Gestão, que trouxe a Gestão de Projetos ao Estado de Minas
Gerais, no qual foram estabelecidas rotinas de monitoramento e instrumentos para gestão,
baseados na Metodologia Estruturada de Planejamento e Controle de Projetos (MEPCP)
para diversas áreas de conhecimento delimitadas pelo Project Management Body of Know-
ledge (PMBOK). Inserido neste contexto, o gerenciamento de custos é uma área basilar e
complexa da gestão de projetos e, ao lidar com as diversas peculiaridades típicas da gestão
orçamentária no setor público, a dificuldade é majorada. Para a pesquisa foi desenvolvido um
estudo retrospectivo dos custos de um projeto da Secretaria de Estado de Defesa Social.
Leia o artigo na íntegra pelo endereço: http://www.revistagep.org/ojs/index.php/
gep/article/view/242
LEITURA
Modelo PMBOK/PMI para gestão de projetos nas micro e pequenas empresas: um estudo
de caso, de Verônica Trentin Sella e Denize Grzybovski, 2011.
Resumo: O objetivo deste artigo é analisar a possibilidade de empresas de micro e pe-
queno porte, no Brasil, adotarem o modelo de gestão de projetos PMBOK/PMI, com vistas
a melhorar o desempenho e reduzir o índice de mortalidade dessas empresas. O mode-
lo PMBOK/PMI fornece terminologia comum à gestão de projetos e inclui conhecimentos
comprovados por práticas tradicionais, assim como conhecimentos por práticas inovadoras
com aplicação limitada. Em termos metodológicos, esta é uma pesquisa exploratória, do tipo
estudo multicaso e abordagem quanti/qualitativa dos dados coletados em entrevista e plani-
lha de dados. Os dados revelam que as empresas pesquisadas possuem sistema superficial
de gestão implantado, sem monitoramento das atividades e indicadores de resultados e sem
as informações necessárias para gerir o negócio. Isso é uma dificuldade para a implanta-
ção do PMBOK/PMI, mas pode ser uma vantagem por criar controles e disciplina utilizando
ferramentas de gestão, como cronograma e orçamentos. Também por projetos envolverem
capítulo 3 • 111
atividades não contínuas na empresa, existe o risco de o gestor “confundir” estas com as
atividades do cotidiano e não conseguir avaliar o que pode ser gerido por projeto.
Leia o artigo na íntegra pelo endereço: http://www.spell.org.br/documentos/
download/3028.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PMI. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK). Pennsylvânia:
[s.n.], v. 3, 2004.
PMI. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK). 4ª. ed.
Pennsylvânia: [s.n.], 2008.
Pons, R. (2009). Fundamentos em gerenciamento de projetos: módulo básico do curso de formação
em gerenciamento de projetos. [Apostila de aula]. Rio de Janeiro: Projectlab.
PRESSMAN, R. S. Engenharia de Software. USA: McGrawHill, 2006.
SOMMERVILLE, I. Engenharia de Software. Rio de Janeiro: Addison Wesley, 2003.
STANDISH GROUP, website acesso em setembro de 2015. http://www.standishgroup.com/about
Valeriano, D. L. (1998). Gerência em projetos: pesquisa, desenvolvimento e engenharia. São Paulo:
Makron Books.
VIEIRA, M. F. Gerenciamento de Projetos de Tecnologia da Informação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
112 • capítulo 3
4
Gerenciamento
de Riscos,
Comunicações,
da Qualidade, do
Gerenciamento de
Aquisições e Partes
Interessadas
O conceito de comunicação, atualmente, certamente um novo momento, de
destaque, pois é um dos principais requisitos exigidos para os profissionais no
mercado de trabalho. Capacidade de se comunicar claramente, saber passar e
até mesmo administrar a informação são atitudes muito valorizadas Na área de
Gestão de Projetos vemos essa característica mais claramente, onde o gestor
precisa dominar tal artifício para que a informação possa ser recebida pela sua
equipe ou cliente de forma clara e objetiva.
É precisa considerar que a ideia de “comunicação” pode ter sofrido varia-
ções com o decorrer dos anos, antigamente a escrita era vista como a principal
forma de comunicação. Hoje levamos em conta a comunicação corporal, co-
municação oral, comunicação digital e é claro a escrita, todas essas formas de
comunicação podem ser vistas, por exemplo, no gerenciamento de projetos o
qual é o foco deste artigo.
Dando continuidade aos tipos de gerenciamento de projetos com base nas
áreas de conhecimento, neste capítulo vamos ver os gerenciamentos de riscos,
comunicações, aquisições, qualidade e partes interessadas.
Vamos lá!
OBJETIVOS
• Conceituar as áreas de riscos, aquisições, stakeholders e comunicações
• Apresentar o detalhamento de cada uma dessas áreas de conhecimento do PMI;
• Conhecer as técnicas e ferramentas desses tipos de gerenciamento.
114 • capítulo 4
4.1 Gerenciamento das Comunicações
O gerenciamento de comunicação do projeto é a área de conhecimento que em-
prega os processos necessários para garantir a geração, coleta, distribuição, ar-
mazenamento, recuperação e destinação final das informações sobre o projeto
de forma oportuna e adequada. (PMBOK, 2008 e 2012).
Há quem diga que o gerente de projetos gasta 90% do seu tempo se comu-
nicando. Ele deve se comunicar com todos os stakeholders do projeto, mos-
trando o desempenho do projeto, relatórios de acompanhamento, definindo
escopo entre outros.
A arte da comunicação, competência necessária no gerenciamento de pro-
jetos, é algo que vai além do escopo do ciclo de gerenciamento de projetos e in-
clui atividades como: modelos emissor-receptor, escolha dos meios de comuni-
cação, estilo de redação, técnicas de apresentação, técnicas de gerenciamento
de reuniões e outros.
Sempre que pensamos em gerenciamento de projetos, logo, pensamos em
administração de tempo, escopo e qualidade, na verdade, a administração de
todas estas áreas requer do gerente de projeto uma gama de habilidades e téc-
nicas efetivas, pois muitos elementos precisam ser coordenados. Manter um
time unido e sólido, e atender as expectativas dos stakeholders é um dos gran-
des desafios que um gerente de projeto enfrenta.
Um bom plano de comunicação pode ser chave para que a execução e o con-
trole do projeto tenham sucesso.
O desenvolvimento de um plano de comunicação envolve vários fatores
como eles administração de informação, expectativa dos stakeholders, a preci-
são das informações entre outros.
Durante todo o ciclo de vida de um projeto, é produzida ou recebida, uma
grande quantidade de informações. A administração desta informação é a res-
ponsabilidade do gerente de projeto. Em um plano de comunicação, é necessá-
rio identificar de forma clara como uma informação será gerada e distribuída.
Portanto, é responsabilidade desta área de conhecimento fornecer as liga-
ções entre pessoas e informações adequadas, sendo que entenderemos como
pessoas todos os stakeholders do projeto, como partes interessadas, cliente
e patrocinador.
Um efetivo processo de comunicação é necessário para garantir que todas
as informações desejadas cheguem às pessoas corretas no tempo certo e de
capítulo 4 • 115
uma maneira economicamente viável. O gerente de projeto utiliza-se da comu-
nicação para assegurar que o time do projeto trabalhe de maneira integrada
para resolver os problemas do projeto e aproveitar suas oportunidades. Vargas
(2009), define a comunicação como um processo pelo qual a informação é
transferida entre os indivíduos através de símbolos, sinais e outros. Além dis-
so, a comunicação é um processo de duas vias, onde participam ativamente o
emissor e o receptor da informação, com os envolvidos atuando, na maioria das
vezes, como emissores e receptores simultaneamente.
Então, para buscar a efetiva comunicação entre os stakeholders do projeto e
o trânsito adequado de informações, o ciclo de vida de projetos prevê 4 proces-
sos de gerência de comunicação, sendo 1 de iniciação, 1 de planejamento, 1 de
execução e 2 de monitoramento e controle, a saber:
1. Iniciação
a) Identificar as partes interessadas;
2. Planejamento
a) Planejar as comunicações;
3. Execução
a) Distribuir as informações;
b) Gerenciar as expectativas das partes interessadas.
4. Monitoramento e controle
a) Reportar o desempenho.
116 • capítulo 4
3. Receptor: é a etapa que recebe a mensagem, a quem é destinada.
a) Descodificação: é estabelecido pelo mecanismo auditivo para deci-
frar a mensagem, para que o receptor a compreenda.
b) Compreensão: é o entendimento da mensagem pelo receptor.
c) Reação: o receptor confirmar a mensagem recebida do emissor re-
presenta a volta da mensagem enviada pelo emissor (Feedback).
Devemos identificar de forma clara como uma informação será gerada e distri-
buída. Este plano deveria identificar os tipos de relatórios (relatórios formais,
status do projeto, memorandos, etc.), a frequência que os relatórios serão gera-
dos, e em que momento deverá acontecer às reuniões.
capítulo 4 • 117
4.1.3 Planejamento das Comunicações segundo o PMBOK
Planejar as comunicações
Este processo faz parte do grupo de processos de planejamento.
118 • capítulo 4
Determina as necessidades de informações das partes interessadas.
(PMBOK, 2008).
Este processo tem por responsabilidade determinar as necessidades de in-
formações no que diz respeito a definição de quem precisa da informação, em
que formato ela deve ser provida e em que tempo ela deve estar disponível. Ou
seja, em relação às informações, busca responder às seguintes questões:
Quem precisa?
Quando precisa?
Como precisa?
Quem deve informar?
Distribuir as informações
Este processo faz parte do grupo de processos de execução.
Envolve colocar as informações à disposição das partes interessadas e no
momento oportuno. (PMBOK, 2004 e 2008).
Este processo tem por responsabilidade principal colocar em prática o pla-
no de comunicações do projeto, disponibilizando as informações para as pes-
soas corretas, no momento correto e no nível adequado.
capítulo 4 • 119
De fato, o grande objetivo deste processo é utilizar a identificação e o enten-
dimento sobre as partes interessadas para antever suas reações a certas ques-
tões do projeto e, com isso, buscar alternativas preventivas para conseguir o
apoio (ou minimizar obstáculos) dessas partes interessadas frente a essas ques-
tões. (PMBOK, 2008).
Reportar o Desempenho
Este processo faz parte do grupo de processos de monitoramento e controle.
Envolve a coleta de todos os dados de linha de base e a distribuição das in-
formações sobre o desempenho às partes interessadas. (PMBOK, 2004 e 2008).
Este processo tem por responsabilidade gerar relatórios de desempenho
sobre várias áreas do projeto, como, por exemplo: escopo, cronograma, custo
e qualidade.
Também, este processo informa as pessoas corretas com os documentos
corretos e no nível de detalhe correto (entenda correto como planejado).
REFLEXÃO
No gerenciamento das comunicações, é importante que se atente para os aspectos a seguir:
• As pessoas dão o melhor de si quando compreendem completamente as decisões que as
afetam e suas razões. Elas precisam perceber o que têm de fazer e o porquê, o seu desem-
penho em relação ao esperado e a sua situação profissional;
• se a base do gerenciamento de projetos é a formalização de processos para alcançar
melhor desempenho, a informação e a comunicação não podem ser relegadas ao improviso
e à intuição;
• a decisão sobre o que comunicar, para quem e como deve ser incorporada a todas as fases
do planejamento;
• os diferentes veículos de comunicação se complementam, combinando mensagens gerais
e específicas para atingir diversos públicos;
• informe sempre, em ocasiões regulares e com honestidade. Isso cria credibilidade para o
processo;
• nas situações de crise, seja ágil. Informe a posição atual, ainda que não seja a definitiva.
Ninguém gosta de saber por último, e a falta de informações é fonte para boatos, criando
instabilidade no projeto;
• as pessoas não têm de concordar para cooperar com uma decisão, mas têm de compreen-
der como e por que ela foi tomada.
120 • capítulo 4
4.2 Gerenciamento de Riscos
Segundo Vargas (2009), na maioria dos projetos, os riscos associados com gran-
des empreendimentos têm merecido uma atenção especial dos gerentes de
projeto, devido não só às grandes somas de dinheiro que estão em suas mãos,
como também à reputação do time e dos patrocinadores do projeto.
Gerenciamento de riscos possibilita a chance de melhor compreender a na-
tureza do projeto, envolvendo os membros do time de modo a identificar as
potenciais forças e riscos do projeto e responder a eles, geralmente associados
a tempo, qualidade e custos. Portanto, a sobrevivência de qualquer empreendi-
mento, atualmente, está intimamente vinculada ao conceito de aproveitar uma
oportunidade, dentro de um espectro de incertezas. O que torna a gestão dos
riscos se tornar tão importante são fatores diversos, como o aumento da com-
petitividade, o avanço tecnológico e as condições econômicas, que fazem com
que os riscos assumam proporções muitas vezes incontroláveis.
O gerenciamento de riscos do projeto inclui os processos que tratam da rea-
lização de identificação, análise, respostas, monitoramento e controle, e plane-
jamento do gerenciamento de riscos em um projeto. (PMBOK, 2008).
Segundo o PMBOK (2008), quando se trata de riscos é importante identificar
a probabilidade e o impacto de um determinado evento acontecer. Também é
importante determinar se o evento será negativo ou positivo para o projeto.
Isso por que há alguns riscos que trazem impactos positivos para o projeto
e o gerente de projetos deve buscar aumentar a probabilidade disso acontecer.
Por isso, os processos envolvidos nesta área de conhecimento têm por ob-
jetivos principais aumentar a probabilidade e o impacto de eventos positivos e
diminuir a probabilidade e o impacto dos eventos negativos.
Para atingir a esses objetivos, o gerenciamento de riscos conta com 6 pro-
cessos, sendo 5 processos de planejamento e 1 de monitoramento e controle,
a saber:
1. Planejar o gerenciamento de riscos
2. Identificar os riscos
3. Realizar a análise qualitativa de riscos
4. Realizar a análise quantitativa de riscos
5. Planejar as respostas a riscos
6. Monitorar e controlar os riscos.
capítulo 4 • 121
4.2.1 Planejar o gerenciamento de riscos
122 • capítulo 4
4.2.4 Realizar a análise quantitativa de riscos
capítulo 4 • 123
A relação entre o fornecedor e o projeto é determinada usualmente pela
quantidade de riscos incorridos pelas partes. Normalmente, o custo de um de-
terminado suprimento, ou contrato, está diretamente relacionado com o risco
associado àquele trabalho. Por causa desse fator de risco, muitas vezes o cus-
to não é o único elemento a ser analisado na negociação. O tipo de contrato
também passa a determinar um papel fundamental no processo. Cada tipo de
contrato representa certo grau de incerteza e riscos para o gerente de projeto
(VARGAS, 2009)
O gerenciamento de aquisições do projeto inclui os processos para comprar
ou adquirir os produtos, serviços ou resultados necessários para o projeto, mas
de fora da equipe do projeto, sendo que a organização executora do projeto
pode ser o comprador ou fornecedor do produto. (PMBOK, 2008).
Como dito acima, o gerenciamento de aquisições é o responsável por geren-
ciar os contratos e alterações de contrato que a organização executora tem com
fornecedores ou que a organização executora tem com clientes para os quais
ela fornece o projeto (ou seus produtos) que está sendo executado (no caso da
organização executora ser contratada externa para a execução do projeto).
Para realizar a gerência desses contratos, a área de conhecimento de geren-
ciamento de aquisições contém 4 processos, sendo 1 de planejamento, 1 de
execução, 1 de monitoramento e controle e 1 de encerramento, a saber:
1. Planejar aquisições
2. Conduzir as aquisições
3. Administração as aquisições
4. Encerrar as aquisições
124 • capítulo 4
Concluindo, este processo é utilizado para determinar quais apoios exter-
nos serão contratados e de que forma essa contratação irá ocorrer. Dessa for-
ma, esse processo também acaba englobando a seleção de fornecedores.
capítulo 4 • 125
4.4 Gerenciamento dos Stakeholders –
Partes Interessadas
126 • capítulo 4
4.4.1 Identificar as partes Interessadas
capítulo 4 • 127
• Neutro: ciente do projeto e mesmo assim não dá apoio ou resiste.
• Dá apoio: ciente do projeto e dos impactos potenciais e dá apoio à
mudança.
• Lidera: ciente do projeto e dos impactos potenciais e ativamente engajado
em garantir o êxito do projeto.
128 • capítulo 4
benefício desse processo é a manutenção ou aumento da eficiência e eficácia
das atividades de engajamento das partes interessadas à medida que o projeto
se desenvolve e o seu ambiente muda (MARTINS, 2013). As informações usadas
no processo Controlar o nível de comprometimento das partes interessadas in-
cluem, entre outras:
• Como o trabalho será executado para completar os objetivos do projeto.
• Como os requisitos de recursos humanos serão cumpridos, como os pa-
péis e responsabilidades, a estrutura hierárquica e o gerenciamento do pessoal
serão abordados e estruturados para o projeto.
• Um plano de gerenciamento de mudanças que documenta como as mu-
danças serão monitoradas e controladas.
• Necessidades e técnicas para a comunicação entre as partes.
ATIVIDADES
01. Quais as diferenças na aplicação da análise qualitativa e quantitativa de riscos?
03. Por que devemos nos preocupar com a comunicação entre os envolvidos no projeto? O
que pode ocorrer que comprometa o processo de comunicação, por exemplo?
04. Cite alguns sujeitos que são considerados stakeholders do processo de gerenciamento
de projetos e explique por que eles são importantes para o sucesso do projeto?
REFLEXÃO
Como já foi dito em outros momentos do livro, gerenciar projetos buscando seu sucesso e
eficácia, não possui receita de bolo, que fará com que o projeto ocorra e finalize exatamen-
te como foi previsto e conforme foi escrito. Intercorrências acontecem, e quanto maior for
o grau de complexidade de um projeto, maior a probabilidade de intercorrências ele terá.
Assim, ter muito claramente a necessidade de um acompanhamento e monitoramento mi-
nucioso do projeto, seja por parte do gerente de projeto, seja por parte dos envolvidos, pode
capítulo 4 • 129
não assegurar sucesso garantido, mas com certeza, dará muito mais segurança em buscar
esse resultado no final do processo. E todas as áreas são importantes, cada qual com sua
influência no projeto como um todo!
LEITURA
IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE SISTEMAS NA ÁREA DE SERVIÇOS:
AVALIAÇÃO DA GESTÃO DE STAKEHOLDERS. Autores: Elisabete Cecília Januário Cha-
ves, Rosemeire Oikawa,
Napoleão Verard Galegale, Marília Macorin de AzevedoArtigo
Resumo: A área de conhecimento “Gestão de Stakeholders” em ambientes de implantação
de projetos de sistemas na área de serviços vem ganhando espaço entre os gestores de
projeto. Este artigo visa avaliar os benefícios trazidos por essa área de conhecimento se-
gundo opiniões de especialistas em gestão de projetos. Para essa avaliação utilizou-se uma
pesquisa com o método Delphi, além de considerar referências bibliográficas e melhores
frameworks em Gerenciamento de Projetos. Nessa nova área de conhecimento, os grupos
de processos recomendam boas práticas em procedimentos para a gestão dos interessados
buscando contribuir para o sucesso na implementação de projetos.
Disponível no endereço: interessadas, recomendo fortemente que abra.
http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/1098.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINS, Carlos Eduardo. 2013. Gerência de Projetos – Teoria e Prática. Disponível em:
http://repositorio.enap.gov.br/bitstream/handle/1/1098/GerenciaDeProjeos_modulo_4_final_.
pdf?sequence=1&isAllowed=y – acesso setembro de 2015
PMBOK. Um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. Pennsylvania:
s.n., 2008.
PMI. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK). 4ª. ed.
Pennsylvânia: [s.n.], 2008.
PRESSMAN, R. S. Engenharia de Software. USA: McGrawHill, 2006.
SOMMERVILLE, Ian.. Engenharia de software. Rio de Janeiro: Addison Wesley, 2003.
VARGAS, Ricardo.. Site do Ricardo Vargas. <www.ricardovargas.com.br>. Acesso em:16 mar. 2010.
130 • capítulo 4
VIEIRA, Marconi Fábio.. Gerenciamento de projetos de tecnologia da informação. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2007.
Pons, R. (2009). Fundamentos em gerenciamento de projetos: módulo básico do curso de
formação em gerenciamento de projetos. [Apostila de aula]. Rio de Janeiro: Projectlab.
VIEIRA, M. F. Gerenciamento de Projetos de Tecnologia da Informação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
capítulo 4 • 131
132 • capítulo 4
5
A Qualidade
Num Projeto e
o Processo de
Gerenciamento da
Qualidade
O gerenciamento da qualidade do projeto inclui todas as atividades da organiza-
ção executora que determinam as responsabilidades, os objetivos e as políticas de
qualidade de modo que o projeto atenda às necessidades que motivaram sua reali-
zação. Porém, antes de falarmos de qualidade em projetos, precisamos entender o
conceito de Qualidade, suas origens, os chamados gurus da qualidade, para depois
disso, poder compreender sua importância no gerenciamento de projetos.
Vimos que gerenciamento da qualidade é, portanto, uma das 10 áreas de co-
nhecimento do processo de gerenciamento de projetos do guia PMBOK e será,
neste capítulo, trabalhado de forma isolada, devido seu grau de importância
para o projeto como um todo.
Veremos que o conceito de qualidade está ligado ao atendimento dos requi-
sitos dos stakeholders do projeto. Esses requisitos podem ser do produto ou
do projeto.
OBJETIVOS
• Definir termos e conceitos da qualidade;
• Reconhecer as diferentes visões de qualidade;
• Identificar o contexto de aplicabilidade das diferentes contribuições dos autores
da qualidade;
• Entender a evolução da qualidade nas organizações.
• Discutir a relação que se estabelece entre qualidade e as especificações de um projeto.
• Apresentar as etapas necessárias para se construir um plano de gerenciamento da quali-
dade aplicada ao desenvolvimento de um projeto
• Compreender os passos necessários para a elaboração de um plano de gerenciamento da
qualidade de um projeto.
COMENTÁRIO
Qualidade é um termo que está incorporado ao nosso dia a dia, sendo empregado na compra,
venda e uso de produtos e serviços, embora nem sempre com o mesmo significado. Há uma
grande subjetividade em torno da palavra, que pode ser conceituada de diferentes manei-
ras, como por exemplo: ausência de defeitos, melhor desempenho, capacidade de atender
a uma necessidade específica, capacidade de personalização, diversidade de atributos de
um produto/serviço, entre outras. Dada a amplitude do termo, é conveniente defini-lo ao
134 • capítulo 5
interlocutor sempre que o mesmo for utilizado para que não haja confusão na compreensão
de seu significado.
Observa-se que a polêmica em torno da ideia de qualidade vem de longa data. Os pri-
meiros registros estão relacionados ao Império Grego. Os filósofos gregos discutiram a ideia
de qualidade ligada ao conceito de excelência ou superioridade moral, intelectual e física
(MAXIMIANO, 2006).
Posteriormente, já bem mais tarde, no século XVIII, vamos encontrar a sociedade funda-
mentada na ideia noção de qualidade associada a valor, ligando o conceito a produtos caros
de luxo e alto desempenho, que poucas pessoas podem comprar (GARVIN, 1992).
Com a Revolução Industrial e o advento da Administração Científica, Taylor, trouxe para
as empresas uma série de inovações do ponto de vista técnico: divisão do trabalho, padro-
nização das atividades executadas na produção do produto, simplificação dos movimentos
requeridos pelo trabalhador para a execução de uma determinada tarefa, estabelecimento de
um tempo padrão para realização de cada atividade, definição de uma meta de produção para
cada trabalhador, melhoria dos métodos e das ferramentas de trabalho (MAXIMIANO, 2006).
Seguindo a linha de pensamento de Taylor, Ford investiu na produtividade da linha de
produção, através da especialização total do trabalho (CERTO, 2003), na criação do sistema
de produção em massa (RIBEIRO, 2003) e da simplificação das peças utilizadas na mon-
tagem do automóvel, tornando-as padronizadas e intercambiáveis (LACOMBE; HEILBORN,
2003). Com esses incrementos, muda-se o foco sobre o conceito de qualidade que passa
a ser relacionado ao processo de produção, adquirindo um caráter quantitativo, inerente aos
erros e as falhas dos processos produtivos.
Atualmente, a qualidade pode ser definida como um critério estratégico de diferenciação
competitiva, no qual a organização tem como objetivo oferecer ao mercado produtos/servi-
ços melhores do que os concorrentes (SLACK, 1997).
capítulo 5 • 135
5.1 Visões da Qualidade
Desde a Revolução Industrial, vários autores tentaram definir qualidade.
A conclusão que se chegou é que o conceito de qualidade é subjetivo, ou
seja, não pode ser expresso, numa frase única, dada a sua complexidade e seu
caráter multidimensional. Assim, alguns autores se ocuparam em sintetizar as
diversas maneiras pelas quais a qualidade pode ser vista.
Talvez essa diversidade de definições sobre o assunto, seja consequência
da própria evolução da gestão da qualidade ao longo deste século (TOLEDO;
CARPINETTI, 2000). O importante é lembrar que elas se complementam entre si!
Garvin (1992) destaca cinco dimensões para definir qualidade:
• Transcendental – conceitua qualidade como excelência nata, constituin-
do-se numa propriedade absoluta e universalmente reconhecível;
• Baseada no produto – define qualidade como uma variável precisa, men-
surável e diretamente relacionada aos atributos do produto, podendo ser ava-
liada objetivamente. Nessa abordagem, um maior nível de qualidade exige
maior custo, portanto produtos de maior qualidade estão associados a produ-
tos com maior preço;
• Baseada no usuário – associa qualidade a preferências pessoais. Portanto,
quanto maior a satisfação do cliente maior o nível de qualidade;
• Baseada na produção– tem como foco a engenharia, desta forma, qualida-
de significa conformidade com às especificações;
• Baseada no valor – conceitua qualidade como o equilíbrio entre custo e
preço, ou seja, um produto de qualidade deve apresentar o desempenho espe-
rado a um custo e preço aceitável.
136 • capítulo 5
1928, doutorou-se em Matemática pela Yale University. Em 1950, foi convidado
pela JUSE (Japan Union of Scientists and Engineers) para dirigir ações de forma-
ção em estatística e controle de qualidade no Japão (SPINER, 2008). O impacto
das suas ideias junto ao empresariado japonês foi tão grande, que Deming é
considerado um dos responsáveis pela retomada do desenvolvimento do país
pós Segunda Guerra mundial (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005).
A década de 1970 foi marcada pela expansão da economia japonesa e sua
penetração nos mercados ocidentais, especialmente através das indústrias ele-
trônica e automobilística. Esse crescimento despertou o interesse por parte dos
ocidentais em entender as razões do “milagre” japonês. A reação foi de perple-
xidade quando se descobriu que muitos japoneses atribuíam a um americano,
desconhecido em seu próprio país – Deming – grande parte das razões de seu
sucesso. Somente a partir daí, é que os Estados Unidos passaram a valorizar os
ensinamentos de Deming (MAXIMIANO, 2006).
Em 1982, Deming publicou o livro Quality, productivity and competitive
position (Qualidade, produtividade e posição competitiva), que discorre sobre
como administrar a qualidade (RIBEIRO, 2003).
Em 1986, Reagan atribuiu a Deming a National Medal of Technology
(Medalha Nacional de Tecnologia), e nesse mesmo ano, o estudioso lançou o
livro Out of Crisis (Saia da Crise), a obra que o consagrou como o grande mes-
tre da qualidade, definindo os 14 princípios para o desenvolvimento de um
programa de gestão da qualidade, que estão descritos um pouco mais à frente
(MAXIMIANO, 2006).
Durante mais de 40 anos, Deming trabalhou como consultor, escritor e
professor da Stern School of Business (Nova Iorque), morrendo aos 93 anos
(SPINER, 2008).
Deming estruturou sua filosofia de administração da qualidade baseada nos
seguintes fatores críticos à competitividade de uma empresa (TOLEDO 2000):
Falta de envolvimento dos setores da administração com os problemas
da produção;
• A qualidade era encarada como responsabilidade exclusiva da produção;
• O treinamento do pessoal era completamente inadequado para tratar
problemas relacionados com a qualidade;
• Utilização da inspeção como forma prioritária de garantia da qualidade.
Com base nestes aspectos críticos, Deming estabeleceu um conjunto de 14
princípios que serviram de base para o estabelecimento de um programa da
qualidade (MAXIMIANO, 2006):
capítulo 5 • 137
• Princípio 1 – melhoria contínua de produtos e serviços, com base na ela-
boração de um plano para tornar o negócio mais competitivo;
• Princípio 2 – adoção de uma filosofia de trabalho moderna, não acei-
tando a convivência com atrasos, erros, materiais defeituosos e mão de
obra inadequada;
• Princípio 3 – eliminação da dependência da inspeção em massa, o foco
deve ser na garantia da qualidade do processo;
• Princípio 4 – consideração da qualidade ao selecionar fornecedores de
produtos e serviços;
• Princípio 5 – antecipação às consequências da falta da qualidade, através
da identificação de problemas e de suas causas;
• Princípio 6 – estabelecimento de métodos atualizados de treinamento
no trabalho;
• Princípio 7 – introdução de métodos de supervisão e criação de condições
para realização adequada do trabalho;
• Princípio 8 – criação de um clima de confiança e respeito mútuo, afastan-
do o medo;
• Princípio 9 – eliminação das barreiras entre departamentos e conheci-
mento das necessidades dos clientes;
• Princípio 10 – eliminação das metas numéricas, cartazes e rótulos que
apenas pedem maiores níveis de produtividade para os trabalhadores, sem in-
dicar métodos ou ideias para atingi-los.
O estabelecimento das metas deve ter clara indicação de como elas podem
ser atingidas;
• Princípio 11 – padrões de trabalho inconsistentes não devem ser impos-
tos. Padrões numéricos devem ser utilizados como instrumentos para que to-
dos tenham consciência de sua situação e do resultado de seus esforços;
• Princípio 12 – estabelecimento de um programa de educação e treina-
mento para todos, a fim de afastar o medo e as barreiras que impedem que as
pessoas se sintam responsáveis pelo seu trabalho;
• Princípio 13 – manter a equipe atualizada em relação às mudanças de mo-
delo, estilo, materiais, métodos e novas máquinas;
• Princípio 14 – organizar a empresa de tal forma que os princípios opera-
cionais anteriormente apresentados passem a orientar as decisões no dia a dia.
138 • capítulo 5
Outra contribuição de Deming foi sua busca pelo controle efetivo dos pro-
cessos. Para isso o autor destacou a necessidade de se estabilizar o processo por
meio da eliminação dos fatores que afetam negativamente as características de
qualidade desejadas e da identificação das causas comuns e especiais na varia-
ção destes processos (MOTTA; VASCONCELOS, 2002).
Uma causa comum pode ser conceituada como uma variação natural de um
processo, que, individualmente, contribuí pouco para a variação total do pro-
cesso (MARTINS, 2002).
Por ser inerente ao processo, a remoção das causas comuns requer mudan-
ças na concepção e/ou na operação do processo, implicando em investimento
na melhoria ou troca do processo (TOLEDO, 2000).
Estudos revelam que as causas comuns representam por volta de 85% dos
problemas existentes num processo, porém a remoção delas depende de uma
ação da gerência sobre o sistema. Por exemplo, se uma máquina está desgasta-
da e apresenta inúmeras folgas, somente uma decisão da alta gerência poderá
trocá-la ou consertá-la (MARTINS, 2002).
Já as causas especiais representam por volta de 15% dos problemas existen-
tes num processo e a remoção delas pode ser feita no próprio local de trabalho
por operários treinados ou por equipes de manutenção. Por exemplo, a troca
de uma ferramenta desgastada pode ser detectada pelo próprio operário e ele
mesmo poderá trocar a ferramenta gasta (MARTINS, 2002).
Finalizando as contribuições de Deming, é importante destacar que ele foi
criador do ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act), que é uma ferramenta da quali-
dade, voltada ao planejamento e gestão estratégica, utilizada para direcionar
e priorizar os esforços de melhoria do desempenho em cada nível hierárquico,
de forma que a empresa alcance seus objetivos estratégicos de longo e médio
prazo (LEE; DALE, 1998).
O ciclo PDCA apresenta quatro etapas (SHIBA et al., 1995):
• Plan (planejar) – identificar os problemas-chave a partir de critérios analí-
ticos e quantitativos, determinando como eles podem ser corrigidos;
• Do (executar) – implementar o plano;
• Check (verificar) – confirmar quantitativa e analiticamente se houve me-
lhoria no desempenho e
• Act (atuar) – atuar corretivamente caso o desempenho esteja fora do padrão
determinado. Modificar, documentar e utilizar o processo adequadamente.
capítulo 5 • 139
5.3 Eras da Qualidade
Garvin (1992) identificou quatro estágios da gestão da qualidade:
• Controle do produto ou inspeção,
• Controle do processo ou controle estatístico;
• Garantia da qualidade;
• Gestão estratégica da qualidade.
140 • capítulo 5
Em lugar de se inspecionar todos os produtos, seleciona-se uma amostra de
produtos para inspeção. O resultado da análise dessa amostra é estendido ao
lote (GARVIN, 1992).
Apenas como curiosidade, o pioneiro da aplicação da estatística ao controle
da qualidade foi Walter A. Shewhart, dos Laboratórios Bell, que em 1924 prepa-
rou o primeiro rascunho do que viria a ser conhecido como carta ou gráfico de
controle. (MAXIMIANO, 2006).
Os gráficos de controle indicam o desempenho do processo, em termos de
sua variação, mediante o controle estatístico de uma variável ou atributo rela-
cionado a uma característica da qualidade do produto, subconjunto ou peça
(SILVA, 2002).
É importante observar que essa ferramenta funciona como um termôme-
tro, ou seja, apenas indica o estado do processo. Não resolve o problema.
É preciso diagnóstico e ação sistemática sobre o processo para que o proble-
ma seja efetivamente resolvido. Por isto, será imprescindível o conhecimento
do processo que está sendo controlado (MARTINS, 2002).
O Controle Estatístico de Processo (CEP) mede justamente o nível de varia-
ção desses duas componentes. A ideia é eliminar as causas especiais e deixar
em um nível tolerável as causas comuns, de forma que esta variação não in-
fluencie de forma negativa a qualidade do produto ou serviço, aumentando a
sensação de risco do consumidor (MARTINS, 2002).
Quando somente causas comuns agem em um processo, ele apresenta-
rá um comportamento previsível, sendo possível prever seu comportamento.
Isto implica que os parâmetros estimados para o processo são confiáveis uma
vez que não existem causas especiais perturbando a variação natural do pro-
cesso. Neste caso, é possível dizer que o processo está sob controle estatístico
(MONTGOMERY, 1991).
Os principais benefícios da utilização do CEP são (MONTGOMERY, 1991):
• Controle da variação dos processos;
• Redução do refugo e retrabalho com consequente diminuição dos custos;
• Melhoria da qualidade de conformação;
• Autocontrole por parte dos operadores dos processos (quem faz a
“qualidade”);
• Aumento da produtividade e motivação dos operadores dos processos;
• Redução para o mínimo ou eliminação das necessidades de inspeção;
capítulo 5 • 141
• Possibilidade de sistematização das informações geradas nos gráficos de
controle para futuros estudos de melhoria dos processos.
142 • capítulo 5
Garantia da Qualidade
Na era da garantia da qualidade, o foco deixa de ser a fábrica e passa para o ge-
renciamento de todo o processo, da matéria-prima ao consumidor final, desta-
cando-se a prevenção de problemas (GARVIN, 1992). Com essa nova dimensão, a
qualidade deixa de ser atributo apenas do produto ou serviço. Deixa de ser tam-
bém responsabilidade exclusiva do departamento da qualidade. A qualidade é
problema de todos e envolve todos os aspectos da operação da empresa. A quali-
dade exige visão sistêmica, para integrar as ações das pessoas, as máquinas, in-
formações e todos os outros recursos envolvidos na administração da qualidade.
Esta ideia implica a existência de um sistema da qualidade (TOLEDO, 2000).
A qualidade passa a ser vista de forma sistêmica e as empresas passam a exi-
gir que os fornecedores assegurem a qualidade dos insumos (JURAN; GRYNA,
1991). Para colocar essa ideia em prática, as empresas compradoras passaram a
fazer a auditoria do sistema da qualidade de seus fornecedores, em vez de fazer
a inspeção de seus produtos no momento da entrega (MAXIMIANO, 2006).
Os métodos de controle e melhoria da qualidade não ficam mais restritos
à produção, pelo contrário, são estendidos a todas às áreas organizacionais
(SHIBA et al, 1997).
Para isso são utilizados os seguintes conhecimentos (GARVIN, 1992):
• Custos da Qualidade – preocupação em identificar os custos evitáveis e os
custos inevitáveis, eliminando os primeiros e reduzindo os segundos. Foco nos
custos de prevenção, em detrimento dos custos de inspeção.
• Controle Total da Qualidade (CTQ) – o controle da qualidade vai desde o
projeto do produto/serviço até à entrega ao cliente, envolvendo todas as áreas
funcionais, expandindo-se muitas vezes até os fornecedores. A principal preo-
cupação é equilibrar custo e qualidade.
• Engenharia da Confiabilidade – preocupação em garantir o desempe-
nho do produto ao longo do tempo, de forma que este desempenhe sua função
sem falhas.
• Zero Defeito – filosofia que tem como foco a motivação e a conscientiza-
ção sobre qualidade, dando menos ênfase a técnicas específicas de solução de
problemas. O lema é fazer o trabalho certo da primeira vez.
capítulo 5 • 143
Gestão Estratégica da Qualidade
144 • capítulo 5
atividades. Assim, este processo é responsável por identificar e definir como
fazer para obter a satisfação daquilo que o projeto considera como qualidade.
Perceba que todo o conteúdo discutido neste capítulo será usado para aju-
dar a desenvolver o plano de gerenciamento da qualidade aplicada ao desenvol-
vimento de projetos.
capítulo 5 • 145
5.4.3 Processo de Gerenciamento da Qualidade em Projetos
Segundo PMBOK
146 • capítulo 5
• Definição das normas, padrões e procedimentos que serão usados para
comparar as características esperadas dos produtos com as características efe-
tivamente alcançadas durante a execução projeto;
• Seleção de pontos de controle das características e elaboração das
checklists bem como dos critérios pelos quais os produtos gerados serão acei-
tos ou rejeitados;
• Comunicação aos envolvidos no projeto acerca dos mecanismos que se-
rão adotados para assegurar a qualidade. É importante que os interessados se-
jam informados com relação à forma como a qualidade será alcançada.
capítulo 5 • 147
A equipe do projeto e os principais stakeholders estabelecem, previamente,
os critérios para definir o aceite de cada produto ou serviço a ser entregue.
No momento da entrega, os produtos ou serviços são avaliados com relação
a estes critérios antes que sejam formalmente aprovados.
É comum acordar que haja um documento para cada entrega principal, o
qual necessite de aprovação e de um documento que defina os critérios da acei-
tação para o projeto como um todo.
Os critérios de aceite variam de acordo com o que está sendo produzido.
Ao criar um formulário de aceite, a equipe deve prever uma coluna para cada
critério do aceite, uma coluna para expectativas do cliente, e uma outra para os
resultados reais. Se a entrega atingir os critérios indicados, o cliente assina no
campo apropriado, significando que ele aceita o produto e atesta conformida-
de com os requisitos.
É essencial que o gerente e a equipe do projeto entendam claramente os
requisitos e expectativas do cliente (usuário) com relação à qualidade do pro-
duto principal e dos produtos intermediários do projeto, ao preparar ou revisar
o plano da qualidade.
148 • capítulo 5
Normas, padrões e procedimentos:
As normas e os procedimentos relevantes para o projeto devem ser identi-
ficados e documentados. Isto inclui todas as regulamentações específicas da
natureza do projeto em trabalho. Mecanismos devem ser colocados em práti-
ca para assegurar com que as normas e procedimentos sejam completamente
atendidos pelos produtos gerados a partir do projeto.
capítulo 5 • 149
O patrocinador do projeto deve receber, regularmente, relatórios que resu-
mam o andamento do controle da qualidade do projeto.
Estes relatórios podem incluir dados estatísticos como, por exemplo, o nú-
mero de não conformidades encontradas bem como ações corretivas tomadas.
ATIVIDADES
01. Qual a importância dos 14 princípios da qualidade, criados por Deming, para uma orga-
nização que deseja desenvolver um programa de qualidade?
REFLEXÃO
Chegamos ao final do nosso livro de Gestão da Qualidade em Projetos. Este último ca-
pítulo teve como tema principal, a abordagem do conceito de Qualidade, sua evolução e
principais características. A ideia não foi esgotar o assunto, mesmo porque ele é bastante
amplo e abrangente (sendo trabalhado na maioria dos cursos de graduação, em todas as
áreas de conhecimento, profissão e segmento), mas sim mostrar sua importância para o
sucesso gerenciamento de projetos nas organizações. Vimos que quanto maior for o projeto,
mais importante se torna seu gerenciamento e acompanhamento de todas as etapas e áreas
de conhecimento que o Gui PMBOK orienta.
Esperamos que este conteúdo tenha sido compreendido e que ele de fato faça a diferen-
ça em seus estudos e na sua formação. Sucesso!
LEITURA
Deming e os 14 princípios de qualidade
Para você avançar nos conhecimentos sobre qualidade, recomendamos a leitura do texto
abaixo, que é um resumo dos 14 princípios da qualidade postulados por Deming no livro Saia
da Crise. No Brasil, este livro foi publicado pela Editora Futura em 2003.
150 • capítulo 5
“Os 14 princípios da qualidade são a base para a transformação da indústria. Não basta
resolver problemas, sejam eles grandes ou pequenos. Os 14 pontos aplicam-se a todos os
tipos de organizações, grandes ou pequenas, de bens ou de serviços. Também se aplicam
às divisões de uma empresa. A adoção e a prática desses 14 pontos indicam que uma em-
presa tem a intenção de sobreviver por muito tempo, protegendo os investidores e crian-
do empregos.
Há dois tipos de problemas para as empresas resolverem: (1) os problemas de hoje; e
(2) os problemas do futuro.
Os problemas de hoje incluem manutenção da qualidade dos bens produzidos, controle
da produção (para que ela não seja muito maior do que as vendas previstas para o futuro
imediato), orçamentos, empregos, lucros, vendas, serviços, relações públicas, estimativas e
assim por diante.
É muito fácil deixarmo-nos consumir pelos problemas do presente, tornando-nos cada
vez mais eficientes na resolução deles, porém, negligenciando os problemas do futuro.
Os problemas do futuro requerem, antes de mais nada, firmeza de propósito e dedicação
no sentido de melhorar a qualidade dos produtos e dos serviços. Assim, a empresa fortale-
cerá sua posição competitiva, se firmará no mercado e criará novos empregos. Para isso no
entanto, é fundamental que o presidente e a diretoria da empresa estejam comprometidas
com as seguintes obrigações:
• Inovar
• locar recursos para o planejamento de longo prazo;
• Oferecer serviços e produtos que contribuam para o bem-estar do consumidor;
• Buscar novos insumos;
• Melhorar os métodos de produção;
• Investir em treinamento de pessoal.
Não podemos mais tolerar os níveis normalmente aceitos de erros, defeitos, insumos
inadequados, profissionais que não sabem o que devem fazer e que têm medo de perguntar,
danos causados por manuseio impróprio de mercadorias, métodos antiquados de treinamen-
to no ambiente de trabalho, supervisão inadequada e ineficaz, administradores descompro-
missados com a empresa.
Não depender dos mecanismos de inspeção para garantir qualidade. Contar o tempo
todo com mecanismos de inspeção para garantir qualidade equivale a contar com a incidên-
cia de defeitos e admitir que o processo de produção não está à altura das especificações.
A inspeção vem tarde demais, os defeitos já estão lá. Além disso, é ineficaz e dispendiosa.
Quando um produto transpõe os portões de uma fábrica, já é tarde demais para fazer alguma
coisa acerca de sua qualidade. A qualidade não vem da inspeção, mas do aperfeiçoamento
capítulo 5 • 151
do processo de produção. Inspeção, retrabalho, degradação e sucateamento de produtos não
constituem medidas de correção do processo de produção. O retrabalho custa dinheiro. É im-
portante que a inspeção seja feita no momento exato para que o custo total seja minimizado.
É preciso também abandonar a prática de escolher fornecedores com base apenas no
preço. Não podemos mais abrir mão da qualidade dos produtos e serviços exclusividade aos
sabores da competição por preços mais baixos – não nos dias de hoje, quando a demanda
por uniformidade e confiabilidade é maior do nunca. Preços não significam nada sem uma
medida exata da qualidade daquilo que é comprado. Na ausência de medidas de qualidade
adequadas, as concorrências são vencidas pelas ofertas de preço menor e o resultado inevi-
tável disso é qualidade inferior e custos altos.
Os departamentos de compra das organizações devem mudar de enfoque e considerar,
em vez do custo inicial mais baixo, o custo total mais baixo dos materiais a ser comprados. Isso
requer preparo. Também é preciso compreender que as especificações que acompanham os
produtos à venda não contam toda a história a respeito do desempenho desses produtos.
Materiais e componentes podem funcionar muito bem isoladamente, mas apresentar
problemas quando agregados na linha de produção ou no produto final. Portanto, é preciso
observar uma amostra desses materiais ao longo de todo o processo e avaliar seu desempe-
nho, tanto na montagem de estruturas complexas quanto junto ao consumidor.
Um relacionamento de longo prazo entre compradores e fornecedores é essencial para a ob-
tenção de economia. Há vantagens operacionais nessa parceria. Muito embora dois fornecedores
produzam materiais de excelente qualidade, sempre haverá diferenças. Todos os profissionais de
produção sabem que a troca de fornecedores implica em perda de tempo. Esse tempo pode ser de
apenas 15 minutos. Ou pode ser de oito horas numa mineradora. Ou pode ser de semanas. As va-
riações entre os lotes de um único fornecedor são suficientes para causar problemas na produção.
Não é difícil supor que as variações entre os lotes de diferentes fornecedores causem
problemas ainda maiores”.
Fonte: Adaptado: DEMING, W. E. Saia da crise. São Paulo: Editora Futura, 2003.
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GABARITO
Capítulo 1
01. Sim, é possível e recomendado. Uma vez que um processo sistematizado seja seguido
e ganhe maturidade, resultados de sucessos conseguidos em um determinado projeto po-
derão ser reproduzidos em outros projetos que sigam o mesmo processo de gestão. Lógico
que o ideal é termos pessoas sensacionais trabalhando em processos sistematizados, "repe-
tíveis" e maduros. Contudo, apenas pessoas sensacionais não garantem que um sucesso de
agora possa ser repetido em outros projetos, mesmo com as mesmas pessoas
02. PMI é uma instituição sem fins lucrativos cujas siglas representam Project Management
Institute que tem por objetivo estabelecer o estado da arte de gestão de projetos e também
a profissionalização da gestão do projeto no mundo.
154 • capítulo 5
03.
Certificação
O PMI oferece seis certificações que atestam conhecimento e competência, dentre as quais,
a de Profissional em Gerenciamento de Projetos (PMP)®, que conta com mais de 370.000
profissionais certificados em todo mundo. Os salários e oportunidades de carreiras dos pro-
fissionais certificados demonstram que os empregadores reconhecem o valor agregado por
aqueles que possuem essas certificações.
Padrões Globais
Os 12 padrões para gerenciamento projetos, programa e de portfolio do PMI são os padrões
com mais alto reconhecimento na profissão – e que, cada vez mais, vêm se tornando o mo-
delo para o gerenciamento de projetos em empresas e governos.
Esses padrões são desenvolvidos pelos milhares de voluntários qualificados e atualizados do
PMI, com experiência em todos os tipos de projetos, e estabelecem uma linguagem comum
para o gerenciamento de projetos em todo o mundo.
Treinamento e Educação
O PMI oferece uma ampla gama de oportunidades de desenvolvimento profissional, desde
nossos SeminarsWorld® e cursos de ensino a distância (e-learning) para congressos mun-
diais e outros eventos do PMI.
Você também pode se dirigir a um dos mais de 1400 Provedores Registrados de Educação
(REPs) para formação e desenvolvimento continuado em gerenciamento de projetos. Aque-
les que estudam em instituições de ensino superior podem contar com os mais de 60 pro-
gramas de graduação e pós-graduação já reconhecidos pelo Centro de Acreditação Global
do PMI para Programas de Educação em Gerenciamento de Projetos.
Pesquisa
O Programa de Pesquisa do PMI, o mais extenso na área, promove a ciência, a prática e a
profissão de gerenciamento de projetos. O Programa promove o conhecimento em gerencia-
mento por meio de projetos de pesquisa, simpósios e pesquisas, divulgando essas informa-
ções através de publicações, conferências de pesquisa e sessões de trabalho.
04.
( P ) Ações para o desfile de carnaval de um determinado ano.
( TO ) Construção de carros em série em uma linha de b) montagem.
( P ) Ações para a criação de um novo modelo de carro de uma determinada montadora.
( P ) Desenvolvimento de um novo d) software de ERP para uma determinada empresa.
( TO ) Ações do setor de RH para a emissão de pagamentos dos funcionários de uma de-
terminada empresa.
capítulo 5 • 155
( P ) Ações de uma empresa para determinar o processo de emissão de pagamentos dos
funcionários de uma determinada empresa.
( TO ) Tarefas associadas a um funcionário de uma lanchonete para a confecção de lanches
padrões desta lanchonete.
Capítulo 2
01.
• Gerenciamento/Gestão de integração do projeto: A Gerência da integração do proje-
to é o núcleo do gerenciamento de projetos, e é composto dos processos do dia a dia com
os quais o gerente de projetos conta para garantir que todas as partes do projeto funcionem
juntas. É um processo contínuo que o gerente executa para garantir que o projeto prossiga
do início ao fim.
• Gerenciamento/Gestão do escopo do projeto: Gerenciamento do Escopo é composto
dos processos para garantir que o projeto inclua todo o trabalho exigido, e somente o traba-
lho exigido, para completar o projeto com sucesso.
• Gerenciamento/Gestão de tempo do projeto: O objetivo da gerência do tempo de pro-
jeto é descrever os processos requeridos para o término do projeto, garantindo que o mesmo
cumpra com os prazos definidos em um cronograma de atividades.
• Gerenciamento/Gestão de custos do projeto: A gerência do custo do projeto agrega
os processos que envolvem planejamento, estimativa, orçamento e controle de custos que
serão necessários para a conclusão do projeto a partir de uma previsão orçamentária.
• Gerenciamento/Gestão da qualidade do projeto: Originalmente, tal função era relativa
e voltada para a inspeção; hoje, as atividades relacionadas com a qualidade ampliaram-se
bastante e são consideradas essenciais para o sucesso estratégico do projeto.
• Gerenciamento/Gestão de recursos humanos do projeto: Gerenciamento de recur-
sos humanos do projeto tem como base a identificação e documentação de funções, respon-
sabilidades e relações hierárquicas do projeto em relação aos recursos humanos envolvidos,
além da criação do plano de gerenciamento de pessoal. Obtenção dos recursos humanos
necessários para terminar o projeto.
• Gerenciamento/Gestão das comunicações do projeto: Inclui os processos necessá-
rios para assegurar que as informações do projeto sejam geradas, coletadas, distribuídas,
armazenadas, recuperadas e organizadas de maneira oportuna e apropriada. Os gerentes de
projetos gastam a maior parte do seu tempo se comunicando com os membros da equipe e
outras partes interessadas do projeto, quer sejam internas (em todos os níveis da organiza-
ção) ou externas à organização.
156 • capítulo 5
• Gerenciamento/Gestão de riscos do projeto: Os Riscos de projeto são um conjunto
de eventos que podem ocorrer sob a forma de ameaças ou de oportunidades que, caso se
concretizem, influenciam o objetivo do projeto, negativamente ou positivamente.
• Gerenciamento/Gestão de aquisições do projeto: O Gerenciamento de Aquisições
do Projeto é responsável por cuidar das compras e aquisições de produtos, serviços ou re-
sultados necessários para a realização do trabalho. A organização pode ser o comprador ou
fornecedor do produto, serviço ou resultado.
• Gerenciamento das Partes Interessadas do Projeto: O gerenciamento das partes
envolvidas do projeto concentra-se em um dos elementos mais importantes da gestão de
projetos, e gerencia os interessados, suas expectativas, e compromissos.
02. As fases do ciclo de vida de gerenciamento de projetos se interagem intensamente.
Então, podemos dizer que os processos que compõem essas fases também estão se intera-
gindo intensamente. A coordenação da interação desses processos é de responsabilidade
da gerência de integração, uma vez que é nessa área de conhecimento que se decide como
cada área será planejada. Ex.: A gerência de integração é quem irá compor o plano de geren-
ciamento do projeto que irá definir e coordenar todos os planos de gerenciamento auxiliares
das outras áreas de conhecimento, inclusive das áreas de gerenciamento de custo, tempo e
risco, conforme citado no exemplo anterior. Por isso, voltamos a dizer que a gerência de in-
tegração é responsável pela integração dos processos entre os grupos de processos (fases)
do ciclo de vida de gerenciamento de projetos para realizar os objetivos do projeto dentro dos
procedimentos definidos da organização.
03. O gerenciamento de escopo trata dos limites do projeto, estabelecendo tudo o que está
dentro do projeto e tudo o que está fora do projeto (às vezes, especificar o que está fora
é quase tão importante do que especificar o que está dentro, por causa dos requisitos de
contexto e requisitos não funcionais dos softwares). Definir corretamente o escopo é uma
das partes mais importantes do gerenciamento de projeto, pois se pensarmos em qualidade
como um conceito relacionado com o atendimento dos requisitos dos stakeholder, então
determinar muito bem esses requisitos é o primeiro passo para entregar um produto/serviço
de qualidade e ter sucesso no projeto.
04. Na fase de definição de escopo, temos a etapa de preparação de uma declaração de
escopo detalhada para o projeto. Ela envolve a identificação de qual o trabalho a ser realiza-
do e os responsáveis, o dimensionamento dos pacotes de trabalho, ou work packages (WP)
e a criação de um dicionário que explique os aspectos técnicos da EAP.
05. A EAP é a estrutura analítica do projeto. Embora em um primeiro momento o nome em
português desta ferramenta possa parecer estranho, quando analisamos o nome em inglês
fica mais fácil entender qual é a proposta desta ferramenta.
capítulo 5 • 157
WBS é o termo em inglês referente a EAP e significa work breakdown structure, que
quer dizer:
Work: esforço físico ou mental sustentável para transpor obstáculos e atingir um objetivo;
Breakdown: divisão em partes ou categorias. Decompor em partes menores;
Structure: algo organizado de forma padronizada ou formalizada.
Assim fica mais fácil de entender que a EAP e a decomposição (breakdown) hierárquica
(structure) orientada a entrega do trabalho (work) do escopo do projeto.
Esses trabalhos devem ser executados pela equipe do projeto para atingir os objeti-
vos do projeto. A decomposição dos trabalhos em partes menores serve para torná-los
mais gerenciáveis.
A EAP é uma ferramenta gráfica, então a decomposição hierárquica do trabalho do projeto
acontece por meio de retângulos e interligações desses retângulos para formar a hierarquia
de trabalho.
06. É a técnica de decomposição do trabalho, que sugere a subdivisão das entregas de
trabalhos em componentes menores e mais facilmente gerenciáveis de forma que, em pro-
cessos futuros do ciclo de vida de gerenciamento de projetos, o tempo e o custo possam
ser estimados de forma confiável. O nível mais baixo da EAP. Cada pacote de trabalho deve
buscar atender às seguintes características:
• Pode ser estimado de forma realista e confiável;
• Não permite uma nova subdivisão lógica;
• Pode ser concluído “rapidamente”;
• Sua execução pode ser atribuída a uma pessoa ou grupo de pessoas (internos ou externos)
• Possui um término significativo, produzindo uma entrega
07. A definição de escopo envolve a preparação de uma declaração de escopo detalhada
para o projeto, que envolve a identificação de qual o trabalho a ser realizado e os responsá-
veis, o dimensionamento dos pacotes de trabalho, ou work packages (WP) e a criação de
um dicionário que explique os aspectos técnicos da EAP. Entre os aspectos positivos da
definição de escopo estão:
• obriga os stakeholders a concordarem com as fronteiras do projeto;
• durante a execução, permite identificar as mudanças que estão fora do escopo do projeto
e requerem renegociação do contrato original;
• ajuda a estabelecer critérios que mensurem o sucesso do projeto,
• de forma que todos os envolvidos os conheçam e estejam de acordo;
• auxilia a compreensão da equipe de projeto sobre as abordagens e métodos utilizados
no projeto.
158 • capítulo 5
08. Premissas ou suposições são fatores que, para os propósitos do planejamento, são con-
sideradas verdadeiros, reais, ou certos. As premissas afetam todos os aspectos do planeja-
mento do projeto e são parte da elaboração progressiva do projeto. As equipes de projetos
freqüentemente identificam, documentam e validam premissas como parte de seu processo
de planejamento. Por exemplo, se a data na qual uma pessoa chave estará disponível para
o projeto é incerta, a equipe pode assumir uma data de início específica. Podem ser organi-
zacionais, ambientais e externas. Podem ser consideradas como as “cláusulas contratuais”
que se não forem cumpridas, comprometem o sucesso do projeto, ou aquilo que você quer
exigir das partes interessadas. Por exemplo: Disponibilidade de 50% do tempo do cliente
durante os testes. Se o cliente não estiver disponível 50% do tempo, o prazo, provavelmente,
não será cumprido.
Capítulo 3
capítulo 5 • 159
finements) e ocorrem mais frequentemente quando o projeto envolve uma tecnologia nova
ou em desenvolvimento.
04. Estimar tempo em atividades planejadas é algo complexo em qualquer área, mas na área
de TI esta atividade é um pouco mais complicada pela característica abstrata das tarefas e
seu cunho intelectual, em alguns casos quase “artísticos” (por exemplo o desenvolvimento
de um software científico como processamento de imagem ou biotecnologia). Por isso, é
comum esse processo de estimativa de tempo das atividades seja realizado por pessoas que
estão mais acostumadas com o contexto e natureza do projeto (e que utilizam a experiência
delas para realizar estimativas mais confiáveis) e também é realizado em caráter progressivo,
à medida que as informações necessárias para as estimativas vão ficando cada vez mais cla-
ras. Mas, não só a “arte” e a experiência ou conhecimento tácito dos colaboradores são alter-
nativas para este processo. Há técnicas sistematizadas como pontos por função e pontos de
caso de uso que podem ser utilizadas juntamente com bases históricas para a determinação
de estimativas de tamanho de software.
05. Gráfico de Gantt
Método do caminho crítico – por meio dessa técnica é possível descobrir em um gráfico
de redes qual é o caminho de atividades mais longo que será feito no projeto e aquele que
terminará mais cedo. Com essa análise é possível gerenciar o tempo de entrega do projeto
aplicando então técnicas de paralelismo e compressão às atividades do caminho mais longo,
ou seja, o caminho crítico do projeto!
Aplicação de antecipações e esperas – durante o sequenciamento das tarefas antecipações
e atrasos podem ocorrer e nesta técnica eles são ajustados.
Compressão do cronograma – técnicas para a redução do cronograma sem reduzir o escopo
do projeto: são analisadas as compensações entre custo e cronograma em busca da redução
do tempo de execução de uma dada atividade.
Paralelismo – descobrir no grafo de rede de atividades as atividades que estão seriadas e
tentar a execução das mesmas em paralelo para reduzir o tempo do caminho crítico.
Gráfico de Milestones
Baseline
160 • capítulo 5
06.
Executar
1o Passo
Desenhar: Etapa inicial do projeto e as atividades sem dependência (A, D, G, I)
Atividade Depedência
A -
A
B A, D
C B, F D
D -
G
E A, D
F E, G, I
G - I
H E, G, I
I -
J I
K H, J
Não complete o arco enquanto não tiver clarificado as dependências
Passos Seguintes
Pergunte a si mesmo: Quais atividades que dependem das que já estão desenhadas?
Atividade Depedência
A -
B A, D A B
C B, F
D - E
D
E A, D
G
F E, G, I
G -
H E, G, I I
I -
J I
K H, J
capítulo 5 • 161
Passos Seguintes
Pergunte a si mesmo: Quais atividades que dependem das que já estão desenhadas?
Atividade Depedência
A -
B A, D A
C B, F
D - D
E A, D G
F E, G, I
G -
I
H E, G, I
I -
J I
Convergir na mesma etapa com A e D para iniciar B e E
K H, J
(atenção que A e D começam na mesma etapa...)
Passos Seguintes
Pergunte a si mesmo: Quais atividades que dependem das que já estão desenhadas?
Atividade Depedência
A -
B A, D
C B, F A B
D -
E
E A, D D F
F E, G, I G
H
G -
H E, G, I
I J
I -
J I
K H, J
162 • capítulo 5
Passos Seguintes
Pergunte a si mesmo: Quais atividades que dependem das que já estão desenhadas?
Atividade Depedência
A -
B A, D B
A
C B, F
D E
D -
E A, D G
F E, G, I
G -
I
H E, G, I
I -
J I
K H, J
Juntar E, G, I para iniciar F e H (atenção que J só depende de I ...)
Passos Seguintes
Pergunte a si mesmo: Quais atividades que dependem das que já estão desenhadas?
Atividade Depedência
A - A B
B A, D
C B, F E
D F
D -
G
E A, D H
F E, G, I
G - I J
H E, G, I
I -
J I
Junte B e F para iniciar C; Idem com H e J para iniciar K
K H, J
capítulo 5 • 163
Passos Seguintes
Pergunte a si mesmo: Quais atividades que dependem das que já estão desenhadas?
Atividade Depedência
A - A B
B A, D C
C B, F E
D F
D -
G
E A, D H
F E, G, I
G - I J K
H E, G, I
I -
J I
K H, J
Passos Seguintes
Pergunte a si mesmo: Quais atividades que dependem das que já estão desenhadas?
Atividade Depedência
A - A B
B A, D C
C B, F E
D F
D -
G
E A, D H
F E, G, I
G - I J K
H E, G, I
I -
J I
K H, J
164 • capítulo 5
Analisar tendências das variações e documentar quaisquer descobertas sobre fontes de va-
riação e área de impacto.
Capítulo 4
01. A análise quantitativa de riscos mensura números e dados tangíveis do projeto, já a aná-
lise qualitativa, envolve subjetividade dos sujeitos envolvidos, que terão percepção distintas
quanto a qualidade do projeto e seus desmembramentos.
02. Gerenciamento de riscos possibilita a chance de melhor compreender a natureza do
projeto, envolvendo os membros do time de modo a identificar as potenciais forças e riscos
do projeto e responder a eles, geralmente associados a tempo, qualidade e custos. Portanto,
a sobrevivência de qualquer empreendimento, atualmente, está intimamente vinculada ao
conceito de aproveitar uma oportunidade, dentro de um espectro de incertezas. O que torna
a gestão dos riscos se tornar tão importante são fatores diversos, como o aumento da com-
petitividade, o avanço tecnológico e as condições econômicas, que fazem com que os riscos
assumam proporções muitas vezes incontroláveis.
03. Um efetivo processo de comunicação é necessário para garantir que todas as informa-
ções desejadas cheguem às pessoas corretas no tempo certo e de uma maneira economi-
camente viável.
Sempre que pensamos em gerenciamento de projetos, logo, pensamos em administra-
ção de tempo, escopo e qualidade, na verdade, a administração de todas estas áreas requer
do gerente de projeto uma gama de habilidades e técnicas efetivas, pois muitos elementos
precisam ser coordenados. Manter um time unido e sólido, e atender as expectativas dos
stakeholders é um dos grandes desafios que um gerente de projeto enfrenta.
Um bom plano de comunicação pode ser chave para que a execução e o controle do pro-
jeto tenham sucesso. Portanto, é responsabilidade desta área de conhecimento fornecer as
ligações entre pessoas e informações adequadas, sendo que entenderemos como pessoas
todos os stakeholders do projeto, como partes interessadas, cliente e patrocinador.
04. Stakedolders de um projeto: acionistas da organização, diretoria, clientes, colaboradores,
fornecedores de produtos e serviços, comunidade em que a organização esteja inserida etc.
Capítulo 5
01. Tais princípios são ferramentas norteadoras para um eficaz monitoramento de um pro-
jeto, seu eficaz desenvolvimento e efetividade nas respostas. Com base nos princípios da
capítulo 5 • 165
qualidade, segundo Deming é possível o acompanhamento de qualquer projeto ou processo,
de modo que ele venha atender aos objetivos propostos.
02. Trata-se de uma ferramenta da qualidade, voltada ao planejamento e gestão estratégica,
utilizada para direcionar e priorizar os esforços de melhoria do desempenho em cada nível
hierárquico, de forma que a empresa alcance seus objetivos estratégicos de longo e médio
prazo (LEE; DALE, 1998).
O ciclo PDCA apresenta quatro etapas (SHIBA et al., 1995):
• Plan (planejar) – identificar os problemas-chave a partir de critérios analíticos e quantitati-
vos, determinando como eles podem ser corrigidos;
• Do (executar) – implementar o plano;
• Check (verificar) – confirmar quantitativa e analiticamente se houve melhoria no desem-
penho e
• Act (atuar) – atuar corretivamente caso o desempenho esteja fora do padrão determinado.
Modificar, documentar e utilizar o processo adequadamente.
03.
Controle do produto ou inspeção
O controle do produto formalizou-se com a produção em massa e a necessidade de peças
intercambiáveis, sendo executado através da criação de um sistema de medidas, gabaritos e
acessórios, cujo foco principal era a verificação de erros (MAXIMIANO, 2006).
A conformidade em relação ao padrão e a uniformidade dos produtos eram as preocupa-
ções primordiais, e não a resolução de problemas. Além disso, nesse período, a quantidade
produzida de produtos era mais importante do que a qualidade, reforçando a mentalidade de
praticar o controle para encontrar os defeitos ao invés de evitá-los (GARVIN, 1992).
Controle estatístico ou do processo
O controle do processo deu à qualidade um caráter científico através da utilização de técni-
cas estatísticas para verificar a uniformidade dos produtos
(SILVA, 2002).
A preocupação passa a ser o nível de variabilidade do processo e a inspeção passa a ocorrer
por amostragem (MOTTA; VASCONCELOS, 2002).
Com o crescimento das empresas e da expansão da produção em massa, tornou-se im-
praticável inspecionar a totalidade dos produtos, surgindo, assim o controle estatístico da
qualidade (MAXIMIANO, 2006).
Garantia da Qualidade
Na era da garantia da qualidade, o foco deixa de ser a fábrica e passa para o gerenciamento
de todo o processo, da matéria-prima ao consumidor final, destacando-se a prevenção de
problemas (GARVIN, 1992). Com essa nova dimensão, a qualidade deixa de ser atributo ape-
166 • capítulo 5
nas do produto ou serviço. Deixa de ser também responsabilidade exclusiva do departamento
da qualidade. A qualidade é problema de todos e envolve todos os aspectos da operação da
empresa. A qualidade exige visão sistêmica, para integrar as ações das pessoas, as máqui-
nas, informações e todos os outros recursos envolvidos na administração da qualidade. Esta
ideia implica a existência de um sistema da qualidade (TOLEDO, 2000).
Gestão Estratégica da Qualidade
Nesta fase, a qualidade é elevada ao nível estratégico, transformando-se na base para en-
frentar a concorrência (GARVIN, 1992). Dentro deste contexto, a qualidade adquire status
de sistema de gestão, ligando-se aos objetivos estratégicos e tendo como foco a lucrativida-
de da organização, através da melhoria contínua (SHIBA et al, 1997).
capítulo 5 • 167