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Eric Hobsbawm afirma que todos os critérios utilizados para definir o conceito de
nação (associados a território, língua, cultura, história comum, sentimento...) são ambíguos,
mutáveis, opacos e inúteis. (1990: 15) Todavia, destaca alguns elementos para avaliar o
surgimento das nações e dos nacionanismos:
1) A nação pertence a um período particular e historicamente recente. Ela é uma entidade
social apenas quando relacionada a uma certa forma de Estado territorial moderno, o
"Estado-nação".
2) O nacionalismo vem antes das nações e as nações não formam os Estados e os
nacionalismos, mas sim o oposto;
3) As nações existem também no contexto de um estágio particular de desenvolvimento
econômico e tecnológico;
4) Nações são fenômenos duais, construídos essencialmente pelo alto, mas que, no
entanto, não podem ser compreendidas sem ser analisadas de baixo (pessoas comuns
que são o objeto de sua ação e propaganda)
5) O desenvolvimento de nações e do nacionalismo em Estados longamente estabelecidos
como a Grã-Bretanha e a França não foi estudado intensivamente, embora hoje chame a
atenção.
Ainda conforme Hobsbawm, as concepções liberais de nação tomaram como ponto para
identificar se um povo poderia ou não ser classificado como tal a partir de três critérios:
1) Sua associação histórica com um Estado existente ou com um Estado de passado
recente e razoavelmente durável
2) Existência de uma elite cultural longamente estabelecida, que possuísse um vernáculo
administrativo e literário escrito. (Alemanha e Itália).
3) Capacidade para a conquista.
1) A maioria das nações consiste de culturas separadas que só foram unificadas por um
longo processo de conquista violenta que resultou na supressão forçada da diferença
cultural. “Como observou Ernest Renan, esses começos violentos que se colocam
nas origens das nações modernas têm, primeiro, que ser „esquecidos‟, antes que se
comece a forjar a lealdade com uma identidade nacional mais unificada, mas
homogênea”. (HALL, 2OO6: 59-60)
2) As nações são sempre compostas de diferentes classes sociais e diferentes grupos
étnicos e de gênero. O autor exemplifica citando o caso nacionalismo britânico
moderno, resultado de um esforço coordenado para unificar as classes ao longo de
divisões sociais, ao oferecer-lhes o “pertencimento comum à família da nação.”
Sobre a “generificação” das identidades nacionais, ilustra lembrando que os valores
da inglesidade são fortemente associados ao masculino. (HALL, 2OO6: 60-61)
3) As nações ocidentais modernas também foram centros de impérios ou de esferas
neoimperiais e exerceram uma hegemonia sobre as culturas dos colonizados.
(...)as nações modernas, com toda sua parafernália, geralmente afirmam ser o oposto do
novo, ou seja, estar enraizadas na mais remota antiguidade, e o oposto do construído, ou
seja, ser comunidades humanas, “naturais” o bastante para não necessitarem de
definições que não a defesa dos próprios interesses. (1997:22)
Referências Bibliográficas:
____________. A era do capital: 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. 5ª Ed.