Você está na página 1de 23

A Questão Urbana No Brasil

A urbanização brasileira só começou a ocorrer a partir do momento em que a


indústria passou a tornar-se o setor mais importante da economia nacional. Ela
representa um dos aspectos da passagem de uma economia agrário-
exportadora para uma economia urbano industrial.
Essa transformação do Brasil apresenta inúmeros outros aspectos. Por
exemplo: as camadas sociais dos fazendeiros e grandes comerciantes
exportatores deixaram de ser dominantes politicamente, isto é, perderam suas
influências sobre o governo em favor dos industriais, banqueiros e diretores de
grandes empresas estatais.
Cessou também o predomínio do campo sobre a cidade, no sentido de os
principais interesses econômicos e de a maior parte da força de trabalho do
país estarem sediados no meio rural, do qual o meio urbano era mero
complemento com funções basicamente administrativas e comerciais. Ocorre
agora um predomínio da cidade sobre o campo, no sentido de que os principais
interesses econômicos e a maior parte da força de trabalho do país estão
localizados no meio urbano, de cuja atividade industrial e bancária o meio
urbano se tornou subordinado.
Essa subordinação do campo em relação à cidade se manifesta de várias
maneiras:
ele é um fornecedor de mão-de-obra e gêneros alimentícios para o meio
urbano;
o setor agrário de exportação continua a ser importante para a economia
nacional, mas agora sua renda é utilizada principalmente para pagar as
importações de máquinas ou petróleo para o setor industrial, e não mais para
importar bens manufaturados de consumo;
a importância cada vez maior que assumem certos insumos procedentes do
meio urbano, como fertilizantes e adubos - além de crédito bancário e
máquinas agrícolas.
A modernização do país resultante do crescimento da economia urbano-
industrial, produzem uma divisão territorial de trabalho que subordina o campo
à cidade, e as cidades menores às maiores. Estabeleceu-se, portanto, um
sistema integrado de cidades, onde há uma hierarquia: as cidades pequenas
dependem das médias, e estas por sua vez, se subordinam às grandes cidades
ou metrópoles.
No cume desse sistema hierarquizado de cidades situam-se as duas únicas
metrópoles nacionais: São Paulo e Rio de Janeiro. Elas exercem uma
influencia sobre todo o território brasileiro, praticamente comandando a vida
econômica e social da nação com suas industrias, universidades, bancos,
imprensa, grandes estabelecimentos comerciais, etc. E como elas se localizam
relativamente próximas, existindo em torno da via Dutra uma área
intensamente urbanizada onde estão cidades como São José dos Campos,
Taubaté, Volta Redonda e outras, convencionou-se nos últimos anos que aí se
formou uma megalópole.
Logo abaixo das metrópoles nacionais, surgem as sete metrópoles regionais
(grandes cidades que polarizam extensas regiões): Porto Alegre, Curitiba, Belo
Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém.
Seguindo-se, nessa escala, aparecem as capitais regionais, que são cidades
que exercem uma polarização sobre inúmeras cidades pequenas e médias,
além das áreas rurais ao seu redor. Exemplos: Campinas, Bauru, Londrina,
Ribeirão Preto, etc.

Atualmente, em lugar da velha distinção entre população urbana e rural, usa-se


a noção de população urbana e agrícola. É considerável o número de pessoas
que trabalham eme atividades rurais e residem nas cidades. As greves dos
trabalhadores bóia-frias acontecem nas cidades, o lugar onde moram. São
inúmeras as cidades que nasceram e cresceram em áreas do país que têm a
agroindústria como mola propulsora das atividades econômicas secundárias e
terciárias.
Em virtude da modernização do campo, verificada em diversas regiões
agrícolas, assiste-se a uma verdadeira expulsão dos pobres, que encontram
nas grandes cidades o seu único refúgio. Como as indústrias absorvem cada
vez menos mão-de-obra e o setor terciário apresenta um lado moderno, que
exige qualificação profissional, e outro marginal, que remunera mal e não
garante estabilidade, a urbanização brasileira vem caminhando lado a lado com
o aumento da pobreza e a deterioração crescente das possibilidades de vida
digna aos novos cidadãos urbanos.
Os moradores da periferia, das favelas e dos cortiços, têm acesso a serviços
de infra-estrutura precários (saneamento básico, hospitais, escolas, sistema de
transporte coletivos etc.). O espaço urbano, amplamente dominado pelos
agentes hegemônicos, que impõem investimentos direcionados para seus
interesses particulares, está organizado tendo em vista o tráfego de veículos
particulares, a informação, a energia e as comunicações, relegando os
investimentos sociais e, assim, excluindo os pobres da modernização. O
espaço urbano, quando não oferece oportunidades, multiplica a pobreza.
Serão apresentadas algumas definições que se fazem importantes para
conhecermos a dinâmica existente no local onde vive o cidadão.

Comunidade

Concebem a comunidade não só como um espaço limitado, onde residem


certos grupos , mas como todo meio comum, todo espaço dentro da cidade,
onde as pessoas desenvolvem suas relações sociais e tratam de interesses
coletivos .

Distrito

Os distritos são as unidades administrativo-territoriais que compões o


município”.¹ Geralmente os distritos são criados para fins de descentralização e
melhor distribuição dos serviços públicos .

Município

Pode-se, definir o Município como uma divisão territorial-administrativa,


comandada pôr um prefeito, dotado de poderes para resolver suas próprias
questões.
Há um elenco de competências reservadas pela Constituição Federal ao
Município, dentre elas são:
Legislar sobre assuntos de interesse local;
Suplementar a Legislação Federal e Estadual no que couber;
Instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas
rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar
balancetes nos prazos fixados em lei;
Criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
Observar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os
serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem
caráter essencial;
Manter com a cooperação técnica e financeira da União, programas de
educação pré-escolar e de ensino fundamental;
Prestar , com a cooperação técnica e financeira da União e dos Estado,
serviços de atendimento a saúde da população;
Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante
planejamento e controle do uso, parcelamento e da ocupação do solo urbano;
Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a
legislação e ação fiscalizadora federal e estadual.
Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 04:55

Urbanização e Regiões Metropolitanas Brasileiras


Somente na segunda metade do século XX, o Brasil tornou-se um país urbano, isto é,
mais de 50% de sua população passou a residir nas cidades. Outro fato marcante é que a
partir da década de 1950,o processo de urbanização no Brasil tornou-se cada vez mais
rápido.
Podemos verificar que o crescimento da população urbana em relação à rural coincidiu
com o período de consolidação da industrialização do país, sendo que, em 1970, pela
primeira vez havia mais habitantes nas cidades do que no campo.
A região Sudeste foi a maior responsável por essa mudança, pois nessa região a
industrialização foi mais intensa. Em 2000, segundo o IBGE, 90,5% da população do
Sudeste era urbana

A rede urbana do Brasil

A rede urbana de uma região envolve as relações entre o campo e a cidade e as relações
entre os diferentes tipos de cidades. A existência de uma rede de transportes e de
comunicação é fundamental para que uma rede urbana seja integrada.
A rede urbana brasileira tem como principal característica as disparidades regionais,
pois enquanto ela é bem articulada no Sudeste, o mesmo não ocorre nas regiões Norte e
Centro-Oeste.
Sudeste - a mais importante do país, porque possui as maiores e as principais cidades.
Bem mais articulada, é integrada por rodovias, aeroportos, portos, ferrovias e infovias.
Sul - É a segunda do Brasil. Possui duas metrópoles nacionais (Porto Alegre e Curitiba)
e boa infra-estrutura de transportes e comunicações,
Nordeste - É a terceira mais importante. A área litorânea (Zona da Mata) concentra as
principais cidades incluindo Salvador, Recife e Fortaleza), portos, indústrias, rodovias e
aeroportos.
Norte e Centro-Oeste - São desarticuladas, com poucas cidades importantes, pequena
malha rodoviária e baixa densidade urbana e industrial.

A hierarquia das cidades brasileiras


Dentro da rede urbana brasileira, encontramos uma hierarquia na qual as menores
cidades estão subordinadas às grandes cidades, que, por sua vez, estão subordinadas às
duas metrópoles globais do Brasil.
Segundo o Atlas nacional do Brasil, publicado em 2000 pelo IBGE, temos no Brasil um
esquema de hierarquia urbana que classifica as cidades conforme sua grande área de
influência: metrópole global, metrópole nacional metrópole regional, centro regional,
centros sub-regional 1 e centros Sub-regional 2.

Regiões metropolitanas do Brasil

A análise da composição das regiões metropolitanas do Brasil, às quais foi acrescentada


a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (Ride), revela as diferentes
escalas do processo de urbanização brasileiro. Segundo o IBGE, entre as regiões
metropolitanas podemos distinguir áreas metropolitanas plenas e áreas metropolitanas
emergentes. Os critérios para diferenciá-las são internacionais: a população e a estrutura
produtiva.

O número mínimo de habitantes

para identificar as regiões metropolitanas plenas foi de 800 mil em seu município
principal, segundo a Contagem da População de 1996. Já as regiões metropolitanas
emergentes possuem menor número de habitantes em seu município central, mas os
"municípios do seu entorno podem apresentar um patamar suficiente para constituir uma
aglomeração urbana integrada". Duas exigências são feitas para que as regiões sejam
consideradas metropolitanas emergentes: que apresentem densidade demográfica igual
ou superior a 60 hab./km2 e tenham percentual de população economicamente ativa em
atividades urbanas igual ou superior a 65% da PEA total.
Segundo o IBGE, são doze regiões metropolitanas plenas e dez regiões metropolitanas
emergentes.

REG.METROPOLITANAS Nº de munic. MUNIC.


l - São Paulo 39 São Paulo
2-Rio de Janeiro 19 Rio de Janeiro
3 - Salvador 10 Salvador
4 - Belo Horizonte 33 Belo Horizonte
5 - Fortaleza 13 Fortaleza
6 - Integrada de Brasília 23 Brasília
7 - Curitiba 25 Curitiba
8 - Recife 14 Recife
9 - Porto Alegre 30 Porto Alegre
10- Belém 5 Belém
11- Goiânia 11 Goiânia
12- Campinas 19 Campinas

Regiões metropolitanas emergentes

13-São Luís 4 São Luís


14-Natal 6 Natal
15-Londrina 6 Londrina
16-Baixada Santista 9 Santos
17-N-NE Catarinense 19 Joinville
18-Florianópolis 22 Florianópolis
19-Maringá 8 Maringá
20-Grande Vitória 6 Vitória
21-Vale Do ltajaí 16 Blumenau
22-Vale do Aço 4 Ipatinga

O complexo metropolitano brasileiro

O fenômeno do surgimento das megalópoles não se encontra restrito ao hemisfério norte


ou aos países desenvolvidos. O Brasil é o único país subdesenvolvido a apresentar uma
aglomeração urbana que é resultado de conurbação das duas metrópoles globais
brasileiras, isto é, o Complexo Metropolitano do Sudeste: eixo Rio de Janeiro – São
Paulo.
Esse complexo possui características que indicam tratar-se do esboço da primeira
megalópole brasileira. Abriga mais de 30 milhões de habitantes (aproximadamente 20%
da população brasileira) concentrados entre as áreas metropolitanas de São Paulo e do
Rio de Janeiro, ligadas pela mais movimentada rodovia do país, a Via Dutra. Além
disso, em seu eixo - o Vale do Paraíba - está localizado um dos principais tecnopolos
brasileiros: a cidade de São José dos Campos, no estado de São Paulo. A abrangência do
Complexo Metropolitano do Sudeste ultrapassa os limites do Vale do Paraíba e
incorpora as áreas de Campinas (outro importante tecnopolo), Jundiaí, Santos (o
principal porto do país), que tem nas rodovias Anhangüera, Bandeirantes, Anchieta e
Imigrantes importantes vias de circulação de pessoas e mercadorias.

Principais problemas sociais das metrópoles brasileiras

A intensa e acelerada urbanização brasileira resultou em sérios problemas sociais


urbanos, entre os quais, podemos destacar:
- Aumento do número de favelas e cortiços que ocupam, muitas vezes, áreas de
mananciais ou áreas florestais consideradas regiões de risco. Isso significa que os
mananciais, isto é, as fontes de abastecimento de água, podem ser poluídos. Nas
áreas florestais, o desmatamento de encostas põe em risco a vida das pessoas.
- A falta de infra-estrutura acompanha o crescimento das favelas. A rede de esgotos, de
coleta do lixo, de água encanada, de luz, de telefones é insuficiente ou clandestina.
Além de os objetos serem jogados em rios ou em áreas de mananciais, soma se o risco
de contaminação por roedores e insetos.
- Todas as formas de violência estão presentes nos centros urbanos: homicídios,
sequestros, assaltos, filas para atendimento médico, acidentes de trânsito, desemprego,
etc.
Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 04:59

As cidades e o Sistema Urbano


1 – Definições

Serão apresentadas algumas definições que se fazem importantes para


conhecermos a dinâmica existente no local onde vive o cidadão.

1.1 - Comunidade
O sentido de comunidade tem relação com a concepção grega de cidade.
Segundo Kalina e Kovadloff ( 1978:30-1), os gregos antigos conceberam a
pólis como uma comunidade, isto é, uma organização cujos assuntos eram de
interesse coletivo. Para esses autores , é possível afirmar que:
“ A pólis foi o lugar onde o homem chegava a ser ele mesmo. Assim, para os
gregos muito mais do que o lugar do trabalho, isto é, da produção, a pólis foi o
âmbito de encontro interpessoal do diálogo e das celebrações... Ela pode estar
referida tanto à vida comunitária em termos políticos, culturais e morais como
econômicos “.
Concebem a comunidade não só como um espaço limitado, onde residem
certos grupos , mas como todo meio comum, todo espaço dentro da cidade,
onde as pessoas desenvolvem suas relações sociais e tratam de interesses
coletivos .
Somente a partir de 1920, é que as comunidades são temas de muitos estudos
e indagações, passam a ser entendidas como uma realidade de solidariedade
coesa e unificada, com um ideal a ser atingido.
Tomando pôr base o conceito de João Guedes Pinto ( 1980 ), comunidade é
uma população que habita uma determinada porção de território, com cujo
nome se identifica, e que pôr viver e conviver nele desenvolve alguma coisa em
comum. Logo, pode-se definir comunidade como grupos de pessoas que
ocupam um espaço limitado, que possuem o mesmo objetivo e que podem unir
forças para reivindicar algo que seja do interesse de todos.

1.2 – Distrito

“Os distritos são as unidades administrativo-territoriais que compões o


município”.¹ Geralmente os distritos são criados para fins de descentralização e
melhor distribuição dos serviços públicos .
O município pode ser composto de um principal, onde está localizada a sede,
ou de vários outros distritos, que compões o desmembramento da unidade
geográfica do município.

1.3 – Cidade

A palavra cidade vem do latim “civitas”, termo que entretanto não conota o
aspecto material da cidade, designado antes pelo vocábulo “urb”, de onde vem
urbano, segundo Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo.
Pode-se definir cidade “como uma aglomeração humana densa e permanente,
com ativas relações e alto grau de organização, independente do solo para sua
subsistência” ²
Na cidade ocorrem as relações sociais, os conflitos e movimentos urbanos,
São produzidos bens de consumo que depende de abastecimento exterior e
seus habitantes dedicam-se as atividades industrial, comercial, ao transporte e
a administração.
Enquanto aglomeração humana, a cidade é uma invenção mais ou menos
recente, datando de um passado não superior a 7 mil anos.
São as cidades, fruto de civilizações, culturas e sistemas econômicos distintos,
o que explica as características próprias de cada uma.
1.4 – Município

É a unidade de governo local. O Município hoje existente , não possue


semelhança com a cidade antiga.. Em outros tempos, haviam muitos
agrupamentos humanos, porém não se tinham indícios do que viria a ser
Município.
Na atualidade, observa-se que no Brasil, o município possue maior autonomia
político-administrativa, em todo o mundo. Podendo eleger seu próprio governo,
fazer leis, arrecadar imposto, empregar seus recursos, organizar e administrar
os serviços, porém deve seguir as diretrizes da Constituição Federal.
Surge como síntese de fatores sócio-econômicos em um território, com
expressão política e reconhecimento jurídico, segundo Diomar Ackel Filho
(1992 ).
O Município desempenha atividades locais, inseridas no contexto geral do
desenvolvimento e bem-estar nacional, pois cabe a ele prestar e empreender
serviços e obras públicas, que atendam as necessidades da população.
Devido a isso, as leis tratam de reconhecer, garantir e disciplinar o Município
em seus muitos aspectos.
Pode-se, então, definir o Município como uma divisão territorial-administrativa,
comandada pôr um prefeito, dotado de poderes para resolver suas próprias
questões.
Há um elenco de competências reservadas pela Constituição Federal ao
Município, dentre elas são:
- Legislar sobre assuntos de interesse local;
- Suplementar a Legislação Federal e Estadual no que couber;
- Instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas
rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar
balancetes nos prazos fixados em lei;
- Criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
- Observar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que
tem caráter essencial;
- Manter com a cooperação técnica e financeira da União, programas de
educação pré-escolar e de ensino fundamental;
- Prestar , com a cooperação técnica e financeira da União e dos Estado,
serviços de atendimento a saúde da população;
- Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante
planejamento e controle do uso, parcelamento e da ocupação do solo urbano;
- Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a
legilasção e ação fiscalizadora federal e estadual.
Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:11

A Dinâmica das Cidades


As localidades urbanas geralmente se assentam sobre um ambiente calcado
em raízes históricas e culturais, que guardam respeito com a formação e o
crescimento de uma cidade a partir de determinado núcleo, desenhando um
ambiente próprio, onde há uma história, uma cultura peculiar urbana, ditada pôr
lineamentos arquitetônicos, paisagísticos e sociológicos.
Assim, para entendermos uma cidade é preciso verificarmos a sua dinâmica, a
sua geografia e a sua história.
Percebemos a dinâmica de uma cidade ao observarmos a movimentação de
pessoas, sua estrutura social, a reprodução da força de trabalho, a existência e
a localização de indústrias, a produção de riquezas, as relações comerciais, as
redes de serviços, as vias de circulação e a localização de casas.
De certo modo, podemos entender que o urbano é resultado do processo de
produção num determinado momento histórico, em relação a determinação
econômica e também a social, política e ideológica. Torna-se assim, não só um
modo de produzir, mas também de consumir, pensar, ou seja, um modo de
vida.
Na atualidade, há uma divisão capitalista do espaço urbano, onde alguns
mecanismos exibem a interdependência entre a organização social e a
espacial.

Distribuição de recursos e serviços na organização espacial

Organização espacial é o arranjo espacial, estrutura territorial e espaço


socialmente produzido pelo homem no decorrer da História, ou seja, campos,
caminhos, minas, dutos, redes, fábricas, lojas, habitações, templos, etc,
dispostos sobre a superfície da terra. É a transformação da natureza pelo
trabalho social, de acordo com as possibilidades que cada sociedade possui e
que derivam do desenvolvimento e das relações sociais e de produção.
As cidades possuem diferentes dimensões, paisagens e dinâmicas, que fazem
com que cada cidade tenha características próprias de crescimento.
Esse crescimento pode ser horizontal ou vertical, orientado pelo aumento da
população em relação a ocupação de um dado território.
No crescimento horizontal , a cidade vai ocupando áreas antes utilizadas para
atividades primárias. Essas áreas são divididas em lotes, isto é, frações do
território urbano que variam de tamanho e são comprados e vendidos de
acordo com o poder aquisitivo de sua população.
Quando um lote é retido por muito tempo, pode significar que seu proprietário
está esperando que seu preço aumente para posteriormente vender. É o
processo de especulação imobiliária e que traz muitas consequências para o
social.
Essa retenção artificial do solo urbano provoca uma escassez artificial do chão,
obrigando a cidade a expandir-se horizontalmente, criando loteamentos em
áreas cada vez mais distantes.
Na forma de crescimento vertical, percebemos o aumento do número de
edifícios. A aglomeração de prédios se faz maior no centro, dispersando-se a
medida que vamos nos afastando para os bairros mais distantes.
O crescimento vertical de uma cidade ocorre para atender as exigências de
moradia de sua população, com o aparecimento de edifícios residenciais, ou
para criar espaço para atividades econômicas.
Esse crescimento depende da ação dos agentes que atuam na estruturação
urbana, tanto o poder público como a iniciativa privada.
A disposição da população neste espaço, está relacionada ao poder capitalista
que se impõe. Assim, as camadas mais baixas da população ocuparão terrenos
desfavoráveis , onde as construções geralmente são onerosas e quase
impossíveis, localizando-se em áreas periféricas ou nos centros deteriorados,
onde o solo possui menor preço no mercado.
Contudo, apesar do menor custo do solo, essas populações nem sempre
conseguem ter moradia própria e pagam altos aluguéis, pôr residências muitas
vezes inadequadas para a ocupação humana.
Além de residirem em péssimas condições, essas populações tem dificuldade
de acesso aos recursos que garantem o bem-estar-social, como transporte,
habitação, emprego, educação, saúde, lazer, saneamento básico, meios de
comunicação e assistência social. Vejamos :
- Transporte : deve ser entendido e aceito como serviço público, isto é , que
serve para o uso de todos , seja ele explorado pôr uma empresa estatal, ou por
uma empresa privada, cujo objetivo maior no capitalismo é o lucro.
Cabe então ao poder público, a responsabilidade de organizar e fiscalizar o
funcionamento desse sistema, para garantir a qualidade e a confiabilidade dos
usuário, que são em sua maioria assalariados, que dependem dele para sua
locomoção até o emprego e a outros serviços de que necessite, e que ficam a
grandes distâncias de suas residências.
- Habitação : designa o lugar de moradia das pessoas, pois todos necessitam
de um lugar para viver, onde irão construir sua história.
Como uma minoria da população possui condições de adquirir uma residência
própria, o governo cria políticas que estimulam financiamentos para
autoconstrução de casa, e outros programas de habitação popular, assim
surgem também nas cidades, conjuntos habitacionais de casa ou apartamentos
pequenos e as vezes de baixa qualidade, entretanto, mesmo sob a ação
governamental, uma grande parcela da população ainda não tem tido acesso à
uma moradia, passando a ocupar abrigos em pontes e viadutos.
- Emprego : com a revolução tecnológica, a globalização da economia, com a
baixa escolaridade da população e com o alto nível de qualidade profissional
exigidos, o índice de desemprego tem sido bastante elevado, contribuindo para
o crescimento do mercado de trabalho informal.
No sistema capitalista pode-se afirmar que o número de empregos é sempre
menor que o número de trabalhadores.
Essa relação de desequílibrio é essencial para o sistema vigente, porque
permite uma pressão sobre o salários, para eles permaneçam sempre mais
baixos do que deveriam estar. Isto quer dizer que, quanto mais pessoas
estiverem a procura de emprego , menor será o salário oferecido pôr seu
trabalho, aplicando-se a qualquer nível e função.
- Educação : a necessidade de aprender a ler e escrever tornou-se premente,
sendo um direito do cidadão .
A alfabetização é possibilitada de maneira diferente para as pessoas. Tanto
crianças em idade escolar podem Ter acesso a ela, quanto adultos, em
programas especiais. Diferente também é a possibilidade que cada um tem de
ir a escola, pois existem crianças que dedicam-se integralmente aos estudos, e
outras que precisam exercer algum trabalho para ajudar na manutenção da
família. Este problema é agravado porque muitas nem vaga tem conseguido
nas escolas mais próximas e outras estão dentro de um deficiência do ensino,
devido a insuficiência do equipamento e número de mestres.
- Saúde : a saúde de uma população depende das possibilidades de acesso a
assistência médica, a hospitais, entre outros. Deve ser entendida como um
direito do cidadão, sendo papel do governo formar políticas de saúde que
atendam as reais necessidades da população.
No entanto, grande parcela da população encontra dificuldade em utilizar os
serviços de saúde, deparando-se com problemas como insuficiência de leitos,
mau estruturação de hospitais, falta de equipamentos, etc , que fazem com que
o indivíduo encontre-se a margem da saúde pública, não tendo com isso, o
atendimento necessário a uma de suas necessidades básicas.
- Lazer : é a ocupação do tempo vago em algo que dê prazer para quem o faz.
Assim, o lazer é diferenciado de acordo com o poder de compra de cada
família, com isso a maior parte da população não usufrui do lazer ou o faz no
próprio local de moradia,, pois não possui poder aquisitivo para viagens.
Entretanto, muitas vezes, mesmo o lazer local torna-se inacessível para muitos,
pois quase todo evento de lazer tem representado algum custo.
Além disso, os eventos destinados ao lazer são direcionados aos mais jovens,
não atingindo a todas as faixas etárias da população.
- Saneamento básico : refere-se aos elementos da infra-estrutura da cidade,
necessários a manutenção de condições condizentes com a saúde pública.
Dentre estes estão a canalização de córregos, a rede de água e esgoto, a
energia elétrica, o asfaltamento de ruas, a coleta e a destinação do lixo urbano
residencial e industrial.
O morador da periferia sempre é o mais privado, pois tanto os bens como os
serviços que são “gerais” e “coletivos”, dependem de dinheiro para sua
obtenção em cada bairro, o que quase sempre se transforma em mais um
transtorno, já que pela baixa renda, o salário está destinado somente à
sobrevivência.
- Meios de comunicação : em qualquer país eles interferem fortemente na
formação do caráter coletivo da civilização, mas só em entendido em sua
essência, quando estudado com muito cuidado e sem se basear apenas em
opiniões pessoais, pois tornam-se massificadores, quando fazem com que os
indivíduos aceitem idéias prontas, não conseguindo discernir sobre o que é
bom ou ruim para o coletivo.
- Assistência social : é um conjunto de medidas para atender as necessidades
básicas do indivíduo , de caráter não contributivo e que constitui um direito de
todo cidadão.
Assim, a assistência social tem como objetivo suplementar os outros
atendimentos , quando significam bloqueios ou impedimentos de ordem social,
para a sobrevivência dos indivíduos.
Todos esse recursos e serviços, devem se interagir para garantir a população
melhores condições de vida, sempre.

Qualidade de vida e desenvolvimento

Nos centros urbanos qualidade vida é ampliação crescente do acesso aos bens
e serviços produzidos em sociedade, ligada a elevação da condição humana.
Desenvolvimento pode ser entendido socialmente, como um processo contínuo
e global, devendo ser dirigido a todos os cidadãos, independente da classe
social. Deve ser a criação constante do homem do homem frente aos desafios
sociais ocorridos na vida em comunidade.
Assim , desenvolvimento supõe a sua criação no usufruir do crescimento
econômico, no progresso tecnológico e social
O desenvolvimento deve então, favorecer ao alcance de uma vida com
qualidade a todos os cidadãos, mas o que se constata é que existe uma grande
parcela da população brasileira, que hoje não tem conseguido usufruir do
processo de desenvolvimento, pôr encontrar-se a margem do modo de
produção.
Deste modo, na atual sociedade os que já possuem uma vida estável e com
qualidade, aumentam cada vez mais sua participação no processo de
desenvolvimento e aqueles que ficam “fora”, acabam pôr formar uma imensa
massa humana de excluídos, que vivem em situações cada vez mais precárias.

Pobreza e exclusão social

exclusão significa estar fora de algo, estar privado, e então, excluídos aqui,
segundo alguns autores, são aquelas pessoas que “estão fora” do modo de
produção da sociedade e portanto a sua margem.
Essas pessoas geralmente estão privadas de trabalho e emprego, vivendo de
trabalhos esporádicos ou ainda ocupando empregos mal remunerados, e em
conseqüência disso acabam não possuindo condições dignas para consumir
nem o essencial, como alimentação, medicamentos, moradia, entre outros
bens. Restando assim a essa população, os densamente ocupados cortiços
localizados próximos ao centro da cidade , casa produzidas pela
autoconstrução em loteamentos periféricos, conjuntos habitacionais produzidos
pelo Estado, em via de regra distante dos centros, e as favelas quem em
terrenos públicos ou privados invadidos, acabam formando grupos sociais
excluídos, mas como agentes modeladores, ou seja, que produzem seu próprio
espaço nas cidades.
Essa produção de espaço “é uma forma de resistência, e ao mesmo tempo
estratégia de sobrevivência, impostas a esses grupos que lutam por um espaço
dentro das cidades”.¹
Além deste, co-existem outros problemas que ligados ao problema habitacional
como : alimentação inadequada, ausência de infra-estrutura, baixo nível de
escolaridade, alto custo de transporte coletivo.
Todas essas dificuldades aliadas, contribuem para que os socialmente
excluídos, fiquem cada vez mais privados de recursos e bens de serviços e
informações, contribuindo para que se estabeleça cada vez mais um círculo de
miséria e destituição social, que deve sempre ser alvo de planejamento e
investimento dos governos, principalmente do governo local.
Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:12

O Governo Nas Cidades


Governo é entendido como sistema político e tempo durante o qual alguém administra
um Estado, um Município. Assim governo pode ser entendido também como pessoas
que eleitas para dirigir uma cidade , representam o que chamamos de poder público, ou
seja, porque foram eleitos pelo conjunto de cidadãos que vivem no local, e em princípio
a eles devem prestar contas de sua forma de atuar.
Como poder público temos o conjunto de órgãos investidos de autoridade para realizar
os fins do Estado. Assim, as cidades são geridas pelo poder local como instância de
governo que encontra-se mais próxima da população, constituindo sede no Município e
instalado para gerir os recursos que em princípio são de todos.
Para manutenção e uma cidade, isto é, realização de obras, pavimentação de ruas,
compra de equipamentos necessários, execução de serviços, é necessário que haja uma
razoável quantidade de recursos financeiros, que provém da arrecadação pública, ou
seja, de taxas ou impostos cobrados que se destinam essencialmente a proporcionar
melhoria da qualidade de vida aos cidadãos. São eles:
- Impostos : contribuições obrigatórias ao Estado, que devem reverter a coletividade sob
forma de benefícios de interesse geral
- IPTU ( Imposto Predial e Territorial Urbano ), é o imposto que todo proprietário de
imóvel (construção ou terreno ), recolhe ao poder público municipal. O imposto é
calculado de acordo com o tamanho, o tipo de construção e a localização do imóvel,
variando seu valor de bairro para bairro e de cidade para cidade.
- Taxas : contribuições por um serviço público especificado, feito em favor de um
determinado indivíduo, e que só exigido depois de efetivamente prestado, no que se
diferencia do imposto.
Se o governo arrecada deve investir de forma mais transparente possível, prestando
contas principalmente, aqueles que contribuem, sendo de sua competência prestar e
organizar os serviços ( públicos), dirigidos a todos.
Assim, é imprescindível que saibamos quais as principais competências gerais que estão
a cargo dos Municípios.

As competências dos municípios e os serviços públicos municipais

Cabe ao Município junto a União, aos Estados e ao Distrito Federal fazerem valer as
competências, a seguir segundo o art. 8º, parágrafo único da Constituição da República :
- Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar
o patrimônio público;
- Cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e da garantia dos portadores de
deficiência;
- Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural,
os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
- Proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e a ciência;
- Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
- Preservar as florestas, a fauna e a flora;
- Fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;
- Promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições
habitacionais e de saneamento básico;
- Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalidade, promovendo a
integração social dos setores desfavorecidos;
- Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração
de recursos hídricos e minerais em seu território;
- Estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.
Os governos só conseguem cumprir suas competências através dos serviço públicos
municipais, que são todas atividades administrativas traduzidas em um fazer,
representado por obras e utilidades, visando satisfazer interesses de natureza geral.
Os serviços públicos podem ser legislativos, judiciários e executivos. No âmbito
municipal há os serviços legislativo e administrativo, sendo o judiciário exercido
exclusivamente pela União, pelos Estados Federados e pelo Distrito Federal.
A instituição dos serviços públicos é feita pelas esferas político-administrativas, em que
se divide o Estado Federativo, isto é, a União, os Estados e Municípios, cujas
competências são definidas pela Constituição Federal.
Pela Lei Maior, o Município tem obrigação de organizar e prestar diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão, os serviços públicos locais, incluído o de transporte
coletivo.
Partindo dessas diretrizes e competências fixadas em nível constitucional, cabe ao
município organizar seu serviços aliados aos interesses comuns de sua população.
Tais serviços devem ser desenvolvidos em conformidade com regras que garantam o seu
bom desempenho, possibilitando adequada finalidade a que se destinam : ao bem e ao
desenvolvimento comum.
Os serviços públicos municipais são possíveis de serem submetidos a constantes
controles que podem ser internos e externos. O controle interno é exercido pela própria
administração, através de níveis hierárquicos e órgãos correcionais específicos, visando
a sua regularidade permanente. O externo provém de organismos que não se inserem na
administração, e que é exercido por órgãos jurisdicionais anômalos, como os Tribunais
de Contas ou por outro poder dentro de sua finalidade institucional de fiscalização,
como no caso do Legislativo em relação ao executivo. Há também o controle
jurisdicional, propriamente dito, que se abre sempre que a administração, desviando-se
do se rumo legal e moral, violar direito público subjetivo.
O controle abrange também as hipóteses de atividades descentralizadas ou delegadas a
particulares, através da concessão e permissão. Nesse caso, a administração central,
embora preservando o “status jurídico” de cada agente ou órgão prestador , deve
manter-se em permanente vigília, interferindo por impulso próprio ou a chamado de
interessados, sempre que houver irregularidade no desempenho dos serviços. Essa
intervenção deve ser efetuada segundo critério de legalidade, atendendo-se ao que
dispõem as regras constitucionais e legais específicas para cada situação.
Se são os próprios que custeam os serviços, estes também devem exercer um papel de
controlador. Hoje esse controle é feito através dos conselhos setoriais de saúde,
assistência social, criança e adolescente, educação que são formas básicas de mediação
entre a sociedade civil e o Poder Executivo. Funcionam inclusive como estratégia de
divisão do poder no governo local.
A execução dos serviços é feita diretamente pelo Poder Público, através da máquina
administrativa ou a confiados a entes público, mistos ou a particulares concessionários e
permissionários para seu implemento, sendo assim , considerado de administração,
indireta, mas podem também ser executados por terceiros mediante serviço ou de obra
pública.
Assim, com o processo de descentralização e municipalização, o município passaria a
ter maior autonomia e haveria maior participação da sociedade civil na prestação de
serviços públicos municipais.

As Tendências da Descentralização e Municipalização dos serviços

Municipalizar significa uma articulação das formas do Município como um todo para a
prestação de serviços, cujos co-responsáveis seriam a Prefeitura e organização da
sociedade civil . Seria então, um processo de levar os serviços mais próximos a
população.
A municipalização junto a descentralização, que seria a redistribuição do poder entre
Estado e as coletividades locais, implicando em autogestão local. Como estratégia de
consolidação democrática, estão ligadas a participação, mostrando que a força da
cidadania está no município. É no município que o indivíduo nasce, vive, constrói sua
história, fiscaliza e participa do controle.
Justamente por ser o nível de governo mais próximo a população, com a autonomia
municipal estará mais sujeito ao controle popular que os outros níveis.
A municipalização constitui também uma maneira de organizar o trabalho do Estado,
que é muito amplo. Com isso, possibilita maior racionalidade, agilidade e
eficiência.Porém existem certas contradições que não devem ser mascaradas, como :
- “a descentralização não pode ser a centralização camuflada, que só divide o poder
entre o Chefe Executivo e seus assessores;
- a municipalização não pode ser confundida como Prefeiturização, pois ela é mais
ampla, envolve o coletivo local e não só prefeito e assessores.
A municipalização necessita obedecer a certos princípios e certas condições para que se
efetue.
Os princípios são :
- a descentralização
- o fortalecimento administrativo
- a participação comunitária
- o enfoque integrador da administração local
As condições são :
- política tributária condizente;
- fim da legislação centralizadora;
- maior racionalidade das ações;
- fim da administração convencional;
- programas efetivos de apoio técnico aos municípios;
- existência de recursos humanos habitados em nível local;
- capacidade de gestão;
- planejamento participativo em nível local; e
- participativo popular e não apenas formal.
Assegurando tais condições, haverão conseqüências importantes, como :
- a aproximação do Estado do “locus” cotidiano da população;
- a garantia de maior racionalidade e economia de recursos, assegurando maior
articulação e ação interinstitucional no que se refere aos níveis federal, estadual e
municipal;
- a redução e a simplificação do aparelho estatal.” ¹
Observando os princípios acima citados, a municipalização será efetivada, favorecendo
a população que participará e terá programas e projetos específicos para sua realidade,
com esse processo os recursos serão melhor aplicados pelo município. No entento,
apesar da União Ter avançado em parte na Estadualização, os municípios enfrentam
problemas com os Estados no momento da discussão dos repasses de recursos e da
divisão de serviços.

PDDI – Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município

Como já dissemos, existe uma proposta em nível nacional para que as ações político-
administrativas sejam municipalizadas, com adequada distribuição de poderes políticos
e financeiros.
Assim, cada município deve organizar o seu Plano Diretor de Desenvolvimento
Integrado (PDDI). Em Botucatu temos o PDI, segundo lei complementar nº 188 de 18
de março de 1998.
O Plano Diretor seria um plano para direcionar o crescimento e o desenvolvimento do
Município, tanto na zona urbana como na zona rural, em todos os campos de atuação do
poder público, procurando melhorara as condições de vida da população.
Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:14

Habitação do Brasil
Há em todo o país 39.735.768 domicílios permanentes (casa, apartamento ou
cômodo, excluídas as moradias improvisadas) segundo dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-1996), do IBGE. Dessas moradias,
73,6% são próprias; 13,6%, alugadas; 12,3%, cedidas; e 0,5% em outras
condições, como invasões, por exemplo. Quanto à densidade por dormitório,
17% tem apenas um morador; 54,4% tem mais de 1 até 2; 19,7% tem mais de
dois até três e 6,% mais de três até quatro.
Os dados sobre favelas são antigos. Aproximadamente 1 milhão de moradias
estão em favelas, segundo o Censo de 1991. Nelas residem 4,4 milhões de
pessoas, em sua maioria nos estados de São Paulo (com 29,8% do total) e Rio
de Janeiro (24,8%) Estudo da Fipe, Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas, aponta diferenças significativas no poder aquisitivo dos
moradores das favelas, o que faz com que existam simultaneamente
construções de alvenaria e de materiais sem resistência, como papel e
papelão. A maior parte da população favela da vive abaixo da linha de pobreza,
com renda média familiar que oscila entre quatro e cinco salários mínimos.
Alguns bens duráveis já estão bastante disseminados nas moradias brasileiras.
Segundo a PNAD, 96,6% dos domicílios possuem fogão; 58,0%, filtro de água;
90,4%, rádio; 84,3%, televisão; e 78,2%, geladeira. Outros bens estão restritos
a um número muito menor de casas. Apenas 30,4% têm máquina de lavar
roupa; 25,4%, telefone; e 18,0%, freezer.
Do total de moradias, 81,1% estão nas cidades. Isso é conseqüência do
processo de urbanização acelerada, que começa a partir dos anos 50. Essa
urbanização não foi acompanhada por investimentos que garantissem boas
condições de vida para os moradores das cidades. A população de favelas,
cortiços e bairros periféricos das grandes cidades tem acesso precário à água
potável, ao saneamento básico e à coleta de lixo.
Abastecimento de água – Segundo, ainda, o registro da PNAD, 77,6% dos
domicílios no país são abastecidos de água pela rede geral de distribuição. O
restante, por água de poço ou nascente, carro-pipa ou coleta de chuva. Muitas
vezes a água consumida nas casas não é tratada nem canalizada, o que
favorece a contaminação por germes e parasitas.
Para evitar os riscos que o tratamento inadequado da água pode provocar
tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente, podem ser adotadas
algumas medidas de controle e prevenção. Os açudes e reservatórios devem
ser circundados por uma área de proteção, para que não haja contaminação
decorrente de construções habitacionais, da criação de animais ou de outras
culturas. É necessário também impedir o desmatamento e incentivar o
reflorestamento das zonas de proteção. O transporte da água precisa ser feito
por canalização fechada desde a nascente até os reservatórios e pontos de
consumo. Nas casas, os depósitos têm de ter tampas que impeçam a entrada
de mosquitos, poeiras, líquidos ou matéria orgânica. Se o abastecimento for
proveniente de poço, este não pode estar perto de fontes de poluição, como
fossas, áreas de criação animal e depósitos de lixo.
Há vários métodos de tratamento da água. Entre os mais usados estão a
filtragem, feita na nascente ou no domicílio; e a depuração por agentes físicos,
como calor ou eletricidade, ou por agentes químicos como o cloro, em uso no
mundo inteiro.
Esgotos – Pela PNAD, em 40,3% dos domicílios do país o escoamento
sanitário é feito por rede coletora; em 23,3%, por fossa séptica; em 26,0%, por
fossas secas ou diretamente em valas, rios, lagos ou mar; e em 10,4% não há
nenhuma forma de escoamento.
As duas formas de escoamento dos dejetos sanitários domiciliares usadas são
a rede coletora ou a fossa. Na rede coletora ocorre o transporte canalizado,
com ou sem tratamento, dos detritos rumo a um escoadouro de determinada
região. Em geral, o destino final das redes é um rio ou, no caso de cidades
litorâneas, o mar. Quando não tratado, esse esgoto é uma das principais
causas de poluição das águas. Em áreas desprovidas de sistema público de
esgoto, as fossas são uma opção. Elas classificam-se em dois tipos: séptica ou
seca. A séptica é constituída de um tanque séptico e um sumidouro. O tanque
séptico recebe os dejetos junto com a água. A parte sólida, retida por certo
tempo para a sedimentação, sofre um processo de digestão por
microorganismo anaeróbios, enquanto o líquido passa para o sumidouro, que,
com paredes permeáveis, permite sua infiltração no solo. A fossa seca é um
buraco com 1 m de diâmetro por 2,5 m de profundidade que recebe os detritos
diretamente, sem água. Sobre o buraco se constrói um piso, de concreto,
madeira ou outros materiais disponíveis na região. É uma solução de baixo
custo, freqüente em construções sem água encanada. Quando está cheia, a
fossa seca pode ser transferida de local ou esvaziada.Quando construídas sem
as precauções adequadas, permitem contaminação do lençol freático.
Coleta de lixo – Em 73,2% dos domicílios há coleta de lixo, segundo a PNAD.
Na maioria das vezes é recolhido diretamente nas casas por empresas de
limpeza públicas ou privadas. Pode também ser depositado em caçambas,
tanques ou depósitos para coleta posterior. Parte do lixo doméstico, no entanto,
ainda é despejado, em terrenos baldios. Sem tratamento, o lixo favorece a
transmissão de doenças como febre tifóide, salmonelose, disenteria, malária,
febre amarela, raiva, peste bubônica, leptospirose, sarna e certas verminoses,
na medida em que permite a proliferação de insetos e roedores. A queima de
resíduos sólidos causa danos para o meio ambiente, contaminando o solo, a
água e o ar.
Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:19

O Meio Rural e o Urbano


Somente a sociedade humana “habita” o planeta, no sentido de transformá-lo
segundo um objetivo pré-determinado. As metamorfoses do espaço habitado
acompanham a maneira como a sociedade humana se expande e se distribui,
acarretando sucessivas mudanças demográficas e sociais em cada continente
(mas também em cada país, em cada região e em cada lugar). O fenômeno
humano é dinâmico e uma das formas de revelação desse dinamismo está,
exatamente, na transformação qualitativa do espaço habitado.
A noção de distribuição espacial da humanidade, se considerada apenas em
relação às condições naturais, é insuficiente. O hábitat, isto é, o espaço
construído pelo homem, era antigamente o seu lugar de residência e de
trabalho, e o espaço destinado às relações que uma vida social
geograficamente confinada gerava, por meio do processo produtivo, tanto nos
seus aspectos materiais como nos seus aspectos não materiais.
Considerando a totalidade da superfície terrestre, aparecem grandes espaços
que estão quase vazios: são as zonas polares e as terras submetidas durante
sete ou oito meses a temperaturas muito baixas, ou ainda, as regiões de
grande altitude. As extensões quentes e secas também formam parte do
conjunto muito debilmente povoado. A Amazônia (América do Sul) e o Congo
(África) não contam, em média, com mais do que 2 ou 3 habitantes por km² .
Ao contrário, na Ásia encontram-se regiões de clima quente e úmido
fortemente povoadas. E as mesmas desigualdades ocorrem nas zonas
temperadas.
Para explicar esses contrastes de concentração de população é necessário
fazer as distinções abaixo.
Grandes regiões industriais: cujo povoamento mais importante data do século
XIX. Sua ocupação foi provocada pelos efeitos da Revolução Industrial,
determinando uma concentração maciça da população nas cidades.
Grandes regiões agrícolas: nas quais também existem desigualdades de
povoamento por causa das condições geográficas e históricas.
No decorrer dos séculos, tanto o crescimento econômico como o crescimento
demográfico foram muito lentos em todos os países. Até o século XIX, os
homens eram essencialmente agricultores. Mas, a partir desse século, ocorreu
uma transformação demográfica cujos múltiplos efeitos passaram a ter
importância cada vez maior, como conseqüência das mudanças econômicas,
sociais, políticas e culturais que se produziram desde o início do século XIX, a
cujo conjunto se denominou Revolução Industrial. A partir de então, a
agricultura se transformou; o comércio e os meios de transporte sofreram
grande impulso. As cidades se multiplicaram e passaram a ser cada vez mais
importantes.
A divisão entre os setores primário (agricultura e pecuária), secundário
(indústria) e terciário (comércio e serviços) aprofundou-se em escala mundial, e
a população economicamente ativa (aquela efetivamente engajada na
economia) empregada no setor secundário passou a assumir importância cada
vez maior na força de trabalho mundial.
Cerca de 2,5 bilhões de homens e mulheres vivem nas zonas rurais de todo o
mundo, e 2 bilhões deles são camponeses que cultivam cerca de 1,5 bilhões
de hectares, ou seja, aproximadamente 10% das terras emersas. Mas a
distribuição das riquezas de que dispõem esses diferentes grupos não
corresponde à distribuição da população.
Boa parte dos meios de produção está concentrada em países que contam
com uma agricultura muito produtiva, concentrando também a produção
industrial. Esses países possuem, ainda, potencial científico e tecnologia
avançada.
A agricultura, hoje, não é mais a atividade principal dos países desenvolvidos.
No entanto, continua sendo o meio de vida da maioria dos habitantes dos
países subdesenvolvidos.
A partir do século XIX, a agricultura sofreu grandes modificações em
conseqüência da transformação dos modos de produção no espaço, passando
de uma agricultura de subsistência para uma agricultura comercial. Mas, em
muitos casos, os camponeses que têm de cultivar para a exportação não
conseguem preço suficiente para os produtos de seu trabalho nem chegam a
produzir o suficiente para sustentar a família.
As atividades agrícolas praticadas por povos diferentes são extremamente
variadas. Existem vários sistemas de cultivo, isto é, o conjunto de técnicas
empregadas numa exploração agropecuária e de utilização do solo.
Também temos de levar em conta as diferenças de estrutura agrária. Elas se
distinguem nas formas de propriedade da terra (propriedade coletiva, pequena
propriedade privada, grande propriedade privada), cujas colheitas podem ficar
com o proprietário ou ser repartidas entre o proprietário e os cultivadores.
Às vezes a terra pertence a quem a trabalha, seja um grupo social (propriedade
ou exploração coletiva) ou uma pessoa (pequeno proprietário). Na maioria dos
casos, porém, a terra não pertence a quem a cultiva.
Hoje, os sistemas agrícolas dos países desenvolvidos são, geralmente,
intensivos e de produtividade alta, pois os meios técnicos aplicados na
produção são consideráveis e apresentam grandes investimentos de capitais. A
aplicação desses capitais tem como objetivo prover determinado produto; e a
busca dos lucros é o que determina a combinação de cultivos escolhida, sem
perder de vista as demandas do mercado.
Como conseqüência da expansão européia em áreas escassamente povoadas,
a agricultura dos países “novos” (Estados Unidos, Canadá, Argentina, Austrália)
nasceu quase ao mesmo tempo que a Revolução Industrial, que foi lhes
fornecendo os meios técnicos para valorizar os imensos espaços agrícolas
disponíveis.
A instalação da agricultura comercial nos países tropicais, destinada a
abastecer os países industrializados, adquiriu a forma de grandes plantações
coloniais. As maiores plantações se encontram na América Latina, que oferece
produtos de grande valor no mercado internacional. No entanto, as populações
que nelas trabalham são muito pobres, já que a colheita pertence a grandes
proprietários.
O aumento populacional e o desenvolvimento têm vínculos complexos. No
passado, por meio da intensificação da agricultura e do aumento da
produtividade, as nações puderam enfrentar as crescentes pressões
populacionais sobre a terra disponível.
A pressão populacional já está forçando os agricultores tradicionais a
trabalharem mais, quase sempre em fazendas cada vez menores, situadas em
terras marginais, apenas para manter a renda familiar. Na África e na Ásia, a
população rural praticamente dobrou entre 1950 e 1985, com um
correspondente declínio na disponibilidade de terra. O rápido aumento
populacional também cria problemas urbanos de cunho econômico e social,
que ameaçam impossibilitar a administração das cidades.
O aumento populacional acelerou-se em meados do século XVIII, com o
advento da Revolução Industrial e das correspondentes melhorias na
agricultura, não só nas regiões mais desenvolvidas como também em outras. A
fase recente de aceleração começou por volta de 1950, quando as taxas de
mortalidade tiveram redução acentuada nos países em desenvolvimento.
Hoje, o aumento populacional concentra-se nas regiões subdesenvolvidas da
Ásia, da África e da América Latina, responsáveis por 85% do aumento da
população mundial a partir de 1950.
O aperfeiçoamento das comunicações possibilitou grandes deslocamentos de
pessoas, às vezes como uma reação natural ao aumento das oportunidades
econômicas em determinadas áreas. Isso aumentou rapidamente a mobilidade
da população, acelerando as migrações internas e externas.
Grande parte dos deslocamento dá-se do campo para a cidade. Em 1985,
cerca de 40% da população mundial vivia em cidades. A magnitude da
migração para as cidades é comprovada pelo fato de que, a partir de 1950, o
aumento população urbana foi maior que o aumento da população, tanto em
termos percentuais como absolutos.
Esse deslocamento é mais impressionante nos países em subdesenvolvidos,
nos quais o número quadruplicou nesse período.
No final deste século, quase metade do mundo estará vivendo em áreas
urbanas desde pequenas cidades até megalópoles. O sistema econômico
mundial está se tornando cada vez mais urbano, com redes justapostas de
comunicações, de produção e de mercadorias.
Tal sistema, com seus fluxos de informação, energia, capital, comércio e
pessoas, gera a coluna dorsal do desenvolvimento nacional. As perspectivas
de uma cidade, grande ou pequena, dependem essencialmente do lugar que
ela ocupa no sistema urbano, nacional e internacional.
Em muitas nações, certos tipos de indústria e de empresa de serviços estão se
desenvolvendo em áreas rurais. Mas essas áreas vêm recebendo serviços e
infra-estrutura de alta qualidade, com sistemas avançados de
telecomunicações, que fazem com que sua atividades sejam parte integrante
do sistema urbano-industrial nacional e global. De fato, o interior está sendo
“urbanizado” cada vez mais aceleradamente.
O século XX é o da “revolução urbana”. Depois de 1950, o número de pessoas
que vivem nas cidades quase triplicou; nas regiões mais desenvolvidas, a
população urbana dobrou; no mundo menos desenvolvido, quadruplicou.
Em muitos países em desenvolvimento, as cidades têm crescido muito além do
que jamais se poderia imaginar. Poucos governos de cidades do mundo em
desenvolvimento, cujas populações crescem a um ritmo acelerado, dispõem de
poderes, recursos e pessoal treinado para lhes fornecer as terras, os serviços e
os sistemas adequados a condições não-degradantes de vida: água potável,
saneamento, escolas e transportes.
O resultado disso se revela na proliferação de assentamentos ilegais de
habitações toscas, nas aglomerações excessivas e na taxa de mortalidade
altíssima, decorrente de um meio ambiente insalubre, por causa de problemas
de infra-estrutura deteriorada, degradação ambiental, decadência do centro
urbano e descaracterização dos bairros. Os desempregados, os idosos e as
minorias étnicas e raciais podem mergulhar numa espiral descendente de
degradação e pobreza, pois as oportunidades de emprego diminuem, e os
indivíduos mais jovens e mais instruídos vão abandonando os bairros
decadentes.
No mundo industrializado, as cidades também são responsáveis por problemas
de alcance global, tais como o consumo de energia e a poluição ambiental.
Muitas delas obtêm seus recursos e sua energia de terras distantes, com fortes
impactos coletivos sobre essas terras distantes.
Em geral, o crescimento urbano muitas vezes vem antes do estabelecimento
de uma base econômica sólida e diversificada para apoiar o incremento da
infra-estrutura, da habitação e do emprego. Em muitos lugares, os maiores
problemas estão ligados a padrões inadequados de desenvolvimento agrícola e
urbano.
A crise econômica mundial dos anos 80 não resultou somente em menores
rendas, maior desemprego e na eliminação de muitos programas sociais. Ela
também diminuiu drasticamente a já baixa prioridade dada aos problemas
urbanos, aumentando a deficiência crônica dos recursos necessários para
construir, manter e administrar as cidades.

As interações urbanas contemporâneas

Os sistemas urbanos constituem redes, formadas por um conjunto


hierarquizado de cidades com tamanhos diferentes, ou seja, onde se observa a
influência exercida pelos centros maiores sobre os menores. A hierarquia
urbana se estabelece a partir dos produtos e dos serviços que as cidades têm
para oferecer. Quanto mais diversificada for a economia de uma cidade, maior
será a sua capacidade de liderar e influenciar os outros centros urbanos com
os quais mantém relações.
Assim se cria um sistema de relações no qual as cidades mais desenvolvidas
lideram a rede urbana. As cidades maiores influenciam as cidades médias, e
estas influenciam as cidades menores.
As metrópoles correspondem a centros urbanos de grande porte: populosos,
modernos e dotados de graves problemas de desigualdades sociais. Nelas
predomina o trabalho assalariado, que, aliado ao tamanho da população,
contribui para a formação de um significativo mercado consumidor. Para
atender a esse mercado, os estabelecimentos comerciais se multiplicam e as
redes de prestação de serviços de toda espécie se ampliam, o que configura
um grande desenvolvimento do setor terciário da economia.
A concentração populacional amplia a oferta de mão-de-obra e, desse modo,
atrai investimentos produtivos que contribuem para o desenvolvimento da
indústria, com a expansão do setor secundário não apenas na metrópole, mas
também nas regiões circunvizinhas.
Quando os limites físicos das cidades estão muito próximos, formam-se
conurbações. Isso ocorre principalmente nas regiões mais desenvolvidas, onde
geralmente há uma grande rodovia, um porto ou sistemas de comunicação
aperfeiçoados que expandem continuamente a área física das cidades.
Ao contrário do que normalmente se considera, a megalópole não é uma
megametrópole, mas uma conurbação de metrópoles. É encontrada em
regiões de intenso desenvolvimento urbano, e nelas as áreas rurais estão
praticamente ausentes.
As principais megalópoles contemporâneas são: Boswash. (localiza-se no
nordeste dos Estados Unidos); Chipits,(também está localizada nos Estados
Unidos, ao sul dos Grandes Lagos); Tokkaido,(corresponde a uma das
megalópoles mais populosas do mundo. Localizada no sudeste do Japão);
Renana, (localizada na Europa ocidental, junto ao vale do Reno).
A urbanização corresponde principalmente a um processo de transferência de
populações das zonas rurais para as cidades; quando ele é muito intenso,
recebe o nome de êxodo rural.
Os países mais desenvolvidos - No século XIX, a urbanização foi mais intensa
nos países que realizaram a Revolução Industrial e que constituem hoje países
desenvolvidos. As novas possibilidades de trabalho na indústria e no comércio
atraíram as populações da zona rural para as cidades.
No pós-guerra, a concentração humana e a elevação do poder aquisitivo das
populações dos países mais desenvolvidos produzi¬ram um grande aumento
do consumo de bens e serviços, que favoreceu a expansão do setor terciário
da economia. Como nesse período também ocorreu um grande
desenvolvimento da tecnologia industrial, a produtividade aumentou e as
necessidades de mão-de-obra se reduziram.
Os países subdesenvolvidos - O século XX se caracterizou pela urbanização
dos países subdesenvolvidos. O ritmo se acelerou a partir de 1950, devido ao
aumento das taxas de crescimento populacional e, em muitos desses países, à
industrialização, propiciada pelos significativos investimentos das empresas
multinacionais. Formaram-se grandes cidades, para as quais as populações da
zona rural se deslocaram em busca de melhores condições de vida, pois era ali
que a industrialização estava mais presente, com maior disponibilidade de
emprego, conforto e ascensão social.
Nessas cidades, contudo, a industrialização adotou um padrão tecnológico
muito mais moderno do que o utilizado pelas indústrias do século XIX, o que
resultou na criação de menos empregos. Por isso, mui¬tas pessoas que se
deslocaram para as cidades não encontraram trabalho e passaram a viver em
situação de extrema pobreza, em locais insalubres, como favelas e cortiços
sem luz, água, rede de esgotos, transportes coletivos e demais serviços
urbanos.
Por isso, nessas cidades o setor terciário informal - aquelas atividades não-
regulamentadas, como a dos camelôs e biscateiros - cresce mais que o formal.
Essa situação é chamada de hipertrofia do terciário.
América Latina - É a região mais urbanizada entre o conjunto dos países
menos desenvolvidos e, desde o início da década de 1970, a população urbana
é superior à população rural.
Essa região foi a primeira a conquistar a independência política, a constituir
uma economia de mercado e a desenvolver atividades industriais, ainda
durante o século XIX. Desde o início do século XX, e principalmente após
1940, outros fatores contribuíram para acelerar a urbanização. A concentração
de terras herdadas do período colonial se perpetuou no latifúndio, o que
agravou a pobreza rural e estimulou a população de origem camponesa a
migrar para as cidades. Além disso, muitas propriedades rurais se
modernizaram, adotando procedimentos administrativos característicos das
grandes empresas urbanas e passando a utilizar máquinas agrícolas em
grande escala, que reduziram a necessidade de mão-de-obra.
Em quase toda a América Latina, os índices de urbanização são elevados, com
a população urbana ultrapassando 70% na maior parte dos países, com
exceção da região da América Central, da Bolívia e do Paraguai.
A urbanização da África - A maior parte da população vive na zona rural, pois
as atividades agrárias predominam na estrutura econômica de quase todos os
países do continente.
Mesmo assim, desde o início da década de 1970 os países da África são os
que apresentam as taxas de urbanização mais eleva¬das entre os países
menos desenvolvidos, com um aumento superior a 5% ao ano. Em 1960, a
população urbana da África correspondia a 210 milhões de habitantes; hoje
corresponde a mais de 420 milhões. O ritmo de transferência de populações do
campo para a cidade é crescente, e para isso contribui o grave estado de
pobreza da maior parte das sociedades africanas. Cerca de 216 milhões de
pessoas, ou 47,8% da população absoluta, vivem abaixo da linha de pobreza
delimitada pela Organização das Nações Unidas (ONU), com uma renda anual
inferior a 370 dólares.
A urbanização africana está relaciona¬da com a ampliação da economia de
exportação, a partir de 1950, quando houve um grande aumento do consumo
mundial de matérias-primas, combustíveis fósseis e produtos agrícolas.
As áreas de urbanização mais acentua¬da são a República da África do Sul,
um país industrializado; os países que se localizam em torno do golfo da
Guiné, com sua indústria petrolífera; e a região do litoral do mar Mediterrâneo,
de onde parte importante ro¬ta marítima internacional, o que lhe permite
manter uma forte integração econômica com os países europeus.
A urbanização na Ásia - O continente mais populoso do mundo, não tem uma
tradição urbana. A população ainda é predominantemente rural, mas desde a
década de 1960 a migração do campo para as cidades aumentou muito os
índices de urbanização. Calcula-se que no início do século XXI cerca de 2
bilhões de asiáticos estarão vivendo em cidades, o que pode significar o
aumento da pobreza. Hoje, a situação já é dramática. Na Índia e em
Bangladesh, na Ásia meridional, cerca de 562 milhões de pessoas, ou 49% da
população, vivem com uma renda anual inferior a 370 dólares por habitante, tal
como no continente africano.
A industrialização dos países conhecidos como tigres asiáticos (Coréia do Sul,
Taiwan, Cingapura e Hong Kong), ocorrida nas últimas décadas, e a recente
ascensão econômica dos chamados novos tigres (Malásia, Tailândia, Indonésia
e Filipinas) aumentaram a oferta de trabalho, transformaram suas principais
cidades em pólos de forte atração populacional e contribuíram para acelerar a
urbanização asiática.
Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:20

roblemas Sociais Urbanos


O processo de urbanização do Brasil, fruto de uma industrialização tardia,
realizada num país subdesenvolvido, trouxe uma série de problemas. Esses
problemas urbanos normalmente estão relacionados com o tipo de
desenvolvimento que vem ocorrendo no país por várias décadas, do qual, por
um lado, aumenta a riqueza de uma minoria e, por outro, agrava-se o problema
da maioria dos habitantes.
Um desses problemas é a moradia. Enquanto em algumas áreas das grandes
cidades brasileiras surgem ou crescem novos bairros ricos com, com
residências moderníssimas, em outras, ou as vezes, até nas vizinhanças,
multiplicam-se as favelas, cortiços e demais habitações precárias.
Mas o tipo de habitação popular que vem crescendo nos últimos anos, nos
grandes centros urbanos do país, é a casa própria da periferia. Trata-se de
uma casinha que o trabalhador constrói, ele mesmo, com a ajuda de familiares
e amigos, sob a forma de mutirão, geralmente nos fins de semana e feriados,
num lote de terra que adquire na periferia da cidade. A construção leva vários
anos e o material vai sendo adquirido aos poucos.
Ocorre, porém, que, ao residir na periferia da grande cidade, o trabalhador e
sua família terão de gastar mais em transporte para o serviço, além de perder
várias horas por dia dentro de ônibus ou trens. E o transporte coletivo (ônibus,
trens, metrôs) é um dos grandes problemas das metrópoles brasileiras, com
carência e precariedade das linhas de ônibus e trens, com atraso na expansão
das linhas de metrôs nas cidades onde esse transporte existe, sem contar o
acédio sexual e roubos que ocorrem nos vagões ou nos ônibus lotados, nos
quais vão pessoas penduradas nas portas, janelas ou até mesmo em cima dos
mesmos, representando um grande perigo de acidentes.
Outro problema importante nas grandes cidades brasileiras é a infra- estrutura
urbana: água encanada, pavimentação de ruas, iluminação e eletricidade,
transportes, rede de esgotos etc. Apesar de a cada ano aumentar a área
abrangida por esses serviços, o rápido crescimento das cidades torna-os
sempre insuficientes. E a ampliação dessa infra-estrutura não tem conseguido
acompanhar o ritmo de crescimento das áreas urbanas dessas metrópoles.
Assim, na Grande São Paulo, por exemplo, apenas 50 % dos domicílios são
servidos por rede de esgotos e 65 % pela de água encanada.
Essa insuficiência dos recursos aplicados na expansão da infra-estrutura
urbana decorre não apenas da rápida expansão das cidades como também da
existência de terrenos baldios ou espaços ociosos em seu interior. É comum
empresas imobiliárias, ao realizarem um loteamento na periferia, onde ainda
não existem serviços de infra-estrutura, deixarem, entre as áreas que estão
vendendo e o bairro mais próximo, um espaço de terras sem lotear. Com o
crescimento da área loteada, ocorrerão reivindicações para que o local provido
de infra-estrutura. E, quando isso ocorrer, tais serviços terão que passar pelo
espaço ocioso. Aí é que esse espaço poderá ser vendido ou loteado, mas
agora por um preço bastante superior.
Esse procedimento acaba prejudicando a maioria da população, pois leva a
população trabalhadora da periferia para locais cada vez mais distantes do
centro da cidade. Esses espaços vazios ou ociosos abrangem atualmente
cerca de 40 % da área urbana da cidade de São Paulo.
Outro problema comum nas grandes cidades é a violência urbana. Os
acidentes de transito, com milhares de feridos e mortos a cada ano. O abuso
do motorista e o desrespeito ao pedestre são de fato algo comum. A violência
policial, especialmente sobre a população mais pobre, é também muito
frequente. E o número de assaltos, estupros e assassinatos cresce cada vez
mais. Surgiu nos últimos anos, nas grandes metrópoles até uma figura nova de
assaltante: o trombadinha, delinquente juvenil, fruto do crescimento do
desemprego e do declínio dos salários reais, isto é, da inflação sempre superior
aos aumentos salariais; como decorrência desses fatos, agravados ainda pela
falta de assistência social às famílias pobres, às mães solteiras, às vitimas de
estupro ou da violência do marido, do pai, etc., multiplicam-se pelas ruas os
menores abandonados, a partir dos quais surgirão os trombadinhas ou
delinqüentes juvenis.
Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:22

Você também pode gostar