Você está na página 1de 6

2.2.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA INCUBADORA

2.2.1. Especificações de Incubação

Incubação é um conjunto de factores físicos presentes num meio material que rodeia o
ovo, e que intervêm no processo biológico através do qual um ovo fértil se transforma
num novo ser(Garces, 2008). Esta pode ser natural ou artificial. O sucesso da incubação
artificial depende da regulação dos quatro factores envolvidos na incubação
(temperatura, teor de humidade relativa, ventilação e volteio regular dos ovos).

2.2.1.1. Temperatura

A incubadora deve fornecer uma temperatura semelhante à aquela que resulta do


aquecimento natural de ovos por uma galinha, cujo aquecimentoregula-se por meio de
um termóstato (dispositivo electrónico que serve para manter constante a temperatura).
A temperatura ideal na fase inicial de incubação é de 37,8ºC e na fase de eclosão é de 37
à 40,5ºC, porque o ovo aumenta a temperatura em 2°C no máximo (Casvassim,
2004;Wageningen et al.,1995).

No interior da incubadora a temperatura pode ser estabelecida pelo uso de candeeiros e


outros mecanismos de aquecimento, porém neste trabalho serão usadas lâmpadas para o
aquecimento interno da “incubadora solar”(“Wageningen et al., 1995”). Os tipos de
lâmpadas disponíveis no mercado são as incandescentes, de descarga eléctrica
(fluorescentes, de vapor metálico, vapor de sódio, etc) e LED’s. Pelo facto das lâmpadas
incandescentes emitirem maior percentagem da radiação no infravermelho (73%) e uma
percentagem de calor (de 19%) não muito excessiva em relação às outras lâmpadas
(Pinto, 2008) e ainda, possuírem um excelente índice de reprodução de cores, elas
satisfazem a condição para o aquecimento da “incubadora solar”.A tabela 2.3 mostra a
energia radiada por diferentes lâmpadas.

Tabela 2.3: Energia radiada pelas lâmpadas eléctricas [Fonte: Pinto, 2008]

Incandescente Fluorescente Vapor Metálico LED’s


Luz visivél 8% 21% 27% 15-25%
Energia Infravermelho 73% 37% 17% 0%
Radiada
Ultravioleta 0% ~0% 19% ~0%
Total de energia radiada 81% 58% 63% 15-25%
Emissão de calor 19% 42% 37% 75-85%
Total 100% 100% 100% 100%

2.2.1.1.2. Parâmetros Luminotécnicos das Lâmpadas da Incubadora

Do ponto de vista luminotécnico as principais grandezas relacionadas com a emissão de


luz pelas fontes puntiformes são a intensidade luminosa, o fluxo luminoso, o
iluminamento ou aclaramento e a luminância, tendo em conta as outras grandezas tais
como: o rendimento luminoso, a temperatura de cor e a duração de vida média
(“Lecheta, 2006;Pinto, 2008”).

O fluxo luminoso Φ, é a quantidade total de luz emitida por uma fonte, medida em
lúmenes (lm) na tensão de funcionamento (Ferreira, 2010). 1 𝑙ú𝑚𝑒𝑛 = 1 𝐶𝑎𝑛𝑑𝑒𝑙𝑎 ×
1 𝐸𝑠𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜𝑟𝑎𝑑𝑖𝑎𝑛𝑜(Pauli et al., 1980).

A intensidade luminosa I é a intensidade do fluxo luminoso projectado em uma


determinada direcção expressa em candelas (Cd).

A iluminância E ou iluminamento é o fluxo luminoso Φ que incide sobre uma superfície


S situada a uma certa distância da fonte (Osram, 2010), medida em lux (lx) e é dada pela
fórmula(2.11)(Pauli et al., 1980):

𝛷
𝐸= (2.11)
𝑆

LuminânciaL é o quociente entre a intensidade luminosa que sai de uma superficie para
outra, pelaárea (Pauli et al., 1980; Ferreira, 2010), medida em Cd/ m2e é dada pela
fórmula(2.12)(Osram, 2010).

𝐼
𝐿= (2.12)
𝑆.𝐶𝑜𝑠𝛼

onde𝛼 é o ângulo que o feixe de luz forma com a normal da superficie considerada em
graus. Uma vez que é difícil medir a intensidade luminosa que provém de um corpo não
radiante (através de reflexão) então recorre-se àfórmula (2.13)(Osram, 2010):

𝜌.𝐸
𝐿= (2.13)
𝜋
onde𝜌 é o coeficiente de reflexão, E é a iluminância sobre essa superfície(Osram, 2010).
O índice do local que se pretende iluminar que é a relação entre as dimensões do local é
calculado através da fórmula(2.14)(Ferreira, 2010):

𝐶×𝑙
𝐾= (2.14)
(𝐶+𝑙)×𝐴

ondeC é o comprimento, l é a largura e A é altura do local a ser iluminado(Osram,


2010).

Em função do índice do local (K), dos índices de reflexão do tecto, parede e piso (feitas
de madeira), determina-se o factor de utilização (FU) que é a razão entre o fluxo
utilizado e o fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas (Ferreira, 2010), e é dado através
da tabela 2.4.

Tabela 2.4: Factor de utilização – FU [Fonte: Osram, 2010]

Tipos Branco Claro Médio Escuro


Tecto 80% 70% 50% 30%
Parede --- 50% 30% 10%
Piso --- --- 30% 10%

O factor de manuntenção (FM) do ambiente a ser iluminado pode ser dada pela tabela
2.5.

Tabela 2.5: Factor de Manuntenção –FM [Fonte: Osram, 2010]

Ambiente Limpo Médio Sujo


Factor de Manuntenção (FM) 0,9 0,8 0,6

O número de lâmpadas é calculado mediante a aplicação da expressão(2.15)(Osram,


2010):

𝐸×𝑆
𝑁= (2.15)
𝛷×𝐹𝑈×𝐹𝑀

ondeN é o número de lâmpadas,Eé a iluminância desejada, S é a área do local, Φ é o


fluxo da lâmpada = Fluxo luminário da lâmpada x Quantidade de lâmpadas, FU é o
factor de utilização (dada pela Tabela 2.4) e FM é o factor de manuntenção (dada pela
Tabela 2.5) (Osram, 2010). Para achar o número final de lâmpadas divide-se o número
de lâmpadas achadas em (2.15) pelo índice do local obtido em (2.14).

2.2.1.2. Teor de Humidade Relativa

O teor de humidade relativa ideal para o inicio da incubação é de 50 à 60% e 70 à 75%


na eclosão, caso não seja regulado os embriões desidratam-se no ovo ou não conseguem
eliminar os gases tóxicos por eles produzidos (Wageningen et al., 1995;Casvassim,
2004). Para conseguir esta humidade regulada deve-se instalar na incubadora, uns
recipientes com água e medi-la usando termómetro húmido ou higrómetro (Garces,
2008), como é ilustrado nafigura 2.18.

Figura 2.18: Termómetro húmido ou higrómetro


[Fonte: Wageningen et al., 1995]
Para medir a humidade relativa é necessário fazer a diferença de temperatura do
termómetro sêcoe do termómetro húmido (Wageningen et al., 1995). A tabela 2.6
mostra algumas especificações de temperatura e humidade a ter em conta no interior da
“incubadora solar”.

Tabela 2.6:Temperatura e humidade no interior da incubadora [Fonte: Wageningen et


al., 1995]

Incubação Dia Termómetro Húmido (°C) Termómetro Seco (°C) Humidade Relativa (%)
0 – 18 31 37,8 60
19 – 20 27 36,1 50
21 33 36,1 70

2.2.1.3. Ventilação e Volteio Regular dos Ovos


Para que os embriões possam assimilar oxigénio e eliminar dióxido de carbono a
incubadora deve possuir um sistema de ventilação (que também vai facilitar a entrada
de ar para espalhar o calor). A ventilação ideal deve ser de 21% de oxigénio e mais de
0,5% de gás carbónico.

Para uma melhor distribuição da temperatura sobre todas as partes dos ovos e para que a
gema não cole a casca do ovo, deve-se efectuar o volteio dos ovos. No início da
incubação o volteio deve ser feito de duas em duas horas ou de três em três horas; a
rotação a executar deve ser no mínimo de 45º (Wageningen et al., 1995).

O dispositivo para volteio dos ovosé constituido por um quadro móvel com rede grossa
de capoeira ou arame que permite virar os ovos duma só vez sem necessidade de abrir a
porta da incubadora.Uma pega na parede da incubadora permite deslocar o quadro (em
5 à 7 cm ajustáveis), no qual os ovos rolam na gaze (rede de capoeira de galinha) e são
voltados para outro lado.

2.2.1.4. Regulação Automática da Temperatura

No interior da incubadora a temperatura é mantida num nível constante usando um


termóstato. Existem vários tipos de termóstatos, os mais usados são o termóstato
bimetálico (disjuntor) e termóstato de cápsula de éter (Wageningen et al., 1995).
O termóstato de cápsula de éter, funciona na base de um gás (éter) que dilata-se sob o
efeito da pressão na cápsula quando a temperatura aumenta e desliga a corrente
eléctrica, as lâmpadas apagam-se e depois de um certo intervalo de tempo reacendem.
O termóstato bimetálico é o mais usado para manter a temperatura constante nas
incubadoras. É feito de duas folhas de metais diferentes (bronze/aço ou cobre/zinco)
com coeficientes de dilatação diferentes, tal que, sob a acção do calor a folha de bronze
(ou cobre) dilata-se mais do que a folha de aço (ou zinco). Como estão fixadas juntas o
bimetal derrete caso aumente a temperatura e desliga a corrente, quando a temperatura
desejada for atingida, e ao arrefecer volta à sua forma original e restabelece a corrente.
O bimetal tem um botão que permite a regulação da temperatura desejada.A figura 2.20
mostra a forma de um interruptor de termóstato bimetálico mais comum.
Figura 2.20: Interruptor de termóstato bimetálico
[Fonte: Wageningen et al., 1995]

Você também pode gostar