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Technical and Economical viability of Reinforced Concrete Structural Systems for Multi-
Storey Buildings with flexible layouts
Resumo
No final do século XX, iniciou-se na construção civil brasileira um processo de modernização, objetivando a
redução de custos e a maior satisfação dos usuários. Assim, as estruturas de concreto precisaram se tornar
mais esbeltas, para permitir aos usuários maior liberdade na disposição dos compartimentos do imóvel
(layouts flexíveis), promovendo a intensificação do uso da protensão na construção civil brasileira.
Buscando avaliar a viabilidade técnica e econômica da utilização do concreto armado nestes
empreendimentos, este trabalho apresenta resultados da analise estrutural de um edifício residencial de 27
pavimentos dimensionado em concreto armado de alto desempenho (fck = 50 MPa) ao invés de concreto
protendido (fck = 30 MPa), utilizado em sua construção. Os resultados indicam que a estrutura em concreto
armado de alto desempenho é técnica e economicamente viável, constituindo-se numa alternativa ao uso da
protensão.
Palavras-Chave: concreto armado, concreto protendido, concreto de alto desempenho, sistemas
estruturais.
Abstract
In the end of the twentieth century, it was started in the Brazilian’s civil construction a modernizing process,
in order to reduce the costs and to increase user’s satisfaction. Thus, concrete structures tends to become
more slim, permitting to the users more freedom in the building’s compartment arrangement, fact that is
promoting the raise in the use of pre-stressing on concrete constructions in Brazil. In order to analyze the
technical and economical viability of reinforced concrete use in this type of project, its presented results of
the structural analysis of a 27 store residential building designed with high performance reinforced concrete
(fck = 50 MPa) instead of the pre-stressed concrete (fck = 30 MPa) applied in the construction at Belém city.
The results show that the high performance reinforced concrete model is economically viable, and can be
considered as an alternative to the pre-stressing use.
Keywords: reinforced concrete, pre-stressed concrete, high performance concrete, structural systems.
Assim, intensificou-se no país o uso do concreto protendido, a fim de diminuir o efeito das
deformações nos elementos estruturais. No caso de edifícios residenciais, onde os vãos
costumam variar entre 7 e 10 metros, o sistema estrutural que tem sido mais utilizado no
país é normalmente composto por lajes nervuradas protendidas apoiadas em vigas chatas
também protendidas, permitindo que a parte interna da edificação fique totalmente livre,
ou seja, sem a visualização de pilares e vigas, que muitas vezes restringem a locação de
paredes.
Figura 3 – Tempo para penetração por absorção capilar da água em função do fck (ABCP 1999)
Pode-se afirmar ainda que o uso de concretos de alto desempenho nas estruturas,
comparando-se aos concretos convencionais, propicia economia de materiais (devido a
redução na seção dos elementos estruturais) e desta forma se enquadra dentro do
conceito de desenvolvimento sustentável. Ainda segundo alguns estudos (Ferreira et al.,
2001; Santos Filho, 2003) mesmo com um custo unitário (R$/m³) maior que os de
concretos convencionais, o uso de concreto de alto desempenho gera redução no custo
final da edificação devido ao menor consumo de materiais (concreto, fôrma e aço), o que
diminui o tempo de execução da estrutura e gera também economia com mão de obra.
Em longo prazo, estes podem proporcionar reduções significativas no custo de
manutenção da estrutura, além de maior vida útil.
Existem duas formas básicas de protensão. A protensão aderente, onde o concreto pode
ser executado juntamente com cabos previamente tracionados ou com os cabos frouxos
dentro de dutos para posterior protensão, sendo os dutos preenchidos com grout; e a
protensão não aderente, onde o concreto é executado após o posicionamento de bainhas
contendo cabos engraxados de pretensão, que são tracionados quando o concreto
adquire determinada resistência. Independente da forma como é feita a protensão, o uso
do concreto protendido tem possibilitado a construção de estruturas com grandes vãos,
indo desde pontes e viadutos até edifícios de todos os tipos, podendo-se citar uma série
de vantagens do seu uso em comparação ao concreto armado, tais como:
No entanto, existem algumas desvantagens que devem ser mencionadas, sendo estas
apresentadas a seguir.
4 Apresentação do Estudo
Como já mencionado, têm sido bastante valorizados no país, para edifícios de médio e
alto padrão, os chamados layouts flexíveis. Para poder oferecer mais esta possibilidade
aos consumidores, torna-se necessário que a estrutura influencie o mínimo possível na
disposição dos compartimentos do imóvel, devendo ser evitada pelo projetista a
ocorrência de pilares e vigas no núcleo do prédio, impondo à estrutura vãos cada vez
maiores. Para as estruturas convencionais de concreto armado, a deformação ainda é um
das principais limitações. Buscando contrapor este problema surgiu a protensão, que
passou a possibilitar às estruturas de concreto vencerem vãos maiores de uma forma
técnica e economicamente mais viável. Numa avaliação prévia, pode-se considerar que
para vãos acima de 7 metros, a utilização do concreto protendido começa a ser mais
viável que a do concreto armado e por isso este tem sido largamente utilizado nos
edifícios onde são desejados layouts mais flexíveis.
Como na maioria dos casos de edifícios residenciais com layout flexível os vãos não
costumam assumir valores muito elevados, superiores a 10 metros, decidiu-se verificar se
o simples aumento da resistência do concreto e o respectivo aumento no módulo de
elasticidade podem melhorar o comportamento dos elementos dimensionados em
concreto armado (lajes e vigas) quanto às deformações, de tal forma a permitir que o uso
do concreto armado se constitua numa alternativa à protensão neste tipo de
empreendimento. Para isso foi analisado um edifício residencial de 27 pavimentos tipo
construído na cidade de Belém, originalmente projetado com estrutura em concreto
protendido (lajes nervuradas e vigas chatas) ainda segundo a NB1-78 e com concreto de
f ck = 30 MPa , sendo modelada para este mesmo prédio uma estrutura de concreto
armado, considerando o uso de concreto de alto desempenho de f ck = 50 MPa para todos
os elementos estruturais (pilares, vigas e lajes) também de acordo com a NB1-78.
Figura 7 – Edifício construído em concreto protendido na cidade de Belém com fck = 30 MPa
5 Resultados
O uso de concreto de alto desempenho possibilitou a modelagem de uma estrutura de
concreto armado com as mesmas virtudes da projetada em concreto protendido (grandes
vãos com deformações aceitáveis) permitindo um layout flexível à edificação. Atendidas
as exigências técnicas, faz-se necessário verificar a viabilidade econômica dos resultados
obtidos e, conseqüentemente, se a solução encontrada é uma alternativa satisfatória em
relação à protensão.
Para isto foram levantados os quantitativos estruturais das duas soluções, o da estrutura
executada em concreto protendido e o daquela modelada computacionalmente em
concreto armado com f ck = 50 MPa , sendo feito então o orçamento. Os valores utilizados
para orçar os materiais representam aqueles praticados na construção civil na cidade de
Belém, tendo sido fornecidos pela empresa responsável pela construção do edifício. O
custo da mão-de-obra foi embutido no preço dos materiais para que fosse possível a
comparação entre a estrutura em concreto armado e a protendida, já que nestas é
embutido no custo da mão-de-obra, além dos serviços de protensão, o preço das
ancoragens das cordoalhas.
Para melhor observar isto, a Figura 10 mostra um comparativo de custos para a execução
dos pilares em ambas as soluções. Deve ser notado que, apesar da elevação no custo do
concreto e das fôrmas (cerca de 38% e 2% respectivamente), a redução maciça no custo
das armaduras, em torno de 138%, proporcionada tanto pela maior resistência do
concreto quanto pelo aumento na seção destes elementos, possibilitou uma economia de
aproximadamente 30% no custo total para execução dos pilares. É importante ressaltar
que as seções dos pilares da estrutura em concreto armado sofreram aumentos para que
se obtivesse o γ Z ≤ 1.10 , pois deste modo, os efeitos de 2ª ordem não interferiram no
dimensionamento das vigas e lajes da estrutura.
Figura 11 – Comparativo do custo total das vigas e lajes para as duas soluções
Verifica-se que os serviços de protensão têm um peso considerável tanto no custo total
dos elementos estruturais (cerca de 20%) quanto no preço final da estrutura protendida,
aproximadamente 14%. De uma forma geral, a diferença entre os custos das vigas e lajes
feitas com concreto protendido e das dimensionadas em concreto armado, com concreto
de alto desempenho de f ck = 50 MPa , foi pouco significativa, sendo favorável em pouco
mais de 1% para a solução em concreto protendido. Logo, pode-se afirmar que o uso de
concretos de alto desempenho pode atribuir às estruturas de concreto armado maior
competitividade em empreendimentos onde sejam necessários vãos maiores, podendo
ser considerada como uma alternativa ao uso da protensão, cujo comportamento ao longo
dos anos (perdas de protensão) ainda é um tanto desconhecido, principalmente no Brasil,
onde sua utilização é bem mais recente que a do concreto armado.
6 Conclusões
O uso de concretos de alto desempenho de diferentes resistências tem se mostrado,
segundo resultados de estudos realizados no país, satisfatório para arranjos estruturais
de edifícios de concreto, gerando economia tanto na execução da estrutura quanto na sua
manutenção.
Por fim, é importante frisar que, a escolha de um determinado sistema estrutural, não
pode considerar apenas os consumos de materiais. Devem-se verificar todos os aspectos
pertinentes ao processo construtivo, tais como: mão-de-obra, recursos e materiais
necessários, recursos disponíveis na região, tempo de execução, etc. Para uma avaliação
mais completa, deve-se fazer, também, uma análise das implicações que cada alternativa
acarreta nas instalações, nas alvenarias e nos tipos de forro. Sendo assim, este trabalho
não tem a pretensão de generalizar os resultados aqui apresentados, mas sim auxiliar no
processo de escolha do sistema estrutural de edifícios semelhantes.
7 Referências
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Características Técnicas. São Paulo, Revista Ibracon, ano VI, n. 2, abr/jul. 98. p.42-5.
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