Você está na página 1de 15

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto

Abril / 2006 ISBN 85-86686-36-0


Edifícios, Pontes, Viadutos, Pavimentos e Túneis de concreto
Trabalho SIMP0303 - p. 2114-2128

VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE SISTEMAS ESTRUTURAIS


EM CONCRETO ARMADO PARA EDIFÍCIOS DE MÚLTIPLOS
PAVIMENTOS COM LAYOUT FLEXÍVEL

Technical and Economical viability of Reinforced Concrete Structural Systems for Multi-
Storey Buildings with flexible layouts

Maurício de Pina Ferreira (1); Dênio Ramam Carvalho de Oliveira (2)

(1) Engenheiro Civil, aluno de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da


Universidade Federal do Pará.
e-mail: mpina@ufpa.br

(2) Professor Doutor, Departamento de Construção Civil, Universidade Federal do Pará.


e-mail: denio@ufpa.br

Rua Augusto Corrêa, s/n. Laboratório de Engenharia Civil


Guamá-Belém-Pará
66075-970

Resumo
No final do século XX, iniciou-se na construção civil brasileira um processo de modernização, objetivando a
redução de custos e a maior satisfação dos usuários. Assim, as estruturas de concreto precisaram se tornar
mais esbeltas, para permitir aos usuários maior liberdade na disposição dos compartimentos do imóvel
(layouts flexíveis), promovendo a intensificação do uso da protensão na construção civil brasileira.
Buscando avaliar a viabilidade técnica e econômica da utilização do concreto armado nestes
empreendimentos, este trabalho apresenta resultados da analise estrutural de um edifício residencial de 27
pavimentos dimensionado em concreto armado de alto desempenho (fck = 50 MPa) ao invés de concreto
protendido (fck = 30 MPa), utilizado em sua construção. Os resultados indicam que a estrutura em concreto
armado de alto desempenho é técnica e economicamente viável, constituindo-se numa alternativa ao uso da
protensão.
Palavras-Chave: concreto armado, concreto protendido, concreto de alto desempenho, sistemas
estruturais.

Abstract
In the end of the twentieth century, it was started in the Brazilian’s civil construction a modernizing process,
in order to reduce the costs and to increase user’s satisfaction. Thus, concrete structures tends to become
more slim, permitting to the users more freedom in the building’s compartment arrangement, fact that is
promoting the raise in the use of pre-stressing on concrete constructions in Brazil. In order to analyze the
technical and economical viability of reinforced concrete use in this type of project, its presented results of
the structural analysis of a 27 store residential building designed with high performance reinforced concrete
(fck = 50 MPa) instead of the pre-stressed concrete (fck = 30 MPa) applied in the construction at Belém city.
The results show that the high performance reinforced concrete model is economically viable, and can be
considered as an alternative to the pre-stressing use.
Keywords: reinforced concrete, pre-stressed concrete, high performance concrete, structural systems.

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2114


1 Introdução
Foi iniciado, a partir da última década do século XX, um forte processo de modernização
da construção civil brasileira, objetivando a melhoria dos processos construtivos, a fim de
reduzir o desperdício de materiais e atender as necessidades dos usuários, cada vez
mais exigentes. Dentre as diversas mudanças observadas no setor, aquela que apresenta
maior impacto na forma de projetar estruturas de concreto é a exigência de layouts
flexíveis. Para poder oferecer aos consumidores a possibilidade de dividir internamente o
imóvel sem qualquer restrição para a disposição dos compartimentos, no projeto
estrutural deve ser evitado, ao máximo, a presença de elementos estruturais, como
pilares e vigas, na área interna do imóvel, tornando as estruturas de concreto, cada vez
mais esbeltas.

Assim, intensificou-se no país o uso do concreto protendido, a fim de diminuir o efeito das
deformações nos elementos estruturais. No caso de edifícios residenciais, onde os vãos
costumam variar entre 7 e 10 metros, o sistema estrutural que tem sido mais utilizado no
país é normalmente composto por lajes nervuradas protendidas apoiadas em vigas chatas
também protendidas, permitindo que a parte interna da edificação fique totalmente livre,
ou seja, sem a visualização de pilares e vigas, que muitas vezes restringem a locação de
paredes.

Neste trabalho são apresentados os resultados da análise comparativa de dois sistemas


estruturais aplicados a um edifício residencial de 27 pavimentos construído na cidade de
Belém. O primeiro sistema estrutural, empregado na execução da obra, é constituído por
lajes nervuradas e vigas chatas protendidas, todas moldadas com concreto de resistência
convencional ( f ck = 30 MPa ), tendo sido projetado ainda pela NBR 6118/78 (NB1-78). O
segundo sistema estrutural, utilizado apenas para a comparação, foi concebido em
concreto armado e dimensionado também de acordo com as recomendações da NB1-78.
Nesta análise foi empregado concreto de alto desempenho ( f ck = 50 MPa ) para verificar o
quanto o aumento na resistência do concreto pode conferir competitividade às estruturas
de concreto armado em comparação com estruturas em concreto protendido, sendo
avaliada a viabilidade técnica e econômica do uso do concreto armado em estruturas
mais esbeltas, destinadas a vencer grandes vãos.

2 Avanços Tecnológicos para Estruturas de Concreto


2.1 Concreto de Alto Desempenho
Não existe no Brasil um consenso sobre a denominação dos internacionalmente
chamados “High Performance Concrete”. Alguns chamam de Concreto de Alto
Desempenho (CAD), outros de Concreto de Alta Resistência (CAR). Hoje, o único
consenso que parece existir no meio técnico a este respeito é de que todo Concreto de
Alta Resistência terá sempre um desempenho elevado de suas propriedades, enquanto
que nem todo Concreto de Alto Desempenho terá, necessariamente, uma alta resistência.

A importância da utilização deste material, dentre diversos fatores, está na maior


durabilidade que tende a propiciar às estruturas de concreto, advinda de sua menor
porosidade e isto, em um período onde cada vez mais se percebe a importância de
preservar e utilizar racionalmente os recursos naturais, é bastante valorizado. São
apresentadas a seguir algumas das principais razões para a utilização de Concretos de
Alto Desempenho nas estruturas, tanto do ponto de vista técnico-econômico quanto
social.

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2115


2.1.1 Desenvolvimento Sustentável
Buscando a satisfação de suas necessidades e o desenvolvimento de sua espécie, o
homem tem promovido grandes mudanças no planeta, consumindo de forma
descontrolada os recursos naturais, o que tem gerado efeitos negativos no meio
ambiente. Nos últimos 20 anos, no entanto, este fato tem gerado forte preocupação em
diversos setores da sociedade, que tem buscado discutir as conseqüências que estas
intervenções estão trazendo e poderão trazer ao planeta, e propor caminhos para
minimizar este problema. Um documento das Nações Unidas conhecido como Relatório
Brundtland (1987) identificou que o desenvolvimento econômico sob a forma atual é
insustentável, pois não respeita as necessidades de desenvolvimento das futuras
gerações. Definiu desenvolvimento sustentável como sendo aquele que atende às
necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de também
atenderem as suas próprias.

Segundo HAWKEN (1999), apenas 6% do total de matérias primas extraídas da natureza


chegam até o produto final desejado, sendo a maior parte do restante devolvida ao meio
ambiente sob a forma de resíduos danosos (sólidos, líquidos e gasosos). Isto é resultado
do modelo econômico de desenvolvimento adotado pela humanidade durante,
principalmente, os dois últimos séculos da Revolução Industrial, período em que, com o
advento das grandes fábricas e o desenvolvimento de novas técnicas de produção, foi
dada ênfase apenas na produtividade do trabalho, através da otimização do tempo de
produção. As reservas naturais do planeta eram utilizadas de forma indiscriminada e sem
preocupações, pois o estoque global era abundante e o meio ambiente sadio. Hoje a
situação é diferente, pois se tem mão-de-obra abundante, enquanto os recursos naturais
renováveis e o meio ambiente exigem atenção. Sendo assim, os setores produtivos em
geral devem substituir a ênfase na produtividade do trabalho pela busca da produtividade
dos recursos naturais.

Segundo MEHTA (2001), a produtividade dos recursos naturais pressupõe a minimização


do uso de matérias primas e a maximização da durabilidade do produto, garantindo
também a redução dos custos de manutenção e reparo. Isso tudo gera maior satisfação
aos consumidores, aumentado o valor de mercado do produto, além de proporcionar
maior rentabilidade empresarial. MEHTA adverte ainda que a fabricação do concreto gera
grandes impactos no meio ambiente, a começar pela própria produção do cimento
(principal componente dos concretos), cujas indústrias fabricantes são responsáveis por
cerca de 12% do total de dióxido de carbono lançado na atmosfera. Além disso, a
produção de concreto consome anualmente cerca de 11 bilhões de toneladas de areia e
outros agregados, e 1 trilhão de litros de água potável somente como água de
amassamento, sem mencionar a energia gasta nas atividades de transporte, lançamento,
adensamento, cura e acabamento do concreto. Logo, devem ser tomadas medidas para
garantir que o uso deste material seja feito de forma otimizada e racional, e neste sentido,
a utilização de concretos de alto desempenho se constitui em uma boa alternativa,
conforme explicado nos itens 2.1.2 e 2.1.3.

2.1.2 Melhorias nas Propriedades do Concreto


Desde o surgimento do cimento Portland até hoje, o concreto se firmou como um dos
materiais de construção mais nobres e utilizados nas mais diversas regiões do planeta.
Isto se deve ao fato de que seus componentes são encontrados com facilidade na
natureza e, principalmente, às suas excepcionais características de versatilidade,
economia, resistência e durabilidade. No entanto, nas últimas décadas do século XX tem
sido observado em diversos países que as estruturas de concreto tornaram-se
Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2116
progressivamente menos duráveis. No Brasil foram identificados vários fatores que têm
contribuído para isto, como, por exemplo, a maior finura dos cimentos atuais, que permite
uma melhor hidratação e conseqüentemente um maior ganho de resistência,
possibilitando a obtenção de determinadas resistências com relações a c mais elevadas,
o que tem feito que os concretos de hoje sejam mais porosos. Além disso, foi constatado
em diversos estudos realizados no país que, para uma vida útil estimada em 50 anos para
estruturas convencionais, os valores recomendados para o cobrimento das armaduras
pela norma brasileira eram insuficientes para a sua proteção.

Para combater estes problemas, a NBR 6118:2003 apresenta importantes alterações em


relação ao texto da norma anterior, mas não serão apenas alterações nesta norma que
irão solucionar os problemas. É preciso que se garanta também a qualidade na fase de
execução da obra e, sobretudo, que seja mostrada à sociedade civil a importância de se
utilizar e manter as estruturas corretamente. Não faltam exemplos em todo o país
demonstrando que as estruturas de concreto, ao contrário do que muitos podem imaginar,
têm vida útil relativamente curta. Como todo produto, as estruturas precisam passar por
manutenções periódicas e negligenciar este fato provoca muitos prejuízos materiais ao
país, além de, em casos extremos, provocar verdadeiras catástrofes.

Para se garantir a vida útil esperada para as estruturas de concreto, o controle da


porosidade tem sido considerado o caminho mais eficiente. Neste sentido, a utilização de
concretos de alto desempenho é uma excelente opção. A Figura 1 apresenta o avanço da
carbonatação ao longo do tempo em concretos convencionais ( f ck = 20 MPa ) e em
concretos de alto desempenho ( f ck = 50 MPa ). A Figura 2 mostra o avanço da penetração
de cloretos e a Figura 3 mostra a velocidade de absorção capilar da água em concretos
de diferentes resistências.

Figura 1 – Profundidade de carbonatação em concretos ao longo do tempo (ABCP 1999)

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2117


Figura 2 – Penetração de cloretos em concretos ao longo do tempo (ABCP 1999)

Figura 3 – Tempo para penetração por absorção capilar da água em função do fck (ABCP 1999)

2.1.3 Vantagens do uso do CAD


De uma forma geral, os concretos de alto desempenho destacam-se por apresentarem
inúmeras vantagens em relação aos concretos convencionais. Segundo AMARAL FILHO
(1998) algumas das principais vantagens destes em relação aos concretos convencionais
são:

• Retração de secagem menor que a dos concretos convencionais e retração total da


mesma ordem;
• Reduzida deformação lenta (fluência) sob carga de longa duração, inferior a dos
concretos convencionais;
• Ausência de exsudação (desde que bem dosado e com o aditivo superplastificante
compatível com o cimento);
• Ausência de segregação no lançamento e adensamento (desde que bem dosado);
• Excelente aderência ao substrato de concreto já endurecido (adequado para
retomada de concretagens, pisos, revestimentos, reparos e reforços);
• Elevada resistividade elétrica;
• Menor carbonatação;
• Baixo coeficiente de difusão de cloretos;
Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2118
• Reduzida permeabilidade a gradientes de pressão de águas e gases;
• Reduzido risco de corrosão de armaduras;
• Módulo de elasticidade elevado.

Pode-se afirmar ainda que o uso de concretos de alto desempenho nas estruturas,
comparando-se aos concretos convencionais, propicia economia de materiais (devido a
redução na seção dos elementos estruturais) e desta forma se enquadra dentro do
conceito de desenvolvimento sustentável. Ainda segundo alguns estudos (Ferreira et al.,
2001; Santos Filho, 2003) mesmo com um custo unitário (R$/m³) maior que os de
concretos convencionais, o uso de concreto de alto desempenho gera redução no custo
final da edificação devido ao menor consumo de materiais (concreto, fôrma e aço), o que
diminui o tempo de execução da estrutura e gera também economia com mão de obra.
Em longo prazo, estes podem proporcionar reduções significativas no custo de
manutenção da estrutura, além de maior vida útil.

2.2 Concreto Protendido


O concreto protendido, juntamente com o concreto armado, começou a ser desenvolvido
em meados do século XIX, após a criação do cimento Portland na Inglaterra (1824), por
Joseph Aspdin. Como o concreto possui elevada resistência à compressão e baixa
resistência à tração, os elementos dimensionados com armaduras passivas (concreto
armado) sempre apresentaram limitações quanto à deformação e à fissuração.
Objetivando suprir esta deficiência, a protensão das armaduras começou a ser utilizada,
partindo-se do princípio de que, através da pré-compressão de um elemento de concreto
a tal ponto que, quando este fosse submetido à flexão pelos carregamentos de serviço,
ainda permanecesse comprimido, o dimensionamento das estruturas poderia ser mais
eficiente. No início, as primeiras experiências com este material falharam, pois a
protensão se perdia devido à retração e à fluência do concreto, desconhecidas na época.
A partir do início do século XX, alguns pesquisadores perceberam que só é possível
assegurar um efeito duradouro da protensão através da imposição de tensões muito
elevadas no aço, na maioria dos casos bem superior aquelas realmente necessárias em
serviço.

Existem duas formas básicas de protensão. A protensão aderente, onde o concreto pode
ser executado juntamente com cabos previamente tracionados ou com os cabos frouxos
dentro de dutos para posterior protensão, sendo os dutos preenchidos com grout; e a
protensão não aderente, onde o concreto é executado após o posicionamento de bainhas
contendo cabos engraxados de pretensão, que são tracionados quando o concreto
adquire determinada resistência. Independente da forma como é feita a protensão, o uso
do concreto protendido tem possibilitado a construção de estruturas com grandes vãos,
indo desde pontes e viadutos até edifícios de todos os tipos, podendo-se citar uma série
de vantagens do seu uso em comparação ao concreto armado, tais como:

• Controle das deflexões;


• Aumento no controle de fissuras;
• Redução nas tensões de tração provocadas pela flexão e pelos esforços cortantes;
• Permite vencer vãos maiores que o concreto armado convencional; para o mesmo
vão, permite reduzir a altura necessária de vigas e lajes;
• Facilita o emprego da pré-moldagem, uma vez que a protensão praticamente
elimina a fissuração durante o transporte das peças;
• Como as tensões introduzidas no ato da protensão, tanto no aço como no
concreto, são muito superiores que as correspondentes à situação da peça em
Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2119
serviço, as operações de protensão funcionam como uma prova de carga da
estrutura.

No entanto, existem algumas desvantagens que devem ser mencionadas, sendo estas
apresentadas a seguir.

2.2.1 Corrosão das cordoalhas


Considerando que a durabilidade de uma estrutura pode ser entendida como a sua
capacidade de resistir as mais variadas formas de ataque do meio ambiente ao qual está
inserida, a experiência tem demonstrado que a corrosão das armaduras é a principal
causa de deterioração das estruturas de concreto. Segundo Costa (2002), no caso das
estruturas em concreto protendido, esta preocupação é ainda maior devido aos riscos de
corrosão sob tensão. Este tipo de corrosão é bem mais perigoso que a corrosão ordinária,
pois se desenvolve com maior velocidade e não é detectada exteriormente. Já Cavell
(2001), adverte que inúmeros problemas de corrosão têm sido descobertos no Reino
Unido em pontes executadas em concreto protendido, devido às falhas no selamento das
bainhas com groute, principalmente na região próxima às ancoragens, sendo estes riscos
maiores em ambientes com presença de cloretos. Isto ocasiona perdas localizadas de
seção das cordoalhas, que estando submetidas a elevados níveis de tensão, podem
romper de forma brusca. Ainda segundo Cavell, a preocupação em relação à durabilidade
destas pontes no Reino Unido chegou a ponto de interromper temporariamente, no
período de 1992 a 1996, as suas construções.

2.2.2 Aspectos construtivos e de projeto


A execução das operações de protensão requer equipamento e pessoal especializados,
exigindo, de um modo geral, atenção e controle superiores aos necessários na execução
de estruturas de concreto armado. Além disso, Schokker et al. (1999), afirma que a
necessidade imposta aos elementos em concreto protendido de sempre atenderem aos
conceitos clássicos de protensão total (onde as tensões de tração no concreto são
sempre mantidas dentro dos limites e a peça é admitida como não fissurada para os
carregamentos de serviço) nem sempre conduz a um dimensionamento otimizado, pois
isto requer níveis elevados de protensão, gerando resultados conservadores, além de
diminuir a ductilidade do elemento. Para melhorar o comportamento dos elementos
protendidos, os autores propõem o dimensionamento considerando armaduras mistas
(ativa e passiva). PFEIL (1988), alerta que deve haver também um controle rigoroso na
execução das obras protendidas para que o traçado dos cabos obedeça fielmente o
especificado no projeto, pois no caso de desvios, estes podem produzir esforços não
previstos, levando até mesmo ao colapso da peça.

3 Sistemas Estruturais para Edifícios


Existem diversos tipos diferentes de sistemas estruturais disponíveis para edifícios em
concreto, e a sua escolha é uma etapa importante que irá determinar o custo global do
empreendimento. Segundo Stevenson (1994) nesta escolha, o tipo de laje a ser utilizado
é decisivo. De um modo geral, podem ser descritos 3 tipos diferentes de sistemas
estruturais: Sistema convencional (com vigas e lajes maciças), sistemas com lajes
nervuradas e sistema de lajes lisas. Em ambos, o uso ou não da protensão define o
comprimento dos vãos que podem ser vencidos de forma viável técnica e econômica.
Adiante são apresentadas informações gerais sobre estes sistemas.

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2120


3.1.1 Sistema convencional
Durante muitos anos esse foi o sistema estrutural mais utilizado no país para a construção
de edifícios em concreto. Quando executado em concreto armado, costuma apresentar
boa viabilidade técnica e econômica para vãos de 4 a 6 m, dependendo do nível de
carregamento imposto. Se a protensão for utilizada, os vãos podem variar de 8 a 20 m
para vigas e de 7 a 10 m para lajes. A Figura 4 apresenta este sistema.

Figura 4 – Sistema estrutural com vigas e lajes maciças

3.1.2 Sistema com lajes nervuradas


Para vãos maiores que os utilizados nos sistemas convencionais, o peso próprio de uma
laje maciça onera a estrutura e as fundações. Com a utilização de lajes nervuradas, as
quais apresentam reduzido peso próprio, vãos maiores podem ser executados com
economia. Este tipo de sistema apresenta ainda a vantagem de que os furos na laje para
passagem das instalações podem ser executados com maior facilidade. Se a protensão
for utilizada, os vãos podem variar de 8 até 18 m. A Figura 5 apresenta este sistema.

Figura 5 – Sistema estrutural com vigas e lajes nervuradas bidirecionais e unidirecionais

3.1.3 Sistema com lajes lisas


Nesse tipo de sistema estrutural, as lajes se apóiam diretamente sobre os pilares, sem a
existência de vigas. Dentre as principais vantagens dos sistemas estruturais com lajes
lisas, quando comparados aos sistemas convencionais, pode-se citar a economia de
Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2121
concreto, fôrmas, aço, mão de obra e, sobretudo, a facilidade na execução de alvenarias,
divisórias e tubulações. Todos estes fatores contribuem para acelerar a execução da
obra, o que influencia sobremaneira no preço final da habitação. A não existência de vigas
também permite que se adote nos projetos um pé direito menor, o que diminui a altura
total da edificação, aliviando as fundações devido à diminuição do peso próprio da
estrutura e também devido à diminuição dos esforços horizontais oriundos da ação do
vento. Quando executado em concreto armado, este tipo de sistema costuma apresentar
boa viabilidade para vãos de até 7 m. Com a protensão, podem-se obter vãos de até 13
m, dependendo do nível de carregamento. A Figura 6 apresenta alguns diferentes
sistemas com lajes lisas.

Figura 6 – Sistema estrutural com lajes lisas maciças e nervuradas

4 Apresentação do Estudo
Como já mencionado, têm sido bastante valorizados no país, para edifícios de médio e
alto padrão, os chamados layouts flexíveis. Para poder oferecer mais esta possibilidade
aos consumidores, torna-se necessário que a estrutura influencie o mínimo possível na
disposição dos compartimentos do imóvel, devendo ser evitada pelo projetista a
ocorrência de pilares e vigas no núcleo do prédio, impondo à estrutura vãos cada vez
maiores. Para as estruturas convencionais de concreto armado, a deformação ainda é um
das principais limitações. Buscando contrapor este problema surgiu a protensão, que
passou a possibilitar às estruturas de concreto vencerem vãos maiores de uma forma
técnica e economicamente mais viável. Numa avaliação prévia, pode-se considerar que
para vãos acima de 7 metros, a utilização do concreto protendido começa a ser mais
viável que a do concreto armado e por isso este tem sido largamente utilizado nos
edifícios onde são desejados layouts mais flexíveis.

Como na maioria dos casos de edifícios residenciais com layout flexível os vãos não
costumam assumir valores muito elevados, superiores a 10 metros, decidiu-se verificar se
o simples aumento da resistência do concreto e o respectivo aumento no módulo de
elasticidade podem melhorar o comportamento dos elementos dimensionados em
concreto armado (lajes e vigas) quanto às deformações, de tal forma a permitir que o uso
do concreto armado se constitua numa alternativa à protensão neste tipo de
empreendimento. Para isso foi analisado um edifício residencial de 27 pavimentos tipo
construído na cidade de Belém, originalmente projetado com estrutura em concreto
protendido (lajes nervuradas e vigas chatas) ainda segundo a NB1-78 e com concreto de
f ck = 30 MPa , sendo modelada para este mesmo prédio uma estrutura de concreto
armado, considerando o uso de concreto de alto desempenho de f ck = 50 MPa para todos
os elementos estruturais (pilares, vigas e lajes) também de acordo com a NB1-78.

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2122


Lançar uma estrutura de concreto armado baseando-se e obedecendo todas as limitações
impostas por um projeto arquitetônico desenvolvido, desde o princípio, para ser executado
com estrutura em concreto protendido, se mostrou, no decorrer do trabalho, uma tarefa
difícil. Decidiu-se então adotar na estrutura de concreto armado as mesmas soluções
adotadas no projeto original. Para que a comparação entre as soluções estruturais fosse
aceitável, além de ter sido adotado o mesmo posicionamento dos pilares (para que
fossem respeitados os mesmos vãos), as lajes e as vigas foram dispostas de forma
também idêntica ao projeto original. Foram feitos apenas alguns ajustes nas dimensões
dos elementos estruturais de forma a adequá-los a realidade do projeto, mas sempre
respeitando às limitações arquitetônicas. O resultado desta etapa pode ser conferido
através das figuras apresentadas a seguir. A Figura 7 mostra o edifício construído na
cidade de Belém, com alguns detalhes dos elementos protendidos. A Figura 8 apresenta
uma fôrma da estrutura modelada em concreto armado, utilizando o software Altoqi
Eberick 2002, e a Figura 9 apresenta vistas desta estrutura.

Figura 7 – Edifício construído em concreto protendido na cidade de Belém com fck = 30 MPa

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2123


Figura 8 – Fôrma da estrutura modelada em concreto armado com fck = 50 MPa

Figura 9 – Vista da estrutura modelada em concreto armado com fck = 50 MPa

5 Resultados
O uso de concreto de alto desempenho possibilitou a modelagem de uma estrutura de
concreto armado com as mesmas virtudes da projetada em concreto protendido (grandes
vãos com deformações aceitáveis) permitindo um layout flexível à edificação. Atendidas
as exigências técnicas, faz-se necessário verificar a viabilidade econômica dos resultados
obtidos e, conseqüentemente, se a solução encontrada é uma alternativa satisfatória em
relação à protensão.

Para isto foram levantados os quantitativos estruturais das duas soluções, o da estrutura
executada em concreto protendido e o daquela modelada computacionalmente em
concreto armado com f ck = 50 MPa , sendo feito então o orçamento. Os valores utilizados
para orçar os materiais representam aqueles praticados na construção civil na cidade de
Belém, tendo sido fornecidos pela empresa responsável pela construção do edifício. O
custo da mão-de-obra foi embutido no preço dos materiais para que fosse possível a
comparação entre a estrutura em concreto armado e a protendida, já que nestas é
embutido no custo da mão-de-obra, além dos serviços de protensão, o preço das
ancoragens das cordoalhas.

O custo unitário de um metro cúbico de concreto de alto desempenho de f ck = 50 MPa foi


obtido através de consulta junto a uma empresa fornecedora de concreto que atua em
Belém, pois este material ainda não é utilizado de forma corrente na cidade. A Tabela 1
apresenta o orçamento da estrutura em concreto protendido e a Tabela 2 o orçamento da
estrutura em concreto armado.

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2124


Tabela 1 – Orçamento da estrutura do edifício em concreto protendido ( f ck = 30 MPa )
ORÇAMENTO DA ESTRUTURA SEM SERVIÇOS DE PROTENSÃO
Concreto (30 MPa) Fôrma Aço
Peça
P. Unit. Quant. P. Total P. Unit. Quant. P. Total P. Unit. Quant. P. Total
(R$/m³) (m³) (R$) (R$/m²) (m²) (R$) (R$/kg) (kg) (R$)
Pilares 596,37 166.983,6 5.588,58 164.863,1 98.725,36 408.723,0
Vigas 280,00 656,39 183.789,2 29,50 6.995,53 206.368,1 4,14 73.611,29 304.750,7
Lajes 937,00 262.360,0 8.038,38 237.132,2 42.247,92 174.906,4
ORÇAMENTO DOS SERVIÇOS DE PROTENSÃO
Cabo 12.7 CP 190 RB-EP Armadura de Fretagem Mão de Obra para Protensão
Item
P. Unit. Quant. P. Total P. Unit. Quant. P. Total P. Unit. Quant. P. Total
(R$/kg) (kg) (R$) (R$/kg) (kg) (R$) (R$/kg) (kg) (R$)
Vigas
7,70 29.992,00 230.938,4 4,14 4.115,33 17.037,5 2,80 29.992,00 83.977,6
e Lajes
CUSTO TOTAL DA ESTRUTURA EM CONCRETO PROTENDIDO 2.441.829,84

Tabela 2 – Orçamento da estrutura do edifício em concreto armado ( f ck = 50 MPa )


ORÇAMENTO DA ESTRUTURA COM CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO
Concreto (50 MPa) Fôrma Aço
Peça
P. Unit. Quant. P. Total P. Unit. Quant. P. Total P. Unit. Quant. P. Total
(R$/m³) (m³) (R$) (R$/m²) (m²) (R$) (R$/kg) (kg) (R$)
Pilares 679,70 231.098,0 5.722,90 168.825,6 41.505,30 171.831,9
Vigas 340,00 715,20 243.168,0 29,50 8.077,50 238.286,3 4,14 81.602,10 337.832,7
Lajes 1.046,40 355.776,0 8.354,80 246.466,6 73.084,50 302.569,8
CUSTO TOTAL DA ESTRUTURA EM CONCRETO ARMADO 2.295.854,87

Analisando os quantitativos de materiais, percebe-se que houve um aumento no consumo


global de concreto e de fôrmas na estrutura dimensionada em concreto armado, em
comparação com aquela executada em concreto protendido. Este aumento ficou em torno
de 12% para o concreto e 7% para as fôrmas. Isto ocorreu devido ao aumento na seção
dos elementos estruturais da estrutura de concreto armado para diminuir o efeito das
deformações. Já para o aço, houve uma significativa redução no consumo para a
estrutura em concreto armado, aproximadamente 27%, considerando-se as armaduras de
protensão, sendo este valor influenciado pela grande redução observada nas armaduras
dos pilares.

Para melhor observar isto, a Figura 10 mostra um comparativo de custos para a execução
dos pilares em ambas as soluções. Deve ser notado que, apesar da elevação no custo do
concreto e das fôrmas (cerca de 38% e 2% respectivamente), a redução maciça no custo
das armaduras, em torno de 138%, proporcionada tanto pela maior resistência do
concreto quanto pelo aumento na seção destes elementos, possibilitou uma economia de
aproximadamente 30% no custo total para execução dos pilares. É importante ressaltar
que as seções dos pilares da estrutura em concreto armado sofreram aumentos para que
se obtivesse o γ Z ≤ 1.10 , pois deste modo, os efeitos de 2ª ordem não interferiram no
dimensionamento das vigas e lajes da estrutura.

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2125


Figura 10 – Comparativo do custo com materiais para a execução dos pilares nas duas soluções

Como o principal objetivo deste trabalho é verificar se o uso de concretos de alto


desempenho nas estruturas de concreto armado pode fazer com que estas sejam
consideradas, em alguns casos, como uma alternativa ao uso da protensão, deve-se
partir para uma comparação efetiva apenas do custo dos elementos que utilizaram
protensão, no caso vigas e lajes. A Figura 11 mostra este comparativo.

Figura 11 – Comparativo do custo total das vigas e lajes para as duas soluções

Verifica-se que os serviços de protensão têm um peso considerável tanto no custo total
dos elementos estruturais (cerca de 20%) quanto no preço final da estrutura protendida,
aproximadamente 14%. De uma forma geral, a diferença entre os custos das vigas e lajes
feitas com concreto protendido e das dimensionadas em concreto armado, com concreto
de alto desempenho de f ck = 50 MPa , foi pouco significativa, sendo favorável em pouco
mais de 1% para a solução em concreto protendido. Logo, pode-se afirmar que o uso de
concretos de alto desempenho pode atribuir às estruturas de concreto armado maior
competitividade em empreendimentos onde sejam necessários vãos maiores, podendo
ser considerada como uma alternativa ao uso da protensão, cujo comportamento ao longo
dos anos (perdas de protensão) ainda é um tanto desconhecido, principalmente no Brasil,
onde sua utilização é bem mais recente que a do concreto armado.

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2126


De uma forma geral, a solução estrutural admitida com o uso de concreto armado com
f ck = 50 MPa se mostrou mais econômica que aquela executada em Belém com concreto
protendido de f ck = 30 MPa . Esta economia direta, no custo de execução do
empreendimento foi significativa e ficou em cerca de 6,4%, tendo sido influenciada pela
expressiva redução no custo dos pilares.

6 Conclusões
O uso de concretos de alto desempenho de diferentes resistências tem se mostrado,
segundo resultados de estudos realizados no país, satisfatório para arranjos estruturais
de edifícios de concreto, gerando economia tanto na execução da estrutura quanto na sua
manutenção.

No caso específico deste estudo de caso, o uso de concreto de alto desempenho de


f ck = 50 MPa proporcionou à estrutura modelada em concreto armado competitividade
com a solução em concreto protendido (adotada na construção de um edifício de 27
pavimentos em Belém). Isto mostra que a solução pode ser considerada uma boa
alternativa ao uso da protensão em alguns empreendimentos, pois além da economia
verificada no custo total da estrutura, tornaria esta estrutura seguramente mais durável.

O uso de concretos de alto desempenho, aliados a protensão, pode gerar arranjos


estruturais mais arrojados e econômicos, trazendo ainda benefícios à durabilidade da
estrutura protendida. Contudo, deve ser feita sempre uma análise prévia do
empreendimento considerando a realidade, as necessidades e os reais interesses, para
que se decida de forma racional e adequada onde estas tecnologias devem ser
empregadas, pois ao contrário do que se tem acompanhado nos últimos anos em
algumas regiões do país, nem todas as obras prescindem da protensão.

Por fim, é importante frisar que, a escolha de um determinado sistema estrutural, não
pode considerar apenas os consumos de materiais. Devem-se verificar todos os aspectos
pertinentes ao processo construtivo, tais como: mão-de-obra, recursos e materiais
necessários, recursos disponíveis na região, tempo de execução, etc. Para uma avaliação
mais completa, deve-se fazer, também, uma análise das implicações que cada alternativa
acarreta nas instalações, nas alvenarias e nos tipos de forro. Sendo assim, este trabalho
não tem a pretensão de generalizar os resultados aqui apresentados, mas sim auxiliar no
processo de escolha do sistema estrutural de edifícios semelhantes.

7 Referências
AMARAL FILHO, E. M do. Concreto de Alto Desempenho – Definição e
Características Técnicas. São Paulo, Revista Ibracon, ano VI, n. 2, abr/jul. 98. p.42-5.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 – Projeto e Execução


de Obras de Concreto Armado. Rio de Janeiro, 1978.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 – Projeto de


Estruturas de Concreto. Rio de Janeiro, 2003.

CAVELL, D. G., WALDRON P.. A residual strength model for deteriorating post-
tensioned concrete bridges. Computers and Structures no. 79, p. 361-373, 2001.

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2127


COSTA, A., APPLETON, J.. Case studies of concrete deterioration in a marine
environment in Portugal. Cement & Concrete Composites no. 24, p. 169-179, 2002.

FERREIRA, M.M.F., DA FONTE, A.O.C., NETO, A.C.A. Estudo comparativo entre a


utilização de concretos convencionais e de alto desempenho em estruturas de edifícios
altos. 43º Congresso Brasileiro do Concreto. Foz do Iguaçu, 2001.

Hawken, P., Lovins, E., Levins, H.. Natural Capitalism – Creating the Next Industrial
Revolution, Little Brown and Co., 1999, 369p.

MEHTA, P. K.. Reducing the Environmental Impact of Concrete. In: Concrete


International. ACI, V.23, Nº 10, Oct. 2001, p.61 -66.

PFEIL, W.. Concreto Protendido 1: introdução. Rio de Janeiro, Editora LTC, 2ed., 1988,
204 p.

SANTOS FILHO, C. J. dos. Contribuição para o estudo de viabilidade técnica e


econômica entre o uso de concretos de alto desempenho e concretos
convencionais, no arranjo estrutural de prédios altos. Dissertação de Mestrado,
Departamento de Construção Civil, Universidade Federal do Pará, Belém, PA, 2003,
119p.

SCHOKKER, A. J., WEST, J. S., BREEN, J. E., KREGER, M. E.. Interim Conclusions,
Recommendations, and Design Guidelines for Durability of Post-Tensioned Bridge
Substructures. Center for Transportation Research, Bureau of Engineering Research,
University of Texas, October, 1999.

STEVENSON, A. M.. Post-tensioned Concrete Floors in Multi-Storey Buildings: An


introduction to the development, benefits, design and construction of in-situ
prestressed suspended floors. British Cement Association Publication no. 97.347,
1994.

Anais do VI Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 2128

Você também pode gostar