Você está na página 1de 7

VII ENCONTRO ENSINO EM ENGENHARIA

PROGRAMA
COOPERATIVO

AS NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES CONFRONTADAS COM A


RESOLUÇÃO CFE 48/76, SOB A ÓTICA DO SISTEMA DE FISCALIZAÇÃO DO
EXERCÍCIO PROFISSIONAL.

Rubenildo Pithon de Barros - rpbarros@taurus.ime.eb.br


Professor do Instituto Militar de Engenharia, M.Sc., Conselheiro Efetivo do CREA/RJ,

Assed Naked Haddad - assed@poli.ufrj.br


Professor Adjunto da Escola Politécnica da UFRJ, D.Sc., Conselheiro Efetivo do CREA/RJ,

Resumo: Tomando como ponto de partida a Constituição Federal de 1988 (CF/88) e a Lei de
diretrizes e bases da educação nacional (LDB), o presente trabalho percorre algumas instâncias
legais e normativas, no âmbito do Ministério da Educação, definidoras de parâmetros norteadores da
formação do Engenheiro, buscando, através do confronto com a legislação que disciplina a
Fiscalização do Exercício Profissional de Engenharia, estabelecer possíveis pontos de conflito,
advindos do afastamento temporal e da aplicação desses dispositivos legais. Conclui que o Sistema de
Fiscalização do Exercício Profissional mantém, em seus instrumentos legais, linguagem e forma
próprias, diferenciadas das usadas nas escolas de Engenharia. Estabelece, por fim, os vínculos legais
entre os sistemas de ensino e de Fiscalização do Exercício Profissional.

1
1. INTRODUÇÃO

A Lei nº 9.349, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação


nacional (LDB), introduziu uma série de inovações, principalmente no que diz respeito à educação
superior, citando-se como exemplo a criação dos cursos seqüenciais (Art. 44, I).
Após sua promulgação, não só as universidades e instituições de ensino superior, como o
próprio sistema de fiscalização do exercício profissional da Engenharia, representado pelo Conselho
Federal de Engenharia Arquitetura e Agronomia (CONFEA) e pelos Conselhos Regionais (CREA’s),
num processo ainda não concluso, mesmo com cinco anos decorridos, procuram adaptar -se aos novos
paradigmas propostos.
No campo da Engenharia, até a data em que o presente trabalho foi concluído, ainda não foram
aprovadas ou publicadas as Diretrizes Curriculares, instrumento legal que viria substituir o
denominado "currículo mínimo", aprovado pela Resolução do Conselho Federal de Educação – CFE
(hoje extinto) Nº 48 de 27 de abril de 1976, que para todos os efeitos leais, ainda está em vigor. Das
áreas jurisdicionadas pelo CONFEA, apenas a Geografia teve suas diretrizes curriculares aprovadas e
homologadas.
Das diretrizes curriculares para a Engenharia, existe uma série de versões, periodicamente
atualizadas, porém ainda sem força legal, valendo a pena mencionar a do sistema CONFEA/CREA’s e
a da Comissão de Especialistas do Ensino de Engenharia do MEC.
Acima de todos os dispositivos legais citados, a Constituição Federal de 1988 provê o
arcabouço jurídico maior, estabelecendo alguns parâmetros importantes, dos quais se destacam, no que
diz respeito ao ensino, a autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e
patrimonial das universidades (Art. 207) e a extensão do ensino à iniciativa privada, sendo atendidas
condições que incluem cumprimento das normas gerais da educação nacional bem como autorização e
avaliação de qualidade pelo poder público (Art. 209).
Quanto à educação a LDB esclarece, in verbis:
“Art. 1º Educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, ...
Parágrafo primeiro. Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
Parágrafo segundo. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho
e a prática social.
Art. 21 A educação escolar compõe-se de:
I – educação básica;
II – educação superior.”
Ainda acerca da relação educação e mundo do trabalho, exercício de profissão, etc., temos:
“Art.2º A educação, ... ,tem por finalidade o pleno desenvolvimento de educando,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
...
XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.”
Já a Constituição Federal de 1988 no seu Art. 205, in verbis diz que: “A educação ... será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa ... e sua qualificação para o trabalho.”.
Novamente a LDB, no seu Capítulo IV – Da Educação Superior, frisa que:
“Art. 43 A educação superior tem por finalidade:
...
II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptas para a
inserção em setores profissionais ... ;
...
V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento profissional e possibilitar
correspondente concretização, integrando os ... ”
Também é algo a se comentar que na LDB, quanto às atribuições da União e relativamente às
atividades das universidades temos:

2
“Art. 9º A União incumbir-se-á de:
...
VII – baixar normas gerais sobre ensino de graduação;
e;
Art. 52 As universidades são instituições pluridisciplinares de formação de
quadros profissionais (no ensino, vale ressaltar), de pesquisa, de extensão, ...”
Quanto ao exercício profissional, destaca-se o Artigo 5º da Constituição Federal de 1988, abaixo
transcrito:
Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
...
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;” (grifos sempre nossos)
A expressão genérica "qualificações profissionais que a lei estabelecer" representa, na opinião
dos autores, a ligação primeira entre a formação e o exercício profissional, aí particularizando-se a
Engenharia.

2. CURRÍCULO MÍNIMO E DIRETRIZES CURRICULARES

Apesar das críticas que recaíram sobre a Resolução 48/76 do CFE, uma análise mais acurada e
devidamente temperada pela observação de seu desdobramento ao longo de vinte e cinco anos de
aplicação revela que esta possui vários aspectos positivos, na medida em que poderia, com algumas
(poucas) alterações enquadrar -se no espírito da LDB vigente. Essa afirmação é bem explicitada no site
do INEP na internet: http://www.inep.gov.br/enc/diretrizes/Engenharias.htm, motivo pelo qual não se
tecerão outros comentários acerca do enquadramento citado.
Deve ser ressaltado o que dispõe o seu Art. 17, in verbis, a saber:
“Art. 17 - Os órgãos colegiados competentes das instituições que ministram a Curso
de Engenharia deverão indicar, em termos genéricos, ao Conselho Federal de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), em função do currículo pleno
que for desenvolvido em suas habilitações, as características dos Engenheiros por
elas diplomados.”
Verifica-se, desse modo, a preocupação do legislador em compatibilizar a formação do
Engenheiro com o sistema de fiscalização do exercício profissional da Engenharia. Nessa ocasião,
como até nos dias de hoje, a legislação do CONFEA que estava em vigor não foi alterada em sua
essência e mesmo conteúdo, como será mostrado neste trabalho.
A Resolução. 48/76 CFE, contemplava uma carga horária mínima (3600 horas) e uma duração
de curso de Engenharia variável de quatro a nove anos sem, contudo, estabelecer cargas horárias para
as disciplinas, salvo no caso de atividades de laboratório, deixando tal encargo a cada instituição de
ensino de Engenharia. Definia seis áreas de habilitação, a saber, Civil, Elétrica, Mecânica, Metalurgia,
Minas e Química. Estabelecia uma divisão de matérias englobando formação básica, formação geral,
formação profissional geral e formação profissional específica.
No seu Art. 15, destina um mínimo de 30 horas para a realização de estágios supervisionados
de curta duração, estabelecendo no parágrafo único do referido artigo que o número de horas pode ser
aumentado, definindo, para efeito de integralização, um máximo de um décimo do número de horas
fixado para o curso.
Ressalte-se que, em seu Anexo I, entre as matérias de formação geral, estabelecia a matéria
"Ciências do Ambiente" que deveria incluir "A biosfera e seu equilíbrio. Efeitos da tecnologia dobre o
equilíbrio ecológico. Preservação dos recursos naturais.". Interessante lembrar, principalmente para os
que foram graduados nos primeiros anos de sua vigência, como causava estranheza essa matéria.
Desnecessário frisar como é atual e até determinante, já com outra roupagem, a ponto de justificar a
criação da nova área de Engenharia Ambiental, através da Portaria 1.693 de 5 de dezembro de 1994.
Esta Portaria mantém-se fiel à Resolução 48/76 definindo, para a área recém-criada, as
matérias de Formação Básica e de Formação Profissional. Destaca-se seu Artigo 2º, incluindo a

3
Biologia como matéria de Formação Básica e o Artigo 3º que define as matérias de Formação
Profissional Geral.
Naturalmente, a evolução científica e tecnológica demanda constante atualização dos
currículos, entretanto, ao longo da resolução, verifica-se seu caráter não restritivo, ao permitir o
acréscimo ou desdobramento de matérias, necessário à complementação da formação básica ou
profissional.
Na análise e delineamento das diretrizes curriculares da Engenharia, tomou-se por base as
Diretrizes Curriculares do Curso de Geografia, categoria que, no grau bacharelado, tem seu exercício
profissional jurisdicionado pelo CONFEA, o Anteprojeto de Resolução para os Cursos de Engenharia,
disponível na página do MEC na Internet, ainda na versão de 05 de maio de 1999.
A própria linguagem das diretrizes curriculares difere da Resolução 48/76, na medida em que
define um perfil profissional, a partir do qual são estabelecidas as “competências e habilidades” (Art.
2º do Anteprojeto) que os egressos devem possuir. Essas competências e habilidades são definidas
pelos verbos utilizados na operacionalização de objetivos educacionais (aplicar, conceber, avaliar,
etc.). Essa linguagem já foi consagrada nas diretrizes curriculares para os cursos de Geografia.
Determina uma carga horária mínima de 3000 horas (contra 3600 da Res. 48/76) e duração
mínima de quatro anos para os cursos de Engenharia, deixando a fixação do prazo máximo para cada
instituição. No caso da Geografia, não há fixação de duração do curso ou carga horária, bem como dos
estágios.
Diferentemente da Resolução 48/76, onde são categorizadas as matérias em grupos de
formação (básica, geral, profissional), o Anteprojeto fixa um mínimo de 35% da carga horária mínima
para um núcleo de conteúdos básicos que englobam desde Comunicação e Expressão até Mecânica
dos Sólidos, englobando o que seriam as matérias de formação básica e formação profissional geral da
Resolução 48/76.
Fixa um mínimo de 15% da carga horária mínima de cada curso de Engenharia para o que
denomina “conteúdos profissionalizantes”, destinando o restante do tempo para “extensões e
aprofundamentos do núcleo profissionalizante”.
Quanto a estágios curriculares, o Anteprojeto define de modo explícito seu caráter obrigatório,
estabelecendo uma duração mínima de 160 horas.
No Art. 14, o Anteprojeto dispõe:
Art. 14 – Estas diretrizes referem-se exclusivamente à formação acadêmica não
abrangendo os aspectos relativos ao registro para o exercício da profissão.
Constata-se, desse modo, a intenção de dissociar a formação acadêmica (habilidades) do
exercício profissional (competência legal).
Outros pontos de comparação poderiam ser extraídos, fugindo, entretanto aos objetivos do
presente trabalho.
Durante o processo de consultas realizado pelo MEC/SESu para recebimento de propostas, o
CONFEA, após consultas junto aos CREAs, encaminhou um anteprojeto fixando diretrizes
curriculares para os cursos de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo e Geografia. Estabelece uma
divisão em duas partes, uma comum a todas as áreas e outra diversificada, função de cada área.
Mantém o tempo mínimo de 3600 horas, igualmente divididas pelas duas partes citadas e estabelece
um máximo de 5400 horas, bem como um mínimo de 60 dias para estágios supervisionados. No Art.
16 cita a Lei 5.194/66 estabelecendo que as Instituições de Ensino de Engenharia devem indicar
anualmente o perfil dos Engenheiros diplomados. Uma digressão interessante é notar que no Artigo 10
da Lei 5194/66 não consta a freqüência anual da informação.
A linguagem do anteprojeto de resolução proposto pelo CONFEA é a encontrada na legislação
do exercício profissional de Engenharia. Como exemplo, usa a expressão Instituições de Ensino de
Engenharia, enquanto o anteprojeto encontrado no site do MEC se refere aos cursos de engenharia.
De um modo geral, abstraindo-se a forma e linguagem, nota-se pontos comuns que, evidencia
uma concordância tácita com os princípios básicos, restando a divergência quanto ao tempo de
duração dos cursos de engenharia.

3. O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA ENGENHARIA

4
O Segundo Hely Lopes Meireles, a Engenharia e a Arquitetura eram atividades livres a
diplomados e leigos no Brasil, até o Decreto Imperial de 29 de agosto de 1828 que define as primeiras
exigências para a elaboração de projetos e trabalhos de construtor.
O Decreto 23569, de 11 de dezembro de 1933 foi o primeiro instrumento legal que
regulamentou o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Agrimensor, instituindo como
responsáveis pela coordenação e fiscalização dessas atividades o Conselho Federal de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (CONFEA) e os Conselhos Regionais (CREA’s). O decreto ainda está em
vigor, havendo muitos profissionais de Engenharia ainda enquadrados por ele, que fixa atribuições
mais amplas (até pelas características do ensino de Engenharia na época) do que as Resoluções mais
recentes do CONFEA que disciplinam a matéria.
Em 24 de dezembro de 1966 foi promulgada a Lei 5194 que passou a disciplinar inteiramente
a matéria, a qual, embora assegurasse aos profissionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, já
diplomados e aos que se encontrassem matriculados nas respectivas escolas, os direitos adquiridos.
Observa-se assim que a legislação de fiscalização do exercício profissional precede a
legislação que estabelece parâmetros e currículos mínimos para a formação do Engenheiro, do
Arquiteto e do Agrônomo.
Estabelece a Lei 5194/66, in verbis, em seu Art. 2º:
“Art. 2º - O exercício, no País, da profissão de engenheiro, arquiteto ou engenheiro-
agrônomo, observadas as condições de capacidade e demais exigências legais, é
assegurado:
a) aos que possuam, devidamente registrado, diploma de
faculdade ou escola superior de Engenharia, Arquitetura ou Agronomia, oficiais ou
reconhecidas, existentes no País;”
Percebe-se, claramente, a subordinação do exercício profissional à formação em instituição de
ensino, avançando nos Artigos 10 e 11, in verbis:
“Art. 10 - Cabe às Congregações das escolas e faculdades de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia indicar ao Conselho Federal, em função dos títulos
apreciados através da formação profissional, em termos genéricos, as características
dos profissionais por elas diplomados.
Art. 11 - O Conselho Federal organizará e manterá atualizada a relação dos títulos
concedidos pelas escolas e faculdades, bem como seus cursos e currículos, com a
indicação das suas características.”
Pelo Artigo 10, observa-se, implicitamente, o reconhecimento pelo CONFEA da possibilidade
da existência de títulos diferentes, enquanto que, pelo Artigo 11, O CONFEA é obrigado a manter um
cadastro atualizado de títulos, cursos, currículos e características de cada curso.

No que diz respeito à definição das atribuições profissionais o instrumento adotado pelo
CONFEA é o uso de Resoluções, obedecendo ao prescrito na letra “f” do Artigo 27. Ainda de acordo
com a Lei 5.194/66, os Conselhos Regionais devem ser ouvidos. Desse modo, o processo de geração
de uma Resolução é demorado, já que todos os Regionais são ouvidos e, dentro destes, as suas
Câmaras e Comissões opinam.
A primeira resolução, a partir da Lei 5.194/66, que definiu as atividades sujeitas à fiscalização
pelo CONFEA/CREA’s foi a Resolução 218, de 29 de junho de 1973, portanto quase sete anos após a
publicação da Lei. Até então, estavam em vigor os Decretos 23.169/33, que regulava o exercício da
profissão agronômica e o 23569/33 que regulava as profissões de engenheiro, de arquiteto e de
agrimensor.
A Resolução 218/73 enumera em seu Art. 1º dezoito grupos de atividades sujeitas à
fiscalização profissional, destacando-se a Atividade 08 - Ensino, pesquisa, análise, experimentação,
ensaio e divulgação técnica. Do Art. 2º ao Art. 22 discrimina as áreas específicas de atuação, de cada
modalidade em função das atividades definidas anteriormente.
Observa-se, assim, uma tendência, mantida até os dias de hoje, de compartimentalização das
atribuições profissionais. Esse aspecto restritivo da Resolução 218/73 é amplificado no Art. 25 que
estabelece:
“Art. 25 - Nenhum profissional poderá desempenhar atividades além daquelas que lhe
competem, pelas características de seu currículo escolar, consideradas em cada caso,

5
apenas, as disciplinas que contribuem para a graduação profissional, salvo outras
que lhe sejam acrescidas em curso de pós-graduação, na mesma modalidade”.
(grifos nossos)
Traduzindo em termos concretos e da forma como é implementada até os dias de hoje, apenas
o curso de graduação gera atribuições profissionais. Um Engenheiro Mecânico, por exemplo, que
conclua um mestrado e mesmo doutorado em Ciência dos Materiais, no que diz respeito à aplicação da
Resolução 218/73, não recebe nenhum acréscimo de atribuições.
Para um profissional afeto à vida acadêmica, seja professor ou pesquisador, acostumado ao
desempenho de pesquisas multidisciplinares, tal dispositivo legal soa estranho e desvinculado de sua
realidade cotidiana.
Uma exceção importante e amparada por legislação própria diz respeito ao Curso de
Engenharia de Segurança do Trabalho. Atualmente este curso é de especialização em nível de pós-
graduação e, no entanto, gera atribuições específicas, independentes da graduação cursada. Assim, um
Engenheiro Agrônomo, por exemplo, no campo da segurança do trabalho, terá, de acordo com a
legislação do CONFEA, as mesmas atribuições de um Engenheiro Aeronáutico que atue no mesmo
campo.
Esta situação advém da maneira como é entendida e aplicada a Resolução nº 359, de 31 de
julho de 1991, do CONFEA, que dispõe sobre o exercício profissional, o registro e as atividades do
Engenheiro de Segurança do Trabalho e dá outras providências e pela Resolução nº 437, de 27 de
novembro de 1999, também do CONFEA, que dispõe sobre a Anotação de Responsabilidade Técnica
– ART relativa às atividades dos Engenheiros e Arquitetos, especialistas em Engenharia de Segurança
do Trabalho e dá outras providências.

4. CONCLUSÕES

Frisando que os anteprojetos de resolução citados, referentes às diretrizes curriculares para a


Engenharia, ainda não foram aprovados, excetuando-se as diretrizes curriculares do Curso de
Geografia, já aprovadas, observa-se que, mesmo guardando semelhanças de enfoque nos conteúdos, há
divergências, mormente quando confrontado o anteprojeto proposto pelo CONFEA dos demais. Isto é
mais evidente tanto no que diz respeito à linguagem quanto à forma, evidenciando, numa primeira
visão, o afastamento do CONFEA das questões acadêmicas, apesar de contar em seu Plenário com
representantes dos docentes de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
Apesar de não haver, explicitamente, vinculação entre as legislações que regem a formação do
engenheiro e aquela que regula seu exercício profissional, não se pode dissociar as duas atividades. A
primeira é pré-requisito para a segunda, segundo disposto em Lei Federal.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988.


BRASIL. Lei nº 9.349, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional
BRASIL. Decreto Federal Nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933. Regula o exercício das profissões
de engenheiro, de arquiteto e de agrimensor.
BRASIL. Lei Nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profissões de Engenheiro,
Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências.
Conselho Federal de Educação (CFE). Resolução no 48, de 27 de abril de 1976. Fixa os mínimos de
conteúdo e de duração do Curso de Graduação em Engenharia. Brasília.
Conselho Federal de Educação (CFE). Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973. Discrimina
atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Brasília.
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA). "Diretrizes Curriculares -
Uma Proposta do Sistema CONFEA/CREA’s". Brasília, 1998.
Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior (CNE/CES), Parecer no CNE/CES
492/01, aprovado em 03 de abril de 2001. Aprova as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Geografia. Brasília.

6
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), Resolução 359 de 31 de julho
de 1991. Dispõe sobre o exercício profissional, o registro e as atividades do Engenheiro de Segurança
do Trabalho e dá outras providências. D.O.U., Brasília, p. 24564, 1 nov. 1991. Seção 1.
INEP. "Diretrizes Curriculares para os Cursos de Engenharia".
http://www.inep.gov.br/enc/diretrizes/Engenharias.htm
MEIRELLES, HELY LOPES “Direito de Construir”. São Paulo. Malheiros Editores, 1996.

Você também pode gostar