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USO DO AÇO
PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO
DE ESTRUTURAS METÁLICAS
EM SITUAÇÃO DE
CORROSÃO E INCÊNDIO
5ª Edição
2011
NO DIA-A-DIA
NA CONSTRUÇÃO CIVIL
NO TRANSPORTE
É o aço dos carros, caminhões, ônibus, trens, metrôs, navios, bicicletas e motocicletas. São
muitos os meios de transportes produzidos com o aço brasileiro.
Distribuem as riquezas e espalham o progresso.
Exportam produtos, importam divisas e são importantes veículos de turismo e lazer.
Mais que o aço que você vê, o seu dia-a-dia é repleto de um aço que você não vê.
É o aço brasileiro presente nas indústrias que fabricam todos os produtos que não recebem nem
um grama de aço. É o aço das máquinas e das ferramentas industriais que manufaturam tecido,
madeira, plástico, louça, papel, brinquedos, couro, borracha e de todos os outros materiais.
É o aço das hidrelétricas, termelétricas e nucleares. O aço das torres de transmissão, dos
transformadores, das subestações e dos cabos elétricos. É o aço das plataformas, tubulações e
equipamentos de prospecção e extração de petróleo, dos oleodutos, gasodutos, petroleiros,
reservatórios, barris e butijões.
Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
1 - Referências Bibliográficas Gerais – Corrosão – Livros e Artigos Técnicos . 73
2 - Referências Bibliográficas Gerais – Corrosão – Normas . . . . . . . . . . 73
3 - Referências Bibliográficas Gerais – Incêndio – Livros e Artigos Técnicos. . 74
4 - Referências Bibliográficas Gerais – Incêndio – Normas . . . . . . . . . . 75
Corrosão pode ser definida, de modo muito simples, como sendo a tendência espontânea do
metal produzido de reverter ao seu estado original (p.ex., um óxido hidratado), de mais baixa
energia livre. Outra definição, amplamente aceita, é a que afirma que corrosão é a
deterioração de propriedades que ocorre quando um material reage com o ambiente.
A corrosão pode ocorrer através de variadas formas, e sua classificação pode ser feita, por
exemplo, através da aparência do metal corroído. As formas mais comuns que acometem o
aço carbono são a corrosão uniforme, a corrosão galvânica, a corrosão por frestas e, em
certas situações específicas, a corrosão por pites. Esta última, embora menos comum, não é
menos importante que as demais.
A corrosão galvânica pode ocorrer quando duas ligas diferentes, em contato elétrico (ou
conectadas por um condutor elétrico) são expostas a uma mesma solução condutora de
eletricidade (um “eletrólito”). Uma diferença de potencial elétrico existente entre diferentes
metais ou ligas acaba por fornecer o potencial termodinâmico necessário à manutenção do
processo de corrosão.
As condições ambientais dentro de uma fresta podem, com o tempo, tornarem-se muito
diferentes daquelas encontradas em uma superfície próxima, limpa e exposta ao ambiente
externo. Um ambiente muito mais agressivo pode se desenvolver e causar a corrosão
localizada no interior da fresta. Frestas acontecem, por exemplo, nos pontos de contato entre
parafusos e componentes estruturais e nos intervalos existentes entre pontos de solda
descontínua. Frestas também podem ser criadas por depósitos de sujeira ou de produtos de
corrosão, riscos em pintura, etc.
A figura 1 ilustra algumas das formas de corrosão mais comumente encontradas nas
estruturas metálicas.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
• Oxidação e corrosão quente (8%);
Entre parênteses está indicada, de forma estimada, a incidência, de uma maneira geral, de
cada um dos tipos de corrosão. Nota-se que, de longe, a corrosão em meios aquosos é a mais
comum. Isto é esperado, uma vez que a maioria dos fenômenos de corrosão ocorre no meio
ambiente, onde a água é o principal solvente. A corrosão atmosférica ocorre através da
condensação da umidade na superfície do metal.
AMBIENTE
METAL METAL OU
MAIS NÃO-METAL
NOBRE
METAL
É amplamente aceito que os dois primeiros grupos são caracterizados por processos
essencialmente eletroquímicos. Já a natureza dos processos que ocorrem nos dois últimos
grupos ainda não pôde ser precisada, uma vez que os seus mecanismos ainda não foram
devidamente estabelecidos.
A distância que a corrente elétrica percorre numa reação de corrosão eletroquímica pode
variar bastante, indo de dimensões de um tamanho de grão metálico (m m), como no caso da
dissolução de um metal em uma solução ácida, até quilômetros de distância, como no caso
da corrosão por correntes de fuga em tubulações enterradas nas vizinhanças de uma estrada
de ferro eletrificada.
10
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Na maioria das reações eletroquímicas os íons se movimentam através de eletrólito líquido,
normalmente aquoso. No entanto, em reações de oxidação (p. ex.. a reação à temperatura
elevada entre um metal e o oxigênio atmosférico), onde não se tem eletrólito líquido, o
movimento de íons ocorre através da película de óxido metálico que se forma na superfície do
metal. Este óxido funciona como um eletrólito sólido e garante a natureza eletroquímica da
reação.
11
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Um ponto fundamental deve ser ressaltado: para que a corrosão atmosférica do
aço carbono aconteça, é necessária a presença simultânea de água e oxigênio.
Na ausência de um deles, a corrosão não acontecerá. Um exemplo importante é
observado no comportamento das estacas de aço cravadas em solos naturais.
Ainda que estejam em contato com água, elas não sofrem corrosão apreciável ao
longo dos anos, devido à baixa concentração (e também difusão) do oxigênio do
ar nos solos.
A corrosão atmosférica dos aços-carbono, como o próprio nome indica, trata da reação do
oxigênio, constituinte da atmosfera, à temperatura ambiente, com o metal, estando a
superfície recoberta por uma película (macroscópica ou microscópica) de água e agentes
poluentes dissolvidos, chamados, em conjunto, de eletrólito.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
ácido sulfuroso (H2SO3), ou, ainda, em contato com a água e o oxigênio (na presença de
catalisadores, como os íons ferrosos), ácido sulfúrico (H2SO4), de acordo com as reações:
A reação do ácido sulfúrico com o aço carbono resulta em sulfato ferroso, que promove a
dissolução do ferro:
Os óxidos de nitrogênio, que são formados durante a combustão em altas temperaturas (em
motores de ciclo Diesel, por exemplo), têm influência menos acentuada no processo de
corrosão atmosférica do aço carbono.
Umidade Relativa do Ar
Esta condensação ocorre, a princípio, em umidades relativas de 100%, mas pode, sob certas
condições, se manifestar sobre a superfície metálica a umidades inferiores. Isto ocorre
particularmente quando a temperatura do metal é menor do que a temperatura do ar
ambiente (atinge-se o chamado “ponto de orvalho”), quando a superfície é bastante rugosa
(causada pelo fenômeno da tensão superficial, que abaixa a pressão de saturação dentro das
micro porosidades), ou quando a superfície contém depósitos de sais higroscópicos.
A presença de sais depositados exerce uma dupla ação, reduzindo o valor da pressão de
saturação e levando à formação de um eletrólito particularmente agressivo.
As normas ISO 9223 e ISO 9226 definem os critérios relativos à caracterização de uma
atmosfera e o seu grau de corrosividade, determinado a partir da velocidade de corrosão de
metais expostos à atmosfera.
:
• A duração da exposição a uma dada umidade (tempo de umedecimento) t
corresponde
ao período de tempo no qual a umidade relativa é superior a 80% e a temperatura é
-1
superior a 0oC. São descritas cinco categorias, indo de t
1 (< 10 h.ano ) a t
5 (> 5.500
-1
h.ano );
13
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
-3
• A concentração de SO2 atmosférico, dado em m
g.m : São descritas quatro categorias,
-3 -3
indo de Po (< 12 mg.m ) a P3 (90 < P < 250 mg.m ). Uma atmosfera rural, não
poluída, como a de Sorocaba (SP), apresenta um valor médio anual de 5
-3
m g.m , enquanto que uma atmosfera industrial como a encontrada em
-3
Cubatão (SP), possui um valor médio anual de 27 m g.m ;
120
100
MASSA CORRIDA, mg/dm²
80
60
40
20
0
40 50 60 70 80 90
UMIDADE RELATIVA, %
C3 Média 25 - 50 1,5 - 6
C4 Alta 50 - 80 6 - 20
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
A figura 4 qualifica a agressividade ambiental de algumas cidades brasileiras, segundo os
critérios preconizados pela norma ISO 9226.
Bioma
Cerrado
Bioma Bioma
Amazônia Caatinga
Fortaleza: C5
Aracajú: C3
Salvador: C3
Bioma
Mata
Porto Velho: C3 Atlântica
Bioma
Pantanal
Rio de Janeiro: C5
Ubatuba: C5
São Paulo: C3
Cubatão: C5
Bioma
Pampa
Como visto anteriormente, a corrosão atmosférica do aço carbono pode ser descrita, de forma
simplificada, pela reação:
O composto FeOOH, que pode ser considerado como sendo hematita hidratada (2FeOOH =
Fe2O3 + H2O), designa, de modo genérico, a ferrugem. Na realidade, a ferrugem é uma mistura
complexa de várias fases cristalinas e amorfas de óxidos e hidróxidos e de ferro. Sua
estequiometria corresponde aproximadamente à fórmula global FeOOH. Os três principais
componentes da ferrugem são, respectivamente, a lepidocrocita (a -FeOOH), de estrutura
romboédrica, a goethita (g-FeOOH), de estrutura também romboédrica e a magnetita (Fe3O4),
de estrutura cúbica.
15
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
A parte exterior é geralmente porosa, desagregada e friável, sendo constituída principalmente
de goethita e lepidocrocita;
A parte interior, adjacente ao metal, é, em geral, relativamente densa e mais aderente, sendo
formada por magnetita e fases amorfas de FeOOH.
Quando a superfície de aço é exposta à atmosfera, ela é rapidamente recoberta por uma fina
camada de produtos de corrosão. Esta reação acontece tão mais rapidamente quanto mais
úmida e contaminada for a superfície.
Os íons ferrosos em solução reagem com as hidroxilas, formando, após uma série de reações,
g-FeOOH, segundo a reação:
-FeOOH + Fe + 2e Z
2+ -
(6): 8g 3Fe3O4 + 4H2O
-FeOOH + Fe Z
(7): 8g 3Fe3O4 + 4H2O
A ferrugem g -FeOOH se comporta, desse modo, como um oxidante com respeito ao ferro, do
mesmo modo que o oxigênio. De acordo com a equação (17), a reação deverá parar quando
toda a ferrugem for consumida; na realidade, a redução do
?g
-FeOOH não acontece quando o
teor de oxigênio é pequeno.
Durante as fases “secas” (onde a película de água é bastante fina e a concentração de oxigênio
é alta), a magnetita reage com o oxigênio do ar, de acordo com:
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 5: Mecanismo básico da corrosão atmosférica dos aços carbono.
H2O O2
H2O
SO42-
O2 FeOOH
H2O 2+
Fe Fe3O4
H2O 2+ - O2
Fe OH
Fe Fase de corrosão "úmida"
H2O
Chuva
Seca
FeOOH
-
2e
O2
O2
Fe Fase inicial
FeOOH
O2
O2
+
H2O Fe3O4
FeSO4
Fe Fase de corrosão "seca"
Se poluentes tais como o SO2 estiverem presentes na fase aquosa, o consumo de metal será
acelerado na fase “úmida”, havendo a precipitação de FeSO4 no fundo da cela de corrosão
durante a fase “seca”.
Os ciclos de umedecimento e secagem alternados exercem, desse modo, uma forte influência
na velocidade média de corrosão do aço.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 6: Mecanismo básico ilustrativo da corrosão galvânica.
Eletrólito
Me z+ Rz-
R
Me
ze-
Anodo Catodo
Metal A Metal B
a. Material Heterogêneo
Cada metal ou liga pode ser caracterizado pelo seu potencial de corrosão. Medidas
experimentais tornam possível o estabelecimento de uma tabela ordenada de potenciais de
corrosão denominada série galvânica. Esta tabela, que não deve ser confundida com a tabela
dos potenciais de eletrodo padrão, fornece, para um dado meio considerado, uma
classificação de diferentes metais e ligas segundo seu potencial de corrosão. A partir destas
indicações, torna-se possível estimar a pilha que será criada pelo acoplamento elétrico dos
dois metais diferentes. Observa-se o aumento da velocidade de corrosão do metal menos
nobre (aquele que possui o menor potencial de corrosão) e uma diminuição da velocidade de
corrosão do metal mais nobre (o que apresenta o maior potencial de corrosão) naquele dado
meio. A figura 7 ilustra uma série galvânica para a água do mar.
Este efeito pode ser utilizado com vantagens na proteção de um metal ou liga frente à
corrosão, e é conhecido como proteção catódica: o material que tem predominância da
reação anódica (o anodo de sacrifício) acaba protegendo o resto da estrutura, que passa a
ser, preponderantemente, catodo.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 7: Série galvânica para diferentes metais e ligas, em água do mar. O metal (ou
liga) situado acima na tabela (isto é, aquele que possui o menor potencial de
corrosão) protege o metal (ou liga) que possui maior potencial de corrosão
(isto é, situado abaixo deste na tabela), corroendo-se preferencialmente.
É importante ressaltar que a série galvânica representada na figura acima foi determinada
experimentalmente, para pares galvânicos imersos em água do mar em movimento. O que
ocorreria, por exemplo, em um ambiente industrial úmido? O ordenamento mostrado acima,
de modo geral, não é alterado. Assim, na falta de uma série galvânica específica, pode-se
utilizar a série apresentada na figura 7, sem que se cometa, de modo geral, equívocos.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
No primeiro caso, é a quantidade do revestimento (isto é, espessura) que acaba sendo o
fator primordial de proteção, enquanto que, no segundo caso, é a qualidade do revestimento
que se revela primordial (ausência de defeitos que podem levar ao ataque localizado do
substrato, sob o revestimento). A corrosão devida ao acoplamento galvânico de dois metais
(ou ligas) dependerá de muitos parâmetros, tais como a composição química das ligas,
presença de produtos de corrosão, composição, pH e agitação do eletrólito, e, muito
importante, a razão de áreas anodo/catodo. A figura 8 ilustra o ataque galvânico que ocorre
entre o aço carbono e o cobre, banhados por uma água potável agressiva.
Aço
Cobre
FeOOH H2O + O2
Fe2+ Fe2+
Água potável
agressiva
Catodo
Anodo
b. Meio Heterogêneo
Quando o aço carbono é colocado em um eletrólito neutro (p.ex.: cloreto de sódio), pode-
se observar o ataque intenso nas regiões pouco aeradas e a redução catódica nas regiões
aeradas. O pH das regiões aeradas (áreas catódicas) se torna mais alto devido à redução
do oxigênio, envolvendo a formação de íons hidroxila (o que contribui para a passivação
local da liga.
A corrosão por aeração diferencial é a responsável, por exemplo, pelo ataque existente nas
(pequenas) frestas formadas entre, p.ex., parafusos e componentes estruturais, soldas
descontínuas e chapas metálicas guardadas empilhadas. A figura 9 ilustra o conceito de pilha
de aeração diferencial.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 9: Exemplos de pilhas de aeração diferencial (frestas).
Frestas
Eletrólito
Anodo
Mez+ Rz--
OH R2
O
H2O
Fe2+
Fe ze-ze-
Anodo Catodo
Todos os aços contêm pequenas quantidades de elementos de liga, tais como carbono,
manganês, silício, fósforo e enxofre, seja porque estes integravam as matérias-primas
(minérios e coque) com que foram fabricados, seja porque lhes foram deliberadamente
adicionados, para lhes conferirem determinadas propriedades. De modo geral, as adições
são pequenas, de no máximo 0,5 a 0,7% da massa total do metal, proporção em que tais
elementos não têm qualquer efeito apreciável sobre a resistência deste à corrosão
atmosférica. As pequenas variações de composição que inevitavelmente ocorrem durante o
processo de fabricação do metal tampouco afetam significativamente suas características.
Entretanto, existem exceções. Sabe-se há mais de 80 anos, por exemplo, que a adição de
pequenas quantidades de cobre, níquel, cromo, fósforo e outros elementos químicos têm um
efeito benéfico sobre os aços, reduzindo a velocidade em que são corroídos, quando
expostos à atmosfera. Dentre estes elementos químicos, o cobre é o que apresenta maior
influência. A figura 10 mostra dois aços laminados a quente, pintados, riscados e expostos
em atmosfera industrial por 12 meses. A série inferior corresponde à liga-mãe – um aço
carbono comum. A série superior corresponde à mesma liga-mãe, onde somente foi feita a
adição de 0,2% de cobre. Podemos observar a menor progressão da ferrugem sob a tinta,
nas amostras contendo cobre.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 10: Resultado da exposição atmosférica de um aço laminado a quente sem
adição de cobre (série inferior) e, do mesmo aço, agora com adição de 0,2%
de cobre (série superior). Os corpos-de-prova formam pintados com tinta
epoxídica (200? m – base seca), riscadas e expostas à atmosfera industrial
por 12 meses.
O aço Cor-Ten foi desenvolvido originalmente para a indústria ferroviária, e sua grande virtude
aparente era permitir a construção de vagões mais leves. A propriedade de resistir à corrosão
foi alcançada quase que por casualidade, embora desde o fim do século XIX já se
conhecessem as influências benéficas do cobre e do fósforo.
A ferrugem formada sobre estes aços, por possuir uma coloração e uma morfologia distinta,
atraiu a atenção de vários arquitetos. Em 1958, o arquiteto norte americano Eero Saarinen
utilizou-o na construção do edifício-sede da John Deere, em Moline, no estado de Illinois. Este
foi o primeiro uso de aços patináveis, não pintados, na construção civil. A figura 11 mostra
este edifício. O aço foi deixado aparente nessa obra, tendo o arquiteto considerado que a
ferrugem que sobre ele se formava constituía por si mesma um revestimento não só aceitável,
como atraente. O pleno esclarecimento do mecanismo responsável pela formação da pátina
protetora só veio a ser alcançado já nos anos 70.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 11: Edifício-sede da John Deere, em Moline (Ilinois – USA), todo feito em aço
patinável aparente.
Desde o lançamento do Cor-Ten, até os nossos dias, desenvolveram-se outros aços com
comportamentos semelhantes, que constituem a família dos aços conhecidos como
patináveis. Enquadrados em diversas normas, tais como as normas brasileiras NBR 5008,
5920, 5921 e 7007, e as norte-americanas ASTM A242, A588 e A709, que especificam limites
de composição química e propriedades mecânicas, estes aços tem sido utilizados no mundo
todo na construção de pontes, viadutos, edifícios, silos, torres de transmissão de energia, etc.
No Brasil, aços desse tipo encontram também grande aceitação entre os arquitetos para
estruturas aparentes. Além de inúmeras pontes e viadutos espalhados por todo o país,
formam, p.ex., a estrutura da catedral de Brasília e do edifício-sede da Associação Brasileira
de Metalurgia e Materiais (ABM), em São Paulo.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
1.4.1 - Desempenho dos Aços Patináveis
O que distinguia o novo produto, dos aços comuns, no que diz respeito à resistência à
corrosão, era o fato de que, sob certas condições ambientais de exposição, ele podia
desenvolver em sua superfície uma película de óxidos aderentes e protetores, chamados de
pátina, que atuava reduzindo a velocidade do ataque causado pelos agentes corrosivos
presentes no meio ambiente. Durante os primeiros anos de exposição à atmosfera, a perda
de massa metálica por unidade de superfície cresce segundo uma função potência do tipo
Dm = kt1-n onde D m é a perda de massa por unidade de superfície (mg/cm²), k e n são
constantes e t é o tempo de exposição, em meses.
160 160
Perda de Massa, mg/cm2
Perda de Massa, mg/cm2
120 120
80 80
40 ASTM A 36 40 ASTM A 36
AÇOCOR 500 AÇOCOR 500
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100120 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 120
Tempo, meses Tempo, meses
160 160
Perda de Massa, mg/cm2
120 120
80 80
ASTM A 36
ASTM A 36 AÇOCOR 500
40 40
AÇOCOR 500
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100120 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 120
Tempo, meses Tempo, meses
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
1.4.2 - Do que Depende a Formação da Pátina?
A formação da pátina é função de três tipos de fatores. Os primeiros a destacar estão ligados
à composição química do próprio aço. Os principais elementos de liga que contribuem para
aumentar-lhe a resistência frente à corrosão atmosférica, favorecendo a formação da pátina,
são o cobre e o fósforo (o cromo, o níquel, e o silício também exercem importantes efeitos
secundários). Cabe observar, no entanto, que o fósforo deve ser mantido em baixos teores
(menores que 0,1%), sob pena de prejudicar certas propriedades mecânicas do aço e sua
soldabilidade.
Em segundo lugar vêm os fatores ambientais, entre os quais sobressai a presença de dióxido
de enxofre e de cloreto de sódio na atmosfera, a temperatura, a força (direção, velocidade e
freqüência) dos ventos, os ciclos de umedecimento e secagem, etc. Assim, enquanto a
presença de dióxido de enxofre, até certos limites, favorece o desenvolvimento da pátina, o
cloreto de sódio em suspensão nas atmosferas marítimas prejudica suas propriedades
protetoras. Não se recomenda a utilização de aços patináveis não protegidos em ambientes
industriais onde a concentração de dióxido de enxofre atmosférico seja superior a 250 m g.m-3
-2 -1
e em atmosferas marinhas onde a taxa de deposição de cloretos exceda 300 mg.m .dia .
É importante ressaltar que raros locais do território brasileiro possuem concentrações
elevadas de SO2 a ponto de impedir a formação da pátina. Este não é o caso, entretanto, para
a deposição de cloretos, que são encontrados em alta concentração na costa brasileira.
Os ventos, que carreiam agentes agressivos até o local em que se encontra o metal, têm
importante efeito sobre os ciclos de umedecimento e secagem; tais ciclos são considerados
essenciais ao desenvolvimento de películas protetoras. O efeito da temperatura, embora
provável, ainda não foi claramente caracterizado.
Finalmente, há fatores ligados à geometria da peça, que explicam por que diferentes
estruturas do mesmo aço, dispostas lado a lado, podem ser atacadas de maneira distinta.
Esse fenômeno é atribuído à influência de seções abertas/fechadas, drenagem correta das
águas de chuva e outros fatores que atuam diretamente sobre os ciclos de umedecimento e
secagem. Assim, por exemplo, sob condições de contínuo molhamento, determinadas por
secagem insatisfatória, a formação da pátina fica gravemente prejudicada.
Os elementos de ligação (chapas, parafusos, porcas, arruelas, rebites, cordões de solda, etc.)
devem apresentar não só resistência mecânica compatível com o aço patinável, mas também
compatibilidade de composição química, para evitar o desenvolvimento da corrosão
galvânica. Aços patináveis podem ser soldados através do uso de todas as técnicas usuais,
entretanto, os eletrodos deverão ser compatíveis com a composição química destes aços, de
modo a minimizar a ocorrência de corrosão galvânica junto ao cordão de solda. Os parafusos
estruturais adequados são enquadrados na Norma ASTM A325 Tipo 3 (composição química
semelhante ao Cor-Ten X). Parafusos, porcas e arruelas galvanizadas a quente, sherardizados
ou revestidas de zinco eletrodepositado não deverão ser empregados em conjunto com os
aços patináveis, pois os revestimentos de zinco serão rapidamente consumidos, levando à
exposição de um parafuso que, mais uma vez, é menos nobre do que o aço patinável. Desse
modo, o parafuso poderá ser intensamente corroído.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Como regra geral, aços patináveis tem sido utilizados em seu estado natural, isto é, sem
pintura, em ambientes que propiciem o aparecimento da pátina protetora. Exceções
acontecem quando, por motivos estéticos, o aço deva apresentar certa coloração desejada
ou nas condições em que o aço não pode desenvolver a pátina, como visto anteriormente.
O desempenho do aço patinável pintado com certo sistema de pintura costuma ser superior
àquele obtidos sobre os aços carbono estruturais. Isto, naturalmente, é válido somente no
caso da existência de condições ambientais que promovam a formação da pátina. Nestas
condições, a durabilidade do sistema costuma ser superior à soma das durabilidades
propiciadas isoladamente pela proteção dada lo revestimento e pela própria natureza do
material, isto é, há sinergia dos mecanismos. Uma eventual falha no revestimento levará à
formação de produtos de corrosão bem menos volumosos do que aqueles formados sobre os
aços comuns, aumentando a durabilidade do revestimento.
A figura 13 mostra dois espécimes de aço laminados a quente, um ASTM A 588 (aço
patinável) um ASTM A 572 (aço estrutural comum), expostos por 48 meses na atmosfera
industrial de Cubatão (SP). Estes aços foram jateados com granalha de aço (padrão Sa 3),
pintados com tinta epóxi tolerante à superfície (epóximastic, com 300 m m de espessura
seca); após a secagem, foi feito o entalhe na tinta (um ensaio normatizado) e subseqüente
exposição à atmosfera.
Podemos observar que o aço carbono comum produziu um grande volume de produtos de
corrosão. Houve grande dano à pintura. Já o aço patinável, no mesmo período, produziu
menor quantidade de ferrugem. A tinta está íntegra e continua a oferecer proteção contra a
corrosão. O aço é protegido pela tinta e, mesmo quando alcançado pelo oxigênio e água
atmosféricos (por difusão), acaba por produzir um volume de óxidos consideravelmente
menor do que o gerado sobre o aço carbono, e que não chega a destruir a película. Por esse
motivo, mesmo formando óxidos, a durabilidade da proteção é maior do que no caso do aço
carbono. A corrosão no aço patinável ficou circunscrita à região dos cortes.
26
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Aços patináveis necessitam de pintura (ou outra forma de proteção) em ambientes onde a
pátina protetora não pode ser formada em sua plenitude, tais como:
• Atmosferas contendo gases (ou particulados) corrosivos, como, por exemplo, em áreas
-3
industriais com alta deposição de óxidos de enxofre (> 250 m
g.m ), cloreto de amônia,
ácido clorídrico, etc.;
• Aplicações onde o aço está em contato direto com madeiras ou materiais porosos, que
podem reter a umidade permanentemente em contato com o metal.
Em resumo, podemos afirmar que em situações onde a formação da pátina não é adequada,
exigindo o uso de sistemas de proteção (p. ex.: a pintura), os aços patináveis e os aços
carbono tornam-se praticamente equivalentes na sua aplicação.
Todo projeto deve ser feito de modo a facilitar o preparo de superfície, pintura, inspeção e
manutenção.
As formas dos elementos estruturais e os métodos utilizados para uni-los devem ser tais
que a fabricação, união e qualquer tratamento subseqüente não promovam a corrosão.
27
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Do mesmo modo, considerações devem ser feitas com respeito à forma da estrutura e de
seus elementos com respeito à categoria ambiental, quando se especifica um sistema de
proteção de pintura.
Acessibilidade
Os componentes em aço devem ser projetados para permitir acesso, com a finalidade da
aplicação, inspeção e manutenção do sistema de pintura. Isto pode ser facilitado, por
exemplo, pela instalação de passarelas para vistoria, plataformas, etc. A criação de acessos
para a manutenção em um estágio posterior pode ser difícil, e, se não incluído no projeto, o
projetista deve indicar claramente como pode ser feito no futuro.
Todas as superfícies da estrutura que precisam ser pintadas devem ser visíveis e possíveis de
alcançar através de métodos seguros. As pessoas envolvidas no preparo de superfície,
pintura e inspeção devem estar aptas a se mover facilmente, e de modo seguro por todas as
partes da estrutura, em condições de boa iluminação. As superfícies que serão tratadas
devem ser suficientemente acessíveis para permitir ao operador espaço suficiente para o
trabalho. A Tabela 2 e a Figura 14 tratam das dimensões mínimas recomendadas.
Distância entre a
Comprimento da ferramenta e o Ãngulo de
Operação
ferramenta (D2), substrato (D2), operação (a),
mm mm graus
Ferramental elétrico
- Pistola de pinos 250 a 350 0 30 a 90
- Lixadeira elétrica 100 a 150 0 –
Limpeza manual
- Escovamento 100 0 0 a 30
- Lixa manual 100 0 0 a 30
Metalização 300 150 a 200 90
Aplicação de tinta
- spray 200 a 300 200 a 300 90
- pincel 200 0 45 a 90
- rolo 200 0 10 a 90
28
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 14: Distâncias típicas requeridas para ferramentas no trabalho de proteção
frente à corrosão.
Substrato
D1 D2
A Figura 15 trata das dimensões mínimas recomendadas para aberturas de acesso em áreas
confinadas.
Enrijecedores Enrijecedores
0
700
700
60
500
500
Atenção especial deve ser tomada para garantir o acesso em caixas e tanques. As aberturas
devem ser de tamanho suficiente para garantir o acesso seguro de operadores e seus
equipamentos, incluindo os de segurança. Em adição, aberturas de ventilação suplementares
devem existir, em locais e de dimensões que permitam a aplicação do sistema de proteção
escolhido.
29
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Espaços estreitos entre elementos devem ser evitados tanto quanto possível. Onde não seja
possível evitar espaços restritos, por razões estruturais ou práticas, as recomendações
descritas na figura 16 devem ser avaliadas.
Componentes que estão sob risco de corrosão e são inacessíveis após a montagem devem
ser feitos de um material resistente à corrosão ou possuir um sistema de revestimento
protetor efetivo por toda a vida útil da estrutura. Alternativamente, uma sobre-espessura
metálica pode ser considerada.
a a (mm)
h
a 300
250
200
h
150
100
a 50
h (mm)
100 700 1000
h
Fig. a
A Distância mínima permitida entre os perfis ou entre um perfil e uma superfície adjacente.
h Distância máxima que um operador pode atingir em espaços restritos (mm).
A distância mínima permitida a entre dois perfis é dado pelo gráfico de a "versus" h, até 1000 mm
(Fig. a) acima.
a (mm)
a 1000
a
800
600
400
200
h (mm)
100 500 700 1000
h
Fig. b
A distância mínima permitida a entre o perfil e a superfície adjacente é dada pela Fig. b.
Nota 1 Se o operador deve atingir distâncias maiores do que 1000 mm, a (Fig. b) deve ser
preferivelmente no mínimo de 800 mm.
Nota 2 Quando o projetista não puder utilizar estas recomendações, medidas especiais deverão
ser tomadas.
30
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Tratamento de Frestas
Frestas estreitas e juntas sobrepostas são pontos potenciais para o ataque corrosivo, devido
à retenção de umidade e sujeira, incluindo abrasivos utilizados no preparo da superfície. A
corrosão potencial nesses locais pode ser evitada pela selagem. Na maior parte dos
ambientes corrosivos, a fresta pode ser preenchida com um calço de aço que se projeta do
perfil e é soldado em toda sua volta. Superfícies de acoplamento podem ser seladas por solda
contínua, para evitar o armazenamento de abrasivos e penetração de umidade.
Ruim
Fresta
Ruim Bom
Bom
Fresta fechada
Solda contínua
Melhor
Atenção especial deve ser dada aos pontos de transição do concreto ao aço, particularmente
no caso de estruturas compostas sujeitas às condições severas de corrosão (figura 18).
31
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Precauções para Prevenir a Retenção de Água e Sujeira
A figura 19 apresenta exemplos para ilustrar algumas dessas precauções, não devendo
ser entendidas como restrição ou recomendação dos detalhes.
Água, pó
Ruim Bom
Quebra
Arestas
32
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 20: Evite quinas-vivas. Faça um chanfro ou arredonde as bordas.
d
Aço Aço Aço
d > 1 mm r > 2 mm
Imperfeições de Soldagem
Soldas devem ser livres de imperfeições (p.ex., asperezas, espirros, crateras, etc.) que são
difíceis de cobrir de modo efetivo com um sistema de pintura (Figura 21).
Parafusos, porcas e arruelas devem ser protegidas da corrosão com o mesmo sistema de
proteção utilizado na estrutura, isto é, devem possuir a mesma durabilidade estimada.
33
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Furos
Furos em enrijecedores, almas ou componentes em geral devem possuir um raio mínimo de
50 mm (Figura 22), de modo a permitir o preparo superficial adequado e aplicação do
sistema de pintura. Quando a chapa na qual o furo será feito é considerada grossa (p.ex., >
10 mm), a espessura da chapa circundante deve ser reduzida, para facilitar o preparo
superficial e a aplicação da tinta.
Enrijecedor
Alma
Furo Soldas
Mesa inferior
Furo com r > 50 mm
34
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Tabela 3: Consumíveis de soldagem e parafusos recomendados para diferentes aços.
Solda
ASTM A325
E70T-1
ASTM A 572 Tipo 1
E7018 ER70S6 F7AOEM12K E71T-1
Gr.50 (galvanizado
E70T-4 ou não)
Aços
patináveis E7018W E71T8Ni1 ASTM A325
ER8018S-G F7AOEW
em geral(*) E7018G E80T1W Tipo3
Para soldagem de múltiplos passes, pode-se utilizar eletrodos de composição química especial
nos dois últimos filetes, que ficam, efetivamente, em contato com a atmosfera.
Para passe simples (1 cordão), pode-se utilizar eletrodos convencionais, pois haverá diluição na
poça de fusão.
(*): AÇO COR 500, COS-AR-COR, CSN-COR, ASTM A588, etc.
Jamais utilizar parafusos galvanizados em estruturas de aço patinável sem pintura,
pois, o zinco (e, posteriormente, o aço do parafuso) servirá de anodo de sacrifício
para a estrutura.
Fatores pré-determinados
Expectativa
Ambiente de vida da
circundante estrutura Possibilidade de
da estrutura intervenções periódicas
de manutenção Especificação de proteção
Dimensão e
forma dos
componentes Possibilidades de tratamento
estruturais existentes no fabricante da estrutura, Método de
ou no local da construção/montagem aplicação Método
para obras in-situ utilizado no
Tipos de preparo
revestimentos Custo, isto é, o
superficial dinheiro disponível
a serem
utilizados para a proteção
Número de camadas de
revestimento e espessura
de cada camada
Boa
especificação
35
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
De modo geral, cada caso deve ser decidido por características próprias. Entretanto, os
seguintes pontos podem ser de ajuda na tomada de decisões:
• Enquanto o jateamento abrasivo com partículas esféricas (shot ) é o modo mais adequado
para a maior parte dos sistemas de pintura, o jateamento com partículas angulares (grit ) é
essencial para o processo de metalização e também para algumas pinturas de fundo,
como o silicato de zinco.
Vários métodos têm sido propostos para a limpeza da superfície; eles são muito bem descritos
na Norma ISO 8501-1. Essa norma se refere, essencialmente, à aparência da superfície do aço
antes e após a limpeza manual, manual motorizada, jateamento abrasivo, etc.
36
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
• Confere rugosidade à superfície, permitindo a ancoragem do revestimento.
Diversos materiais podem ser utilizados como abrasivos: areia, granalha de aço, vidro, ferro
fundido, escórias e outros.
• St 2: Limpeza manual, executada com ferramentas tais como escovas, raspadores, lixas
e palhas de aço;
• Sa 3: Conhecido como jato ao metal branco. Após a limpeza, o aço deverá exibir cor
metálica uniforme, branco-acinzentada, sendo removidos 100% de carepas e ferrugens.
A superfície resultante estará livre de óleos, graxas, carepa, tinta, ferrugem e de
qualquer outro depósito.
A superfície metálica deverá ser previamente lavada com água e tensoativos neutros,
esfregando-se com uma escova de nylon. Após a lavagem, secar a superfície naturalmente
ou com ar comprimido limpo (isento de óleo) e seco. Esta providência é necessária, pois as
operações de escovamento e jato não removem óleos, gorduras e sais da superfície.
37
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
1.6.2 - Pintura: o que é e como protege
Alguns dos pigmentos comumente utilizados nas tintas de proteção ao aço carbono são os
seguintes:
Os solventes têm por finalidade dissolver a resina e, pela diminuição da viscosidade, facilitar
a aplicação da tinta. Os solventes mais comuns utilizados em tintas são os líquidos orgânicos
e a água.
Os ligantes mais comuns são as resinas e os óleos, mas também podem ser inorgânicos,
como os silicatos solúveis. Eles têm a função de envolver as partículas de pigmento e mantê-
38
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
las unidas entre si e o substrato. A resina proporciona impermeabilidade, continuidade e
flexibilidade à tinta, além de aderência entre esta e o substrato. As resinas se solidificam
através da simples evaporação do solvente ou pela polimerização, com ou sem a intervenção
do oxigênio do ar. Em alguns casos, a resina é frágil e não possui boa aderência. Nestes
casos, adicionam-se os chamados plastificantes, que, não sendo voláteis, permanecem na
película após a secagem.
As classificações mais comuns das tintas são feitas pelo tipo de resina empregada ou
pigmento utilizado.
Os tipos de tintas mais importantes para a proteção do aço carbono, tendo como
classificação o tipo de resina, são:
As tintas de fundo são aplicadas diretamente sobre a superfície metálica limpa. Sua
finalidade é a de promover aderência do esquema ao substrato, e contém, costumeiramente,
pigmentos inibidores de corrosão. Elas são utilizadas para a proteção dos aços estruturais e
39
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
são classificadas de acordo com os pigmentos inibidores adicionados em sua composição.
Como exemplos, temos as tintas de fundo à base de fosfato de zinco, de zinco metálico ou de
alumínio. Tintas de fundo são formuladas com altos teores de pigmentos e, por isso, são
semibrilhantes ou foscas.
Cada um destes pigmentos inibidores pode ser incorporado a certa variedade de ligantes,
gerando, por exemplo, tintas de fundo alquídicas à base de fosfato de zinco, tintas epoxídicas
à base de fosfato de zinco, etc.
As várias camadas de pintura devem, naturalmente, ser compatíveis entre si. Eles podem
pertencer à mesma família ou podem ser muito diferentes. Uma precaução que sempre deve
ser adotada é a de todas as tintas do sistema devem preferencialmente pertencer ao mesmo
fabricante. Isso minimizará a possibilidade de ocorrência futura de defeitos tais como a
delaminação (descolamento).
Os aditivos melhoram certas propriedades específicas das tintas. Existem aditivos antinata,
secantes, plastificantes, antimofo, anti-sedimentantes, nivelantes, tixotrópicos, etc.
Um mesmo aço, pintado com tipos diferentes de tintas, pode apresentar comportamento
muito diferenciado quando exposto ao mesmo meio agressivo.
Esta diferença pode ser explicada admitindo-se que as tintas empregadas tenham diferentes
mecanismos de ação contra a corrosão. Estes mecanismos, de maneira geral, são
classificados em:
• Proteção por barreira: A tinta deve ser a mais impermeável possível e aplicada em
espessuras elevadas. Tintas de alta espessura, chamadas de HB (high build ) tem como
vantagem a economia de mão-de-obra para a aplicação. Além das tintas de alta
espessura, as que oferecem melhor proteção por barreira são as betuminosas e as de
alumínio. O inconveniente da proteção por barreira é que, se houver um dano à película,
a corrosão se alastrará sob esta por aeração diferencial. Assim, é sempre recomendável
que se utilizem tintas de fundo com mecanismos de proteção catódica ou anódica;
40
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
• Proteção anódica: A proteção das regiões anódicas é proporcionada pelos pigmentos
anticorrosivos, todos de caráter oxidante. A proteção pode ser dada através da
dissolução do pigmento ou por ação oxidante;
41
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
1.6.3 - Galvanização a quente na proteção de estruturas
Custo inicial inferior. A galvanização a fogo, de modo geral, possui custos muito
competitivos quando comparados a outras formas de proteção especificadas na proteção do
aço. O custo de aplicação de revestimentos que requerem mão de obra intensiva, como a
pintura, tem crescido mais do que os custos de aplicação (em fábrica) da galvanização a fogo.
Pequena manutenção/custo menor a longo prazo. Mesmo nos casos onde o custo
inicial da galvanização a fogo é maior do que revestimentos alternativos, a galvanização
apresenta menores custos de manutenção ao longo da vida útil do componente/estrutura. A
manutenção é ainda mais cara quando as estruturas estão localizadas em áreas remotas.
42
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
danificadas não necessitam de retoques; a corrosão sob o revestimento não é possível
quando se utilizam revestimentos de sacrifício.
A galvanização a fogo não pode ser feita no canteiro de obras. O processo só pode
ser feito em uma unidade industrial, a galvanizadora.
É importante ressaltar que existem situações em que a pintura é a forma mais econômica de
proteção e situações em que a galvanização deve ser o caminho escolhido. Não tenha idéias
pré-concebidas a respeito de um ou outro sistema. Não se deve esquecer que o zinco pode
ser pintado, com vantagens. O tempo total de proteção quando se usa galvanização mais
pintura, é sempre maior que a soma dos tempos obtidos pelos dois sistemas usados
individualmente – há sinergia.
43
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 24: Sistemas de pintura recomendados para ambientes de diferente
agressividade. As espessuras das camadas de tinta prescritas nas tabelas
são valores nominais de base seca (1m
m = 0,001mm).
Agressividade do Perda
m
de espessura,
m (após um ano) Exemplos de ambiente típicos
ambiente
(ISO 12944 Part 2) Aço carbono Zinco Exterior Interior
C4 >50 a 80 >2,1 a 4,2 Áreas industriais e costeiras com Indústrias químicas, piscinas, etc.
alta salinidade moderada.
"Estruturas externas"
Fabricante Sa 2 1/2 5 - 15
C1 –
Alquidica/50m
m Alquidica/50m
m 100
muito baixa S1 2
Canteiro 5 - 15
Fabricante Sa 2 1/2 5 - 15
C2 Epox tolerante à – Alquidica/50m
m 125
baixa Superfície/75mm
Canteiro S1 2 5 - 15
C3 Fabricante Sa 2 1/2
Epox tolerante à – Poliuretano acrílico
175 5 - 15
média Superfície/125mm alifático/1x50m m
C6 Fabricante Sa 2 1/2
Epox rico em
Epoxdica/175m
m
Poliuretano acrílico
300 5 - 15
muito alta marinha Zinco/75m m alifático/1x50m m
"Coberturas de piscinas"
Notas relativas ao emprego da Figura 28: <1>-Uma edificação pode conter ambientes de diferentes agressividades; <2>-A durabilidade do
revestimento galvanizado e pintado refere-se somente à pintura.
44
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
2
ESTRUTURAS EM
SITUAÇÃO DE INCÊNDIO
2.1 - ESTRUTURAS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO - INTRODUÇÃO
Os objetivos fundamentais da segurança contra incêndio são: <1> minimizar o risco à vida,
e, <2> reduzir a perda patrimonial. Entende-se como risco à vida, a exposição severa dos
usuários da edificação à fumaça ou ao calor e, em menor nível, ao desabamento de
elementos construtivos sobre os usuários ou equipe de combate. A principal causa de óbitos,
em incêndio, é a exposição à fumaça tóxica ou asfixiante que ocorre nos primeiros momentos
do sinistro. Assim, a segurança à vida depende prioritariamente da rápida desocupação do
ambiente.
Todos os materiais estruturais de uso comum, tais como concreto, aço, madeira ou alumínio
apresentam profundas alterações em suas propriedades quando sujeitos às altas
temperaturas, como as que ocorrem em um incêndio (figuras 25 a 28). Assim, para que se
possa atingir os objetivos fundamentais da segurança contra incêndio, mencionados
anteriormente, torna-se fundamental a avaliação da resistência das estruturas sob ação das
altas temperaturas. As edificações devem possuir uma resistência ao fogo que permita a
desocupação dos ocupantes e a segurança dos bombeiros durante um período de tempo
considerado adequado.
1.2 1.2
AÇO
1.0 CONCRETO
ALUMÍNIO
0.8
1.0
RESISTÊNCIA RELATIVA
0.6
0.4
0.8
RESISTÊNCIA RELATIVA
0.2
0.0
0.6 -0.2
0 200 400 600 800 1000 1200
TEMPERATURA, °C
0.4
0.2
AÇO
0.0 CONCRETO
ALUMÍNIO
-0.2
0 200 400 600 800 1000 1200
TEMPERATURA, °C
47
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 26 – Efeito do incêndio Figura 27 – Lascamento Figura 28 - Carbonização de
em elemento isolado de aço. explosivo (spalling) em pilar pilar de madeira.
de concreto.
Quando um incêndio é deflagrado em uma edificação, a sua ação se faz sentir nos elementos
estruturais em maior ou menor intensidade, dependendo de onde o fogo se concentra. Toda
a estrutura do edifício encontra-se sob a ação do peso próprio e sobrecargas, de forma que,
no início do incêndio, a mesma está submetida a certo estado inicial de tensões e, portanto, a
um determinado estado de deformações. A este estado inicial de tensões vem sobrepor-se
um novo estado de tensões, resultante do aquecimento diferencial a que os elementos
estruturais ficam submetidos.
48
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
pessoas, começando pelo próprio projeto arquitetônico (corredores e escadas amplas, zonas
limpas de gases tóxicos, etc.). Estas medidas também visam reduzir a probabilidade de
ocorrência de incêndios severos, através da atuação em suas causas acidentais e da
detecção de focos e limitações das possibilidades de propagação.
Como visto, todos os materiais perdem resistência e rigidez quando aquecidos. A resistência
mecânica dos aços estruturais tem sido muito bem estudada; é fato conhecido que, à
temperatura de 550ºC, o aço estrutural reterá 60% da resistência apresentada à
temperatura ambiente (figura 30(b)). Isto é um ponto importante. Antes da introdução do
conceito dos estados limites, quando o conceito de tensões admissíveis era utilizado como
base para o projeto, a máxima tensão permitida para um componente era cerca de 60% de
sua resistência à temperatura ambiente. Isto levou ao conceito de que 550ºC seria a máxima
temperatura (ou “temperatura crítica”) que uma estrutura de aço, sem proteção, poderia
resistir antes do colapso.
isolamento
estabilidade
estanqueidade
49
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 30: (a) Curva de aquecimento do forno segundo o “incêndio-padrão”, descrito
pela NBR 5628, e, (b) Decréscimo da resistência do aço estrutural em função
da temperatura.
0.8
800
0.6
600
0.2
200
0.2
200
0 0.0
0 20 40 60 80 100 120 0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Estruturas de aço são altamente resistentes ao fogo. Uma série de artigos técnicos tem
demonstrado esse fato. Entretanto, um dos pontos mais importantes nos projetos de
construção civil é reduzir o risco de incêndio e, caso estes ocorram, aumentar o tempo de
início de deformação da estrutura, conferindo, assim, maior segurança a estas construções.
Esta é a razão do estabelecimento, em muitos países, de exigências mínimas de resistência
ao fogo para os componentes estruturais. Estas normas de “segurança contra incêndio”, em
geral, levam em consideração uma temperatura crítica na qual o aço perde uma proporção
significativa de sua resistência mecânica ou atinge um estado limite de deformações ou de
tensões, ou seja, uma temperatura que represente uma condição de falha, que pode
representar o colapso da estrutura.
A Norma Brasileira NBR 14432 estabelece as condições a serem atendidas pelos elementos
estruturais (aço, concreto, madeira, etc.) e de compartimentação que integram os edifícios
para que, em situação de incêndio, seja evitado o colapso estrutural. Ela se aplica a
elementos estruturais de concreto, aço, madeira, etc.
As exigências desta norma são dadas em temos de “Tempos Requeridos de Resistência ao
Fogo”, também conhecidos como “TRRF”. O TRRF é definido na própria norma como sendo o
“tempo mínimo de resistência ao fogo de um elemento construtivo quando sujeito a um
ensaio padronizado”; este ensaio padronizado é conhecido como incêndio-padrão.
50
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
A Norma fornece uma Tabela, resumida abaixo (a figura 31), com recomendações
consagradas, fruto do consenso da sociedade, de TRRF exigidos para cada componente
estrutural e de compartimentação que integram a edificação.
Para se ter uma noção da severidade da exigência, um TRRF de 30 minutos equivale a dizer
que a estrutura deve permanecer estável por trinta minutos enquanto a atmosfera ao seu
redor está a aproximadamente a 820°C (1 hora significa 930°C e 2 horas 1030°C). Quanto
maior a resistência requerida, maior a temperatura que a estrutura deve resistir sem que
ocorra o colapso.
À medida que o risco à vida humana é considerado maior, devido à ocupação, altura do
edifício, etc., a exigência torna-se mais rigorosa e maior será o TRRF.
Figura 31: Resumo dos Tempos Requeridos de Resistência ao Fogo, como prescrito
pela NBR 14432.
51
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
• Os tempos entre parênteses existentes na tabela de Tempos Requeridos de Resistência ao
Fogo (TRRF), parcialmente reproduzidos na figura 31, podem ser utilizados em
edificações nas quais cada pavimento acima do solo tenha área menor ou igual a 750m²;
Altura:
distância
entre o nível
de descarga
e o piso do
último
pavimento.
Apesar de a NBR 14432 ser válida para todo o Brasil, é importante verificar a existência de
algum regulamento local específico.
52
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
2.4 - MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO
Ensaios realizados por todo o mundo têm mostrado que os componentes estruturais que não
estão totalmente expostos ao fogo podem exibir um nível substancial de resistência ao fogo,
sem o emprego de materiais de proteção antitérmica “tradicionais”. Vários métodos têm sido
desenvolvidos, utilizando este efeito, que permitem atingir tempos de resistência ao fogo de
30 e 60 minutos. Quando tempos maiores de resistência ao fogo forem requeridos, uma
redução da espessura do material de proteção antitérmica “tradicional” ainda pode ser
aplicada ao aço, pois o perímetro aquecido torna-se menor do que aquele observado no caso
de exposição completa. Assim, a utilização de componentes parcialmente protegidos pode
propiciar grande economia.
• Pilares preenchidos com blocos (figura 34). Pode-se atingir 30 minutos de resistência ao
fogo através do uso de blocos de concreto celular autoclavado cimentados entre as
mesas de perfis laminados. Períodos maiores de resistência ao fogo podem ser obtidos
pela proteção das mesas expostas com materiais de proteção antitérmica “tradicionais”;
• Pilares preenchidos com concreto (figura 35). Pode-se atingir 60 minutos de resistência
ao fogo quando concreto moldado “in loco” é utilizado para o preenchimento do volume
existente entre as mesas do pilar. Utiliza-se, neste caso, para a fixação, conectores de
cisalhamento conectados à alma do perfil. A capacidade de carregamento do concreto é
ignorada no projeto do pilar, mas, em situação de incêndio, conforme o aço vai
perdendo resistência em altas temperaturas, a carga vai sendo continuamente
transferida das mesas do perfil para o concreto, de modo progressivo. Esta medida
fornece estabilidade do componente por até 60 minutos. A região da conexão, no topo
do pilar, é protegida como no restante do componente;
53
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
• Vigas utilizando cantoneiras presas à alma (figura 36). Vigas contendo cantoneiras
soldadas ou parafusadas na alma, suportando a laje de piso, podem suportar até 60
minutos de fogo. Esta geometria protege a parte superior da viga do incêndio, enquanto
que a parte inferior continua exposta. A resistência ao fogo aumenta conforme as
cantoneiras são movidas para regiões inferiores da mesa, atingindo, assim, os 60
minutos de resistência ao fogo.
Figura 35: Pilar protegido com concreto Figura 36: Vigas utilizando cantoneiras
moldado in loco. presas à alma.
Uma seção robusta será aquecida mais lentamente do que uma seção esbelta. Há certa
inércia no aquecimento de elementos mais “pesados” do que no aquecimento de elementos
mais “leves”. Este efeito de massividade é quantificado pelo conceito de “Fator de
Massividade”:
54
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 37: O conceito de “Fator de Massividade”
1200
Incêndio-padrão
1000
Temperatura, °C
800
600 -1
61 m
400 -1
110 m
200
-1
264 m
0
0 20 40 60 80 100 120
Tempo, minutos
55
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
2.4.3 - Perfis Laminados I e H
56
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Figura 39: As quatro mais comuns configurações de proteção para o cálculo do
Fator de Massividade.
Viga - proteção em 3 lados - argamassa projetada Pilar - proteção em 4 lados - argamassa projetada
-1 -1
Fator de massividade = 220 m Fator de massividade = 225 m
A observação da Tabela 4 mostra que, para um perfil W250x32,7, utilizado como viga (isto é,
três lados expostos), para um Tempo Requerido de Resistência ao Fogo de uma hora,
deveremos aplicar a argamassa projetada na espessura seca de 16 mm. O mesmo tipo
cálculo deve ser feito para todos os componentes estruturais da edificação.
Esta regra dos 20% não é adequada ao uso com tintas intumescentes, e estudos recentes
tem mostrado que a quantidade de proteção adicional é específica a um dado produto.
Assim, deve-se consultar o fabricante da tinta intumescente utilizada para saber quanta tinta
a mais deverá ser aplicada nestes casos.
57
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Tabela 4: Carta de cobertura para uma argamassa projetada.
Os dados foram retirados da publicação “Yellow Book”.
• Materiais projetados. É uma das formas mais baratas de proteção. Suas principais
características são:
- Custo. A proteção por materiais projetados custa, de modo geral, menos do que o
menor custo do concorrente mais próximo (que são os materiais rígidos ou semi-
rígidos). Como o custo do produto é pequeno em relação à mão de obra empregada, o
custo não cresce na proporção do aumento dos tempos de resistência ao fogo;
- Aplicação. É muito simples cobrir detalhes complexos;
- Durabilidade: Não exigem nenhum tipo de manutenção ao longo do tempo. Alguns
materiais podem ser utilizados externamente; estes custam mais caro do que aqueles
utilizados internamente;
- Preparo de superfície. Vários dos materiais podem ser aplicados diretamente sobre a
superfície do aço. Não exigem, em geral, preparo de superfície anterior, a não ser a
58
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
retirada de carepas e ferrugens soltas, assim como óleos e graxas, que impedirão a
perfeita adesão dos produtos;
- Aparência. Materiais projetados não possuem uma aparência agradável. Desse modo,
estes materiais costumam ser utilizados em situações onde os componentes não
sejam visíveis;
- Aparência. Placas rígidas, como o gesso acartonado, oferecem uma aparência limpa,
na forma de caixa, que pode sofrer decoração posterior. Lã de rocha basáltica e fibra
cerâmica, por outro lado, não têm aparência agradável, e são utilizados,
frequentemente, em situações onde o sistema não seja visível;
- Preparo superficial. Estes produtos são aplicados diretamente sobre o aço, sem
nenhum tipo de pré-tratamento;
59
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
- Custo. Estes sistemas de proteção são relativamente baratos, entretanto, um sistema
de proteção que tenha funções decorativas pode custar bem mais caro;
- Velocidade. A aplicação destes produtos é mais lenta do que aquela verificada para os
outros sistemas.
- Estética. A camada fina permite que a forma do aço seja apresentada em sua
plenitude;
- Custo. O custo será, normalmente, superior àquele verificado para as outras formas
de proteção. Entretanto, eles têm decrescido com o tempo;
60
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
- Aplicação. É uma aplicação tipicamente “úmida”, que requer condições atmosféricas
favoráveis – exatamente como no caso das tintas em geral. Deve-se atentar à
obtenção de super-recobrimentos, que são prejudiciais;
• Concreto, tijolos e outros sistemas tradicionais. Concreto era, até os anos 70, a forma
usual de proteção das estruturas de aço. A introdução de materiais mais leves, como as
argamassas projetadas, os produtos rígidos e semi-rígidos e as tintas intumescentes
trouxeram uma dramática redução em seu uso. As principais características destes
produtos são:
- Durabilidade. A aplicação destes produtos tende a ser utilizada em locais onde o dano
por impacto, abrasão e exposição ao tempo são fatores a serem considerados;
- Utilização dos espaços. Grandes espessuras roubam espaço ao redor dos pilares;
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
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Figura 43: Resistência ao fogo para alvenarias, conforme descrita na I.T. 08/2004, do Corpo de Bombeiros de São Paulo.
(*) Paredes sem função estrutural ensaiadas, totalmente vinculadas dentro da estrutura de concreto armado, com dimensões 2,8 m x 2,8 m, totalmente expostas ao fogo (em uma face).
(**) Ensaio encerrado sem ocorrência de falência em nenhum dos três critérios de avaliação.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
Tabela 5 – Resumo das principais características dos materiais de
proteção antitérmica “tradicionais”
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
2.4.5 - Combinaçao de Métodos de Proteção
As soluções de projeto descritas abaixo, na figura 45, podem ser combinadas, de modo a
propiciar o tempo de resistência ao fogo de dada edificação como prescrito na NBR 14432, a
custo mínimo.
Figura 45: Resistência ao fogo, em minutos, que podem ser economicamente obtidos
por intermédio de várias formas construtivas.
+ +
VIGA
+ +
Pilar
desprotegido 15 15 15 15
Blocos
na alma 15 30 30 30
Concreto 15 60 60 60
Concreto
armado 15 60 >60 >60
Tubo
preenchido 15 60 >60 >60
Pilar
protegido 15 60 >60 >60
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
2.5 - OS ENSAIOS DE CARDINGTON – O INÍCIO DE UMA NOVA ERA
Entre os anos de 1994 e 2003, um conjunto de ensaios de grande porte foi feito em uma
edificação especialmente construída para esta finalidade. O edifício, de oito andares,
estruturado em aço, utilizava o conceito de viga mista e forma de aço incorporada
(“steeldeck”). Os ensaios foram feitos nas dependências do Building Research Establishment,
em Cardington, Inglaterra.
O programa de testes foi dividido em duas partes. A primeira série tratou de ensaios
realizados em uma viga mista, isolada, e três outros ensaios em grandes compartimentos.
Esta primeira série de ensaios foi patrocinada pela British Steel (atual Corus) e pela European
Coal and Steel Community (atualmente Research Fund for Coal and Steel). Um programa de
ensaios complementar, compreendendo três ensaios em compartimentos, foi patrocinada
pelo Governo Britânico e desenvolvida pelo Building Research Establishment.
De modo a obter uma comparação direta com o ensaio do incêndio-padrão, o primeiro teste
foi feito em uma viga simples, sem interação com a laje, não protegida, e em toda região
periférica à viga. Os resultados indicaram que a falha (isto é, a deflexão máxima permitida
pelo código inglês) ocorreu em temperaturas superiores a 1000°C – muito maior do que a
temperatura de 700°C na qual viga semelhante havia falhado no ensaio do “incêndio-
padrão”.
O conjunto completo dos resultados dos testes da Corus podem ser encontrados no sítio
www.structuralfiresafety.org.
Nos edifícios de estrutura metálica, tem sido prática comum o uso de pisos mistos, ou seja,
pisos formados por vigas mistas e lajes mistas (lajes de concreto com fôrma de aço
incorporada).
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
No dimensionamento em situação de incêndio, geralmente utilizam-se procedimentos
tradicionais de cálculo, pelos quais as lajes têm a função de conduzir as cargas gravitacionais
para as vigas, que por sua vez ficam com a responsabilidade final de transmitir tais cargas
para os pilares. Isso significa que lajes e vigas são dimensionadas isoladamente, ignorando-
se uma resistência adicional que poderia ser proporcionada pela interação entre esses dois
elementos.
Como conseqüência, na maioria das vezes, torna-se necessário recobrir os perfis de aço de
todas as vigas mistas por material de proteção térmica e a colocação de armadura positiva
adicional no interior das nervuras da fôrma de aço.
Foram usados tanto incêndios reais como incêndios de gás não-padronizados, não sendo
seguida, portanto, a curva do incêndio-padrão. Apesar disso, para efeito prático, as
temperaturas foram interpretadas em termos da curva de incêndio-padrão citada.
Todos esses estudos mostraram a possibilidade de se reduzir a proteção contra incêndio nos
pisos mistos de edifícios, criando painéis de piso nos quais as vigas do contorno, geralmente
vigas que conduzem as cargas gravitacionais para os pilares, são protegidas, mas as vigas
internas ficam sem proteção.
Para se chegar à resistência dos painéis de piso, deve-se obter seu mecanismo de ruína com
base em análise plástica global, que envolve charneiras plásticas nas lajes mistas e rótulas
plásticas nas vigas mistas internas. Um método simples foi desenvolvido para o cálculo dessa
resistência, aplicável a painéis quadrados e retangulares. O método é válido desde que:
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
O método permite flexibilidade e liberdade ao projetista, que pode optar entre diversos
tamanhos de painéis de piso, delimitando maior ou menor quantidade de vigas internas com
perfis de aço sem proteção contra incêndio, dimensionando adequadamente as vigas, a área
da malha de aço e a espessura da laje mista, de acordo com interesses estruturais,
construtivos, estéticos e econômicos.
Além disso, apresenta confiabilidade decorrente de calibração com os resultados dos estudos
supracitados e sua utilização:
A quase totalidade dos edifícios mais modernos do mundo apresenta inovações no projeto,
na construção e no uso, o que tem criado situações onde, por vezes, torna-se difícil satisfazer
os requisitos das normas prescritivas atuais. O reconhecimento desta dificuldade e também o
aumento do conhecimento de como edificações reais reagem frente ao incêndio e de como
incêndios reais se comportam, tornou possível, através de muitas pesquisas, em várias
partes do mundo, o emprego de técnicas modernas de segurança contra incêndio através do
uso de técnicas analíticas de engenharia.
Engenharia de segurança contra incêndio pode ser vista como um pacote integrado de
medidas dedicadas a atingir o máximo benefício a partir dos métodos existentes para a
prevenção, controle ou limitação das conseqüências de um incêndio. O objetivo central é,
através da adoção de um enfoque racional, científico, garantir que a resistência ao fogo e a
proteção serão fornecidas na medida certa, onde necessário. Isto se opõe à simples
aceitação de imposições gerais, universais, que podem superestimar ou subestimar o nível de
risco.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
• Métodos de aviso e desocupação;
• Resposta estrutural;
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
PTFE coberta de fibra de vidro. O conceito estrutural é simples e inovador: cabos de aço
tensionados, dispostos radialmente na superfície e fixados aos nós por presilhas e cabos de
amarração a intervalos de 25 m.
Como implementar um projeto de segurança contra incêndio para esta edificação, em bases
puramente prescritivas? A resposta é que não seria possível implementar um projeto
tradicional de segurança contra incêndio nesta obra. Entretanto, graças aos métodos
avançados, aceitos nos códigos mais avançados (assim como em nossas normas, como a
NBR 14323 e NBR 15200), edificações como esta puderam ser construídas. Engenharia de
segurança contra incêndio considera incêndios “reais”, em edificações “reais”, ocupadas por
pessoas “reais”.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
GERAIS
1. Referências Bibliográficas Gerais – Corrosão – Livros e Artigos Técnicos
1. Silva, V.P. e Pannoni, F.D., “Estruturas de Aço para Edifícios – Aspectos Tecnológicos
e de Concepção”, Blucher, São Paulo, 2010.
5. Trethewey, R., Chamberlain, J., “Corrosion for students of Science and Engineering –
2nd edition”, Addison Wesley Publishing, 1996.
6. Wranglen, G., “An Introduction to Corrosion and Protection of Metals – 2nd edition”,
Kluwer Academic Publishers, 1985.
8. Pludek, V.R., “Design and Corrosion Control”, Macmillan, New York, 1977.
9. Marcus, P., “Corrosion Mechanisms in Theory and Practice – 2nd edition”, CRC Press
LLC, FL, 2002.
73
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
4. ISO 12944-1: 1998, Paints and varnishes - Corrosion protection of steel structures
by protective paint systems - Part 1: General introduction. International
Standardization for Organization (ISO), Genéve.
5. ISO 12944-2: 1998, Paints and varnishes - Corrosion protection of steel structures
by protective paint systems - Part 2: Classification of environments. International
Standardization for Organization (ISO), Genéve.
6. ISO 12944-3: 1998, Paints and varnishes - Corrosion protection of steel structures
by protective paint systems - Part 3: Design considerations. International
Standardization for Organization (ISO), Genéve.
7. ISO 12944-4: 1998, Paints and varnishes - Corrosion protection of steel structures
by protective paint systems - Part 4: Types of surface and surface preparation.
International Standardization for Organization (ISO), Genéve.
8. ISO 12944-5: 1998, Paints and varnishes - Corrosion protection of steel structures
by protective paint systems - Part 5: Protective paint systems. International
Standardization for Organization (ISO), Genéve.
9. ISO 12944-6: 1998, Paints and varnishes - Corrosion protection of steel structures
by protective paint systems - Part 6: laboratory performance test methods.
International Standardization for Organization (ISO), Genéve.
10. ISO 12944-7: 1998, Paints and varnishes - Corrosion protection of steel structures
by protective paint systems - Part 7: Execution and supervision of paint work.
International Standardization for Organization (ISO), Genéve.
11. ISO 12944-8: 1998, Paints and varnishes - Corrosion protection of steel structures
by protective paint systems - Part 8: Development of specifications for new work
and maintenance. International Standardization for Organization (ISO), Genéve.
12. ABNT NBR 8800: 2008, Projeto de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço
e Concreto de Edifícios, Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro.
13. Seito, A. et allii., “A Segurança Contra Incêndio no Brasil”, Projeto Editora, São
Paulo, 2008. Disponível em pdf, para download gratuito, no sítio
http://www.lmc.ep.usp.br/people/valdir/
14. Vargas, M.R. e Silva, V.P., “Resistência ao Fogo das Estruturas de Aço”,
Centro Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, Rio de Janeiro, 2003.
Disponível, em pdf, para download gratuito, no sítio http://www.cbcaibs.org.br/nsite/
site/acervo_item_listar_manuais_construcao.asp#122.
74
COLETÂNEA DO USO DO AÇO
15. Silva, V.P., Vargas, M.R. e Ono, R. “Prevenção Contra Incêndio no Projeto de
Arquitetura”, Centro Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, Rio de Janeiro, 2010.
Disponível, em pdf, para download gratuito, no sítio http://www.cbca-ibs.org.br/
nsite/site/acervo_item_listar_manuais_construcao.asp#122.
16. Silva, V.P., “Estruturas de Aço em Situacão de Incêndio”, Zigurate Editora, São Paulo,
2001.
17. Vila Real, P., “Incêndio em Estruturas Metálicas – Cálculo Estrutural”, Orion Editora,
2003.
19. Drysdale, D., “An Introduction to Fire Dynamics – 2nd edition”, Wiley, 1999.
20. Buchanan, A.H., “Structural Design for Fire Safety”, Wiley, New York, 2001.
21. Karlsson, B., Quintiere, J., “Enclosure Fire Dynamics”, CRC Press LLC, FL, 1999.
22. Lamont, S., “Introduction to the Fire Safety Engineering of Structures”, The
Institution of Structural Engineers, London, 2003.
23. Silva, V. P., Fakury, R. H., Rodrigues, F. C. e Pannoni, F. D., “A Real Fire in Small
Apartment – a Case Study”, Fourth International Workshop Structures in Fire – SiF
06, Aveiro, contido nos Anais do evento, v.2, pp. 1023-1034 (2006).
24. Fakury, R.H., Casas, E.B., Ribeiro, J.C.L., Pannoni, F.D., “Projeto de Pisos Mistos Aço-
Concreto em Situação de Incêndio Considerando a Interação entre Vigas e Laje”, in:
XXI Jornadas Sud-Americanas de Ingenieria Estructural, 2004, Mendoza. Anais da
XXI Jornadas Sud-Americanas de Inginieria Estructural, 2004.
25. ASTM E-119:2000, Standard Test Methods for Fire Tests of Building Constructions
and Materials, American Society for Testing and Materials, West Conshohocken,
USA.
26. ABNT NBR 8681:2003, Ações e Segurança nas Estruturas, Associação Brasileira de
Normas Técnicas, Rio de Janeiro.
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COLETÂNEA DO USO DO AÇO
29. ABNT NBR 15200:2004, Projeto de Estruturas de Concreto em Situação de Incêndio,
Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro.
31. BS 476: Part 23, Fire Tests on Building materials and Structures – Method for
Determination of the Contribution of Components to the Fire Resistance of a
Structure, British Standard Institution, London.
32. EC1, General Actions – Actions on structures exposed to fire - Eurocode 2 - Part 1-2,
European Committee for Standardization, Brussels. 2002.
33. EC2, Design of concrete structures - Structural fire Design - Eurocode 2 - Part 1-2,
European Committee for Standardization, Brussels, 2004.
34. EC3, Design of steel structures - Structural fire design Eurocode 3 - Part 1.2,
European Committee for Standardization, Brussels, 2003.
35. EC4, Design of composite steel and concrete structures - Structural fire design
Eurocode 4 - Part 1-2, European Committee for Standardization, Brussels, 2003.
36. EC6, Design of masonry structures - Structural fire design - Eurocode 6 - Part 1-2,
European Committee for Standardization, Brussels, 2005.
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