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Organização Ciências e Cognição (Org.), Anais, Ciências e Cognição 2012 - II Encontro Ciências e Cognição. 28 a
30 de março de 2012. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 2012.
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Heron Beresford, Enio Dias Junior, Fabrício Bruno Cardoso, Íris do Céu Lima e
Silva
1. Considerações Iniciais
Este ensaio tem por objetivo apresentar, ainda que resumidamente, as questões
relativas à natureza, ao fim e como se processa a experiência da beleza ou do belo,
assim como também, as relações entre atividade estética com outras atividades
humanas, mais especificamente no âmbito da neuroeducação, da cognição, das artes,
da música, da dança, dos esportes, entre outras.
Todavia, para efeito de delimitação deste estudo, evidencia-se que isso será
feito com o foco preferencial ou principal em torno da seguinte questão norteadora do
ensaio: A obtenção do conhecimento relativa ao tema da beleza ou do belo é
essencialmente de natureza objetiva ou subjetiva?
Também se destaca que este ensaio será finalizado com uma singela descrição
que propõe uma alternativa de aplicação belo no âmbito da educação em geral e de
forma muito particular e especial com um enfoque neuroeducacional.
Segundo Kant (1993) esse prazer estético funda-se no livre jogo das
faculdades, mais especificamente, na harmonia entre a imaginação e o intelecto. Ou
em suas próprias palavras:
Através dos destaques tipográficos da última citação, nos permite abstrair para
esta pesquisa, que, Kant considera, pelo menos com relação ao conhecimento ocorre
com o sentimento, e que a razão representada pelo entendimento e ao ser despertada
pelo sentimento, contribui de forma harmônica e ampla para tal ato cognoscitivo, ou ao
juízo do gosto.
E mais, que o método de aquisição do conhecimento do valor estético, ou do
belo, não é racional em termos de dedução, mas sim o da intuição emocional e/ou
fenomenológica.
Muito embora o pensamento estético kantiano tenha sido e continua sendo de
um marco ou uma referência básica para os filósofos que o sucederam, alguns deles
divergem de tão ilustre pensador e outros procuram, de alguma forma apresentar
formulações que procurem atualizar ou dar continuidade para o que fundamentalmente
foi por ele apresentado e, que por isto mesmo, são considerados como neokantianos.
Um dos pensadores que dele diverge e que merece destaque para este trabalho é
o filósofo Contemporâneo Greenberg (1909 - 1994), pois, segundo este, os dois
enunciados sobre o belo, um que acentua os aspectos objetivos e o outro que sublinha
a apreensão subjetiva ainda permanece vivo.
Isso porque o duplo modo de conceituação da beleza é utilizado ao longo da
história da arte, desde a Grécia Antiga. Ele é reanimado na oposição entre o belo
clássico - objetivo, universal e imutável - e o belo romântico - que se refere ao
subjetivo, ao variável e ao relativo.
Figuras 1 e 2 - “Vênus de Milo” (Sec. I a.C.) atribuída a Praxíteles, em 350 a.C.; “Davi” (1501-1504)
de Michelangelo Buonarroti (1475 - 1564)
Figuras 3, 4 e 5 - “Sibila Líbia no Teto da Capela Sistina” (1508 – 1512) de Michelangelo Buonarroti
(1475 - 1564); Ninfa Galatéia (1514) de Rafael (1483 – 1520); “Ninfa dorniente” (1822) de Antonio
Canova (1757 -1822).
Figuras 6 e 7 - “O Viajante sobre as Nuvens” (1818) de Caspar David Friedrich (1774 - 1840);
“Paisagem nas Montanhas da Silésia” (1815 -1820) de Caspar David Friedrich (1774 - 1840).
Foi visto que alguns autores defendem que o tema da beleza ou do belo deva
ser enfocado com exclusividade, ou de forma independente da interferência de outros
temas, problemáticas ou questões devido aos seus aspectos peculiares próprios.
Todavia, pensamos ao contrário, pois a beleza ou o belo deve ser um dos
valores básicos de uma proposta educacional fundamentalmente humanizada e, que,
para isto, não deve estar dissociada do tema do agir humano, baseada nas
problemáticas da moral e da ética.
Uma referência básica para fundamentar tal ponto de vista, vem do ideário da
Kalocagathia concebido, originalmente, no Período Antigo ou Clássico da nossa
Civilização Ocidental. Para vermos algumas particularidades de tal ideal, inicialmente
pergunta-se:
- Afinal, qual é a essência do ideário da Kalocagatia?
- A resposta é esta:
Que o Homem para ser Bom ele tem que ser Belo, e que para ser Belo e tem
que ser Bom.
Destaca-se assim, a justa preocupação para com uma ampla visão de Homem
designada por termos como integral, global e holista, entre outros, sempre nos
apontando para um mesmo rumo, ou seja, a imperiosa necessidade de se alcançar uma
interação, equilíbrio ou harmonia entre as dimensões micro e macro-cósmicas de
um ser humano.
Na dimensão micro-cósmica, aparecem os desafios de interação, equilíbrio
ou harmonia entre as estruturas exteriores ou visíveis com as propriedades
interiores ou invisíveis do Homem, ou, noutras palavras, entre o corpo físico e
biológico com a mente, espírito, alma, caráter ou virtudes dos indivíduos.
Enquanto que na dimensão macro-cósmica, surgem outros desafios de
interação, equilíbrio ou harmonia entre as duas estruturas ou propriedades
K A L O K A G A T H I A
BELO E BOM
ESTÉTICO ÉTICO
K A L O K A G A T H I A
BELO E BOM
ESTÉTICO ÉTICO
ARETÉ
VIRTUS
HÓLOS DO SER
HUMANO
FUNÇÕES DA
KALOKAGATHIA
I
COMPENDIUM
EQUILÍBRIO DO INTERAÇÃO DO
HOMEM HOMEM COMO
MICROCOSMO NO COSMO OU NATUREZA
MACROCOSMO - A PHISIS
FUNÇÕES DA
KALOKAGATHIA
II
CORPO CARÁTER
PAI D É IA
P A I D A G O G I A
podem ser saltados, assim como também a ordem de sucessão não pode ser invertida
pela natureza ou pela vontade.
Para ele, o Homem no estado físico apenas sofre o poder da natureza, já no
estado estético, liberta-se do poder da natureza e, por último, no estado moral ele
domina o poder da natureza.
Já contemporaneamente, em 1999, Howard Gardner, em seu livro intitulado
“O Verdadeiro o Belo e o Bom: Os princípios básico para uma nova educação”,
apresenta as bases neurais que possam servir para fundamentar cientificamente o
conhecimento e aplicação desses três valores, por meio de seis caminhos pedagógicos
que, de alguma forma representa uma concepção atual da Kalocagathia.
4. Considerações finais
Neste tópico apresentaremos algumas sugestões que talvez possam servir como
uma referência para futuros estudos no âmbito da neuroeducação:
a) Fundamentar epistemologicamente a Teoria dos Valores ou Axiologia ou
Neuroaxiologia, por meio de bases neurobiológicas ou das neurociências, de maneira
que se permita emitir um juízo de valor de uma maneira geral;
b) Fundamentar, da mesma maneira, a problemática da estética ou da
neuroestética de maneira que se permita emitir um juízo de valor acerca do tema da
beleza ou do belo;
c) Fundamentar, da mesma maneira, a problemática da moral/ética ou da
neuroética de maneira que se permita emitir um juízo de valor acerca do tema do agir
humano;
d) Com isso poder fundamentar cientifica ou epistemológicamente a dimensão
social/coletiva ou interpessoal da emissão de um juízo de valor acerca da beleza ou do
belo, baseado em princípios estéticos fundamentados nas neurociências;
e) Com isso poder fundamentar cientifica ou epistemológicamente a dimensão
individual ou intrapessoal da emissão de um juízo de valor acerca da beleza ou do
belo, baseado em princípios estéticos fundamentados nas neurociências;
Como, por exemplo, nas áreas:
Das artes, da moda, da medicina, da dança, dos esportes, entre outros.
5. Bibliografia