Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 Pedro 2:13-17
13 Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano,
14 quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que
praticam o bem.
15 Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos;
16 como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de
Deus.
17 Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei.
INTRODUÇÃO
Depois de Pedro orientar a igreja quanto à sua atuação pública, ou seja, para que o
peregrino cristão mantivesse sua conduta exemplar entre os gentios, ele agora fala mais a
esse respeito. Como o cristão deve se comportar em relação às autoridades? Em relação ao
governo?
a) Submissão
1 WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. volume II. Santo André – SP: Geográfica. p.
520.
b) Submissão a todas as instituições
A submissão às instituições é por causa do Senhor, como diz o texto. Não por causa
das pessoas, por conta da credibilidade da instituição ou pelo poder da mesma. Assim,
“desdiviniza-se” as instituições. A obediência não é um fim em si mesma. A motivação está
em Deus e no seu ordenamento. Ele é quem estruturou a realidade e sabe o que está fazendo.
Logo, seu conselho é o melhor. Pedro está fazendo com que a igreja perceba que a vontade
de Deus está sendo feita diante dos governos e instituições humanas. Deus é soberano e
nada foge à sua administração. Assim, o cristão deve submissão a um governo sabendo que
sua autoridade é delegada por Deus.
c) Submissão ao rei
2 LOPES, Hernandes Dias. 1Pedro: com os pés no vale e o coração no céu. São Paulo: Hagnos, 2012. p. 83.
3 FERREIRA, Franklin. Contra a idolatria do Estado: o papel do cristão na política. São Paulo: Vida Nova, 2016.
governos ruins! É para mostrar o bem diante do mal. Pagar o mal com o bem. Envergonhar
o ímpio com a nobreza da humildade, obediência e honra.
Um cuidado que a igreja deve ter é não confundir o respeito às instituições com
concordância a toda lei e prática da autoridade. Sabemos da dificuldade em viver num
governo corrupto, observando o princípio do respeito à autoridade, mas, ao mesmo tempo,
conservando-se fiel á Palavra de Deus. Evidentemente que não devemos desobedecer à Deus
pela obediência a instituições corruptas! Assim sendo, é importante observar que podemos
respeitar instituições ainda quando não concordamos com determinadas leis. “Por exemplo,
ao se recusarem a adotar as regras alimentares do rei, Daniel e seus amigos desobedeceram
à lei; mas a maneira de fazê-lo provou que honravam o rei e que respeitavam as autoridades
(Dn 1)4.
Existem outros casos em que se justifica até mesmo a chamada “subversão legítima”,
uma ruptura total de obediência e submissão. Caso um governo esteja tão degenerado que
tente obrigar o cidadão a agir deliberadamente contra os mandamentos do Senhor, contra
os princípios pétreos da Palavra, então, nesse caso é possível a desobediência consciente.
“Quando um governo se assenta no trono e arroga para si o título de “Senhor e Deus”, como
fizeram alguns imperadores romanos, está em completo desacordo com os preceitos de Deus.
Nesse caso, a desobediência civil não é apenas uma possibilidade, mas uma necessidade,
uma vez que importa obedecer a Deus mais que aos homens (Atos 5.29)”5.
A sujeição ainda deve ser prestada aos agentes do rei. Aqui representados
aparentemente por uma força policial para castigar os malfeitores ou para louvar os que
praticam o bem.
Na verdade, essa é uma das principais funções do Estado; trabalhar na segurança de
seu povo utilizando a força policial. O Estado deve reprimir o crime, a bandidagem, os que
agem fora da lei; dando assim, segurança e proteção aos cidadãos de bem. Paulo fala sobre
a autoridade dos magistrados afirmando que “se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo
que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal”
(Romanos 13.4).
Assim, o Estado tem legitimidade para “trazer a espada” e executar justiça.
“Os agentes do rei” também podem estar tratando de autoridades subdelegadas. Pôncio
Pilatos, por exemplo, era governador da Judeia sob a autoridade e legalidade do imperador
de Roma. Mesmo assim, sua autoridade é reconhecida e tida ainda como da vontade de Deus.
Jesus afirmou para ele: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse
dada” (João 19.11).
APLICAÇÃO
4
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. volume II. Santo André – SP: Geográfica. p.
522.
5
LOPES, Hernandes Dias. 1Pedro: com os pés no vale e o coração no céu. São Paulo: Hagnos, 2012. p. 84.
b) Sejamos obedientes mesmo quando a autoridade não for perfeita. Não há caso em
que encontraremos perfeição, logo, deve-se obediência, muitas vezes, à líderes
falhos e ruins. O propósito do Senhor é justamente que sua igreja consiga mostrar
que “paga” o mal com o “bem”, o opróbrio com a honra.
a) Propósito.
O motivo da submissão foi bem exposto pelo escritor: “porque assim é a vontade de
Deus”. A igreja não inventa nem fabrica suas verdades. A vontade de Deus é que deve ser
compreendida e cumprida em toda terra.
O método de Deus é diferente daquilo que o homem produz. O Senhor está instruindo
sua igreja num método humilde e pacífico. Num método que preserve as autoridades. O
Senhor deseja uma igreja obediente e que testemunhe com humildade, obediência e
sacrifício, sua vida espiritual.
O Senhor poderia ter orientado a igreja a “pegar em armas” e ir ao confronto, caso essa
estratégia fosse a melhor. Ele poderia ter orientado seu povo a ser crítico das instituições e
agir para destruí-las. O Senhor poderia ter orientado a acabar com a família, Estado, Escola,
Trabalho e todas as esferas da vida, numa verdadeira anarquia. Contudo, esse não é o
método do povo de Deus. A igreja não é chamada a praticar uma espécie de revolução!
O povo de Deus “vencerá” pela prática do bem!
b) Natureza da submissão.
Então, “como livres que sois”, ou seja, o próprio apóstolo garante que não estaremos
sendo presos com tal atitude, mas livres. Tal liberdade não deve ser mal compreendida e
usada com malícia. “Já que sou livre, não devo obediência a ninguém”. Isso seria uma má
interpretação. A liberdade não é independência de Deus, mas deve reafirmar que somos
servos dele!
c) Alcance da submissão.
Como o próprio texto diz, “tratai a todos com honra”. Todas as pessoas merecem
respeito simplesmente pelo fato de serem humanos. Todos os homens portam a imagem e
semelhança de Deus, por isso, dignidade intrínseca. Não há pessoa que em si mesma seja
melhor que outra por conta de cor da pele, status social ou outros elementos externos. Todos
são iguais.
Amais aos irmãos. O amor fraternal na família cristã é um mandamento. Não é
opcional, mas um dever. O amor nos caracteriza como servos autênticos de Deus. O amor
constrói e edifica. O amor é o “caminho sobremodo excelente”, conforme Paulo.
6 LOPES, Hernandes Dias. 1Pedro: com os pés no vale e o coração no céu. São Paulo: Hagnos, 2012. p. 87.
Temei a Deus. O Senhor deve ser temido. Esse temor é uma reverência respeitosa, não
é um medo paralisante. Deve honrar ao Senhor e tratá-lo com dignidade. A falta de temor a
Deus causa banalização à sua Palavra. Quem não o teme, não o obedece.
Honrai o rei. Notemos que o cristão deve horar a todos, o que foi mencionado
anteriormente. Aos irmãos, isso se traduz em amor. Ao Senhor, em temor. Contudo, quando
chegamos ao rei, a honra é a mesma. Honrai a todos e honrai ao rei. O rei deve ser honrado,
no sentido de ser respeitado, contudo, a honra é a mesma que se presta a qualquer outra
pessoa. O rei não deve ser soberano absoluto sobre o povo, muito menos sobre a igreja.
APLICAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo de Pedro é orientar a igreja como agir e se relacionar com os governos, com
as autoridades. O apóstolo deseja que a igreja tenha um testemunho valoroso, de boas obras.
Ele quer que os cristãos “respondam” à perseguição, não com revolução, luta armada ou
baderna, mas mantendo o respeito às autoridades e o bom exemplo.
Esse é o caminho para o cristão agir diante de qualquer autoridade.