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VOLUME ESPÍRITO

VOLUME SANTO
PARÁ
VOLUME ESPÍRITO
VOLUME SANTO
PARÁ
PRESIDENTE DA REPÚBLICA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E
Excelentíssima Senhora Dilma Vana Rousseff PESQUISAS SOBRE DESASTRES
MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Diretor Geral
Excelentíssimo Senhor Fernando Bezerra de Souza Coelho Professor Antônio Edésio Jungles, Dr.
SECRETÁRIO NACIONAL DE DEFESA CIVIL Diretor Técnico e de Ensino
Excelentíssimo Senhor Humberto de Azevedo Viana Filho Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr.
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE Diretor de Articulação Institucional
MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES Professor Irapuan Paulino Leite, Msc.
Excelentíssimo Senhor Rafael Schadeck
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Superintendente Geral
Magnífico Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Professor Pedro da Costa Araújo, Dr.
Professor Álvaro Toubes Prata, Dr.
Diretor do Centro Tecnológico da Universidade Federal
de Santa Catarina
Professor Edson da Rosa, Dr.

Esta obra é distribuída por meio da Licença Creative Commons 3.0


Atribuição/Uso Não-Comercial/Vedada a Criação de Obras Derivadas / 3.0 / Brasil.

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e


Pesquisas sobre Desastres.
Atlas brasileiro de desastres naturais 1991 a 2010: volume Espírito Santo
/ Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Florianópolis:
CEPED UFSC, 2011.
63 p. : il. color. ; 30 cm.

Volume Espírito Santo.


ISBN 978-85-64695-10-8

1. Desastres naturais. 2. Estado do Espírito Santo - atlas. I. Universidade


Federal de Santa Catarina. II. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas
sobre Desastres. III. Secretaria Nacional de Defesa Civil. IV. Título.

CDU 912(815.2)

Catalogação na publicação por Graziela Bonin – CRB14/1191.


APRESENTAÇÃO

A construção de uma nova realidade para a Defesa Civil no Brasil, principalmente Nas últimas décadas os Desastres Naturais constituem um tema cada vez mais presente no cotidiano das
no que se refere à política de redução de riscos, requer conhecer os fenômenos e populações. Há um aumento considerável não só na frequência e intensidade, mas também nos impactos
os desastres que nosso território está sujeito. Para nos prepararmos, precisamos gerados, com danos e prejuízos cada vez mais intensos.
O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais é um produto de pesquisa resultado do acordo de cooperação entre a
saber os perigos que enfrentamos.
Secretaria Nacional de Defesa Civil e o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade
O levantamento de informações e a caracterização do cenário nacional de desastres
Federal de Santa Catarina.
é uma necessidade antiga, compartilhada por todos que trabalham com Defesa A pesquisa teve por objetivo compilar e disponibilizar informações sobre os registros de desastres ocorridos em
Civil. A concretização do referido levantamento contou com a participação de todo o território nacional nos últimos 20 anos (1991 a 2010), por meio da publicação de 26 Volumes Estaduais e
todos os estados e da academia. A cada dia fica mais evidente que a colaboração um Volume Brasil.
entre os atores envolvidos (Distrito Federal, estados e municípios) é essencial para O levantamento dos registros históricos, derivando na elaboração dos mapas temáticos e na produção do Atlas,
o alcance de objetivos comuns. é relevante na medida em que viabiliza construir um panorama geral das ocorrências e recorrências de desastres
A ampla pesquisa realizada e materializada pela publicação deste Atlas teve no país e suas especificidades por Estado. Possibilita, assim, subsidiar o planejamento adequado em gestão
de risco e redução de desastres, a partir da análise ampliada abrangendo o território nacional, dos padrões de
como objetivo corrigir essa falta de informações. O conhecimento gerado poderá
frequência observados, dos períodos de maior ocorrência, das relações destes eventos com outros fenômenos
beneficiar os interessados no assunto, a partir dos mais diversos propósitos, e
globais e da análise sobre os processos relacionados aos desastres no país.
estará em constante desenvolvimento e melhoria. O Brasil não possuía, até o momento, bancos de dados sistematizados e integrados sobre as ocorrências de
Finalmente, deixo aqui expresso meu sincero agradecimento a todos aqueles que desastres e, portanto, não disponibilizava aos profissionais e aos pesquisadores informações processadas acerca
de alguma forma contribuíram para a construção deste trabalho que a Secretaria destes eventos, em séries históricas.
Nacional de Defesa Civil, em cooperação com a Universidade Federal de Santa Este Atlas é o primeiro trabalho em âmbito nacional realizado com a participação de 14 pesquisadores para
Catarina, apresenta para a sociedade brasileira. recolher dados oficiais nos 26 Estados e no Distrito Federal do Brasil e envolveu um total de 53 pessoas para a sua
produção. As informações apresentadas foram retiradas de documentos oficiais nos órgãos estaduais de Defesa
Civil, Ministério da Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil, Arquivo Nacional e Imprensa Nacional.
Secretário Humberto Viana
A proposta de desenvolver um trabalho desta amplitude mostra a necessidade premente de informações que
Secretário da Secretaria Nacional de Defesa Civil
ofereçam suporte às ações de proteção civil. O foco do trabalho consiste na caracterização dos vários desastres
enfrentados pelo país nas duas últimas décadas.
Este volume apresenta os mapas temáticos de ocorrências de desastres naturais do Estado do Espírito Santo,
referente a 824 documentos compulsados, que mostram, anualmente, os riscos relacionados a estiagens e secas,
inundações e outros eventos naturais adversos.
Nele, o leitor encontrará informações relativas aos totais de registros dos desastres naturais recorrentes no Estado,
espacializados nos mapas temáticos dos eventos adversos, que, juntamente com a análise de infográficos com
registros anuais, gráficos de danos humanos, frequências mensais das ocorrências e de médias de precipitação,
permitem uma visão global dos desastres no Espírito Santo, de forma a subsidiar o planejamento e a gestão das
ações de minimização no Estado.

Prof. Antônio Edésio Jungles, Dr.


Coordenador Geral CEPED UFSC
EXECUÇÃO DO ATLAS BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES

Coordenação do projeto Geoprocessamento Priscila Stahlschmidt Moura


Professor Antônio Edésio Jungles, Dr. Professor Carlos Antonio Oliveira Vieira, Dr. Renato Zetehaku Araujo
Renato Zetehaku Araujo Thiago Hülse Carpes
Supervisão do projeto Thiago Linhares Bilck
Professor Rafael Schadeck, Ms. - Geral Revisão bibliográfica e ortográfica Vinícius Neto Trucco
Jairo Ernesto Bastos Krüger - Adjunto Graziela Bonin Vlade Dalbosco
Pedro Paulo de Souza
Equipe de elaboração do atlas Equipe de apoio
Bruna Alinne Clasen Revisão do conteúdo Eliane Alves Barreto
Daniela Prá S. de Souza Gerly Mattos Sánchez Juliana Frandalozo Alves dos Santos
Diane Guzi Mari Angela Machado Lucas Martins
Drielly Rosa Nau Michely Marcia Martins Paulo Roberto dos Santos
Evandro Ribeiro Sarah Marcela Chinchilla Cartagena Valter Almerindo dos Santos
Frederico de Moraes Rudorff
Gerly Mattos Sánchez Equipe de campo, coleta e tratamento de dados
Lucas dos Santos Carolinna Vieira de Cisne
Mari Angela Machado Daniel Lopes Gonçalves
Michely Marcia Martins Daniela Prá S. de Souza
Patricia de Castilhos Drielly Rosa Nau
Regiane Mara Sbroglia Bruno Neves Meira
Rita de Cassia Dutra Érica Zen
Sarah Marcela Chinchilla Cartagena Fabiane Andressa Tasca
Fernanda Claas Ronchi
Projeto Gráfico Filipi Assunção Curcio
Alex-Sandro de Souza Gabriel Muniz
Douglas Araújo Vieira Gerly Mattos Sánchez
Eduardo Manuel de Souza Karen Barbosa Amarante
Marcelo Bezzi Mancio Larissa Dalpaz de Azevedo
Larissa Mazzoli
Diagramação Laura Cecilia Müller
Alex-Sandro de Souza Lorran Adão Cesarino da Rosa
Annye Cristiny Tessaro (Lagoa Editora) Lucas Soares Mondadori
Douglas Araújo Vieira Lucas Zanotelli dos Santos
Eduardo Manuel de Souza Michely Marcia Martins
José Antônio Pires Neto Monique Nunes de Freitas
Marcelo Bezzi Mancio Nathalie Vieira Foz
Patricia Carvalho do Prado Nogueira
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Esquema do registro de desastres----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13


Figura 2 - Hierarquização de Documentos------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13
Figura 3 - Codificação dos documentos oficiais digitalizados----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 14
Figura 4 - Cachoeira da Fumaça, Espírito Santo-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 19
Figura 5 - Reflexos da estiagem no município de Jerônimo Coelho---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 27
Figura 6 - Inundação brusca em Cachoeiro de Itapemirim em 2010---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 31
Figura 7 - Consequência de um evento de inundação brusca em Aracruz--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 32
Figura 8 - Área inundada no município de Vila Pavão------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 35
Figura 9 - Danos causados por fortes vendavais, no município de Boa Esperança------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 43
Figura 10 - Destruição de telhas ocasionada pela queda de granizo--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 45
Figura 11 - Prejuízos ao cultivo de pimentão em função da queda de granizo---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 47
Figura 12 - Rolamento de rochas em Baixo Caramuru------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 49
Figura 13 - Fluxo de detritos e de lama no município de Ibiratama----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 49
Figura 14 - Tentativa de contenção do processo erosivo marinho, em Conceição da Barra--------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 53
Figura 15 - Consequências da erosão marinha na orla de Itapemirim-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 54

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Freqüência mensal de estiagem e seca no Espírito Santo, período de 1991 a 2010----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 27
Gráfico 2 - Danos humanos ocasionados por estiagens e secas no Espírito Santo, período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------------- 28
Gráfico 3 - Médias pluviométricas em 2004, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Espírito Santo--------------------------------- 31
Gráfico 4 - Médias pluviométricas em 2005, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Espírito Santo--------------------------------- 32
Gráfico 5 - Médias pluviométricas em 2009, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Espírito Santo--------------------------------- 32
Gráfico 6 - Frequência mensal de inundação brusca no Espírito Santo, período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------------------------- 32
Gráfico 7 - Danos humanos ocasionados por inundações bruscas no Espírito Santo, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------- 32
Gráfico 8 - Médias pluviométricas em 2001, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Espírito Santo--------------------------------- 35
Gráfico 9 - Frequência mensal de inundação gradual no Espírito Santo, período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 36
Gráfico 10 - Danos humanos ocasionados por inundações graduais no Espírito Santo, período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------- 37
Gráfico 11 - Frequência mensal de incêndios no Espírito Santo, período de 1991 a 2010----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 39
Gráfico 12 - Danos humanos ocasionados por incêndios no Espírito Santo, período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------------- 40
Gráfico 13 - Freqüência mensal de tornado no Espírito Santo, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 40
Gráfico 14 - Danos humanos ocasionados por tornado no Espírito Santo, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------ 40
Gráfico 15 - Frequência mensal de vendaval e/ou ciclone no Espírito Santo, período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------------------- 43
Gráfico 16 - Danos humanos ocasionados por vendaval e/ou ciclone no Espírito Santo, período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------- 44
Gráfico 17 - Frequência mensal de granizos no Espírito Santo, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 45
Gráfico 18 - Danos humanos ocasionados por granizos no Espírito Santo, período de 1991 a 2010----------------------------------------------------------------------------------------------------- 45
Gráfico 19 - Frequência mensal de movimentos de massa no Espírito Santo, período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------------- 50
Gráfico 20 - Médias pluviométricas em 2009, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Espírito Santo-------------------------------- 50
Gráfico 21 - Danos humanos ocasionados por movimentos de massa no Espírito Santo, período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------- 51
Gráfico 22 - Frequência mensal de erosão marinha no Espírito Santo, período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 53
Gráfico 23 - Danos humanos ocasionados por erosão marinha no Espírito Santo, período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------- 54
Gráfico 24 - Percentual dos desastres naturais mais recorrentes no Espírito Santo, no período de 1991 a 2010----------------------------------------------------------------------------------------- 59
Gráfico 25 - Frequência mensal dos desastres naturais mais recorrentes no Espírito Santo, no período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------- 59
Gráfico 26 - Municípios mais atingidos no Espírito Santo, classificados pelo total de registros, no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------- 60
Gráfico 27 - Total de danos humanos no Estado do Espírito Santo período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 61
Gráfico 28 - Comparativo de registros de ocorrência de desastres entre as décadas de 1990 e 2000---------------------------------------------------------------------------------------------------- 63
Gráfico 29 - Total de registros de desastres coletados no Espírito Santo período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 64

LISTA DE INFOGRÁFICOS

Infográfico 1 – Municípios atingidos por estiagem e seca no Espírito Santo período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------------- 29
Infográfico 2 – Municípios atingidos por inundação brusca no Espírito Santo, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------- 33
Infográfico 3 – Municípios atingidos por inundação gradual no Espírito Santo, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------ 36
Infográfico 4 – Município atingido por incêndios no Espírito Santo período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 39
Infográfico 5 – Município atingido por tornado no Espírito Santo período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 40
Infográfico 6 – Municípios atingidos por vendaval e/ou ciclone no Espírito Santo período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------------- 44
Infográfico 7 – Municípios atingidos por granizos no Espírito Santo, no período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 47
Infográfico 8 – Municípios atingidos por movimentos de massa no Espírito Santo período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------------- 50
Infográfico 9 – Municípios atingidos por erosão marinha no Espírito Santo período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------------- 54

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Político do Estado do Espírito Santo--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 18


Mapa 2 - Desastres naturais causados por estiagem e seca no Espírito Santo, no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------- 26
Mapa 3 - Desastres naturais causados por inundação brusca no Espírito Santo, no período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------- 30
Mapa 4 - Desastres naturais causados por inundação gradual no Espírito Santo, no período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------- 34
Mapa 5 - Desastres naturais causados por incêndio e tornado no Espírito Santo, no período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------- 38
Mapa 6 - Desastres naturais causados por vendaval e/ou ciclone no Espírito Santo no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------- 42
Mapa 7 - Desastres naturais causados por granizos no Espírito Santo no período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------- 46
Mapa 8 - Desastres naturais causados por movimentos de massa no Espírito Santo no período de 1991 à 2010---------------------------------------------------------------------------------------- 48
Mapa 9 - Desastres naturais causados por erosão marinha no Espírito Santo no período de 1991 a 2010----------------------------------------------------------------------------------------------- 52
Mapa 10 - Total de registros de desastres naturais por município do Espírito Santo, no período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------- 58
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela 1- Classificação dos desastres naturais quanto à origem-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 14


Tabela 2 - População, taxa de crescimento e taxa de população urbana e rural, segundo a Região Sudeste e Unidades da Federação – 2000/2010-------------------------------------------------- 20
Tabela 3 - População, taxa de crescimento, densidade demográfica e taxa de urbanização, segundo as Grandes Regiões do Brasil – 2000/2010----------------------------------------------------- 20
Tabela 4 - Produto Interno Bruto per Capita, segundo a Região Sudeste e Unidades da Federação – 2004/2008--------------------------------------------------------------------------------------- 20
Tabela 5 - Déficit Habitacional urbano em relação aos domicílios particulares permanentes, segundo Brasil, Região Sudeste e Unidades da Federação - 2008------------------------------------- 21
Tabela 6- Distribuição percentual do Déficit Habitacional Urbano por faixas de renda média familiar mensal, segundo Região Sudeste e Estado do Espírito Santo - FJP/2008--------------------- 22
Tabela 7 - Pessoas de 25 anos ou mais de idade, total e respectiva distribuição percentual, por grupos de anos de estudo - Brasil, Região Sudeste e Estado do Espírito Santo – 2009.----------- 22
Tabela 8 - Taxa de fecundidade total, taxa bruta de natalidade, taxa bruta de mortalidade, taxa de mortalidade infantil e esperança de vida ao nascer, por sexo - Brasil, Região Sudeste e Unidades
da Federação – 2009------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 22
Tabela 9 - Registro de desastres naturais por evento, nos municípios do Estado do Espírito Santo, no período de 1991 a 2010----------------------------------------------------------------------- 60
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 13

O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 17

DESASTRES NATURAIS NO ESPÍRITO SANTO DE 1991 A 2010 25

ESTIAGEM E SECA 27

INUNDAÇÃO BRUSCA 31

INUNDAÇÃO GRADUAL 35

INCÊNDIO FLORESTAL E TORNADO 39

VENDAVAL E/OU CICLONE 43

GRANIZO 45

MOVIMENTOS DE MASSA 49

EROSÃO MARINHA 53

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 57

CONSIDERAÇÕES FINAIS 59
Fonte: Secretaria de Turismo do Espírito Santo
INTRODUÇÃO 13
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

INTRODUÇÃO O Relatório de Danos foi um documento para registro do Ministério da Integração Nacional e Secretaria Nacional de
oficial utilizado pela Defesa Civil até meados de 1990, sendo Defesa Civil, por meio de consulta de palavras-chave “desastre”,
No Brasil, as informações oficiais sobre um desastre substituído, posteriormente, pelo AVADAN. Os documentos são “situação de emergência” e “calamidade”.
podem ocorrer pela emissão de dois documentos distintos, não armazenados em meio físico, sendo o arquivamento dos mesmos
obrigatoriamente dependentes: o Formulário de Notificação responsabilidade das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil. Tratamento dos Dados
Preliminar de Desastre (NOPRED) e/ou o Formulário de Avaliação A relevância da pesquisa refere-se à importância que
de Danos (AVADAN). Quando um município encontra-se em deve ser dada ao ato de registrar e armazenar, de forma precisa, Para compor a base de dados do Atlas Brasileiro de Desastres
situação de emergência ou calamidade pública, um representante integrada e sistemática, os eventos adversos ocorridos no país. e a fim de evitar a duplicidade de registros, os documentos foram
da Defesa Civil do município preenche o documento e o envia Até o momento da pesquisa não foram evidenciados bancos de selecionados de acordo com a escala de prioridade da Figura 2.
simultaneamente para a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil dados ou informações sistematizadas sobre o contexto brasileiro
e para a Secretaria Nacional de Defesa Civil. de ocorrências e controle de desastres no Brasil. Figura 2 – Hierarquização de Documentos
Após a emissão de um dos dois documentos, ocorre a Assim, a pesquisa justifica-se pela construção pioneira
oficialização da ocorrência do desastre por meio de um Decreto do resgate histórico e ressalta a importância dos registros pelos
Municipal exarado pelo Prefeito. Quando não é possível preencher órgãos federais, distrital, estaduais e municipais de Defesa Civil,
um dos dois documentos, o Prefeito Municipal pode oficializar a para que estudos abrangentes e discussões sobre as causas e
ocorrência de um desastre diretamente pela emissão do Decreto. intensidade dos desastres possam contribuir para a construção
Em seguida, ocorre a homologação do Decreto pela de uma cultura de proteção civil.
divulgação de uma Portaria no Diário Oficial da União, emitida
pelo Secretário Nacional de Defesa Civil ou Ministro da Integração Levantamento de Dados
Nacional, como forma de tornar pública e reconhecida uma
situação de emergência ou um estado de calamidade pública. A Entre outubro de 2010 a maio de 2011, pesquisadores
Figura 1 ilustra o processo de informações para a oficialização de do CEPED UFSC visitaram as 26 capitais brasileiras para obter os
um registro de um desastre. documentos oficiais de registros de desastres disponibilizados Fonte: Própria pesquisa, 2011.

pelas Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil. Os


Figura 1 - Esquema do registro de desastres pesquisadores também foram à Secretaria Nacional de Defesa Os documentos selecionados foram nomeados com
Civil para coletar os registros arquivados. Primeiramente, todas base em um código formado por 5 campos (Figura 3), que
as Coordenadorias Estaduais receberam um ofício da Secretaria permitem a identificação da:
Nacional de Defesa Civil comunicando o início da pesquisa e 1 – Unidade Federativa
solicitando a cooperação no levantamento dos dados. 2 – Tipo do documento:
Como na maioria dos Estados os registros são realizados A – AVADAN
em meio físico e arquivados, os pesquisadores utilizaram como N – NOPRED
equipamento de apoio um scanner portátil para transformar em R – Relatório de danos
meio digital os documentos disponibilizados. Foram digitalizados P – Portaria
os documentos datados entre 1991 e 2010, possibilitando o D – Decreto municipal ou estadual
resgate histórico dos últimos 20 anos de registros de desastres O – Outros documentos (tabelas, ofícios, etc.)
3 – Código do município estabelecido pelo IBGE
no Brasil. Os documentos oficiais encontrados consistem em
4 – Codificação de desastres, ameaças e riscos (CODAR)
relatório de danos, AVADANs, NOPREDs, decretos e portarias. 5 – Data de ocorrência do desastre (ano/mês/dia).
Como forma de minimizar as lacunas de informações Quando não possível identificar refere-se a data de homologação
Fonte: Própria pesquisa, 2011. foram coletados documentos em arquivos e banco de dados do decreto ou elaboração do relatório.
14 INTRODUÇÃO
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Figura 3 - Codificação dos documentos oficiais digitalizados desastres foram classificados em treze grupos, e, ao agrupar A fim de identificar discrepâncias nas informações, erros
alguns deles, os registros foram somados. Foi considerada para de digitação e demais falhas no processo de transferência de
este agrupamento a classificação quanto à origem dos desastres dados, foram criados filtros de controle para verificação dos
determinada pela Codificação de Desastres, Ameaças e Riscos mesmos:
(CODAR), desenvolvida pela Defesa Civil Nacional. 1 – De acordo com a ordem de prioridade apresentada
1 2 3 4 5
As informações presentes nos documentos do banco de na Figura 2, os documentos referentes ao mesmo evento,
Fonte: Própria pesquisa, 2011. dados foram manualmente tabuladas em planilhas para permitir emitidos com poucos dias de diferença, foram excluídos para
a análise e interpretação de forma integrada. evitar a duplicidade de registros;
O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais considera como O processo de validação dos documentos oficiais foi 2 – No caso de danos humanos, as discrepâncias
fonte de informações os documentos oficiais relativos aos realizado juntamente com as Coordenadorias Estaduais de identificadas não foram consideradas.
dezenove tipos de desastres naturais mencionados na Tabela Defesa Civil, por intermédio da Secretaria Nacional de Defesa O levantamento de dados para o Estado do Espírito
1, considerados os principais eventos incidentes no país. Esse Civil, com o objetivo de garantir a representatividade dos Santo identificou 1190 documentos, sendo:
registros de cada Estado.
Tabela 1 - Classificação dos desastres naturais quanto à origem Quadro 1 – Total de documentos do Estado do Espírito Santo
AVADAN NOPRED Relatório Decreto Portaria Outros Total
379 102 0 361 347 1 1190

Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.

Após o processo de verificação de duplicidades, recorte


histórico dos últimos 20 anos (1991-2010) e seleção dos tipos de
desastres considerados (Tabela 1) os documentos totalizaram
824 registros de desastres, sendo:

Quadro 2 – Total de documentos considerados do Estado do Espírito Santo


AVADAN NOPRED Relatório Decreto Portaria Outros Total
374 114 0 148 188 0 824
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.

Não foram identificadas informações discrepantes para


o Estado do Espírito Santo, assim não houve a necessidade de
desconsiderar dados.

Fonte: Defesa Civil Nacional. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.


INTRODUÇÃO 15
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Produção de Mapas Temáticos A análise apresenta uma descrição do contexto onde os


eventos ocorreram e permitem subsidiar os órgãos competentes
Com o objetivo de possibilitar a análise dos dados, para ações de prevenção e reconstrução. Assim, o Atlas
foram desenvolvidos mapas temáticos para espacializar e Brasileiro de Desastres Naturais consiste em uma fonte para
representar a ocorrência dos eventos. Utilizou-se a base de pesquisas e consultas, pois reúne informações sobre os eventos
dados georreferenciada do Instituto Brasileiro de Geografia e adversos registrados no território nacional o que contribui para
Estatística (IBGE, 2005), como referência para a produção dos a construção de conhecimento.
mapas. Assim, os mapas que compõem a análise dos dados por
Estado, são: Limitações da pesquisa
• Mapa Político do Estado;
• Mapas temáticos para cada tipo de desastre; As principais dificuldades encontradas na pesquisa,
• Mapa temático com o total de registros no Estado. foram: as condições de acesso, as lacunas de informações por
mau preenchimento, banco de imagens e referencial teórico
Análise dos Dados para a caracterização geográfica de cada Estado, além da
armazenagem inadequada dos formulários, muitos guardados
A partir dos dados coletados para cada Estado, foram em locais sujeitos a fungos e à umidade.
desenvolvidos mapas, gráficos e tabelas que possibilitaram Por meio da realização da pesquisa, evidenciaram-se
construir um panorama espaço-temporal sobre a ocorrência de algumas fragilidades quanto ao processo de gerenciamento das
desastres. Quando encontradas fontes teóricas que permitissem informações sobre os desastres brasileiros, como:
caracterizar os aspectos geográficos do Estado, como clima, • A ausência de unidades e campos
vegetação e relevo, as análises puderam ser complementadas. padronizados para as informações declaradas
Os aspectos socioeconômicos do Estado também compuseram pelos documentos;
uma fonte de informações sobre as características locais. • Ausência de sistema de coleta sistêmica e
A análise consiste na breve caracterização dos aspectos armazenamento dos dados;
geográficos do Estado, avaliação dos registros de desastres e • Cuidado quanto ao registro e integridade
avaliação dos danos humanos relativos às ocorrências, com a histórica;
utilização de mapas e gráficos para elucidar a informação. Assim, • Dificuldades na interpretação do tipo de
as informações do Atlas são apresentadas em três capítulos: desastre pelos responsáveis pela emissão dos
Capítulo 1 – Apresentação do Estado, mapa político, documentos;
aspectos geográficos e demográficos; • Dificuldades de consolidação, transparência e
Capítulo 2 – Análise dos desastres naturais do Estado acesso aos dados.
entre 1991-2010, mapas temáticos e análise de cada desastre Cabe ressaltar que o aumento do número de registros a
ocorrido, gráficos relacionados aos registros de desastres e cada ano pode estar relacionado à evolução dos órgãos de Defesa
danos humanos; Civil quanto ao registro de desastres nos documentos oficiais.
Capítulo 3 – Diagnóstico dos desastres naturais no Assim, acredita-se que pode haver carência de informações sobre
Estado, mapa temático contendo todos os registros desastres os desastres ocorridos no território nacional, principalmente entre
ocorridos entre 1991-2010 e gráficos de todos os desastres 1991 e 2001, período anterior ao formulário AVADAN.
recorrentes.
O Estado do Espírito Santo

Fonte: Secretaria de Turismo do Espírito Santo


18 O ESTADO DO ESPÍRITO SANTOS
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

MAPA 1 - POLÍTICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO


MAPA DE42°30'W
LOCALIZAÇÃO DO 41°W 39°30'W
ESPÍRITO SANTO NO BRASIL

70°W 40°W Bahia


18°S Mucurici 18°S

Montanha

0° Ponto Pedro
Belo Canário
Ecoporanga Convenções
Pinheiros
! Capital
Mesorregião
Conceição da Barra
Água Doce
do Norte Boa Esperança Divisão Municipal
Curso d´água
Barra de
Vila Pavão LITORAL NORTE
São Francisco ESPIRITO-SANTENSE

São Mateus
Nova Venécia

NOROESTE
ESPIRITO-SANTENSE
Mantenópolis

30°S Jaguaré
Águia Branca São Gabriel Vila Valério
da Palha
Alto Rio Novo
Sooretama

µ
São Domingos
Pancas do Norte
1:75000000 Governador
Lindenberg Rio Bananal

Minas Gerais Linhares

Marilândia

Colatina
19°30'S 19°30'S
Baixo Guandu 1:1750000

ICO
São Roque João Neiva
Itaguaçu 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
do Canaã
Aracruz

NT
Ibiraçu
Laranja da Terra Santa Teresa

Itarana


Fundão

Santa Maria de Jetibá

AT
Afonso Cláudio
Brejetuba Santa Leopoldina Serra
CENTRAL
ESPIRITO-SANTENSE

NO
Ibatiba Vitória

Conceição Domingos Martins


Cariacica
!
Irupi
do Venda Nova Projeção Policônica
Iúna
Castelo do Imigrante Datum: SIRGAS 2000

EA
Viana
Muniz Freire Marechal Floriano
Vila
Meridiano Central: 41° W. Gr.
Ibitirama Velha Paralelo de Referência: 0°

OC
Divino de
Castelo Alfredo Chaves Base cartográfica digital: IBGE 2005.
São
Guarapari
Lourenço SUL Vargem

Dores do
ESPIRITO-SANTENSE Alta Dados de Desastres Naturais gerados
Rio Preto Anchieta
a partir do levantamento do Planejamento
Alegre Cachoeiro
de Iconha Nacional para Gestão do Risco - PNGR
Guaçuí
Jerônimo
Itapemirim CEPED UFSC 2010/2011.
Monteiro Rio Novo Piúma
do Sul
Elaborado por Renato Zetehaku Araujo
São José Muqui Atilio
do Vivacqua Itapemirim
Calçado
21°S 21°S
Bom Jesus
Mimoso do Sul Marataízes
do Norte Presidente
Apiacá Kennedy

Rio de Janeiro
42°30'W 41°W 39°30'W
O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 19
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO se concentram entre 600 mm a 375 mm, ao ano (AMARANTE, afloramentos e promontórios cristalinos pré-cambrianos,
2009). tabuleiros terciários da Formação Barreiras e planícies costeiras
Caracterização Geográfica O clima do Espírito Santo é bem diversificado, ocorrendo quaternárias. Destaca-se nesta porção territorial capixaba o delta
precipitações elevadas no Estado durante o verão, tornando-se do Rio Doce, as dunas móveis de Itaúnas e a Ilha de Vitória.
O Estado do Espírito Santo localiza-se no sudeste bem mais escassas à medida que migra para outono e inverno. De acordo com o Governo do Estado do Espírito Santo,
brasileiro, entre os paralelos 17°53’29”S e 21°18’05”S e os Segundo os dados do Instituto Nacional de Meteorologia o território espírito-santense se apresenta geomorfologicamente
meridianos 39°39’56”W e 41°52’46”W (IBGE, 2010). Com uma área (INMET), o tempo e o clima são influenciados pelo centro de alta em: litoral, que possui uma faixa costeira que se estende por 436
territorial de 46.077 km², correspondente a 0,54% do tamanho do pressão Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul, resultando em km, e o planalto que representa a maior parte do Estado, com
Brasil, e aproximadamente 4,98% da Região Sudeste. Limita-se acentuada ocorrência de ventos de quadrante leste e nordeste. cerca de 60% do território. Ainda sobre a estrutura do relevo do
ao norte, com o Estado da Bahia, ao sul, com o Estado do Rio de Além desse mecanismo, atuam no Estado as frentes frias oriundas Estado, Brasil Channel (2010) apresenta o quadro geomorfológico
Janeiro, a oeste, com o Estado de Minas Gerais, e com o Oceano do sul do continente (massas polares), o que confere uma marcante em baixada litorânea, formada por extensos areais, praias e
Atlântico, a leste. sazonalidade. Desse modo, estes são os mecanismos principais restingas; tabuleiros areníticos, faixa de terras planas com cerca
O Espírito Santo se divide em quatro Mesorregiões: que influenciam na dinâmica atmosférica do Estado, os quais de cinquenta metros de altura, que se ergue ao longo da baixada
Central Espírito-Santense, Litoral Norte Espírito-Santense, se combinam com os mecanismos de mesoescala, tais como as e a domina com uma escarpa abrupta, voltada para leste; morros
Noroeste Espírito-Santense, Sul Espírito-Santense, conforme brisas marinhas, terrestres e lacustres, ventos montanha-vale, jatos e maciços isolados, que despontam no litoral e, em alguns locais,
apresenta o Mapa1 (Político do Estado do Espírito Santo). noturnos e outros (AMARANTE, 2009). dão origem a costas rochosas, cujas reentrâncias formam portos
O clima no Estado, por sua vez, se divide conforme o relevo Espírito Santo possui uma faixa costeira de 436 km naturais, como a Baía de Vitória; planícies aluviais (várzeas), ao
característico capixaba. Apresenta as temperaturas mais baixas, de extensão, e uma constituição geomorfológica dotada de longo dos rios, que às vezes terminam em formações deltaicas,
a oeste, e as temperaturas máximas, nas planícies costeiras. As
temperaturas médias anuais são superiores a 18°C, durante todos
os meses do ano. No entanto, as partes mais elevadas da região
serrana, onde o clima é mesotérmico mediano, as temperaturas
atingem médias inferiores a 10°C, nos meses mais frios. Assim, a
amplitude térmica entre os meses mais quentes e frios do ano fica
em torno de 5ºC a 6ºC, na região litorânea, aumentando quando
em direção ao interior (AMARANTE, 2009).
No Espírito Santo, a estação seca acontece no outono/
inverno, sendo, no litoral, atenuada por precipitações relativamente
abundantes neste período, causadas por frentes frias provenientes
do sul do continente. É perceptível também um aumento das
chuvas na região das serras capixabas, notadamente no verão, o
que é uma tendência característica do Sudeste brasileiro: maiores
precipitações e temperaturas médias mais baixas nas áreas de
maior altitude. As médias pluviométricas para o outono/inverno
ficam entre 275 mm a 175 mm, ao ano, no litoral, ao passo que
nas regiões a oeste do Estado as médias variam entre 250 mm a
Figura 4 – Cachoeira da Fumaça, Espírito Santo
75 mm, ao ano, na estação seca. Na primavera e verão as médias
Fonte: Secretaria de Turismo do Espírito Santo.
20 O ESTADO DO ESPÍRITO SANTOS
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

de que é exemplo a desembocadura do Rio Doce e, finalmente, Tabela 2 – População, taxa de crescimento e taxa de população urbana e rural, segundo a Região Sudeste e Unidades da Federação – 2000/2010
a serra, rebordo oriental do Planalto Brasileiro, com uma altura
geral de setecentos metros, coroada por maciços montanhosos, População Crescimento Taxa de População Taxa de População
Abrangência Geográfica
entre os quais se encontra a Serra do Caparaó (ESPÍRITO SANTO, (2000-2010) Urbana (2010) Rural (2010)
1998). Nesta região, encontra-se o Pico da Bandeira, com 2.890 2000 2010
metros de altura, o terceiro mais alto do País e o mais alto do BRASIL 169.799.170 190.732.694 12,33% 84,30 15,70%
Estado. Região Sudeste 72.412.411 80.835.724 10,97% 92,95% 7,05%
O Espírito Santo possui a área de 45.597 km2, sendo que Minas Gerais 17.891.494 19.595.309 9,52% 83,38 16,62%
Espírito Santo 3.097.232 3.512.672 13,41% 85,29 14,51%
100% de sua superfície eram cobertas por Mata Atlântica. Segundo
Rio de Janeiro 14.391.282 15.993.583 11,12% 96,71 3,29%
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2004), a Mata São Paulo 37.032.403 41.252.160 11,39% 95,88 4,12%
Atlântica no Estado é composta por floresta ombrófila, floresta Fonte: Censo Demográfico de 2000 e 2010 (IBGE, 2010)
estacional semidecidual, formações pioneiras (brejos, restingas,
mangues) e refúgio vegetacional da Serra do Caparaó.
Na zona dos tabuleiros, ocorre principalmente a floresta Tabela 3 – População, taxa de crescimento, densidade demográfica e taxa de urbanização, segundo as Grandes Regiões do Brasil – 2000/2010
ombrófila densa, sendo caracterizada por uma vegetação com
exemplares de altura média acima de 30 m. As árvores são
Taxa de Densidade
espaçadas, o sub-bosque é pouco denso e apresentam-se poucas Taxa de Pop.
Grandes Regiões População em 2000 População em 2010 Crescimento Demográfica
Urbana - 2010
epífitas. Já a zona serrana é caracterizada pela floresta ombrófila 2000 a 2010 (2010) (hab/km²)
aberta, de altitude, com o interior fechado, vegetação rasteira e
arbustiva abundantes, com altura média de 25 m. Nos pontos
BRASIL 169.799.170 190.732.694 12,33% 22,43 84,36%
onde a altitude chega de 300 a 800 m, forma-se a floresta de Região Norte 12.900.704 15.865.678 22,98% 4,13 73,53%
encosta, mais úmida. Acima de 1.200 m, assume características Região Nordeste 47.741.711 53.078.137 11,18% 34,15 73,13%
de floresta montana, com árvores um pouco mais baixas e Região Sudeste 72.412.411 80.353.724 10,97% 86,92 92,95%
espécies típicas. Acima de 2.000m, aparece a vegetação de Região Sul 25.107.616 27.384.815 9,07% 48,58 84,93%
Região Centro-Oeste 11.636.728 14.050.340 20,74% 8,75 88,81%
campos (refúgios vegetacionais). A zona serrana foi intensamente
Fonte: Censo Demográfico de 2000 e 2010 (IBGE, 2010).
explorada, onde se desenvolveu uma capoeira de regeneração,
alta e rica em imbaúbas (SILVA, 2007).
A vegetação litorânea encontra-se dividida em dois tipos Tabela 4 – Produto Interno Bruto per Capita, segundo a Região Sudeste e Unidades da Federação – 2004/2008
básicos: a vegetação das praias, dunas e restingas e a vegetação PIB PER CAPITA EM R$
dos mangues. Nas praias, apresenta-se principalmente de porte Taxa de
Abrangência Geográfica
herbáceo e, nas dunas, o porte é arbustivo. Na restinga, pode- 2004 2005 2006 2007 2008 Variação
se encontrar uma mata de aspecto xeromórfico, que em zonas 2004/2008
BRASIL 10.692,19 11.658,10 12.686,60 14.464,73 15.989,75 49,55%
alagadas torna-se paludosa.
Sudeste 14.009,42 15.468,74 16.911,70 19.277,26 21.182,68 51,00%
Por fim, os manguezais formam uma importante vegetação
Minas Gerais 9.335,97 10.013,76 11.024,70 12.519,40 14.232,81 52,00%
litorânea e são caracterizados por arbustos e árvores com poucas Espírito Santo 11.997,94 13.854,91 15.234,76 18.002,92 20.230,85 69,00%
espécies, semelhantes fisionômica e fisiologicamente. Nas zonas Rio de Janeiro 14.663,82 16.057,40 17.692,59 19.245,08 21.621,36 47,00%
de maior influência das marés, aparecem mangue-vermelho São Paulo 16.157,79 17.975,61 19.550,37 22.667,25 24.456,86 51,00%
(Rhizophoramangle) e mangue-preto (Aviceniaschaueriana) e Fonte: IBGE, 2004/2008.
O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 21
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

nas zonas de menor influência encontra-se mangue-branco No ano de 2008, o PIB per capita era de R$ 20.230,85, cários e sua faixa de renda, alvo preferencial de políticas públi-
(Laguncularia racemosa). valor abaixo da média regional – R$ 21.182,68 – porém, maior cas que visem à melhoria das condições de vida da população
Destacam-se os manguezais do Rio São Mateus, Rio que a média nacional – R$ 15.989,75 (Tabela 4). mais vulnerável.
Barra Seca, complexo Piraquê-Açú-Mirim, Baía de Vitória, Baía Embora o Estado do Espírito Santo apresente altos
de Guarapari, Rio Benevente, Rio Itapemirim e Rio Itabapoana Indicadores Sociais Básicos indicadores econômicos, as desigualdades sociais são
(SILVA, 2007). expressas pelos indicadores do déficit habitacional, segundo
Déficit Habitacional no Brasil2 faixa de renda. Os dados mostram que a renda familiar
Dados Demográficos mensal das famílias é muito baixa, onde 90,1% recebem uma
No Brasil, em 2008, o déficit habitacional estimado, que renda mensal de até 3 salários mínimos. A Região Sudeste,
A região Sudeste do Brasil, onde o Espírito Santo se insere, engloba aquelas moradias sem condições de serem habitadas em representa 87,5%, enquanto a média no Brasil é de 89,6% das
possui uma densidade demográfica de 86,92 hab/km², a maior do razão da precariedade das construções ou do desgaste da estrutura famílias (Tabela 6).
Brasil, e uma taxa de crescimento de 10,97%, no período de 2000 a física, correspondeu a 5.546.310 de domicílios, dos quais 4.629.832
2010, um pouco abaixo do percentual nacional de 12,33%. Já o Es- estão localizados nas áreas urbanas. Em relação ao estoque de Escolaridade
tado do Espírito Santo apresenta uma população de 3.512.672 habi- domicílios particulares permanentes do país, o déficit corresponde
tantes, com uma elevada densidade demográfica de 76,25 hab/Km² a 9,6%. No Estado do Espírito Santo, em 2008, o déficit habitacional A média de anos de estudo do segmento etário que
e uma taxa de crescimento de 13,41% no mesmo período (Tabelas foi de 84.868 domicílios, dos quais 77.717 estavam localizados nas compreende as pessoas acima de 25 anos ou mais de idade,
2 e 3). áreas urbanas e 7.151 nas áreas rurais (Tabela 5). revela a escolaridade de uma sociedade, segundo IBGE (2010).
A população capixaba é predominantemente urbana, Em relação ao estoque de domicílios particulares O indicador de escolaridade do Estado do Espírito
com uma taxa de população urbana de 85,29%, característica permanente do Estado, o déficit habitacional corresponde a 8,0%. Santo pode ser visto pelo percentual de analfabetos 12,4%, de
esta também encontrada na Região Sudeste, com 92,95%, e Bra- Se comparados aos percentuais de domicílios particulares dos analfabetos funcionais 12,0%, ou seja, pessoas com até 3 anos
sil, com 84,3% (Tabela 3). demais estados da região, fica abaixo apenas do percentual de de estudos, e os de baixa escolaridade 25,4%, compondo um
Minas Gerais, com 7,8%, assim como da média nacional, 9,6%, indicador formado pelos sem escolaridade, com muito baixa
Produto Interno Bruto conforme a Tabela 5.
Tabela 5 – Déficit Habitacional Urbano em Relação aos Domicílios Particulares
Permanentes, Segundo Brasil, Região Sudeste e Unidades da Federação – 2008
O PIB per capita do Estado do Espírito Santo, segundo
1
Déficit habitacional urbano em 2008, segundo faixas de
dados da Tabela 4, cresceu em média 69%, entre 2004 a 2008, renda familiar em salários mínimos Déficit Habitacional - Valores Absolutos – 2008
ficando acima da média da Região Sudeste, de 51%, e muito
Percentual em
mais da média do Brasil, que está em torno de 50%. A análise dos dados refere-se à faixa de renda média Abrangência
Relação aos
familiar mensal em termos de salários mínimos sobre o déficit Geográfica
Total Urbano Rural Domicílios
habitacional. O objetivo é destacar os domicílios urbanos pre- Particulares
Permanentes
¹ PIB – Produto Interno Bruto: É o total dos bens e serviços produzidos pelas unidades produ-
toras residentes destinadas ao consumo final sendo, portanto, equivalente à soma dos valores Brasil 5,546,310 4,629,832 916,478 9.60%
2
adicionados pelas diversas atividades econômicas acrescida dos impostos sobre produtos. O PIB Déficit Habitacional: o conceito de déficit habitacional utilizado está ligado diretamente às
também é equivalente à soma dos consumos finais de bens e serviços valorados a preço de mer- deficiências do estoque de moradias. Inclui ainda a necessidade de incremento do estoque, em Centro-Oeste 417,240 387,628 29,612 9.80%
cado sendo, também, equivalente à soma das rendas primárias. Pode, portanto, ser expresso por função da coabitação familiar forçada (famílias que pretendem constituir um domicilio unifami- Minas Gerais 474,427 437,401 37,026 7.80%
três óticas: a) da produção – o PIB é igual ao valor bruto da produção, a preços básicos, menos o liar), dos moradores de baixa renda com dificuldade de pagar aluguel e dos que vivem em casas
consumo intermediário, a preços de consumidor, mais os impostos, líquidos de subsídios, sobre e apartamentos alugados com grande densidade. Inclui-se ainda nessa rubrica a moradia em Espírito Santo 84,868 77,717 7,151 8.00%
produtos; b) da demanda – o PIB é igual a despesa de consumo das famílias, mais o consumo imóveis e locais com fins não residenciais. O déficit habitacional pode ser entendido, portanto,
do governo, mais o consumo das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias (consumo como déficit por reposição de estoque e déficit por incremento de estoque. O conceito de do-
micílios improvisados engloba todos os locais e imóveis sem fins residenciais e lugares que
Rio de Janeiro 426,518 420,853 5,665 8.10%
final), mais a formação bruta de capital fixo, mais a variação de estoques,mais as exportações de
bens e serviços, menos as importações de bens e serviços; c) da renda – o PIB é igual à remu- servem como moradia alternativa (imóveis comerciais, embaixo de pontes e viadutos, carcaças São Paulo 1,060,499 1,033,453 27,046 8.20%
neração dos empregados, mais o total dos impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e de carros abandonados e barcos e cavernas, entre outros), o que indica claramente a carência de
a importação, mais o rendimento misto bruto, mais o excedente operacional bruto. IBGE / 2008. novas unidades domiciliares. Fonte: Fundação João Pinheiro/ Déficit Habitacional no Brasil/2008. Fonte: Déficit habitacional no Brasil 2008 (BRASIL, 2008, p.31)
22 O ESTADO DO ESPÍRITO SANTOS
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Tabela 6 – Distribuição percentual do Déficit Habitacional Urbano por Esperança de Vida ao Nascer3 ESPÍRITO SANTO: Geografia. In: NOVA ENCICLOPÉDIA Barsa. São
Faixas de Renda Média Familiar Mensal, Segundo Região Sudeste e Esta- Paulo, 1998. v. 6. p.37.
do do Espírito Santo - FJP/2008
Faixas de Renda Média Familiar Mensal
No Estado do Espírito Santo, o indicador esperança
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Abrangência (Em Salário Mínimo) de vida ao nascer, em 2009, apresentou variações em relação Anuário estatístico do Brasil. v. 70. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.
Geográfica Mais de à média regional e nacional (Tabela 8). Apresentou taxa de Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/
Até 3 3a5 5 a 10 Total
10 natalidade de 13,65%, a maior taxa da região, mas é inferior a monografias/GEBIS%20-%20RJ/AEB/AEB2010.pdf>. Acesso em: 13
Brasil 89,60% 7,00% 2,80% 0,6% 100% do país, 15,77%. O indicador da taxa de mortalidade infantil é a dez. 2011.
Sudeste 87,50% 8,70% 3,20% 0,6% 100%
terceira maior da região, com 17,7%.
Minas Gerais 92,50% 5,20% 1,90% 0,3% 100% IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Espírito Santo 90,10% 7,40% 1,90% 0,3% 100% Contas regionais do Brasil 2004 – 2008. Tabela 4 - Produto Interno
Rio de Janeiro 88,90% 6,60% 3,60% 0,8% 100% REFERÊNCIAS Bruto a preços de mercado per capita, segundo Grandes Regiões
São Paulo 84,50% 11,10% 3,70% 0,6% 100% e Unidades da Federação - 2003-2007. Rio de Janeiro: IBGE,2008.
Fonte: Déficit habitacional no Brasil 2008 (BRASIL, 2008). AMARANTE, Odilon A. Camargo do. Atlas eólico: Espírito Santo. Vitória, ES: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/
ASPE, 2009. Disponível em: <www.aspe.es.gov.br/atlaseolico>. Acesso em: contasregionais/2003_2007/tabela04.pdf>. Acesso em 19 de set.
Tabela 7 – Pessoas de 25 anos ou mais de idade, total e respectiva distri-
07 out. 2011. 2011.
buição percentual, por grupos de anos de estudo - Brasil, Região Sudeste e
Estado do Espírito Santo – 2009 IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Habitação.
Pessoas de 25 anos ou mais de idade Déficit habitacional no Brasil 2008. Brasília: Fundação João Mapa de vegetação do Brasil. Brasília, 2004. 1 mapa, color, Escala
Pinheiro, Centro de Estatística e Informações. 2008. 129p. (Projeto 1:5.000.000. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas/
Distribuição percentual, por grupos de tematicos/mapas_murais/vegetacao.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2011.
PNUD-BRA-00/019 – Habitar Brasil – BID). Disponível em: <http://
anos de estudo
www.fjp.gov.br/index.php/component/docman/doc_download/654-
deficit-habitacional-no-brasil-2008>. Acesso em: 19 set. 2011. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Abrangência
Total (1000 Sem Pesquisa nacional por amostra de domicílios 2009. 2009a.
Geográfica
pessoas) Instrução e BRASIL CHANNEL. Espírito Santo: quadro natural. Disponível em: Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/
Menos de 1 1 a 3 anos 4 a 7 anos <http://www.brasilchannel.com.br/estados/index.asp?nome=Esp%ED populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/>. Acesso em: 05 set.
ano de rito+Santo&area=quadro-natural>. Acesso em: 07 out. 2010. 2011.
Estudo

Brasil 111,952 12.90% 11.80% 24.80%


Sudeste 49. 920 8.50% 9.90% 25.20% Tabela 8 – Taxa de fecundidade total, taxa bruta de natalidade, taxa bruta de mortalidade, taxa de mortalidade infantil e esperança de vida ao nascer, por
Minas Gerais 12,086 11.30% 12.70% 29.60% sexo - Brasil, Região Sudeste e Unidades da Federação – 2009

Espírito Santo 2 .056 12.40% 12.00% 25.40%

Rio de Janeiro 10. 231 7.10% 9.20% 23.10% Taxa de Taxa Bruta Taxa Bruta Taxa de
Esperança de Vida ao Nascer
São Paulo 25. 549 7.50% 8.70% 23.90% Abrangência Geográfica Fecundidade de de Mortalidade
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE, 2009a). Total Natalidade Mortalidade Infantil

Total Homens Mulheres


e baixa escolaridade, que, na soma, corresponde a 49,8% da
BRASIL 1,94% 15.77% 6.27% 22.50% 73.10 69.40 77.00
população acima de 25 anos (Tabela 7). Sudeste 1,75% 13.65% 6.44% 16.60% 74.60 70.70 78.70
Minas Gerais 1,67% 15.12% 6.13% 19.10% 75.10 71.80 78.60
Espírito Santo 1,88% 16.53% 5.97% 17.70% 74.30 70.70 78.00
3
No Brasil, o aumento de esperança de vida ao nascer, em combinação com a queda do nível geral Rio de Janeiro 1,63% 11.97% 7.37% 18.30% 73.70 69.40 78.10
de fecundidade, resulta no aumento absoluto e relativo da população idosa. A taxa de fecundidade
total corresponde ao número médio de filhos que uma mulher teria no final do seu período fértil. São Paulo 1,78% 13.32% 6.28% 14.50% 74.80 70.70 79.00
Essa taxa, no Brasil, vem diminuindo nas últimas décadas, e sua redução reflete a mudança que
vem ocorrendo no processo de urbanização e na entrada da mulher no mercado de trabalho. Fonte: Síntese dos Indicadores Sociais (IBGE, 2009b).
O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 23
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sinopse


do Censo Demográfico 2010. 2010. Disponível em: <http://www.ibge.
gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/sinopse.pdf>. Acesso
em: 05 set. 2011.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.


Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições
de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2009b.
(Estudos e Pesquisas: Informação Demográfica e Socioeconômica,
26). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/
sinteseindicsociais2009/indic_sociais2009.pdf>. Acesso em: 10 set.
2011.

SILVA, Alessandro de Paula. Os Estados da mata atlântica: Espírito


Santo. 2007. Disponível em: <www.apremavi.org.br/download.
php?codigoArquivo=97>. Acesso em: 07 out. 2011.
Desastres Naturais no
Espírito Santo de 1991 a 2010

Fonte: Banco de Imagens da Studio Digital, Fonte: Banco de Imagens da Studio Digital

Fonte: Acervo da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Pernambuco. Fonte: Acervo da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Pernambuco.
26 ESTIAGEM E SECA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

MAPA 2 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR ESTIAGEM E SECA


NO ESPÍRITO SANTO NO PERÍODO DE 1991 A 2010
42°30'W 41°W 39°30'W

Número de
Bahia registros
18°S Mucurici 18°S

1-2
Montanha
3-4
Ponto Pedro
Belo Canário 5-6
Ecoporanga 7-8
9
Pinheiros

Conceição da Barra
Água Doce
do Norte Boa Esperança

Vila Pavão
Barra de
São Francisco

São Mateus
Nova Venécia

Mantenópolis
Convenções
Jaguaré
Águia Branca São Gabriel Vila Valério Mesorregião
da Palha
Alto Rio Novo
Divisão Municipal
Sooretama
São Domingos
Pancas do Norte
Curso d´água
Governador
Lindenberg Rio Bananal

Minas Gerais Linhares

Marilândia

Colatina
19°30'S 19°30'S
Baixo Guandu

ICO
São Roque João Neiva
Itaguaçu do Canaã
Aracruz

NT
Ibiraçu

Itarana
1:1750000


AT
Brejetuba
0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

NO
EA
Muniz Freire

OC
Guarapari
Vargem
Alta
Projeção Policônica
Alegre Cachoeiro
de Iconha
Datum: SIRGAS 2000
Guaçuí
Itapemirim Meridiano Central: 41° W. Gr.
Jerônimo
Monteiro Piúma Paralelo de Referência: 0°

Atilio
Base cartográfica digital: IBGE 2005.
Vivacqua Itapemirim
21°S 21°S Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento
Mimoso do Sul
Presidente Marataízes Nacional para Gestão do Risco - PNGR
Kennedy CEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo


Rio de Janeiro
42°30'W 41°W 39°30'W
ESTIAGEM E SECA 27
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

ESTIAGEM E SECA Figura 5 – Reflexos da estiagem no município de Jerônimo Coelho no solo, diminuindo também a atuação do processo erosivo
(GONÇALVES; MOLLERI; RUDORFF, 2004).
Os desastres relativos aos fenômenos de estiagens e Dessa forma, situações de secas e estiagens não são
secas compõem o grupo de desastres naturais relacionados à necessariamente consequências somente de índices pluviais
intensa redução das precipitações hídricas. abaixo do normal ou de teores de umidade de solos e ar
O conceito de estiagem está diretamente relacionado deficitários. Pode-se citar como outro condicionante o manejo
à redução das precipitações pluviométricas, ao atraso dos inadequado de corpos hídricos e de toda uma bacia hidrográfica,
períodos chuvosos ou à ausência de chuvas previstas para uma resultados de uma ação antrópica desordenada no ambiente.
determinada temporada, em que a perda de umidade do solo é As consequências, nestes casos, podem assumir características
superior a sua reposição (CASTRO, 2003). muito particulares, e a ocorrência de desastres, portanto, pode
O fenômeno estiagem é considerado existente quando ser condicionada pelo efetivo manejo dos recursos naturais
há um atraso superior a quinze dias do início da temporada realizado na área (GONÇALVES; MOLLERI; RUDORFF, 2004).
chuvosa e quando as médias de precipitação pluviométricas Estas duas tipologias de desastres naturais, adotadas
mensais dos meses chuvosos permanecem inferiores a 60% das em uma mesma classificação no Atlas, somaram ao longo dos
Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo.
médias mensais de longo período da região considerada. vinte anos 210 registros oficiais, no Estado do Espírito Santo.
A redução das precipitações pluviométricas relaciona- A estação seca no Estado corresponde aos meses de
se com a dinâmica atmosférica global, que comanda as variáveis outono/inverno, sendo, no litoral, atenuada por precipitações
climatológicas relativas aos índices de precipitação pluviométrica adverso atue sobre um sistema ecológico, econômico, social e relativamente abundantes neste período, causadas por frentes
(CASTRO, 2003). cultural, vulnerável à redução das precipitações pluviométricas. O frias provenientes do sul do continente. Neste período, as médias
Segundo dados do Governo do Espírito Santo, as desastre seca é considerado, também, um fenômeno social, pois pluviométricas nas regiões a oeste do Estado variam entre 250
alterações de vegetação ocorrida ao longo do tempo, fenômenos caracteriza uma situação de pobreza e estagnação econômica, mm a 75 mm, ao ano (AMARANTE, 2009).
globais determinados por massas de ar originadas fora do espaço advinda do impacto desse fenômeno meteorológico adverso. Com relação aos meses de ocorrência, o Gráfico 1
estadual, como o predomínio da influência do centro de alta Desta forma, a economia local, sem a menor capacidade de (Frequência mensal de estiagem e seca 1991-2010) apresenta
pressão Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul, as incursões de gerar reservas financeiras ou de armazenar alimentos e demais os totais de registros de estiagens e seca, no período de
massas polares (frentes frias), e a situação orográfica do Estado insumos, é completamente bloqueada (CASTRO, 2003).
Gráfico 1 - Freqüência mensal de estiagem e seca no Espírito Santo, período
influem decisivamente para a ocorrência das estiagens e secas, Além de fatores climáticos de escala global, como La de 1991 a 2010
pois atuam no regime de chuvas do Estado. Não obstante, a Niña, as características geoambientais podem ser elementos
degradação dos recursos naturais ocorrida no Estado, tornou o condicionantes na frequência, duração e intensidade dos danos Frequência mensal de estiagem e seca
e prejuízos desses desastres. As formas de relevo e a altitude (1991 a 2010)
ambiente mais sensível às adversidades climáticas.
As estiagens, se comparadas às secas, são menos da área, por exemplo, podem condicionar o deslocamento 50
39 37
intensas e caracterizam-se pela menor intensidade e por menores de massas de ar, interferindo na formação de nuvens e, 40
31
períodos de tempo. Assim, a forma crônica deste fenômeno é consequentemente, na precipitação (KOBIYAMA et al., 2006). 30 26
denominada como seca (KOBIYAMA, et al., 2006). A seca, do O padrão estrutural da rede hidrográfica pode ser também 21
18
20
ponto de vista meteorológico, é uma estiagem prolongada, um condicionante físico que interfere na propensão para a 15
7 8
caracterizada por provocar uma redução sustentada das reservas construção de reservatórios e captação de água. O porte da 10 4 4
hídricas existentes (CASTRO, 2003). cobertura vegetal pode ser caracterizado, ainda, como outro 0
Na seca, para que se configure o desastre, é necessária condicionante, pois uma vegetação expressiva retém umidade, jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

uma interrupção do sistema hidrológico de forma que o fenômeno reduz a evapotranspiração do solo e bloqueia a insolação direta Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.
28 ESTIAGEM E SECA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

1991 a 2010. Os meses relativos à estação seca no Estado Infográfico 1 - Municípios atingidos por estiagem e seca no Espírito Santo período de 1991 a 2010
40
apresentaram maior número de registros. Nos meses de junho 29 27
34
23 25
21 21
e agosto registrou-se maior freqüência de desastres, com 39 e Municípios Atingidos
20 12
por Estiagem e Seca
6 7
37 registros respectivamente. Do total de registros de março - 1
0
31 -, 23 correspondem ao ano de 1995, o que justifica o elevado Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Barra de São Francisco 9
pico de registros no Gráfico 1. Colatina 9

No Infográfico 1 (Municípios atingidos por estiagens Águia Branca


Nova Venécia
8
8
e secas), observa-se que o ano de 2003 foi o mais afetado São Domingos do Norte 8
Água Doce do Norte 7
pelas estiagens e secas, com 34 registros. O período de maior Baixo Guandu 7
Boa Esperança 3
recorrência foi entre os anos de 1995 e 1999, em que o total Ecoporanga 7

anual de registros permaneceu em torno de 22 e 29 eventos. Marilândia 7


Montanha 7
Estes eventos se concentraram em determinadas áreas Mucurici 7
Pancas 7
do Estado, como se nota ao espacializar as estiagens e secas no Pinheiros 7
São Gabriel da Palha 7
Mapa 2 (Desastres naturais causados por estiagem e seca no Alto Rio Novo 6
Espírito Santo, no período de 1991 a 2010), em 48 municípios Mantenópolis 6
Mimoso do Sul 6
afetados. Estes municípios pertencem a diferentes mesorregiões Pedro Canário 6
São Mateus 6
do Estado, entretanto, o total de registros é maior no Noroeste Vila Pavão 6
Conceição da Barra 5
Espírito-Santense, com 113 ocorrências. Jaguaré 5
Os municípios com os maiores números de registros Ponto Belo 5
Rio Bananal 5
foram Colatina e Barra de São Francisco, localizados na São Roque do Canaã 4
Sooretama 4
Mesorregião do Noroeste Espírito-Santense, com o total de Alegre 3
Itaguaçu 3
9. No ano de 2003, o município de Colatina registrou duas Itapemirim 3
ocorrências, ao passo que Barra de São Francisco fez o mesmo, Linhares 3
Vila Valério 3
nos anos de 2003 e 2008. Guaçuí 2
Iconha 2
Enquanto o município de Santa Tereza, na Mesorregião Presidente Kennedy 2

Central Espírito-Santense, nunca registrou esses eventos, 12 Aracruz


Atilio Vivacqua
1
1
outros apresentaram até oito ocorrências. São aqueles mais Brejetuba 1
Cachoeiro de Itapemirim 1
próximos à Mesorregião do Noroeste Espírito-Santense, que Governador Lindenberg 1
Guarapari 1
possui clima do tipo tropical seco. Ibiraçu 1

A Mesorregião do Sul Espírito-Santense apresenta Itarana 1


Jerônimo Monteiro 1
poucos registros de eventos de estiagem e seca, sendo que João Neiva 1
Marataízes 1
os municípios que se destacaram por apresentar maiores Muniz Freire 1
Vargem Alta 1
ocorrências foram: Mimoso do Sul, com 6 eventos, Alegre e
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. 2 Registros 1 Registro 206
Itapemirim, com 3 eventos, Presidente Kennedy, Vargem Alta,
Marataízes, Guaçuí, Atílio Vivacqua e Jerônimo Monteiro, entre
1 e 2 ocorrências, enquanto outros onze municípios, como por
exemplo: Irupi, Ibatiba e Castelo, não registraram esse problema.
O município mais afetado foi Mimoso do Sul, com 6 registros.
ESTIAGEM E SECA 29
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Gráfico 2 – Danos humanos ocasionados por estiagens e secas no Espírito Gráfico 2 (Danos humanos por estiagens e secas 1991 – 2010) GONÇALVES, E. F.; MOLLERI, G. S. F.; RUDORFF, F. M. Distribuição
Santo, período de 1991 a 2010 dos desastres naturais no Estado de Santa Catarina: estiagem (1980-
está representado o total de danos humanos ocasionado pelas
2003). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS, 1,.
Danos humanos por estiagem e seca estiagens e secas no Estado. Nos anos de análise, constatou-
Florianópolis. Anais... Florianópolis: GEDN/UFSC, 2004. p.773-786.
(1991 a 2010) se 1.011.944 pessoas afetadas, 9.150 pessoas enfermas e 405
1200000 1.011.944
desalojadas. O maior número de enfermos foi registrado no KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
1000000 município de Água Doce do Norte, que no ano de 2007 registrou básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.
Habitantes

800000
600000 3.579 pessoas. Este tipo de dano, certamente está relacionado
400000 à qualidade da água disponível, consumidas durante os meses
200000 405 9.150
6
0 de seca.
Mesmo o Estado do Espírito Santo tendo extenso
contato com diversas bacias hidrográficas, como a do Rio Doce
e do Rio São Mateus, a precipitação ocasionada pela evaporação
Fonte: Documentos Oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. das águas do rio, não é suficiente para sanar a seca.
A estiagem é um dos desastres de maior ocorrência e
Por último, a Mesorregião Central Espírito-Santense, impacto no mundo, devido, principalmente, ao longo período
que compreende parte da costa litorânea, tende a apresentar em que ocorre e a abrangência de grandes áreas atingidas
menores registros de eventos de estiagens e secas. Inclusive esta (GONÇALVES; MOLLERI; RUDORFF, 2006). Assim, enquanto
mesorregião tem a maior quantidade de municípios que não desastre, a estiagem produz reflexos sobre as reservas
apresentaram dados de ocorrências desta anomalia climática, hidrológicas locais, causando prejuízos à agricultura e à pecuária.
totalizando 19 municípios. Dentre eles, estão: Afonso Cláudio, Dependendo do tamanho da cultura realizada, da necessidade
Cariacica, Castelo, Divino de São Lourenço, Ibatiba, Marechal de irrigação e da importância desta na economia no município,
Floriano, Santa Leopoldina, Santa Tereza, Viana, Vila Velha e os danos podem apresentar magnitudes economicamente
Vitória, conforme apresenta o Mapa 2. catastróficas. Seus impactos na sociedade, portanto, resultam da
Com base nos estudos pluviométricos e análise dos relação entre eventos naturais e as atividades socioeconômicas
principais sistemas meteorológicos na Região Sudeste do desenvolvidas na região, por isso a intensidade dos danos
Brasil, propostos por Amarante (2009), o Noroeste Espírito- gerados é proporcional à magnitude do evento adverso e ao
Santense pode apresentar índices pluviométricos de até 450 grau de vulnerabilidade da economia local ao evento (CASTRO,
mm, ao ano, durante o verão, e 100 mm, durante o inverno. 2003). Este fenômeno se mostra recorrente no Estado do Espírito
Em função desses baixos índices pluviométricos, ocasionados Santo sendo, portanto, indispensável o seu monitoramento,
pelas características climáticas do Estado, é um lugar suscetível principalmente nos meses de outono e inverno.
a estiagens e seca. Fica claro, portanto, a recorrência do evento
REFERÊNCIAS
neste local, principalmente nas áreas mais afastadas do litoral,
ou seja, quanto mais a oeste, mais evidente é a espacialização AMARANTE, Odilon A. Camargo do. Atlas eólico: Espírito Santo.
dos registros. Vitória, ES: ASPE, 2009. Disponível em: <www.aspe.es.gov.br/
Como citado anteriormente, estiagem e seca favorecem atlaseolico>. Acesso em: 07 out. 2011.
a considerável diminuição da carga d’água dos rios e o aumento
CASTRO,Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
de problemas na agricultura, gerando assim, sede e fome;
naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
favorece também, de modo negativo, na dinâmica ambiental. No
30 INUNDAÇÃO BRUSCA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

MAPA 3 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR INUNDAÇÃO BRUSCA


NO ESPÍRITO SANTO NO PERÍODO DE 1991 A 2010
42°30'W 41°W 39°30'W

Número de
Bahia registros
18°S Mucurici 18°S

1-3
Montanha
4-6
Ponto Pedro
Belo Canário 7-9
Ecoporanga 10 - 13
17
Pinheiros

Água Doce
do Norte Boa Esperança

Vila Pavão
Barra de
São Francisco

São Mateus
Nova Venécia

Mantenópolis
Convenções
Águia Branca São Gabriel Vila Valério Mesorregião
da Palha
Alto Rio Novo
Divisão Municipal
Sooretama
São Domingos
Pancas do Norte
Curso d´água
Governador
Lindenberg Rio Bananal

Minas Gerais Linhares

Colatina
19°30'S 19°30'S
Baixo Guandu

ICO
João Neiva
Itaguaçu
Aracruz

NT
Ibiraçu
Laranja da Terra Santa Teresa

Itarana
1:1750000


Fundão

Santa Maria de Jetibá

AT
Afonso Cláudio
Brejetuba Santa Leopoldina Serra
0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

NO
Ibatiba
Cariacica Vitória
Conceição Domingos Martins
Irupi
do
Iúna
Castelo

EA
Viana
Muniz Freire Marechal Floriano
Vila
Ibitirama Velha

OC
Divino de
Castelo Alfredo Chaves
São
Guarapari
Lourenço Vargem
Alta
Dores do
Rio Preto Projeção Policônica
Alegre Cachoeiro Anchieta
de Iconha
Datum: SIRGAS 2000
Guaçuí
Itapemirim Meridiano Central: 41° W. Gr.
Jerônimo
Monteiro Rio Novo Piúma Paralelo de Referência: 0°
do Sul

São José Atilio


Base cartográfica digital: IBGE 2005.
Muqui
do Vivacqua Itapemirim
21°S Calçado
21°S Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento
Bom Jesus
do Norte
Mimoso do Sul
Presidente
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
Apiacá Kennedy CEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo


Rio de Janeiro
42°30'W 41°W 39°30'W
INUNDAÇÃO BRUSCA 31
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

INUNDAÇÃO BRUSCA Canholi (2005) explica que a drenagem urbana das 17 registros; Guaçuí, com 13; Mimoso do Sul e Nova Venécia,
grandes metrópoles foi, durante muitos anos, abordada de com 11; Itapemirim e Santa Leopoldina, com 10.
Inundações bruscas e alagamentos compõem o grupo maneira acessória, e somente em algumas metrópoles a drenagem De acordo com o Infográfico 2, os anos com maior
de desastres naturais relacionados com o incremento das urbana foi considerado fator preponderante no planejamento da recorrência desses eventos adversos, foram: 2003, com 29
precipitações hídricas e com as inundações. sua expansão. Por isso, assiste-se atualmente a um conjunto de registros; 2004 e 2010, com 39 registros; 2005, com 46; e 2009,
As inundações bruscas (enxurradas) são aquelas eventos trágicos a cada período de chuvas, que se reproduzem com 59 registros.
provocadas por chuvas intensas e concentradas em locais de em acidentes de características semelhantes em áreas urbanas Ao comparar os Gráficos 3, 4 e 5 (Médias pluviométricas
relevo acidentado ou mesmo em áreas planas, caracterizando-se de risco em todo o país – vales inundáveis e encostas erodíveis em 2004, Médias pluviométricas em 2005 e Médias pluviométricas
por rápidas e violentas elevações dos níveis das águas, as quais – inexistindo, na quase totalidade de municípios brasileiros, em 2009) advindos dos dados de precipitação anual obtidos da
escoam de forma rápida e intensa. Nessas condições, ocorre qualquer política pública para equacionamento prévio do Agência Nacional de Águas (ANA/SGH, 2010), verifica-se que o
um desequilíbrio entre o continente (leito do rio) e o conteúdo problema (BRASIL, 2003). ano com a maior média de precipitação foi o de 2009, com o
(volume caudal), provocando transbordamento (CASTRO, 2003). A dificuldade de identificação do fenômeno em acumulado de 320,52 mm/ano. Em 2005, o índice pluviométrico
Por ocorrer em um período de tempo curto, este fenômeno campo e a ambiguidade das definições existentes prejudicam chegou a 242,65 mm, e apresentou número elevado de
costuma surpreender por sua violência e menor previsibilidade, a distinção dos tipos de inundação. Além dos problemas ocorrências de inundações bruscas e alagamentos, totalizando
provocando danos materiais e humanos mais intensos do que tipicamente conceituais e etimológicos, algumas características 46 registros. No ano de 2004, as médias de precipitações
as inundações graduais (GOERL; KOBIYAMA, 2005). comportamentais são similares para ambas às inundações, ou pluviométricas também foram elevadas, com registro de 277,44
Os alagamentos, também incluídos nesta classificação do seja, ocorrem tanto nas inundações bruscas como nas graduais mm no mês de janeiro, chegando a 39 registros de desastres.
Atlas, caracterizam-se pelas águas acumuladas no leito das ruas (KOBIYAMA et al., 2006). A recorrência dos desastres dessas tipologias não
e nos perímetros urbanos decorrentes de fortes precipitações Conforme Castro (2003), é comum a combinação dos está relacionada unicamente aos índices pluviométricos, mas
pluviométricas, em cidades com sistemas de drenagem fenômenos de inundação brusca (enxurrada) e alagamento em também a fatores, como: local e intensidade da precipitação -
deficientes, podendo ter ou não relação com processos de áreas urbanas acidentadas, como ocorre no Rio de Janeiro, Belo quantidade de água caída por unidade de tempo, características
natureza fluvial (MIN. CIDADES; IPT, 2007). Horizonte e em cidades serranas, causando danos ainda mais da rede fluvial no local, bem como da sua topografia, nível
severos. de urbanização (impermeabilização do solo), capacidade de
Figura 6 – Inundação brusca em Cachoeiro de Itapemirim em 2010
Esses tipos de fenômenos são bastante recorrentes em prevenção de desastres dos municípios, dentre outros.
várias regiões do país. No caso do Estado do Espírito Santo
Gráfico 3 – Médias pluviométricas em 2004, com base nos dados das Es-
registrou-se um total de 377 registros oficiais de inundações tações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do
bruscas e alagamentos, na escala temporal de vinte anos (1991- Espírito Santo.
2010). Neste período, 72 municípios foram atingidos, de acordo
Médias pluviométricas em 2004
com o Infográfico 2 (Municípios atingidos por inundação 277,4
300,00
brusca). 238,3 246,9
250,00
Conforme o Mapa 3 (Desastres naturais causados 200,00
160,7 159,6
por inundação brusca no Espírito Santo no período de 1991 150,00
110,9 112,1
a 2010), os municípios da Mesorregião Sul Espírito-Santense, 100 00
100,00
58,7 53,6
mais especificamente os da porção sudeste, foram os que mais 50,00 27,4 12,6 9,0
19 13 18 16 6 7 11 4 7 9 13
registraram eventos adversos dessas tipologias, com o total 0,00 3
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
de 128 registros. Essa mesorregião corresponde à área com
maiores índices pluviométricos anuais do Espírito Santo. Os média mensal média dias de chuva
municípios mais atingidos foram: Cachoeiro de Itapemirim, com Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.
Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo
32 INUNDAÇÃO BRUSCA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Figura 7 – Consequência de um evento de inundação brusca em Aracruz Gráfico 4 – Médias pluviométricas em 2005, com base nos dados das Es- Gráfico 6 – Frequência mensal de inundação brusca no Espírito Santo, perí-
tações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do odo de 1991 a 2010.
Espírito Santo.
Frequência mensal de inundação brusca
Médias pluviométricas em 2005
(1991-2010)
300,00
238,5 242,7 120
250,00 103
201,0 204,6 100
200,00 84
166,6 139,8
150,00 80
116,9
100 00
100,00 60 6
60,6 60 47 49
43,0 58,7 48,5 27,8
50,00 40 31
12 13 15 14 15 7 20 14 21 21
0,00 9 10 9 3 20 7 6 5
1 2
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
0
média mensal média dias de chuva jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011. Fonte: Documentos oficiais do estado do Espírito Santo, 2011.
Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo,.
Gráfico 5 – Médias pluviométricas em 2009, com base nos dados das Es- Gráfico 7 – Danos humanos ocasionados por inundações bruscas no Espírito
tações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do Santo, período de 1991 a 2010.
Espírito Santo.
Danos humanos por inundação brusca
Assim, as características climáticas somadas à deficiência Médias pluviométricas em 2009
2500000 2.249.361
na drenagem das águas precipitadas, o constante aumento da 350,00 320,5 2000000
292,8

Habittantes
300,00
impermeabilização do solo, devido à ocupação humana nas 1500000
250,00
cidades, encostas, matas ciliares e demais ecossistemas naturais, 1000000
200,00 149,7
147,6 132,4 500000 119.029
potencializa os riscos tornando os alagamentos e as inundações 150,00
107,5 21.031 12.367 7 452 40 1.622 38
100 00
100,00 0
bruscas ainda mais severas e constantes. 37,8 40,2 32,1 43,9
50,00 17,0 18,4
De acordo com Klippel et al (2009), e conforme as 0,00 14 6 9 9 4 4 5 8 5 10 6 10
médias pluviométricas anuais, o Estado do Espírito Santo está jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
dividido na porção norte e noroeste, com médias pluviométricas média mensal média dias de chuva
máximas de 1.000 mm/ano, e na porção sul e sudeste, com Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.
Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.
características úmidas e semiúmidas, com médias pluviométricas
de 1.500 mm/ano.
O tempo e o clima do Estado do Espírito Santo são sua estação chuvosa ocorrente nos meses da primavera e verão, a março, apresentaram os maiores picos de registros, enquanto
influenciados pelo centro de alta pressão, o Anticiclone Sub- entre outubro e março (AMARANTE, 2009). Genericamente, a os meses correspondentes à estação seca do Estado, de maio
tropical do Atlântico. Isso resulta em acentuada ocorrência de variabilidade sazonal e interanual na distribuição de chuvas, são a setembro, os desastres por inundações bruscas foram bem
ventos de quadrante leste e nordeste no Estado, além de exis- marcantes, fazendo com que a região sofra duras consequên- menores.
tir as ações das intermitentes incursões de massas polares – as cias tanto por secas quanto por precipitações intensas.
frentes frias – que se configuram, sobretudo na região sul do No decorrer dos vinte anos analisados, verifica-se pelo
Estado, de grande variabilidade quanto aos índices pluviométri- Gráfico 6 (Frequência mensal de inundação brusca 1991-2010),
cos, segundo dados do Governo do Estado do Espírito Santo. A que no mês de janeiro houve maior recorrência de desastres,
porção sudeste do Brasil, onde se insere o Estado capixaba, tem com total de 103 registros. Os meses chuvosos, de novembro
INUNDAÇÃO BRUSCA 33
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Infográfico 2 – Municípios mais atingidos por inundação brusca no Espírito Santo, período de 1991 a 2010 REFERÊNCIAS
100
59
Municipios Atingidos 46
por Inundação Brusca 50
26 19
29
39
22 27
39
AMARANTE, Odilon A. Camargo do. Atlas eólico: Espírito Santo.
15 12 11 10 8
7
0
2 0 1 3 2
Vitória, ES: ASPE, 2009. Disponível em: <www.aspe.es.gov.br/
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Cachoeiro de Itapemirim 17 atlaseolico>. Acesso em: 07 out. 2011.
Guaçuí 13
Mimoso do Sul 11
Nova Venécia 11 ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. SGH – Superintendência
Itapemirim 10
Santa Leopoldina 10 de Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de
Alegre 9
Marechal Floriano 9 1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010.
Vargem Alta 9
Afonso Cláudio 8
Baixo Guandu
Bom Jesus do Norte
8
8
BRASIL. A questão da drenagem urbana no Brasil: elementos para
Ecoporanga 8 formulação de uma política nacional de drenagem urbana. Brasília:
Itarana 8
Laranja da Terra 8 Ministério das Cidades, 2003.
São José do Calçado 8
Viana 8
Apiacá
Barra de São Francisco
7
7
CANHOLI, Aluisio Prado. Drenagem urbana e controle de
Linhares 7 enchentes. São Paulo: Oficina de Textos, 2005.
Água Doce do Norte 6
Alfredo Chaves 6
Aracruz 6
Guarapari 6 CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
Ibiraçu
Iconha
6
6
naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
Itaguaçu 6
Mantenópolis 6
Rio Novo do Sul 6 GOERL, Roberto Fabris; KOBIYAMA, Masato. Consideração sobre
São Domingos do Norte 6
Anchieta 5 as inundações no Brasil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS
Castelo 5
Conceição do Castelo 5 HIDRICOS, 2005, João Pessoa. Anais... João Pessoa, 2005.
Domingos Martins 5
Fundão 5
João Neiva 5 KLIPPEL, V.H. et al. Zoneamento agroclimático da hymenaea courbaril
Muniz Freire 5
Presidente Kennedy 5 (jatobá) no Estado do Espírito Santo. In: INIC, 8.; EPG, 9.; INICJr, 3.,
Serra 5
Alto Rio Novo 4 Alegre. Anais... Alegre: UFES, 2009. Disponível em: <http://www.
Colatina 4
Montanha 4 inicepg.univap.br/cd/INIC_2009/anais/arquivos/RE_0885_0442_01.
Muqui
Pancas
4
4
pdf>. Acesso em: 13 out. 2011.
Santa Maria de Jetibá 4
Santa Teresa 4
São Gabriel da Palha 4 KOBIYAMA, M. et. al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
Vila Velha 4
Brejetuba 3 básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.
Cariacica 3
Divino de São Lourenço 3
Governador Lindenberg
Ibatiba
3
3
MINISTÉRIO DAS CIDADES. INSTITUTO DE PESQUISAS
Ibitirama 3 TECNOLÓGICAS – IPT. Mapeamento de riscos em encostas e
Iúna 3
Pedro Canário 3 margens de rios. Brasília: Ministério das Cidades; Instituto de
Piúma 3
Sooretama 3 Pesquisas Tecnológicas – IPT, 2007. 176 p.
Vila Pavão 3
Águia Branca 2
Jerônimo Monteiro 2
Mucurici 2
Ponto Belo 2
Rio Bananal 2
Vila Valério 2
Atilio Vivacqua 1
Boa Esperança 1
Dores do Rio Preto 1
Irupi 1
Pinheiros 1
São Mateus 1
Vitória 1
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. 3 Registros 2 Registros 1 Registro 377
34 INUNDAÇÃO GRADUAL
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

MAPA 4 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR INUNDAÇÃO GRADUAL


NO ESPÍRITO SANTO NO PERÍODO DE 1991 A 2010
42°30'W 41°W 39°30'W

Número de
Bahia registros
18°S 18°S

1
2
Pedro
Canário 3
Ecoporanga 4
5
Pinheiros

Conceição da Barra
Água Doce
do Norte Boa Esperança

Vila Pavão
Barra de
São Francisco

São Mateus
Nova Venécia

Convenções
Jaguaré
Águia Branca Vila Valério Mesorregião
Divisão Municipal
Sooretama

Pancas
Curso d´água

Rio Bananal

Minas Gerais Linhares

Marilândia

Colatina
19°30'S 19°30'S
Baixo Guandu

ICO
João Neiva

Aracruz

NT
Ibiraçu
Laranja da Terra Santa Teresa

Itarana
1:1750000


Fundão

Santa Maria de Jetibá

AT
Afonso Cláudio
Brejetuba Santa Leopoldina Serra
0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

NO
Cariacica Vitória
Conceição Domingos Martins
do
Iúna
Castelo

EA
Viana
Muniz Freire Marechal Floriano
Vila
Velha

OC
Castelo Alfredo Chaves
Guarapari
Vargem
Alta
Projeção Policônica
Alegre Cachoeiro
de Iconha
Datum: SIRGAS 2000
Guaçuí
Itapemirim Meridiano Central: 41° W. Gr.
Jerônimo
Monteiro Piúma Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.


Itapemirim
21°S 21°S Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento
Bom Jesus
do Norte Mimoso do Sul Nacional para Gestão do Risco - PNGR
Apiacá CEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo


Rio de Janeiro
42°30'W 41°W 39°30'W
INUNDAÇÃO GRADUAL 35
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

INUNDAÇÃO GRADUAL diárias de tempo. Relacionam-se muito mais com períodos Gráfico 8 – Médias pluviométricas ano 2001, com base nos dados das Es-
tações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do
demorados de chuvas contínuas do que com chuvas intensas Espírito Santo.
Inundações graduais compõem o grupo de desastres e concentradas. Caracteriza-se por sua abrangência e grande
naturais relacionados com o incremento das precipitações extensão. Em condições naturais, as planícies e fundos de vales Médias pluviométricas em 2001
hídricas e com as inundações. Representam o transbordamento estreitos apresentam lento escoamento superficial das águas das 400,00
353,3
350,00
das águas de um curso d’água, atingindo a planície de inundação, chuvas, e nas áreas urbanas estes fenômenos são intensificados
300,00
também conhecida como área de várzea. Quando estas águas por alterações antrópicas, como a impermeabilização do solo, 250,00 216,8
retificação e assoreamento de cursos d’água. Este modelo de 200,00
extravasam a cota máxima do canal, as enchentes passam a ser 143,1
150,00
chamadas de inundações e podem atingir moradias construídas urbanização, do uso do espaço com a ocupação das planícies de 100,00
80 3
80,3 81 8
81,8
68,9 37,7 34,7 32,3 21,4 55,0 64,1
sobre as margens do rio, transformando-se em um desastre inundação e impermeabilização ao longo das vertentes, é uma 50,00
0,00 8 5 11 7 11 9 5 13 11 16 17 16
natural. Desta forma, segundo Castro (2003), as inundações afronta à natureza (TAVARES; SILVA, 2008).
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
graduais são caracterizadas pela elevação das águas de forma Existe dificuldade na distinção dos tipos de inundação.
média mensal média dias de chuva
paulatina e previsível, mantendo-se em situação de cheia Isto se deve à dificuldade de identificação do fenômeno em
durante algum tempo, para após, escoarem-se gradualmente. campo e à ambiguidade das definições existentes. Além dos Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.
As enchentes e as inundações são eventos naturais problemas tipicamente conceituais e etimológicos, algumas
que ocorrem com periodicidade nos cursos d’água, sendo características comportamentais são similares para ambas às Em 2001, grande parte dos municípios atingidos,
características das grandes bacias hidrográficas e dos rios de inundações, ou seja, ocorrem tanto nas inundações bruscas registrou recorrência de desastre nesse mesmo ano. Segundo
planície, como o Amazonas. O fenômeno evolui de forma como nas graduais (KOBIYAMA et al., 2006). dados de precipitação da ANA/SGH (2010), neste ano, o mês
facilmente previsível e a onda de cheia desenvolve-se de montante O Estado do Espírito Santo apresentou 114 registros de novembro obteve elevada média pluviométrica – 353,26
para jusante, guardando intervalos regulares (CASTRO, 2003). oficiais de desastres por inundações graduais, entre os anos de mm – se comparado aos outros meses, conforme apresenta o
O fenômeno é intensificado por variáveis climatológicas 1991 e 2010. Ao espacializar os registros no Mapa 4 (Desastres Gráfico 8 (Médias pluviométricas em 2001).
de médio e longo prazo e pouco influenciáveis por variações naturais causados por inundação gradual no Espírito Santo, As ocorrências do ano de 2001 foram registradas
no período de 1991 a 2010), verifica-se que quase todos os em maior número nos meses de setembro, 30 registros, e
Figura 8 – Área inundada no município de Vila Pavão
municípios do Estado decretaram situação de emergência no novembro, 16 registros. De acordo com o Gráfico 9 (Frequência
decorrer dos anos analisados. Os municípios mais atingidos mensal de inundação gradual 1991-2010), esses meses
foram: Bom Jesus do Norte, São Mateus e Serra, todos com apresentaram maiores frequências de inundações graduais
5 registros cada. São Mateus, por exemplo, apresenta em seu no decorrer dos vinte anos. Em setembro, foram 31 registros,
território os rios Barra Seca, Itaúnas e São Mateus. Os registros e em outubro, 25. Isso denota que os meses da primavera
de inundações graduais, segundo os documentos oficiais, e verão correspondem aos maiores índices pluviométricos
remetem ao rio São Mateus, formado por dois braços, o rio do Estado e que estão intimamente relacionados com essa
Cotaxé e o rio Cricaré. tipologia de desastre
Grande parte das ocorrências foi registrada a partir Os danos humanos relacionados às inundações
do ano 2001, e este ano foi o de maior número de eventos graduais no Estado do Espírito Santo, entre os anos de 1991
adversos, total de 48 registros, conforme o Infográfico 3 – 2010, resultaram em quase 400 mil habitantes atingidos.
(Municípios atingidos por inundações graduais). Nos anos Desses, 339.329 foram afetados, 17.109 ficaram desalojados,
de 2004 e 2009, os municípios do Estado registraram 13 e 12 4.041 desabrigados, 1.465 deslocados, 14 levemente feridos,
ocorrências respectivamente. Nos demais anos com registros, 20 enfermos e 3 mortos, de acordo com o Gráfico 10 (Danos
os totais permaneceram em torno de 4. humanos por inundação gradual 1991-2010).
Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo
36 INUNDAÇÃO GRADUAL
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Gráfico 9 – Frequência mensal de inundação gradual no Espírito Santo, pe- Infográfico 3 – Municípios atingidos por inundação gradual no Espírito Santo, período de 1991 a 2010
ríodo de 1991 a 2010. 60 48

Municípios Atingidos 40
Frequência mensal de inundação gradual por Inundação Gradual
13
20 12
(1991-2010) 3 3 4 0 3 0 3 1 1 0 1 2 5 4 4 3 4
0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
35 31 Bom Jesus do Norte 5
30 São Mateus 5
25
Serra 5
25
Cachoeiro de Itapemirim 4
20 17 Castelo 4
13 14 Domingos Martins 4
15 Itapemirim 4
10 Marechal Floriano 4
5 Viana 4
5 3 3 3
Cariacica 3
0 Colatina 3
Ecoporanga 3
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Jaguaré 3
Laranja da Terra 3
Fonte: Documentos Oficiais do Estado do Espírito Santo Linhares 3
Vargem Alta 3
Água Doce do Norte 2
Alegre 2
O número considerável de afetados pode ser reflexo Alfredo Chaves 2
da elevada densidade demográfica, principalmente junto às Aracruz 2
Conceição do Castelo 2
margens de rios, destacando o rio São Mateus, o rio Doce e seus Guarapari 2
Ibiraçu 2
afluentes. Essas, são áreas de planícies de inundações, propícias Iconha 2

à implantação de perímetros urbanos, que muitas vezes ocorre Itarana


Muniz Freire
2
2
sem o devido planejamento. Pinheiros 2
Santa Teresa 2
Os municípios de Serra, Cariacica Viana, Vitória e Vila Vila Valério 2
Vila Velha 2
Velha, pertencentes à região da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, Vitória 2
possuem registros de desastres por inundações graduais. A Afonso Cláudio 1
Águia Branca 1
região da bacia do Rio Doce possui uma grande densidade Apiacá 1
Baixo Guandu 1
populacional instalada em áreas litorâneas rebaixadas, com Barra de São Francisco 1

índices de densidade demográfica superiores à média de Boa Esperança 1


Brejetuba 1
ocupação do litoral capixaba (TESSLER, 2009), o que explica Conceição da Barra 1
Fundão 1
o número elevado de afetados e os desastres naturais dessa Guaçuí 1
Iúna 1
natureza na mesorregião Jerônimo Monteiro 1
As inundações graduais, embora processos naturais, João Neiva 1
Marilândia 1
têm se tornado recorrente nas áreas urbanas e intensificadas Mimoso do Sul 1
Nova Venécia 1
pela ocupação desordenada em áreas de planície de inundação Pancas 1
dos rios. Dessa forma, as populações ali fixadas sofrem as Pedro Canário 1
Piúma 1
consequências dos desastres naturais relacionadas com o Rio Bananal 1
Santa Leopoldina 1
aumento do nível dos rios. Santa Maria de Jetibá 1

Os danos humanos e materiais causados por inundações Sooretama


Vila Pavão
1
1
podem ser minimizados por meio de permanente monitoramento Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. 2 Registros 1 Registro 114
INUNDAÇÃO GRADUAL 37
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Gráfico 10 – Danos humanos ocasionados por inundação gradual no Espírito TAVARES, A.C; SILVA, A.C.F. Urbanização, chuvas de verão e
Santo, período de 1991 a 2010. inundações: uma análise episódica. Climatologia e Estudos da
Paisagem, Rio Claro, v. 3, n.1, p. 4-15, jan./jun. 2008. Disponível
Danos humanos por inundação gradual em: <http://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/
400000 339.329 climatologia/article/view/1223>. Acesso em: 15 ago. 2011.
350000
300000
habittantes

250000 TESSLER, Moyses. Potencial de risco natural. 2009. Disponível em:


200000 <www.ecogeo.org/macro/04_risco_natural.pdf>. Acesso em: 14 out.
150000
100000 17.109 2011.
50000 4.041 1.465 14 20 3
0

Fonte: Documentos Oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.

do nível dos rios, e do acompanhamento da evolução diária


das condições meteorológicas, permitindo, assim, antecipar
as variáveis climatológicas responsáveis pela ocorrência de
inundações. Além disso, é necessário um planejamento urbano
adequado, que respeite o zoneamento e que impeça a construção
de novas moradias às margens dos rios.
Assim, de um modo geral, a previsibilidade das cheias
periódicas e graduais facilita a convivência harmoniosa com o
fenômeno, de tal forma que possíveis danos ocorrem apenas
nas inundações excepcionais, em função de vulnerabilidades
culturais.

REFERENCIAS

ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. SGH – Superintendência


de Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de
1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010.

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres


naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos


básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.
38 INCÊNDIO FLORESTAL E TORNADO
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

MAPA 5 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR INCÊNDIOS


E TORNADO NO ESPÍRITO SANTO NO PERÍODO DE 1991 A 2010
42°30'W 41°W 39°30'W

Número de
Bahia registros
18°S 18°S

Incêndio
2

Tornado
1

Convenções
Mesorregião
Divisão Municipal
Curso d´água

Minas Gerais

19°30'S 19°30'S

ICO
NT
1:1750000


Santa Maria de Jetibá

AT
0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

NO
EA
Viana

OC
Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 41° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.

21°S 21°S Dados de Desastres Naturais gerados


a partir do levantamento do Planejamento
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo


Rio de Janeiro
42°30'W 41°W 39°30'W
INCÊNDIO FLORESTAL E TORNADO 39
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

INCÊNDIO FLORESTAL E TORNADO combustíveis, comburente, calor e reação exotérmica em cadeia. Gráfico 11 – Frequência mensal de incêndios no Espírito Santo, período de
1991 a 2010
A propagação é influenciada por fatores, como: quantidade e
Incêndio florestal qualidade do material combustível; condições climáticas, como Frequência mensal de incêndios
umidade relativa do ar, temperatura e regime dos ventos; tipo (1991-2010)
Os incêndios florestais correspondem à classificação de vegetação e maior ou menor umidade da carga combustível 2
dos desastres naturais relacionados com a intensa redução das e a topografia da área (CASTRO, 2003).
precipitações hídricas. É um fenômeno que compõe esse grupo, Os incêndios atingem áreas florestadas e de savanas,
1 1
pois a propagação do fogo está intrinsecamente relacionada como os cerrados e caatingas. De uma maneira geral, queimam 1
com a redução da umidade ambiental, e ocorre com maior mais facilmente: os restos vegetais, as gramíneas, os liquens
frequência e intensidade nos períodos de estiagem e seca. e os pequenos ramos e arbustos ressecados. A combustão de
A classificação dos incêndios florestais está relacionada: galhos grossos, troncos caídos, húmus e de raízes é mais lenta 0
ao estrato florestal, que contribui dominantemente para a (CASTRO, 2003). jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
manutenção da combustão; ao regime de combustão e ao O Estado do Espírito Santo apresenta regiões de flores-
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.
substrato combustível (CASTRO, 2003). ta atlântica que foram intensamente exploradas, dando lugar em
Os incêndios florestais podem ser provocados por: cau- grande parte a uma capoeira alta e rica em imbaúbas, de floresta incêndios. Segundo os documentos oficiais, os focos de incêndio
sas naturais, como raios, reações fermentativas exotérmicas, con- de tabuleiros, e da planície litorânea, além de pastagens e áreas surgiram em função da escassez de precipitação hídrica, das
centração de raios solares por pedaços de quartzo ou cacos de desmatadas. De acordo com a Secretaria de Estado do Meio Am- elevadas temperaturas e da perda de controle da queima de
vidro em forma de lente e outras causas; imprudência e descuido biente e Recursos Hídricos do Espírito Santo, o fenômeno das quei- pasto, o que contribuiu para a disseminação do fogo.
de caçadores, mateiros ou pescadores, através da propagação madas tem como causas os períodos de estiagem, que favorecem Com base no Mapa 5 (Desastres naturais causados por
de pequenas fogueiras, feitas em seus acampamentos; fagulhas a seca da vegetação bem como os baixos índices de umidade do incêndio e tornado no Espírito Santo, no período de 1991 a
provenientes de locomotivas ou de outras máquinas automoto- ar, que aumentam consideravelmente os riscos de incêndio. 2010), verifica-se que apenas o município de Viana, no sudeste
ras, consumidoras de carvão ou lenha; perda de controle de quei- Os desastres por incêndios florestais somam apenas 2 do Estado, registrou incêndios florestais no período de análise.
madas, realizadas para limpeza de campos ou de sub-bosques; registros oficiais entre os anos de 1991 a 2010. Os incêndios quando atingem áreas florestais e outros
além de incendiários e/ou piromaníacos. Podem iniciar-se de Com relação aos meses de ocorrência verifica-se, ao ecossistemas, como a Mata de Tabuleiros, provocam danos à flo-
forma espontânea ou em consequência de ações e/ou omissões analisar o Gráfico 11 (Frequência mensal de incêndios 1991- ra e à fauna com a falta de hábitat e alimentos, ao solo, com a per-
humanas. Mesmo neste último caso, os fatores climatológicos e 2010), que os meses com registro desses eventos foram janeiro da de nutrientes e organismos decompositores, e liberam grande
ambientais são decisivos para incrementá-los, pois facilitam a sua e fevereiro, com 1 registro em cada mês. quantidade de gás carbônico que, segundo Barbosa e Fearnside
propagação e dificultam o seu controle (CASTRO, 2003). Os eventos foram registrados no ano de 2010, como (1999), pode ser emitida instantaneamente para a atmosfera e/ou
Para que um incêndio se inicie e se propague, é pode ser observado no Infográfico 4 (Município atingido por estocada na forma de carvão sobre o solo ou no material vegetal
necessária a conjunção dos seguintes elementos condicionantes: incêndio), que apresenta o município e o ano dos registros de morto pelo fogo em processo de decomposição.
No período de análise (1991-2010), foram registrados
Infográfico 4 – Município atingido por incêndios no Espírito Santo período de 1991 a 2010
70 habitantes afetados pelos incêndios no município de Viana,
4
3
conforme o Gráfico 12 (Danos humanos por incêndios 1991-
Municípios Atingidos
por Incêndio Florestal
2 2010).
Com o objetivo de prevenir e melhor combater os incên-
0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total dios florestais mitigando os danos causados, o IBAMA dispõe do
Apuí 1
Boca do Acre 1 Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais
Humaitá 1
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. 1 Registro 3
– PREVFOGO, responsável pela política de prevenção e combate
40 INCÊNDIO FLORESTAL E TORNADO
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Gráfico 12 – Danos humanos ocasionados por incêndios no Espírito Santo, Infográfico 5 – Município atingido por tornado no Espírito Santo período de 1991 a 2010
período de 1991 a 2010 2

Município Atingido 1
Danos humanos por incêndio por Tornado
1

80 70
70 0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
60
habittantes

Santa Maria de Jetibá 1


50
40 Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. 1 Registro 1
30
20
10 ar em movimento é o que forma o tornado, com força suficiente No caso do Estado do Espírito Santo, como pode ser
0
para causar grandes danos à superfície terrestre, assim como à observado no Mapa 5 (Desastres naturais causados por incêndio
população local (CASTRO, 2003). e tornado no Espírito Santo, no período de 1991 a 2010), verifica-
Dentre as perturbações atmosféricas, o tornado é se 1 registro oficial no município de Santa Maria de Jetibá, situado
considerado uma das mais violentas. Como um tornado pode na Mesorregião Central Espírito-santense. Este evento adverso
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. atingir até 320 km/h, esse fenômeno supera a violência do furacão, foi registrado no ano de 2001, como expressa o Infográfico 5
pois seu poder destrutivo é altamente concentrado e violento, (Município atingido por tornado), e atingiu várias populações
aos incêndios florestais em todo o território nacional, incluindo mas com duração e área afetada menor (CASTRO, 2003). ribeirinhas das localidades de Morro do Gelo, São Sebastião,
atividades relacionadas a campanhas educativas, treinamento e Episódios de tornados muitas vezes são confundidos com São Luis, Alto Recreio, São José do Recreio, Rio Novo e Sede do
capacitação de produtores rurais e brigadistas, monitoramento, vendavais intensos, pelo fato de a população não ter bem claro a Município, conforme as informações do documento oficial. Além
pesquisa e manejo de fogo nas Unidades de Conservação. definição e as características que remetem a este evento natural. disso, consta no registro a associação desse evento às fortes
As trombas d’água compõem esta classificação, pois chuvas. O desastre foi registrado no mês de novembro, de acordo
Tornado são fenômenos semelhantes aos tornados, porém ocorrem com o Gráfico 13 (Frequência mensal de tornado 1991-2010).
somente sobre uma superfície aquosa, no mar ou num lago. Por ser caracterizado por um fenômeno atmosférico de
Os tornados incluem-se na classificação de desastres Nesses casos, a sucção no centro da tempestade eleva para os alta destruição e violência, o único caso registrado de tornado no
naturais de causa eólica, pois estão relacionados com a ares a água da superfície. Geralmente, desaparecem quando Estado causou sérios danos à população residente do município
intensificação do regime dos ventos ou com a forte redução da entram em contato com a superfície da terra (CASTRO, 2003). de Santa Maria de Jetibá. Segundo o Gráfico 14 (Danos humanos
circulação atmosférica.
Gráfico 13 - Freqüência mensal de tornado no Espírito Santo no período de
Gráfico 14 – Danos humanos ocasionados por tornado no Espírito Santo,
Tornados são definidos como vórtices ou redemoinhos de 1991 a 2010
período de 1991 a 2010
vento formados na baixa atmosfera. Apresentam-se com nuvens
Frequência mensal de tornados Danos humanos por tornados
escuras, de formato afunilado, que tocam a superfície terrestre com
(1991-2010) (1991 a 2010)
grande velocidade de rotação e forte sucção, representando grande
2 3000 2.772
potencial destrutivo. São formados em processos convectivos,
2500

Habitantes
caracterizados pela formação de grandes nuvens cumulonimbus e 2000
em situações do encontro de massas de ar altamente diferenciadas 1500 862
1
1 1000
e de grande intensidade. A partir dessas condições é instalada uma 500 1
57 138
célula de baixa pressão nas camadas superiores da atmosfera que 0

ocasiona o efeito chaminé e a ascensão do ar para a alta troposfera.


Este arranjo caracteriza o efeito de vórtice, responsável pela forte 0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
sucção, que provoca o arrancamento de árvores, a destruição de
edificações e a elevação no ar de destroços e objetos. Portanto, o Fonte: Documento Oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. Fonte: Documentos Oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.
INCÊNDIO FLORESTAL E TORNADO 41
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

por tornado 1991-2010), observa-se que tal desastre afetou 2.772


pessoas além de, causar 1 morte, deixar 57 pessoas desabrigadas,
862 desalojadas e 138 deslocadas.
Desse modo, que por ser um desastre natural de origem
eólica de grande impacto nos locais em que atinge é necessário
se utilizar de alguns cuidados para se prevenir dessa atrocidade.
De acordo com TOMINAGA (2009), estar atento aos boletins
meteorológicos transmitidos às emissoras de rádio e televisão
para saber desses fenômenos e caso perceba a formação baixa
de grandes nuvens cumuluninbus com raios e trovões, procurar
um abrigo seguro dentro de casa e se estiver na rua aconselha-
se deitar numa vala ou depressão.

REFERÊNCIAS

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres


naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

BARBOSA, R. I.; FEARNSIDE, P. M. Incêndios na Amazônia Brasileira:


estimativa da emissão de gases do efeito estufa pela queima de
diferentes ecossistemas de Roraima na passagem do evento “El
Niño” (1997/98). Acta Amazonica, Manaus, v. 29, n. 4, p. 513-
534, 1999. Disponível em: <http://agroeco.inpa.gov.br/reinaldo/
RIBarbosa_ProdCient_Usu_Visitantes/1999IncAmazBras_AA.pdf>.
Acesso em: 26 set. 2011.

TOMINAGA, Lídia Keiko. Desastres Naturais: conhecer para prevenir.


Instituto Geológico. São Paulo. 2009.
42 VENDAVAL E/OU CICLONE
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

MAPA 6 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR VENDAVAL


E/OU CICLONE NO ESPÍRITO SANTO NO PERÍODO DE 1991 A 2010
42°30'W 41°W 39°30'W

Número de
Bahia registros
18°S Mucurici 18°S

1
Montanha
2
3
Ecoporanga

Conceição da Barra

Vila Pavão
Barra de
São Francisco

São Mateus
Nova Venécia

Mantenópolis
Convenções
Mesorregião
Alto Rio Novo
Divisão Municipal
Curso d´água

Minas Gerais

19°30'S 19°30'S
Baixo Guandu

ICO
João Neiva

Aracruz

NT
Laranja da Terra Santa Teresa

1:1750000


Fundão

AT
Afonso Cláudio

0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

NO
Ibatiba
Vitória
Domingos Martins
Venda Nova
Iúna do Imigrante

EA
Viana
Muniz Freire Marechal Floriano
Vila
Ibitirama Velha

OC
Castelo Alfredo Chaves

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 41° W. Gr.
Piúma Paralelo de Referência: 0°

São José Base cartográfica digital: IBGE 2005.


do
Calçado
21°S 21°S Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo


Rio de Janeiro
42°30'W 41°W 39°30'W
VENDAVAL E/OU CICLONE 43
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

VENDAVAL E/OU CICLONE intenso gradiente de pressão e um incremento do efeito de Gráfico 15 - Frequência mensal de vendaval e/ou ciclone no Espírito Santo,
período de 1991 a 2010
atrito e das forças centrífuga, gravitacional e de Coriolis. Na
Os eventos naturais adversos vendavais e ciclones Escala de Beaufort correspondem a ventos muito duros de Frequência mensal de
compõem a mesma categoria neste atlas. Nos registros número 10, com ventos de velocidades que variam entre 88 a vendaval e/ou ciclone (1991 a 2010)
referentes aos ciclones incluem-se os extratropicais e os 102 km/h. Normalmente são acompanhados de tempestades, 10
8
tropicais. No caso dos vendavais, os registros referem-se a precipitações hídricas intensas e concentradas, bem como de 8
7
vendavais ou tempestades, aos vendavais muito intensos e granizo ou de neve, quando são denominados de nevascas
6
vendavais extremamente intensos, furacões, tufões. Portanto, (CASTRO, 2003). 4
esta categoria, vendaval e/ou ciclone apresenta os registros dos O superaquecimento local gera correntes de 4 3 3 3
2 2 2
desastres das duas tipologias. deslocamentos horizontal e vertical de grande violência e 2 1 1
Quanto a sua origem, todos os dois eventos se enquadram com elevado poder destruidor, ao provocar a formação de
0
como desastres naturais de causa eólica, relacionados com a cumulonimbus isolados. Estes tipos de nuvens são acompanhados jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
intensificação do regime dos ventos ou com a forte redução normalmente de raios e trovões (CASTRO, 2003).
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.
da circulação atmosférica. Dependendo do Estado, os registros Os vendavais associados a tempestades, enquanto
são relativos a uma ou outra tipologia, ou até mesmo às duas. desastres, provocam grandes efeitos adversos como queda de 1991-2010). Os meses mais afetados, durante a escala temporal
No caso de Espírito Santo, os registros referem-se aos desastres árvores e danos às plantações; derrubada das fiações elétricas adotada, foram: fevereiro, com 8 registros e novembro, com
causados por vendavais associados a tempestades. e telefônicas; produzem danos estruturais em edificações, assim 7. Tais meses pertencem à estação chuvosa no Estado, entre
Os vendavais são caracterizados como o deslocamento como o destelhamento e, ocasionalmente, feridos e mortos outubro e março. São, portanto, meses propícios à ocorrência
violento de uma massa de ar, de uma área de alta pressão (CASTRO, 2003). de vendavais, em que os ventos são considerados fortes em
para outra de baixa pressão, ou seja, perturbações acentuadas No Estado do Espírito Santo, os desastres por vendavais relação aos registrados, geralmente, no Espírito Santo.
no estado normal da atmosfera, normalmente causados pelo somam 36 registros oficiais, entre os anos de 1991 e 2010. De acordo com o Corpo de Bombeiros do Espírito Santo,
Ao espacializar esses registros no Mapa 6 (Desastres naturais a ocorrência de fortes vendavais é muito comum na época
Figura 9 – Danos causados por fortes vendavais, no município de Boa Espe-
rança causados por vendaval e/ou ciclone no Espírito Santo no período das chuvas, principalmente pelo avanço de frentes frias pelo
de 1991 a 2010), verifica-se que os municípios mais atingidos sudeste, o que provoca aumento da intensidade dos ventos,
foram: Aracruz e Baixo Guandu, com 3 eventos cada; Alto Rio pela formação de sistemas convectivos provocando o choque
Novo e Viana, com 2 eventos cada. entre as massas de ar quente e fria.
Os anos com registros de desastres por vendavais A Defesa Civil do Estado considera que esse tipo de
apresentam-se no Infográfico 6 (Municípios atingidos por desastre natural está mais associado a danos materiais do
vendaval e/ou ciclone). O ano com maior número de ocorrências que humanos como: queda de árvores; de fiações, podendo
foi 2009, total de 11, registradas pelos municípios de Alfredo provocar interrupções no fornecimento de energia elétrica e
Chaves, Alto do Rio Novo, Baixo Guandu, Barra de São Francisco, nas comunicações telefônicas; danos às plantações; enxurradas
Castelo, Conceição da Barra, Ibatiba, Ibitirama, Laranja da Terra, e alagamentos; danos em habitações mal construídas e/ou mal
São José do Calçado e Viana. Em 2008 foram registrados 6 situadas; destelhamento em edificações e; danos humanos,
eventos; em 2004, 3 eventos; enquanto nos demais anos com através traumatismos provocados pelo impacto de objetos
registros, os eventos ficaram em torno de 1 e 2 eventos. transportados pelo vento, por afogamento e por deslizamentos
Com relação à freqüência mensal do fenômeno, os ou desmoronamentos.
eventos se distribuíram ao longo dos meses do ano, de acordo Os municípios atingidos do Estado do Espírito Santo
Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo com o Gráfico 15 (Frequência mensal de vendaval e/ou ciclone registraram danos humanos por vendavais, no decorrer dos
44 VENDAVAL E/OU CICLONE
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Infográfico 6 – Municípios atingidos por vendaval e/ou ciclone no Espírito Santo período de 1991 a 2010
15
11
Municípios Atingidos 6
7,5
por Vendaval e/ou Ciclone
2 2 3 2 2 2
1 1 1 1 1 1
0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Aracruz 3
Baixo Guandu 3
Alto Rio Novo 2
Viana 2
Afonso Cláudio 1
Alfredo Chaves 1
Barra de São Francisco 1
Castelo 1
Conceição da Barra 1
Domingos Martins 1
Ecoporanga 1
Fundão 1
Ibatiba 1
Ibitirama 1
Iúna 1
João Neiva 1
Laranja da Terra 1
Mantenópolis 1
Marechal Floriano 1
Montanha 1
Mucurici 1
Muniz Freire 1
Nova Venécia 1
Piúma 1
Santa Teresa 1
São José do Calçado 1
São Mateus 1
Venda Nova do Imigrante 1
Vila Pavão 1
Vila Velha 1
Fonte: Documentos oficiais do Estado do espírito Santo, 2011. 1 Registro 36

Gráfico 16 - Danos humanos ocasionados por vendaval e/ou ciclone no Es- vinte anos de análise. No Gráfico 16 (Danos humanos por
pírito Santo, período de 1991 a 2010
vendaval e/ou ciclone 1991-2010), verifica-se um total de 83.220
Danos humanos por vendaval e/ou ciclone pessoas afetadas, com 3.538 desalojadas, 425 desabrigadas,
(1991 a 2010) 471 deslocadas, 314 levemente feridas, 4 gravemente feridas, 2
100000 enfermas e 2 mortas.
83.220
80000
antes

60000 REFERÊNCIAS
Habita

40000
20000 3.538 425 471 314 4 2 2
0 CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR. Estado de Mato Grosso. Dicas de


Segurança: vendavais e quedas de árvores. 2006. Disponível em:
<http://www.bombeiros.mt.gov.br/?f=pagdinamica&id=50>. Acesso
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Espírito Santo, 2011. em: 10 out. 2011.
GRANIZO 45
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

GRANIZO Gráfico 17 – Frequência mensal de granizos no Espírito Santo, período de Gráfico 18 – Danos humanos ocasionados por granizos no Espírito Santo,
1991 a 2010 período de 1991 a 2010

Os granizos compõem o grupo de desastres naturais Frequência mensal de granizo Danos humanos por granizo
relacionados com temperaturas extremas. São caracterizados (1991 a 2010) (1991 a 2010)
por precipitação sólida de pedras de gelo, transparentes 7 20000
6 6 6 16.609

Habitantes
ou translúcidas, de forma esférica ou irregular, de diâmetro 6 15000
11.210
igual ou superior a 5 mm, que se formam na parte superior 5 10000
4
4 5000
das nuvens convectivas, do tipo cumulonimbus. Estas nuvens 3 3 3 1.525 204 229 13 8 3
3
apresentam temperaturas extremamente baixas no seu topo 2 0
2
e elevado desenvolvimento vertical, podendo alcançar alturas 1 1
1
de até 1600 m, condições propicias para a transformação das 0
gotículas de água em gelo. As gotas congeladas ao crescerem, jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
pelo processo de coalescência (agrupamento com outras gotas Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.
menores), movimentam-se com as correntes subsidentes. Nessa
movimentação, ao se chocarem com gotas mais frias, crescem O granizo, também conhecido por saraivada, pode ser ocorrências foi o 2001, com 7 registros, seguido de 2008, com 4
rapidamente até alcançarem um peso máximo, ao ponto de não subdividido em gotas de chuvas congeladas ou flocos de neve registros. Em 2001, houve recorrência do desastre no município
serem mais suportadas pelas correntes ascendentes, quando fundidos e recongelados e em grânulos de neve envolvidos por de Ponto Belo, que decretou situação de emergência duas
ocorre a precipitação. O tempo de duração de uma precipitação gelo (CASTRO, 2003). vezes em função dos danos causados pelo granizo. Em 2010 a
de granizo está relacionado à extensão vertical da zona de Entre os desastres naturais analisados no Estado do recorrência foi no município de Cariacica.
água no interior da nuvem, que normalmente supera 3 km e Espírito Santo, os granizos representam 35 registros oficiais, No caso dos danos humanos registrados no Estado,
é formada por gotas assimétricas (KULICOV; RUDNEV, 1980; registrados entre os anos de 1991 e 2010. A distribuição espacial soma-se 41.828 habitantes atingidos pelos eventos de granizos
KNIGHT; KNIGHT, 2001). dos eventos adversos encontra-se no Mapa 7 (Desastres naturais durante os vinte anos. Conforme o Gráfico 18 (Danos humanos
causados por granizos no Espírito Santo no período de 1991 a causados por granizos 1991-2010), constata-se 27.727 afetados,
2010) e apresenta os 26 municípios que decretaram situação 11.987 desalojados, 1.626 desabrigados, 204 deslocados, 252
Figura 10 – Destruição de telhas ocasionada pela queda de granizo
de emergência pelo fenômeno. Do total, os mais atingidos levemente feridos, 14 gravemente feridos, 15 enfermos e 3
foram: Iúna e Venda Nova do Imigrante, com 3 registros cada. mortes.
Cariacica, Domingos Martins, Laranja da Terra, Ponto Belo e Dentre os municípios atingidos por granizos, Itapemirim,
Presidente Kennedy registraram 2 registros cada, enquanto os localizada na Mesorregião Noroeste Espírito-Santense, registrou
demais municípios, 1 registro cada. o maior número de afetados - 6 mil pessoas – no ano de 2006.
A maior freqüência dos desastres por granizos ocorreu As 3 mortes foram registradas pelo município de Colatina no
no trimestre setembro, outubro e novembro, com 6 ocorrências ano de 1995.
em cada mês, conforme demonstra o Gráfico 17 (Frequência De acordo com Nóbrega et al. (2008), sabe-se que o
mensal de granizo 1991-2010). Estes meses correspondem período das chuvas no sudeste ocorrem durante a primavera
ao início da estação chuvosa no Estado, período das intensas e verão e estão associadas principalmente à instabilidade
tempestades, vendavais e granizos. termodinâmica (altas temperaturas e umidade do ar). Os
Ao analisar o Infográfico 7 (Municípios atingidos principais sistemas atmosféricos atuantes durante este período
por granizos), verifica-se a distribuição anual dos eventos de no Espírito Santo são: a formação da Zona de Convergência do
Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo granizos, caracterizados como desastres. O ano que mais obteve Atlântico Sul (ZCAS) e Complexos Convectivos de Mesoescala
46 GRANIZO
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

MAPA 7 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR GRANIZO


NO ESPÍRITO SANTO NO PERÍODO DE 1991 A 2010
42°30'W 41°W 39°30'W

Número de
Bahia registros
18°S 18°S

1
2
Ponto
Belo 3
Ecoporanga

Vila Pavão

São Mateus
Nova Venécia

Convenções
Mesorregião
Divisão Municipal
São Domingos
Pancas do Norte
Curso d´água

Minas Gerais

Colatina
19°30'S 19°30'S
Baixo Guandu

ICO
Itaguaçu
Aracruz

NT
Ibiraçu
Laranja da Terra

1:1750000


Santa Maria de Jetibá

AT
Afonso Cláudio
Brejetuba Santa Leopoldina
0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

NO
Ibatiba
Cariacica Vitória
Domingos Martins
Irupi Venda Nova
Iúna do Imigrante

EA
Muniz Freire

OC
Vargem
Alta
Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 41° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.


Itapemirim
21°S 21°S Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento
Presidente
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
Kennedy CEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo


Rio de Janeiro
42°30'W 41°W 39°30'W
GRANIZO 47
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Infográfico 7 – Municípios atingidos por granizos no Espírito Santo, no período de 1991 a 2010 REFERÊNCIAS
10
7
Municípios Atingidos CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
5 4
por Granizo
2
3 3 3 3 3
naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
1 1 1 1 1 1 1
0 0 0 0 0
0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total KNIGHT, C. A.; KNIGHT, N. C. Hailstorms. In: DOSWELL III, C. A.
Iúna 3
Venda Nova do Imigrante 3
Severe convective storms. Boston: American Meteorological
Cariacica 2 Society, 2001. (Meteorological Monographs, v. 28, n. 50, 2001. p.
Domingos Martins 2
Laranja da Terra 2
223-249).
Ponto Belo 2
Presidente Kennedy 2
KULICOV, V. A.; RUDNEV, G. V. Agrometeorologia tropical. Havana:
Afonso Cláudio 1
Aracruz 1 Científico-Técnica, 1980.
Baixo Guandu 1
Brejetuba 1
Colatina 1 NÓBREGA, Neri Ellen Fernandes da. et al. Análise da distribuição
Ecoporanga 1 sazonal e espacial da precipitação no norte do Estado do Espírito
Ibatiba 1
Ibiraçu 1
Santo. Disponível em: <http://hidrometeorologia.incaper.es.gov.br/
Itaguaçu 1 arquivos_pdf/publicacoes/CBMET/2008/PRP_Norte_ES.pdf>. Acesso
Itapemirim 1
Muniz Freire 1
em 17 de outubro de 2.011.
Nova Venécia 1
Pancas 1
Santa Leopoldina 1
Santa Maria de Jetibá 1
São Domingos do Norte 1
São Mateus 1
Vargem Alta 1
Vila Pavão 1
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. 2 Registros 1 Registro 35

(CCM) com menor frequência. Desse modo, estas chuvas


costumam ocorrer em forma de pancadas e de maneira
Figura 11 – Prejuízos ao cultivo de pimentão em função da queda de granizo
localizada, vindo ocasionalmente acompanhadas por queda de
granizo.
De maneira geral o granizo, enquanto desastre, causa
grandes danos e prejuízos econômicos à agricultura. No Brasil,
as regiões de clima temperado são as mais atingidas por este
evento, prejudicando as culturas de frutas e de fumo, mais
vulneráveis ao granizo.
Salienta-se, ainda, que danos materiais possíveis oca-
sionadas por granizos são destruição de telhados, especial-
mente quando construídos com telhas de amianto ou de barro,
amassamento de latarias, é que estes episódios geralmente são
acompanhados por vendavais e tempestades, o que dificulta
definir isoladamente as consequências para se decretar uma si-
Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo tuação de emergência (CASTRO, 2003).
48 GRANIZO
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

MAPA 8 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR MOVIMENTO DE MASSA


NO ESPÍRITO SANTO NO PERÍODO DE 1991 A 2010
42°30'W 41°W 39°30'W

Número de
Bahia registros
18°S 18°S

1
2

Barra de
São Francisco

São Mateus
Nova Venécia

Convenções
Mesorregião
Divisão Municipal

Pancas
Curso d´água
Governador
Lindenberg

Minas Gerais

Colatina
19°30'S 19°30'S

ICO
São Roque
do Canaã

NT
Santa Teresa

1:1750000


AT
Santa Leopoldina
0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

NO
Ibatiba
Cariacica
Irupi
Iúna

EA
Viana
Muniz Freire Marechal Floriano

OC
Projeção Policônica
Alegre Datum: SIRGAS 2000
Guaçuí
Meridiano Central: 41° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

São José Atilio


Base cartográfica digital: IBGE 2005.
do Vivacqua Itapemirim
21°S Calçado
21°S Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo


Rio de Janeiro
42°30'W 41°W 39°30'W
MOVIMENTOS DE MASSA 49
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

MOVIMENTOS DE MASSA Figura 12 – Rolamento de rochas em Baixo Caramuru procura-se alcançar, por meio do entendimento dos processos
envolvidos, respostas às questões: por que ocorrem os
Os movimentos de massa compõem o grupo de desastres escorregamentos, quando, onde e quais são seus mecanismos,
naturais relacionados com a geomorfologia, o intemperismo, a permitindo a predição da suscetibilidade (VARNES, 1978).
erosão e a acomodação do solo. Na classificação adotada no Todos esses eventos são tratados como movimentos
Atlas, foram agrupados os seguintes eventos naturais do grupo: de massa, que envolvem fenômenos diretamente relacionados
escorregamentos ou deslizamentos; corridas de massa; rastejos com o processo natural de evolução das vertentes. Além disso,
e quedas, tombamentos e/ou rolamentos de matacões e/ou pertencem a um grande grupo classificado com base na atuação
rochas. dos processos geológicos que regem a dinâmica da crosta
Dentre as formas de movimentos de massa, os terrestre e promovem as mudanças sobre o relevo terrestre. Em
escorregamentos, também denominados deslizamentos, sua maioria, esses desastres relacionam-se com a dinâmica das
são os mais importantes desta classificação, haja vista ser encostas e são regidos por movimentos gravitacionais de massa
o mais recorrente dentre todos os tipos aqui apresentados. e processos de transporte de massas (CASTRO, 2003).
São provocados pela movimentação de materiais sólidos Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo Além dos aspectos fisiográficos, as áreas atingidas
(solo, vegetação, etc.) ao longo de terrenos inclinados, tais sofrem também grande influência das alterações do homem
como encostas, pendentes ou escarpas. Caracterizam-se por no meio, principalmente nas áreas urbanas, as mais populosas.
movimentos gravitacionais rápidos de massa, cuja superfície Nessas áreas, os movimentos gravitacionais de massa ocorrem
de ruptura é bem definida por limites laterais e profundos. No terra (earthflows), fluxos de lama (mudflows) e fluxos de detrito com relativa frequência em áreas de encostas desestabilizadas
momento em que a força gravitacional vence o atrito interno (debrisflows). por ações antrópicas, provocando graves desastres súbitos.
das partículas, responsável pela estabilidade, a massa de solo Os rastejos são caracterizados como movimentos de Assim, os desastres relativos a movimentos de massa têm
movimenta-se encosta abaixo. Esses movimentos gravitacionais massa lentos, porém contínuos ou pulsantes. O processo não componentes mistos (naturais e antrópicos) e assumem
de massa relacionam-se com a infiltração de água e a saturação apresenta superfície de ruptura bem definida e os limites entre características de evolução aguda (CASTRO, 2003).
do solo das encostas, o que provoca a diminuição ou perda a massa em movimento e o terreno estável são transicionais Figura 13 – Fluxo de detritos e de lama no município de Ibiratama
total do atrito entre as partículas. Por esse motivo, no Brasil, os (CASTRO, 2003). Podem preceder movimentos mais rápidos,
escorregamentos são nitidamente sazonais e guardam efetiva como os escorregamentos. Embora lentos, os rastejos podem
relação com os períodos de chuvas intensas e concentradas ser facilmente identificados pela mudança na verticalidade das
(CASTRO, 2003). árvores, postes, etc. (AUGUSTO FILHO, 1994).
As corridas de massa, embora mais lentas que os As quedas e os tombamentos de rochas caracterizam-
escorregamentos, desenvolvem-se de forma implacável, se por movimentos extremamente rápidos de blocos ou
atingindo grandes áreas e provocando danos extremamente fragmentos em queda livre, em planos de cisalhamento ou
intensos. Esses movimentos têm grande capacidade de clivagem, enquanto que os rolamentos de matacões são
transporte, mesmo em áreas planas, pois são gerados a partir provocados por processos erosivos que removem os apoios das
de um grande aporte de material de drenagem, sobre terrenos bases (CASTRO, 2003). Nestes fenômenos, a maior preocupação
pouco consolidados, que, ao serem misturados com grandes é com a trajetória dos blocos, ou seja, durante a queda e o
volumes de água infiltrada, formam uma massa semifluida, que rolamento (AUGUSTO FILHO, 1994).
adquire um alto poder de destruição (CASTRO, 2003). Conforme A identificação da tipologia é de fundamental
Kobiyama (et al., 2006), dependendo da viscosidade e do tipo importância para o entendimento das causas dos fenômenos
de material, podem receber outros nomes como fluxos de ocorridos (CEPED UFSC, 2009). Assim, conhecendo-se as causas, Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo
50 MOVIMENTOS DE MASSA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Os principais fatores que contribuem para a ocorrência Infográfico 8 – Municípios atingidos por movimentos de massa no Espírito Santo período de 1991 a 2010
dos escorregamentos são os relacionados com a geologia, 15 12

geomorfologia, aspectos climáticos e hidrológicos, vegetação e Municípios Atingidos


7,5
por Movimento de Massa 4 3
ação do homem relativa às formas de uso e ocupação do solo 2 1 1 2 1
0
(TOMINAGA, 2007). Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Barra de São Francisco 2
Em áreas rurais, há predominância de processos de Colatina 2
transportes de massa, que consistem em um desenvolvimento Guaçuí 2
Ibatiba 2
gradual e de agravamento progressivo. A erosão provoca Pancas 2
São José do Calçado 2
grandes perdas de solo agricultável, representando danos Alegre 1
Atilio Vivacqua 1
materiais e econômicos à população local (CASTRO, 2003). Cariacica 1
No Estado do Espírito Santo, os desastres por Governador Lindenberg 1
Itapemirim 1
movimentos de massa são relativos aos deslizamentos e Iúna 1
Marechal Floriano 1
escorregamentos, que somam 26 registros oficiais registrados Muniz Freire 1

ao longo do período de análise (1991 – 2010). Nova Venécia 1


Santa Leopoldina 1
O Mapa 8 (Desastres naturais causados por movimento Santa Teresa 1
São Mateus 1
de massa no Espírito Santo no período de 1991 à 2010) expressa São Roque do Canaã 1
Viana 1
os municípios capixabas afetados e o número de ocorrências
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito santo, 2011. 2 Registros 1 Registro 26
registradas em cada um deles. Os municípios mais atingidos,
com 2 registros cada, foram: Barra de São Francisco, Colatina, De acordo com o Infográfico 8 (Municípios atingidos Com relação à freqüência mensal dos episódios de
Guaçuí, Ibatiba, Pancas e São José do Calçado. Os demais por movimentos de massa), o ano que apresenta o maior movimento de massa, pelo Gráfico 19 (Freqüência mensal de
apresentaram apenas 1 registro do evento. A localização dos número de registros foi 2009, com 12 eventos. Neste mesmo movimento de massa 1991-2010) observa-se que os meses com
municípios com 2 registros está diretamente relacionada com ano, os municípios de Colatina e Ibatiba registraram recorrência mais registros correspondem ao período chuvoso no Espírito
as áreas mais elevadas do Estado, a porção oeste, que apresenta de deslizamentos, apresentando 2 registros cada. Santo. Principalmente janeiro, com 10 registros, em que as
altitudes acima de 2.000 metros. médias de precipitações pluviométricas são mais elevadas no
Gráfico 20 – Médias pluviométricas em 2009, com base nos dados das Es- Estado.
Gráfico 19 – Frequência mensal de movimentos de massa no Espírito Santo, tações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado do No ano de 2009, especificamente, as precipitações do
período de 1991 a 2010 Espírito Santo
mês de janeiro atingiram a média de 292,80 mm, de acordo com
Frequência mensal de Médias pluviométricas em 2009 o Gráfico 20 (Médias pluviométricas em 2009). As precipitações
movimentos de massa (1991-2010) 350,00 concentradas foram suficientes para resultar em 6 registros de
292,8 320,5
12 300,00 desastres por deslizamentos.
10
250,00
10 Nos casos de movimento de massa no Estado do Espírito
200,00 149,7
8 150,00
147,6 132,4 Santo foram registrados danos humanos à população capixaba.
107,5
6 5 100 00
100,00
40,2 32,1 43,9
Ao todo, foram 184.781 habitantes atingidos. Desses, ficaram
4 37,8
50,00 17,0 18,4
4 3
14
6.602 desalojados, 734 desabrigados, 226 foram deslocados, 30
0,00 6 9 9 4 4 5 8 5 10 6 10
2 1 1 1 1
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
ficaram levemente feridos e 5 gravemente feridos, 48 enfermos
0 e 9 mortos, como expressa o Gráfico 21 (Danos humanos por
média mensal média dias de chuva
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez movimentos de massa 1991-2010). O município de Cariacica
Fonte: Documentos Oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011. registrou o maior número de afetados, 120 mil, pessoas,
MOVIMENTOS DE MASSA 51
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Gráfico 21 – Danos humanos ocasionados por movimentos de massa no BIGARELLA, J. J. et al. Estrutura e origem das paisagens tropicais e
Espírito Santo, período de 1991 a 2010 subtropicais. Florianópolis: Editora da UFSC, 1996. v.2.

Danos humanos por movimentos de massa CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
(1991 a 2010) naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
200000 173.222
CEPED - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS
Habitantes

150000
SOBRE DESASTRES. UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina.
100000
Resposta ao desastre em Santa Catarina no ano de 2008:
50000 avaliação das aeras atingidas por movimentos de massa e dos danos
5.591 714 201 26 1 48 7
0 em edificações durante o desastre. Florianópolis: CEPED UFSC, 2009.
Disponível em: <http://www.ceped.ufsc.br/biblioteca/projetos/
encerrados/resposta-ao-desastre-em-santa-catarina>. Acesso em: 15
ago. 2011.

Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo. KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.
registrado no evento do ano de 2009, segundo o documento
oficial. TOMINAGA, L. K. Avaliação de metodologias de análise de
risco a escorregamentos: aplicação de um ensaio em Ubatuba,
Apesar dos danos causados pelos movimentos de
SP. 2007. 240 f. Tese (Doutorado em Ciências – Geografia física) -
massa, estes fenômenos são um processo natural que faz parte Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
da evolução da paisagem, sendo o mais importante processo Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2007. Disponível
geomorfológico modelador da superfície terrestre (BIGARELLA em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-
et al., 1996). 18102007-155204/pt-br.php>. Acesso em: 20 ago. 2011.

De maneira geral, o Espírito Santo, além de apresentar


VARNES, D. J. 1978. Slope movement types and processes.
elevadas médias de precipitações durante o período chuvoso, In: SCHUSTER; KRIZEK (eds.). Landslides: analysis and control.
que resultam em saturação do solo, o Estado é caracterizado por Transportation Research Board Special Report, Washington,
um relevo bastante acidentado, com encostas íngremes, o que n. 176, p. 11-33, 1978. Disponível em: <http://onlinepubs.trb.org/
contribui para que o evento adverso seja bastante recorrente no onlinepubs/sr/sr290.pdf>. Acesso em: 17 out. 2011.

Estado.

REFERÊNCIAS

ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. SGH - Superintendência


de Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de
1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010.

AUGUSTO FILHO, O. Cartas de risco de escorregamentos: uma


proposta metodológica e sua aplicação no município de Ilhabela,
SP. 1994. 162p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994.
52 MOVIMENTOS DE MASSA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

MAPA 9 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR EROSÃO MARINHA


NO ESPÍRITO SANTO NO PERÍODO DE 1991 A 2010
42°30'W 41°W 39°30'W

Número de
Bahia registros
18°S 18°S

1
2
5
14

Conceição da Barra

Convenções
Mesorregião
Divisão Municipal
Curso d´água

Minas Gerais

19°30'S 19°30'S

ICO
NT
1:1750000


AT
0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

NO
EA
OC
Guarapari

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 41° W. Gr.
Piúma Paralelo de Referência: 0°

Base cartográfica digital: IBGE 2005.


Itapemirim
21°S 21°S Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento
Marataízes Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo


Rio de Janeiro
42°30'W 41°W 39°30'W
EROSÃO MARINHA
53
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

EROSÃO MARINHA diluindo os sais solúveis provenientes da desagregação das Gráfico 22 – Frequência mensal de erosão marinha no Espírito Santo, perío-
do de 1991 a 2010
rochas e de restos de animais marinhos (CASTRO, 2003).
A erosão marinha está inserida na classificação de Estes processos atuantes na costa estão relacionados às Frequência mensal de erosão marinha
características geológicas do relevo litorâneo e topográficas da (1991-2010)
desastres naturais relacionados com a geomorfologia, o
4
intemperismo, a erosão e a acomodação do solo, que são faixa de contato entre o mar e o litoral; à intensidade, duração e
sentido dos ventos dominantes na região; intensidade e sentido 3 3 3
processos geológicos que regem a dinâmica da crosta terrestre 3
e promovem mudanças no relevo. Os desastres incluídos nessa das correntes marinhas locais; intensidade e altura das marés;
2 2 2 2 2 2 2
classificação têm relação com a dinâmica das encostas e, no caso intensidade das ondas; maior ou menor proximidade da foz 2

da erosão marinha, são regidos por processos de transporte de de rios e atividades antrópicas que contribuam para alterar o
1
massa promovidos pela ação hídrica (CASTRO, 2003). equilíbrio dinâmico local (CASTRO, 2003).
Com a atuação dos movimentos das águas oceânicas Na maioria das vezes, as erosões marinhas são 0

sobre as bordas litorâneas, há um remodelamento destrutivo intensificadas por atividades antrópicas, relacionadas com a jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

do relevo resultando em acumulação marinha e, como concentração de atividades econômicas, industriais, de recreação Fonte: Documentos oficiais do Estado de Espírito Santo, 2011.

consequência, originando praias, recifes, restingas e tômbolos. e turismo em áreas de restinga, e/ou dunas frontais junto à
Quando o mar está na condição de agente de erosão, atua com faixa litorânea, que, em conjunto com os diversos processos recorrência do fenômeno no período entre os anos de 2000 e
os mecanismos de ação hídrica sobre o relevo litorâneo, com a hidrodinâmicos modificam o ambiente costeiro. 2006. Os documentos oficiais desse município informam que a
desagregação das rochas; de ação corrosiva (erosão mecânica), A complicada variabilidade nos processos físicos se intensificação do processo erosivo se deve a intensa urbanização
com o desgaste do relevo pelo atrito de fragmentos de rocha reflete na complexa morfologia dos canais, bancos e flechas da costa. Além disso, a variação das marés e o avanço do mar
e areia em suspensão; de ação abrasiva, com o desgaste dos arenosas adjacentes, que como consequência, promovem o sob a costa provocaram assoreamento das margens do rio
fragmentos de rochas em suspensão e, de ação corrosiva, aumento da vulnerabilidade da costa à erosão. Cricare, nas proximidades da foz.
A erosão marinha, quanto desastre natural, implica no Quanto à frequência mensal, os registros se distribuem
desequilíbrio de vários pontos da costa, causando um processo por quase todos os meses do ano, com exceção de julho e
de erosão progressiva variando de moderada a severa, onde dezembro, conforme demonstra o Gráfico 22 (Frequência
Figura 14 – Tentativa de contenção do processo erosivo marinho, em Con- praias adjacentes à desembocadura de estuários se caracterizam mensal de erosão marinha 1991-2010). Os meses de março,
ceição da Barra
por um intenso dinamismo (OLINTO et al., 1998). abril e outubro apresentaram mais registros, total de 3 em cada.
O Estado do Espírito Santo apresentou um total de 23 No caso dos registros de Conceição da Barra, pelo
registros oficiais de desastres por erosão marinha registrados fato do processo erosivo ser progressivo, não verifica-se
na costa capixaba por 5 municípios, ao longo dos vinte anos de uma distribuição homogênea dos episódios. O município é
análise. Esses registros espacializam-se no Mapa 9 (Desastres caracterizado por planícies costeiras estreitas, associadas às
naturais causados por erosão marinha no Espírito Santo no desembocaduras dor rios Itaúnas e São Mateus, ao sopé das
período de 1991 a 2010), que demonstra uma grande recorrência falésias da Formação Barreiras. As freqüentes frentes frias, com
do evento no município de Conceição da Barra, com 14 registros. ventos de sudoeste e o aumento dos índices pluviométricos
Itapemirim registrou 5 ocorrências; Marataízes, 2 ocorrências, direcionam a corrente longitudinal de sul para norte. Essa
enquanto Guarapari e Piúma, 1 ocorrência cada. dinâmica aumenta a descarga do rio que bloqueia o trânsito
Os anos com maior número de registros foram: 2006, de sedimentos causando erosão praial. O processo erosivo
com 4 eventos; 2003 e 2010, com 3 eventos, conforme apresenta mais grave, devido à ocupação urbana e à intensificação das
o Infográfico 9 (Municípios atingidos por erosão marinha). frentes frias, é a erosão do bairro da Bugia. Este encontra-se
Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo Conceição da Barra, o município mais atingido, apresentou sobre a barra fluvial do rio Cricaré envergada para o sul, como
EROSÃO MARINHA
54
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Figura 15 – Consequências da erosão marinha na orla de Itapemirim Infográfico 9 – Municípios atingidos por erosão marinha no Espírito Santo período de 1991 a 2010
6
4
Municípios Atingidos 3 3
3 2 2 2 2
por Erosão Marinha
1 1 1 1 1

0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Conceição da Barra 14
Itapemirim 5
Marataízes 2
Guarapari 1
Piúma 1
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. 2 Registros 1 Registro 23

Albino et al. (2006), no litoral capixaba ocorrem eventos erosivos REFERÊNCIAS


sazonais associados à interação flúvio-marinha. Nas planícies
costeiras são evidenciadas tendências progradacionais, nas ALBINO, Jaqueline; GIRARDI, Gisele; NASCIMENTO, Kleverson
Alencastre do. Erosão e progradação do Litoral Brasileiro: capítulo
proximidades das principais desembocaduras fluviais. De
Espírito Santo. Brasília (DF): Ministério do Meio Ambiente, 2006. p.
maneira geral, a costa do Estado do Espírito Santo apresenta 227-264. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_
uma tendência erosiva, sendo esta mais evidente nos setor sigercom/_publicacao/78_publicacao12122008090123.pdf >. Acesso
Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Espírito Santo
norte do litoral. em: 25 nov. 2011.
resultado da deriva mais atuante de sedimentos. Segundo os Dessa forma, evidencia-se no litoral costeiro,
CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
documentos oficiais, o bairro foi completamente destruído pela principalmente nos setores mais ocupados e urbanizados, uma
naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
erosão, resultante da inversão do direcionamento das correntes tendência de que o fenômeno torne-se recorrente no Estado,
longitudinais, do aumento da precipitação pluviométrica e da devido à dinâmica costeira e as intervenções antrópicas. Uma
energia das ondas (ALBINO et al., 2006). vez que a faixa de costa sofre alteração pela ocupação humana,
O fenômeno da erosão marinha, ao longo dos vinte diminui o aporte de sedimentos disponíveis para o transporte
anos, atingiu mais de 98 mil pessoas, que residem e/ou trafegam sedimentar, gerando, dessa forma, um desequilibrado processo
na costa do Espírito Santo. Além disso, conforme apresenta o erosivo.
Gráfico 23 (Danos humanos por erosão marinha 1991-2010),
foram registrados 402 desalojadas, 1.639 desabrigadas e 260 Gráfico 23 – Danos humanos ocasionados por erosão marinha no Espírito
Santo, período de 1991 a 2010
pessoas deslocadas.
No caso do litoral capixaba o grau de risco de erosão Danos humanos por erosão marinha
marinha se torna mais elevado não só pelos terrenos rebaixados, (1991 a 2010)
mas também pela ocupação humana elevada. 120000
100000 98.180
Embora seja um processo natural e não promova danos
Habitantes

80000
em áreas desabitadas, a erosão marinha torna-se um problema 60000
40000
social e econômico quando são edificadas estruturas rígidas em 20000
402 1.639 260
um ambiente que é, naturalmente, dinâmico. 0
A interação entre os elementos geológicos e climáticos
no litoral resulta na grande diversidade das praias observadas
ao longo da costa capixaba, apresentando diferentes
comportamentos erosivos e também construtivos. Conforme Fonte: Documentos oficiais do estado do Espírito Santo
Fonte: Acervos das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil dos Estados de Alagoas e Pernambuco
Diagnóstico
Diagnóstico dos Desastres
dos Desastres Naturais
Naturais no Estado de Alagoas
no Estado do Espírito Santo
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
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Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

MAPA 10 - TOTAL REGISTROS DE DESASTRES NATURAIS POR


MUNICÍPIO DO ESPÍRITO SANTO NO PERÍODO DE 1910 A 2010
42°30'W 41°W 39°30'W

Número de
Bahia registros
18°S Mucurici 18°S

1-5
Montanha
6 - 10
Ponto Pedro
Belo Canário 11 - 15
Ecoporanga 16 - 20
21 - 24
Pinheiros

Conceição da Barra
Água Doce
do Norte Boa Esperança

Vila Pavão
Barra de
São Francisco

São Mateus
Nova Venécia

Mantenópolis
Convenções
Jaguaré
Águia Branca São Gabriel Vila Valério Mesorregião
da Palha
Alto Rio Novo
Divisão Municipal
Sooretama
São Domingos
Pancas do Norte
Curso d´água
Governador
Lindenberg Rio Bananal

Minas Gerais Linhares

Marilândia

Colatina
19°30'S 19°30'S
Baixo Guandu

ICO
São Roque João Neiva
Itaguaçu do Canaã
Aracruz

NT
Ibiraçu
Laranja da Terra Santa Teresa

Itarana
1:1750000


Fundão

Santa Maria de Jetibá

AT
Afonso Cláudio
Brejetuba Santa Leopoldina Serra
0 17,5 35 52,5 70 87,5 km

NO
Ibatiba
Cariacica Vitória
Conceição Domingos Martins
Irupi Venda Nova
do
Iúna
Castelo do Imigrante

EA
Viana
Muniz Freire Marechal Floriano
Vila
Ibitirama Velha

OC
Divino de
Castelo Alfredo Chaves
São
Guarapari
Lourenço Vargem
Alta
Dores do
Rio Preto Projeção Policônica
Alegre Cachoeiro Anchieta
de Iconha
Datum: SIRGAS 2000
Guaçuí
Itapemirim Meridiano Central: 41° W. Gr.
Jerônimo
Monteiro Rio Novo Piúma Paralelo de Referência: 0°
do Sul

São José Atilio


Base cartográfica digital: IBGE 2005.
Muqui
do Vivacqua Itapemirim
21°S Calçado
21°S Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento
Bom Jesus
do Norte
Mimoso do Sul
Presidente Marataízes Nacional para Gestão do Risco - PNGR
Apiacá Kennedy CEPED UFSC 2010/2011.

Elaborado por Renato Zetehaku Araujo


Rio de Janeiro
42°30'W 41°W 39°30'W
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
59
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO que potencializam o efeito destruidor, aumentando os danos no intervalo temporal analisado. Estão classificados, portanto,
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO causados. na categoria Outros, representados no Gráfico 24, com 15%
Espírito Santo sofre anualmente com o excesso das do total, referente a 123 registros, sendo 36 de vendavais e/
Ao analisar os desastres naturais que afetaram o Estado chuvas, e por outro lado, com a escassez também, em virtude ou ciclones, 1 de tornado, 35 de quedas de granizos, 2 de
do Espírito Santo ao longo de vinte anos (1991-2010), nota-se do déficit hídrico em diversos municípios. Os desastres relativos incêndios florestais, 26 de movimentos de massa e 23 de
a ocorrência dos seguintes eventos naturais adversos: estiagens à estiagens e secas apresentam-se como o segundo desastre erosão marinha.
e secas, inundações graduais e bruscas, erosões marinha, natural de maior ocorrência no Estado, com um total de 210 Os registros dos desastres naturais mais recorrentes
granizos, tornado, movimentos de massa e vendavais, alguns registros, equivalentes a 25% dos desastres ocorridos nos últimos foram distribuídos em uma frequência mensal ao longo dos
deles recorrentes em um mesmo ano. Em todos os registros vinte anos. Estes eventos afetam grande extensão territorial anos de 1991 a 2010, expressa no Gráfico 25 (Frequência
computados foram apurados 824 documentos oficiais no e, assim como as inundações, produzem efeitos negativos e mensal dos desastres mais recorrentes 1991-2010). Verifica-
Estado. prolongados na economia, principalmente na sociedade. se que quando há picos elevados de registros de inundações
No Mapa 10 (Total de registros de desastres naturais Os desastres por inundações graduais também foram bruscas, ocorre uma redução no número de registros de
por município do Espírito Santo, no Período de 1991 a 2010) expressivos, apresentando um total de 114 registros, 14% do estiagens e secas. Principalmente durante os meses referentes
estão espacializadas as ocorrências levantadas, e se verifica que total. Eles estão relacionados à cheia e extravasamento dos rios, ao período seco no Espírito Santo, de maio a agosto. O mesmo
todos os 78 municípios do Estado foram atingidos por alguma que ocorrem com certa periodicidade e de forma paulatina e gráfico também demonstra que os desastres ocasionados por
tipologia de desastre, no decorrer da escala temporal adotada. previsível. Ao contrário das inundações bruscas, que ocorrem chuvas concentradas predominam nos meses da primavera
Os municípios com os maiores totais de desastres, classificados quando há chuvas intensas e concentradas, as inundações e verão. Os registros de inundações bruscas aumentaram
com 21-24 registros, foram: Itapemirim, Nova Venécia, Cachoeiro graduais relacionam-se mais com períodos demorados de consideravelmente nos meses de dezembro e janeiro, quando
de Itapemirim e Conceição da Barra, localizados na região chuvas contínuas. as médias pluviométricas são maiores.
sudeste do Espírito Santo. Os demais desastres naturais ocorridos no Estado: Ao considerar todos os registros oficiais de desastres
A Tabela 9 (Registro de desastres naturais por evento, erosão marinha, incêndios, florestais, granizos, tornados, naturais ocorridos no Espírito Santo, foram selecionados os dez
nos municípios do Estado do Espírito Santo 1991-2010) movimentos de massa e vendavais, foram menos expressivos municípios mais atingidos pelas tipologias de desastres mais
apresenta todos os municípios do Estado afetados e especifica o
número de ocorrências oficiais que possuem para cada tipologia Gráfico 24 – Percentual dos desastres naturais mais recorrentes no Espírito Gráfico 25 – Frequência mensal dos desastres naturais mais recorrentes no
Santo, no período de 1991 a 2010 Espírito Santo, no período de 1991 a 2010
de desastre natural abordada neste Atlas.
Inundações bruscas, diretamente relacionadas ao Desastres naturais mais recorrentes Frequência mensal dos desastres
aumento das precipitações pluviométricas e sua concentração no Espírito Santo (1991-2010) mais recorrentes (1991 a 2010)
em curto período de tempo, estão entre os desastres naturais
100
mais frequentes no Estado. Esse fenômeno corresponde a 15%
80
377 registros, equivalentes a 46% dos desastres naturais do
60
Espírito Santo, conforme o Gráfico 24 (Desastres naturais 14% 46%
40
mais recorrentes no Espírito Santo 1991-2010). Afeta grande
20
extensão territorial e produz efeitos negativos e prolongados 0
na economia e, principalmente, na sociedade. E, como as 25%
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
inundações graduais, contribuem para o aumento do nível dos
rios, no período chuvoso. Além dos efeitos adversos atrelados a inundação brusca estiagem e seca inundação gradual inundação brusca

este fenômeno, as enxurradas muitas vezes ocorrem associadas inundação gradual outros outros estiagem e seca

a vendavais, e também podem desencadear outros eventos, Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
60
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Gráfico 26 – Municípios mais atingidos no Espírito Santo, classificados pelo Tabela 9 – Registro de desastres naturais por evento, nos municípios do Estado do Espírito Santo, no
total de registros, no período de 1991 a 2010 período de 1991 a 2010

Municípios mais atingidos


no Espírito Santo (1991-2010)

Mimoso do Sul

Guaçuí

Colatina

Ecoporanga

Barra de São Francisco

Baixo Guandu

Conceição da Barra

Cachoeiro de Itapemirim

Nova Venécia

Itapemirim

0 5 10 15 20 25 30
Número de registros

inundação gradual inundação brusca estiagem e seca outros

Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.

recorrentes, conforme o Gráfico 26 (Municípios mais atingidos


no Espírito Santo).
O município de Itapemirim lidera o ranking dos municípios
com o maior número de registros, total de 24 ocorrências, das
quais 10 correspondem a desastres por inundações bruscas, 4
por inundações graduais e 3 por estiagens e secas. O município
de Nova Venécia aparece em segundo lugar, com 23 ocorrências,
das quais 11 se referem a inundações bruscas, 8 de estiagens e
secas e 1 de inundação gradual. Cachoeiro do Itapemirim, em
terceiro, com 22 ocorrências, das quais 17 foram de inundações
bruscas. Já no quarto lugar, ocupa o município de Conceição
da Barra que registrou 21 registros de desastres e apresenta
característica distinta dos demais municípios relacionados no
Gráfico 28. Isso, por que 14 do total de registros correspondem
apenas a episódios de erosão marinha, grande problema
recorrente durante anos na costa. Os demais municípios,
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
61
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

Baixo Guandu, Barra de São Francisco, Ecoporanga, Colatina, Gráfico 27 – Total de danos humanos no Estado do Espírito Santo período
de 1991 a 2010
Guaçuí e Mimoso do Sul, apresentaram, em sua maior parte,
predominância de desastres relacionados a inundações bruscas
Total de danos humanos (1991 a 2010)
e estiagens e secas. 3.989.730
4000000
Esses eventos naturais, comuns ao Estado, passaram a 3500000
3000000

Habittantes
causar danos à população do Espírito Santo recorrentemente, de 2500000
2000000
forma direta ou indireta. Isso porque tais desequilíbrios naturais 1500000
geram impactos significativos sobre a dinâmica econômica 1000000 159.535
500000 29.553 15.536 7 1.062 63 10.857 56
e social. Ao longo dos vintes anos analisados, foram afetados 0
3.989.730 capixabas. Além disso, foram registradas 56 mortes,
10.857 enfermos, 63 gravemente feridos, 1.062 levemente feridos,
7 desaparecidos, 15.536 deslocados, 29.553 desabrigados e
159.535 desalojados, conforme consta no Gráfico 27 (Total de
Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011
danos humanos no Espírito Santo 1991-2010).
O município com o maior número de pessoas afetadas
por desastres naturais entre os anos analisados (1991 a 2010) foi é proveniente apenas de fatores climáticos e meteorológicos,
Vila Velha, com 485.191 habitantes afetados, registrados nos 7 mas sim do resultado de um conjunto de elementos, naturais e
eventos adversos, que ocasionaram em situações de emergência. antrópicos.
Na análise dos tipos de desastres naturais ocorridos Dessa forma, além de ações e mecanismos de
no Espírito Santo ao longo de vinte anos, pode-se observar monitoramento dos índices fluviais, é necessário a implementação
que anualmente são constantes as ocorrências de desastres ações educativas direcionadas a população para que não ocupem
relacionados a eventos de inundações e de estiagens e secas. áreas suscetíveis a estes eventos e a constante fiscalização para
Esse fato evidencia as características climáticas regionais, que o zoneamento seja respeitado.
de processo cíclico e sazonal, marcado por um período de
maiores índices de precipitações, e por outro de menor índice
pluviométrico.
O Estado é recorrentemente afetado por inundações
bruscas, responsáveis em grande parte pela decretação das
situações de emergência. Alguns municípios registraram com
frequência esses eventos, em especial os situados na porção do
território marcada por altas médias climatológicas, na faixa de
1500 mm ao ano.
O modelo de planejamento da ocupação nas áreas
urbanas, com a impermeabilização dos solos e ocupação das
margens de rios, bem como a estruturação da rede de drenagem
das águas precipitadas, pode agravar o impacto gerado pelo
aumento e acúmulo de chuvas no município ou região atingida.
É necessário compreender que a recorrência das inundações não
CONSIDERAÇÕES FINAIS 62

Fonte: Acervo da Secretaria Nacional de Defesa Civil.


CONSIDERAÇÕES FINAIS 63
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Espírito Santo

CONSIDERAÇÕES FINAIS É, portanto, por meio da capacitação e profissionalização Gráfico 28 – Comparativo de registros de desastres do Espírito Santo, entre
as décadas de 1990 e 2000
dos agentes de defesa civil que se busca sanar as principais
O acordo de cooperação entre a Secretaria Nacional de limitações no registro e produção das informações de desastres. Comparativo de registros entre as décadas de
Defesa Civil e o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre É a valorização da história e seus registros que irá contribuir 1990 e 2000
Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina destaca-se para que o país consolide sua política nacional de defesa civil e
pela sua capacidade de produzir conhecimento referente aos suas ações de redução de riscos de desastres.
27%
desastres naturais dos últimos vintes anos, e marca o momento Os dados coletados sobre o Estado do Espírito Santo
histórico que vivemos diante da recorrência de desastres e de e publicados neste volume, por exemplo, demonstram que o
iminentes esforços para minimizar perdas em todo território registro de ocorrência de desastres cresceu 171,17% nos últimos
nacional. dez anos, mas não permite, sem uma análise mais detalhada, 73%
Neste contexto, o Atlas Brasileiro de Desastres afirmar que houve um aumento de ocorrências na mesma
Naturais torna-se capaz de suprir a necessidade latente dos proporção. É o que ilustram os Gráficos 28 e 29.
gestores públicos de olhar com mais clareza para o passado, Apesar de não poder assegurar a relação direta entre
1991-2000 2001-2010
compreender as ocorrências atuais, e então pensar em estratégias registros e ocorrências, o presente documento permite uma
série de importantes análises, ao oferecer informações – nunca Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.
de redução de risco de desastres adequadas à sua realidade
local. Além disso, deve fundamentar análises e direcionar as antes sistematizadas – que ampliam as discussões sobre as
causas das ocorrências e intensidade dos desastres. Com esse Gráfico 29 – Total de registros de desastres coletados no espírito Santo, no
decisões políticas e técnicas da gestão de risco. período de 1991 e 2010
O Atlas é também matéria-prima para estudos e levantamento, podem-se fundamentar novos estudos, tanto
Total de registros por ano no Espírito Santo
pesquisas científicos mais aprofundados, e fonte para a de âmbito nacional, quanto local, com análises de informações 120
98
compreensão das séries históricas de desastres naturais no da área afetada, danos humanos, materiais e ambientais, bem 100 91
74
80
Brasil, e análise criteriosa de causas e consequências. como prejuízos sociais e econômicos. Também é possível 59 62
55
61
60 44 43
Há que se registrar, contudo, que durante a análise estabelecer relações entre as informações sobre desastres e sua 40
37 36 33
24
35
20 26
12
dos dados coletados foram identificadas algumas limitações da contextualização com as variáveis geográficas regionais e locais. 20 5 4 5
0
pesquisa. Limitações que menos comprometem o trabalho, mas No Estado do Espírito Santo, por exemplo, percebe-
muito contribuem para ampliar o olhar dos gestores públicos se a incidência de duas tipologias fundamentais de desastres,
às lacunas presentes no registro e cuidado da informação sobre estiagens e secas e as inundações, que possibilitam verificar Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011.

desastres. a sazonalidade e recorrência, e assim subsidiar os processos


Destacou-se entre as limitações a clara observação decisórios para direcionar recursos e reduzir danos e prejuízos,
de variações e inconsistências no preenchimento de danos assim como perdas humanas.
humanos, materiais e econômicos. Diante de tal variação, a A partir das análises que se derivem deste Atlas, se
opção para garantir a credibilidade dos dados foi de não publicar pode afirmar que este estudo é mais um passo na produção
os danos materiais e econômicos, e posteriormente aplicar um do conhecimento necessário para a construção de comunidades
instrumento de análise mais preciso para validação dos dados. resilientes e sustentáveis.
As inconsistências retratam certa fragilidade histórica do O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais marca o
sistema nacional de defesa civil, principalmente pela ausência de início do processo de avaliação e análise das séries históricas de
profissionais especializados em âmbito municipal, e consequente desastres naturais no Brasil. Espera-se que o presente trabalho
ausência de unidade e padronização das informações declaradas possa embasar projetos e estudos de instituições de pesquisa,
pelos documentos de registros de desastres. órgãos governamentais e centros universitários.

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