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Um dos pontos fundamentais para amenizar este fardo é propiciar uma evolução no nível de
aptidão física do árbitro, minimizando gradativamente, o impacto entre a diferença na sua
condição física e a do atleta, que evolui absurdamente e de maneira muito rápida.
Para tanto, o primeiro passo é determinar a solicitação física que o jogo impõe ao árbitro e,
traçar um paralelo com a do atleta, principalmente no que diz respeito ao volume (distância
total percorrida) e intensidade (velocidade atingida e % da freqüência cardíaca máxima) e, a
partir daí, estabelecer um programa de preparação física adequada às necessidades
específicas do jogo.
Os dados apresentados a seguir, são fruto do estudo realizado pela Romano & Martins
Esportes junto a Federação Paulista de Futebol, no qual participaram os árbitros que
atuaram no Campeonato Paulista de Futebol, entre as temporadas de 1999 a 2004.
A literatura, desde os
tempos mais remotos, tem
nos demonstrado uma
evolução na distância
percorrida pelos atletas.
Durante a década de 60
observou-se que estes
percorriam uma distância
entre 3.200m e 3.800m, no
máximo.
Hoje, estudos como os de Bangsboo (1994) e Veryehen (2000) mostram uma realidade
completamente diferente.
Segundo estes autores, poderíamos resumir da seguinte forma o trabalho realizado pelos
atletas:
Distância média percorrida: 9.000m a 12.000m
Utilizando-se os mais diversos tipos de deslocamentos sendo: 24% andando, 20% correndo
forte, 36% trotando, 11% sprintando, 7% correndo de costas e, apenas 2% correndo em
posse de bola. É importante salientar ainda, que à distância percorrida no primeiro tempo é
5% superior a do segundo tempo.
VELOCIDADE MÉDIA: indica-nos o grau de intensidade imposta pelo jogo, bem como o
limite inferior e superior no qual o árbitro deve trabalhar durante as sessões de treinamento.
No caso dos atletas, as velocidades são definidas por Bangsboo e Reily (2000) da seguinte
forma: andando 6km/h (40%), trotando 8km/h (17%), correndo entre 13 e 18km/h (25%),
sprintando 30km/h (1%0).
A freqüência cardíaca do atleta varia durante o jogo de acordo com a sua posição. Os
volantes e zagueiros obtêm uma média de 155bpm, já os meios de campo 168bpm e os
laterais 171bpm, o que representa 85.0% a 90.0% da freqüência cardíaca máxima do atleta
(Bangsboo, 1994).
Catterall (1993) observou uma freqüência cardíaca média de 165bpm em árbitros durante
jogos da liga inglesa, o que segundo Reily representa de 75.0% a 80.0% da freqüência
cardíaca máxima.
Outro aspecto importante a ser considerado, é que o jogo é tão intenso para o árbitro
quanto para o atleta. Porém, o atleta apresenta um valor de freqüência cardíaca máxima
maior, o que possibilita a imposição de um ritmo de jogo mais elevado. Para que o árbitro
possa impor um ritmo próximo ao do atleta, faz-se necessário a constante manutenção de
programas de preparação física específica, bem como, controles mais efetivos dos padrões
nutricionais e dos fatores que regem a sua bioquímica sangüínea.
Ao observarmos o
conjunto dos dados
obtidos durante as
cinco temporadas, notamos uma considerável evolução da condição de jogo dos
árbitros de São Paulo.
Apesar de sabermos que, dia-a-dia o jogador de futebol torna-se cada vez mais atleta e
o ritmo de jogo torna-se cada vez mais acentuado, as perspectivas são bastante
positivas, principalmente se aliarmos os recursos tecnológicos e científicos a uma maior
conscientização dos árbitros da necessidade de superação de seus limites físicos.
Porém, não podemos nos dar por satisfeitos com estes resultados, pois os dados
demonstram que ainda há possibilidade de evolução.
Um dos pontos primordiais para que isto ocorra, é a necessidade do árbitro manter-se
em forma durante todo o ano, para que na temporada seguinte ele inicie numa condição
igual a anterior e nunca abaixo.