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Camila França1
Sandra Nodari2
RESUMO
COMUNICAÇÃO - REFLEXÕES, EXPERIÊNCIAS, ENSINO |Curitiba | v. 12| n.12|p. 033-042| 2° Semestre 2016 | 33
EXISTE ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO? COMO OS DOCUMENTARISTAS DE CURITIBA PRODUZEM SEUS FILMES?
INTRODUÇÃO
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
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Mas o roteiro não pode ser uma estrutura estanque que aprisione o diretor
conforme defende Comparato: “... é unicamente orientativo, um ponto de referência
para o trabalho de filmagem, visto que a realidade muitas vezes interfere e introduz
novos elementos não previstos” (1992, p. 341).
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EXISTE ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO? COMO OS DOCUMENTARISTAS DE CURITIBA PRODUZEM SEUS FILMES?
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho iniciou com a revisão da bibliografia específica. Nos últimos dez
anos, várias obras lançadas discursam sobre a questão do roteiro no documentário,
porém, poucas tratam especificamente de como este mecanismo é utilizado. Em
seguida, houve um levantamento do número de documentaristas que produzem
projetos junto à Fundação Cultural de Curitiba e registrados junto ao Sindicato da
Categoria, o Siapar - Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado do Paraná.
O próximo passo foi a realização de questionários para entrevistar os
documentaristas contendo as questões elencadas nos objetivos específicos: inventariar
quais modelos de roteiro são utilizados; pesquisar quais outros métodos são usados
quando não há roteiro; descobrir como se dá a produção de documentários entre a ideia
e a exibição; questionar a importância do roteiro para a escritura de editais de fomento
à produção audiovisual. Os questionários foram aplicados a cinco documentaristas de
3 Autor de diversos livros sobre roteiros de cinema, criou conceitos que foram seguidos por diversos roteiristas do mundo
todo, principalmente de Hollywood.
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RESULTADOS OBTIDOS
4 Pasko já participou de oito documentários como roteirista dentre eles: Pinhão (2015), Entre nós, O Estranho (2015), Dia
de Casamento (2014), Clube dos solitários (2014), Sim, também somos ucranianos (2006). Além de ter participado de três
documentários com a função de diretor: Procurando Cris McClayton (2014), Clube dos Solitários (2014), Ivan De volta
para o passado (2011).
5 Severo fez o seu primeiro documentário “Jardins Suspensos”, em 1982, o mais recente é o Espírito de Contradição, de
2015. Dentro desses 33 anos de produção, na sua filmografia também inclui: O significador de insignificâncias (2014), A
polaca (2013), Xetá (2010), Helmuth Wagner Alma da imagem (2009), Visionários (2002), Século XX (1993), Os reinados
(1992), O mundo perdido de Kozák (1988).
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EXISTE ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO? COMO OS DOCUMENTARISTAS DE CURITIBA PRODUZEM SEUS FILMES?
Eduardo Baggio6 que para a escrita de seus roteiros sempre utilizou informações da
pesquisa. “Alguns foram finalizados com estrutura de cenas, outros ao estilo difundido
pelo modelo do DocTV”” (BAGGIO, 2014).
Há os documentaristas que não seguem à risca o uso do roteiro, principalmente
quando participam diretamente da edição, como no caso de Luciano Coelho7. Boa
parte dos roteiros que escreveu foram textos provisórios, que serviram para conquistar
a aprovação de recursos em editais públicos. Esta experiência comprova a hipótese de
que esta é uma prática é comum entre documentaristas.
Coelho foi editor da maior parte de seus filmes, o que contribuiu para que a
estruturação da narrativa fosse feita no processo de edição. Como Pasko, Severo
e Baggio, ele afirma não achar fundamental escrever o roteiro antes de filmar, mas
reconhece que seu uso é importante para a organização do material.
Joana Nin8 explica que utiliza o roteiro a partir de uma pesquisa inicial (que
considera indispensável), com dados e personagens coletados, escreve um roteiro,
que funciona como uma descrição das primeiras cenas do filme. Porém, afirma tomar
cuidado para escrever apenas aquilo que considera suficiente para o leitor do roteiro
(no caso os julgadores de projetos dos editais públicos a que concorre) identificar
a linguagem do filme e o tema que está sendo abordado. Esse é o único texto que
escreve, segundo ela, o resto do trabalho de roteirização é mental, surge na fase da
montagem ou anotações de decupagens.
Joana Nin conta que já fez uso de escaleta em que descrevia cada uma das cenas,
cena a cena. Método que pode ser bastante útil, inclusive para facilitar a montagem.
Escaletas criadas na pré-produção contribuíram na fase da montagem “este é o
momento quando as ideias ficam mais confusas” (NIN, 2014). Segundo Puccini: “A
escaleta ou tratamento é decupar a história em cenas dramáticas. Quais as cenas que
irão informar o conteúdo da história? Em que ordem elas aparecerão?”. (2010, p. 36).
6 Baggio fez seu primeiro documentário em 2003: 28 anos, na sequência: “Michaud: entre os crocodilos e as serpentes”,
em 2004, depois: Norte, Sul, Leste, Oeste (2007), Amadores do Futebol (2010), Rejoneo (2011). E o mais recente Santa
Teresa, em 2014. Baggio também assumiu outras funções: como diretor: 28 anos (2003). Editor: O rei está doente(2003) e
Comunidade do Sutil (2004). Diretor: Michaud: entre os crocodilos e as serpentes (2004). Editor: Norte, Sul, Leste, Oeste
2007. Finalizador: Caminhão de Cavalo 2009. Diretor: Amadores do Futebol 2010. Editor: Geada Negra , 2010. Diretor:
Rejoneo 2011. Finalizador: Um filme para Dirceu, 2012. Diretor: Traço Concreto, 2013. Diretor: Santa Teresa 2014.
7 Coelho atuou primeiro como roteirista, em 1994, no Chile, com o documentário Piesando. Em seguida,
Unpasado Perdido ( 1997), Recordações e ações (2004), Camaleão (2005), Pra ver a umbanda passar
(2007), Música Subterrânea (2009), Caras de um carnaval (2010), e a Linha Fria do Horizonte (2014).
Já em outras funções: A linha Fria do Horizonte (2014), Caras de um Carnaval (2010), Com quantas Histórias se faz um
brinquedo (2009), Música (2007), Vida de Balcão (2007). Visita íntima (2006). Camaleão (2005) como Diretor, Produtor,
Roteirista, Diretor de Fotografia e Editor. Recordações e Ações (2004), como Diretor, Produtor, Roteirista, Diretor de
Fotografia e Editor. O Ubernata (1998), como diretor e editor. História de Unpassado Perdido (1997) como diretor,
roteirista e editor. Piensando (1994), como diretor e roteirista.
8 Nin participou como diretora e produtora de quatros documentários: Visita Íntima (2005) curta, Cativas Presas pelo
Coração (2013) longa, À Luz do Dia (2013) curta, Uma Gôndola para Nova Veneza (2014) telefilme, apenas no Hércules
56 (2007, Silvio Da-Rin), como diretora assistente.
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USO DE PESQUISA
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EXISTE ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO? COMO OS DOCUMENTARISTAS DE CURITIBA PRODUZEM SEUS FILMES?
roteiro inicial, como Fenando Severo afirma que, em seu trabalho o documentário
finalizado quase sempre é fiel à intenção do roteiro. Para ele, o cineasta é que pode
controlar esse uso.
CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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