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Resumo:

A Batalha do Coliseu é uma manifestação cultural e política idealizada por alunos da


UFRN em 2018, que se apropriam dos espaços de convívio da universidade pública,
sendo este o anfiteatro localizado no Setor de Aulas II do Campus Central da UFRN
em Natal (RN), para a realização de duelos de MCs, fomentando a produção de
arte, cultura e conscientização entre seus participantes. As batalhas de MC’s
historicamente advém de um segmento musical o RAP, ou Rhythm and Poetry
(Ritmo e Poesia, em português) um estilo que surge nos Estados Unidos da
América no final da década de 1950 e início de 1960, esse estilo musical nasce
agregado a valorização da cultura negra neste país, sendo impossível para os
pesquisadores do fenômeno dissociar o lado musical e artístico, do lado político
social e cultural desse segmento.
Com o passar dos anos o RAP foi inserido em um contexto cultural maior que
ganhou o nome de Hip Hop e que foi dividido em 4 elementos conceituais no som os
DJs (Disc Jockey ou Disco-Jóquei) e MCs (Master of Cerimony, ou Mestre de
Cerimônia), além das artes plásticas de Grafiteiros/Pixadores e B-boys/B-girls
dançando o Breaking. O Hip Hop começa a ganhar força no Brasil a partir da
década de 1980, sendo difundido em grande parte nas comunidades carentes,
principalmente entre os povos negros moradores de periferia. Nesse contexto, o
Hip Hop tem por objetivo transformar realidades por meio do comprometimento com
a cidadania, do resgate de jovens inseridos na criminalidade, da denúncia de
injustiças sociais e da valorização de atitudes que promovam o respeito às
subjetividades. As Batalhas de RAP, além dos outros elementos da cultura Hip Hop,
trazem a vida cotidiana, um retrato da realidade vivida pela margem da sociedade
excluída das políticas públicas, estimulam a cidadania através do espaço para o
debate político sobre as demanda sociais reivindicadas pela população jovem e
negra das periferias. As Batalhas de MCs surgem ainda na década de 70, em Nova
Iorque. Com as block parties em alta e a Zulu Nation em atividade, os primeiros
MCs começam a surgir e as primeiras disputas também. (BOTELHO, p. 28, 2018)
Essa forma de rima tem como base, um estilo de rimas improvisadas, chamado
Freestyle.
O estilo livre, característica peculiar das rodas de improviso entre amigos, é o
caráter determinante de uma batalha de RAP. O conteúdo das rimas, a técnica e
muitas vezes o carisma do MC são o objeto de análise do público e quanto maior a
sagacidade em desenvolver rimas impactantes, maior será a ovação. As primeiras
Batalhas de RAP no Brasil, desenvolvem o Freestyle nacional, ainda ao fim da
década de 90, mas é nos anos 2000 que se tornaram atrações com milhões de
telespectadores através do Youtube (BOTELHO, p. 28, 2018) O cenário
underground é o grande responsável por manter vivos os vínculos do Hip Hop
Nacional com o teor crítico da idealização do movimento. E as Batalhas, que em
grande maioria sofrem dificuldade de acesso aos recursos tecnológicos, dão vazão
aos discursos politizados que permeiam a cultura Hip Hop. Porém, o impacto do
desenvolvimento da internet, não afeta exclusivamente o meio mainstream do Hip
Hop. O underground também se beneficiaria deste recurso, sobretudo as Batalhas.
(HESS, 2007) Através das mídias sociais, sobretudo com a guinada dos índices de
acesso à internet, as Batalhas vêm conquistando espaço no meio virtual, que hoje já
gera milhões de telespectadores pelo país, não restringindo-se mais às fronteiras.
Além disso, as Batalhas no meio underground revelam artistas de forte expressão
nacional no RAP, como Emicida, Rashid, Criolo, Marechal, Froid, Clara Lima e a
D.V. Tribo, entre outros. A relação é tamanha que não é difícil encontrar adeptos do
Hip Hop que encarem as Batalhas como a “várzea” do RAP Nacional, como um
espaço de preparo dos grandes talentos do Brasil.

Palavras-Chave: Hip Hop, Cultural Negra, luta social.

Justificativa:
A Batalha de RAP na universidade pode ser entendida como um agente
facilitador para muitos jovens negros, moradores de periferia, etc. a buscarem se
inserir no campo cientifico seja como colaborador em projetos de extensão, seja
como alunos egressos da instituição. Além de valorizar a produção científica sobre
questões que tocam diretamente problemas sociais, étnicos e culturais, este projeto
também tem a capacidade de incentivar que o estudante percebe que o desenvolver
de pesquisas nessa área o inclui, ao acolher suas demandas e anseios,
contribuindo para que este sujeito possa entender melhor os impactos deste
fenômeno a qual ele está inserido, além de poder representar uma ajuda na
profissionalização desses sujeitos no campo da produção cultural artística.
O Hip Hop é uma ferramenta “multi-tarefas” visto que, além de cumprir um
papel básico quanto a transmissão de conteúdos programáticos difundidos nas
escolas e universidades, também pode ajudar a emancipar o cidadão enquanto
agente político transformador da sua realidade e da sua compreensão de inserção
no espaço tempo. Por fim, esse projeto produz uma interação entre ensino,
pesquisa e extensão, ao fomentar atividades de interesse das ciências dentro da
instituição universitária pública.

Fundamentação Teórica:
O projeto é fundamentado na teoria difundida pelo sociólogo Boaventura de
Sousa Santos intitulada “ecologia dos saberes”, sendo este um conceito que visa
promover o diálogo entre vários saberes que podem ser considerados úteis para o
avanço das lutas sociais pelos que nelas intervêm. É uma proposta nova e, como
tal, exige alguns cuidados.
Como é nova, o caminho faz-se ao caminhar. Não há receitas de nenhuma
espécie. Quais são os principais cuidados? Em primeiro lugar, a ecologia de
saberes não se realiza nos gabinetes das universidades ou nos gabinetes dos
líderes dos movimentos. Ela se realiza em contextos de diálogo prolongado, calmo,
tranquilo, como são as reuniões para organização das Batalhas do Coliseu que
acontece periodicamente no setor II de aulas da UFRN, para que permitam que
mais vozes surjam, que aquelas vozes mais tímidas e até inaudíveis se manifestem
e que, portanto, o ambiente seja suficientemente inclusivo e acolhedor para que a
diversidade de conhecimentos poder emergir. Portanto, em primeiro lugar, a
ecologia de saberes é um processo coletivo de produção de conhecimentos que
visa reforçar as lutas pela emancipação social. Em segundo lugar, que não tem e
não deve ter líderes, embora possa ter facilitadores da discussão. Quando digo
anárquico quero dizer realmente democrático. É uma construção democrática de
conhecimento, onde os processos não se distinguem dos conteúdos. Processos
democráticos de construção de conhecimento democrático.
Portanto, se é preciso mais tempo para democratizar o conhecimento, então,
leva-se mais tempo. Se não é possível fazer uma carta, um pronunciamento, porque
não se chegou a um acordo, não há crise nenhuma. A ecologia dos saberes, como
grande processo democrático, exige paciência.

Metodologia:
Realização mensal de uma batalha no Coliseu do setor II da UFRN.
Realização periódica quinzenal de reunião com o objetivo de organizar o evento, de
ler textos teóricos, de realizar o levantamento de novas demandas e ações
cumpridas.
Realização de atividades e oficinas informativas e profissionalizantes voltadas ao
público-alvo do movimento

Objetivos Gerais:
Promover a pesquisa científica em fenômenos de vulnerabilidade ou problemas
sociais, promover a cultura negra, promover a cultura do Hip Hop e seus
segmentos, valorizar expressões artísticas culturais, integrar a sociedade moradora
de bairros periféricos a universidade pública, valorizar os movimentos sociais
culturais da cidade, dar acesso a jovens e adultos a arte e a profissionalização.
Resultados Esperados:

Atingir todos os bairros periféricos da cidade de Natal-RN. Realizar um evento de


batalha mensal. Agregar entre 15 e 20 alunos, professores e funcionários da UFRN
ao projeto. Atingir de forma direta um público que varia entre 150 e 300 pessoas por
evento. Divulgar a pesquisa acadêmica sobre o fenômeno. Resgatar o maior
número possível de jovens moradores de periferia da realidade de exclusão e
violência. Atingir de forma indireta ao longo do ano mais de 2 mil pessoas, entre
colaboradores, artistas, professores, pesquisadores, alunos, técnicos, etc.

Referências:
BOTELHO, Raphael Steigleder. UNB, 18H, QUARTA-FEIRA, 1000o: A Batalha da
Escada como Espaço de Esperança na autonomia do Direito à Cidade. Brasília,
2018. Tese Monografia (Bacharel em Geografia). Universidade de Brasília - UnB.

SANTOS, Sérgio Ribeiro de Aguiar. HIP-HOP: Quatro Elementos, Quatro


Expressões. 2004.

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