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• Nesta prova, faça o que se pede, usando, caso deseje, os espaços para rascunho indicados no presente caderno. Em seguida,
transcreva os textos para o CADERNO DE TEXTOS DEFINITIVOS DA PROVA DISCURSIVA P2, nos locais apropriados,
pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos.
• Qualquer fragmento de texto que ultrapassar a extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Será também
desconsiderado o texto que não for escrito nas folhas de texto definitivo correspondentes.
• No caderno de textos definitivos, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha
qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Caso queira assinar seus textos, utilize apenas o nome
Procurador do MP junto ao TCU. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero, correspondente
à identificação do candidato em local indevido.
• Em cada questão, ao domínio do conteúdo serão atribuídos até 5,00 pontos, dos quais até 0,25 ponto será atribuído ao quesito
apresentação (legibilidade, respeito às margens e indicação de parágrafos) e estrutura textual (organização das ideias em texto
estruturado). Na peça prática, esses valores corresponderão a 25,00 pontos e 1,00 ponto respectivamente.
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Em face dessa situação hipotética, responda, de forma fundamentada e à luz da jurisprudência do STJ, aos seguintes questionamentos.
< O direito à aposentadoria voluntária pode ser afastado pela administração pública mesmo após o servidor ter cumprido todas
as exigências legais inerentes ao período de contribuição? [valor: 2,00 pontos]
< O poder disciplinar foi legitimamente exercido pela administração pública? [valor: 1,25 ponto]
< A decisão do juízo criminal pelo afastamento da pena de perdimento de cargo vincula a ação da administração pública?
[valor: 1,50 ponto]
PADRÃO DE RESPOSTA
Espera-se que o(a) candidato(a) discorra sobre o direito à aposentadoria e sobre a natureza não
absoluta do referido direito, abordando o tratamento dado ao tema pela jurisprudência do STJ no sentido de que o
direito à aposentadoria voluntária pode ser afastado pela administração pública, mesmo após o cumprimento pelo
servidor de todas as exigências legais. Não há fundamento para inviabilizar a imposição da penalidade sob o
argumento de que o servidor já havia implementado o período de contribuição, o que torna intocável o direito à
aposentadoria. Isso porque, na legislação aplicável ao servidor público (a Lei n.º 8.112/1990, na esfera federal),
está expressamente prevista a cassação de aposentadoria no rol de penalidades a que está sujeito o servidor que
praticar infração de índole administrativa. O fato de ter implementado o período de contribuição não torna absoluto
o direito à aposentadoria.
No tocante ao exercício do poder disciplinar, espera-se que o(a) candidato(a) comente sobre a
legitimidade da conduta da administração pública, que desencadeou processo administrativo para apurar a
infração funcional, assim como assegurou ao servidor o pleno exercício do direito constitucional ao contraditório e
à ampla defesa. Ademais, se a conduta do servidor se subsume a uma conduta descrita na norma como infração,
o administrador público tem o dever de desencadear processo administrativo disciplinar para a correspondente
apuração. Assim, se o ilícito administrativo foi praticado pelo servidor enquanto ainda estava em atividade e se a
administração pública promoveu a apuração dentro do prazo prescricional (cinco anos), assegurando ao
interessado o exercício do contraditório e da ampla defesa, o poder disciplinar foi exercido de forma legítima e a
penalidade imposta não foi maculada por vício de ilegalidade.
Quanto ao último questionamento, espera-se que o(a) candidato(a) mencione que a jurisdição
criminal somente repercute no âmbito administrativo (vinculando a ação da administração pública) quando
reconhece a inexistência material do fato ou a negativa de sua autoria, ressalvas essas não identificadas na
situação hipotética em questão. Assim, como prevalece no âmbito do STJ o entendimento no sentido da
independência entre as esferas penal e administrativa e, não estando a situação fática enquadrada naquelas em
que se admite a extensão, para a esfera administrativa, da tutela jurisdicional prestada pelo juízo criminal, não há
de se cogitar ilegitimidade da penalidade disciplinar imposta. Ou seja, o afastamento da perda do cargo no âmbito
criminal não impede a aplicação da pena de perda de cargo na esfera administrativa, quando a mesma conduta
objeto de condenação criminal é reputada pela lei como infração disciplinar. Para tanto, o que se faz
imprescindível é a obediência pela administração pública da norma constitucional que assegura o contraditório e a
ampla defesa, que foi expressamente observada no caso cogitado.
PRECEDENTES:
“(...) Cometido o ilícito administrativo enquanto o servidor ainda estava na atividade, é plenamente
aplicável a pena de cassação de aposentadoria.” (MS 10.289/DF, de minha relatoria, 3.ª S., DJe
2/2/2015).
“ [...] Desde que o ilícito administrativo tenha sido cometido pelo servidor ainda na atividade, é
plenamente aplicável a pena de cassação de aposentadoria, não se podendo falar em ato jurídico
perfeito, tampouco em ofensa a direito adquirido.” (MS 19.572/DF, Rel. Ministra Eliana Calmon, 1.ª S.,
DJe 17/12/2013).
“(...) A absolvição na esfera penal pelo crime de tráfico ilícito de entorpecentes, e é essa a única
causa de pedir do writ, só repercute no âmbito do processo administrativo disciplinar se ficar
comprovada naquela instância a não ocorrência do fato ou a negativa da sua autoria, o que não é o
caso dos autos. A propósito: MS 19.703/DF, Rel. min. Humberto Martins, Primeira Seção, DJe
25/11/2013; MS 17.873/DF, Rel. min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/ Acórdão min. Mauro
Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 2/10/2012; MS 14.780/DF, Rel. min. Sebastião Reis Júnior,
Terceira Seção, Dje 25/11/2013; e MS 13.064/DF, Rel. min. Jorge Mussi, Terceira Seção, DJe
18/9/2013.” (AgRg no RMS 32.526/MT, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, 1.ª T., DJe 4/4/2014).”
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Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, responda, à luz das disposições constitucionais
relativas às finanças públicas e das normas gerais de direito financeiro atualmente vigentes, ao seguinte questionamento: É admissível
que o Poder Legislativo aprove orçamento público deficitário? Em seu texto, aborde os seguintes tópicos:
< finanças públicas, orçamento-programa e exigência de planejamento orçamentário por meio das leis
orçamentárias; [valor: 1,00 ponto]
< equilíbrio fiscal, natureza jurídica e correlação com a gestão fiscal responsável; [valor: 1,75 ponto]
< déficit orçamentário e limites de endividamento do Estado. [valor: 2,00 pontos]
PADRÃO DE RESPOSTA
Espera-se que o(a) candidato(a) responda que é possível a aprovação de orçamento que apresente déficit
fiscal.
A CF estabelece um conjunto sistemático de normas jurídicas que objetivam a fixação de parâmetros
gerais de conduta e desenvolvimento da atividade financeira pelos distintos entes federativos. A sistematicidade e
a racionalidade têm por objetivo orientar a atuação dos agentes públicos para a efetiva realização do bem comum,
de forma a atender os objetivos fundamentais do Estado brasileiro, descritos no art. 3.º da CF. Um dos aspectos
primordiais inerentes à sistematização das finanças públicas consiste no planejamento da atividade financeira, que
se concretiza mediante a elaboração e observância das leis orçamentárias previstas no art. 165 da CF, a saber: o
plano plurianual, destinado a estabelecer as ações governamentais a médio prazo, assumindo a periodicidade de
quatro anos; a lei de diretrizes orçamentárias, que concretiza os objetivos estabelecidos pelo plano plurianual para
determinado exercício financeiro, orientando a programação financeira e a execução orçamentaria; e, por fim, a lei
orçamentária anual, que individualiza as despesas que serão realizadas e estima as receitas a serem obtidas no
decorrer do exercício. Dessa forma, o planejamento da ação governamental e das politicas públicas com vistas a
satisfação das necessidades públicas e a realização do bem comum torna-se atividade essencial para o Estado
brasileiro plasmado pela CF.
O planejamento, como atividade prospectiva e ordenadora frente às contingências e incertezas futuras,
exige a previsão, coordenação e consecução de objetivos determinados, assegurando ao gestor público
condições adequadas para a tomada de decisões para a alocação de recursos financeiros destinados à cobertura
dos gastos públicos a serem realizados, além da obtenção dos recursos necessários à satisfação dessas
despesas, seja mediante o exercício do poder de tributar, seja pela exploração do patrimônio estatal, seja por
meio do crédito público. (Carlos Valder do Nascimento. Planejamento e Orçamento-Programa. In: Ives Gandra
da Silva Martins; Gilmar Ferreira Mendes; Carlos Valder do Nascimento. Tratado de Direito Financeiro. Vol. 1.
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 287). Portanto, o orçamento público possui função eminentemente instrumental e
planificadora, cumprindo-lhe indicar os projetos, planos, objetivos e metas do Estado, o que por definição constitui-
se no orçamento-programa.
A partir da utilização da técnica orçamentária que vincula a atividade financeira do Estado às ações
governamentais mediante prévio planejamento, obtenção de recursos financeiros e sua alocação em gastos
anteriormente estimados, chega-se à gestão fiscal responsável. A responsabilidade fiscal encontra-se prevista no
art. 1.º da Lei Complementar n.º 101/2000 — denominada Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) — e pressupõe “a
ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das
contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a
limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e
outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de
garantia e inscrição em Restos a Pagar”. A gestão fiscal responsável é implementada mediante a observância de
quatro parâmetros fundamentais: planejamento, transparência, precaução e equilíbrio.
O equilíbrio das contas públicas é princípio implícito da Constituição de 1988 em virtude das exigências de
planejamento da atividade financeira, mas encontra-se expresso na LRF. Trata-se, por conseguinte, de norma
jurídica de caráter geral e que informa a atuação do gestor público na condução da atividade financeira do Estado,
impedindo-se que as despesas autorizadas na lei orçamentária não sejam superiores à previsão de receitas. O
equilíbrio das contas públicas pressupõe, portanto, a compatibilidade entre a estimativa da receita e a previsão
das despesas a serem realizadas no exercício fiscal, o que não impossibilita a existência de déficit. Com efeito, o
equilíbrio das contas públicas não se vincula à premissa de que somente se admite a despesa na correlata
proporção das receitas, uma vez que se coloca a possibilidade de realização de operações de crédito para a
satisfação das despesas a serem executadas, observando-se a capacidade de pagamento da dívida e sua
amortização em determinado período de tempo. Assim, o equilíbrio fiscal não corresponde a uma “equação
matemática rígida, em que a diferença numérica entre o montante de receitas e de despesas deva ser sempre
igual a zero, mas, sim, que essa equação tenha valores estáveis e equilibrados, a fim de permitir a identificação
dos recursos necessários à realização dos gastos”. (Marcus Abraham. Curso de Direito Financeiro Brasileiro.
3.ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 111). O art. 7.º, § 1.º, da Lei n.º 4.320/1964 admite expressamente a
possibilidade de déficit orçamentário, desde que sejam indicadas as fontes de recursos que o Poder Executivo fica
autorizado a utilizar para atender a sua cobertura. Não obstante, o déficit orçamentário não se revela como opção
sistemática a ser utilizada pelos agentes públicos, pois a Constituição de 1988 estabeleceu parâmetros para o
endividamento público, indicando aos agentes públicos as condições admitidas para a realização de operações de
crédito, como se observa do art.167, II, III e V. A restrição à realização de despesas sem prévia dotação
orçamentária ou autorização legislativa, bem como à assunção de dívida sem correspondência com a despesa de
capital, são inequívocas orientações à preservação do equilíbrio orçamentário. De outro lado, a LRF estabelece
diversos instrumentos para assegurar o princípio do equilíbrio fiscal, especialmente a fixação de limites de
endividamento, garantindo-se, assim, a estabilidade financeira e a assunção dos objetivos firmados por meio do
planejamento da atividade financeira, conforme se constata das disposições do art. 30 dessa norma geral de
direito financeiro.
De fato, o crédito público revela-se como fonte de financiamento estatal, mas a sua obtenção deverá ter
em consideração as condições financeiras do Estado para honrar as dívidas assumidas e impedir eventuais riscos
decorrentes do comprometimento de sua capacidade de pagamentos. Assim, para conferir efetividade ao princípio
do equilíbrio fiscal, a dívida pública precisa ser identificada e detalhada e ser associada a limites estabelecidos por
resolução do Senado Federal, na hipótese da dívida pública consolidada, e do Congresso Nacional, para a dívida
mobiliária federal, conforme estipulam os arts. 48, XIV, e 52, VI, VII, VIII e IX, da Constituição da República de
1988.
Portanto, pode-se afirmar que a adoção de déficits orçamentários é admissível no ordenamento jurídico
brasileiro, mas sujeita-se a condicionamentos pertinentes ao controle e evolução do endividamento dos entes
federativos, propiciando-se a adequação da dívida pública à sua capacidade de pagamentos e, assim,
assegurando-se o equilíbrio das contas públicas.
CESPE | CEBRASPE – TCU_PROC – Aplicação: 2015
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< das categorias de proventos pagos a servidores aposentados; [valor: 0,75 ponto]
< da possibilidade de extensão a Maria das vantagens remuneratórias legítimas e de caráter geral conferidas aos funcionários
da universidade federal em que trabalhou; [valor: 1,00 ponto]
< da compatibilidade, ou incompatibilidade, da conduta da administração pública — que declarou ilegal a acumulação
dos proventos percebidos por Maria — com a jurisprudência dominante do STF a respeito desse tema. Justifique a sua
resposta. [valor: 3,00 pontos]
PADRÃO DE RESPOSTA
Código do elaborador: 2692
Espera-se que a resposta do(a) candidato(a) coadune-se com o que se apresenta a seguir.
1 Diante do vigente quadro constitucional, é possível catalogar as espécies de proventos em três categorias:
i) proventos integrais, cujo valor corresponde ao total do que a lei prevê como a importância devida a título de
proventos; ii) proventos limitados, que equivalem ao limite máximo de pagamento de benefícios, embora o servidor
auferisse remuneração superior quando em atividade; iii) proventos proporcionais, que são calculados de forma
proporcional ao tempo de contribuição do servidor.
Referência bibliográfica: José dos Santos Carvalho Filho. Manual de direito administrativo. São Paulo: Forense,
2015.
2 É possível, sim, que as vantagens remuneratórias legítimas e de caráter geral conferidas a determinada
categoria, carreira ou, indistintamente, a servidores públicos, por serem vantagens genéricas, sejam extensíveis
aos servidores inativos e pensionistas. Nesses casos, a extensão alcança os servidores que tenham ingressado
no serviço público antes da publicação das ECs n.º 20/1998 e n.º 41/2003 e tenham se aposentado ou adquirido o
direito à aposentadoria antes da EC n.º 41/2003. Com relação aos servidores que se aposentaram após a
EC n.º 41/2003, deverão ser observados os requisitos estabelecidos na regra de transição contida no seu art. 7.º,
em virtude da extinção da paridade integral entre ativos e inativos contida no art. 40, § 8.º, da CF para os
servidores que ingressaram no serviço público após a publicação da referida emenda. Por fim, com relação aos
servidores que ingressaram no serviço público antes da EC n.º 41/2003 e se aposentaram ou adquiriram o
direito à aposentadoria após a sua edição, é necessário observar a incidência das regras de transição fixadas pela
EC n.º 47/2005, a qual estabeleceu efeitos retroativos à data de vigência da EC n.º 41/2003, conforme decidido
nos autos do RE n.º 590.260/SP, Plenário, Rel. min. Ricardo Lewandowski, julgado em 24/6/2009.
3 In casu, a atitude da administração pública, que declarou ilegal a acumulação de proventos de Maria, é
incompatível com a jurisprudência dominante do STF.
A CF, no inciso XVI do art. 37, estabelece a vedação da cumulação remunerada de cargos públicos.
Durante a vigência da redação original da Carta Política de 1988, prevaleceu na jurisprudência pátria a
compreensão de que a referida proibição não se estenderia a proventos de aposentadoria, os quais se
consideravam cumulativos com vencimentos, ainda que os cargos fossem inacumuláveis na atividade.
O STF, todavia, ao tratar desse tema, no julgamento do RE n.º 163.204-6/SP, firmou sua jurisprudência no
sentido de que somente será permitida a acumulação de proventos de aposentadoria com os vencimentos de
cargo público se os cargos forem acumuláveis na ativa (RE n.º 163.204 rel. min. Carlos Velloso, Plenário, DJU de
31/3/1995).
Esse entendimento consolidou-se a partir do advento da EC n.º 20/1998, que acrescentou o § 10 ao
art. 37 da CF, proibindo, expressamente, a cumulação de cargos públicos com os proventos, ressalvados os
cargos acumuláveis na forma da CF, os eletivos e aqueles em comissão declarados em lei de livre nomeação e
exoneração.
Porém, ao editar a EC n.º 20/1998, o Constituinte preservou, em seu art. 11, como hipótese de exceção à
aludida vedação de cargos com proventos, os casos de inativos que tivessem reingressado no serviço público por
quaisquer das formas permitidas na CF, sendo-lhes proibida apenas a percepção de mais de uma aposentadoria
estatutária. Eis como foi redigido texto constitucional, verbis:
Art. 11 A vedação prevista no art. 37, § 10, da Constituição Federal não se aplica aos membros de
poder e aos inativos, servidores e militares, que, até a publicação desta Emenda, tenham
ingressado novamente no serviço público por concurso público de provas ou de provas e títulos, e
pelas demais formas previstas na Constituição Federal, sendo-lhes proibida a percepção de mais
de uma aposentadoria pelo regime de previdência a que se refere o art. 40 da Constituição
Federal, aplicando-se-lhes, em qualquer hipótese, o limite de que trata o § 11 desse mesmo artigo.
Nesse sentido é que o STF tem afastado a pretensão de duas aposentadorias de servidor público a partir
da EC n.º 20/1998, como exemplifica o seguinte julgado:
Com efeito, a aludida interpretação poderia levar à conclusão de que a solução do caso concreto inclina-
se no sentido da denegação da ordem. No entanto, existe, na hipótese considerada, uma particularidade: a
segunda aposentadoria da impetrante se efetivou em 1995, antes da EC n.º 20/1998, e, portanto, não pode ser
alcançada pela regra inovadora sem ofensa aos princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e da segurança
jurídica que devem nortear os atos da administração. Nesse mesmo sentido é a jurisprudência do STF:
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• Nesta prova, faça o que se pede, usando, caso deseje, os espaços para rascunho indicados no presente caderno. Em seguida, transcreva
os textos para o CADERNO DE TEXTOS DEFINITIVOS DA PROVA DISCURSIVA P3, nos locais apropriados, pois não serão
avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos.
• Qualquer fragmento de texto que ultrapassar a extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Será também
desconsiderado o texto que não for escrito nas folhas de texto definitivo correspondentes.
• No caderno de textos definitivos, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha
qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Caso queira assinar seus textos, utilize apenas o nome
Procurador do MP junto ao TCU. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero, correspondente à
identificação do candidato em local indevido.
• Em cada questão, ao domínio do conteúdo serão atribuídos até 5,00 pontos, dos quais até 0,25 ponto será atribuído ao quesito
apresentação (legibilidade, respeito às margens e indicação de parágrafos) e estrutura textual (organização das ideias em texto
estruturado). Na peça prática, esses valores corresponderão a 25,00 pontos e 1,00 ponto respectivamente.
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A Lei n.º 7.675/1988 instituiu a fiscalização da aplicação dos recursos federais transferidos aos
estados, ao Distrito Federal, aos territórios e aos municípios, bem como dos recursos destinados a entidades
da administração indireta e fundações. Os tipos de transferências e suas finalidades são diversos, bem como
as correspondentes responsabilidades dos gestores, os quais devem zelar para que os recursos recebidos
produzam o impacto social esperado, isto é, que cada política pública seja instrumento de transformação
social.
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, discorra a respeito dos seguintes tópicos, relativos
às transferências de recursos da União para os demais entes da Federação.
PADRÃO DE RESPOSTA
Código do elaborador: 0420
Espera-se que o(a) candidato(a) explique que as transferências de recursos entre diferentes
esferas — que podem ser correntes ou de capital, conforme a classificação econômica das receitas e das
despesas — não exigem contraprestação em bens ou serviços. Essas transferências podem ser obrigatórias
(incondicionais ou vinculadas) ou voluntárias (negociadas), mas condicionadas a determinado tipo de aplicação.
Para as finalidades deste trabalho, não serão consideradas as transferências para o setor privado.
As transferências constitucionais têm como principal objetivo amenizar as desigualdades regionais
e promover o equilíbrio socioeconômico entre estados e municípios, destacando-se, entre outros, os fundos de
participação, o Fundo de Compensação pela Exportação de Produtos Industrializados e o FUNDEB. As
transferências legais estão previstas em legislações específicas, como, por exemplo, os programas nacionais de
alimentação escolar e de apoio ao transporte do escolar, e o Programa Dinheiro Direto na Escola. As
transferências destinadas ao SUS são tratadas separadamente, dada sua relevância e intersecções fundo a
fundo. As transferências voluntárias são efetuadas a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira,
mediante convênios, acordos, ajustes ou outros instrumentos similares, para a realização de obras e/ou serviços
de interesse comum.
A LRF — assim como as leis de diretrizes orçamentárias — impõe exigências para as
transferências voluntárias, a exemplo da existência de dotação específica e de previsão orçamentária de
contrapartida, o que facilita o controle e compartilha os esforços; a vedação para o pagamento de despesas de
pessoal (exigência constitucional); a comprovação, por parte do beneficiário: de que se encontra em dia com as
obrigações em relação ao transferido (incluindo as prestações de contas); do cumprimento dos pisos
(constitucionais) destinados à educação e à saúde; da observância dos limites e das condições das dívidas
(incluída a dívida por antecipação de receita); dos requisitos das despesas com pessoal; das condições para
inscrição de despesas em restos a pagar.
CESPE | CEBRASPE – TCU_PROC – Aplicação: 2015
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A falência da empresa SportCar S.A. foi decretada em julho de 2015. O juiz autorizou o
prosseguimento das atividades dessa empresa, montadora de carros esportivos, levando em conta a grande
quantidade de carros prestes a deixarem o estabelecimento industrial, localizado em Goiânia – GO, no dia
26 de agosto de 2015. O estoque de carros prontos para comercialização era grande e alta a probabilidade
de sua venda na Feira Internacional do Automóvel Esportivo, que viria a realizar-se em São Paulo – SP, no
dia 1.º de setembro de 2015. Para a saída dos produtos, o administrador da massa falida alugou, com
autorização judicial, diversos caminhões de uma transportadora, por R$ 70.000,00 de aluguel. Com a saída
dos carros do estabelecimento industrial, foram gerados novos créditos tributários de IPI, cuja alíquota então
aplicável era de 25%.
Tendo como referência a situação hipotética acima apresentada e aspectos a ela correlacionados, responda, de modo fundamentado, aos
seguintes questionamentos.
< Qual a natureza jurídica de direito falimentar dos tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência da
SportCar S.A.? [valor: 1,00 ponto]
< Os créditos tributários oriundos do prosseguimento da atividade da SportCar S.A. terão preferência sobre as despesas decorrentes
do aluguel dos caminhões da transportadora contratada pela SportCar S.A.? [valor: 1,75 ponto]
< O que é Regra-Matriz de Incidência Tributária (RMIT)? Identifique seus elementos abstratamente. Esclareça qual é a RMIT do
IPI, enunciando cada um de seus elementos abstratamente, com base na respectiva hipótese de incidência. Aponte, à luz do fato
imponível delineado na situação hipotética em questão, quais dados do problema concretizam cada um dos elementos da RMIT
do IPI. [valor: 2,00 pontos]
PADRÃO DE RESPOSTA
Código do elaborador: 2869
1 Conforme o inciso V do art. 84 da Lei n.º 11.101/2005, os tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a
decretação da falência ostentam natureza jurídica de créditos extraconcursais.
2 Conforme o art. 84 da referida lei, os créditos extraconcursais não se sujeitam ao concurso de créditos
falimentares previsto no art. 83 dessa mesma lei. Os tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a
decretação da falência deverão ser pagos antes de qualquer crédito de natureza concursal. Entretanto,
havendo mais de um crédito extraconcursal, o pagamento será realizado de acordo com a ordem estabelecida
no art. 84 da citada lei. Logo, as despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição
do seu produto (inciso III do referido art. 84) terão preferência sobre os tributos relativos a fatos geradores
ocorridos após a decretação de falência (inciso V desse mesmo artigo). O aluguel dos caminhões refere-se à
administração do produto da massa falida e à realização do seu ativo. Logo, o valor devido a título de aluguel
deverá ser pago antes do IPI devido pela saída dos carros do estabelecimento industrial.
3 A Regra-Matriz de Incidência Tributária (RMIT) é a estrutura normativa geral e abstrata que pauta a atividade
do ente tributante. Refere-se, pois, à hipótese de incidência; e não ao fato imponível. A RMIT é obtida a partir
da norma tributária que institui um dado tributo e inclui os critérios material (o que será tributado? ou seja,
hipótese de incidência), espacial (onde; local onde pode ocorrer a hipótese de incidência), temporal (quando;
momento em que se considera ocorrida a hipótese de incidência), pessoal (quem; sujeitos ativo e passivo) e
quantitativo (quanto; alíquota e base de cálculo).
A RMIT do IPI compõe-se dos aspectos material (na operação interna, a saída de produto de
estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial; na importação: o desembaraço aduaneiro de produtos de
procedência estrangeira); espacial (qualquer parte do território nacional); temporal (na operação interna, instante
de saída da mercadoria do estabelecimento industrial ou equiparado; na importação, instante do desembaraço
aduaneiro); pessoal (sujeito passivo: pessoa física ou jurídica responsável pela saída de produto de
estabelecimento industrial; sujeito ativo: União); quantitativo (base de cálculo e alíquota). À luz do caso narrado,
os elementos da RMIT são concretizados da seguinte forma: saída dos veículos do estabelecimento da SportCar
S.A. (concretiza aspecto material); Goiânia – GO (concretiza aspecto espacial); 26 de agosto de 2015 (concretiza
aspecto temporal); sujeitos passivo e ativo: SportCar S.A. e União (concretiza aspecto pessoal); valor dos veículos
e 25% (concretizam aspecto quantitativo).
CESPE | CEBRASPE – TCU_PROC – Aplicação: 2015
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Uma das principais inovações da chamada nova Lei de Defesa da Concorrência, Lei n.º 12.529/2011, foi a submissão prévia dos atos de
concentração econômica ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). A respeito desse tema, responda, sempre que possível
de modo fundamentado, aos questionamentos seguintes.
< Quais são as hipóteses de início de contagem, suspensão e prorrogação do prazo que o CADE tem para apreciar ato de
concentração econômica? [valor: 1,50 ponto]
< Quais as consequências jurídicas para o descumprimento da regra de submissão prévia do ato de concentração à deliberação do
CADE? [valor: 1,25 ponto]
< Como se poderá comprovar que determinadas empresas consumaram o ato de concentração antes de submetê-lo à deliberação
do CADE, na hipótese de o valor da operação se enquadrar nos casos de submissão obrigatória? Indique atos que podem revelar
a consumação prévia do ato de concentração. [valor: 2,00 pontos]
O prazo para avaliação de ato de concentração pelo CADE está definido no art. 88, § 2.º, da Lei de Defesa
da Concorrência (LDC), e tem início de contagem com o protocolo da inicial ou de sua emenda em razão da
insuficiência de documentos.
O prazo poderá ser suspenso em razão da insuficiência de quórum de deliberação pelo tribunal do CADE.
Todavia, nessa hipótese, o prazo somente se suspende quando o processo é remetido para a deliberação no
tribunal. É dizer, o prazo não fica suspenso se a tramitação ainda acontece na Superintendência-Geral — cf.
art. 6.º, § 5.º, da LDC.
As hipóteses de prorrogação do prazo estão expressamente previstas na LDC: (i) por até sessenta dias,
improrrogáveis, mediante requisição das partes envolvidas na operação; ou (ii) por até noventa dias, mediante
decisão fundamentada do tribunal, em que sejam especificados as razões para a extensão, o prazo da
prorrogação, que será não renovável, e as providências cuja realização seja necessária para o julgamento do
processo (art. 88, § 9.º da LDC).
No art. 90 da LDC estão listadas as hipóteses em que se realiza um ato de concentração, que envolve a
incorporação, a fusão, o consórcio de empresas, entre outras. Além disso, o inciso II do referido dispositivo remete
às hipóteses de aquisição, direta ou indireta, por compra ou permuta de ações, quotas, títulos ou valores
mobiliários conversíveis em ações ou ativos, tangíveis ou intangíveis, por via contratual ou por qualquer outra
forma de controle, de partes de uma ou outras empresas. Portanto, a prática de quaisquer desses atos, sem
prévia comunicação (ou submissão) ao CADE pode implicar a consumação de ato de concentração, sendo
necessário que as empresas envolvidas mantenham, até avaliação final, inalteradas suas estruturas físicas e
competitivas.
As consequências são três: (i) nulidade do ato; (ii) aplicação de multa; tudo sem prejuízo (iii) da abertura
de procedimento administrativo para apuração de ato de infração à ordem econômica (art. 88, § 3.º, LDC).