Você está na página 1de 9

AGENTES FLOCULANTES NO TRATAMENTO DE EFLUENTES PELO

PROCESSO DE FLOCULAÇÃO

1CERCAL, Ana Paula.


2HOFFMAN, Bárbara.
3SOUZA, Silvio César Pereira.
4SANTOS, Thuany Rezende.

RESUMO: Neste trabalho avaliou-se a eficiência de diferentes agentes floculantes no


processo de coagulação/floculação no tratamento de um efluente artificial de uma
indústria simulada de galvanoplastia. Foram utilizados floculantes do tipo inorgânico
(cloreto férrico, sulfato de alumínio e cloreto de alumínio) e avaliados os parâmetros,
cor e concentração residual de zinco no efluente tratado, esse tratamento requer
eficientes processos para alcançar os níveis de concentração e parâmetros físico-
químicos recomendados pela legislação ambiental. Os resultados mostram que o CaO
atingiu melhor os parâmetros estabelecidos pelo CONAMA.

PALAVRAS CHAVE: Coagulação, floculação, galvanoplastia.

FLOCCULANTS AGENTS IN WASTEWATER TREATMENT PROCESS BY


FLOCCULATION

ABSTRACT: In this study we evaluated the efficiency of different flocculating agents


in the coagulation / flocculation treatment of an artificial effluent from a simulated
electroplating industry process. Flocculants inorganic type (ferric chloride, aluminum
sulfate and aluminum chloride) were used and evaluated parameters, color and residual
zinc concentration in the treated effluent, the treatment requires efficient processes to
achieve the levels of concentration and physico-chemical parameters recommended by
environmental legislation. The results show that CaO best achieved with the parameters
established by CONAMA.

KEYWORDS: Coagulation, flocculation, electroplating.

1
Estudante de Bacharelado em Engenharia Química da UNISOCIESC.E-mail: anapaula.cercal@gmail.com
2
Estudante de Bacharelado em Engenharia Química da UNISOCIESC. E-mail: barbara.hofiman@hotmail.com
3
Estudante de Bacharelado em Engenharia Química da UNISOCIESC. E-mail: silvio_farm@yahoo.com.br
4
Estudante de Bacharelado em Engenharia Química da UNISOCIESC. E-mail: thuany_rezende@hotmail.com
1 INTRODUÇÃO

Nas indústrias de galvanoplastia, geram-se efluentes com elevados teores de metais


pesados e grande quantidade de materiais dissolvidos e suspensos, esses efluentes
normalmente atingem os extremos ácido ou alcalino. Devido a estas características, os
efluentes dessas indústrias requerem processos eficientes para alcançar os níveis de
concentração e parâmetros físico-químicos recomendados pela legislação ambiental.
Sendo assim, foi solicitado ao grupo o estudo da verificação de qual agente floculante é
o mais eficiente no tratamento de um afluente artificial.

Acreditava-se antes dos estudos que quando os agentes floculantes entrassem em


contato com as impurezas, o agente Al2(SO4)3, apresentaria o melhor resultado no
processo, seguindo normas e portarias, e também que as impurezas presentes iriam
reagir com os agentes floculantes, formando compostos mais pesados (flocos) que iriam
decantar e posteriormente, seriam removidos pelo processo de filtração, e então
adequadamente descartados. Porém, com os resultados obtidos, pode-se perceber que o
Al2(SO4)3 não foi o mais satisfatório.

Esses efluentes são gerados no tratamento de superfícies e basicamente envolvem


uma sequência de banhos, consistindo de etapas de pré-tratamento, de revestimento e de
conversão de superfície metálicas ou plásticas, com materiais diversos, tal como o
zinco. Entre estas etapas, a peça sofre um processo de lavagem, sendo assim, originados
efluentes líquidos, emissões gasosas e resíduos sólidos que necessitam de tratamento
específico (COLARES,Carla; et al, 2010).

No Brasil, a legislação federal Resolução n° 430, de 13 de maio de 2011 do


Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece
as condições e padrões de lançamentos de efluentes, e outras providências. Esta
Resolução altera e complementa a Resolução n° 357, de 17 de março de 2005. Porém,
estados e municípios também possuem suas próprias leis para descartes de efluentes.

A resolução n° 430, dispõe sobre condições e padrões de lançamento de


efluentes, tendo como parâmetro inorgânico de lançamento do zinco total valores
máximos de 5,0 mg/L de Zn.
Segundo VAZ (2009), o zinco é um elemento essencial para o crescimento do
corpo humano, porém, em concentrações acima de 5,0 mg/L, confere sabor à água e
uma certa opalescência a águas alcalinas. Apresenta efeito tóxico sobre os peixes, bem
como sobre as algas marinhas.

Com isso, estudou-se o tratamento de um efluente artificial preparado em


laboratório, contendo cloreto de zinco e corante têxtil vermelho, pelo processo físico
químico, que consiste em coagulação/floculação e decantação, objetivando a remoção
do zinco e coloração do efluente. Para isso, utilizou-se quatro diferentes agentes
floculantes, sendo eles: cloreto de alumínio (AlCl3), sulfato de alumínio (Al2(SO4)3),
cloreto férrico (FeCl3) e óxido de cálcio (CaO).

Tendo isso em vista, o processo de coagulação/floculação remove substâncias


coloidais, ou seja, materiais sólidos em suspensão, como a cor ou turbidez. Esse
processo normalmente é considerado um pré-tratamento que melhora o despejo do
tratamento subsequente. Sendo assim, coagulação/floculação são utilizadas como
sinônimos, uma vez que ambos significam o processo integral de aglomeração das
partículas. Sendo a coagulação, o processo através do qual o agente coagulante
adicionado à água reduz as forças que tendem a manter separadas as superfícies em
suspensão, e a floculação é a aglomeração dessas partículas por meio de transporte de
fluido, formando partículas maiores que possam sedimentar (VAZ, Luiz Gustavo de
Lima; et al, 2010), partículas essas chamadas de flocos. A formação destes flocos é
essencial para o processo de decantação, pois a partícula se tornará mais pesada que a
água e decantará com facilidade.

A velocidade de formação dos flocos (hidróxidos insolúveis), também é muito


importante. Essa agitação deve ser em nível moderado (mistura lenta), pois, do
contrário, poderá provocar a desagregação dos flocos já formados, o que dificultará a
sua remoção. O processo de coagulação/floculação com posterior sedimentação propicia
a remoção de cor e turbidez do efluente a ser tratado (VAZ, Luiz Gustavo de Lima; et
al, 2010).

Um fator de extrema importância é o pH, para que haja eficiência do tratamento,


o controle do pH de floculação é uma condição indispensável. Cada água tem seu pH
ótimo, e esse pode variar para a mesma água desde que ocorram variações em sua
composição. Cada metal tem sua faixa de precipitação, ou seja, o pH de solubilidade
mínima varia de acordo com o metal. A maioria dos metais precipitam na forma de
hidróxidos no pH entre 8,0 a 9,0, devido a esta característica, o pH do efluente deve ser
mantido nesta faixa.

É importante destacar, então, que o mecanismo de floculação é sensível a


diversos fatores, tais como: tipo e dosagem de coagulante, pH do efluente, natureza das
substâncias produtoras de cor e turbidez.

A dosagem ideal de coagulante é definida em função da viabilidade econômica e


características do efluente. Com isso, testes de coagulação são muito usados para
determinar as dosagens químicas ótimas no tratamento. Esse teste simula o processo de
coagulação/floculação em recipientes e pode ser conduzido numa variedade de
condições (VAZ, Luiz Gustavo de Lima, 2009).

1.1 SULFATO DE ALUMÍNIO

Os sais de alumínio são largamente utilizados como agente coagulante. É de fácil


transporte e manejo, e tem o custo reduzido. É produzido em diversas regiões do Brasil.
Sua faixa de pH é entre 5,0 a 8,0. Um fato negativo, é que os flocos são de natureza
inorgânica, sendo assim, o lodo gerado não entra em decomposição, dificultando sua
disposição final, e seu lodo é gelatinoso e volumoso (SANTOS FILHO & SANTA
RITA, 2002).

1.2 CLORETO FÉRRICO

Esses sais reagem e formam hidróxidos insolúveis de ferro. Devido a baixa


solubilidade dos hidróxidos formados, podem agir sobre ampla faixa de pH, entre 5,0 a
11,0, produzindo assim bons flocos (SPINELLI, 2001).

Quando esse agente floculante é posto em excesso no efluente, parte não participa
da reação, ficando em solução e aumentando os valores de cor e turbidez. Segundo
BRANCO (1991), o ferro presente pode apresentar uma coloração amarelada e turva a
água, dependendo da concentração utilizada.
1.3 CLORETO DE ALUMÍNIO

O hidroxicloreto de alumínio, na maioria dos casos, revela-se como coagulante


superior ao sulfato de alumínio (PAVANELLI, 2000).

É efetivo em uma larga faixa de pH, forma flocos grandes, rígidos e pesados, tem
elevada velocidade de decantação e remove eficientemente a carga orgânica/inorgânica
do líquido a ser tratado. Uma desvantagem do produto é seu alto custo em relação ao
Sulfato de Alumínio (SANTOS, 2011).

1.4 ÓXIDO DE CÁLCIO

É o mais utilizado na neutralização devido principalmente ao baixo custo e


manuseio. É o mais popular precipitante no tratamento de efluentes industriais com
baixa alcalinidade, principalmente na remoção de metais pesados, porém uma de suas
desvantagens é a geração de muito lodo (CAVALCANTI, 2009).

2 MATERIAIS E MÉTODOS
Abaixo serão descritos os processos realizados no Laboratório Químico do
Centro Universitário Tupy (UNISOCIESC), Campus Boa Vista.

2.1 REAGENTES E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS

Reagentes Materiais
Corante têxtil; Balança analítica;
Cloreto de zinco; Balão volumétrico de 1000 ml;
Agentes floculantes: Al2(SO4)3, AlCl3,
Béquer;
FeCl3, CaO;
Água deionizada. Funil de vidro;
Papel de filtro;
Pisseta;
Proveta;
Vidro de relógio.
2.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO

Foi preparado um efluente artificial galvânico, contendo 50 mg/L de cloreto de


zinco e 50 mg/L de corante têxtil.

Posteriormente, o pH do efluente foi reduzido para 1 com ácido clorídrico 1 M,


para que fosse o mais parecido possível com um efluente de uma indústria. Em seguida,
foi utilizado carbonato e bicarbonato de sódio para corrigir o pH para básico entre 8 e 9;
pois sem a elevação do pH, a floculação não ocorreria.

Os agentes floculantes cloreto de alumínio (AlCl3), sulfato de alumínio


(Al2(SO4)3), cloreto férrico (FeCl3) e óxido de cálcio (CaO) foram pesados de acordo
com a tabela dos resultados e discussões, e introduzidos cada um em béqueres
separados contendo 100 mL do efluente, sendo no total 8 béqueres. Em seguida, essa
mistura foi agitada levemente, em média cinco minutos para que houvesse total
dissolução dos floculantes, observando-se a formação de pequenos flocos.

Após algumas horas, houve a decantação total dos flocos. Logo, o efluente
tratado, foi filtrado para separação dos sólidos (flocos) do líquido (efluente tratado),
para que então fosse encaminhado para análise.

Foram realizados testes de precipitação variando o pH do efluente entre 8 e 9, e


variando a quantidade de agente floculante.

Esses testes foram realizados para verificar em quais parâmetros o efluente


apresentaria menor coloração final e concentração residual de zinco (ver tabela abaixo).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após os testes de floculação, as 8 amostras foram encaminhadas para análise por


espectroscopia de absorção atômica, para a medição da concentração residual de zinco.

A tabela a seguir apresenta os resultados obtidos:

N° DAS AGENTES pH DO [ZINCO]


AMOSTRAS
AMOSTRAS FLOCULANTES (g) EFLUENTE (mg/L)
1 CaO 0,4986 9 0,14
2 FeCl3 0,152 9 0,19
3 FeCl3 1,2 9 15
4 AlCl3 1,2 9 7,5
5 AlCl3 0,12 9 2,6
6 Al2(SO4)3 1,2 9 9,5
7 Al2(SO4)3 0,835 9 17,5
8 Al2(SO4)3 0,823 8 19
Fonte: Dos Autores (2013)

AMOSTRA 1: Como teste modelo, usou-se o óxido de cálcio. A escolha dessa amostra
padrão foi feita segundo orientação do professor orientador, por ser um excelente agente
floculante e por ser o que melhor atende as normas do CONAMA.

AMOSTRA 2 e 3: Comparando as amostras 2 e 3, observou-se que para o cloreto


férrico com pH alcalino, quanto maior a quantidade de agente floculante,maior será a
quantidade residual de zinco.

AMOSTRA 4 e 5: Nas amostras 4 e 5, utilizando cloreto de alumínio com pH alcalino,


quanto maior a quantidade do agente floculante, maior a quantidade residual de zinco.

AMOSTRA 6, 7 e 8: Nestas amostras, dos resultados obtidos, a que chegou mais


próximo da legislação foi a amostra 6, que das 3 foi a que continha maior quantidade de
agente floculante, porém a mudança de pH na amostra 8 interferiu no resultado devido a
formação de flocos que depende da basicidade do efluente. Nesse caso deveria ser feito
mais testes, pois nenhum deles atendeu as normas do CONAMA
4 CONCLUSÃO

Face aos resultados obtidos, evidencia-se que o melhor coagulante/floculante


testado para tratar efluentes galvânicos foram o óxido de cálcio e o cloreto férrico na
concentração de 0,152g de agente floculante, pois apresentaram parâmetros de
qualidade aceitáveis, como pH, turbidez e concentração de zinco de acordo com o
CONAMA. Porém, pode-se observar que os outros valores dos parâmetros de qualidade
da água tratada não foram homogêneos.

Observa-se ainda que os métodos utilizados para os testes de bancada não foram
muito eficientes em vista que os resultados produziram ensaios com diferentes
concentrações de zinco, o que poderia acarretar em águas com qualidade diferente das
exigidas pelo CONAMA. Um trabalho de otimização dos ensaios teria de ser realizado
para evitar estas discrepâncias.

Com tudo isso, pode-se prever que muitos fatores podem influenciar nos
resultados de uma reação de tratamento de efluentes.

REFERÊNCIAS

BRANCO, S. M. Água e o Homem. In Hidrologia Ambiental. Vol. 3, São Paulo:


Edusp. 1991.

CAVALCANTI, J. E. W. A.; Manual de Tratamento de Efluentes Industriais. Sem


Vol., São Paulo, 2009.

COLARES, C. J. G.; SANTANA, E. J. J.; COLARES, E. C. G.; COSTA, O. S. Estudo


de Caso do Tratamento de Efluentes Líquidos Gerados no Processo de
Galvanoplastia. Universidade Estadual de Goiás, 2010.

SANTOS FILHO, J. D.; SANTA RITA, E. S. Gerenciamento do Resíduo Gerado na


Clarificação de Água da RLAM. UFBA – Escola Politécnica, 2002. Monografia de
Especialização.
SPINELLI, V. A. Quitosana: Polietrólito Natural para o Tratamento de Água
Potável. Departamento de Engenharia Química, UFSC, Florianópolis – SC, 2001. Tese
(Mestrado).

VAZ, L. G. L.; Performance do Processo de Coagulação/Floculação no Tratamento


de Efluente Líquido Gerado na Galvanoplastia. UNIOEST, Toledo – PR, 2009. Tese
(Pós-Graduação).

VAZ, L. G. L.; KLEN, M. R. F.; VEIT, M. T; SILVA, E. A.; BARBIERO, T. A.;


BERGAMASCO, R. Avaliação da Eficiência de Diferentes Agentes Coagulantes na
Remoção de Cor e Turbidez em Efluente de Galvanoplastia. UNIOEST, 2010.

PAVANELLI, G.; Eficiência de diferentes tipos de coagulantes na coagulação,


floculação e sedimentação de água com cor e turbidez elevada. Dissertação de
Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos. USP, 2000.

SANTOS, G.; Estudo de Clarificação de Água de Abastecimento Público e


Otimização da Estação de Tratamento de Água. Programa de Pós-graduação em
Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos. UFRJ, 2011.

Você também pode gostar