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Página 1 de Civil II
○ Diante deste cenário, o legislador pátrio, procurando incluir na norma a realidade em
que vivemos, fez presentes, no CC, em seu art. 421, a limitação da liberdade de
contratar e a função social do contrato. Isso representa clara preocupação com a tutela
dos interesses sociais daqueles que se veem cotidianamente contratando.
A função social trata-se de uma responsabilização da sociedade que não
desemboca em discricionariedade do juiz, como a princípio possa parecer, mas em
um desafio permanente para os operadores do direito, que terão de iluminar a
apontar novos caminhos, diversos dos princípios tradicionais
○ Declínio do CONCEITO ORIGINÁRIO DE NEGÓCIO JURÍDICO. A autonomia da vontade não
mais se harmoniza com o novo direito dos contratos.
A economia de massa exige contratos impessoais e padronizados
O Estado, por sua vez, com muita frequência ingressa na relação contratual
privada, proibindo ou impondo cláusulas.
O binômio liberdade-igualdade que forjou o liberalismo no direito das obrigações
tende a DESAPARECER
A vontades que se impõem, quer pelo poder econômico, quer pelo poder político
A força obrigatória dos contratos não se aprecia tanto à luz de um dever moral de
manter a palavra empenhada, mas sob o aspecto de realização do BEM COMUM E
DE SUA FINALIDADE SOCIAL.
• CONTRATO NO CDC
○ Temas inovadores: responsabilidade objetiva pelo fato do produto ou do serviço,
práticas abusivas, proteção contratual, instrumentos processuais permitindo a ação
coletiva...
○ No que tange aos contratos:
Princípio geral da boa fé
□ Art. 51, IV
Princípio da obrigatoriedade da proposta
□ Art. 51, VIII
Princípio da intangibilidade das convenções
□ Art. 51, X, XI, XIII
Cláusulas abusivas
□ Elenco exemplificativo
□ Prejudicam de forma exorbitante o consumidor no confronto entre os
direitos e obrigações de ambas as partes contratantes, ferindo o princípio da
boa-fé.
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Princípios gerais do direito contratual
domingo, 7 de agosto de 2016 18:24
• AUTONOMIA DA VONTADE
○ Inspirado no Código francês
○ Contrato faz lei entre as partes
○ Hoje: desapareceu o liberalismo que colocou a vontade como o centro de todas as
avenças
○ 2 aspectos:
Liberdade propriamente dita de contratar ou não, estabelecendo-se o conteúdo
do contrato
Escolha da MODALIDADE DO CONTRATO
□ A liberdade contratual permite que as partes se valham dos modelos
contratuais constantes do ordenamento jurídico (contratos típicos), ou
crime uma modalidade de contrato de acordo com suas necessidades
(contratos atípicos)
○ Em tese, a vontade contratual somente sofre limitação perante uma norma de ordem
pública. Na prática, existem imposições econômicas que dirigem essa vontade.
A interferência do Estado na relação contratual privada mostra-se crescente e
progressiva.
○ No ordenamento, há normas cogentes que NÃO poderão ser tocadas pela vontade das
partes, e normas supletivas que operarão no silêncio dos contratantes
○ Art 421, CC/02: a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função
social do contrato
• FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS
○ Um contrato VÁLIDO e EFICAZ deve ser cumprido pelas partes: pacta sunt servanda --> o
acordo de vontade faz lei entre as partes
○ Decorre desse princípio a INTANGIBILIDADE DO CONTRATO
Ninguém pode alterar unilateralmente o conteúdo do contrato, nem pode o juiz,
como princípio, intervir nesse conteúdo. Regra geral
• PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS
○ Regra geral: o contrato só ata aqueles que dele participaram. Seu efeitos não podem,
EM PRINCÍPIO, nem prejudicar, nem aproveitar a terceiros
○ Com relação a terceiros, o contrato é RES INTER ALIOS ACTA, ALIIS NEQUE NOCET
NEQUE POTEST
○ No entanto, há obrigações que estendem seus efeitos a terceiros: efeitos EXTERNOS
Ex.: estipulações em favor de terceiro (art. 436 a 438)
○ O princípio da relatividade não se aplica somente às partes, mais também ao objeto do
contrato
O contrato sobre bem que não pertence aos sujeitos não atinge terceiros
Essa regra geral também pode sofrer exceções
○ Conclusão: o contrato NÃO possui efeito com relação a terceiros, A NÃO SER EM
CASOS PREVISTOS POR LEI
○ Parte contratual = aquele que estipulou diretamente o contrato, esteja ligado ao vínculo
negocial emergente e seja destinatário de seus efeitos finais
○ Terceiro = quem quer que apareça estranho ao pactuado, ao vínculo e aos efeitos finais
do negócio
○ Contratos têm repercussões reflexas, as quais, ainda que indiretamente, tocam terceiros
• PRINCÍPIO DA BOA-FÉ NOS CONTRATOS
○ Boa-fé: não se desvincula do exame da função social
○ Inspiração no código italiano
○ Importância com relação à responsabilidade pré-contratual
○ Dever das partes de agir de forma correta, eticamente aceita, antes, durante e depois
do contrato, porque, mesmo após o cumprimento de um contrato, podem sobrar-lhes
efeitos residuais
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efeitos residuais
○ Exame do elemento SUBJETIVO de cada contrato, ao lado da conduta OBJETIVA das
partes
○ Condições em que o contrato foi firmado, nível sociocultural dos contratantes, momento
histórico e econômico devem ser avaliados
○ Art. 422, CC: boa-fé objetiva
Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como
em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé
Trata-se de CLÁUSULA GERAL (denominação doutrinária)
= cláusula aberta
Dispositivo que deve ser amoldado ao caso concreto
○ Boa fé OBJETIVA =/ BOA FÉ SUBJETIVA
Subjetiva: o manifestante de vontade crê que sua conduta é correta, tendo em
vista o grau de conhecimento que possui de um negócio. Para ele, há um estado
de consciência ou aspecto psicológico que deve ser considerado.
Objetiva: o intérprete parte de um padrão de conduta comum, do homem médio,
naquele caso concreto, levando em consideração os aspectos sociais envolvidos.
Traduz-se de forma mais perceptível como uma regra de conduta, um dever de
agir de acordo com determinados padrões sociais estabelecidos e reconhecidos
Art. 113: os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os
usos do lugar e sua celebração
Art. 187
○ De acordo com o CC, há 3 funções nítidas no conceito de boa-fé objetiva:
Função interpretativa (art. 113)
Função de controle dos limites do exercício de um direito (187)
Função de integração do negócio jurídico (422)
○ FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
Norteia a liberdade de contratar, segundo o art. 421
Na contemporaneidade, a autonomia da vontade clássica é substituída pela
autonomia privada, sob a égide de um interesse social
Liberdade de contratar sob o freio da função social
O fenômeno do interesse social na vontade privada negocial não decorre
unicamente do intervencionismo do Estado nos interesses privados, com o
chamado dirigismo contratual, mas da própria modificação de conceitos históricos
em torno da propriedade
• PROIBIÇÃO DE COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO (VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM)
○ No conceito de boa-fé objetiva, ingressa como forma de sua antítese, ou exemplo de
má-fé objetiva, o que se denomina proibição de comportamento contraditório
Circunstância de um sujeito de direito buscar favorecer-se em processo judicial,
assumindo conduta que contradiz outra que a precede no tempo e assim constitui
um proceder injusto e, portanto, inadmissível
Trata-se de um imperativo em prol da credibilidade e da segurança das relações
sociais e consequentemente das relações jurídicas que o sujeito observe um
comportamento coerente, como um princípio básico de convivência. O
fundamento situa-se no fato de que a conduta anterior gerou, objetivamente,
confiança em quem recebeu reflexos dela.
O comportamento contraditório se apresenta no campo jurídico como uma
conduta ilícita, passível mesmo, conforme a situação concreta de prejuízo, de
indenização por perdas e danos.
○ Contradição objetiva
○ Violação de expectativas despertadas em outrem, causando prejuízos
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Novas manifestações contratuais
domingo, 7 de agosto de 2016 19:47
• CONTRATOS DE ADESÃO
○ Se apresenta com todas as cláusulas predispostas por uma das partes. A outra parte -
aderente - somente tem a alternativa de aceitar ou repelir o contrato
○ Para o consumidor comum, não se abre a discussão ou alteração das condições gerais
dos contratos ou das cláusulas predispostas.
○ Não é o único contrato com cláusulas predispostas
○ Art. 54, CDC
○ Art. 423: quando houver, no contrato de adesão, cláusulas ambíguas ou contraditórias,
dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente
• CONTRA-TIPO
○ Aproxima-se do contrato de adesão pela forma como se apresenta
○ Distingue-se do contrato de adesão porque suas cláusulas, ainda que predispostas,
decorrem da vontade paritária de ambas as partes
○ No contrato-tipo, o âmbito dos contratantes é identificável. No contrato de adesão, as
cláusulas apresenta-se predispostas a um número indeterminado e desconhecido, a
priori, de pessoas
○ Requer forma escrita, assim como o contrato de adesão
• CONTRATO COLETIVO
○ Forma eficaz de regulamentação da atividade entre patrões e empregados
○ Perfaz-se pelo acordo de vontades de duas pessoas jurídicas de Direito Privado. Neste
caso, há 'lei' resultante do contrato com relação às pessoas ligadas aos entes coletivos
participantes do negócio (ex.: associações e sindicatos)
• CONTRATO COATIVO
○ Não há como defender a autonomia de vontade se o contrato é imposto
○ São dessa natureza as relações entre as concessionárias de serviço público de
fornecimento de água, luz, esgoto, gás, telefone e o usuário
○ A empresa não pode recusar-se a contratar com o usuário, quando este se sujeita às
condições gerais e desde que existam condições materiais para a prestação do serviço
○ O usuário não pode prescindir desses serviços, nem mesmo, por vezes, recusá-los
○ Ambas as partes são forçadas a contratar
○ Existe, no fenômeno, aparência de contrato, e não contrato propriamente dito
• CONTRATO DIRIGIDO OU REGULAMENTADO
○ O Estado impõe determinada orientação, estabelecendo cláusulas ou proibindo-as, e
delimitando o âmbito da vontade privada
○ Ex.: tabelamentos de preços
Estado impõe preço mínimo ou máximo para certos bens ou serviços
○ Ex.: legislação do inquilinato e legislação bancária
○ Há normas impostas pelo Estado, de ordem pública
• RELAÇÕES NÃO CONTRATUAIS
○ O contrato NÃO é o único instrumento de circulação de riqueza
○ O direito de família e o direito das sucessões possuem outras formas de transmissão de
bens
○ Gentlemen's agreement
Acordo de cavalheiros
Acordo que não tem força sancionatória direta
Surgimento no direito anglo-saxão
Os instrumentos econômicos postos à disposição das partes são suficientes para
desprezar o emaranhado do contrato
O contrato pode ser fator de lentidão na consecução dos fins almejados,
aumentando os custos
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Classificação dos contratos
terça-feira, 16 de agosto de 2016 15:34
Página 6 de Civil II
contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou
tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar -se
à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete
ou dê garantia bastante de satisfazê-la
□ = compensação
Compensação: forma de extinção de obrigações, pois há um
encontro de débitos e créditos entre as partes
Exceção de contrato não cumprido NÃO É MEIO DE EXTINÇÃO da
obrigação; a obrigação não é extinta; é uma forma de obrigar o
devedor a cumprir a obrigação
Todo contrato bilateral pode ser desfeito quando há inadimplemento
□ Cláusula resolutória implícita - permite a rescisão
○ Pode o contrato estipular que uma das partes, ou ambas, abram mão do direito
assegurado pelo 476 - ficar obrigada a cumprir sua obrigação contratual, mesmo
perante o descumprimento da outra parte?
Cláusula solve et repete
Cláusula que importa numa renúncia à oposição da exceção de contrato não
cumprido
Cláusula comum em contratos administrativos (cláusulas exorbitantes - o Estado
mune-se de direitos não conferidos ao particular contratante, atribuindo-se
vantagens unilaterais no contrato)
Nos contratos de direito privado, deve ser evitada, porque desequilibra o
contrato bilateral
CDC, art. 51: considera tais cláusulas nulas de pleno direito ("desvantagem
exagerada")
• Contrato plurilateral
○ Manifestação de mais de duas vontades
○ Cada parte adquire direitos e contrai obrigações com ralação a TODOS OS OUTROS
CONTRATANTES
○ Há um feixe de obrigações entrelaçadas e não uma oposição pura e simples de um
grupo de contratantes perante outro
○ Admite-se a possibilidade de ingresso e retirada das partes contratantes, no curso do
contrato
○ Contrato aberto
○ Regra geral, o descumprimento por uma das partes não autorizará a paralisação do
cumprimento pelas demais, a não ser que diga respeito à própria razão de ser do
negócio
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Classificação dos contratos II
quarta-feira, 17 de agosto de 2016 10:21
• Gratuitos e onerosos
○ Gratuitos:
Toda a carga de responsabilidade contratual fica por conta de um dos contratantes; o outro só pode auferir benefícios do negó cio
= contratos benéficos
Doação sem encargo, comodato, mútuo sem pagamento de juros, depósito e mandato gratuitos
Redução do patrimônio de uma das partes, em benefício da outra, cujo patrimônio se enriquece
NÃO DEIXA DE SER GRATUITO o contrato que circunstancialmente impõe deveres à parte beneficiada
□ Não tem caráter de contraprestação
Interpretação restritiva - art. 114: Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
□ Na dúvida, não se amplia o alcance de um contrato benéfico
○ Onerosos:
Ambos os contratantes têm direitos e deveres, vantagens e obrigações
Nem sempre a carga de responsabilidade é a mesma para ambos
Contraprestação que se segue à prestação
Permuta, compra e venda, locação, empreitada
TODO CONTRATO BILATERAL É ONEROSO, porque as responsabilidades do negócio distribuem -se pelos contratantes
Existem contratos unilaterais que são onerosos, como o mútuo feneratício (empréstimo de dinheiro), por exemplo, em que se con venciona o pagamento de
juros
○ Como regra geral, o contratante beneficiado NÃO TEM A MESMA PROTEÇÃO do contratante onerado. Havendo de escolher entre o interesse de quem procura
assegurar um lucro e o de quem busca evitar um prejuízo, é o interesse deste último que o legislador prefere.
Em sede de atos ilícitos, a conduta do onerado no contrato gratuito deve ser vista com maiores rebuços, respondendo ele apena s por dolo, já que o
beneficiado somente procura assegurar um lucro.
○ O doador não está sujeito à evicção (art. 552), a qual somente se aplica aos contratos onerosos, tampouco a ações decorrentesde vícios redibitórios
Não se pode pedir indenização por ter recebido a coisa doada com defeito, a não ser que tenha ocorrido dolo por parte do doad or
Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício redibitório . Nas doações para
casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.
• Comutativos e aleatórios
○ Subdivisão de contratos ONEROSOS
○ Comutativo:
Os contratantes conhecem, ex radice (de raiz), suas respectivas prestações
As partes têm conhecimento do que têm que dar e receber
Um contrato que normalmente é comutativo, como o de compra e venda, pode ser transformado em aleatório pela vontade das parte s, como a aquisição de
uma futura colheita
○ Aleatório:
Ao menos o conteúdo da prestação de uma das partes é desconhecido quando da elaboração da avença
O contrato pode ser aleatório por sua própria natureza, ou resultar da vontade das partes
Por natureza: contratos de seguro, jogo e aposta, incluindo-se nessas natureza as loterias, rifas, lotos e similares, e o contrato de constituição de renda
Seção VII, CC: dos contratos aleatórios
□ Trata não apenas de contratos de compra e venda, mas de todo contrato que tenha por objeto uma prestação sujeita à sorte, ao risco
Art. 458: Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro
direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a
existir.
□ Contrato emptio spei, venda de coisa esperada
□ As coisas que servem de objeto à prestação podem vir a não existir
□ Ex.: compra da rede do pescador. Pode ocorrer de o arremesso da rede nada captar. Mesmo que peixe algum venha na rede, vale e tem eficácia o
contrato, sendo devido o preço, pois foi, na realidade, uma esperança que se adquiriu
Art. 459: Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também
direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
□ Emptio rei speratae: risco diz respeito à quantidade, apenas
□ As partes podem combinar uma quantidade e um pagamento mínimos
□ Ex.: compra de colheita cuja quantidade se desconhece
□ Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido
Art. 460: Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a
todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
□ Mister que o contratante não saiba da inexistência das coisas quando do contrato, caso contrário, estará agindo de má fé
□ Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro
contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
□ O risco é da existência total ou parcial das coisas. Não se confunde com vícios ocultos da própria coisa
○ Somente os contratos COMUTATIVOS estão sujeitos à lesão (doutrina)
Porém, havendo abuso exagerado de uma das partes, mesmo no contrato aleatório pode ter campo a lesão, se uma das prestações é muito desproporcional
em relação à situação do contrato
○ Prescrição e vícios redibitórios --> arts. 178, § 5.º, IV, CC/16 e art. 441, respectivamente
Fala-se em contrato comutativo, não se aplicando, a contrário senso, aos contratos aleatórios
○ Contrato aleatório =/ contrato condicional
No contrato condicional, a condição é aposta pelas partes como seu elemento acidental, quer seja ela resolutiva ou suspensiva . Nos contratos aleatórios, a
incerteza é seu elemento estrutural
No contrato condicional, ambas as partes poderão ter lucro, sem que o ganho de uma represente a perda do outro; já no contrat o aleatório, em regra o
ganho de um representa a perda do outro;
No condicional, o evento deverá ser sempre incerto e futuro. No aleatório o evento poderá ser pretérito, desde que desconhecido o resultado pelas partes,
remetendo para o futuro o risco.
• Típicos e atípicos - nominados e inominados
○ Direito romano: distinguiam-se pela existência de nome ou não
Os nominados eram formas contratuais completas, geradoras de efeitos jurídicos plenos; eram protegidos por ações, possibilita ndo a execução coativa
Não havia, a princípio, proteção aos contratos inominados
○ No direito atual, não há distinção quando à forma de tratamento. O contrato faz lei entre as partes, pouco importando se ele é nominado ou inominado
○ Inominado: contrato para o qual a lei não dá uma denominação
Às vezes é mencionado pela lei, mas não é regulado por ela. Por isso, o nome mais correto é "atípico"
O contrato será atípico quando for regulado por normas gerais, e não por normas específicas
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O contrato será atípico quando for regulado por normas gerais, e não por normas específicas
A reiteração social de uma forma contratual força o legislador a tipificá-lo
Para a disciplina jurídica dos contratos atípicos, normalmente, a doutrina refere -se a 3 teorias:
□ Teoria da absorção
Deve-se procurar a categoria de contrato típico mais próxima para aplicar seus princípios
□ Teoria da extensão analógica
Aplicam-se os princípios dos contratos que guardam certa semelhança
□ Teoria da combinação
Procura aplicar os princípios de cada contrato típico envolvido
Os contratos atípicos devem ser examinados de acordo com a intenção das partes e os princípios gerais que regem os negócios j urídicos e os contratos em
particular
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Classificação dos contratos III
quarta-feira, 17 de agosto de 2016 15:32
• Consensuais e reais
○ Consensuais: quando se aperfeiçoam pelo mero consentimento, manifestação de vontade contratual, seja esta formal ou não.
○ Reais: contratos que só se aperfeiçoam com a entrega da coisa que constitui seu objeto. O Mero acordo entre as partes é insuficiente para ter-se o
contrato como cumprido
Geralmente, são UNILATERAIS, porque a entrega da coisa, essencial para sua formação, não significa um começo de execução. Se não houver a
entrega da coisa, existirá, quando muito, um pré-contrato inominado. Como a tradição da coisa é essencial no contrato real, integra ela o
requisito de existência do negócio. O contrato NÃO SE FORMA quando não existe a entrega da coisa
• Solenes e não solenes - formais e não formais
○ O contrato só deverá obrigatoriamente conter uma forma se assim for determinado pela lei. Na omissão legal quanto à predeterminação da forma, o
contrato vale e é eficaz, qualquer que seja sua forma.
○ Formais: contratos cuja validade depender da observância de uma forma preestabelecida pela lei (art. 107)
Contratos que são, além de formais, solenes: se não obedecidas as formalidades, o negócio carece de efeito, como ocorre na alienação de
imóveis de valor superior ao legal
Há situações em que a formalidade é exigida para prova do negócio. Nesses casos, o negócio é válido e surte efeitos
□ Na dúvida em saber se a forma é essencial como solenidade ou somente para a prova, propende-se para a última hipótese, para ser mais
favorável à validez do ato e à natureza do consensualismo
Contrato solene: exige escritura pública. A ausência de forma torna-o nulo
Formais: exigem forma escrita. Nem sempre ocorrerá nulidade, e a relação jurídica gerará efeito entre as partes, quando houver preterição de
formalidade
As partes podem, por sua vontade, determinar que um contrato seja formal. A inobservância da regra invalidará o contrato, já que se leva em
conta a autonomia da vontade dos contratantes.
Um contrato do tipo solene não poderá ter validade com preterição das formalidades, ainda que as partes assim o queiram
• Principais e acessórios
○ Um contrato será PRINCIPAL quando não depende juridicamente de outro
○ Será acessório quando tem dependência jurídica de outro
Ex. de contrato acessório: fiança. Essa só existe para garantir outro contrato ou outra obrigação. Desaparece, se nada mais houver a garantir
O contrato acessório não tem autonomia
Nula a obrigação principal, desaparece o contrato acessório, porém a nulidade do contrato acessório não contamina o contrato principal
Prescrita a obrigação principal, desaparece o contrato acessório
• Instantâneos e de duração
○ De execução instantânea: quando as partes adquirem e cumprem seus direitos e obrigações no mesmo momento da celebração do contrato
Compra e venda a vista
○ Execução diferida: as partes adiam o cumprimento de suas obrigações para um momento posterior ao contrato (???)
○ De duração: se alongam no tempo
○ Nos contratos instantâneos, a resolução por inexecução deve recolocar as partes no estado anterior, enquanto nos contratos de duração os efeitos já
produzidos não devem ser atingidos pela resolução.
○ Nos contratos de duração, o prazo prescritivo começa a fluir da data em que cada prestação é exigível.
• Por prazo determinado e por prazo indeterminado
• Pessoais e impessoais
○ Intuitu personae: a pessoa do contratado é FUNDAMENTAL
Geralmente, obrigação de fazer
Leva-se em conta o fator subjetivo da confiança ou qualidade técnica ou artística da parte
Há contratos que o são por sua própria natureza: contratação de um ator ou escultor de renome.
Outros se tornam assim por vontade das partes
Se a obrigação é de dar, não há, como regra geral, que a tornar pessoal, já que qualquer pessoa poderá cumprir o que consta no objeto do
contrato
O devedor é insubstituível, e a impossibilidade ou negativa do cumprimento de sua parte extinguirá a obrigação, substituindo-se por
indenização por perdas e danos SE HOUVER CULPA
○ Contratos impessoais: as obrigações alcançam os herdeiros, em caso de morte
• Civis e mercantis
• Contrato preliminar
○ Promessa de contrato, compromisso, contrato preparatório, pré-contrato
○ Categoria que engloba todos os contratos que antecedem a realização de outro contrato
○ =/ negociações preliminares
As negociações preliminares, em regra, não geram direitos
○ O efeito vinculativo NEGOCIAL só ocorre a partir do pré-contrato, embora exista inelutavelmente uma responsabilidade pré-contratual
○ São requisitos do pré-contrato os mesmos dos contratos e negócios jurídicos em geral
- Art. 462, CC
• Contratos derivados - subcontratos
• Autocontrato
Página 10 de Civil II
Responsabilidade contratual, pré-contratual e pós-
contratual
terça-feira, 6 de setembro de 2016 09:42
Página 11 de Civil II
Formação dos contratos no direito civil
quinta-feira, 8 de setembro de 2016 21:53
• Manifestação da vontade
○ Requisito mais importante de existência do NJ
○ A vontade só se torna apta produzir efeitos neste momento - de exteriorização
○ O contrato é um ACORDO DE VONTADES que tem por fim CRIAR, MODIFICAR ou EXTINGUIR direitos.
○ NJ bilateral
○ A manifestação da vontade pode ser expressa ou tácita. Poderá ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa (CC, art. 111)
Tácita: o que se infere da conduta do agente
O SILÊNCIO pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, se nã o for necessária a
declaração expressa; quando a lei autorizar; ou quando tal efeito ficar convencionado em um pré -contrato
• Noções preliminares
○ A formação do contrato pressupõe a ocorrência de 2 manifestações de vontade:
PROPOSTA
□ = oferta, policitação ou OBLAÇÃO
□ Dá início à formação do contrato
□ Não depende, em regra, de forma especial
ACEITAÇÃO
○ Negociações preliminares:
= fase de puntuação
Sondagem de informações e condições necessárias para a equalização dos interesses dos contratantes
Em regra, não vinculam as partes - se não houve consentimento
Exceções:
□ Expectativa de contratar: pode gerar responsabilidade civil pré-contratual
A responsabilização ocorre quando se constata que houve deliberada intenção, com a falsa manifestação de interesse, de causar dano
ao outro contratante
Ilícito civil - art. 186, CC
□ Respons. Civil pré-contratual, pautada no dolo ou na culpa, sempre que a conduta causar prejuízos --> princípio da BOA-FÉ OBJETIVA
□ Art. 422: embora não haja menção expressa, estão compreendidas as tratativas preliminares, antecedentes do contrato
○ A proposta
É ato unilateral, que cria para o proponente a obrigação de cumpri -la --> TEM FORÇA VINCULANTE
Traduz uma vontade definitiva de contratar
Arts. 427, 428, CC
Deve ser inequívoca, precisa e completa
É receptícia - SÓ PRODUZ EFEITOS AO SER RECEBIDA PELA OUTRA PARTE
Proposta não obrigatória:
□ Se contiver cláusula expressa a respeito:
Ex.: proposta sujeita a confirmação
□ Em razão da natureza do negócio:
Ex.: propostas aberta ao público (limitadas ao estoque existente)
□ Em razão das circunstâncias do caso
Se for feita sem prazo determinado a uma pessoa presente, não sendo imediatamente aceita
◊ Considera-se também presente “a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante”
◊ Presente é aquele que conversa diretamente com o policitante, mesmo que por algum outro meio mais moderno de
comunicação a distância, e não só por telefone, e ainda que os interlocutores estejam em cidades, Estados ou países diferentes
◊ O mesmo não deve suceder com a proposta feita por via de e-mail, não estando ambos os usuários da rede simultaneamente
conectados.
Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente
Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado
Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente
◊ a lei permite ao proponente a faculdade de retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse sentido. Todavia, para que se
desobrigue, e não se sujeite às perdas e danos, é necessário que a retratação chegue ao conhecimento do aceitante antes da
proposta ou simultaneamente com ela, “casos em que as duas declarações de vontade (proposta e retratação), por serem
contraditórias, nulificam-se e destroem-se reciprocamente. Não importa de que via ou meio se utiliza o proponente (carta,
telegrama, mensagem por mão de próprio etc.)”.
Oferta ao pública
□ Art. 429, CC
□ Equivale à proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos locais
Só é proposta, em sentido técnico, a declaração de vontade dirigida por uma parte à outra com a intenção de provocar uma ades ão do destinatário
à proposta
Sua eficácia depende da declaração do oblato
Não perde o caráter de negócio jurídico receptício se for endereçada não a uma pessoa determinada, mas assumir a forma de ofe rta aberta ao
público, como nos casos de mercadorias expostas em vitrinas, feiras ou leilões com o preço à mostra, bem como em licitações e tomadas de preços
para contratação de serviços e obras
A proposta se transmite aos herdeiros como qualquer outra obrigação. Estes somente poderão retratar -se na forma do art. 428, IV, do novo
diploma. O princípio, como adverte Sílvio Venosa, evidentemente não se aplica a uma proposta de obrigação personalíssima
• Aceitação
○ É ato pelo qual o oblato CONCORDA com os termos da proposta
○ Implica na formação do contrato
○ Deve ser:
Oportuna (tempestiva)
Integral
Sem ressalvas
○ Pode ser:
Expressa
Tácita
Página 12 de Civil II
Tácita
○ Inexistência de força vinculante da aceitação:
Se a aceitação chegar tarde ao proponente - 430, primeira parte
□ Se, embora expedida no prazo, a aceitação chegou tardiamente ao conhecimento do policitante, quando este, estando liberado em virtude
do atraso involuntário, já celebrara negócio com outra pessoa, a circunstância deverá ser, sob pena de responder por perdas e danos,
imediatamente comunicada ao aceitante, que tem razões para supor que o contrato esteja concluído e pode realizar despesas que repute
necessárias ao seu cumprimento
□ Proponente deve comunicar imediatamente ao oblato, sob pena de responder por perdas e danos
Arrependimento do aceitante
□ A aceitação será considerada inexistente se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante
○ Contraproposta
A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou manifestações, importará nova proposta - art. 431
○ Formulação da vontade concordante do oblato, feita DENTRO DO PRAZO e envolvendo adesão INTEGRAL à proposta recebida
○ Aceitação tácita: cabe quando o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou quando o proponente a tiver dispensado
• Momento de conclusão do contrato
○ Instante em que o contrato se torna perfeito e acabado, compelindo as partes à execução das obrigações assumidas
○ Entre PRESENTES:
Proposta SEM PRAZO --> a aceitação deve ser IMEDIATA. Caso contrário, perde a força vinculante
Proposta COM PRAZO --> a aceitação deverá ocorrer dentro do prazo estipulado, caso contrário, desvincula o proponente
○ Entre AUSENTES:
Art. 434, I a III, CC
É o contrato celebrado por correspondência (carta, telegrama, email, fax...) ou por intermediários
Tornam-se perfeitos, como regra, desde que a aceitação é EXPEDIDA
Não se considera concluído se a retratação chegar antes ou junto com a aceitação
Teorias:
□ Teoria da EXPEDIÇÃO:
Adotada pelo CC
É necessário que a resposta seja expedida
Tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida
Para Caio Mário: teoria da expedição MITIGADA --> incisos II e III: teoria da recepção
□ Teoria da RECEPÇÃO:
Considera a entrega ao destinatário
Parte da doutrina entende que o CC, ao permitir a retratação da aceitação, na verdade, filiou -se à teoria da recepção
□ Teoria da COGNIÇÃO (informação):
É o momento da chegada da resposta ao conhecimento do policitante que faz com que a convenção se repute concluída. Não basta a
correspondência ser entregue ao destinatário. O aperfeiçoamento do contrato se dará somente no instante em que o policitante abri-la
e tomar conhecimento do teor da resposta
□ Teoria da AGNIÇÃO (declaração):
O instante da conclusão coincide com o da redação da correspondência epistolar
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Formação do contrato
sábado, 10 de setembro de 2016 11:47
• Lugar da celebração
○ Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto (art. 435, CC)
Regra dispositiva. As partes podem dispor de modo diverso
○ As partes podem eleger o foro competente - foro de eleição. Autonomia da vontade
○ O problema tem relevância na apuração do foro competente e, no campo do direito
internacional, na determinação da lei aplicável.
Art. 9.º, §2.º, LINDB: a obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no
lugar em que residir o proponente
• Formação dos contratos pela internet
○ Semy Glanz: contrato eletrônico é aquele celebrado por meio de programas de
computador ou aparelhos com tais programas. Dispensa assinatura ou exige assinatura
codificada ou senha..."
○ A transação eletrônica realizada entre brasileiros está sujeita aos mesmos princípios e
regras aplicáveis aos demais contratos aqui celebrados
○ No entanto, o contrato de consumo eletrônico internacional obedece ao disposto no art.
9.º, §2.º, LINDB, que determina a aplicação, à hipótese, da lei do domicílio do
proponente. Se um brasileiro faz aquisição de algum produto oferecido pela internet por
empresa estrangeira, o contrato então celebrado rege-se pelas leis do país do
contratante que fez a oferta/proposta
○ Presentes ou ausentes?
A contratação por computadores, assim como pelos aparelhos de fax, será entre
presentes ou entre ausentes, dependendo do posicionamento das partes quando
das remessas das mensagens e documentos”
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