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CONTRATOS

domingo, 7 de agosto de 2016 15:53

• NEGÓCIO JURÍDICO E CONTRATO


○ Quando o ser humano usa de sua MANIFESTAÇÃO DE CONTADE com a INTENÇÃO
precípua de gerar EFEITOS JURÍDICOS, a expressão dessa vontade constitui-se num
NEGÓCIO JURÍDICO.
○ NJ: todo ato LÍCITO, que tenha por FIM IMEDIATO adquirir, resguardar, transferir,
modificar ou extinguir direitos.
 Art. 81, CC 1916 e art. 104 e seguintes do CC 2002.
○ As verdadeiras regras gerais do direito contratual são as mesmas para todos os negócios
jurídicos e estão situadas na parte geral do CC, que ordena a real teoria dos negócios
jurídicos.
• CONTRATO NO CÓDIGO FRANCÊS
○ Código napoleônico foi a primeira grande codificação moderna. Espelha a vitória obtida
pela burguesia, na revolução de 1789
○ O contrato vem disciplinado no livro terceiro, dedicado aos "diversos modos de
aquisição da propriedade"
○ O contrato é servil à aquisição da propriedade e, por si só, é suficiente para essa
aquisição. O contrato é mero INSTRUMENTO para se chegar à propriedade. Meio de
circulação de riquezas.
○ Todas as codificações que se seguiram no século XIX navegaram em águas do modelo
francês
○ O contrato é posto como ponto máximo do individualismo. VALE E É OBRIGATÓRIO,
PORQUE ASSIM FOI DESEJADO PELAS PARTES. Não há outras limitações para o contrato
que não aquelas fundadas em interesse público
○ Opera a transferência dos direitos reais, porque está ligado à propriedade.
• CONTRATO NO CÓDIGO CIVIL ALEMÃO E A ASSIMILAÇÃO DE SEU CONCEITO
○ Foi editado quase um século após o Código Francês; estampa o direito de um outro
momento histórico
○ É também um estatuto burguês (capitalista)
○ o contrato é uma SUBESPÉCIE da espécie maior, NEGÓCIO JURÍDICO
○ Traz regras dedicadas ao contrato em geral e a cada espécie de contrato descrito na lei,
além de regras que se aplicam ao negócio jurídico em geral
○ O contrato, por si só, NÃO TRANSFERE A PROPRIEDADE. É veículo de trnasferência, mas
não o opera
• ANTECEDENTES HISTÓRICOS
○ Contractus = unir, contrair
• HISTORICIDADE DO CONCEITO DE CONTRATO. EVOLUÇÃO. CRISE DO CONTRATO
○ O contrato essencialmente privado e paritário ocupa hoje parcela muito pequena do
mundo negocial, embora não tenha desaparecido
○ A atual dinâmica social, no entanto, relega a plano secundário esse contrato. Cada vez
mais raramente, contrata-se com uma pessoa física. Os contratos são negócios de
massa. O mesmo contrato, com cláusulas idênticas, é imposto a número indeterminado
de pessoas que necessitam de certos bens ou serviços.
○ Sociedade contemporânea: imediatista e consumista. Os bens e serviços são adquiridos
para serem prontamente utilizados e consumidos. Rareiam os bens duráveis; as coisas
tornam-se descartáveis
○ Novos desafios para o jurista, advindos da celeridade das relações que se desenvolvem
na atualidade.
○ O contrato deve ser cumprido não unicamente em prol do credor, mas como benefício
da sociedade. Qualquer obrigação descumprida representa uma moléstia social e não
prejudica unicamente o credor ou o contratante isolado, mas toda uma comunidade
Diante deste cenário, o legislador pátrio, procurando incluir na norma a realidade em

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○ Diante deste cenário, o legislador pátrio, procurando incluir na norma a realidade em
que vivemos, fez presentes, no CC, em seu art. 421, a limitação da liberdade de
contratar e a função social do contrato. Isso representa clara preocupação com a tutela
dos interesses sociais daqueles que se veem cotidianamente contratando.
 A função social trata-se de uma responsabilização da sociedade que não
desemboca em discricionariedade do juiz, como a princípio possa parecer, mas em
um desafio permanente para os operadores do direito, que terão de iluminar a
apontar novos caminhos, diversos dos princípios tradicionais
○ Declínio do CONCEITO ORIGINÁRIO DE NEGÓCIO JURÍDICO. A autonomia da vontade não
mais se harmoniza com o novo direito dos contratos.
 A economia de massa exige contratos impessoais e padronizados
 O Estado, por sua vez, com muita frequência ingressa na relação contratual
privada, proibindo ou impondo cláusulas.
 O binômio liberdade-igualdade que forjou o liberalismo no direito das obrigações
tende a DESAPARECER
 A vontades que se impõem, quer pelo poder econômico, quer pelo poder político
 A força obrigatória dos contratos não se aprecia tanto à luz de um dever moral de
manter a palavra empenhada, mas sob o aspecto de realização do BEM COMUM E
DE SUA FINALIDADE SOCIAL.
• CONTRATO NO CDC
○ Temas inovadores: responsabilidade objetiva pelo fato do produto ou do serviço,
práticas abusivas, proteção contratual, instrumentos processuais permitindo a ação
coletiva...
○ No que tange aos contratos:
 Princípio geral da boa fé
□ Art. 51, IV
 Princípio da obrigatoriedade da proposta
□ Art. 51, VIII
 Princípio da intangibilidade das convenções
□ Art. 51, X, XI, XIII
 Cláusulas abusivas
□ Elenco exemplificativo
□ Prejudicam de forma exorbitante o consumidor no confronto entre os
direitos e obrigações de ambas as partes contratantes, ferindo o princípio da
boa-fé.

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Princípios gerais do direito contratual
domingo, 7 de agosto de 2016 18:24

• AUTONOMIA DA VONTADE
○ Inspirado no Código francês
○ Contrato faz lei entre as partes
○ Hoje: desapareceu o liberalismo que colocou a vontade como o centro de todas as
avenças
○ 2 aspectos:
 Liberdade propriamente dita de contratar ou não, estabelecendo-se o conteúdo
do contrato
 Escolha da MODALIDADE DO CONTRATO
□ A liberdade contratual permite que as partes se valham dos modelos
contratuais constantes do ordenamento jurídico (contratos típicos), ou
crime uma modalidade de contrato de acordo com suas necessidades
(contratos atípicos)
○ Em tese, a vontade contratual somente sofre limitação perante uma norma de ordem
pública. Na prática, existem imposições econômicas que dirigem essa vontade.
 A interferência do Estado na relação contratual privada mostra-se crescente e
progressiva.
○ No ordenamento, há normas cogentes que NÃO poderão ser tocadas pela vontade das
partes, e normas supletivas que operarão no silêncio dos contratantes
○ Art 421, CC/02: a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função
social do contrato
• FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS
○ Um contrato VÁLIDO e EFICAZ deve ser cumprido pelas partes: pacta sunt servanda --> o
acordo de vontade faz lei entre as partes
○ Decorre desse princípio a INTANGIBILIDADE DO CONTRATO
 Ninguém pode alterar unilateralmente o conteúdo do contrato, nem pode o juiz,
como princípio, intervir nesse conteúdo. Regra geral
• PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS
○ Regra geral: o contrato só ata aqueles que dele participaram. Seu efeitos não podem,
EM PRINCÍPIO, nem prejudicar, nem aproveitar a terceiros
○ Com relação a terceiros, o contrato é RES INTER ALIOS ACTA, ALIIS NEQUE NOCET
NEQUE POTEST
○ No entanto, há obrigações que estendem seus efeitos a terceiros: efeitos EXTERNOS
 Ex.: estipulações em favor de terceiro (art. 436 a 438)
○ O princípio da relatividade não se aplica somente às partes, mais também ao objeto do
contrato
 O contrato sobre bem que não pertence aos sujeitos não atinge terceiros
 Essa regra geral também pode sofrer exceções
○ Conclusão: o contrato NÃO possui efeito com relação a terceiros, A NÃO SER EM
CASOS PREVISTOS POR LEI
○ Parte contratual = aquele que estipulou diretamente o contrato, esteja ligado ao vínculo
negocial emergente e seja destinatário de seus efeitos finais
○ Terceiro = quem quer que apareça estranho ao pactuado, ao vínculo e aos efeitos finais
do negócio
○ Contratos têm repercussões reflexas, as quais, ainda que indiretamente, tocam terceiros
• PRINCÍPIO DA BOA-FÉ NOS CONTRATOS
○ Boa-fé: não se desvincula do exame da função social
○ Inspiração no código italiano
○ Importância com relação à responsabilidade pré-contratual
○ Dever das partes de agir de forma correta, eticamente aceita, antes, durante e depois
do contrato, porque, mesmo após o cumprimento de um contrato, podem sobrar-lhes
efeitos residuais

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efeitos residuais
○ Exame do elemento SUBJETIVO de cada contrato, ao lado da conduta OBJETIVA das
partes
○ Condições em que o contrato foi firmado, nível sociocultural dos contratantes, momento
histórico e econômico devem ser avaliados
○ Art. 422, CC: boa-fé objetiva
 Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como
em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé
 Trata-se de CLÁUSULA GERAL (denominação doutrinária)
 = cláusula aberta
 Dispositivo que deve ser amoldado ao caso concreto
○ Boa fé OBJETIVA =/ BOA FÉ SUBJETIVA
 Subjetiva: o manifestante de vontade crê que sua conduta é correta, tendo em
vista o grau de conhecimento que possui de um negócio. Para ele, há um estado
de consciência ou aspecto psicológico que deve ser considerado.
 Objetiva: o intérprete parte de um padrão de conduta comum, do homem médio,
naquele caso concreto, levando em consideração os aspectos sociais envolvidos.
Traduz-se de forma mais perceptível como uma regra de conduta, um dever de
agir de acordo com determinados padrões sociais estabelecidos e reconhecidos
 Art. 113: os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os
usos do lugar e sua celebração
 Art. 187
○ De acordo com o CC, há 3 funções nítidas no conceito de boa-fé objetiva:
 Função interpretativa (art. 113)
 Função de controle dos limites do exercício de um direito (187)
 Função de integração do negócio jurídico (422)
○ FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO
 Norteia a liberdade de contratar, segundo o art. 421
 Na contemporaneidade, a autonomia da vontade clássica é substituída pela
autonomia privada, sob a égide de um interesse social
 Liberdade de contratar sob o freio da função social
 O fenômeno do interesse social na vontade privada negocial não decorre
unicamente do intervencionismo do Estado nos interesses privados, com o
chamado dirigismo contratual, mas da própria modificação de conceitos históricos
em torno da propriedade
• PROIBIÇÃO DE COMPORTAMENTO CONTRADITÓRIO (VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM)
○ No conceito de boa-fé objetiva, ingressa como forma de sua antítese, ou exemplo de
má-fé objetiva, o que se denomina proibição de comportamento contraditório
 Circunstância de um sujeito de direito buscar favorecer-se em processo judicial,
assumindo conduta que contradiz outra que a precede no tempo e assim constitui
um proceder injusto e, portanto, inadmissível
 Trata-se de um imperativo em prol da credibilidade e da segurança das relações
sociais e consequentemente das relações jurídicas que o sujeito observe um
comportamento coerente, como um princípio básico de convivência. O
fundamento situa-se no fato de que a conduta anterior gerou, objetivamente,
confiança em quem recebeu reflexos dela.
 O comportamento contraditório se apresenta no campo jurídico como uma
conduta ilícita, passível mesmo, conforme a situação concreta de prejuízo, de
indenização por perdas e danos.
○ Contradição objetiva
○ Violação de expectativas despertadas em outrem, causando prejuízos

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Novas manifestações contratuais
domingo, 7 de agosto de 2016 19:47

• CONTRATOS DE ADESÃO
○ Se apresenta com todas as cláusulas predispostas por uma das partes. A outra parte -
aderente - somente tem a alternativa de aceitar ou repelir o contrato
○ Para o consumidor comum, não se abre a discussão ou alteração das condições gerais
dos contratos ou das cláusulas predispostas.
○ Não é o único contrato com cláusulas predispostas
○ Art. 54, CDC
○ Art. 423: quando houver, no contrato de adesão, cláusulas ambíguas ou contraditórias,
dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente
• CONTRA-TIPO
○ Aproxima-se do contrato de adesão pela forma como se apresenta
○ Distingue-se do contrato de adesão porque suas cláusulas, ainda que predispostas,
decorrem da vontade paritária de ambas as partes
○ No contrato-tipo, o âmbito dos contratantes é identificável. No contrato de adesão, as
cláusulas apresenta-se predispostas a um número indeterminado e desconhecido, a
priori, de pessoas
○ Requer forma escrita, assim como o contrato de adesão
• CONTRATO COLETIVO
○ Forma eficaz de regulamentação da atividade entre patrões e empregados
○ Perfaz-se pelo acordo de vontades de duas pessoas jurídicas de Direito Privado. Neste
caso, há 'lei' resultante do contrato com relação às pessoas ligadas aos entes coletivos
participantes do negócio (ex.: associações e sindicatos)
• CONTRATO COATIVO
○ Não há como defender a autonomia de vontade se o contrato é imposto
○ São dessa natureza as relações entre as concessionárias de serviço público de
fornecimento de água, luz, esgoto, gás, telefone e o usuário
○ A empresa não pode recusar-se a contratar com o usuário, quando este se sujeita às
condições gerais e desde que existam condições materiais para a prestação do serviço
○ O usuário não pode prescindir desses serviços, nem mesmo, por vezes, recusá-los
○ Ambas as partes são forçadas a contratar
○ Existe, no fenômeno, aparência de contrato, e não contrato propriamente dito
• CONTRATO DIRIGIDO OU REGULAMENTADO
○ O Estado impõe determinada orientação, estabelecendo cláusulas ou proibindo-as, e
delimitando o âmbito da vontade privada
○ Ex.: tabelamentos de preços
 Estado impõe preço mínimo ou máximo para certos bens ou serviços
○ Ex.: legislação do inquilinato e legislação bancária
○ Há normas impostas pelo Estado, de ordem pública
• RELAÇÕES NÃO CONTRATUAIS
○ O contrato NÃO é o único instrumento de circulação de riqueza
○ O direito de família e o direito das sucessões possuem outras formas de transmissão de
bens
○ Gentlemen's agreement
 Acordo de cavalheiros
 Acordo que não tem força sancionatória direta
 Surgimento no direito anglo-saxão
 Os instrumentos econômicos postos à disposição das partes são suficientes para
desprezar o emaranhado do contrato
 O contrato pode ser fator de lentidão na consecução dos fins almejados,
aumentando os custos

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Classificação dos contratos
terça-feira, 16 de agosto de 2016 15:34

• Classificação: trabalho doutrinário


• O contrato somente pode ter uma única classificação em cada categoria: ou é gratuito ou é
oneroso; não podendo ser em parte oneroso e em parte gratuito
• Direito romano:
○ Eram 4 as categorias:
 Reais, orais, literais e consensuais
 Reais --> implicam a entrega de uma coisa, de um contratante para outro
 Orais --> se formam com o pronunciamento de certas palavras. A obrigação
nasce de uma resposta que o futuro devedor dá a uma pergunta do futuro credor
 Literais --> são os que necessitam da escrita
 Consensuais --> se perfazem pelo simples consentimento das partes,
independentemente de qualquer forma oral ou escrita ou da entrega da coisa.
• Contratos unilaterais e bilaterais (classificação quanto à carga de obrigações das partes)
○ Não diz respeito ao número de contratantes - contratos têm sempre, pelo menos,
duas partes
○ = contrato com prestações a cargo de uma das partes (unilaterais) e contratos com
prestações recíprocas (bilaterais)
○ Bilaterais
 No momento de sua feitura, atribuem obrigações a ambas as partes, ou para
todas as partes intervenientes
 Ex.: compra e venda. O vendedor deve entregar a coisa e receber o preço; o
comprador deve receber a coisa e pagar o preço
 Cada contratante tem o direito de exigir o cumprimento do pactuado da outra
parte
 Característica: SINALAGMA --> DEPENDÊNCIA RECÍPROCA DE OBRIGAÇÕES
 Contratos SINALAGMÁTICOS
○ Unilaterais:
 Quando de sua formação só geram obrigações para uma das partes
 Ex.: doação. O donatário não tem obrigações
○ Há contratos unilaterais/bilaterais por natureza
○ As partes podem alterar a natureza primária de um contrato
 A doação pura e simples é contrato unilateral. A doação com encargo passa a ser
bilateral <---
○ Analisa-se a natureza do contrato no seu momento de criação
○ Por que é importante saber se um contrato é unilateral ou bilateral?
 Porque há um diferente enfoque de responsabilidade pelos riscos <---
 Art. 392, CC: Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante,
a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos
contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções
previstas em lei
 A lei trata com MAIOR RIGOR aquele que não possui a carga, o peso contratual
no contrato unilateral.
□ O doador só pode ser responsabilizado pelo perecimento da coisa doada se
agir com DOLO, não pode simples culpa.
□ O donatário responderá por simples CULPA
 Nos contratos bilaterais, AMBOS OS CONTRATANTES RESPONDEM POR CULPA,
FALANDO-SE DE CULPA CIVIL, que engloba culpa e dolo.
 Art. 476: Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a
sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
□ Nos contratos bilaterais, ambas as partes têm direitos e deveres
□ Permite a lei que o contratante suste sua parte no cumprimento até que o
outro contratante perfaça a sua
□ Se o contratante está em dia com o cumprimento de suas obrigações, pode
validamente exigir que o outro cumpra a avença no que lhe couber Exceção do contrato
□ Esse meio de defesa só é válido se as prestações são SIMULTANEAMENTE
exigíveis - uma prestação futura não pode servir de base de defesa
□ Art. 477: Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes
contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou
tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar -se
à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete
ou dê garantia bastante de satisfazê-la

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contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou
tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar -se
à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete
ou dê garantia bastante de satisfazê-la
□ = compensação
 Compensação: forma de extinção de obrigações, pois há um
encontro de débitos e créditos entre as partes
 Exceção de contrato não cumprido NÃO É MEIO DE EXTINÇÃO da
obrigação; a obrigação não é extinta; é uma forma de obrigar o
devedor a cumprir a obrigação
 Todo contrato bilateral pode ser desfeito quando há inadimplemento
□ Cláusula resolutória implícita - permite a rescisão
○ Pode o contrato estipular que uma das partes, ou ambas, abram mão do direito
assegurado pelo 476 - ficar obrigada a cumprir sua obrigação contratual, mesmo
perante o descumprimento da outra parte?
 Cláusula solve et repete
 Cláusula que importa numa renúncia à oposição da exceção de contrato não
cumprido
 Cláusula comum em contratos administrativos (cláusulas exorbitantes - o Estado
mune-se de direitos não conferidos ao particular contratante, atribuindo-se
vantagens unilaterais no contrato)
 Nos contratos de direito privado, deve ser evitada, porque desequilibra o
contrato bilateral
 CDC, art. 51: considera tais cláusulas nulas de pleno direito ("desvantagem
exagerada")
• Contrato plurilateral
○ Manifestação de mais de duas vontades
○ Cada parte adquire direitos e contrai obrigações com ralação a TODOS OS OUTROS
CONTRATANTES
○ Há um feixe de obrigações entrelaçadas e não uma oposição pura e simples de um
grupo de contratantes perante outro
○ Admite-se a possibilidade de ingresso e retirada das partes contratantes, no curso do
contrato
○ Contrato aberto
○ Regra geral, o descumprimento por uma das partes não autorizará a paralisação do
cumprimento pelas demais, a não ser que diga respeito à própria razão de ser do
negócio

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Classificação dos contratos II
quarta-feira, 17 de agosto de 2016 10:21

• Gratuitos e onerosos
○ Gratuitos:
 Toda a carga de responsabilidade contratual fica por conta de um dos contratantes; o outro só pode auferir benefícios do negó cio
 = contratos benéficos
 Doação sem encargo, comodato, mútuo sem pagamento de juros, depósito e mandato gratuitos
 Redução do patrimônio de uma das partes, em benefício da outra, cujo patrimônio se enriquece
 NÃO DEIXA DE SER GRATUITO o contrato que circunstancialmente impõe deveres à parte beneficiada
□ Não tem caráter de contraprestação
 Interpretação restritiva - art. 114: Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
□ Na dúvida, não se amplia o alcance de um contrato benéfico
○ Onerosos:
 Ambos os contratantes têm direitos e deveres, vantagens e obrigações
 Nem sempre a carga de responsabilidade é a mesma para ambos
 Contraprestação que se segue à prestação
 Permuta, compra e venda, locação, empreitada
 TODO CONTRATO BILATERAL É ONEROSO, porque as responsabilidades do negócio distribuem -se pelos contratantes
 Existem contratos unilaterais que são onerosos, como o mútuo feneratício (empréstimo de dinheiro), por exemplo, em que se con venciona o pagamento de
juros
○ Como regra geral, o contratante beneficiado NÃO TEM A MESMA PROTEÇÃO do contratante onerado. Havendo de escolher entre o interesse de quem procura
assegurar um lucro e o de quem busca evitar um prejuízo, é o interesse deste último que o legislador prefere.
 Em sede de atos ilícitos, a conduta do onerado no contrato gratuito deve ser vista com maiores rebuços, respondendo ele apena s por dolo, já que o
beneficiado somente procura assegurar um lucro.
○ O doador não está sujeito à evicção (art. 552), a qual somente se aplica aos contratos onerosos, tampouco a ações decorrentesde vícios redibitórios
 Não se pode pedir indenização por ter recebido a coisa doada com defeito, a não ser que tenha ocorrido dolo por parte do doad or
 Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da evicção ou do vício redibitório . Nas doações para
casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário.
• Comutativos e aleatórios
○ Subdivisão de contratos ONEROSOS
○ Comutativo:
 Os contratantes conhecem, ex radice (de raiz), suas respectivas prestações
 As partes têm conhecimento do que têm que dar e receber
 Um contrato que normalmente é comutativo, como o de compra e venda, pode ser transformado em aleatório pela vontade das parte s, como a aquisição de
uma futura colheita
○ Aleatório:
 Ao menos o conteúdo da prestação de uma das partes é desconhecido quando da elaboração da avença
 O contrato pode ser aleatório por sua própria natureza, ou resultar da vontade das partes
 Por natureza: contratos de seguro, jogo e aposta, incluindo-se nessas natureza as loterias, rifas, lotos e similares, e o contrato de constituição de renda
 Seção VII, CC: dos contratos aleatórios
□ Trata não apenas de contratos de compra e venda, mas de todo contrato que tenha por objeto uma prestação sujeita à sorte, ao risco
 Art. 458: Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro
direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a
existir.
□ Contrato emptio spei, venda de coisa esperada
□ As coisas que servem de objeto à prestação podem vir a não existir
□ Ex.: compra da rede do pescador. Pode ocorrer de o arremesso da rede nada captar. Mesmo que peixe algum venha na rede, vale e tem eficácia o
contrato, sendo devido o preço, pois foi, na realidade, uma esperança que se adquiriu
 Art. 459: Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também
direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
□ Emptio rei speratae: risco diz respeito à quantidade, apenas
□ As partes podem combinar uma quantidade e um pagamento mínimos
□ Ex.: compra de colheita cuja quantidade se desconhece
□ Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido
 Art. 460: Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a
todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
□ Mister que o contratante não saiba da inexistência das coisas quando do contrato, caso contrário, estará agindo de má fé
□ Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro
contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.
□ O risco é da existência total ou parcial das coisas. Não se confunde com vícios ocultos da própria coisa
○ Somente os contratos COMUTATIVOS estão sujeitos à lesão (doutrina)
 Porém, havendo abuso exagerado de uma das partes, mesmo no contrato aleatório pode ter campo a lesão, se uma das prestações é muito desproporcional
em relação à situação do contrato
○ Prescrição e vícios redibitórios --> arts. 178, § 5.º, IV, CC/16 e art. 441, respectivamente
 Fala-se em contrato comutativo, não se aplicando, a contrário senso, aos contratos aleatórios
○ Contrato aleatório =/ contrato condicional
 No contrato condicional, a condição é aposta pelas partes como seu elemento acidental, quer seja ela resolutiva ou suspensiva . Nos contratos aleatórios, a
incerteza é seu elemento estrutural
 No contrato condicional, ambas as partes poderão ter lucro, sem que o ganho de uma represente a perda do outro; já no contrat o aleatório, em regra o
ganho de um representa a perda do outro;
 No condicional, o evento deverá ser sempre incerto e futuro. No aleatório o evento poderá ser pretérito, desde que desconhecido o resultado pelas partes,
remetendo para o futuro o risco.
• Típicos e atípicos - nominados e inominados
○ Direito romano: distinguiam-se pela existência de nome ou não
 Os nominados eram formas contratuais completas, geradoras de efeitos jurídicos plenos; eram protegidos por ações, possibilita ndo a execução coativa
 Não havia, a princípio, proteção aos contratos inominados
○ No direito atual, não há distinção quando à forma de tratamento. O contrato faz lei entre as partes, pouco importando se ele é nominado ou inominado
○ Inominado: contrato para o qual a lei não dá uma denominação
 Às vezes é mencionado pela lei, mas não é regulado por ela. Por isso, o nome mais correto é "atípico"
 O contrato será atípico quando for regulado por normas gerais, e não por normas específicas

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 O contrato será atípico quando for regulado por normas gerais, e não por normas específicas
 A reiteração social de uma forma contratual força o legislador a tipificá-lo
 Para a disciplina jurídica dos contratos atípicos, normalmente, a doutrina refere -se a 3 teorias:
□ Teoria da absorção
 Deve-se procurar a categoria de contrato típico mais próxima para aplicar seus princípios
□ Teoria da extensão analógica
 Aplicam-se os princípios dos contratos que guardam certa semelhança
□ Teoria da combinação
 Procura aplicar os princípios de cada contrato típico envolvido
 Os contratos atípicos devem ser examinados de acordo com a intenção das partes e os princípios gerais que regem os negócios j urídicos e os contratos em
particular

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Classificação dos contratos III
quarta-feira, 17 de agosto de 2016 15:32

• Consensuais e reais
○ Consensuais: quando se aperfeiçoam pelo mero consentimento, manifestação de vontade contratual, seja esta formal ou não.
○ Reais: contratos que só se aperfeiçoam com a entrega da coisa que constitui seu objeto. O Mero acordo entre as partes é insuficiente para ter-se o
contrato como cumprido
 Geralmente, são UNILATERAIS, porque a entrega da coisa, essencial para sua formação, não significa um começo de execução. Se não houver a
entrega da coisa, existirá, quando muito, um pré-contrato inominado. Como a tradição da coisa é essencial no contrato real, integra ela o
requisito de existência do negócio. O contrato NÃO SE FORMA quando não existe a entrega da coisa
• Solenes e não solenes - formais e não formais
○ O contrato só deverá obrigatoriamente conter uma forma se assim for determinado pela lei. Na omissão legal quanto à predeterminação da forma, o
contrato vale e é eficaz, qualquer que seja sua forma.
○ Formais: contratos cuja validade depender da observância de uma forma preestabelecida pela lei (art. 107)
 Contratos que são, além de formais, solenes: se não obedecidas as formalidades, o negócio carece de efeito, como ocorre na alienação de
imóveis de valor superior ao legal
 Há situações em que a formalidade é exigida para prova do negócio. Nesses casos, o negócio é válido e surte efeitos
□ Na dúvida em saber se a forma é essencial como solenidade ou somente para a prova, propende-se para a última hipótese, para ser mais
favorável à validez do ato e à natureza do consensualismo
 Contrato solene: exige escritura pública. A ausência de forma torna-o nulo
 Formais: exigem forma escrita. Nem sempre ocorrerá nulidade, e a relação jurídica gerará efeito entre as partes, quando houver preterição de
formalidade
 As partes podem, por sua vontade, determinar que um contrato seja formal. A inobservância da regra invalidará o contrato, já que se leva em
conta a autonomia da vontade dos contratantes.
 Um contrato do tipo solene não poderá ter validade com preterição das formalidades, ainda que as partes assim o queiram

• Principais e acessórios
○ Um contrato será PRINCIPAL quando não depende juridicamente de outro
○ Será acessório quando tem dependência jurídica de outro
 Ex. de contrato acessório: fiança. Essa só existe para garantir outro contrato ou outra obrigação. Desaparece, se nada mais houver a garantir
 O contrato acessório não tem autonomia
 Nula a obrigação principal, desaparece o contrato acessório, porém a nulidade do contrato acessório não contamina o contrato principal
 Prescrita a obrigação principal, desaparece o contrato acessório
• Instantâneos e de duração
○ De execução instantânea: quando as partes adquirem e cumprem seus direitos e obrigações no mesmo momento da celebração do contrato
 Compra e venda a vista
○ Execução diferida: as partes adiam o cumprimento de suas obrigações para um momento posterior ao contrato (???)
○ De duração: se alongam no tempo
○ Nos contratos instantâneos, a resolução por inexecução deve recolocar as partes no estado anterior, enquanto nos contratos de duração os efeitos já
produzidos não devem ser atingidos pela resolução.
○ Nos contratos de duração, o prazo prescritivo começa a fluir da data em que cada prestação é exigível.
• Por prazo determinado e por prazo indeterminado
• Pessoais e impessoais
○ Intuitu personae: a pessoa do contratado é FUNDAMENTAL
 Geralmente, obrigação de fazer
 Leva-se em conta o fator subjetivo da confiança ou qualidade técnica ou artística da parte
 Há contratos que o são por sua própria natureza: contratação de um ator ou escultor de renome.
 Outros se tornam assim por vontade das partes
 Se a obrigação é de dar, não há, como regra geral, que a tornar pessoal, já que qualquer pessoa poderá cumprir o que consta no objeto do
contrato
 O devedor é insubstituível, e a impossibilidade ou negativa do cumprimento de sua parte extinguirá a obrigação, substituindo-se por
indenização por perdas e danos SE HOUVER CULPA
○ Contratos impessoais: as obrigações alcançam os herdeiros, em caso de morte
• Civis e mercantis
• Contrato preliminar
○ Promessa de contrato, compromisso, contrato preparatório, pré-contrato
○ Categoria que engloba todos os contratos que antecedem a realização de outro contrato
○ =/ negociações preliminares
 As negociações preliminares, em regra, não geram direitos
○ O efeito vinculativo NEGOCIAL só ocorre a partir do pré-contrato, embora exista inelutavelmente uma responsabilidade pré-contratual
○ São requisitos do pré-contrato os mesmos dos contratos e negócios jurídicos em geral
- Art. 462, CC
• Contratos derivados - subcontratos
• Autocontrato

Página 10 de Civil II
Responsabilidade contratual, pré-contratual e pós-
contratual
terça-feira, 6 de setembro de 2016 09:42

• O marco inicial do exame de responsabilidade é a apreciação de um dever violado


○ Dever: ato ou abstenção que devem que ser observados pelo homem diligente, vigilante e prudente
○ Art. 186, CC
 O ato ilícito dá margem à reparação do dano (art. 927, CC)
• Não surgirá o dever de indenizar se não ocorrer uma conduta injurídica, a antijuridicidade. O agente responsável deve ter pra ticado uma conduta contra o Direito,
contratual ou em geral
• Outro requisito é a imputabilidade: a responsabilidade civil somente ocorrerá se puder ser imputada a um agente, ainda que te rceiro responda por essa conduta.
Não existe dever de indenizar quando a falha de conduta decorre do caso fortuito ou força maior, por exemplo
• Entre o dano e a conduta do agente, deve existir nexo causal. Deve indenizar quem concorreu para o evento danoso
• Responsabilidade contratual
○ A simples existência de um contrato entre as partes não significa que a responsabilidade será contratual - pode ser extracontratual, aquiliana
○ O descumprimento por parte de um dos contratantes deve ter ocasionado prejuízo ao outro contratante. Quando não existe prejuízo, pode o interessado
pedir a rescisão do contrato, mas não existirão perdas e danos a serem indenizados
○ Só deve ser indenizado prejuízo efetivamente provado e decorrente de ato imputado ao outro contratante
○ A cobrança da cláusula penal independe de prova de qualquer prejuízo
• Responsabilidade pré-contratual
○ Dano de confiança
○ Rompimento de negociações preliminares:
 É necessário, para que haja responsabilização, que o estágio das preliminares da contratação já tenha imbuído o espírito dos postulantes da verdadeira
existência do futuro contratado
 Não é qualquer desistência que será responsabilizadora
 Boa-fé objetiva
 Responsabilidade subjetiva: demanda culpa
 A indenização nem sempre será no valor que seria objeto do contrato, mas pode vir a ser
• Reponsabilidade pós-contratual
○ Os contratantes devem guardar os princípios da boa-fé

Página 11 de Civil II
Formação dos contratos no direito civil
quinta-feira, 8 de setembro de 2016 21:53

• Manifestação da vontade
○ Requisito mais importante de existência do NJ
○ A vontade só se torna apta produzir efeitos neste momento - de exteriorização
○ O contrato é um ACORDO DE VONTADES que tem por fim CRIAR, MODIFICAR ou EXTINGUIR direitos.
○ NJ bilateral
○ A manifestação da vontade pode ser expressa ou tácita. Poderá ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa (CC, art. 111)
 Tácita: o que se infere da conduta do agente
 O SILÊNCIO pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, se nã o for necessária a
declaração expressa; quando a lei autorizar; ou quando tal efeito ficar convencionado em um pré -contrato
• Noções preliminares
○ A formação do contrato pressupõe a ocorrência de 2 manifestações de vontade:
 PROPOSTA
□ = oferta, policitação ou OBLAÇÃO
□ Dá início à formação do contrato
□ Não depende, em regra, de forma especial
 ACEITAÇÃO
○ Negociações preliminares:
 = fase de puntuação
 Sondagem de informações e condições necessárias para a equalização dos interesses dos contratantes
 Em regra, não vinculam as partes - se não houve consentimento
 Exceções:
□ Expectativa de contratar: pode gerar responsabilidade civil pré-contratual
 A responsabilização ocorre quando se constata que houve deliberada intenção, com a falsa manifestação de interesse, de causar dano
ao outro contratante
 Ilícito civil - art. 186, CC
□ Respons. Civil pré-contratual, pautada no dolo ou na culpa, sempre que a conduta causar prejuízos --> princípio da BOA-FÉ OBJETIVA
□ Art. 422: embora não haja menção expressa, estão compreendidas as tratativas preliminares, antecedentes do contrato
○ A proposta
 É ato unilateral, que cria para o proponente a obrigação de cumpri -la --> TEM FORÇA VINCULANTE
 Traduz uma vontade definitiva de contratar
 Arts. 427, 428, CC
 Deve ser inequívoca, precisa e completa
 É receptícia - SÓ PRODUZ EFEITOS AO SER RECEBIDA PELA OUTRA PARTE
 Proposta não obrigatória:
□ Se contiver cláusula expressa a respeito:
 Ex.: proposta sujeita a confirmação
□ Em razão da natureza do negócio:
 Ex.: propostas aberta ao público (limitadas ao estoque existente)
□ Em razão das circunstâncias do caso
 Se for feita sem prazo determinado a uma pessoa presente, não sendo imediatamente aceita
◊ Considera-se também presente “a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante”
◊ Presente é aquele que conversa diretamente com o policitante, mesmo que por algum outro meio mais moderno de
comunicação a distância, e não só por telefone, e ainda que os interlocutores estejam em cidades, Estados ou países diferentes
◊ O mesmo não deve suceder com a proposta feita por via de e-mail, não estando ambos os usuários da rede simultaneamente
conectados.
 Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente
 Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado
 Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente
◊ a lei permite ao proponente a faculdade de retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse sentido. Todavia, para que se
desobrigue, e não se sujeite às perdas e danos, é necessário que a retratação chegue ao conhecimento do aceitante antes da
proposta ou simultaneamente com ela, “casos em que as duas declarações de vontade (proposta e retratação), por serem
contraditórias, nulificam-se e destroem-se reciprocamente. Não importa de que via ou meio se utiliza o proponente (carta,
telegrama, mensagem por mão de próprio etc.)”.
 Oferta ao pública
□ Art. 429, CC
□ Equivale à proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos locais
 Só é proposta, em sentido técnico, a declaração de vontade dirigida por uma parte à outra com a intenção de provocar uma ades ão do destinatário
à proposta
 Sua eficácia depende da declaração do oblato
 Não perde o caráter de negócio jurídico receptício se for endereçada não a uma pessoa determinada, mas assumir a forma de ofe rta aberta ao
público, como nos casos de mercadorias expostas em vitrinas, feiras ou leilões com o preço à mostra, bem como em licitações e tomadas de preços
para contratação de serviços e obras
 A proposta se transmite aos herdeiros como qualquer outra obrigação. Estes somente poderão retratar -se na forma do art. 428, IV, do novo
diploma. O princípio, como adverte Sílvio Venosa, evidentemente não se aplica a uma proposta de obrigação personalíssima
• Aceitação
○ É ato pelo qual o oblato CONCORDA com os termos da proposta
○ Implica na formação do contrato
○ Deve ser:
 Oportuna (tempestiva)
 Integral
 Sem ressalvas
○ Pode ser:
 Expressa
 Tácita

Página 12 de Civil II
 Tácita
○ Inexistência de força vinculante da aceitação:
 Se a aceitação chegar tarde ao proponente - 430, primeira parte
□ Se, embora expedida no prazo, a aceitação chegou tardiamente ao conhecimento do policitante, quando este, estando liberado em virtude
do atraso involuntário, já celebrara negócio com outra pessoa, a circunstância deverá ser, sob pena de responder por perdas e danos,
imediatamente comunicada ao aceitante, que tem razões para supor que o contrato esteja concluído e pode realizar despesas que repute
necessárias ao seu cumprimento
□ Proponente deve comunicar imediatamente ao oblato, sob pena de responder por perdas e danos
 Arrependimento do aceitante
□ A aceitação será considerada inexistente se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante
○ Contraproposta
 A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou manifestações, importará nova proposta - art. 431
○ Formulação da vontade concordante do oblato, feita DENTRO DO PRAZO e envolvendo adesão INTEGRAL à proposta recebida
○ Aceitação tácita: cabe quando o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou quando o proponente a tiver dispensado
• Momento de conclusão do contrato
○ Instante em que o contrato se torna perfeito e acabado, compelindo as partes à execução das obrigações assumidas
○ Entre PRESENTES:
 Proposta SEM PRAZO --> a aceitação deve ser IMEDIATA. Caso contrário, perde a força vinculante
 Proposta COM PRAZO --> a aceitação deverá ocorrer dentro do prazo estipulado, caso contrário, desvincula o proponente
○ Entre AUSENTES:
 Art. 434, I a III, CC
 É o contrato celebrado por correspondência (carta, telegrama, email, fax...) ou por intermediários
 Tornam-se perfeitos, como regra, desde que a aceitação é EXPEDIDA
 Não se considera concluído se a retratação chegar antes ou junto com a aceitação
 Teorias:
□ Teoria da EXPEDIÇÃO:
 Adotada pelo CC
 É necessário que a resposta seja expedida
 Tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida
 Para Caio Mário: teoria da expedição MITIGADA --> incisos II e III: teoria da recepção
□ Teoria da RECEPÇÃO:
 Considera a entrega ao destinatário
 Parte da doutrina entende que o CC, ao permitir a retratação da aceitação, na verdade, filiou -se à teoria da recepção
□ Teoria da COGNIÇÃO (informação):
 É o momento da chegada da resposta ao conhecimento do policitante que faz com que a convenção se repute concluída. Não basta a
correspondência ser entregue ao destinatário. O aperfeiçoamento do contrato se dará somente no instante em que o policitante abri-la
e tomar conhecimento do teor da resposta
□ Teoria da AGNIÇÃO (declaração):
 O instante da conclusão coincide com o da redação da correspondência epistolar

Página 13 de Civil II
Formação do contrato
sábado, 10 de setembro de 2016 11:47

• Lugar da celebração
○ Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto (art. 435, CC)
 Regra dispositiva. As partes podem dispor de modo diverso
○ As partes podem eleger o foro competente - foro de eleição. Autonomia da vontade
○ O problema tem relevância na apuração do foro competente e, no campo do direito
internacional, na determinação da lei aplicável.
 Art. 9.º, §2.º, LINDB: a obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no
lugar em que residir o proponente
• Formação dos contratos pela internet
○ Semy Glanz: contrato eletrônico é aquele celebrado por meio de programas de
computador ou aparelhos com tais programas. Dispensa assinatura ou exige assinatura
codificada ou senha..."
○ A transação eletrônica realizada entre brasileiros está sujeita aos mesmos princípios e
regras aplicáveis aos demais contratos aqui celebrados
○ No entanto, o contrato de consumo eletrônico internacional obedece ao disposto no art.
9.º, §2.º, LINDB, que determina a aplicação, à hipótese, da lei do domicílio do
proponente. Se um brasileiro faz aquisição de algum produto oferecido pela internet por
empresa estrangeira, o contrato então celebrado rege-se pelas leis do país do
contratante que fez a oferta/proposta
○ Presentes ou ausentes?
 A contratação por computadores, assim como pelos aparelhos de fax, será entre
presentes ou entre ausentes, dependendo do posicionamento das partes quando
das remessas das mensagens e documentos”

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